Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
jurisprudência do STJ
Procurador Geral da República
Felipe Braga Netto
AULA 1
STJ
Papel de uniformização da lei federal no Brasil
Observação: todos os julgados mencionados são do STJ
Razoabilidade e proporcionalidade
Equivalência funcional entre termos
Uma das pontes que liga o Direito Privado (civil, consumidor) a ética
Direitos fundamentais
Como sistema de valores que dão unidade a ordem jurídica
Incidem nas relações privadas, não sendo exclusivo do direito público.
Tese vencedora da Alemanha: aplicação indireta. Diz que juiz não pode aplicar
um direito fundamental sem que haja intermediação legislativa.
Mas no Brasil não, aqui prevalece a visão da aplicação direta.
Obs: princípios são normas jurídicas, cuja estrutura é mais aberta que as regras jurídicas
Norma jurídica é um gênero: princípios + regras jurídicas
No Brasil a iniciativa de trazer princ. Da CF partiu da turma dos autores do
direito privado
Estado de Direito, hoje, é um Estado de ponderação.
Doutrina e jurisprudência, em sua maioria entendem que não há hierarquia entre
princípios
Corte Federal Alemã coloca a dignidade humana em um patamar superior
Princ. Da dignidade humana: pode ser realizado e violado em diferentes
dimensões
Civilista alemão, Canaris, define sistema jurídico como ordem finalística de
Princ. Normativos
AULA 2
Julgados do STJ
Ligaram o dano moral coletivo à corrupção
CDC Solidariedade
Fortaleceu questão da solidariedade: sempre que a ofensa tiver mais que um
causador, todos respondem solidariamente.
Mas a solidariedade não está restrita ao direito do consumidor. Ex do julgado:
Igreja católica responde civil, e objetivamente pelos danos causados por um padre
pedófilo. Código Civil, art 932: “empregador responde, sem culpa, pelos atos do
empregado”.
Para entender melhor sobre solidariedade: Resp 1.236.863. Destacou que, na
apuração do nexo de causalidade, não cabe discutir percentagem na realização do
dano. Vítima pode entrar com ação contra qualquer um dos “agressores”, e eles
não podem dizer que agiram em maior ou menor culpa.
Para entender melhor sobre solidariedade: Resp 866371
Inovação CDC
Primeira lei no Brasil que consagrou a teoria da desconsideração da personalidade
jurídica.
Código civil, art 50, traz a teoria maior: exige a prova da fraude do abuso de
direito.
CDC art 28, é a exceção, teoria menor com inversão do ônus da prova.
Julgado resp 970635
AULA 3
Dano material
O grau de culpa do ofensor interfere no quantum da indenização?
Em regra, não, pois CC (art 944) diz que indenização se mede pela extensão do
dano.
Mas há exceção: manifesta desproporção entre o dano e grau de culpa, o juiz
pode reduzir de modo equitativo a indenização
Ex de exceção: deixo meu cigarro cair no carpete e pega fogo no escritório todo
Obs: jurisprudência do STJ usa o grau de culpa do ofensor como fator pra elevar
valor da indenização em caso de dano moral
AULA 4
Tecnologia altera perfil social
Resp 1.613.561
É abusivo a publicidade relacionada a alimentos de forma implícita ou explicita
para crianças
Resp 1.802.787
STJ estabeleceu que fornecedor de produtos n pode prestar informações por
etapas: informação disjuntiva. É publicidade enganosa
Exige-se comportamento do fornecedor o comportamento cooperativo, leal...
AULA 5
Art 393 CC
Equipara os efeitos de caso fortuito com força opinião
Procurador diz que não há necessidade em diferenciá-los
Precisa saber distinção entre caso fortuito interno (dever de indenizar persiste)
caso fortuito externo (nexo causal se rompe, n há dever de indenizar).
Fortuito interno: dano deve estar vinculado a atividade desenvolvida pela
empresa
Ex de interno: você pega ônibus, mas no meio do caminho ocorre um acidente.
Empresa de ônibus tem responsabilidade objetiva, sem necessidade de culpa, de
indenizar. Mesmo que motorista tenha um ataque cardíaco e ocorra um acidente,
pois está na esfera de risco: dano conexo ao transporte
Ex de externo: assalto no ônibus (mesmo metrô), pois n está ligado a atividade
de transporte. Dever de prestar segurança pública é do Estado, mas ainda não se
pensa em responsabilizar o Estado neste ponto. Fica “a deus dará”.
Responsabilidade civil de acordo com a proteção prioritária à vítima do dano
AULA 6
CDC
Visto como microssistema legislativo
Disciplina jurídica costumava ser monotemática, n existiam regras de disciplinas
jurídicas variadas dentro de mesmo código. Agora a tendencia é outra
AULA 7
CDC
Art 1: traz normas de ordem pública e de interesse social
Ordem pública: normas cogentes, n toleram renuncia prévia. Ex: Prazo
prescricional de acidente de consumo (produto ou serviço) é de 5 anos, e tal
norma n pode ser afastada por convenção das partes. Começa a correr o prazo
contados da descoberta da autoria do dano, teoria da actio nata
Ex: mulher toma remédio que com o tempo a deixa cega. Pode ser que ela fique
cega, mas só depois de 2 anos descubra que foi por causa do remédio, começa a
contar prazo quando ela descobre que a culpa é do remédio
Actio nata: termo inicial do prazo prescricional é a data em que a ação poderia
ser proposta. E você só pode propor a ação quando voce conhecer o dano e o
possível autor
Antiga sumula 381 STJ, nos contratos bancários é proibido ao julgador conhecer de
oficio a abusividade das cláusulas
“absurda esta súmula”,
Art 10 CPC: mesmo a matéria q juiz deve conhecer de oficio, deve ser aberta
para a discussão as partes
AULA 8
CDC
Na pirâmide normativa é apenas uma lei ordinária. Assim, qualquer lei ordinária
que viesse depois de setembro de 1990 poderia revogar ou ab-rogar o CDC.
Formalmente falando poderia acontecer, mas doutrina diz que não pode. Isto
porque CDC é lei de função social, estabelece piso de direitos para baixo do qual
não seria lícito que o legislador fosse
3 menções ao consumidor na CF: art 5, inciso 32; art 170 (princípios relativos a
ordem economia), art 48 das disposições transitórias (ordena que legislador faça
código de defesa do consumidor)
Conceito de produto
Art 3, parágrafo 1 CDC
Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Conceito de serviço
Art 3 parágrafo 2 CDC
Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Remuneração tem que existir, mas pode ser implícita. Ex: planos de milhas das
viagens
STJ diz que mesmo o provedor gratuito de internet é fornecedor, para efeito de
relações de consumo
Conceito de consumidor
Art 2
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final (Figura stricto sensu)
Consumidor por equiparação está no art 17, art 29 e parágrafo único do art 2
Em princípio, destinatário final é aquele que adquire o produto ou serviço sem
fins profissionais. Ex: pessoa que compra shampoo para utilizar no cabelo dela.
Mas, se ela comprou o shampoo para usar no salão de beleza, do qual ela é
proprietária, em princípio, ela não será consumidora, pois não é destinatária final
do produto
É assim na prática? Não necessariamente. A jurisprudência do STJ tem aplicado
o CDC mesmo que o consumidor aja com fins profissionais.
STJ tem feito a diferenciação entre casos que devem ou não se aplicar o CDC
segundo a vulnerabilidade
Resp 1010834. Caso de costureira que comprou máquina com defeito, ela entrou
contra fabricante. Questão: ela é consumidora? Ela usa a máquina
profissionalmente, em princípio não. MAS, STJ a considerou consumidora, pois
a costureira era vulnerável frente a fabricante da máquina. É isso que se chama
teoria finalista (ou subjetivista ou minimalista) mitigada ou aprofundada.
AULA 9
Princípio da Vulnerabilidade
É absoluta, fundamenta sistema de consumo, n depende da condição econômica,
técnica do consumidor
Todo consumidor é vulnerável, embora nem todo consumidor seja
hipossuficiente
Conceito mais ligado, próprio do direito material. Já hipossuficiência é do
direito processual
A vulnerabilidade da Pessoa física é presumida, a da pessoa jurídica deve ser
provada
Se a PJ n conseguir provar sua vulnerabilidade, não estaremos diante de relação
de consumo, mas sim empresarial
OBS: quando consumidor for PJ, indenização poderá ser limitada “em situações
justificáveis”
Na regra geral CDC n admite cláusulas de irresponsabilidade, que isentem o
fornecedor. Nem mesmo cláusulas que atenuem valor da indenização.
Retrocessos
Teoria do adimplemento substancial
STJ aceitava, mas deixou de aceitar esta teoria nas alienações fiduciárias
Ex: você financiou carro em 30 vezes, mas só pagou 28 prestações e n pagou o
resto. O que importa é que você adimpliu de forma substancial, pagou grande
parte
Solução tradicional: carro não é seu, Banco vai entrar com busca apreensão para
pegar bem de volta
Teoria diz que o bem já se incorporou a sua esfera jurídica, carro já é seu. Banco
ainda pode cobrar sua dívida, mas n é razoável que pegue o bem de volta. Resp
763362 e Resp 1200105
AULA 10
Coparticipação
Sumula 608
Auto gestão: entidades q n visam lucro, n estão disponíveis no mercado de
consumo. Ex: plano de saúde de professores
O mesmo vale para entidade de previdência privada
CDC só se aplica as entidades abertas, n as fechadas
Retrocesso
STJ N admitia q planos de saúde ou seguros de vida pudessem ser alterados
mediante idade do segurado
Resp 1.816.750
Avanço
A prova da má-fé deixou de ser necessária para repetição do indébito, CDC art
42, parágrafo único
EAresp 676.608 ou 664.888
Avanço
STJ entendeu que teoria do risco do desenvolvimento não é excludente de
responsabilidade civil
Sumula 479 STJ
Obs: inovações trazidas pela de liberdade econômica n se aplicam às relações de
consumo
AULA 11
Juros de mora
Pacificado na jurisprudência: juros de mora na responsabilidade civil contratual
incide a partir da citação
Resp 538.829
Mas na responsabilidade civil extracontratual: juros de mora são contados a
partir do dano
Sumula 54
Resp 538629
Segundo STJ esta diferença vale também para danos morais
Prazos prescricionais
Na extracontratual: prazo 3 anos. Ex: bati contra seu carro
Na contratual: prazo 10 anos. Ex: inadimplemento contratual
Eresp 1280825
Prazos prescricionais no Brasil estão sujeitos a teoria da actio nata
Resp 1622450: STJ decidiu q termo inicial da prescrição para obter
ressarcimento pela perda de uma chance decorrente da interposição do agravo de
instrumento é a data do conhecimento do dano
Teoria da actio nata é sempre tentando beneficiar a vitima
Ex: advogado perdeu prazo para entrar com agravo. O prazo prescricional será
de quando a vítima souber da não interposição, e não de quando o advogado
perder o prazo
AULA 12
AULA 13
Julgado de 2017
· Da suprema corte italiana
· Foi reconhecida, além da função reparatória ou ressarcitória clássica, reconheceu
funções de dissuadir e punitiva
· Tendencia mundial
· STJ tem vários julgados nesta linha, apesar de não haver previsão legislativa
para função punitiva, por exemplo
· STj resp 1.586515. Dano moral coletivo tem 3 funções: proporcionar
compensação indireta de direito extrapatrimonial da coletividade; sancionar
ofensor; inibir condutas ofensivas a direitos transindividuais
Resp 1440721
“indenização dos danos morais possui tríplice função: compensatória (mitigar
danos sofridos pela vítima), punitiva (condenar autor na pratica ilícita e lesiva) e
preventiva, “teoria dos desestímulos” (dissuadir cometimento de novos ilícitos)”
E isso vale tanto pra dano moral quanto pra extrapatrimonial. Professor usa dano
moral abrangendo conceito de dano extrapatrimonial
Obs: função punitiva só vale para dano moral
AULA 14
· Pais respondem civilmente por seus filhos menores. Único caso em que alguém
responde pelo ato de outrem e n há direito regresso
Culpa
AULA 16
Dano Material
Deve ser provado
Dano moral
Jurisprudência aceita in re ipsea, presumido em certos casos
Ex: seu nome foi posto no SERASA sem vc dever
Resp 1643051, STJ decidiu q nos casos de violência contra mulher também
perfazem dano in re ipsea
Resp 1584465: atraso de voo não é mais dano presumido
Dano moral sofrido por pessoa jurídica, deve ser provado: resp 1.564955
Noção aberta e fluida: lesão ao interesse existencial concretamente merecedor de
tutela
Dano Extrapatrimonial
Atualmente posição da jurisprudência: simples comercialização de alimento
industriado contendo corpo estranho é suficiente para indenização por dano
moral
Obs: dano não pode ser hipotético, deve ser certo ou altamente provável
Mas pode ser futuro. Ex: pensão para vítima paraplégica, vítima ia se formar em
engenharia, indenização corresponde ao valor que ele receberia enquanto
engenheiro se trabalhasse, no futuro.
AULA 17
Nexo causal
Ex: Buraco na pista, daí eu me acidento.
Não é sobre a culpa do Estado que se deve falar, pois Estado responde sem
necessidade de culpa nas ações ou omissões, que é o que determina código de
trânsito (art. 1, parágrafo 3)
Em princípio, sem nexo causal, não há dever de indenizar: em ambos os casos de
responsabilidade
Brasil adotou Teoria do dano indireto e imediato, art 403 do CC. Mas a
tendencia é se abandonar teoria única para lidar sobre nexo causal e trabalhar de
forma aberta, com espectro mais variado, sobretudo levando em conta bem
jurídico atingido
Autores mais atuais enxergam como conceito jurídico, pois existem juízos de
valor no nexo causal
AULA 18
Questão: mãe teve seu filho torturado e morto por policial militar. Ela pode entrar com
ação diretamente contra policial, exigindo danos morais?
Se ela entrar contra o Estado, a responsabilidade civil será objetiva
Contra policial: vai ter que provar culpa, por ser responsabilidade civil subjetiva
STJ: mãe pode sim entrar contra policial. Resp 687.300
STF, Re 1027.633, repercussão geral: vítima só pode acionar Estado, e Estado
entrará com ação de regresso
Tese em repercussão geral
Supremo reconheceu dever de regresso contra agente público culpado, sob pena
de improbidade administrativa
Obs: ação de regresso só poderá ser proposta após indenização do Estado para a
vitima
Interesse público
Está relacionada a promoção de direitos fundamentais
Resp 1.890.611, quando se tratar de figuras públicas que exerçam atividade
típica do Estado, elas estão sujeitas sim a opiniões severas, irônicas e até
impiedosas. Pois direito a informação, liberdade de imprensa é de interesse
público
AULA 19
Qual profissional liberal não pode ser fornecedor de serviço segundo CDC?
Advogados
Pacifico no STJ
Resp 1.123.422
Resp 1.134.889
Responsabilidade Subjetiva
Médicos SÓ respondem mediante prova de culpa
Qual vantagem de se usar o CDC se ele prevê necessidade de culpa assim como o CC?
Possibilidade da inversão ônus da prova
vítima pode propor ação no seu domicílio
prazo prescricional no CDC é 5 anos (CC é 3 anos)
não cabe denunciação da lide nas relações de consumo, Aresp 157812
São invalidas cláusulas contratuais que excluam ou atenuem deve de indenizar
Sempre que houver mais de um causador do dano: solidariedade. Ex: cirurgião
chefe responde pelos danos causados por sua equipe. Exceção: anestesista é tido
pela jurisprudência como figura destacada da figura do cirurgião, Eresp 605435
Dever de informação incide forte: art 6, inciso 3, art 8, art 9 (viga mestra das
relações de consumo). Princ do dever de tutela do melhor interesse do paciente,
critério interpretativo para analisar conduta médica. No fundo é a boa-fé objetiva
AULA 20
Consentimento do paciente
Questão da autodeterminação sobre assuntos existenciais
Ex: testamento vital, pode-se escolher aspectos existências futuros para sua vida.
Como, no caso de ter Alzheimer, individuo estabelece que tal pessoa o ajudará a
redigir testamento
Resp 1540580: consentimento n pode ser genérico, ônus da prova é do
médico/hospital
AULA 21