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Teoria Geral do Direito Civil II

Aula do dia 27 de fevereiro de 23

Coisas

Ana, divulgou na internet que vende uma tonelada de lenha por 150€. Sucede que a lenha vai ser
extraída dos eucaliptos do pai de Ana, situados em Penafiel. Classifique o bem em causa, quer no
momento antes do corte, quer no momento posterior ao corte.

R: 204º/1/c + 205º + 212º — A lenha é o fruto natural, quando cortado torna-se um bem móvel.

Alberto, tem 100 colmeias que produzem mel, sendo que prometeu vender toda a produção de mel
que faça neste ano a Gilberto, que aceitou pagar 5000€ por este valor. Classifique a coisa em causa.

R:

Pedro, é vizinho de Miguel, sendo as suas casas separadas por um muro em pedra, que suporta
as terras da propriedade de Pedro. Imagine agora, que o dito muro esta a ruir e que houve queda
de pedras para o terreno de Pedro embatendo na faixada daquele.
1. Que tipo de obra é a realizada no muro de Pedro. Benfeitoria Necessária
2. Com a que de pedra, a faixada da casa de Miguel ficou danificada. Imagine que, o mesmo,
alem de reparar as fissuras, pretende que lhe seja colocado capoto. Que tipo de obras são
estas? Útil

O mesmo Miguel do caso anterior, pretende contratar um pintor de renome para na parede da
sala desenhar e pintar o emblema de seu clube de futebol. Que tipo de obra é esta? Voluptuaria

Aula do dia 6 de março de 23

Casos práticos

1.Alberto tem um imóvel, é proprietário da uma fração constituída em propriedade horizontal.


Este decidiu contratar um empreiteiro para instalar piso radiante na sua fração, bem como para

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avaliar e orçamentar as infiltrações que tem vindo a aparecer na cozinha. Em deliberação de
condomínio ficou em ata que as infiltrações da cozinha eram provenientes do telhado, parte
comum e por isso, da responsabilidade de todos. Alem dessas obras, o proprietário vai converter
a sua cave numa sala de jogos. Classifique as obras em questão.

Resolução:
Nos termos do artigo 216º, toda a obra que melhore ou conserve a propriedade ou a posse da coisa
(coisa móvel ou imóvel) é tida como sendo uma benfeitoria. As benfeitorias podem ser, nos termos
do 216º/2, necessárias, úteis ou voluptuárias. Conforme do 216º, constam as classificações do tipo
de benfeitorias sendo as necessárias aquelas que visam evitar a perda, destruição ou deterioração
da coisa. Quando falamos de um piso radiante não estamos a preencher aquilo que é uma
benfeitoria necessária, por isso, neste caso, ainda que tal não seja indispensável, aumentará o valor
da coisa. Por isso, a colocação de piso radiante é uma benfeitoria útil. Quanto ao telhado, tido
como parte essencial de uma casa, esta reparação visa evitar danos maiores (como já se verifica pela
existência de infiltrações nas paredes da casa), posto isto, quer a reparação do telhado, quer a
reparação das infiltrações são obras necessárias. Quanto a sala de jogos, esta visa o recreio/lazer do
proprietário. Como tal, esta benfeitoria é voluptuária.

2. Alexandra, esta a edificar uma moradia, tendo contratado um empreiteiro para realizar a
obra. Finalizada a mesma, Alexandra pretende:

- Realização de obras para a colocação de video-porteiro


- Instalação de painéis solares
- Demolição de uma parede divisória e colocação de vidro para a criação de jardim interior
- Construção de um campo de golfe no terreno sobrante
- Edificação de um galinheiro
Classifique as obras em causa.

Resolução:

- Útil
- Útil
- Voluptuária
- Voluptuária
- Voluptuária
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3. Ana, tem no seu terreno plantados 10 mil pinheiros dinamarqueses. Cada um deles será
vendido a 125€, tendo a mesma celebrado um negocio com Bruno. Os pinheiros só serem
cortados e entregues dia 1 de novembro de 2024. Ana semeou, com recurso a semente, girassóis,
que ainda não nasceram nem demonstrarão qualquer crescimento. Bruno sabendo desta
plantação disse a Ana que lhe os comprava, sendo que a mesma consentiu na venda, tendo
acordado o valor de 5 mil euros. Classifique as coisas em causa a data de hoje, e em 1 de
dezembro de 24.

Resolução:
Terreno — coisa imóvel 204º/1/a
Pinheiros ligados ao solo — coisa imóvel 204º/1/c
Pinheiro depois do corte — coisa móvel 205º
Pinheiros — coisas presentes
Sementes — coisas móveis
Girassóis — coisas futuras imóveis enquanto ligadas ao solo

Nos termos do 202º, as coisas podem ser moveis ou imóveis, 204º n.º 1 al. a diz-nos que o terreno
de Ana é um bem imóvel, por sua vez, os pinheiros, que estão no poder de Ana, nos termos do
204º/1/c, são coisas imóveis enquanto estiverem ligados ao solo. Após o corte, os mesmos tornam-
se bens moveis (205º). Quanto as sementes de girassol, as mesmas são coisas moveis, que ficando
ligadas ao solo, com sinais de efetiva plantação, tornam-se imóveis (204º/1/c). No caso, não sabemos
se estes girassóis vai desabrochar (ficando associados ao solo) ou sequer se vai ser aptos a vender.
Pelo que, nos termos do 211º, os mesmos são bens futuros.

4. Joaquim tem uma casa rural arrendada, de onde retira:

- renda mensal 700€


- 10 toneladas de lenha por ano
- 40kg de batatas
- 3 mil ovos anuais
Dentro desta casa rural, Joaquim, tem também arrendado um anexo, que faz de abrigo para
seus cães de guarda, que tenciona alugar os cães, por 150€ mensais. Classifique as coisas, os
frutos e as situações em causa.

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Resolução:
Casa rural - bem imóvel
Renda - fruto civil (212º/2)
Lenha - bem móvel (205º) >> Árvore (bem imóvel 204/1/c)
Batatas - bem móvel após a colheita
Ovos - coisas móveis (205º) >> Galinhas - animais (201º)
Aluguer de cão >> ilícito — objeto impossível e contrario a lei

Facto jurídico — Negocio jurídico (convergência de vontade unilateral/bilateral; licitos/ilicitos;


presentes/futuro…)
Clausulas contratuais gerais — pre elaboradas por uma das partes (ginásio, telecomunicações) > 8º
— 12º - 13º invalidas são nulas
Conteúdo das clausulas 18 19 20 21 22

Aula do dia 8 de março de 23

Critério da qualidade das coisas (203º) — regula apenas coisas corpóreas

Estado fora do conceito de coisas os fenómenos que não podem ser objeto de direitos: as pessoas
singulares, a personalidade, os direitos familiares pessoais e os direitos sem valor patrimonial. Os
bens imateriais e os direitos tem um regime especial relativamente ao regime geral das coisas, e
não estão incluídos nas classificações das coisas, elencadas no 203º.

A doutrina define o conceito jurídico de coisa através de três notas:


1. Existência autónoma ou separada
2. Aptidão para satisfação de necessidades humanas
3. Suscetibilidade de apropriação exclusiva pelas pessoas

De acordo com o n.º 2 consideram-se fora do comercio jurídico, as aguas territoriais, lagos, lagoas,
estradas, linhas ferreis, museus nacionais, bibliotecas, praias, bem como outros bens previstos nos
artigos 82º + 83º + 84º CRP. E as coisas que por sua natureza são insusceptíveis de apropriação
individual como as nuvens, o ar, as estrelas, os planetas, etc.

Doutrina de Pires de Lima — 203º o exaustivo mas não é uma enumeração taxativa de coisas.

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As várias classificações desse artigo são dicotomias, podem ter varias classificações, e não devem
ser encaradas como compartimentos estanques, pois as mesmas realidades podem ser
sucessivamente enquadradas em diferentes distinções, ou seja, pode ser móvel, fungível, etc.

O direito de propriedade apenas pode recair sobre coisas corpóreas (1302º), pelo que, as
incorpóreas, se encontram somente sujeitas aos direitos de autor e de propriedade industrial
(1303º/1). O software de um computador é uma coisa incorporea, contrariamente ao que sucede ao
equipamento no qual esta materializada.

204º

A base da distinção entre coisa moveis e imóveis é a circunstancia de poderem ou não ser
transportadas de uma para outro lugar sem se deteriorarem, a incorporação ao solo pressupõe uma
ligação material por meio de alicerces ou colunas, assim, as casas desmontáveis/barracões/tendas
ou construções similares que estejam meramente assentes no solo, são coisas moveis.
Recentemente, todavia, o STJ em 23/01/2017, entendeu que as casas pré fabricadas, uma vez ligadas
ao solo serão consideradas coisas imóveis.

Nos temos as coisas imóveis por natureza, os prédios rústicos, urbanos e as aguas em seu estado
natural. E as coisas imóveis por relação, que devem esta classificação, a relação que mantém com
certas coisas imóveis e que seriam coisas moveis, se não fosse por disposição da lei.

A classificação de uma coisa como imóvel acarreta a sua sujeição com um regime mais gravoso do
que aquele que impende sobre as coisas moveis, nomeadamente no domínio da forma negocial,
na medida em que a lei exige como requisito de validade, escritura publica ou documento
particular autenticado. Por outro lado, certos direitos reais apenas tem como objeto as coisas
imóveis, nomeadamente, o direito de propriedade horizontal (1414º), o direito de habitação (1484º/2),
o direito de superfície (1524º), as servidores prediais (1547º). Outra norma relevante no regime das
coisas imóveis, é que estas estão sujeitas ao registo predial, esta diferença explica-se
historicamente, com a importância económica e social mais acentuada das coisas imóveis pelo que
há um interesse publico em saber a quem pertencem e quais são os direitos que nelas incidem ou
as afetam.

Os prédios rústicos podem ser afetados a explorações agrícolas se estéreis, abandonados ou


retirados da construção. Os prédios urbanos são sobretudo edifícios ou casas, a lei não define o
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conceito de edifício, remetendo para o sentido comum: deverão estar sempre em causa construções
de um certo relevo. Quando o prédio não é construído é rústico, quando é, se torna urbano, a
duvida levanta-se em relação aos prédios que possuam construções que não os cubram na sua
totalidade, a doutrina e jurisprudência avançaram com a teoria da afetação ou destinação
económica: cabe averiguar se o conjunto visa o aproveitamento do terreno ou construção estando-
se perante ao prédio rústico no 1º caso e urbano no 2º. Numa palavra, quando o prédio possui
edificações e terrenos se afetação predominante é a utilização do terreno, a qual se subordinam as
construções, sem autonomia económica destinando ao apoio da atividade, o prédio será rústico, se
pelo contrario o terreno é um mero logradouro, e mesmo que seja de grande extensão, destinado
a potenciar o uso do edifício, então é urbano.

O conceito de logradouro não vem definido na lei, tendo sido desenvolvido pela jurisprudência, e
consiste num terreno adjacente a um edifício, com as funções de quintal, pátio, jardim, ou horta
na dependência do edifício, servindo de aproveitamento ou suporte as necessidades ocasionais dos
utilizadores do edifício.

As arvores, arbustos e frutos só são considerados imóveis enquanto estiverem ligados a terra,
cortada a arvore, ou colhidos os frutos, adquirem autonomia e natureza móvel.

Caso prático:

Gustavo, agricultor, que devido a sua idade avançada resolve desfazer-se dos bens ligados a
exploração agrícolas, primeiro vende em janeiro todas as uvas que ia colher em setembro a uma
cooperativa, no mês seguinte vende o silo dos cereais a ser desmontado em maio, pouco depois
vende todas as alfaias para serem entregues em agosto, na altura da Páscoa em abril surge uma
ocasião inesperada para vender toda a propriedade por muito bom preço. G, sem atender aos
negócios anteriores, não hesita e vende imediatamente toda a propriedade como ainda se encontra.
Diga, analisando os negócios celebrados, quem adquiriu a propriedade sobre os diversos objetos
vendidos.

Aula do dia 13 de março de 23

Teste: 2 casos práticos (coisas; NJ - clausulas contratuais)

Cláusulas contratuais gerais


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1º momento — tutela da aparência (4º + 5º + 6º + 8º)

- Dever de informação
- Dever de comunicação
- Dever de explicação
- Letras e texto compreensível a luz do homem médio
- Assinatura do contrato em todas as páginas e não admissibilidade de clausulas após assinatura

2º momento — respeito aos princípios gerais (11º + 12º + 13º)

- Boa-fé
- Bons costumes
- Respeito por norma imperativa
—> Violação = Nulidade (286º do CC)

3º momento — conteúdo das cláusulas

- Normas relativamente proibidas (19º + 22º)


—> Nem sempre há nulidade, pode haver aproveitamento

- Cláusulas absolutamente proibidas (18º + 21º)


—> Nulidade (286º)

! Texto das clausulas

Exemplo: Daniela, dirigiu-se a Vodafone e contratou um serviço de televisão e internet com 150
canais, sportv incluída e internet fibra 5G para seu domicilio pessoal, sucede que, aquando da
instalação, Daniela foi informada, de que não há fibra na sua zona de residência. Daniela,
pretende denunciar o contrato, no entanto, deparou-se com uma clausula que indica o seguinte:
“cláusula 32º: não é admissível ao cliente demandar judicialmente a entidade prestadora de
serviços, por falhas no tipo de fornecimento, ou ainda, por defeitos no mesmo”. Daniela não foi
informada de nenhuma clausula do contrato, nem assinou qualquer documento com exceção de
uma folha de adesão, onde apenas constava o serviço e o valor. Daniela pode fazer alguma coisa?

1º —> Pessoa singular ou coletiva: Daniela (singular) + Vodafone (coletiva)


2º —> Contrato de prestação de serviços (1154º) — implica um efeito obrigacional (dois: prestar o
serviço + com retribuição ou um: se for sem retribuição - facultativo)
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3º —> Partes: interesse a proteger > há duas partes (interesse de Daniela e da pessoa coletiva)

Tutela da aparência:
Violado dever de informação — exclusão (8º)
Violado dever de comunicação — exclusão (8º)
Violado dever de explicação — exclusão (8º)
—> Daniela podia anular o contrato pois as clausulas não tem eficácia jurídica e não pode ser
oponível a D.
Não foram assinada todas as paginas — são excluídas 8º/d pois não tomou conhecimento, e essas
não tem força jurídica

Respeito pelos princípios gerais:


Viola o respeito por norma imperativa: Tutela jurisdicional efetiva — nulidade (286º), viola a CRP
Obrigação foi feita de forma defeituosa (60 CRP ) — nula (286º)

Conteúdo das clausulas: O que diz a cláusula?

- 18º > 21º > 286º CC


- 19º > 22º
No caso dessa clausula, quanto ao conteúdo a clausula é nula (21º/h), culminação nulidade (286º)

Alberto, celebrou um contrato de compra e venda numa loja local relativo a aquisição de um
omega, com um valor de . Sucede que, após liquidar o preço foi-lhe entregue um documento de
garantia, não negociado, onde constam entre outras, as seguintes clausulas:
“Clausula 13º - a garantia do relógio não existe, nem é admissível o recurso a via judicial para a
discussão da mesma”
“Clausula 30º - em caso de falsificação do relógio, o vendedor nunca responderá pelo
cumprimento defeituoso”
Sabendo que, no dia de hoje, se descobriu que o relógio é falsificado, e que o referido documento
foi usado para que a entidade vendedora não respondesse por nenhum valor indemnizátorio
diga se é possível fazer alguma coisa, sabendo que o referido documento se encontra com um
tamanho de letra 8, escrito a azul claro.

Temos um contrato de compra e venda (874º + 879º), efeito obrigacionais e reais: a entrega da coisa
e pagamento do preço + transmissão da propriedade, tendo sido transmitido pelo mero efeito do

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contrato. Temos em causa um bem móvel (205º). Temos duas partes: o comprador e vendedor. O
contrato se firmou com o pagamento do preço e a entrega da coisa, as clausulas foram entregues
após o contrato ser firmado, proposta + aceitação (e neste momento que as clausulas devem surgir),
e esse apenas chegou depois, e são clausulas contratuais gerais impostas pela outra parte. Quanto
a aparência: o dever de informação, comunicação e explicação não foram respeitados, e não tem
efeito jurídico (são excluídas); em relação ao texto também é excluído; e não foram assinadas
(exclusão). Quanto aos princípios gerais: viola a boa-fé e os bons costumes, pelo objeto ser
falsificado; o vendedor não pode se desresponsabilizar (798º), foi violado um principio de
responsabilização. Quanto ao conteúdo das clausulas: não há garantia, absolutamente proibida
(18º/c) e sem poder ir para via judicial, absolutamente proibida, clausulas nulas e não produzem
efeitos volitivos finais, clausula da falsificação (18º/d) absolutamente proibida.

Resolução da prof.:
No caso em analise, estamos perante um contrato de compra e venda previsto no artigo 874º, com
efeitos essenciais no artigo 879º. Os efeitos do CCV são efeitos reais (a transmissão da propriedade)
e efeitos obrigacionais (entrega da coisa e o pagamento do preço). No caso em analise, estamos
perante uma situação que envolve clausulas não negociadas individualmente e que os destinatários
se limitam a subscrever, neste caso, nem sequer as assinando. Estas clausulas, ao serem incluídas
num contrato singular exigem que sejam respeitado o dever de comunicação, informação e
explicação do conteúdo das mesmas (4º + 5º + 6º). Neste caso, as mesmas não foram comunicadas
nem informadas e muito menos explicadas, ou seja, terão que ser excluídas do contrato nos termos
do 8º. Alem disso, ao não ser assinada, bem como ao não ter uma aparência idónea para o homem
medio, as mesmas devem ser excluídas nos termos do 8º/d. Ao violarem os princípios da boa fé e
normas imperativas, as mesmas ficam feridas de nulidade, o que no caso acontece, aplicando-se os
artigos 12º + 13º e 15º. Quanto ao conteúdo dessas clausulas, o mesmo também não é admissível,
sendo as mesmas absolutamente proibidas nos termos do 21º/h e 18º/c+d. Estas clausulas são nulas
e por isso não produzem efeitos jurídicos nos termos do 286º do CC.

Imagine que celebrou um contrato com um ginásio, onde foi obrigado a aceitar uma fidelização
de 52 meses sem hipótese de negociação. Tal é possível?
Exagero no prazo — conteúdo (21º/a). Seria a clausula nula 286º

Classificações dos negócios jurídicos

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1. Sinalagmáticos e não sinalagmáticos — sinalagma liga as contra prestações, ou seja, existe um
nexo de reciprocidade entre as obrigações —relação bilateral ou mais. ex: CCV (sinalagmático),
doação (não sinalagmático - sem reciprocidade)
2. Negocios inter vivos e mortis causa — entre vivos durante a vida das pessoas, e mortes causa
so se produzem após a morte (testamento). A produção de efeitos jurídicos depende ou da vida
(inter vivos) ou da morte (mortis causa).
3. Consensuais ou formais — 219º//220º, CCV de imóvel é um negocio formal, há exigência de
forma. O negocio jurídico consensual pode ter uma forma mas não obrigatoriamente imposta
por lei, ou seja, há liberdade de forma. Por sua vez, o NJ formal tem uma exigência legal de
forma onde a sua consequência é a nulidade (220º)
4. Obrigacionais, reais, familiares e sucessórios — depende da divisão da sua integração no
código civil.
5. Quod efectum ou reais quod constitutiorem — com os actos necessários a perfeição do
negócio. Quando apenas o efeito real basta, e quando é necessário a entrega da coisa para a
perfeição.
6. Típicos ou atípicos — típicos: previstos na lei, atípicos: há uma autonomia da vontade que os
permite. Se constam da letra da lei.
7. Nominadas e inominadas — nominados, tem nome na lei; inominados, a lei não dá nome mas
permite.
8. Gratuitos ou onerosos — gratuitos (doação), onerosos (esforço económico para ambas as partes
— CCV)
9. Causais ou abstratos — causais: existe e existe uma fonte de negocio, ao abrigo da liberdade
contratual ou pela letra da lei; abstrato: não tem e não exige existência de fonte, justificação
10. Administração ou disposição — disposição: altera o próprio negocio jurídico (CCV);
administração: apenas administra (comodato, contrato de arrendamento). O critério é o tipo de
afetação da situação jurídica, ou seja, na administração mantém-se a situação jurídica ainda
que com contornos diferentes, por sua vez, quanto a disposição, há uma transmissão da
situação jurídica definitivamente, por exemplo, um CCV.

Classifique o seguinte contrato: Joana adquiriu um imóvel com um encargo de arrendamento a


Felisberta. Classifique os NJ em causa.
CCV

- Sinalagmático
- Inter vivos

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- Formal
- Obrigacional e real
- Quod constitutiorem
- Tipico (874º)
- Nominado
- Oneroso
- Causal
- Disposição

Arrendamento (1022º)

- Sinalagmático
- Inter vivos
- Formal (1069º)
- Obrigacional
- Quedo constitutiorem
- Tipico
- Nominado
- Oneroso
- Causal
- Administração

Casos Prático

Caso 1.

Gustavo, agricultor, que devido a sua idade avançada resolve desfazer-se dos bens ligados
a exploração agrícolas, primeiro vende em janeiro todas as uvas que ia colher em setembro
a uma cooperativa, no mês seguinte vende o silo dos cereais a ser desmontado em maio,
pouco depois vende todas as alfaias para serem entregues em agosto, na altura da Páscoa
em abril surge uma ocasião inesperada para vender toda a propriedade por muito bom
preço. Gustavo, sem atender aos negócios anteriores, não hesita e vende imediatamente

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toda a propriedade como ainda se encontra. Diga, analisando os negócios celebrados,
quem adquiriu a propriedade sobre os diversos objetos vendidos.

R:
Gustavo, em janeiro, e de acordo com o artigo 874 do CC celebrou contrato de compra e
venda em que transmite a propriedade de uma coisa mediante a um preço, sendo o objeto
neste caso as uvas que iria colher em setembro, tratando-se de fruto natural, em que são
produzidos direta e periodicamente , por uma coisa sem prejuízo da sua substancia ,
conforme disposto no artigo 212 do CC. Por outro lado podemos ainda dizer que são coisas
futuras, pois no momento da venda , ainda não se encontram disponíveis, ainda não estão
no poder do disponente, mas viram a estar em setembro. (art. 211 do CC). Assim,
normalmente se produz o efeito real da transmissão da propriedade, por mero efeito do
CCV( contrato de compra e venda) , artigo 879/ al.a ) e no disposto do art. 408/1. Neste caso
tal não se verifica , produzindo-se apenas efeitos obrigacionais que é a obrigação da
entregar a coisa e de pagar o preço, conforme o art. 879/ als. B) e c) , e a obrigação do
vendedor exercer as diligências necessárias para que o comprador adquira os bens
vendidos (ar. 880).
No caso, segundo o art. 408/2 a tranf de direito reais sobre bens futuros dá-se no momento
em que a coisa se verifica, isto é, no momento da colheita. Desta forma, Gustavo fica
obrigado a proceder à colheita em setembro da uva, momento este em que a propriedade
sobre a coisa se transferirá para a Cooperativa.

Resposta Dr. Osório


Doutor vai dar também ensinar uma coisa que é o seguinte, as regras. Nós temos. E
obviamente. Nem todos os contratos. Contrário, dizer que NOS interessa quando o regime
jurídico de algum interesse. Aplicamos sempre supletiva. Boa tarde bem-vinda.
Funcionou? Resposta que eu acho. Doutor vai dar uma resposta completa deste caso.

Sobre. É um bem imóvel. Som. Quer coisa bom ator. Não, Eu Não fiz. Com caráter de
permanência. E estando afetar aos seus. Quem disse isso? Foi o artigo 243 parte integrante.
Enquanto se não desmontar? O símbolo. E este integra a coisa. E o contrato. Desculpe sua
parte. Quando você? Todos os pais sempre.

No caso concreto. Transferência de propriedade. Transferência de propriedade. Sobre


aqui era para que era muito. Será necessária a separação? Através da sua. Através de. Ori.
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Ou seja. Móveis ligados ao. Trata-se de coisas móveis ligadas ao pé. Mas não de forma.
Antes através. Uma ligação económica. 210. De forma duradoura. E agora aquela
particularidade é um artigo. Quer dizer? As contrações só se fosse deixar. 2. Qual é o artigo
do do? Coisa, Açores. Tem coisa principal. Significa que as coisas? São propriedades. OK.
Que agora?

Senhor doutor. Você também disse que as coisas? Caso. Portanto. Recolhida. Uma
pergunta com outra, rápido? Número 1, número 2. Significa que as coisas são
autonomizadas. E, portanto. Se Eu apoio. Como? A seguir outro lado? Eu valores. Se
tivesse vindo ao normal? São autónomos, são coisas móveis.

Quero uma vez depois da areia. 190. Pá o que é que eles vão fazer? Não tem nada. Citação.
Sobre isso e sobre as coisas? No anexo estava atenta Alexa tentando resolver ISTO na
próxima aula para nós. A formação do nosso dever como forma de contato.

Aula do dia 20 de março de 23

Teste: Coisas (noção, características, classificações) + factos, actos e NJ + classificação factos


jurídicos + estrutura do NJ + elementos essenciais do NJ + pressupostos do NJ + classificações NJ
+ formação do NJ (proposta + aceitação) + declarações negociais + deveres das partes + clausulas
contratuais gerais

Deveres contratuais (405º)


Principio da liberdade contratual — autonomia da vontade (Limites legais)

Deveres dos NJ:

- Boa-fé
—> “Homem médio”. Implica que atuamos com critério de zelo, diligencia, harmonia e
confiança entre as partes.

- Informação
—> Geral: características gerais, essenciais e concretas que a luz do homem medio
determinam a vontade de contratar. (preço, prazo de entrega, cor)

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—> Especifico: esclarecimentos laterais que são pedidos pelo comprados e que por
alterarem ou manipularem a vontade daquele se tornam essenciais ao cumprimento
do contrato

- Lealdade
—> Geral: respeito pela informação do período de negociação, e de criação de vontade na
outra parte. Implica na tutela da confiança e respeito pelas convicções criadas sobre
o negocio.
—> Especifica: diligencias de atuação, a pessoa deve fazer quando tem a noção que
firmaram uma convicção de contratar na outra parte.

- Segurança e certeza jurídica


—> Visam proteger a própria formação e convergência de vontades, evitando alterações,
revogações ou interpretações dúbias daquilo que estava firmemente esclarecido.

Todos esses deveres tem haver com a culpa in contraendo + pacta sunt servanda (406º) —> abrange
ilícitos, dolosos e negligentes que afetam a formação do NJ.
405º ss. >> 227º

Casos práticos:

Coisas
Gaspar, faz plantação de ananases, no dia 1 de janeiro de 22, antes sequer de iniciar o cultivo,
prometeu vender toda a colheita desse ano a uma cooperativa. Sucede que, após a colheita, a
cooperativa indicou que os ananases estavam inconsumíveis. Como classifica as coisas em causa,
quer no momento da celebração do contrato, quer ainda no momento da reclamação da cliente.

202º ss
No inicio: ananás — coisa simplesmente futura, depois de ser colhida é um bem móvel 205º,
consumivel 208º.

Alberto é proprietário a 20 anos de um pomar. Em dezembro prometeu vender a colheita das


maças de 2023 a Ana e ainda prometeu vender a Justino todas as suas macieiras, no dia de
ontem, separou do solo as macieiras e levou-as em vasos para o terreno de Justino. Como ainda

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não produziram maças, tendo vendido a Justino na condição do cumprimento do negocio com
Ana, classifique a data de hoje as coisas em causa.

Quanto as macieiras ligadas ao solo: bens imóveis 204º/1/c,


As maças: são coisas futuras 211º, quando ligadas a arvore: imóveis, depois de colhidos são frutos
212º
Depois de as arvores tiradas do solo: 205º bens moveis

Ana é proprietária de um terreno onde tem uma piscina de encher no mesmo. A 20 de fevereiro,
Ana instalou uma estufa no seu terreno, onde cultiva batatas, alfaces e couves. Neste mesmo
terreno, existem duas ovelhas. Classifique todas as coisas ou não coisas em causa.

Terreno: bem imóvel 204º/1/a


Piscina de encher: bem móvel 205º
Estufa: móvel
Batatas, alfaces e couve: ligadas ao solo, bens imóveis 204º/1/c
Ovelhas: animais

Alberto, tem um terreno rústico, onde planta eucaliptos, cortou todos e vendeu a madeira a
José, classifique os eucaliptos em causa.

Terreno: 204º/1/a
Eucaliptos no solo: imóveis 204º/1/c
Eucaliptos cortados: móvel 205º

Negocio jurídico

Luisa, é proprietária de um imóvel que esta arrendado a Paula. A proprietária faleceu no dia 1
de março, tendo deixado um testamento onde entrega o imóvel a sua arrendatária. Classifique
os NJ em causa.

Dto de propriedade —> contrato de arrendamento: bilateral (duas partes) + sinalagmático


(correspondência de obrigações) + inter vivos (ocorre durante a vida) + formal (1069º, não basta
acordo verbal) + obrigacional (obrigação de pagar a renda e de dar a coisa) + por efeito (quod efeito)

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+ típico (1022º, esta no código) + nominado + oneroso (esforço económico) + causal + administração
(receber fruto civil)

Testamento —> unilateral + não sinalagmático (não tem correspondência de obrigações) + mortis
causa (efeito com a morte) + formal + sucessório + quod efectum + típico + nominado + gratuito +
causal + disposição

Mario, celebrou um contrato de compra e venda da sua bicicleta pelo valor de 5.000€. Sabendo
que o negocio foi imediato e não existe documento escrito, classifique o NJ em causa.

NJ —> bilateral + inter vivos + sinalagmático + consensual (bens moveis, liberdade de forma,
transmissão da-se por mero efeito do contrato) + real e obrigacional (879º) + quod efectum (não
tem registo) + típico (874º) + nominado + oneroso + causal + disposição

Alberto celebrou um contrato com uma empresa de telecomunicações por 49 euros mensais. O
mesmo não assinou nenhum contrato e hoje recebe uma fatura com aumento de 7% sem
qualquer informação, comunicação ou explicação.
a) Que deveres dos NJ foram violados?
b) Sabendo que houve recurso a clausulas contratuais gerais diga qual a eficácia das mesmas.

a) Violação do p da boa-fé porque há uma alteração não consentida nem negociada, nem
informada das substancias do contrato. Violado o dever de informação, geral. Violado dever de
lealdade, geral, cria expectativas e convicção na outra parte e que agora foi alterada. Segurança
e certeza jurídica, foi violada, pois foi alterada a substancia, visa uma estabilidade das
negociações e da própria gestão da vida corrente das pessoas.
b) Aparência + geral + conteúdo. Quando ao conteúdo não tem problema, quando a parte geral
14º 286º nulidade, quanto a aparência 4 5 6º, exclusão da clausula. Viola dever de informação,
etc… 8º. Falta de assinatura, exclusão das clausulas.

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