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Além de sua atuação como psicanalista e professor universitário, Coimbra de Matos contribuiu
significativamente para o campo da psicanálise em Portugal. Ele foi um dos fundadores da
Sociedade Portuguesa de Psicanálise e exerceu um papel fundamental na disseminação e no
desenvolvimento da psicanálise no país.
Coimbra de Matos era reconhecido por suas contribuições teóricas e clínicas no campo da
psicanálise, especialmente em relação à depressão, às dinâmicas familiares e à influência das
relações parentais no desenvolvimento psicológico. Seu trabalho e ensinamentos foram
fundamentais para o crescimento e a consolidação da psicanálise como disciplina no contexto
português.
ORDEM CRONOLÓGICA
DEPRESSÃO
No cerne de sua visão, encontra-se o trabalho árduo de de não identificação do objeto. Este
processo é descrito como a redução gradual do impacto do Supereu, não se resumindo apenas
a esse aspeto. Coimbra de Matos enfatiza que a de não identificação é uma das operações mais
longas e complexas do processo analítico, pois envolve não apenas a redução das fixações
infantis, mas também a identificação com a função analítica do analista.
A relação mãe-filho é um ponto crucial em sua abordagem. Ele ressalta que uma dinâmica
materna narcísica pode resultar em um déficit no narcisismo primário da criança, levando a
comportamentos autísticos e auto-eróticos. Isso culmina em uma postura "abandonado-
abandonante", onde o sujeito adota uma atitude defensiva e de isolamento emocional para
escapar do constante apelo ou dádiva narcisista da mãe.
A relação com o objeto depressivo é detalhadamente analisada por Coimbra de Matos. Ele
descreve essa relação como uma busca incessante por um amor captativo ou possessivo. Para
libertar-se dessa aspiração sufocante, o indivíduo desenvolve uma defesa que impede a troca
afetiva com o exterior, criando uma barreira contínua. Somente ao se livrar dos restos tóxicos
do objeto maléfico é possível reconstruir um bom objeto interno, capaz de proporcionar
segurança e estabilidade.
A não idealização dos objetos internos idealizados é outro ponto destacado por Coimbra de
Matos. Ele explora a persistência desses objetos na fantasia do indivíduo, impedindo a
expansão da personalidade e a busca por relações saudáveis com objetos reais. O caminho
para a cura passa pela não idealização desses objetos insatisfatórios, o que pode envolver o
reconhecimento da idealização deformante e a rutura dos laços afetivos enquistados do
passado.