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BIOGRAFIA

António Coimbra de Matos foi um psicanalista, médico psiquiatra e professor universitário


português, nascido em 1933 e falecido em 2021. Ele é reconhecido como uma figura influente
na psicologia e na psicanálise em Portugal.

Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Coimbra de


Matos especializou-se em Psiquiatria, sendo um dos primeiros psicanalistas a se formar em
Portugal. Ele teve uma carreira acadêmica marcante, tendo sido professor catedrático de
Psiquiatria na Faculdade de Medicina de Lisboa.

Além de sua atuação como psicanalista e professor universitário, Coimbra de Matos contribuiu
significativamente para o campo da psicanálise em Portugal. Ele foi um dos fundadores da
Sociedade Portuguesa de Psicanálise e exerceu um papel fundamental na disseminação e no
desenvolvimento da psicanálise no país.

Coimbra de Matos era reconhecido por suas contribuições teóricas e clínicas no campo da
psicanálise, especialmente em relação à depressão, às dinâmicas familiares e à influência das
relações parentais no desenvolvimento psicológico. Seu trabalho e ensinamentos foram
fundamentais para o crescimento e a consolidação da psicanálise como disciplina no contexto
português.

ORDEM CRONOLÓGICA

DEPRESSÃO

Coimbra de Matos, renomado psicanalista, apresenta uma abordagem profunda e complexa


sobre a depressão, explorando os mecanismos intrincados que permeiam essa condição
psicológica. Seu olhar abrange desde a influência primária das relações maternas até os
processos intricados de desidentificarão e de não idealização do objeto, destacando a
importância desses aspetos no âmbito da psicanálise.

No cerne de sua visão, encontra-se o trabalho árduo de de não identificação do objeto. Este
processo é descrito como a redução gradual do impacto do Supereu, não se resumindo apenas
a esse aspeto. Coimbra de Matos enfatiza que a de não identificação é uma das operações mais
longas e complexas do processo analítico, pois envolve não apenas a redução das fixações
infantis, mas também a identificação com a função analítica do analista.

A relação mãe-filho é um ponto crucial em sua abordagem. Ele ressalta que uma dinâmica
materna narcísica pode resultar em um déficit no narcisismo primário da criança, levando a
comportamentos autísticos e auto-eróticos. Isso culmina em uma postura "abandonado-
abandonante", onde o sujeito adota uma atitude defensiva e de isolamento emocional para
escapar do constante apelo ou dádiva narcisista da mãe.

A relação com o objeto depressivo é detalhadamente analisada por Coimbra de Matos. Ele
descreve essa relação como uma busca incessante por um amor captativo ou possessivo. Para
libertar-se dessa aspiração sufocante, o indivíduo desenvolve uma defesa que impede a troca
afetiva com o exterior, criando uma barreira contínua. Somente ao se livrar dos restos tóxicos
do objeto maléfico é possível reconstruir um bom objeto interno, capaz de proporcionar
segurança e estabilidade.

A não idealização dos objetos internos idealizados é outro ponto destacado por Coimbra de
Matos. Ele explora a persistência desses objetos na fantasia do indivíduo, impedindo a
expansão da personalidade e a busca por relações saudáveis com objetos reais. O caminho
para a cura passa pela não idealização desses objetos insatisfatórios, o que pode envolver o
reconhecimento da idealização deformante e a rutura dos laços afetivos enquistados do
passado.

A complexidade das relações internas, a influência da relação mãe-filho e os processos de


desidentificarão e não idealização são aspetos centrais na visão de Coimbra de Matos sobre a
depressão. Sua abordagem destaca a importância da análise interpretativa e da neutralidade
benevolente do analista para desimpedir as resistências e permitir uma mudança na estrutura
da personalidade, buscando não apenas uma melhora transitória, mas sim uma transformação
mais profunda e duradoura na relação do sujeito com seu mundo interno e externo.

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