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2022
1 IDENTIFICAÇÃO
2 DESCRIÇÃO DA DEMANDA
3 PROCEDIMENTO
ANÁLISE PARCIAL
História e Inquérito
(E) A senhora que decide, a história é sua.“Vejo um menino refletindo ... é ... é
... refletindo ... Ele tá com a imagem ... pensativo ... é ... é o presente, o presente
que tô falando? Ele tá triste... é ... ele tá olhando, peraí ... ele tá abaixado. Acho
que ele tá pintando ...(silêncio)... Ele parece uma pessoa brilhante. Você está
contando de você, mas é a pessoa. Você olha a figura ... Deixa eu ver
novamente...(pausa longa)... Parece uma criança que passou por tristeza, ele
quer aprender ... é bastante triste não ter os pais próximos, parece uma criança
... é ... me passou tristeza. Acho que ele está triste porque não toca o violino.
Olha o presente, me passou tristeza, ele quer aprender, mas está com semblante
triste.
(E) Por que ele está triste? “Porque ele está com a cabeça baixada.”
(E) Qual o nome do menino? “João. NÃO É O NOME DO MEU FILHO!!!!” (Neste
momento a colaboradora fala alto e gesticula as mãos na forma de negação)
(E) Por que os pais do João estão longe? “Porque não estão perto.”
(E) Naquele momento da tristeza dele. Por que você acha que ele está triste?
“Porque ele não conseguiu...(silêncio)... Eu acho que ele está triste porque talvez
os pais colocaram ele de castigo, sabe que é difícil...(silêncio)... mas porque você
quer saber?”
Análise de Conteúdo
Características – triste.
Conflitos:
Ansiedade: tristeza.
Defesas: anulação.
Superego: rígido.
Análise formal
Síntese interpretativa
História e Inquérito
Tempo de latência: 45 segundos
Tempo total: 6 minutos e 42 segundos
- “É assim mesmo?”
(E) É. “Posso segurar? (...) Gente!!!!!! – fala em voz alta com olhos arregalados.
(silêncio - T.L 45 segundos).
“Tem uma imagem ... mas ... pode ... parece um jarro, uma abelha acima do
jarro, parece que houve uma destruição no local e os sobreviventes foram um
dinossauro e uma abelha (fala algo inaudível) do lado uma rampa e do lado...
(silêncio) ... me parece uma coisa destruída, me parece uma destruição. É ...
Tem uma abelha, um jarro ... Me pareceu uma pós-guerra, me pareceu uma
guerra, o local me parece um cenário de guerra... Também restou uma espécie
de uma escada...uma escada que aumenta para o céu... Há uma sensação de
pós-guerra, e as coisas parecem que não fazem sentido, após algum tempo as
coisas parecem ter vida. Uma imagem bonita e feia ... O futuro parece que vai
ser bonito, começa que vi ter vida. Acho que só.
(E) Que cor seria este jarro que você vê? “Na cor de barro. (A colaboradora
procura a cor da bolsa e aponta.) É ... tipo um barro ... Pode existir alguma vida...
Vai haver melhora”.
(E) Por que esse lugar irá melhorar? “Porque existem vidas”.
(E) Essa escada o que você sente? “Ela remete a um lugar bonito, a um lugar
certo dá uma sensação de coisa boa”.
Análise de Conteúdo
Herói – o local.
Características – destruição.
Ansiedade: destruição.
Defesas: projeção.
Superego: flexível
Análise formal
Síntese interpretativa:
História e Inquérito
Tempo de latência: 57 segundos
Tempo total: 9 minutos e 16 segundos
“É uma história... Eu acho que vou falar sobre o ser humano, por mais incrível
que pareça existe mais pessoas boas que ruins ... o que torna o ser humano, o
que torna o ser humano deixar de fazer algo por conta do medo, o medo das
pessoas e o preconceito as fazem mais resistentes. Sinto que o bem é maior que
o mal, que as pessoas são boas. É... contar uma história sobre... (...) Vocês vai
falar esse povo não teve infância. (silêncio) Eu to tentando colocar minha
profissão com o que vivi. Acho que o medo das pessoas, o medo, o preconceito,
é..., não é o que torna elas más, eu acho que é uma defesa, por exemplo quando
uma pessoa me xinga, é uma defesa, não entendo que é uma pessoa má. Deixa
eu ver um...... (...) Eu acho que o ser... (uma frase inaudível) ... .o ser humano
está vivendo uma individualidade que acaba pecando, Vamos lá. Um acidente
de moto, um rapaz caiu da moto, e a moça tenta socorrer, ela vê as pessoas com
muito medo de situações que não conseguem fazer coisas, como ajudar o
próximo, tentado dar o melhor; uma mulher que se dizia enfermeira não ajudou
o rapaz que caiu da moto, o capacete tava pressionando a parte ... (uma frase
grande e inaudível) ... a moça dizia para a pessoa solta aqui, a enfermeira dizia:
não pode soltar, não pode mexer, a moça foi lá e soltou. Colocam tanto medo de
algumas situações que as pessoas deixam de fazer o que precisa ser feito. As
pessoas não fazem por medo, medo de roubo, a polícia me colocou medo, as
pessoas têm medo...Só quis passar... (uma frase inaudível) ... a gente entende
um pouco... (uma frase inaudível) ....”.
(E) Por que o ser humano é mal? “Acho que algumas pessoas que cometem
crimes devem ficar presas, matar por maldade tem que ficar preso até o fim da
vida. Tem pessoas ... (uma frase inaudível) ... se matou é prisão, é prisão
perpétua, se matar fica presa o resto da vida... (silêncio)... a gente vê tanto
crime... (silencio).
Análise de Conteúdo
Herói – a moça.
Características – altruísta
Ambiente – Ambivalente.
Defesas: racionalização.
Superego: flexível
Análise formal
História e Inquérito
(E) O que significa é uma figura fúnebre? “Eu acredito na vida pós morte... apesar
de ser católica... acredito no espiritismo. Acho que... Acho que... Acho que...
Acho que... é difícil... acho que existe vida pós morte. Não sei dizer mais nada”.
(E) Por que você acha que a pessoa está triste? “... o local em si remete a
tristeza”.
Análise de Conteúdo
Herói – Espírito / assombração de uma pessoa.
Necessidades – autonomia.
Ambiente – inóspito.
Defesas: negação.
Superego: rígido.
Ego: razoável.
Análise formal
Síntese interpretativa
História e Inquérito
“Deixa eu ver? ... – Posso pegar? ... Vejo um casal que se conheceu em um
parque, se apaixonaram e depois de alguns anos se casaram... mesmo com
percalços ... a chama paixão dos dois era nítida … foram bons pais ... mesmo
com todas as dificuldades... como posso dizer isso... com falta de entendimento
... é .... (silêncio) ... mesmo com ... é ... (silêncio, a colaboradora aperta as mãos)
sabe quando uma pessoa tem um pensamento arcaico ... é ... era a maneira
deles doutrinar ... (silêncio, neste momento diz uma frase inaudível) ... mesmo
com a falta de entendimento eles deram uma ótima educação ... (silêncio) ...
então assim ... (silêncio) ... não recrimino eles, eles eram extremamente
apaixonados, pra sair o pai sempre dava tchau, nunca deixou faltar nada para
os filhos, eles sofreram muito quando jovens, e o que puderam fazer para seus
filhos, fizeram, eles trabalharam muito, o pai era órfão e viveu com uma família
que judiou muito... (os olhos da colaboradora se enchem de lágrimas). Vejo um
casal apaixonado, com carinho, vejo que eles não puderam, puderam ... eles
foram cerceados de passeios por conta da profissão do pai, mas eram
extremamente apaixonados. É... caramba... acho que só ...,
(E) Por que eles sofreram tanto? Tiveram infância pobre, a mãe perdeu o pai
dela aos 7 anos, ela tinha muitos irmãos... foi uma vida difícil...ela sofreu muito,
deixava de almoçar para levar comida para a mãe dela. O pai foi criado por uma
família rica, mas ele vivia fugindo porque era muito maltratado.
(E) Que esse casal significa? Significa... (Silêncio e na sequência choro) .... tudo
e mais um pouco. Cabou? Cabou?.... (silêncio)... Não vai me dar um feedback?
(E) Não, pois como foi dito, somos apenas estudantes que estão aprendendo a
aplicar essa atividade.
Análise de Conteúdo
Herói – o casal.
Ambiente – ambivalente.
Defesas: racionalização
Superego: frágil
Análise formal
T.L. – 33 segundos é longo indica um sujeito que consegue dominar a
ansiedade, o uso das pausas é um índice de retração e um reforço das defesas.
Síntese Interpretativa
ANÁLISE GLOBAL
Interpretação global.
A colaboradora no início da aplicação do protocolo, demonstrou que
utilizou-se de pausas e hesitação na narrativa dos relatos (primeira prancha) e o
uso de comentários e exclamações (segunda prancha) a fim de aliviar a
ansiedade provocada pelo estimulo. Na terceira prancha, a colaboradora
demonstrou ter um controle da ansiedade, mas não conseguiu manter esse
controle, tendo acentuado as defesas (quarta prancha) e demonstrado índice de
retração (quinta prancha).
O reforço das defesas da entrevistada se mostrou presente em todo o
protocolo, como tentativa de manter o controle sobre o resultado do teste, tanto
que mesmo tendo sido advertida da inexistência de devolutiva, realizou esse
questionamento no encerramento do protocolo.
Na prancha (1) que explora as aspirações, objetivos, dificuldades e
realização do herói, o sentimento de tristeza é potencializado por dois fatores,
pela criança não conseguir tocar o instrumento e por ser castigada pelos pais.
Segundo relato da colaboradora, os pais se mostram ausentes. Aqui como
inicialmente exposto, verificamos que o mecanismo de defesa anulação esteve
presente no relato visto que inicialmente a história era de uma criança pintando
e ato seguinte foi modificada. O tema relação pais e filhos foi exposto em outra
prancha que será destacado abaixo. Ainda, a entrevistada fez questão de
destacar para que a aplicadora que o nome do personagem é João, mas que
este nome não é o de seu filho. Observe que a história não tem um futuro
definido, o que aconteceu nas demais pranchas.
A prancha (11) explora a atitude da colaboradora frente ao desconhecido, ao
perigo: refere-se a atitude do sujeito frente ao perigo e sua maneira de
experienciar a ansiedade. A colaboradora percebe o ambiente como conflituoso
diante do perigo físico ativos gerado pela destruição, apesar da expectativa de
mudança aparecer projetada por meio dos personagens secundários. Durante a
entrevista a colaboradora relatou ter trabalhado na Polícia, e apesar do ambiente
inóspito em que trabalhou, demonstrou inclusive em comentários na prancha
(16), esta vivencia não a transformou em uma pessoa insensível ao sofrimento
humano. Nesta prancha citada as necessidades do herói de ajuda e eficiência
estão presentes, mesmo diante de atitudes do herói que foram logicamente
justificadas pelo mecanismo de defesa da racionalização. Essa prancha
abordou a área referente às necessidades mais prementes do indivíduo.
A prancha (15) explora a área referente as relações com a morte, culpa e
castigo. Apesar do mecanismo de negação ter sido constatado nesta prancha
(15), aflorou a presença de um ambiente inóspito e o conflito da colaboradora
em aceitar a morte versus a necessidade de autonomia da colaboradora. Após
a entrevista, em encerramento, a colaboradora comentou que sua mãe veio a
falecer vítima da COVID no último ano. A ambivalência da visão de a norte não
ser bonita em contraposição do cemitério trazer paz demonstram que por meio
da defesa novamente a colaboradora buscou represar sentimentos e manter o
controle em todo o protocolo.
A prancha (10) que explora a área referente aos conflitos do casal e
atitudes frente a separação; favorece a projeção de relações heterossexuais
satisfatórias, retoma a temática pais e filhos, onde figura os heróis como
provedores e cerceadores. A ansiedade demonstrada nesta prancha de própria
capacidade e agressividade demonstra a ambivalência que a colaboradora visa
justificar as atitudes do herói, por meio do mecanismo de racionalização,
demonstrando que os pais que provêm, ao mesmo tempo, são os pais que
rigorosamente educam. A relação entre a colaboradora e seu filho demonstram
exatamente essa dinâmica, pois apesar do relacionamento deles ser bom, eles
abordam atitudes do cotidiano, mas não tratam de sentimentos como o término
do relacionamento do filho, assunto que não é abordado.
5 CONCLUSÃO
HUTZ, C.S. et al. (Orgs.). Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artes Médicas, 2016.
[E-book / Minha Biblioteca].
Material do Teste
• 5 pranchas.
• Folhas de anotação.
• cronômetro para registro do tempo de latência e tempo total utilizado para
o relato das histórias.
Entrevista
N. conta que o marido a traiu, dois meses após o casamento e que como o
ex-marido é advogado queria “pegar” o filho, mas que por sorte o menino
ficou com ela. Depois do divórcio ela afirma que não teve relacionamentos
amorosos.
Ela tem duas amigas, com quem sai para a padaria e toma café e fica a tarde
inteira conversando sobre coisas do cotidiano e lembranças da infância.
N. afirma ter uma boa saúde, não faz uso de medicação contínua e nem de
drogas ilícitas ou bebidas alcóolicas.
É importante destacar que N. não quis nomear o filho e nem as amigas, além
de questionar a entrevistadora se não iria terminar as perguntas.