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Curso Responsabilidade Civil nas relações de Consumo a luz da

jurisprudência do STJ
Procurador Geral da República
Felipe Braga Netto

AULA 1

STJ
 Papel de uniformização da lei federal no Brasil
 Observação: todos os julgados mencionados são do STJ

CDC, mais importante lei do séc. 20


 Efetividade social
 Direito é tradicionalmente mais conservador: lei chega antes dos fatos. Mas o
CDC/90 se antecipou aos fatos: criou consciência de consumo no Brasil
 Trouxe caráter principiológico

Razoabilidade e proporcionalidade
 Equivalência funcional entre termos
 Uma das pontes que liga o Direito Privado (civil, consumidor) a ética

Direitos fundamentais
 Como sistema de valores que dão unidade a ordem jurídica
 Incidem nas relações privadas, não sendo exclusivo do direito público.
 Tese vencedora da Alemanha: aplicação indireta. Diz que juiz não pode aplicar
um direito fundamental sem que haja intermediação legislativa.
 Mas no Brasil não, aqui prevalece a visão da aplicação direta.

Obs: princípios são normas jurídicas, cuja estrutura é mais aberta que as regras jurídicas
 Norma jurídica é um gênero: princípios + regras jurídicas
 No Brasil a iniciativa de trazer princ. Da CF partiu da turma dos autores do
direito privado
 Estado de Direito, hoje, é um Estado de ponderação.
Doutrina e jurisprudência, em sua maioria entendem que não há hierarquia entre
princípios
 Corte Federal Alemã coloca a dignidade humana em um patamar superior
 Princ. Da dignidade humana: pode ser realizado e violado em diferentes
dimensões
 Civilista alemão, Canaris, define sistema jurídico como ordem finalística de
Princ. Normativos

AULA 2

A noção atual de interesse público reside na promoção de direitos fundamentais


 Direito fund.: Livre circulação de ideias e opiniões

Julgados do STJ
 Ligaram o dano moral coletivo à corrupção

CDC Boa-fé Objetiva


 Trouxe o importante Princ. Da boa-fé objetiva: dever genérico de lealdade,
cooperação. Fonte autônoma de direitos: seus deveres anexos não dependem de
previsão contratual para valer, além de ter eficácia em todos os momentos do
contrato (antes, durante e depois)
 Obrigação contratual, vista como fenômeno dinâmico: caminhada e não ato
isolado. Composta não só por aquilo que as partes, contratualmente,
manifestaram, mas também por deveres anexos que independe da vontade delas.
 Para entender melhor sobre boa-fé objetiva: Julgado 1.592.422
 Operadora do plano de saúde está sujeita a boa-fé qualificada

CDC Solidariedade
 Fortaleceu questão da solidariedade: sempre que a ofensa tiver mais que um
causador, todos respondem solidariamente.
 Mas a solidariedade não está restrita ao direito do consumidor. Ex do julgado:
Igreja católica responde civil, e objetivamente pelos danos causados por um padre
pedófilo. Código Civil, art 932: “empregador responde, sem culpa, pelos atos do
empregado”.
 Para entender melhor sobre solidariedade: Resp 1.236.863. Destacou que, na
apuração do nexo de causalidade, não cabe discutir percentagem na realização do
dano. Vítima pode entrar com ação contra qualquer um dos “agressores”, e eles
não podem dizer que agiram em maior ou menor culpa.
 Para entender melhor sobre solidariedade: Resp 866371
Inovação CDC
 Primeira lei no Brasil que consagrou a teoria da desconsideração da personalidade
jurídica.
 Código civil, art 50, traz a teoria maior: exige a prova da fraude do abuso de
direito.
 CDC art 28, é a exceção, teoria menor com inversão do ônus da prova.
 Julgado resp 970635

AULA 3

CDC trouxe a responsabilidade civil sem culpa nas relações de consumo


 Consumidor n tem q mostrar negligencia, imprudência ou imperícia
 Profissionais liberais só respondem mediante culpa. Ex: erro médico
 Art 14, parágrafo 4: exceção

Dano material
 O grau de culpa do ofensor interfere no quantum da indenização?
 Em regra, não, pois CC (art 944) diz que indenização se mede pela extensão do
dano.
 Mas há exceção: manifesta desproporção entre o dano e grau de culpa, o juiz
pode reduzir de modo equitativo a indenização
 Ex de exceção: deixo meu cigarro cair no carpete e pega fogo no escritório todo
 Obs: jurisprudência do STJ usa o grau de culpa do ofensor como fator pra elevar
valor da indenização em caso de dano moral

Responsabilidade civil subjetiva, baseada na culpa


 Qualquer grau de culpa basta? Sim
 Pontes de Miranda chama de: princ. Da suficiência de qualquer culpa
 Exceções: STJ sumula 145, se você dá carona a alguém, de forma desinteressada
ou por mera cortesia, e ocorre acidente: o transportador só responderá aos danos
causados em caso de dolo ou culpa grave do motorista
 Exceção: lei 14016/2020. Veio pra combater desperdício de comida. Se eu doar
o alimento e ele fizer alguém ficar doente (causar danos), eu só respondo se eu
tiver agido com dolo. Doação n configura relação de consumo, sem contrato de
consumo

AULA 4
Tecnologia altera perfil social

No direito do consumidor, tivemos mudanças legislativas importantes durante a


pandemia? Não

Contagem dos prazos prescricionais


 Lei 14010
 Art. 3º Os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou suspensos,
conforme o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei até 30 de outubro de
2020.
 Definiu q nenhum prazo de prescrição ou decadência correu no Brasil entre 12
de junho a 30 de outubro de 2020
 Isso vale pra relações privadas como um todo: civis, consumo

Resp 676.680 ou 664.888


 STJ dizia q má fé era necessária na repetição de indébito. AGORA, isso mudou:
n depende mais do elemento volitivo, basta violar boa-fé objetiva
 Repetição de indébito: previsão CDC, art 42, diz que consumidor cobrado
indevidamente tem o direito a receber em dobro

Resp 1.613.561
 É abusivo a publicidade relacionada a alimentos de forma implícita ou explicita
para crianças

Resp 1.802.787
 STJ estabeleceu que fornecedor de produtos n pode prestar informações por
etapas: informação disjuntiva. É publicidade enganosa
 Exige-se comportamento do fornecedor o comportamento cooperativo, leal...

AULA 5

Julgado mais importante do STJ de 2020


 Se n era possível saber, ter ciência, quando da colocação do produto no
mercado, que ele era perigoso, quem deve arcar com isso? Risco é do
fornecedor.
 Resp 1.774.372
 Julgado disse que fornecedor responde pela teoria do risco do desenvolvimento.
STJ disse que não é excludente de responsabilidade civil

Art 393 CC
 Equipara os efeitos de caso fortuito com força opinião
 Procurador diz que não há necessidade em diferenciá-los
 Precisa saber distinção entre caso fortuito interno (dever de indenizar persiste)
caso fortuito externo (nexo causal se rompe, n há dever de indenizar).
 Fortuito interno: dano deve estar vinculado a atividade desenvolvida pela
empresa
 Ex de interno: você pega ônibus, mas no meio do caminho ocorre um acidente.
Empresa de ônibus tem responsabilidade objetiva, sem necessidade de culpa, de
indenizar. Mesmo que motorista tenha um ataque cardíaco e ocorra um acidente,
pois está na esfera de risco: dano conexo ao transporte
 Ex de externo: assalto no ônibus (mesmo metrô), pois n está ligado a atividade
de transporte. Dever de prestar segurança pública é do Estado, mas ainda não se
pensa em responsabilizar o Estado neste ponto. Fica “a deus dará”.
 Responsabilidade civil de acordo com a proteção prioritária à vítima do dano

AULA 6

CDC
 Visto como microssistema legislativo
 Disciplina jurídica costumava ser monotemática, n existiam regras de disciplinas
jurídicas variadas dentro de mesmo código. Agora a tendencia é outra

Norma que prevê inversão do ônus da prova


 Art 6, inciso 8 CDC
 2 requisitos alternativos: verossimilhança alegação, ou hipossuficiência do
consumidor (n precisa ser necessariamente econômica, como pode ser técnica)
 Inversão n é automática, depende de circunstancias concretas, com decisão
judicial. Porem existe possibilidade da hipótese do art 38: o ônus já é e sempre
será do fornecedor, nunca do consumidor.
 Regra de procedimento ou de julgamento? É de procedimento, juiz deve decidi
sobre a inversão antes, na fase de saneamento do processo (ou a ela equivalente).
Resp 802.832
 Pode haver em ações coletivas também. É o q está no Resp 1.253.672. Se
exportou este entendimento para direito ambiental
 A inversão do ônus da prova significa q parte contrária, fornecedor, deve arcar
com custos da perícia? Não. Ex: Resp 1042919
 A inversão do ônus probatório leva consigo o custeio da carga invertida. Não
como dever, mas simples faculdade.
 Mas se ele n pagar, fornecedor deve arcar com isso. Pois pode ter-se como
verdadeiro os fatos alegados pelo consumidor. Resp 466.604
CPC
 Trouxe art 373, pela primeira vez, consagração legislativa da teoria da carga
dinâmica do ônus da prova. No qual, quem alega deve provar, mas pode ser
alterado com a decisão judicial
 Resp 1.807.831: art 373 CPC traduz na relação processual a transição da
isonomia forma para isonomia material

AULA 7

CDC
 Art 1: traz normas de ordem pública e de interesse social
 Ordem pública: normas cogentes, n toleram renuncia prévia. Ex: Prazo
prescricional de acidente de consumo (produto ou serviço) é de 5 anos, e tal
norma n pode ser afastada por convenção das partes. Começa a correr o prazo
contados da descoberta da autoria do dano, teoria da actio nata
 Ex: mulher toma remédio que com o tempo a deixa cega. Pode ser que ela fique
cega, mas só depois de 2 anos descubra que foi por causa do remédio, começa a
contar prazo quando ela descobre que a culpa é do remédio
 Actio nata: termo inicial do prazo prescricional é a data em que a ação poderia
ser proposta. E você só pode propor a ação quando voce conhecer o dano e o
possível autor

Por muito tempo direito civil era a respeito da autonomia da vontade


 Agora, isso mudou
 CDC trouxe regras cogentes para tentar reequilibrar a parte contratante mais
vulnerável
 Resp 1.727.042. A beneficiaria do plano de saúde com Parkinson tem direito a
home care, ainda q n tenha previsão disso no contrato
 Resp 1.8.99.674: STJ decidiu ser abusiva cláusula contratual q impõe a
dependente assumir eventual dívida do titular
Obs: quanto maior for a desigualdade entre as partes, mais intensa deve ser a proteção
do contratante mais fraco. Portanto, menor a tutela da autonomia privada

Antiga sumula 381 STJ, nos contratos bancários é proibido ao julgador conhecer de
oficio a abusividade das cláusulas
 “absurda esta súmula”,
 Art 10 CPC: mesmo a matéria q juiz deve conhecer de oficio, deve ser aberta
para a discussão as partes

AULA 8

CDC
 Na pirâmide normativa é apenas uma lei ordinária. Assim, qualquer lei ordinária
que viesse depois de setembro de 1990 poderia revogar ou ab-rogar o CDC.
 Formalmente falando poderia acontecer, mas doutrina diz que não pode. Isto
porque CDC é lei de função social, estabelece piso de direitos para baixo do qual
não seria lícito que o legislador fosse
 3 menções ao consumidor na CF: art 5, inciso 32; art 170 (princípios relativos a
ordem economia), art 48 das disposições transitórias (ordena que legislador faça
código de defesa do consumidor)

Relação jurídica de consumo


 Se estabelece com o fornecedor de um lado e consumidor do outro
 Fornecedor: deve haver habitualidade para q tenha um fornecedor a luz do CDC

Conceito de produto
 Art 3, parágrafo 1 CDC
 Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

Conceito de serviço
 Art 3 parágrafo 2 CDC
 Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
 Remuneração tem que existir, mas pode ser implícita. Ex: planos de milhas das
viagens
 STJ diz que mesmo o provedor gratuito de internet é fornecedor, para efeito de
relações de consumo

Conceito de consumidor
 Art 2
 Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final (Figura stricto sensu)
 Consumidor por equiparação está no art 17, art 29 e parágrafo único do art 2
 Em princípio, destinatário final é aquele que adquire o produto ou serviço sem
fins profissionais. Ex: pessoa que compra shampoo para utilizar no cabelo dela.
Mas, se ela comprou o shampoo para usar no salão de beleza, do qual ela é
proprietária, em princípio, ela não será consumidora, pois não é destinatária final
do produto
 É assim na prática? Não necessariamente. A jurisprudência do STJ tem aplicado
o CDC mesmo que o consumidor aja com fins profissionais.
 STJ tem feito a diferenciação entre casos que devem ou não se aplicar o CDC
segundo a vulnerabilidade
 Resp 1010834. Caso de costureira que comprou máquina com defeito, ela entrou
contra fabricante. Questão: ela é consumidora? Ela usa a máquina
profissionalmente, em princípio não. MAS, STJ a considerou consumidora, pois
a costureira era vulnerável frente a fabricante da máquina. É isso que se chama
teoria finalista (ou subjetivista ou minimalista) mitigada ou aprofundada.

AULA 9

Princípio da Vulnerabilidade
 É absoluta, fundamenta sistema de consumo, n depende da condição econômica,
técnica do consumidor
 Todo consumidor é vulnerável, embora nem todo consumidor seja
hipossuficiente
 Conceito mais ligado, próprio do direito material. Já hipossuficiência é do
direito processual
 A vulnerabilidade da Pessoa física é presumida, a da pessoa jurídica deve ser
provada
 Se a PJ n conseguir provar sua vulnerabilidade, não estaremos diante de relação
de consumo, mas sim empresarial

OBS: quando consumidor for PJ, indenização poderá ser limitada “em situações
justificáveis”
 Na regra geral CDC n admite cláusulas de irresponsabilidade, que isentem o
fornecedor. Nem mesmo cláusulas que atenuem valor da indenização.

Retrocessos
 Teoria do adimplemento substancial
 STJ aceitava, mas deixou de aceitar esta teoria nas alienações fiduciárias
 Ex: você financiou carro em 30 vezes, mas só pagou 28 prestações e n pagou o
resto. O que importa é que você adimpliu de forma substancial, pagou grande
parte
 Solução tradicional: carro não é seu, Banco vai entrar com busca apreensão para
pegar bem de volta
 Teoria diz que o bem já se incorporou a sua esfera jurídica, carro já é seu. Banco
ainda pode cobrar sua dívida, mas n é razoável que pegue o bem de volta. Resp
763362 e Resp 1200105

AULA 10

Retrocessos no Extravio de bagagem de voo internacional


 Como era: quando houver conflito entre CDC e convenções de Varsóvia e
Montreal (tratados internacionais), prevalece CDC.
 CDC é mais benéfico, pois n estabelece limite para indenização q vc pode ter.
Mas as convenções estabelecem tetos baixos, pior para consumidor.
 Agora: Re 636.331, STJ mudou de posição. Prevalecem as convenções
 Mudança só vale para dano material, para danos morais continua incidindo CDC
 Nova posição só vale para voos internacionais
 Resp 1.842.066

Retrocesso quanto publicidade


 Relativo as letras minúsculas nas propagandas: são validas
 A fonte 12 min é tida como mínimo para contratos, mas STJ entende que isso
não vale para publicidade

Coparticipação
 Sumula 608
 Auto gestão: entidades q n visam lucro, n estão disponíveis no mercado de
consumo. Ex: plano de saúde de professores
 O mesmo vale para entidade de previdência privada
 CDC só se aplica as entidades abertas, n as fechadas
Retrocesso
 STJ N admitia q planos de saúde ou seguros de vida pudessem ser alterados
mediante idade do segurado
 Resp 1.816.750

Avanço
 A prova da má-fé deixou de ser necessária para repetição do indébito, CDC art
42, parágrafo único
 EAresp 676.608 ou 664.888

Avanço
 STJ entendeu que teoria do risco do desenvolvimento não é excludente de
responsabilidade civil
 Sumula 479 STJ
 Obs: inovações trazidas pela de liberdade econômica n se aplicam às relações de
consumo

CDC se aplica a mercado de ações


 CDC se aplica a corretagem de valores imobiliários
 Resp 1.599.535
 Quem presta de modo habitual este serviço é fornecedor. Ex: há relação entre vc
e a XP
 Mas n há relação de consumo entre acionista e companhia, pois se vc comprou
ações da companhia vc é “sócio”, dono de parte dela

Questão de beber e dirigir


 Sobre seguro e responsabilidade civil
 Antes, jurisprudência dizia que: mesmo que seguradora dissesse que não cobriria
danos causados pelo motorista segurado bêbado, jurisprudência dizia que
seguradora deveria indenizar sim
 A partir de 3 anos para cá, isso mudou
 Resp 1485717: “direção de veículo por condutor alcoolizado já constitui
agravamento do risco, sendo lícita a cláusula do contrato de seguro do veículo
que preveja a exclusão da cobertura securitária”.
 Essa mudança só vale se o dano causado for ao próprio segurado.
 No caso de individuo bêbado que bater em carro de terceiro: este terceiro ainda
será indenizado pela seguradora
 Resp 1738247: “solução contrária puniria quem n concorreu ao dano
 Obs: isso tudo só vale para seguro de veículo. No caso do seguro de vida: A
embriaguez do segurado n exime a seguradora do pagamento de indenização
prevista. Sumula 620.

AULA 11

HÁ uma tendência mundial em superar separação entre responsabilidade civil contratual


e extracontratual
 Pontes de Miranda
 Paulo Lobo
 Relações de consumo: nenhuma importância tem este dualismo, pois o que
importa é a vitima
 Ex: avião da LATAM cai na casa de uma vítima, mesmo que ela n tenha firmado
contrato com a LATAM ou ter usado o serviço, esta vitima será consumidora
por equiparação, pois é vítima do evento. Assim, ela pode usar toda a sistemática
do CDC a seu favor

Juros de mora
 Pacificado na jurisprudência: juros de mora na responsabilidade civil contratual
incide a partir da citação
 Resp 538.829
 Mas na responsabilidade civil extracontratual: juros de mora são contados a
partir do dano
 Sumula 54
 Resp 538629
 Segundo STJ esta diferença vale também para danos morais

Prazos prescricionais
 Na extracontratual: prazo 3 anos. Ex: bati contra seu carro
 Na contratual: prazo 10 anos. Ex: inadimplemento contratual
 Eresp 1280825
 Prazos prescricionais no Brasil estão sujeitos a teoria da actio nata
 Resp 1622450: STJ decidiu q termo inicial da prescrição para obter
ressarcimento pela perda de uma chance decorrente da interposição do agravo de
instrumento é a data do conhecimento do dano
 Teoria da actio nata é sempre tentando beneficiar a vitima
 Ex: advogado perdeu prazo para entrar com agravo. O prazo prescricional será
de quando a vítima souber da não interposição, e não de quando o advogado
perder o prazo

AULA 12

4 características que definem direito privado (civil e consumidor) séc 21


 Fortalecimento de uma dimensão preventiva dos direitos
 Fortalecimento da dimensão existencial dos direitos
 Fortalecimento do dialogo das fontes
 Fortalecimento da dimensão interpretativa, hermenêutica dos direitos

Fortalecimento de uma dimensão preventiva dos direitos


· A ênfase que o séc. passado deu a reparação dos danos, o séc. atual vai dar cada
vez mais a prevenção deles
· Os bens, uma vez violados, não têm volta. Danos morais n tem volta, nem preço
· Processo civil atual: valorizar tutelas especificas. Buscar por soluções q se
aproximem do resultado buscado pelo direito material
· A melhor tutela é a preventiva

Fortalecimento da dimensão existencial dos direitos


· Dignidade da pessoa humana
· Resp 1.633.254: deixar formalismos exagerados
· Sentido de ser menos formalista e mais funcional, sobretudo sobre bens jurídicos
fundamentais
· Conceito de vulnerabilidade. Obs: idoso é vulnerável, mas não incapaz

Fortalecimento da dimensão interpretativa, hermenêutica dos direitos


· Juiz n é mais boca da lei, ele tem papel ativo
· Mais aberto os princípios, as normas, maiores são os deveres de fundamentação
por parte do interprete
· Como casos em que norma, em sua literalidade, não mudou, mas sua
intepretação sim.
· Direito é construção cultural, letra da lei é ponto de partida na atividade de
interpretação
· Obs: Responsabilidade civil é o mais dinâmico dos institutos

Fortalecimento do dialogo das fontes


 Entre direito civil e do consumidor
 Ex: inversão ônus da prova
 STJ em situações claramente de consumo, tem aplicado o CC para beneficiar o
consumidor. Isso em matéria de prescrição: prazo geral de 10 anos, art 205 CC,
que é maior q prazo de prescrição de 5 anos do art. 27 do CDC

AULA 13

Funções da responsabilidade civil


 Evolução quase tão longa que a humanidade, mas não tem funções tão bem
definidas
 Discussão do séc 21
 A tendencia é reconhecer multifuncionalidade na responsabilidade civil: função
punitiva, preventiva...

Julgado de 2017
· Da suprema corte italiana
· Foi reconhecida, além da função reparatória ou ressarcitória clássica, reconheceu
funções de dissuadir e punitiva
· Tendencia mundial
· STJ tem vários julgados nesta linha, apesar de não haver previsão legislativa
para função punitiva, por exemplo
· STj resp 1.586515. Dano moral coletivo tem 3 funções: proporcionar
compensação indireta de direito extrapatrimonial da coletividade; sancionar
ofensor; inibir condutas ofensivas a direitos transindividuais

Resp 1440721
 “indenização dos danos morais possui tríplice função: compensatória (mitigar
danos sofridos pela vítima), punitiva (condenar autor na pratica ilícita e lesiva) e
preventiva, “teoria dos desestímulos” (dissuadir cometimento de novos ilícitos)”
 E isso vale tanto pra dano moral quanto pra extrapatrimonial. Professor usa dano
moral abrangendo conceito de dano extrapatrimonial
 Obs: função punitiva só vale para dano moral

AULA 14

Refuncionalização da responsabilidade civil


 Direito privado passa a assumir funções que tradicionalmente não eram suas,
como preventivas e punitivas
 Função punitiva pedagógica do dano moral

Mas como fica questão da quantificação do dano moral?


 Dar valor a algo q n tem valor: bens existenciais
 Antigamente, STJ não aplicava danos morais sem danos materiais. Espécie de
cínica interpretação: “a dor não tem preço, então não pagaremos nada por ela”
 Pontes de Miranda era contra: “não é justo que nada se dê, apenas por não se
poder dar o exato”
AULA 15

4 pressupostos da responsabilidade civil

· Ação ou omissão: devem causar dano


· Deve haver nexo causal entre dano e ação/omissão
· Responsabilidade civil subjetiva (culpa): deve haver prova da culpa
Ação/Omissão

· Pais respondem civilmente por seus filhos menores. Único caso em que alguém
responde pelo ato de outrem e n há direito regresso
Culpa

· Ex responsabilidade subjetiva: CC art. 186, CDC art. 14 parágrafo 4


· Ex responsabilidade objetiva: CC art. 187 (abuso de direito), art. 927 (teoria do
risco)
· Art 945 CC: “compensação de culpas”, redução proporcional do valor
indenização pela culpa da vítima. Isso se aplica na relação de consumo?
· O CDC nada fala sobre culpa concorrente como fator de redução da
responsabilidade civil. Mas jurisprudência do STJ aceita
· Ex: pego ônibus interestadual e meu ônibus sofre acidente. Eu me machuco, mas
acabo tendo lesões mais graves pois não estava com cinto, minha indenização
será diminuída.
· N se usa mais “culpa da vítima”, mas “fato da concorrência vítima”. Enxergar
sobre ótica
· do nexo causal e não da culpa

Teoria do risco administrativo:


 Estado responde sem culpa pelos danos causados pelos seus agentes
 STJ diz que responsabilidade civil do Estado só é objetiva nas ações, mas é
subjetiva nas omissões.
 MAS Supremo não pensa assim: Estado responde objetivamente por ações e
omissões

AULA 16

Dano Material
 Deve ser provado

Dano moral
 Jurisprudência aceita in re ipsea, presumido em certos casos
 Ex: seu nome foi posto no SERASA sem vc dever
 Resp 1643051, STJ decidiu q nos casos de violência contra mulher também
perfazem dano in re ipsea
 Resp 1584465: atraso de voo não é mais dano presumido
 Dano moral sofrido por pessoa jurídica, deve ser provado: resp 1.564955
 Noção aberta e fluida: lesão ao interesse existencial concretamente merecedor de
tutela

Dano Extrapatrimonial
 Atualmente posição da jurisprudência: simples comercialização de alimento
industriado contendo corpo estranho é suficiente para indenização por dano
moral

Obs: dano não pode ser hipotético, deve ser certo ou altamente provável
 Mas pode ser futuro. Ex: pensão para vítima paraplégica, vítima ia se formar em
engenharia, indenização corresponde ao valor que ele receberia enquanto
engenheiro se trabalhasse, no futuro.

Direito a compensação moral é transmissível aos herdeiros?


 Direito lesionado n se transmite, mas o direito a indenização pelo direito
personalíssimo é transmissível
 Sumula 642
 Se a vítima já tinha entrado com ação, depois falece no curso da ação, é mais
fácil de continuar. Mas também pode entrar com ação, em caso de morte de
parente antes
 Especialmente em relação a pais e filhos, jurisprudência pacifica do STJ
 Cônjuges e companheiros, vale também para caso de união estável
 Caso em que não vale legitimidade: cônjuge já separado de fato
 Casos que demandam analise da contextualidade dos vínculos para saber se
existe legitimidade: sobrinhos, noivos, namorados...
 Obs: nem sempre a ordem sucessória importa

AULA 17

Nexo causal
 Ex: Buraco na pista, daí eu me acidento.
 Não é sobre a culpa do Estado que se deve falar, pois Estado responde sem
necessidade de culpa nas ações ou omissões, que é o que determina código de
trânsito (art. 1, parágrafo 3)
 Em princípio, sem nexo causal, não há dever de indenizar: em ambos os casos de
responsabilidade
 Brasil adotou Teoria do dano indireto e imediato, art 403 do CC. Mas a
tendencia é se abandonar teoria única para lidar sobre nexo causal e trabalhar de
forma aberta, com espectro mais variado, sobretudo levando em conta bem
jurídico atingido
 Autores mais atuais enxergam como conceito jurídico, pois existem juízos de
valor no nexo causal

AULA 18

Nexo causal em caso de omissão


 Ex: preso fugiu, e 3 meses dps praticou latrocínio. Supremo disse q tem q ficar
evidenciado nexo causal no momento da fuga e do dano. Tese de repercussão
geral: n se caracteriza responsabilidade civil objetiva do Estado por pessoas
foragidas da prisão quando não demonstrado nexo causal direito entre fuga e
conduta praticada (Resp 608 880)

Questão: mãe teve seu filho torturado e morto por policial militar. Ela pode entrar com
ação diretamente contra policial, exigindo danos morais?
 Se ela entrar contra o Estado, a responsabilidade civil será objetiva
 Contra policial: vai ter que provar culpa, por ser responsabilidade civil subjetiva
 STJ: mãe pode sim entrar contra policial. Resp 687.300
 STF, Re 1027.633, repercussão geral: vítima só pode acionar Estado, e Estado
entrará com ação de regresso
Tese em repercussão geral
 Supremo reconheceu dever de regresso contra agente público culpado, sob pena
de improbidade administrativa
 Obs: ação de regresso só poderá ser proposta após indenização do Estado para a
vitima

Interesse público
 Está relacionada a promoção de direitos fundamentais
 Resp 1.890.611, quando se tratar de figuras públicas que exerçam atividade
típica do Estado, elas estão sujeitas sim a opiniões severas, irônicas e até
impiedosas. Pois direito a informação, liberdade de imprensa é de interesse
público

AULA 19

Responsabilidade civil médica


 Médico e paciente: relação de consumo, médicos são fornecedores de serviços a
luz do CDC
 Paciente e hospital: também relação de consumo
 Prazo prescricional de 5 anos: art 27 CDC
 Agravo regimental: 1.229.919

Qual profissional liberal não pode ser fornecedor de serviço segundo CDC?
 Advogados
 Pacifico no STJ
 Resp 1.123.422
 Resp 1.134.889

Responsabilidade Subjetiva
 Médicos SÓ respondem mediante prova de culpa

Qual vantagem de se usar o CDC se ele prevê necessidade de culpa assim como o CC?
 Possibilidade da inversão ônus da prova
 vítima pode propor ação no seu domicílio
 prazo prescricional no CDC é 5 anos (CC é 3 anos)
 não cabe denunciação da lide nas relações de consumo, Aresp 157812
 São invalidas cláusulas contratuais que excluam ou atenuem deve de indenizar
 Sempre que houver mais de um causador do dano: solidariedade. Ex: cirurgião
chefe responde pelos danos causados por sua equipe. Exceção: anestesista é tido
pela jurisprudência como figura destacada da figura do cirurgião, Eresp 605435
 Dever de informação incide forte: art 6, inciso 3, art 8, art 9 (viga mestra das
relações de consumo). Princ do dever de tutela do melhor interesse do paciente,
critério interpretativo para analisar conduta médica. No fundo é a boa-fé objetiva

Obs: boa-fé objetiva tem efeitos antes, durante e depois do contrato

Obrigações de meio e de resultado


 Médico n tem dever de curar paciente, mas em regra é isso, por isso é obrigação
de meio
 Exceção: cirurgia estética é obrigação de resultado. Aresp 328.110

AULA 20

Teoria da perda da chance


 Quando medico deixou de se atualizar sobre certo assunto e prescreve
medicamento que novos estudos dizem ser prejudicial a saúde
 Resp 1.335.622. Chance de cura passa a ser tida como bem juridicamente
protegido, privação desta chance é passível de ser indenizado
 Resp 1254141. Tratamento inadequado de câncer atrai aplicação da teoria da
perda da chance
 Médico n responde pelo resultado danoso em si, mas ele subtraiu do paciente
uma possibilidade concreta de cura
 Se aplica a danos morais e danos materiais: resp 1.079.185

Consentimento do paciente
 Questão da autodeterminação sobre assuntos existenciais
 Ex: testamento vital, pode-se escolher aspectos existências futuros para sua vida.
Como, no caso de ter Alzheimer, individuo estabelece que tal pessoa o ajudará a
redigir testamento
 Resp 1540580: consentimento n pode ser genérico, ônus da prova é do
médico/hospital

Danos causados em hospitais privados


 Jurisprudência criou regime dual de responsabilidade: 2 formas de distintas
 Danos sofridos dentro dos hospitais, em razão de erro médico (ainda que por
omissão). Hospital responde objetivamente, mas depende que vítima comprove
culpa do médico. Resp 696284, Resp 1.216.424
 Danos sofridos em decorrência da estrutura hospitalar. Hospital já responde
direto, objetivamente. Ex: no meio da cirurgia falte energia, e não há gerador.
Resp 258.389

Hospitais públicos e postos de saúde


 CDC pode ser usado diante destes danos? Não
 CDC em alguma hipotese pode ser aplicado em certa prestação de serviço
público? Sim, desde que haja, conjuntamente, 2 requisitos: deve haver
remuneração específica (você deve pagar pode este serviço, mas não através de
tributo, deve ser através de tarifa ou preço público). Resp 493.181, Resp
840.864, resp 1.187.456.

AULA 21

Como quantificar danos morais?


 Envolve valorações pouco objetivas
 Solução é o entendimento jurisprudencial: Critério bifásico, influência direito
penal
 Na primeira fase, juiz deve estabelecer valor básico para indenização, a partir de
um grupo de precedentes judiciais de casos semelhantes (diminuir arbítrio
judicial)
 Segunda fase, juiz deve analisar circunstancias individuais do caso pois não se
pode tabelar. Resp 1.152.541

Subcritérios dentro da 2° fase


 Gravidade da lesão
 Irreversibilidade da lesão
 Grau de culpa do ofensor e culpa do ofendido. Mas no Brasil, nos danos
materiais, em regra, o grau de culpa do ofensor não é relevante para quantificar.
Enunciado 629 da Jornada de Direito Civil
 Proibição de enriquecimento sem causa
 Nível socio econômico do ofensor e do ofendido. Critério complicado, pois é
geralmente usado para reduzir indenização de ofendidos com menor condição
econômica, em conjunto com questão do enriquecimento sem causa
Obs: não há enriquecimento sem causa se houve lesão a direito fundamental
 Resp 1.189.510

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