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Contacto: daraujo@fmh.utl.pt
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“Não há nada mais prático que uma boa teoria”
Kurt Lewin
1. Introdução
seus variados níveis de perícia: como é que o jogador resolve a situação onde está inserido
para atingir o seu objectivo? A explicação da tomada de decisão tem sido feita sobretudo com
de incerteza que é reduzida quando aparece um sinal. Por exemplo, no meio de uma situação
com muitos jogadores (com “ruído”, que por isso mesmo é tido como gerador de incerteza), o
contida num sinal (aquilo que se pretende identificar) é medida em bits (que quer dizer binary
digits – dígitos binários). Um bit é uma escolha sim/não (ou 1/0) entre diferentes alternativas.
O número de bits indica o menor número de decisões “sim/não” necessárias para resolver o
problema criado numa dada situação. Por exemplo, se numa situação forem possíveis oito
escolhas, um atleta deveria responder em três passos binários (i.e., respostas de sim/não), o
Esta forma de tomar decisões (de processar informação) não é condizente com o
situações nem sempre estão definidas à partida, nem são respondíveis apenas em sim/não ou
partir da sua génese, já que a sua criação correspondeu à necessidade de explicar os aspectos
2
mensagens de telégrafo) e não os aspectos subjacentes às interacções informacionais entre um
Uma primeira evidência de que esta teoria não corresponde a muitos dos processos
pretender que essa selecção seja informativa, o conjunto de opções tem de ser, por princípio,
previamente conhecido. Por sua vez, o reconhecimento dessa fonte de informação depende de
a problemática que envolve a distinção entre diferentes estímulos, como por exemplo a bola, o
especificam aquilo que são realmente, ou seja, quando são percepcionados, o indivíduo
detecta a informação que estes têm disponíveis sobre eles próprios e que é por si só
detectável. Perante a mesma situação, uns indivíduos detectam uma informação e outros
outra, de acordo com as capacidades de cada um (há variáveis informacionais que alguns
indivíduos não conseguem detectar, mesmo que esteja disponível no ambiente: por exemplo,
um indivíduo que nunca tenha visto um jogo de futebol não conseguirá identificar um fora de
jogo. Isto não impede que essa fonte de informação esteja disponível no jogo). A informação
3
Uma das premissas mais questionáveis das teorias da tomada de decisão vigentes
necessita de um estímulo para iniciar o seu funcionamento, caso contrário, continua passivo.
Além desta visão mecanicista, as teorias clássicas da tomada de decisão prevêem apenas
decisões estáticas, que acontecem num dado momento (ou em momentos sequenciais), e não a
competição. No cerne desta nossa análise está, portanto aquilo que Laguna (2002) define
como táctica individual: “a capacidade do jogador para tomar decisões durante o jogo”(p.5),
conceito este que é partilhado por muitos outros treinadores de diversas modalidades. A
tomada de decisão do atleta em competição num desporto como o Basquetebol, por exemplo,
acontece na sua acção, não sendo um processo prévio que decorre apenas na cabeça do
jogador. O jogador pode ter planos para a competição, mas o modo como resolve as situações
é muito influenciado pelo que está a acontecer na própria situação. Sabendo que a acção de
Defendemos, com isto, que a afinação perceptiva é a essência da acção táctica, enquanto a
decisão dinâmica. Porém, estamos de acordo que esta reflexão pode ajudar muitos jogadores a
permita juízos perceptivos mais eficazes) às fontes de informação relevantes do contexto onde
actuam. O que queremos dizer é que esta competência de se reflectir sobre a tomada de
decisão em competição ou em treino, designada por meta-decisão, não é o mesmo que decidir
em competição ou em treino. E aquilo que se pretende do jogador é que “decida bem” (i.e.
atinja os objectivos específicos de uma tarefa), sendo a meta-decisão uma possível ajuda, e
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Ao analisarmos a competição, verificamos que as acções nunca são iguais nem os
jogos se repetem, por mais semelhanças que possam existir entre eles. Isto indica
precisamente que, embora a estratégia possa ser planeada antecipadamente, a resolução das
situações do jogo é sempre única. Esta realidade é ainda mais evidente quando constatamos
que os jogadores previsíveis (que “programam” ou “mecanizam” as suas acções) não são os
que constituem maior perigo para a equipa adversária. Pelo contrário, os jogadores criativos
que resolvem autonomamente as situações numa lógica colectiva são os que mais problemas
atletas (Araújo, 2005; 2006; Araújo et al., 2006). Para a consecução deste propósito, ao
complexidade. Por exemplo, algumas são caracterizadas por interacções directas entre atletas
e adversários (e.g. judo), ao passo que outras são caracterizadas essencialmente pela
interacção entre dois grupos de atletas que cooperam internamente entre os seus elementos
(e.g. rugby).
Para perceber o desporto é necessária uma descrição com múltiplas escalas, desde a
desempenho desportivo permite compreender, entre outras coisas, que parâmetros de uma
escala micro são mais relevantes para uma escala macro. Por exemplo, de que modo
5
jogadores excepcionais têm tanto impacto na sua modalidade e na sociedade em geral
(Maradona, Michael Jordan, ...), ou simplesmente porque há equipas que diminuem muito o
de se perceber como o padrão anterior (p.ex., equilíbrio entre atacantes e defesas) originou o
padrão actual (vantagem dos atacantes). Diversos estudos efectuados no desporto (Araújo,
padrão anterior, mas variações de maior magnitude podem originar mudanças radicais nas
com várias transições de padrões (p.ex., um jogo) não deverá sustentar-se em estatísticas
originam e mantêm os padrões (p.ex., como se origina uma situação de ataque que culmina
estáveis e instáveis entre as partes do sistema, é o processo que explica o facto das partes se
ajustarem espontaneamente umas às outras. Naturalmente que uns subsistemas (p.ex., sectores
conceito está relacionado com a dependência que o todo tem das partes, com a
interdependência das partes, e com a especialização das partes. O estudo da dinâmica dos
sistemas deve implicar a análise das partes integradas no todo, porque só assim é que estas
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guarda-redes relativa à dinâmica posicional do bloco defensivo). A natureza dos sistemas
complexos pode ser identificada pela investigação dos efeitos que uma das partes produz no
comportamento das outras (p.ex., como é que os defesas influenciam os médios), e do todo
suficiente para incluir os diferentes tipos de complexidade que podem ser encontrados em
sistemas complexos como é o caso da competição desportiva (cf., Araújo et al., 2006, Davids,
pelos atletas pode ser enorme. Por exemplo, num jogo de futebol a possibilidade de
combinações entre jogadores é ilimitada. Neste sentido, a sessão de treino deve ser
rentabilizada para permitir que o atleta aprenda a lidar com todo o espaço de
materiais).
muitas pessoas (i.e. atletas, treinadores, dirigentes, médicos, familiares, etc.) que devem
trabalhar em conjunto de modo a permitir que todo o sistema funcione devidamente. Isto
cria a necessidade de uma comunicação clara entre as diferentes partes envolvidas para
7
3) Localização distribuída. As exigências associadas à coordenação social são
violentas entre claques rivais), consequências económicas (p.ex., desinteresse por parte
montanhismo). Nestes casos, não existe espaço para uma metodologia de” tentativa e
erro”.
compostos por muitos subsistemas que estão altamente acoplados (i.e., dependem da
interacção para funcionar). Esta característica faz com que seja muito difícil, senão
impossível, predizer todos os efeitos de uma acção, pois as vias de propagação podem
disponíveis para os atletas (p.ex., grau de contribuição dos jogadores suplentes, decisões
daquelas que são causadas por variações aleatórias. Portanto, haverá sempre a
8
7) Perturbações. Os atletas são também responsáveis por lidarem com
(McGarry et al., 2002). Assim, os programas de treino não se podem basear estritamente
muitas formas (p.ex., numa equipa os jogadores são graus de liberdade independentes
(p.ex., vela e basquetebol), portanto algumas características podem até nem ser relevantes
nalguns sistemas, enquanto outras serão. Importa sobretudo destacar que estas dimensões
devem ser analisadas de modo a que se perceba como constrangem a eficácia do atleta em
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2.1. Características dos sistemas dinâmicos
pode ser formalizada matematicamente em termos mais simples que a descrição única de cada
situação, i.e., em termos de sistemas dinâmicos com menores dimensões (Kugler et al., 1980).
básicas sobre sistemas dinâmicos incluem: 1) o conceito de espaço de estado (i.e., a totalidade
pode tomar no espaço de estado; e 3) o uso da matemática para descrever as leis que
de que os sistemas biológicos consistem num grande número de partes em interacção, que têm
macroscópicos nos sistemas biológicos de movimento é importante pois fornece pistas sobre
variáveis colectivas (p.ex.,relação entre jogador adversário directo, colega e baliza), sem que
direcção do olhar, preferências pessoais, instruções do treinador, etc.). Por seu lado, quando a
sistema global mesmo numa lógica “de cima para baixo”, analisando-se, por sua vez, a sua
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influência (macro) nos componentes (micro) do sistema. Simultaneamente, esta abordagem
Contudo, tal como argumentou Van Gelder (1998), a teoria dos sistemas dinâmicos é
uma perspectiva muito geral que deve ser adaptada, complementada e refinada para se ajustar
ao fenómeno a ser analisado, tal como a tomada de decisão no desporto. Esta aplicação
implica normalmente fundir o estudo da dinâmica do sistema com outras abordagens teóricas,
como acontece com a psicologia ecológica. Por isso, é necessária uma abordagem teórica ao
cognitivos podem ser analisados na interacção entre atleta e ambiente, numa concepção
os dois.
partida, mas antes influenciam uma situação com inúmeras variáveis, que muda ao longo do
precisamente por agir para encontrar as variáveis informacionais que lhes permitem atingir o
que o jogador seja activo, que acompanhe a dinâmica do que se passa à sua volta, em vez de
passivamente esperar por estímulos para dar respostas. Mais do que trazer toda a informação
11
do jogo para dentro da sua cabeça, o jogador tem de detectar e usar as fontes de informação
que estão no jogo e que estão sempre a ser actualizadas. É esta interacção jogador-jogo que
forma o sistema onde são resolvidos os problemas. Portanto, as situações não podem ser
previamente resolvidas no cérebro do jogador, nem são resolvidas exclusivamente por este.
Pelo contrário, o jogador explora e alcança aquilo que o contexto permite. Naturalmente que o
jogador tem objectivos e intenções. Estas intenções constrangem, obviamente as suas acções.
Mas as acções são também constrangidas, ou influenciadas, por outras variáveis, como por
exemplo as acções do adversário, as acções dos colegas, etc. É da interacção de todas estas
Esta abordagem ecológica, distingue-se por rejeitar o dualismo e ao fazer isso está a
defender que a psicologia não está na “cabeça” do praticante, mas antes na interacção entre o
seja procura mais saber “para que serve” uma dada capacidade (p.ex., a tomada de decisão) do
que o que a constitui. Um dos aspectos mais distintivos desta abordagem é o facto de ser
realista. Ou seja parte do princípio que o mundo existe enquanto tal e que os indivíduos o
percepcionam de acordo com as suas próprias características. Portanto, o mundo não é uma
interpretação, nem um conjunto de símbolos na mente, nem mesmo uma construção mental
construtivista do “ensino do jogo para a compreensão” (Bunker & Thorpe, 1982), a qual tem
influenciado (e a nosso ver positivamente) os jogos desportivos com bola (ver Araújo, 2006,
para uma discussão). Neste sentido torna-se óbvio que, segundo a psicologia ecológica, a
contraste com a primazia da memória assumida pelas correntes tradicionais, tais como as
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ecológica orienta-se para a primazia da percepção (acede-se ao mundo por via empírica). A
arrogam que é através dela que se controla e organiza o comportamento e que é através dela
que conhecemos o mundo (medeia o nosso acesso ao mundo). Por outro lado, a psicologia
ecológica defende que temos acesso directo ao mundo (i.e., a percepção é directa), ao passo
que as outras perspectivas defendem que não temos acesso directo ao mundo, mas antes a
uma representação mental, a um esquema mental, a um estado neuronal, o qual, esse sim,
dos estímulos tem de ser interpretada pela mente/mediador para se tornar compreendida pelo
sujeito).
Todos os aspectos que acabámos de referir desembocam numa hipótese que distingue
especificidade diz que são os objectos, as superfícies e os eventos que têm disponível a
informação que “diz” o que estes são. As relações que existem entre o mundo e a energia
ambiente deram azo ao que Gibson (1979) designou por especificação. Uma tarefa (p.ex., uma
pancada no golfe) que o indivíduo tenha para realizar tem-lhe inerentes padrões de energia
mas antes, torna possível que a percepção seja directa e verídica (por oposição a construída).
outros animais percepcionam e agem em substâncias (e.g., água), superfícies (e.g., o chão em
torno da água), lugares, (e.g., uma piscina), objectos (e.g., uma bola) e acontecimentos (e.g.,
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pessoa. Estas oportunidades, ou possibilidades para a acção, conhecidas como affordances
(Gibson, 1966, 1979) não são nem fenomenológicas, nem subjectivas. As affordances são
definidas pelas relações complementares entre propriedades objectivas, reais e físicas, e são
ecológicas, uma vez que são propriedades do ambiente em relação ao atleta (Turvey & Shaw,
1999). As affordances são, então, o ponto de partida para o estudo ecológico do que os
indivíduos percepcionam, o que aprendem e sabem, e como decidem e agem (Turvey, 1992).
Este ponto de vista implica que, por exemplo, para uma affordance, o que uma substância é e
cogitar (Turvey & Shaw, 1999). De acordo com Fajen, Riley & Turvey (in press) há vários
a) As affordances são reais. O que quer dizer que estas podem ser especificadas em
padrões de energia ambiental disponível para o atleta utilizar. Neste caso, as affordances não
directamente.
específicas do atleta. Isto quer dizer que são definidas de acordo com as capacidades de acção
constitui uma certa affordance para uma pessoa pode não constituir uma affordance para
outra pessoa.
sua acção determinando, por exemplo, se um objecto está suficientemente próximo para ser
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agarrado. Portanto, o ambiente promove ou inibe certos comportamentos, dependendo dos
limites de acção de cada indivíduo. Uma implicação desta assumpção é que as acções são
seu ajustamento on-line à medida que esta decorre. Na ausência de controlo prospectivo a
acção seria reduzida a mera reacção, o que seria insuficiente para corresponder a diversas
para o atleta (ou para a sua acção), tais como extensão, forma ou cor por si só. Se os atletas
fossem perceptivamente sensíveis apenas a esses tipos de propriedades do ambiente, tal como
percepção deveria ser complementado pelo observador através de algum tipo de estruturas
que um animal pode ou não pode fazer num dado ambiente. Se as affordances podem ser
percepcionadas directamente então a percepção pode ser significativa sem que o significado
seja fornecido por processos cognitivos construtivos. Gibson propôs que a viabilidade da
percepção directa das affordances depende dos processos sujeitos às leis naturais que ditam a
ambientais que dão origem a esses padrões. Se os padrões da energia do estímulo são
15
específicos (i.e. relacionam-se com base em leis naturais) ao ambiente, este pode ser
esta sinergia, a biologia e a física juntam-se com a psicologia para definirem uma ciência a
uma nova escala – a escala ecológica (Turvey & Shaw, 1995). Numa física ecológica
potencialidades de acção (Turvey & Shaw, 1995, 1999). Nesta perspectiva, o papel da
em termos físicos (i.e., há a necessidade para uma compreensão baseada em leis naturais dos
natural) podem ajudar-nos a compreender a tomada de decisão no desporto, tal como foi
iniciado por Kugler, Kelso e Turvey (1980, 1982). Surge assim a dinâmica ecológica que
recorre aos sistemas dinâmicos para compreender fenómenos que acontecem à escala
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decisão, nesta perspectiva é considerada um processo complexo que se desenvolve
continuamente e onde a decisão não antecede a sua expressão comportamental (Beer, 2003).
Na verdade, se as decisões são expressas por acções (Turvey & Shaw, 1995), a análise
decisão. Esta análise funcional da tomada de decisão contrasta com as abordagens tradicionais
do processamento de informação, nas quais os humanos têm sido modelados como decisores
Se as decisões não fossem realizadas pela acção, a cognição manter-se-ia para sempre
fechada numa caixa preta. Concordamos com Turvey e Shaw (1995) quando argumentam que
com bola quando ataca a zona de ensaio tem de percepcionar os caminhos disponíveis no
campo. Para isso ele tem de identificar os obstáculos que estão na sua linha de corrida, bem
como os espaços que permitem a sua passagem, de acordo com o seu tamanho
passe e evitar aquelas que poderão colocar estes objectivos em risco. Ao avançar pelo campo
em corrida e ao fugir aos adversários, o jogador deve também percepcionar os momentos que
induzam contacto com um adversário, (nos casos de manutenção das mesmas condições de
adversário, bem como se está a desacelerar ou acelerar apropriadamente para chegar à linha
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O sistema “jogador de rugby-campo” mostra porque a locomoção controlada é uma
forma fundamental de cognição. Para Gibson (1966) esta é a melhor forma de se compreender
informacionais específicos às vias disponíveis para atingir um dado objectivo (Shaw &
qual o movimento é iniciado e podem estar orientados para consequências posteriores à acção.
porque o seu significado situa-se para além das suas origens causais.
um dado objectivo comportamental (i.e., uma condição final), implica que o atleta seleccione
as condições iniciais que permitam a obtenção da condição final sob as leis físicas existentes.
Com cada passo mais próximo do objectivo a informação detectada e usada para a acção deve
tornar-se mais específica, estreitando as vias de acção possíveis e disponíveis para o sistema
torna-se unicamente definida (Kugler et al., 1990; Shaw, 2001). Com esta perspectiva, a
tomada de decisão é vista como um processo funcional e emergente no qual a selecção é feita
entre vias convergentes para um objectivo pretendido. As escolhas são feitas em pontos de
atleta-ambiente a passar para a via mais funcional. Quando decide, o atleta usa as suas fontes
de energia interna para influenciar as interacções contextuais e para definir uma via em
direcção a um objectivo específico. Em suma, a capacidade para estar sensível e afinado aos
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Quando um indivíduo age num determinado contexto, todos os seus sistemas
ajustamentos do indivíduo ao seu meio. Dito de outro modo, a flexibilidade nos processos
exemplo, a perna tem apenas os dois graus de liberdade que a articulação do joelho lhe
possibilita: extensão e flexão. Mas todo o membro inferior tem um elevado número de graus
membros inferiores, membros superiores, a totalidade das articulações do nosso corpo, e das
possíveis de interacções que o organismo pode ter com o contexto, rapidamente concluímos
que temos infinitos graus de liberdade. Por isso, os estádios de Bernstein captam
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principalmente em tarefas complexas. Contrariamente ao que as curvas clássicas de
de treino. Esta ideia está para além do que defendeu Bernstein, não sendo portanto uma
questão de controlo motor, mas antes uma questão de controlo perceptivo (Savelsbergh &
Numa abordagem inicial a uma tarefa desportiva, o cumprimento dos seus objectivos
exige a coordenação dos graus de liberdade redundantes. Sendo assim, começam-se por
para realizar a tarefa. Esse controlo é obtido à custa de se fixar ou de se bloquear as soluções
que primeiro sejam descobertas. Neste ponto não é de estranhar que diferentes indivíduos
bloqueiem diferentes movimentos para uma mesma tarefa. Por exemplo, isto acontece quando
um atleta aprende uma técnica nova no basquetebol – mudar de mão para fintar o adversário –
e em que sempre que recebe a bola essa finta é imediatamente realizada, mesmo quando não é
muito pertinente.
Nesta primeira fase, o movimento fica acoplado a uma fonte de informação, sendo por
isso desejável que o treinador leve o atleta a focar a sua atenção, por exemplo, na distância a
que se posiciona o adversário. Esta variável informacional funciona (i.e., permite que se
resolva o problema), mas não é necessariamente a mais eficaz, pois facilita apenas a
identificação da oportunidade para realizar essa técnica. Esta primeira fase caracteriza-se pelo
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movimento e informação. Os graus de liberdade que requerem ser constrangidos para que a
acção seja bem sucedida são normalmente em maior número que aqueles requeridos para
resolver a própria tarefa motora, por isso são redundantes. É a redundância do sistema que
interacção com as tarefas de treino. O atleta terá de recrutar novas possibilidades de acção e
gradualmente os graus de liberdade que tinha “congelado” no estádio anterior. Cada vez que o
jogador faz um batimento terá de estar atento às perturbações decorrentes, pelo que novas
Mas, nesta fase, ainda é comum existirem muitas acções que se dirigem à eliminação de
problemas de postura ou de forças reactivas indesejáveis, como por exemplo receber a bola e
anteriormente usada e selecciona outras fontes de informação que também lhe permitem
atingir o objectivo. A interacção que foi inicialmente estabelecida entre o praticante, a tarefa e
o ambiente passa a ser sensível a outras fontes de informação que proporcionam acções,
21
5.3. Amplificar os graus de liberdade
procurar eliminar, o atleta utiliza-as na elaboração do seu movimento. Nesta fase, a utilização
Este processo caracteriza-se pelo escalonamento eficaz que o atleta faz dos seus
recursos, usando as forças reactivas geradas durante o movimento. A amplificação dos graus
de liberdade motores e perceptivos permite que o indivíduo seja adaptável às variações das
exigências tanto internas (mecânicas, metabólicas, atencionais) como externas (forças como a
gravidade, fontes de informação contextual). Além disso, o indivíduo começa cada vez mais a
própria acção. Os lançamentos de recurso por baixo do cesto, ou o passe para jogo aéreo com
finalização (remate) sobre a área de baliza no Andebol são exemplos de manifestações neste
precisamente por esta razão que a variabilidade é essencial no treino, sendo esta
processo sequencial, mas não homogéneo porque depende da interacção particular dos
passem necessariamente por todos os estádios quando praticam uma nova tarefa. É também
possível que um atleta habilidoso bloqueie os seus graus de liberdade numa dada situação (por
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6. O treino da tomada de decisão no desporto
deve atender às concepções ou modelos (teorias!) do treinador. Dois treinadores com pontos
Dito de outro modo, aquilo que cada treinador pensa que deve ser o treino, ou a sua
tal como temos vindo a apresentar até aqui. Nesta base, o treino (os exercícios, os métodos,
etc.) só tem sentido se for ao encontro daquilo que o treinador diagnosticou como sendo o
pensamos que há cinco questões sucessivas que situam o diagnóstico a ser realizado pelo
treinador:
desempenho eficaz?
5. O atleta pode antecipar mais cedo, de modo a tornar as suas acções mais fluidas? Uma
vez diagnosticados os aspectos relevantes para serem treinados, é necessário identificar qual a
melhor forma de atingir os objectivos propostos para os atletas ou para a equipa. Neste
sentido passa-se a uma fase de prescrição dos exercícios e de organização do treino. Quer o
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pensamos que a tomada de decisão deve ser treinada seguindo a Abordagem Baseada nos
A ABC tem como princípio central a manipulação dos constrangimentos chave que
que são postas à acção, sejam elas aspectos tão diversos como as instruções do treinador, a lei
constrangimentos do ambiente, embora estas categorias não sejam independentes (Figura 1).
assumem-se, provavelmente, como a categoria mais relevante a ser manipulada pelo treinador
& Jordan, 2007). O objectivo da tarefa normalmente é estabelecido numa ou mais dimensões
(p.ex., espaço e tempo), mas a forma de se atingir esse objectivo está constrangida pelas
regras do desporto ou pelas regras apresentadas pelo treinador (e.g, realização de cinco passes
atleta, pode ser integrado nas propriedades de sub-tarefas ou das condições ambientais da
prática, no sentido de uma maior adaptação à tarefa. Outras estratégias que podem ser usadas
pelo treinador são: 1) amplificar fontes de informação presentes no contexto, por exemplo,
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alguns treinadores de ténis colocam uma manga de cor berrante no braço com raquete do
atleta que serve, para que o atleta que recebe o serviço foque a sua atenção neste braço de
modo a melhor antecipar a direcção da bola; 2) realizar gestos e toda uma panóplia de acções
não verbais a que um treinador pode recorrer; 3) utilizar linguagem verbal, o que corresponde
interrogativo.
A ideia de fundo é que estas informações não são passivamente recebidas pelos atletas,
mas antes tornam-se disponíveis no contexto para o jogador explorar, tal como este explora o
jogo, a competição, o treino, ou qualquer situação com que se depare. O treinador que
compreenda este facto poderá estruturar diversas situações de treino que promovam uma
jogador aprenda a atender às que são mais importantes para atingir um dado objectivo,
noutras situações esta “competição” (por exemplo entre o que o jogo oferece e o que o
treinador diz) pode ser inibidora de um desempenho eficaz. Isto quer dizer que a tomada de
decisões do atleta é um processo social, que para além da exploração, por parte desse atleta,
Tarefa
Intervenção do
treinador Melhoria do
desempenho em
competição
Ambiente Atleta
Figura 1 – Processo de treino da tomada de decisão tendo por referência a competição.
25
É importante destacar que os objectivos da tarefa devem ser concebidos de tal modo
que não “compitam” com os objectivos do jogo. Por exemplo, para que o ataque da equipa de
andebol seja eficaz é indispensável a rápida circulação da bola entre os jogadores. Mas muitas
vezes observa-se que a equipa (principalmente no início da fase ofensiva) fica empenhada em
passar a bola, sem manifestar qualquer intenção de ataque à baliza adversária (Araújo &
Volossovitch, 2005). Isto indicia que os jogadores estão sobretudo focados em passar a bola e
não em marcar golo. Ou seja esta acção, em vez de ser o meio, passou a ser o fim. Chegámos
as tarefas propostas no treino não devem quebrar os acoplamentos entre percepção e acção
que acontecem em competição. Por outras palavras, o treino deve ter affordances semelhantes
movimento a curto prazo, e o aperfeiçoar desta ligação a longo prazo. Portanto o trabalho do
atleta e ambiente para um determinado fim (tarefa). Esta interacção só pode evoluir se houver
sendo que a intenção é que o indivíduo não seja previsível, estereotipado, mas sim criativo na
busca de soluções específicas. Para isso a organização da tarefa deve possibilitar que o atleta
fique sensível, ou “afinado” para detectar a fonte de informação que reclama a acção eficaz
“Como é que se sabe que aquilo que se faz no treino se aplica à competição? Porque é que “se
26
De facto, estas questões são difíceis de responder, mas a ideia que gostaríamos de
deixar é que mais do que uma reprodução minuciosa de um dado contexto de competição,
o atleta resolva a tarefa de modo flexível e adaptativo tal como acontece em competição? Um
tarefas de treino devem ser representativas isto indica que devem manter a funcionalidade do
jogo, mesmo que se criem regras que não existem em competição (Passos et al., submitted).
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Manipulação dos Constrangimentos da Tarefa para o Basquetebol
Diagnóstico
A equipa demonstra uma incapacidade de ajustar o seu comportamento colectivo face a
cenários de jogo desfavoráveis ou a mudanças repentinas no comportamento do adversário.
Possíveis causas
Leitura inadequada da dinâmica do jogo.
Incapacidade do colectivo coordenar as suas acções e orientá-las para objectivos comuns.
Descrição da tarefa de treino
Situação de jogo reduzido de 3x3, em campo inteiro, em que o treinador subitamente coloca
pressão sobre a equipa que ataca ou que defende, criando cenários de jogo hipotéticos, como
seja:
- Limite de 10 segundos para o tempo de ataque;
- Quatro segundos para transpor o meio-campo;
- Desvantagem de 8 pontos com 2 minutos para o final da partida ou vantagem de 6 pontos
com 1 minuto para o final;
- Pressão a campo inteiro no momento de reposição da bola.
Comportamentos desejáveis
Ajustamento rápido e coordenado da dinâmica colectiva face aos cenários de jogo propostos
pelo treinador, como por exemplo:
- Sucessão de movimentos de ruptura de forma a criar rapidamente situações de lançamento
favorável;
- Aumento da velocidade e da eficiência da transição ofensiva;
- Aumento em bloco da pressão defensiva para recuperar a bola e assim converter um cesto;
- Criação espontânea de situações de 2x1 sobre a bola para tentar superar a desvantagem;
- Modificação rápida e organizada do sistema defensivo (passagem de marcação individual
para zonal) para diminuir a desvantagem pontual;
- Circulação da posse de bola “pela posse”, com menor ofensividade, para esgotar o tempo
de jogo;
- Reacção coordenada à pressão defensiva em campo-inteiro na transição defesa-ataque;
Tarefas subsequentes
O mesmo tipo de situações, embora com um aumento no número de jogadores (4x4 e 5x5),
de forma a aproximar-se à lógica do jogo formal, nomeadamente no seus aspectos estruturais
e funcionais.
O treinador pode também pontuar um lançamento convertido antes dos 10 segundos de
ataque (valorização de uma estratégia de risco para recuperar o resultado) ou nos últimos 5
segundos de ataque (valorização de uma estratégia de contenção).
Funcionalidade da tarefa
Esta tarefa exige dos jogadores uma constante leitura do contexto de jogo e um ajustamento
coordenado da dinâmica colectiva (ofensiva ou defensiva) face às súbitas modificações
produzidas pelo treinador.
28
Manipulação dos Constrangimentos da Tarefa para o Rugby
Diagnóstico
O jogador em posse da bola opta por entrar no contacto com o defesa, não conseguindo
realizar o passe, ou realiza de forma deficiente, ou quando a recepção é feita o jogador do
apoio já não está nas melhores condições (i.e. está parado).
O jogador do apoio recebe a bola parado.
O jogador do apoio recebe a bola mas o defesa consegue realizar uma placagem.
Possíveis causas
O jogador de posse de bola não consegue “ler” a aproximação do defesa e é placado.
O jogador de posse de bola não consegue distinguir entre a situação mais favorável para
passar a bola ou para “entrar” num espaço deixado livre pelo defesa.
O jogador de posse de bola não consegue “ler” a aproximação do defesa, o passe é feito cedo
de mais, ficando o defesa em condições de interceptar o jogador que vem no apoio.
O jogador do apoio não consegue “ler” as alterações de velocidade do jogador em
posse da bola, não regula a velocidade da sua corrida e no momento da recepção está ao lado
do jogador que passa a bola (isto é o que se chama estar sem profundidade), tendo de parar a
sua corrida para receber a bola.
Descrição da estrutura da tarefa de treino
Dois atacantes para um defesa. Os dois atacantes podem ser designados por “o atacante com
posse da bola” e “o atacante do apoio”. A tarefa realiza-se num espaço delimitado. O
objectivo é o jogador no apoio receber a bola de forma a progredir no campo sem oposição.
Os atacantes têm como objectivo marcar um ensaio. Para tal o atacante em posse da bola,
deve “fixar” (atrair) o defesa e passar a bola para o atacante que surge no apoio ficando este
livre de oposição no caminho para o ensaio (Figura 1). O defesa tem como objectivo evitar
que o ensaio aconteça.
Sentido do ataque
Atacantes
Defesas
Setas as cheio indicam as linhas de corrida dos jogadores. Setas a tracejado indicam o passe.
Comportamentos desejáveis durante a realização da tarefa
Para “fixar” o defesa, o atacante em posse da bola deve correr na direcção deste,
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passando a bola ao atacante do apoio, imediatamente antes do contacto com o defesa, quando
este já não tiver qualquer possibilidade de interceptar nem a bola, nem o jogador do apoio. O
passe deve ser feito para o lado (passar para a frente no Rugby é falta), para o espaço que
existe em frente ao atacante do apoio.
O atacante do apoio deve “atacar” o espaço para receber a bola em plena aceleração.
Para tal, deve regular a sua corrida de forma a manter a “profundidade” até ao momento da
recepção da bola. Deve ainda comunicar ao atacante em posse da bola para onde quer o
passe, “esquerda, direita, curta ou longa”.
O defesa deve perturbar a acção do atacante em posse da bola. Em situação de
inferioridade numérica uma solução é fazer com que o seu comportamento não seja
previsível (por exemplo não correr declaradamente na direcção do atacante). Para causar
alguma incerteza no atacante, o defesa deve encontrar um equilíbrio entre o avançar para
reduzir o espaço de acção do atacante e o adquirir uma posição no campo. Quando tiver
oportunidade, deve placar o adversário ou interceptar a bola.
Possíveis tarefas subsequentes
Caso o posicionamento do defesa o permita, o atacante em posse da bola, pode tomar a
iniciativa de não realizar o passe e avançar para a linha de ensaio.
Passar a uma situação de 2x1+1. Ou seja, após a realização do 2x1, a dupla de atacantes tem
de resolver uma outra situação de 2x1 mas com funções inversas, o jogador do apoio passou
a ser o de posse de bola e o jogador de posse de bola, tem de rapidamente sair da situação
anterior e aparecer no apoio. Uma outra tarefa subsequente pode ser uma situação de 3x2.
Descrição da funcionalidade da tarefa
Esta tarefa implica que os jogadores aprendam a “ler” o comportamento dos parceiros
e adversários com os quais estão directamente ligados (i.e. onde existe uma interdependência
de acções em comportamentos direccionados para um objectivo). O jogador em posse da
bola estabelece uma relação com o seu defesa directo em relação ao qual necessita de
“afinar” a sua decisão de qual “o momento certo” para passar a bola. O atacante do apoio
deve “ler” as alterações da velocidade de corrida do jogador de posse de bola (é provável que
com a redução da distância interpessoal entre o defesa o jogador de posse de bola, este
diminua a sua velocidade na corrida), regulando a profundidade, sabendo decidir pelo
momento certo de pedir a bola, acelerar para o espaço e receber a bola no topo da aceleração.
O treinador pode intervir directamente no jogador antes, durante, ou após este realizar
informação aos seus jogadores. Muitos treinadores usam esquemas, típicos em muitos
desportos colectivos com bola, revelando aspectos estratégicos, por exemplo, ou então
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desenhos (a papel e lápis, no computador, e até em simuladores “virtuais”), mostrando uma
dada fonte de informação. A vantagem dos desenhos é que podem amplificar determinados
aspectos da realidade, por exemplo, colocando cores diferentes (vermelho, verde) nos espaços
própria tarefa. Neste sentido abordaremos nesta secção, as intervenções no atleta, antes ou
perícia numa dada tarefa, ou seja, os aspectos do indivíduo que se mantém relativamente
emoções, à motivação, à fadiga, à velocidade, à concentração, etc, que são estados variáveis
contemplá-los quando planeia a tarefa de treino de modo a que esta esteja adaptada às
características dos jogadores (p.ex., grupos equilibrados em termos de perícia numa dada
tarefa que vise a exercitação do ressalto no basquetebol). Quanto aos funcionais, o facto de
contexto.
determinadas tarefas (p.ex, induzir fadiga), desde que isto permita ir ao encontro das
necessidades levantadas pelo diagnóstico (Araújo & Esteves, 2006). O treinador pode também
fazer variar o estado emocional de determinado jogador antes de resolver determinada tarefa
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Tarefa representativa é um termo que substitui “tarefa ecológica” usado por Araújo e Volossovitch (2005). Isto
deve-se ao facto de todas as tarefas serem necessariamente realizadas numa dada ecologia, mesmo que esta não
seja representativa do contexto para onde se pretende generalizar ou transferir o comportamento treinado.
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(1994) tem realçado o modo como tomada de decisão e emoção estão ligadas. Uma vez que o
decisão, esta intervenção do treinador pode ser útil para aqueles jogadores cujo diagnóstico
apupos do público, etc.). Outra possibilidade é através das instruções dadas ao jogador. Neste
âmbito, o treinador pode pedir ao jogador para variar as formas de resolver determinada
situação. Neste caso, a resposta do jogador não será verbal, mas será dada pela variação das
acções na sua exploração da situação. Naturalmente que podem haver combinações entre
do jogo para a compreensão (Bunker & Thorpe, 1982), incide especialmente no treino da
tomada da decisão, embora esta seja treinada previamente à acção do jogador na tarefa. Mas a
tarefa pode ser escolhida de modo a também dar suporte a esse treino prévio, tal como no
exemplo seguinte.
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mais velhos do clube que possam assumir essas funções.
Funcionalidade da tarefa
A vivência frequente e diversificada destas situações deverá permitir ao atleta uma maior
capacidade de regulação dos seus comportamentos, mantendo ou mesmo melhorando o seu
desempenho em jogo. Simultaneamente o treinador pode emitir feedback que facilite o
controlo do atleta, e ensinar técnicas de regulação emocional, por exemplo através do
chamado diálogo interno (o atleta conversar consigo próprio baseado no que há a fazer no
momento presente em função dos objectivos da equipa para o jogo).
jogador (por exemplo, quando se fala com ele no balneário). Quando o treinador intervém
concentração, e a discussão de casos. É preciso assegurar que a utilização destes meios seja
indicações que orientem o jogador a percepcionar uma fonte de informação mais relevante
jogo para revelar as fontes críticas de informação (por exemplo, a posição do adversário no
bola no serviço), para perceber em determinada situação de jogo qual deverá ser a resposta
perceber o espaço que deve cobrir e atacar), ou ainda, para conhecer outras decisões para lidar
com as acções do adversário (decisões que se revelaram como eficazes) (Araújo & Carvalho,
2007).
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Um exemplo que tem sido pouco usado na psicologia do desporto é o treino das
habilidades decisionais desenvolvido por Klein e colegas (e.g. Pliske, McCloskey & Klein,
2001). Este método começa por se entrevistar um perito para saber como este tomou decisões
em situações críticas concretas. A etapa seguinte é a partir das situações descritas pelo perito,
criar situações/cenários de jogo (em texto e imagens), onde os atletas têm de decidir por
escrito o que fazer. Em alguns dos jogadores procede-se a uma avaliação crítica das decisões
tomadas (Porque escolheste esse curso de acção? qual foi o teu ponto fraco?). No contexto de
grupo, aprofundam-se as decisões mais desafiantes procurando saber que fonte de informação
foi usada e razões para essas decisões serem consideradas difíceis. Neste estádio pode ser
usado o “exercício post mortem” tal como é designado, em que através de uma bola de cristal
imaginária discute-se o que correu mal num cenário em que o plano que se acabou de elaborar
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- Abertura do espaço de treino à presença de pais, ou outros espectadores;
tácticos do rugby, dado que a bola fica mais escorregadia, os equipamentos ficam mais
pesados, o terreno enlameado dificulta a velocidade das acções e aumenta a fadiga. Em dias
de chuva podem ser treinadas funções que sejam mais condicionadas por este
constrangimento, como por exemplo a circulação de bola para dar continuidade ao ataque.
com certeza um factor que influencia o desempenho do jogador na realização das tarefas
representativas. Neste sentido, podem-se diferenciar dois tipos de ambiente de treino criados
pela intervenção do treinador: ambiente orientado para o ego do jogador e ambiente orientado
para a mestria do jogador. O primeiro leva o jogador a comparar o seu desempenho com os
outros, levando-o a colocar questões como, “Fui eu o melhor no treino?”; “Consegui marcar
mais golos que o jogador X?”. O ambiente orientado para a mestria, solicita mais a motivação
percepção do jogador é a de que ele é tanto mais competente quanto mais evoluir na
contribuição para objectivos da equipa, e não por comparação com os outros. Neste caso, o
jogador perguntará questões como “Como posso melhorar determinado aspecto que não
como o outro, influenciam, de modo distinto, aquilo que o jogador reconhece como fontes de
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Posto isto pretendemos demonstrar que, apesar da categoria de constrangimentos
relativos à tarefa ser a mais importante a atender pelo treinador, uma vez que intervém
entre estímulo e resposta, nem o depositar de verbalizações na cabeça do atleta, mas uma
relevantes que lhe permitam regular o seu comportamento. O treino visa levar o atleta a saber,
percepcionar para agir guiado pelas informações que conduzam à obtenção do objectivo da
competição, mas também a procurar activamente as fontes de informação que lhe permitem
atingir o objectivo com maior eficiência. Em suma, o treino da tomada de decisão deve levar
o atleta a percepcionar fontes de informação para agir, e a agir para ter melhores fontes de
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