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AMANDA SANTOS DA SILVA - RGM 2306976-7

CHARLIE FERREIRA ALVES – RGM 23127112


JÉSSICA ROCHA SOUZA DOS SANTOS - RGM 2301745-7
LEANDRO DE MORAES OLIVEIRA - RGM 23386959
MARILENE SIMIÃO DA SILVA SANTOS - RGM 2311248-4
SHIRLEY SILVA DOS SANTOS - RGM 2703338-4
Turma: 5º B

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DA PERSONALIDADE

Universidade Cruzeiro do Sul


Área de Ciências Biológicas e da Saúde
Curso de Psicologia
2022
AMANDA SANTOS DA SILVA - RGM 2306976-7
CHARLIE FERREIRA ALVES – RGM 23127112
JÉSSICA ROCHA SOUZA DOS SANTOS - RGM 2301745-7
LEANDRO DE MORAES OLIVEIRA - RGM 23386959
MARILENE SIMIÃO DA SILVA SANTOS - RGM 2311248-4
SHIRLEY SILVA DOS SANTOS - RGM 2703338-4
Turma: 5º B

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DA PERSONALIDADE

Laudo Psicológico apresentado como parte das


exigências para aprovação na disciplina de Avaliação
Psicológica e práticas integrativas III, sob condução
do Professor Armando Rocha Junior.

2022
1 IDENTIFICAÇÃO

I - Título: Laudo Psicológico.


II - Pessoa atendida: N. O. L.
III Solicitante: Professor Armando Rocha Junior.
IV Finalidade: Avaliação Psicológica de características de personalidade a partir
dos dados do Teste de Apercepção Temática (T. A. T.), como parte dos
instrumentos de avaliação da disciplina Avaliação Psicológica e Práticas
Integrativas III.
V Autores: Amanda Santos da Silva – RGM 2306976-7; Charlie Ferreira Alves -
RGM 2312711-2; Jéssica Rocha Souza Dos Santos – RGM 2301745-7; Leandro
De Moraes Oliveira – RGM 2338695-9; Marilene Simião da Silva Santos – RGM
2311248-4; Shirley Silva dos Santos – RGM 2703338-4.

2 DESCRIÇÃO DA DEMANDA

O presente laudo tem como objetivo apresentar dados a partir da


realização de uma avaliação psicológica para experimentação de acadêmicos
da Graduação em Psicologia da Universidade Cruzeiro do Sul, matriculados no
5º semestre, no uso dos instrumentos e técnicas de investigação psicológica.

3 PROCEDIMENTO

SILVA, (2021) afirma que o uso da análise das técnicas projetivas do


desenho é utilizada em diversos processos de avaliação, seja no contexto clínico
ou no contexto institucional, como por exemplo, na avaliação psicológica para
liberação de cirurgias, obtenção no porte de arma, avaliações psicossociais ou
processos jurídicos. Isso ocorre, porque de acordo com Kolck (1984) o grafismo
pode ser usado como uma das formas de comunicação, ou seja, uma linguagem
gráfica.

Logo, a construção do presente laudo, ocorreu a partir da aplicação do


Teste de Apercepção Temática (T. A. T.) e contou com a colaboração de uma
convidada. Para esta aplicação, foram seguidas as estratégias de procedimento
e interpretação que estão no manual de Murray, 2019.
A colaboradora, que participou deste trabalho, é moradora da cidade de
São Paulo, tem 57 anos de idade, divorciada, mora com um filho de 32 anos e
não faz uso de medicamentos contínuos.

A aplicação ocorreu em uma sala do laboratório do Núcleo de Estudos e


Atendimento Psicológico (NEAP). Ela ocorreu em uma sala silenciosa, sem
distrações, na presença de dois aplicadores e da colaboradora, o restante do
grupo permaneceu como observadores juntos com um psicólogo responsável
pelo NEAP.

Após a colaboradora sentar-se em uma posição confortável, o rapport foi


devidamente realizado e na sequência ocorreu o enquadre, onde as aplicadoras
se apresentaram e realizaram os agradecimentos iniciais, cabe ressaltar, que no
momento do enquadre ficou-se acordado que a colaboradora não receberia
devolutiva, pois o trabalho está sendo conduzido por estudantes do curso de
psicologia que estão aprendendo a aplicar e interpretar o teste. Neste momento
foi informador a colaboradora que caso houvesse interesse, ela poderia agendar
um possível atendimento terapêutico junto ao NEAP.

Após o enquadre ocorreu a entrevista e a aplicação do teste T. A. T., a


aplicadora apresentou as instruções, ou seja, seria necessário que a
colaboradora após observar uma prancha criasse e narrasse uma história de
modo que ela contivesse um passado, presente e futuro, bem como
pensamentos e sentimentos dos personagens presentes em cada história. Foi
informado que ela teria o tempo de 5 minutos para cada uma delas, ao total foram
apresentadas cinco pranchas.

Ao término do relato da 5ª prancha a aplicadora inicia os agradecimentos


e a colaboradora a questiona sobre um possível feedback do teste, mais uma
vez lhe foi explicado que ela não teria uma análise, pois o teste estava sendo
aplicado por estudantes, então, a aplicadora confirma se a colaboradora
entendeu o motivo de não ter uma análise das suas respostas, a colaboradora a
responde acenando com a cabeça confirmando e demonstra entender o que
estava sendo dito. Mais uma vez a aplicadora agradece a presença da
colaboradora e se despendem.
4 ANÁLISE

ANÁLISE PARCIAL

1ª Prancha 01 (universal) – Tema: “O menino não consegue tocar”

História e Inquérito

Tempo de latência: 55 segundos


Tempo total: 8 minutos e 15 segundos

A colaboradora olha a imagem e balança a cabeça para a esquerda e direita


enquanto observa a prancha - silêncio (10 segundos). Continua olhando a
prancha e bate os dedos sobre a mesa. “É assim mesmo?...Começa pelo
presente?

(E) A senhora que decide, a história é sua.“Vejo um menino refletindo ... é ... é
... refletindo ... Ele tá com a imagem ... pensativo ... é ... é o presente, o presente
que tô falando? Ele tá triste... é ... ele tá olhando, peraí ... ele tá abaixado. Acho
que ele tá pintando ...(silêncio)... Ele parece uma pessoa brilhante. Você está
contando de você, mas é a pessoa. Você olha a figura ... Deixa eu ver
novamente...(pausa longa)... Parece uma criança que passou por tristeza, ele
quer aprender ... é bastante triste não ter os pais próximos, parece uma criança
... é ... me passou tristeza. Acho que ele está triste porque não toca o violino.
Olha o presente, me passou tristeza, ele quer aprender, mas está com semblante
triste.

(E) Por que ele está triste? “Porque ele está com a cabeça baixada.”

(E) Qual o nome do menino? “João. NÃO É O NOME DO MEU FILHO!!!!” (Neste
momento a colaboradora fala alto e gesticula as mãos na forma de negação)

(E) Por que os pais do João estão longe? “Porque não estão perto.”

(E) Naquele momento da tristeza dele. Por que você acha que ele está triste?
“Porque ele não conseguiu...(silêncio)... Eu acho que ele está triste porque talvez
os pais colocaram ele de castigo, sabe que é difícil...(silêncio)... mas porque você
quer saber?”

(E) E o futuro? “O menino não consegue tocar.”

Análise de Conteúdo

Herói – o menino / João.

Características – triste.

Necessidades – realização e afiliação.

Ambiente – rígido e rigoroso

Outras figuras – os pais (ausentes).

Conflitos:

Sentimento de tristeza por não tocar o violino e porque os pais o colocaram de


castigo.

Distanciamento dos pais.

Ansiedade: tristeza.

Defesas: anulação.

Superego: rígido.

- Interpretação da prancha iniciando pela explorada: Outras histórias


frequentes: refere-se às aspirações, objetivos, dificuldades e realização do herói
que comumente são produzidas por sujeitos ambiciosos.

Análise formal

T.L. - 55 segundos – O relato é cortado, cheio de pausas significativas e


hesitações, sendo que após estas não se observa qualquer progresso em termos
de qualidade da narrativa, demonstrando que a colaboradora reforça suas
defesas demonstrando traços de caráter hesitantes.

Síntese interpretativa

A prancha explora a área referente a aspirações, objetivos, dificuldades


e realização do herói que comumente são produzidas por sujeitos ambiciosos,
demonstrando claramente a necessidade de realização. A colaboradora capta o
ambiente em que tais necessidades se deparam como rígido, e
consequentemente este é gerador de sentimento de tristeza. A necessidade de
realização aparece em conjunto com a necessidade de afiliação, visto que os
pais se mostram ausentes, apesar de castigarem o herói por não conseguir tocar
o instrumento, potencializando o sentimento de tristeza. O mecanismo de
anulação está presente, tendo em vista que em um primeiro momento a
colaboradora relatava em sua narrativa que a criança estava triste, pintando e
que parecia uma pessoa brilhante, contudo, conforme a narrativa seguinte,
revela-se pela substituição da história anterior, por outra em que a criança está
triste, sem os pais próximos e porque não toca o violino, destaca-se ainda a
presença de um superego rígido.

2ª Prancha 11 (universal) – Tema: Existe uma esperança

História e Inquérito
Tempo de latência: 45 segundos
Tempo total: 6 minutos e 42 segundos

- “É assim mesmo?”
(E) É. “Posso segurar? (...) Gente!!!!!! – fala em voz alta com olhos arregalados.
(silêncio - T.L 45 segundos).

“Tem uma imagem ... mas ... pode ... parece um jarro, uma abelha acima do
jarro, parece que houve uma destruição no local e os sobreviventes foram um
dinossauro e uma abelha (fala algo inaudível) do lado uma rampa e do lado...
(silêncio) ... me parece uma coisa destruída, me parece uma destruição. É ...
Tem uma abelha, um jarro ... Me pareceu uma pós-guerra, me pareceu uma
guerra, o local me parece um cenário de guerra... Também restou uma espécie
de uma escada...uma escada que aumenta para o céu... Há uma sensação de
pós-guerra, e as coisas parecem que não fazem sentido, após algum tempo as
coisas parecem ter vida. Uma imagem bonita e feia ... O futuro parece que vai
ser bonito, começa que vi ter vida. Acho que só.

(E) Que cor seria este jarro que você vê? “Na cor de barro. (A colaboradora
procura a cor da bolsa e aponta.) É ... tipo um barro ... Pode existir alguma vida...
Vai haver melhora”.

(E) Quem sobreviveu nessa guerra? “Um dinossauro e uma abelha”.

(E) Que cidade seria essa? “Seria Roma”.

(E) Por que esse lugar irá melhorar? “Porque existem vidas”.

(E) Essa escada o que você sente? “Ela remete a um lugar bonito, a um lugar
certo dá uma sensação de coisa boa”.

(E) Qual seria o título? “Existe uma esperança”.

Análise de Conteúdo

Herói – o local.

Características – destruição.

Necessidades – perigo físico ativos.


Ambiente – conflituoso.

Outras figuras – dinossauro, jarro, abelha – sobreviventes; escada – oferecem


expectativa de mudança para o ambiente.

Conflitos: restauração do local.

Ansiedade: destruição.

Defesas: projeção.

Superego: flexível

Ego: razoável integração do ego

- Interpretação da prancha iniciando pela explorada: atitudes frente ao


perigo, ao desconhecido: refere-se a atitude do sujeito frente ao perigo e sua
maneira de experimentar a ansiedade.

Análise formal

T.L. - 45 segundos – No início do relato temos o uso de exclamação e


comentários da colaboradora para aliviar a ansiedade provocada pelo estímulo,
além disso, o relato é cortado, cheio de pausas e hesitações, sendo que após
estas não se observa qualquer progresso em termos de qualidade da narrativa,
demonstrando na colaboradora traços de caráter hesitantes.

Síntese interpretativa:

A prancha explora a área referente atitudes frente ao perigo, ao


desconhecido: refere-se a atitude do sujeito frente ao perigo e sua maneira de
experienciar a ansiedade. A colaboradora percebe o ambiente como conflituoso
diante do perigo físico ativos gerado pela destruição. A presença por meio de
outras figuras que se relacionam com o herói e oferecem a expectativa de
mudanças do ambiente o mecanismo de projeção demonstram que tais
expectativa se apresentam apenas por meio dos personagens secundários,
mesmo diante de um superego flexível.
3ª Prancha 16 (universal) – Título: Ainda acredito.

História e Inquérito
Tempo de latência: 57 segundos
Tempo total: 9 minutos e 16 segundos

“É uma história... Eu acho que vou falar sobre o ser humano, por mais incrível
que pareça existe mais pessoas boas que ruins ... o que torna o ser humano, o
que torna o ser humano deixar de fazer algo por conta do medo, o medo das
pessoas e o preconceito as fazem mais resistentes. Sinto que o bem é maior que
o mal, que as pessoas são boas. É... contar uma história sobre... (...) Vocês vai
falar esse povo não teve infância. (silêncio) Eu to tentando colocar minha
profissão com o que vivi. Acho que o medo das pessoas, o medo, o preconceito,
é..., não é o que torna elas más, eu acho que é uma defesa, por exemplo quando
uma pessoa me xinga, é uma defesa, não entendo que é uma pessoa má. Deixa
eu ver um...... (...) Eu acho que o ser... (uma frase inaudível) ... .o ser humano
está vivendo uma individualidade que acaba pecando, Vamos lá. Um acidente
de moto, um rapaz caiu da moto, e a moça tenta socorrer, ela vê as pessoas com
muito medo de situações que não conseguem fazer coisas, como ajudar o
próximo, tentado dar o melhor; uma mulher que se dizia enfermeira não ajudou
o rapaz que caiu da moto, o capacete tava pressionando a parte ... (uma frase
grande e inaudível) ... a moça dizia para a pessoa solta aqui, a enfermeira dizia:
não pode soltar, não pode mexer, a moça foi lá e soltou. Colocam tanto medo de
algumas situações que as pessoas deixam de fazer o que precisa ser feito. As
pessoas não fazem por medo, medo de roubo, a polícia me colocou medo, as
pessoas têm medo...Só quis passar... (uma frase inaudível) ... a gente entende
um pouco... (uma frase inaudível) ....”.

(E) A moça conhecia o rapaz que caiu da moto? “Não conhecia”.

(E) Por que o ser humano é mal? “Acho que algumas pessoas que cometem
crimes devem ficar presas, matar por maldade tem que ficar preso até o fim da
vida. Tem pessoas ... (uma frase inaudível) ... se matou é prisão, é prisão
perpétua, se matar fica presa o resto da vida... (silêncio)... a gente vê tanto
crime... (silencio).

(E) A moça conhecia a enfermeira? “Não conhecia”.

Análise de Conteúdo

Herói – a moça.

Características – altruísta

Necessidades – Ajuda, eficiente.

Ambiente – Ambivalente.

Outras figuras – o motoqueiro (ajudado pela heroína); a enfermeira (contraria a


atitude da heroína).

Conflitos: ineficiência e a incapacidade.

Ansiedade: autoimagem e própria capacidade.

Defesas: racionalização.

Superego: flexível

Ego: razoável integração do ego.

- Interpretação da prancha iniciando pela explorada: área referente às


necessidades mais prementes do indivíduo.

Análise formal

T.L. - 57 segundos é longo, o relato se mostra bem articulado, temos um


sinal de que o sujeito consegue dominar a ansiedade. A colaboradora apresenta
uma capacidade de adaptação tendo em vista que é a terceira prancha do
protocolo.
Síntese interpretativa

A prancha explora a área referente as necessidades mais prementes do


indivíduo. Para a colaboradora o ambiente é ambivalente. Inicialmente ele é
desfavorável, mas diante da ação do herói, ele se tornou favorável mesmo diante
da atitude dos outros personagens, contemplando assim a necessidade do herói.
Podemos constatar nesta história a presença do mecanismo de defesa
racionalização, que aparece como forma da colaboradora justificar de maneira
lógica a atitude do herói de retirar o capacete do motoqueiro, mesmo diante dos
protestos da enfermeira.

4ª Prancha 15 (universal) – Tema: “Local fúnebre”

História e Inquérito

Tempo de latência: 1minuto e 19 segundos


Tempo total: 4 minutos e 06 segundos

“Outra?” A colaboradora começa a chorar, após um tempo para e seca as


lagrimas. Silêncio ... “apesar de saber que existe cemitério eu acho que morte
uma coisa que não tem como ter uma visão bonita ...” silencio. A colaboradora
aperta as mãos. Silencio T.L. 1m e 14 segundos. “Não acho local feio, mas é
local onde dá para sentir muita paz ... Se viu é mais a figura... assombração de
uma pessoa triste no local, uma assombração, da impressão..., vou falar de outro
ângulo, um espírito que parece estar sozinho, que tá no local a espera do que
vai acontecer, tá acabando, esta figura remete a um local funebre ... assim que
eu sinto, acho que é só”.

(E) O que significa é uma figura fúnebre? “Eu acredito na vida pós morte... apesar
de ser católica... acredito no espiritismo. Acho que... Acho que... Acho que...
Acho que... é difícil... acho que existe vida pós morte. Não sei dizer mais nada”.

(E) Por que você acha que a pessoa está triste? “... o local em si remete a
tristeza”.

Análise de Conteúdo
Herói – Espírito / assombração de uma pessoa.

Características – solitário, triste, sozinho.

Necessidades – autonomia.

Ambiente – inóspito.

Conflitos: aceitação da morte.

esperar algo acontecer.

Ansiedade: solidão, frustração, perdas e impotência.

Defesas: negação.

Superego: rígido.

Ego: razoável.

- Interpretação da prancha iniciando pela explorada: evoca relações com


a morte, culpa e castigo.

Análise formal

T.L. – 1 minuto e 19 segundos é longo com relato truncado, cheio de


pausas e hesitações, havendo a presença do aumento das defesas.

Síntese interpretativa

A prancha explora a área referente as relações com a morte, culpa e


castigo. Diante de um ambiente percebido pela colaboradora como inóspito o
conflito de aceitação da morte e consequentemente a espera de algo a acontecer
contrapõe a necessidade de autonomia do herói. O mecanismo de defesa de
negação se faz presente quando a colaboradora manifesta no início da história
que não é possível ter uma visão bonita da morte, apesar de saber que existe
cemitério, mas por sua vez alega que não acha o local feio e sim um local que
traz muita paz. Logo a colaboradora manifesta por meio da defesa o conteúdo
ansiôgeno, por fim, a adequação do superego é rígida.

05 ª Prancha 10 – Tema: “Uma ótima educação”

História e Inquérito

Tempo de latência: 33 segundos


Tempo total: 7 minutos e 29 segundos

“Deixa eu ver? ... – Posso pegar? ... Vejo um casal que se conheceu em um
parque, se apaixonaram e depois de alguns anos se casaram... mesmo com
percalços ... a chama paixão dos dois era nítida … foram bons pais ... mesmo
com todas as dificuldades... como posso dizer isso... com falta de entendimento
... é .... (silêncio) ... mesmo com ... é ... (silêncio, a colaboradora aperta as mãos)
sabe quando uma pessoa tem um pensamento arcaico ... é ... era a maneira
deles doutrinar ... (silêncio, neste momento diz uma frase inaudível) ... mesmo
com a falta de entendimento eles deram uma ótima educação ... (silêncio) ...
então assim ... (silêncio) ... não recrimino eles, eles eram extremamente
apaixonados, pra sair o pai sempre dava tchau, nunca deixou faltar nada para
os filhos, eles sofreram muito quando jovens, e o que puderam fazer para seus
filhos, fizeram, eles trabalharam muito, o pai era órfão e viveu com uma família
que judiou muito... (os olhos da colaboradora se enchem de lágrimas). Vejo um
casal apaixonado, com carinho, vejo que eles não puderam, puderam ... eles
foram cerceados de passeios por conta da profissão do pai, mas eram
extremamente apaixonados. É... caramba... acho que só ...,

(E) Qual seria o nome do casal? Cesar e Balbina.

(E) O que eles faziam antes de se conhecerem? A mãe trabalhava na fábrica,


pai sargento do exército. Oito filhos eles tiveram, mas só quatro ficaram vivos.

(E) Por que eles sofreram tanto? Tiveram infância pobre, a mãe perdeu o pai
dela aos 7 anos, ela tinha muitos irmãos... foi uma vida difícil...ela sofreu muito,
deixava de almoçar para levar comida para a mãe dela. O pai foi criado por uma
família rica, mas ele vivia fugindo porque era muito maltratado.

(E) Onde o casal se conheceu? No parque. Vai me perguntar arroz e feijão?

(E) Que esse casal significa? Significa... (Silêncio e na sequência choro) .... tudo
e mais um pouco. Cabou? Cabou?.... (silêncio)... Não vai me dar um feedback?

(E) Não, pois como foi dito, somos apenas estudantes que estão aprendendo a
aplicar essa atividade.

Análise de Conteúdo

Herói – o casal.

Características – apaixonados, companheiros, bons pais, opressores.

Necessidades – ser eficiente e afiliação

Ambiente – ambivalente.

Outras figuras – filhos – pais provedores/cerceadores.

Conflitos: apesar dos pais serem provedores, eles também eram


cerceadores.

Ansiedade: própria capacidade e agressividade.

Defesas: racionalização

Superego: frágil

Ego: razoável integração do ego.

- Interpretação da prancha iniciando pela explorada: evoca conflitos do


casal e atitudes frente a separação; favorece a projeção de relações
heterossexuais satisfatórias.

Análise formal
T.L. – 33 segundos é longo indica um sujeito que consegue dominar a
ansiedade, o uso das pausas é um índice de retração e um reforço das defesas.

Síntese Interpretativa

A prancha explora a área referente aos conflitos do casal e atitudes


frente a separação; favorece a projeção de relações heterossexuais satisfatórias,
para a colaboradora, a presença de um ambiente ambivalente é constatada
nesta prancha, que por sua vez, satisfaz a necessidade do herói/casal de
afiliação, mas que em contraposição são pais cerceadores dos filhos, colidindo
com a necessidade de ser eficiente, por meio, do mecanismo de defesa
racionalização a colaboradora visa de forma lógica justificar a maneira dos heróis
“doutrinarem” os filhos justificando tal atitude devido o pensamento arcaico dos
heróis, mas que por sua vez proveram uma ótima educação para os filhos. Ainda
a colaboradora utiliza-se de elementos da criação dos heróis para justificar suas
atitudes frente aos filhos. A adequação do superego é frágil uma vez que não há
para os heróis nenhuma punição frente aos seus deslizes (educação arcaica)
relatados na história.

ANÁLISE GLOBAL

Interpretação global.
A colaboradora no início da aplicação do protocolo, demonstrou que
utilizou-se de pausas e hesitação na narrativa dos relatos (primeira prancha) e o
uso de comentários e exclamações (segunda prancha) a fim de aliviar a
ansiedade provocada pelo estimulo. Na terceira prancha, a colaboradora
demonstrou ter um controle da ansiedade, mas não conseguiu manter esse
controle, tendo acentuado as defesas (quarta prancha) e demonstrado índice de
retração (quinta prancha).
O reforço das defesas da entrevistada se mostrou presente em todo o
protocolo, como tentativa de manter o controle sobre o resultado do teste, tanto
que mesmo tendo sido advertida da inexistência de devolutiva, realizou esse
questionamento no encerramento do protocolo.
Na prancha (1) que explora as aspirações, objetivos, dificuldades e
realização do herói, o sentimento de tristeza é potencializado por dois fatores,
pela criança não conseguir tocar o instrumento e por ser castigada pelos pais.
Segundo relato da colaboradora, os pais se mostram ausentes. Aqui como
inicialmente exposto, verificamos que o mecanismo de defesa anulação esteve
presente no relato visto que inicialmente a história era de uma criança pintando
e ato seguinte foi modificada. O tema relação pais e filhos foi exposto em outra
prancha que será destacado abaixo. Ainda, a entrevistada fez questão de
destacar para que a aplicadora que o nome do personagem é João, mas que
este nome não é o de seu filho. Observe que a história não tem um futuro
definido, o que aconteceu nas demais pranchas.
A prancha (11) explora a atitude da colaboradora frente ao desconhecido, ao
perigo: refere-se a atitude do sujeito frente ao perigo e sua maneira de
experienciar a ansiedade. A colaboradora percebe o ambiente como conflituoso
diante do perigo físico ativos gerado pela destruição, apesar da expectativa de
mudança aparecer projetada por meio dos personagens secundários. Durante a
entrevista a colaboradora relatou ter trabalhado na Polícia, e apesar do ambiente
inóspito em que trabalhou, demonstrou inclusive em comentários na prancha
(16), esta vivencia não a transformou em uma pessoa insensível ao sofrimento
humano. Nesta prancha citada as necessidades do herói de ajuda e eficiência
estão presentes, mesmo diante de atitudes do herói que foram logicamente
justificadas pelo mecanismo de defesa da racionalização. Essa prancha
abordou a área referente às necessidades mais prementes do indivíduo.
A prancha (15) explora a área referente as relações com a morte, culpa e
castigo. Apesar do mecanismo de negação ter sido constatado nesta prancha
(15), aflorou a presença de um ambiente inóspito e o conflito da colaboradora
em aceitar a morte versus a necessidade de autonomia da colaboradora. Após
a entrevista, em encerramento, a colaboradora comentou que sua mãe veio a
falecer vítima da COVID no último ano. A ambivalência da visão de a norte não
ser bonita em contraposição do cemitério trazer paz demonstram que por meio
da defesa novamente a colaboradora buscou represar sentimentos e manter o
controle em todo o protocolo.
A prancha (10) que explora a área referente aos conflitos do casal e
atitudes frente a separação; favorece a projeção de relações heterossexuais
satisfatórias, retoma a temática pais e filhos, onde figura os heróis como
provedores e cerceadores. A ansiedade demonstrada nesta prancha de própria
capacidade e agressividade demonstra a ambivalência que a colaboradora visa
justificar as atitudes do herói, por meio do mecanismo de racionalização,
demonstrando que os pais que provêm, ao mesmo tempo, são os pais que
rigorosamente educam. A relação entre a colaboradora e seu filho demonstram
exatamente essa dinâmica, pois apesar do relacionamento deles ser bom, eles
abordam atitudes do cotidiano, mas não tratam de sentimentos como o término
do relacionamento do filho, assunto que não é abordado.

5 CONCLUSÃO

Um padrão foi constatado em todo o protocolo, o uso dos mecanismos de


defesa pela colaboradora, com o fim, de manter o controle sobre a aplicação do
teste. Tal padrão foi constatado seja na análise formal do teste, que foi permeado
por relatos longos, onde a colaboradora tentou dominar a ansiedade e reforçou
o mecanismo de defesa. Houve uma preocupação em manter o controle sobre a
sua autoimagem.
Além disso, durante a aplicação das pranchas, a temática pais e filhos
demonstrou que a colaboradora detém o perfil de genitora provedora, mas por
sua vez opressora. Essa ambivalência, apesar dos mecanismos de defesa foi
justificada por garantir uma boa educação.
Em entrevista se constatou que a relação entre a colaboradora e seu filho
apesar de ser boa é distante, visto que preferem abordar assuntos cotidianos e
não assuntos que venham a emergir a vulnerabilidade da família.
A colaboradora demonstrou um paradoxo uma vez que afirma ser católica
e acreditar no espiritismo, como forma de justificar a vida após a morte. Religiões
de matrizes tão distintas demonstram a ambivalência da colaboradora e ao
mesmo tempo a sua resistência em lidar com o tema morte, que foi evento
presente em sua vida.
Por fim, a necessidade de ser eficiente demonstrou que a colaboradora
busca lidar com os conflitos de ineficiência e incapacidade.
REFERÊNCIAS

BAPTISTA, Makilim N. [et al.], (organizadores). Compêndio de Avaliação


Psicológica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

CAMPOS, Dinah M. S. O teste do desenho como instrumento de diagnóstico


da personalidade: validade, técnica de aplicação e normas de
interpretação. 43. Ed. São Paulo: Vozes, 2014.

CUNHA, J.A. e cols. Psicodiagnóstico - V. 5. ed. rev. e ampl. Porto Alegre:


Artmed, 2007. [E-book / Minha Biblioteca].

HUTZ, C.S. et al. (Orgs.). Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artes Médicas, 2016.
[E-book / Minha Biblioteca].

HUTZ, C.S.; BANDEIRA, D.R.; TRENTINI, C.M. (Orgs.). Avaliação da


inteligência e personalidade. Porto Alegre: ArtMed, 2018. [E-book / Minha
Biblioteca].

LINS, Manuela Ramos Caldas; BORSA, Juliane Callegaro, (organizadoras) -


Avaliação Psicológica: aspectos teóricos e práticos. Petrópolis, RJ: Vozes,
2017. – (Coleção Avaliação Psicológica)

MURRAY, Henry A. Teste de apercepção temática. São Paulo: Person Clinical,


3.ed., 2019.
SILVA, T. M. M. DA. Avaliação psicológica de crianças testemunhas da
violência intrafamiliar. Mestrado em Psicologia Clínica—São Paulo:
Universidade de São Paulo, 12 mar. 2021.
ANEXOS

Material do Teste

• 5 pranchas.
• Folhas de anotação.
• cronômetro para registro do tempo de latência e tempo total utilizado para
o relato das histórias.

Entrevista

N. O. L é uma mulher de 57 anos, possui apenas um filho de 32 anos, sua


ocupação é apenas fazer crochê para se distrair; toma conta da casa e do
filho. N. afirmar que já trabalhou para a polícia, mas que devido a um “fato”
ela resolveu sair e que não iria falar sobre este motivo.

No tempo livre N. costuma ir ao mercado, passear com o filho, jantar fora e ir


à padaria tomar café com as amigas. Ao ser questionada sobre a vida afetiva,
N. diz que não tem e que vive para cuidar do filho.

O relacionamento com o filho é bom, apesar dela o caracterizar como


“quietão” e que “fica na dele”, durante as refeições eles conversam sobre
assuntos do cotidiano, ela afirma que o filho saiu de um relacionamento a
pouco tempo, mas que sobre este assunto eles não conversam.

N. conta que o marido a traiu, dois meses após o casamento e que como o
ex-marido é advogado queria “pegar” o filho, mas que por sorte o menino
ficou com ela. Depois do divórcio ela afirma que não teve relacionamentos
amorosos.

Ela tem duas amigas, com quem sai para a padaria e toma café e fica a tarde
inteira conversando sobre coisas do cotidiano e lembranças da infância.
N. afirma ter uma boa saúde, não faz uso de medicação contínua e nem de
drogas ilícitas ou bebidas alcóolicas.

É importante destacar que N. não quis nomear o filho e nem as amigas, além
de questionar a entrevistadora se não iria terminar as perguntas.

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