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Resulta da impossibilidade de o s.p. fazer coincidir o que sente com o que pensa que sente
poemas: Autopsicografia – metáfora coração nas calhas de roda, controlado pela razão; Isto – metáfora
terraço, só através da intelectualização das emocoes vividas é que se alcança o mundo da criação poética
DOR DE PENSAR
- A tendência excessiva para a intelectualização e abstração leva o poeta a ser incapaz de apenas sentir e
a desejar ser inconsciente para atingir a felicidade, cada vez mais utópica e inatingível
- aqueles que não pensam não podem ser verdadeiramente felizes porque não têm consciência da
própria felicidade, daí desejar ter consciência da sua inconsciência
- O sujeito deseja atingir a inocência inicial de uma vida puramente instintiva face à impossibilidade de
libertação da dor de pensar
Poemas: “Ela canta, pobre ceifeira” – deseja tornar-se inconsciente e feliz como a ceifeira. Sendo
impossível, deseja a dispersão/aniquilamento
SONHO E REALIDADE
- Pessoa anseia por um mundo onírico para reivindicar a felicidade da imaginação, habitando este e o
real simultaneamente
- o sonho surge como uma dimensão idealizada na qual crê atingir a plenitude ou o equilíbrio desejado,
como resposta à frustração por não encontrar a felicidade e ao tédio existencial
- o mundo onírico surge como um universo paralelo, ilusório, onde o “eu” pode ser o que não é ou
recuperar uma experiencia passada, vivendo uma realidade menos amarga
- Conclui que o sonho não é a solução porque não evita o vazio, nem a nostalgia da infância perdida,
trazendo apenas desilusão
- sonho e realidade são, muitas vezes, difíceis de distinguir
Poemas: Não sei se é sonho, se realidade – o sp tenta encontrar a felicidade através da evasão, algo que
se revela impossível, porque esta está em nós
NOSTALGIA DA INFÂNCIA
- o “eu” refugia-se numa infância mítica, uma idade de inocência, em que ainda não se pensa e portanto
tudo é possível
- a infância constitui um espaço de evasão que permite ultrapassar a angustia existencial do presente
constantemente analisado e não pensar sobre a sua condição e circunstancia presente
- Contudo, este paraíso perdido é ilusório e não o permite libertar-se da tristeza do presente,
regressando desencantado e só
- trata-se de uma saudade intelectual e literariamente trabalhada, a infância surge como conceito
intelectualizado que representa a felicidade, a ingenuidade, inconsciência e a ausência de racionalização
- o sujeito evoca uma infância idealizada, que não passa de uma tentativa infrutífera de fuga ao tédio
existencial em que está submerso
Poemas: “quando as crianças brincam” – a felicidade das crianças devido à inconsciência das suas acoes,
contrasta com a infelicidade que o sujeito vive no presente; “Pobre velha musica!” – desejo de regressar
à infância e recuperar a felicidade desse tempo
FRAGMENTAÇÃO DO EU
- o sujeito está dividido entre o que é e o que deseja ser (pluralidade de seres), sentindo-se fragmentado
e só
Poema: “Não sei quantas almas tenho” – o sujeito poético assiste à sua própria vida como alguém que
lhe é exterior porque não se consegue encontrar