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Antes de entrar propriamente no cerne da questão proposta para este trabalho, sinto
necessário registrar algumas considerações, a meu juízo, relevantes.
Penso, portanto, que se faria necessário uma ampla revisão de todas as teorias, ou até
mesmo novos estudos, pois a realidade que temos hoje, não é a mesma de quando
vieram à luz.
A aquisição de uma L2, em minha compreensão, está atrelada a uma série de condições
que passam pelo contexto de vida do indivíduo o que, em si, já inclui suas condições
culturais, características pessoais, habilidades cognitivas, sua visão de mundo, sua
identidade, suas expectativas, estratégias individuais enfim, engloba uma série de
fatores que não podem ser avaliados isoladamente, já que tudo isto junto forma uma
cultura.
Alguns destes aspectos são abordados pelas diversas teorias sobre a dimensão cultural
da aquisição da segunda língua, contudo deixando ainda uma sensação de
incompletude diante do amplo espectro que envolve um processo como é o de aquisição
da L2.
Então, deixando boa parte destes aspectos de lado, e considerando este processo no
âmbito da escola, vamos focar no propósito da reflexão promovida pela pergunta: Quais
são as condições culturais que você deve estabelecer em sala de aula para que a
aquisição de uma segunda língua seja satisfatória?
Ressalvaria ainda, no entanto, que minha resposta deixará de se aprofundar em
diversos fatores, tomando apenas como base, uma sala de aula com sistema de
imersão em L2, no Brasil.
Uma primeira condição cultural que eu pensaria em estabelecer seria não associar a L2
a uma cultura única, mas realizaria um trabalho intercultural, procurando desenvolver a
competência comunicativa do aluno, pensando em culturas diversas, ajudando-o a ser
mais crítico em relação à multiplicidade de culturas existentes, inclusive levando em
consideração também questões ligadas à subjetividade do aluno e a minha própria
enquanto professora. Seria aprender uma segunda língua, com a visão de tornar-se
apto a se comunicar em contexto mundialmente interligado.
“Ah, your father has a blue car. My brother has a blue car,too!”
Esta interação constante também se constitui em fonte de input, o que vai alimentar o
mecanismo interno de aquisição do aprendiz de diferentes formas.
Um outro fator que considero importante e tentaria estabelecer em sala de aula, seria
considerar a aprendizagem como um processo social e levaria em conta as emoções,
as interações inter e intrapessoais, as identidades e autoestima dos alunos. Penso que
isto não pode ficar de fora do processo de aquisição da L2, já que o individuo é um todo
compartimentado.
Além dos aspectos que citei anteriormente, pensaria também em estabelecer em sala
dinâmicas que permitissem ir desenvolvendo competências para a abertura e vontade
de interagir com pessoas de um círculo cultural diferente. Poderia ser convidando
nativos da L2 ou de outras línguas, assistindo a vídeos apresentando realidades
diversas, pesquisando sobre hábitos culturais diversos, proporcionando-os a
experimentarem comidas e artes diferentes das próprias de sua cultura, por exemplo. E
sempre levando os alunos a refletirem sobre como se posicionariam face a tantas
variantes. Isto também favoreceria a que o aluno tome mais consciência da própria
realidade e da própria cultura.
Nas aulas de L2, em que a cultura do aluno e a cultura trazida pela língua que se
aprende entram em contato, entendo que minha missão seria criar condições para
otimizar o desenvolvimento de meus alunos nas esferas afetiva, cognitiva e cultural.
Esta confrontação das diferenças, assim como a utilização delas no decorrer das aulas,
é uma tarefa importante e desafiadora. Mas, necessária.