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FINGIMENTO ARTÍSTICO

arte poética que apresenta o processo de criação artística

o poema é um produto intelectual

o poeta elabora mentalmente conceitos que exprimem emoções

Fingir é transformar, imaginar, racionalizar, intelectualizar e não mentir

Resulta da impossibilidade de o s.p. fazer coincidir o que sente com o que pensa que sente

transfiguração da emoção pela razão, o pensar domina o sentir

poemas: Autopsicografia – metáfora coração nas calhas de roda, controlado pela razão; Isto – metáfora
terraço, só através da intelectualização das emocoes vividas é que se alcança o mundo da criação poética

DOR DE PENSAR

- A tendência excessiva para a intelectualização e abstração leva o poeta a ser incapaz de apenas sentir e
a desejar ser inconsciente para atingir a felicidade, cada vez mais utópica e inatingível

- Esta angustia e sofrimento resultam da impossibilidade de deixar de racionalizar, de uma extrema


lucidez, de uma autoanalise obsessiva e da constante busca de respostas

- aqueles que não pensam não podem ser verdadeiramente felizes porque não têm consciência da
própria felicidade, daí desejar ter consciência da sua inconsciência

- A dor de pensar reflete a consciência da dicotomia sentir/pensar

- O sujeito deseja atingir a inocência inicial de uma vida puramente instintiva face à impossibilidade de
libertação da dor de pensar

Poemas: “Ela canta, pobre ceifeira” – deseja tornar-se inconsciente e feliz como a ceifeira. Sendo
impossível, deseja a dispersão/aniquilamento

SONHO E REALIDADE

- o sonho surge como meio de evasão da realidade e de refugio

- Pessoa anseia por um mundo onírico para reivindicar a felicidade da imaginação, habitando este e o
real simultaneamente

- o sonho surge como uma dimensão idealizada na qual crê atingir a plenitude ou o equilíbrio desejado,
como resposta à frustração por não encontrar a felicidade e ao tédio existencial

- o mundo onírico surge como um universo paralelo, ilusório, onde o “eu” pode ser o que não é ou
recuperar uma experiencia passada, vivendo uma realidade menos amarga

- Conclui que o sonho não é a solução porque não evita o vazio, nem a nostalgia da infância perdida,
trazendo apenas desilusão
- sonho e realidade são, muitas vezes, difíceis de distinguir

Poemas: Não sei se é sonho, se realidade – o sp tenta encontrar a felicidade através da evasão, algo que
se revela impossível, porque esta está em nós

NOSTALGIA DA INFÂNCIA

- o “eu” refugia-se numa infância mítica, uma idade de inocência, em que ainda não se pensa e portanto
tudo é possível

- a infância constitui um espaço de evasão que permite ultrapassar a angustia existencial do presente
constantemente analisado e não pensar sobre a sua condição e circunstancia presente

- Contudo, este paraíso perdido é ilusório e não o permite libertar-se da tristeza do presente,
regressando desencantado e só

- este tempo idílico, de pureza e unidade é um refugio momentâneo para a estranheza e o


desconhecimento do “eu” (drama da identidade perdida)

- trata-se de uma saudade intelectual e literariamente trabalhada, a infância surge como conceito
intelectualizado que representa a felicidade, a ingenuidade, inconsciência e a ausência de racionalização

- o sujeito evoca uma infância idealizada, que não passa de uma tentativa infrutífera de fuga ao tédio
existencial em que está submerso

- a infância contrapõe-se ao real violento que só o sonho consegue atenuar

Poemas: “quando as crianças brincam” – a felicidade das crianças devido à inconsciência das suas acoes,
contrasta com a infelicidade que o sujeito vive no presente; “Pobre velha musica!” – desejo de regressar
à infância e recuperar a felicidade desse tempo

FRAGMENTAÇÃO DO EU

- a tendência constante para a intelectualização e para a autoanalise provoca no sujeito um sentimento


de indefinição relativamente à sua identidade

- a perda de identidade (drama da identidade perdida) e a despersonalização devem-se à autoanalise


excessiva

- a introspeção leva ao autodesconhecimento, a uma íntima estranheza

- o sujeito vive na permanente dúvida de si

- o sujeito está dividido entre o que é e o que deseja ser (pluralidade de seres), sentindo-se fragmentado
e só

Poema: “Não sei quantas almas tenho” – o sujeito poético assiste à sua própria vida como alguém que
lhe é exterior porque não se consegue encontrar

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