BESTAS & BRONZE

Italo Wolff e João Lucas Bernardy

Metajogo RPG
 CRÉDITOS

Agradecemos aos apoiadores do Metajogo, que por meio de suas doações viabilizaram o projeto e a publicação
de Bestas & Bronze. Agradecemos a todos que nos incentivaram por meio de sua audiência, no podcast, nas lives ou em
nossas redes sociais.

Italo Wolff e João Lucas Bernardy

Criação e escrita

Ariel Battaglia, Guilherme Braz, José Vinícius Bernardy e Júlio César Chaves
Criação, teste e revisão

Carolina Coelho
Projeto gráfico e diagramação

Alister Emiliano
Ilustrações

Calique Ludwig
Melodia tema

1a edição 2023

metajogopodcast@gmail.com

Metajogo RPG

Bestas & Bronze © 2023 é licenciado de acordo com CC BY-NC 4.0

 APRESENTAÇÃO
Bestas & Bronze começou a ser construído em 2003, quando
o RPG de mesa entrou em nossas vidas. Nunca demos
muita atenção aos livros. Gostávamos das ilustrações e dos
conceitos — até usávamos as fichas — mas não gostávamos
das regras. Em nossas sessões, jogávamos nossa própria
criação; eram jogos flexíveis, cheios de improviso e sempre
em aprimoramento.
O complexo, engessado e “adulto” D&D 3.5 reinou soberano
no início dos anos 2000. O sistema é famoso por dar foco
ao manejo de recursos como tochas, rações, energia, tempo.
Enquanto jovens, nos parecia ser um desperdício de esforço
aprender as regras intrincadas e depois ensiná-las aos
demais jogadores quando se podia simplificar o sistema
para dar atenção ao que considerávamos ser o coração da
coisa.
Embora tenhamos explorado vários RPGs publicados, só
começamos a utilizar um manual a partir de 2019, quando
fomos obrigados a migrar da mesa de madeira para a mesa
virtual, onde é mais fácil seguir as regras do que criar suas
próprias. Com a transição, aprendemos os benefícios e
dificuldades de comunicar e seguir o conjunto de normas
feitas para um grande público.
A mudança do analógico para o digital enriqueceu nossas
aventuras com mapas interativos e efeitos sonoros, mas
diminuiu o interesse geral pela narrativa coletiva. Era
mais como jogar um videogame e menos como contar uma
história em conjunto. Essa parecia ser a direção inevitável
para a qual as coisas caminhavam; e também parecia ser
um desperdício do potencial do RPG.
Em 2021, criamos o Metajogo, inicialmente idealizado
para ser um podcast especializado em RPG de mesa.
Continuamos realizando nossas sessões aos domingos
e passamos a transmiti-las ao vivo em nosso canal na
Twitch, e elas logo se tornaram nossa principal atividade.
Interessados na reação do público que assiste às lives de
RPG, experimentamos com sistemas convencionais, old-
school e independentes. Jogamos aventuras sem sistema e
campanhas temáticas. O que faltava era voltar a jogar um
sistema criado por nós mesmos.
Quando começamos a traçar os contornos de Bestas &
Bronze, já tínhamos em mente o que desejávamos. Primeiro,
que o sistema não fosse um fardo para aprender e ensinar.
Segundo, que, mesmo nas mesas virtuais, fosse flexível e
tivesse espaço para improviso e que estivesse sempre em
aprimoramento. Por último, que resgatasse o coração da
4
coisa, a narrativa coletiva, atividade que nos encanta há
mais de 20 anos.
O primeiro objetivo — criar um sistema simples — foi
o mais fácil de se atingir. Com notas de OSR (Old School
Renaissance), Bestas & Bronze reduz ao máximo a rolagem
de dados. Oponentes não sorteiam suas tentativas de ataque;
é o jogador quem tenta se defender ao rolar dados contra a
própria ficha. O mestre raramente precisa interferir, e toda
rolagem importa; há consequências sempre que um teste é
feito e também quando se escolhe não o fazer. Além disso,
aparamos todas as arestas; nada é acessório.
Cumprir o segundo objetivo — garantir um espaço para a
interpretação — foi mais complicado. Como escrever no livro
de regras que as regras são relativas? Encontramos a solução
no período de experimentação que fizemos com sistemas
fora de moda. Em 2002, a editora White Wolf lançou “Mago
a Ascensão – A Cruzada dos Feiticeiros”, cenário escrito por
Phil Brucato que integra o sistema World of Darkness, do
qual faz parte o célebre “Vampiro: A Máscara”, de 1991.
Em Mago a Ascensão, jogadores improvisam em tempo real
seus feitiços, seguindo diretrizes gerais dadas por suas fichas,
mas não há sistema rígido de balanceamento. É o mestre
quem arbitra sobre a eficácia da empreitada. O modelo nos
serviu de inspiração. Tentamos corrigir nele a liberdade
excessiva com o auxílio de fórmulas, níveis e ordem. Fizemos
isso porque acreditamos que não precisamos agradar
apenas às mesas compostas por jogadores propensos à
interpretação e à imaginação, mas também aquelas que
gostam de competir. Mantivemos, entretanto, o espaço para
a flexibilidade e improviso.
O terceiro objetivo — possibilitar narrativas cativantes — é o
mais difícil, mas também é a razão pela qual começamos a
escrever Bestas & Bronze. Esta etapa diz respeito ao cenário.
Este jogo é ambientado nas idades do cobre e do bronze,
quando as línguas que falamos hoje têm suas raízes. O
argumento deste RPG é a compreensão da natureza e do
caos por meio da linguagem.
Em Bestas & Bronze, criamos uma mecânica inédita para
conjuração de magias. Jogadores aprendem os componentes
dos feitiços (natureza, efeito, forma, volume, intensidade e
duração) e podem recombiná-los livremente para superar
desafios. Cada um destes componentes é obtido pelo método
tradicional no RPG (experiência), mas é empregado de forma
única: o jogador inventa palavras mágicas, recombinando
sílabas e sintaxes, e conjura feitiços no momento em que
 BESTAS & BRONZE

os pronuncia. Não há listas prontas de feitiços, não há

caminhos preparados. Há apenas a compreensão de
uma língua nova — nesse sentido, os jogadores e seus
personagens são um só, pois aprendem juntos a linguagem
mágica.

Para representar esse dialeto mágico, usamos o Proto-

Indo-Europeu (PIE), uma língua nascida ao norte do Mar
Negro, na atual Ucrânia. Escolhemos essa língua neolítica
porque é o dialeto que originou o latim (e posteriormente o
português), inglês, persa, sânscrito. Também é a língua que,
no período da invenção da roda, da corda e da domesticação
dos cavalos, acabou categorizando e ordenando uma
terra selvagem e caótica. Essa conquista é o tema central
de Bestas & Bronze. Incluímos no livro um glossário para
todas as palavras em PIE utilizadas, bem como referências
bibliográficas para o leitor que quiser saber mais sobre o
Proto-Indo-Europeu histórico.

Por fim, com 20 anos de experiência, acreditamos ter criado

o jogo que sempre quisemos jogar. Um RPG simples de
aprender e de ensinar; em que cada personagem e aventura
são únicos, pois imprevisíveis; e cujo foco está na narrativa.
Não em qualquer narrativa, mas na mais importante
história da humanidade. Este é um jogo que recapitula a
jornada humana pela compreensão do mundo por meio da
linguagem — afinal, é disso que tratamos quando jogamos
RPG: jogos de linguagem.

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 BESTAS & BRONZE III
I WEIK - O MUNDO

PARTE I

WEIK - O MUNDO
Se um dia representasse todo o tempo passado na história da humanidade, veríamos que até 23h54min as pessoas
viveram como caçadoras-coletoras nômades. Todas as cidades, impérios, civilizações, grandes guerras e pequenas
intrigas políticas ocorreram no período de seis minutos antes da meia-noite. Este jogo se passa no minuto 55 da vigésima
terceira hora, logo após a revolução agrícola, quando o homem começou a criar para si uma segunda natureza onde
habitar e quando começou a olhar com desconfiança o caos que o produziu.

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WEIK - O MUNDO
Eger (Despertar)
O mundo é antigo; a civilização é jovem. Há poucas gerações,
os humanos despertaram do sonambulismo em que
cruzaram a Terra por 200 mil anos. Por toda sua história,
os povos responderam aos enigmas que lhes eram impostos
com perplexidade e cega autodefesa. A noite era escura,
os caminhos estavam cercados por sons desconhecidos e
as pessoas eram enroladas nos tempos do mundo – seus
rostos duros tornavam chuva como as pedras.
Chegou uma seca no deserto de Teusqa, entretanto,
quando um assentamento provisório dos nômades não foi
desmontado. Por gerações ele perdurou. Já fazem milênios
que as areias apagaram essa primeira cidade e seu nome,
mas o conhecimento primordial que permitiu a conquista
do duro Teusqa ainda vive. Tal sabedoria implica uma
língua capaz de exprimi-la, e é neste plano que os segredos
dos magos moram. Em busca dos ecos das palavras usadas
para domar o deserto, eremitas vasculham as ruínas, lendo
runas nos escombros e pressionando seus ouvidos contra
as rochas como lagartos.
As línguas que se falam no continente de Weik estão
repletas das centelhas da revelação. No momento em que
dominaram o fogo, os bárbaros de Phunes capturaram a
essência das chamas e a batizaram “Fle-”. Hoje, a linguagem
nascida desta compreensão permite aos magos imprimir a
sua vontade em brasa sobre a realidade. Há rastros desse
Despertar (Eger) por todo o continente: runas esculpidas em
pedras no pântano de Pluwods; esculturas no atol de Moljā;
círculos escavados nas plantações próximas a Woikos —
a humanidade passou a operar o conhecimento em uma
revolta contra a ordem natural das coisas.
Após o Eger, os humanos não mais precisavam se
conformar à temporada das frutas e da caça. Os sábios
(bhamoi) assimilaram o caos do mundo para impor sobre
ele a agricultura, a organização da sociedade em classes,
o crescimento das cidades, o domínio da natureza, a
guerra e a ruína. Os nômades (steighō), cientes dos riscos,
tentaram alertar os bhamoi sobre a degeneração (swepnos)
trazida pela civilização. Mas aqueles que são tocados pelo
conhecimento não o podem abandonar.
Esta é a história do princípio dos tempos, quando as
palavras ainda não haviam se corrompido. É também a
história das primeiras civilizações, que se formaram em
torno do poder comandado pelo discurso de sacerdotisas,
xamãs, filósofos, ditadores e poetas.
Apenas os nobres e poderosos têm propriedades. Estamos
ainda na era das casas comunais. As grandes cidades são
construídas em pedra e terracota, apenas as vilas são feitas
de madeira ou escavadas nas montanhas. Grandes centros
se assemelham a formigueiros. Descendentes da pré-
história, alguns desses assentamentos precedem a roda e
as estradas, de forma que as casas são todas construídas
juntas e suas ruas são na verdade túneis sob a terra ou
7
I BESTAS & BRONZE
corredores acima dos telhados.
Os aldeões dependem uns dos outros, mas relutam em
prestar seus serviços. Nesta infância da civilização, o
dinheiro tem valor relativo – depende da vontade do outro
de usar sua espada. Cada morador suspeita de seu vizinho,
mas permanece na cidade, pois fora dali tudo é medo.
Cada um deles está subnutrido, é ignorante e foi privado da
formação que garante a sobrevivência aos nômades.
Enquanto um adolescente steighō já é capaz de combater,
caçar, reconhecer vegetais e cogumelos comestíveis, além
de montar um acampamento resistente à tempestade; um
aldeão citadino sabe apenas seu ofício. E os steighō são o
menor de todos os problemas dos civilizados. Esta terra
é cheia de monstros. Espíritos, demônios, bestas e vilões
rodam este mundo à parte de você e de mim. Os próprios
elementos estão vivos: aquela montanha é mau-humorada;
jamais entre em um rio faminto; se uma árvore cair sem
vento, tenha certeza de que um gênio está por perto.
Nas cidades, os bhamoi alegam saber a verdade sobre
todas as coisas. De fato, eles são capazes de controlar a
natureza com o seu conhecimento. Assim, um dilema se
forma aos olhos dos primeiros civilizados: se especializar
no estudo ou dominar as habilidades ancestrais, que até
hoje garantiram a sobrevivência de nossa espécie?
Alguns têm buscado um caminho intermediário. Na cidade
de Woikos, todos os magos foram mortos ou expulsos.
Ali, na tentativa de aliar o conhecimento tradicional com
a nova forma de vida, se instaurou uma inquisição contra
cientistas, inventores e portadores das novidades. Na tribo
andarilha dos Sekir, os xamãs aprenderam a língua mágica
dos espíritos. Tratando da gnose, os Sekir mantêm o modo
de vida nômade e vagam de cidade em cidade oferecendo
seus serviços de comunicação com os mortos e banimento
dos fantasmas. Este é o único povo nômade a fazer magias
com palavras.
Há muitas formas de magia em Weik. Os krā extraem a
magia da natureza, misturando, macerando, destilando e
devolvendo efeitos fantásticos por meio de óleos, pomadas
e poções. Já os weghe encontram a magia em rituais
sagrados que conferem significado a itens mundanos. Mas
essa história é sobre os bhamoi.
Para os bhamoi, a magia é inseparável do conhecimento.
Dar nome é o mesmo que manipular a essência das coisas
por meio das palavras. A descrição disseca, a conjugação
move, e a adjetivação altera. Os bhamoi fazem magia por
meio da linguagem. Cada idioma (bhamon) manipula uma
parte da realidade.
Os habitantes de Weik usam as línguas mágicas para
conjurar feitiços, mas também para se comunicar. Além
de um idioma comum a todo o continente (chamado
Cidade de Bhulak
BESTAS & BRONZE
simplesmente de “comum”), há diversas línguas faladas
por diferentes classes sociais. Os soldados dão suas
ordens usando seus próprios códigos; os líderes políticos
decidem o futuro das nações em termos ininteligíveis; os
artistas e filósofos soam como loucos para os ignorantes;
os trabalhadores manipulam a essência das coisas com
conceitos abstratos para os inexperientes; os sacerdotes
são fluentes na língua dos deuses. Cada um desses idiomas
esconde meios de impor a vontade do falante ao mundo.
Existem incontáveis línguas (bhamons) em Weik. Todas
pertencem a uma das cinco famílias linguísticas que
compartilham elementos em comum. Ao iniciar sua
jornada, cada personagem domina um idioma mágico
(uma bhamon), escolhido no momento da criação de sua
ficha.
Ao contrário do que ocorre em nosso mundo, os idiomas
mágicos não indicam uma origem geográfica dos povos,
mas sua função na sociedade. Em quase todas as
cidades de Weik, se encontra falantes das cinco famílias
linguísticas. Escolher uma bhamon é como escolher sua
classe. Personagens podem ser falantes de qualquer língua
em qualquer cidade.
Soytos (Magia)
As bhamon estão agrupadas em famílias linguísticas. Da
mesma forma que português, espanhol, italiano, francês
e romeno fazem parte da família das línguas latinas, as
bhamon Prek- e Gal- são idiomas que fazem parte da
família Mnamen. Essa categorização por famílias é útil
porque diz respeito à classe social do personagem e à função
que sua casta geralmente desempenha na comunidade.
Enquanto os magos fluentes nas famílias Ghewos estão
ligados à vida militar, aqueles fluentes em Aiv geralmente
são sacerdotes e curandeiros. Isso tem influência na
construção do personagem, nos recursos iniciais e nas
possíveis combinações de poderes. Os falantes das línguas
da família Eykalnos são filósofos e artistas; os falantes de
Mnamen são líderes políticos e aristocratas; os falantes de
Gen pertencem às classes dos servos, escravos, agricultores
e artesãos. Você vai encontrar a descrição pormenorizada
dos falantes de cada família linguística no capítulo seguinte.
As bhamon são idiomas mágicos. A primeira sílaba
pronunciada em toda palavra mágica corresponde ao nome
da bhamon. Fle- é o nome da língua do fogo, e também a
primeira sílaba pronunciada pelo mago que atira uma bola
de fogo contra o inimigo (Fleekraxpepuz!). Ao início do jogo,
todo personagem é fluente em uma bhamon à sua escolha.
Para aprender uma nova língua mágica, o personagem
pode estudar com um mestre, ler um tomo ou ter contato
significativo com a língua, ao julgamento do mestre. Este
9
I WEIK - O MUNDO
processo geralmente leva algum tempo – novamente, ao
julgamento do mestre. Um jogador pode ensinar suas
bhamon a outros jogadores, se ambos quiserem dedicar
algumas semanas ou meses ao processo.
Encorajamos você a criar suas próprias bhamon. Para isso,
basta definir os limites de influência da primeira sílaba de
uma palavra mágica. Lembre-se: quanto mais específico o
significado, mais fraca é a bhamon; e quanto mais genérico
o significado, mais poderosa é a bhamon. A língua mágica
Gel- (gelo) está contida na esfera de Wodr- (água) que por
sua vez faz parte de Pri- (elementos). O mago que sabe fazer
magias iniciadas pela sílaba Pri-, consegue fazer tudo que
o mago de Gel- consegue, e pode fazer ainda mais coisas
que não estão ao alcance do mago que conhece apenas a
língua Gel-. Enquanto o mago de gelo manipula apenas a
frieza dos materiais, o mago dos elemen tos controla todos
os aspectos do clima.
Lançar uma magia significa ser capaz de construir uma
palavra mágica. A primeira sílaba (que corresponde à
bhamon) é o único componente obrigatório das palavras
mágicas.
Werdhs (Palavras)
Uma palavra pode conter até outras cinco sílabas, chamadas
de werdh. Essas sílabas controlam outros parâmetros de uma
magia, em ordem:
• Efeito: o que a magia faz.
• Forma: como o efeito da magia se espalha.
• Volume: o quanto o efeito da magia se espalha.
• Intensidade: qual a força da magia.
• Duração: como a magia é ativada e por quanto tempo
Imagine que um conjurador que conhece a bhamon Fle-
(fogo) e outras cinco werdh deseja lançar uma bola de fogo.
Uma possibilidade é usar a palavra Fleekraxpepuz:
Fle- ekr- a- xp- ep- uz
Fogo Criar Projétil 5 metros Forte Instantânea
Note que a palavra começa com a própria bhamon (Fle-).
As demais sílabas (werdh) controlam outras partes da
magia. Adiante, há uma lista (em ordem) das werdh e seus
significados.
Na ficha do jogador, há uma lista de werdh conhecidas.
Essas podem ser recombinadas entre si, desde que apenas
uma werdh de cada categoria seja usada. Apenas uma
werdh de efeito, forma, volume, intensidade e duração
por palavra mágica. Com exceção da bhamon, qualquer
sílaba pode ser omitida, mas a ordem deve ser obedecida.
As werdhs devem ser pronunciadas na ordem de efeito
primeiro, depois forma, então volume, em seguida
intensidade e, por último, duração.
 BESTAS & BRONZE
Quanto mais sílabas são determinadas pelo jogador, mais
preciso é o resultado. Palavras incompletas produzem
magias mais imprevisíveis. O jogador pode desconhecer
qualquer uma das werdh, ou escolher não usar as que
conhece — basta não pronunciá-las quando lança uma
magia. Neste caso, ele sorteia um valor lançando 1d8 de
acordo com a tabela de cada werdh. Ele pode escolher
sortear uma werdh, duas, três, quatro ou todas as cinco.
As consequências de cada sorteio são imprevisíveis. Ao
fazer uma magia aleatória, o personagem pode acabar
matando a si mesmo, ou realizar muito mais do que
desejou.
Werdh de efeito
A segunda sílaba de uma palavra mágica completa
descreve seu efeito. Essa werdh define o que a magia faz.
Cada werdh de efeito possui uma lista de significados
possíveis. Algumas farão mais sentido do que outras em
determinados contextos. Por exemplo, a palavra Fleekr-
é mais convenientemente lida como “criar fogo” (e não
“invocar fogo”). Já a palavra Skelekr- significa “invocar
animal” (e não “criar animal”).
Aqui, há uma subjetividade proposital. A bem da diversão,
o mestre deve deixar que seus jogadores comuniquem
suas intenções quando descrevem o efeito de suas magias.
Por outro lado, os jogadores devem usar as palavras
desta tabela sempre que possível, respeitando os limites
semânticos de cada werdh de efeito.
TABELA: WERDH DE EFEITO
1D8 Sílaba Significado
1 -ekr- Criar; Expandir; Invocar; Unir
2 -oik- Destruir; Reduzir; Banir; Partir
3 -art- Enrijecer; Aumentar’; Solidificar; Fortalecer
4 -efl- Amolecer; Diminuir; Fluir; Enfraquecer
5 -ast- Restaurar; Consertar; Montar; Restituir
6 -ort Inverter; Contrariar; Repelir; Impedir
7 -alk- Proteger; Isolar; Guardar; Reforçar
8 -ēq- Ver; Conhecer; Adivinhar; Perceber
Bhamon diferentes sempre produzem efeitos diferentes.
Tanto um bhamoi de fogo (Fle-) quanto um bhamoi de
morte (Mer-) podem usar a werdh -ekr- para causar dano,
mas é fundamental que os resultados sejam diferentes.
O jogador deve manifestar sua intenção e o mestre deve
arbitrar para interpretar os resultados. Por exemplo: o
mago de fogo pode incendiar sua vítima, causando dano
adicional ao longo das próximas rodadas enquanto o
alvo não apagar as chamas; já o mago de morte pode
impor ferimentos agravados e duradouros com seu dano
necrótico, que não serão facilmente curados por sua
vítima.
10
I WEIK - O MUNDO
Werdh de forma
A terceira sílaba de uma palavra mágica completa descreve
o formato em que o feitiço se propaga. Algumas magias se
propagam a partir do conjurador, outras são lançadas como
projéteis. A forma determina os limites físicos das magias.
Por exemplo: magias que se comportam como gases podem
ser dissipadas pelo vento, magias de luz afetam quem as
enxerga e podem ser cobertas com as mãos, magias que
afetam uma superfície podem ser saltadas.
Ao usar uma werdh de forma, o jogador tem a oportunidade
de descrever o que o personagem faz enquanto lança a
magia. Magias de cone podem ser um sopro, magias em
linha podem ser lançadas pela ponta dos dedos, magias
que afetam quem as escuta podem significar a canção de
um bardo.
Não há regras rígidas para descrever o aspecto das
magias. Encorajamos os jogadores a descrever a aparência
dos feitiços de acordo com a individualidade de cada
personagem.
TABELA: WERDH DE FORMA
1D8 Sílaba Significado
1 -a- Projétil
2 -i- Linha
3 -u- Cone
4 -e- Superfície
5 -o- Esfera
6 -ō- Luz
7 -ē- Som
8 -ū- Longa
Projétil — O conjurador lança um projétil até o alvo. O
alcance máximo em metros é igual ao valor da sapiência
do conjurador. A werdh de volume (a próxima werdh a ser
abordada) descreve o tamanho deste projétil. Os elementos
do cenário, como objetos no caminho, podem servir de
cobertura, dificultando o acerto do feitiço. Diferentemente
das formas de linha, superfície, cone e esfera, a forma de
projétil não se propaga até o alcance máximo: caso atinja
algo ou alguém no caminho, o projétil é interrompido. Os
exemplos clássicos são a bola de fogo ou os mísseis mágicos.
Linha — A magia se propaga em uma linha reta que
se inicia no conjurador. A werdh de volume descreve a
extensão desta linha. Estes feitiços continuam a se propagar
por todo o volume da magia, podendo atingir diversos alvos
em seu caminho. São magias como o relâmpago que afeta
todos em seu caminho, por exemplo.
Cone — A magia se propaga em forma de um cone que
parte do conjurador e tem a área determinada pela werdh
de volume. Esta forma é útil para contornar objetos que
normalmente serviriam de cobertura. Tratam-se dos gases
tóxicos soprados pelo mago, por exemplo.
WEIK - O MUNDO
Superfície — A magia assume a forma de um plano de duas
dimensões (largura e altura, ou largura e comprimento). A
área afetada parte do conjurador, que cria formas como
uma rampa, uma parede ou o solo. Com esta forma, é
possível criar uma área onde as plantas no chão prendem
aqueles que pisam ali, por exemplo.
Esfera — A magia se propaga em volume de três dimensões
a partir do conjurador. Não confunda com o projétil, que
também pode ser esférico, mas se move até o alvo. Aqui, a
esfera fica estática, e o conjurador pode criá-la em torno de
si próprio. É útil para criar ambientes seguros, como zonas
de cura ou de imunidade a dano. O conjurador também
pode criar a esfera diante de si, sem se incluir, produzindo
uma zona de dano ou de prisão para o inimigo.
Luz — A magia afeta todos que a podem ver dentro do
alcance dado pela werdh de volume. O feitiço pode ser um
ponto luminoso, um estandarte que inspira o exército ou
um medalhão que intimida os inimigos que o veem. Esta
forma é útil para produzir feitiços seletivos, que afetam
vários inimigos ou amigos — basta que o conjurador alerte
seus aliados para cobrirem os olhos. É também uma forma
mais sutil de magia, podendo ser utilizada furtivamente,
caso o jogador consiga disfarçá-la no cenário.
Som — A magia afeta aqueles que podem ouvi-la e que
estão dentro do alcance dado pela werdh de volume. Como
sempre, fica a cargo do jogador interpretar seus feitiços: a
mágica está na canção do bardo? No estalar de dedos do
feiticeiro? Na pronúncia da própria palavra mágica?
Longa — A magia atinge longuíssimas distâncias, entre 1
e 20km. Esta forma é apropriada para descobrir onde se
escondem objetos e pessoas em uma grande área; enviar
mensagens e ler pensamentos de alvos distantes; ou criar
projeções astrais. Ao usar um feitiço com forma longa,
sugerimos que o mestre deixe o jogador comunicar suas
intenções e pondere o resultado. Lançar uma bola de fogo a
20km deve ser mais difícil que vasculhar os sonhos de um
alvo a 20km.
Werdh de volume
A quarta sílaba descreve o quanto a magia se propaga
a partir de sua origem. Volumes grandes podem parecer
uma boa ideia, mas se tornam bastante perigosos quando
o combate acontece em espaços apertados. Mesmo projéteis
endereçados aos inimigos podem atingir aliados, se seu
volume for grande demais.
Essa werdh parece objetiva a princípio, especialmente se
você estiver usando um mapa quadriculado para combate
ou uma mesa virtual, mas o contexto pode criar dificuldades.
Por exemplo: uma grande esfera em um túnel de diâmetro
pequeno pode significar que a magia se propaga como
um fluido encanado, ou talvez ela destrua o túnel (caso a
11
I BESTAS & BRONZE
intensidade seja alta). Essa decisão depende da bhamon
sendo utilizada, das intenções comunicadas pelo jogador e,
principalmente, do julgamento do mestre.
WERDH DE VOLUME
1D8 Sílaba Significado
1 -rz- Até 0,5 metro (ideal para afetar pequenos
objetos e realizar tarefas delicadas)
2 -ld- 1 metro (ideal para afetar pessoas)
3 -z- 2 metros (ideal para afetar grandes animais)
4 -sc- 3 metros (ideal para grandes objetos)
5 -xp- 5 metros (daqui em diante, os volumes afetam
estruturas e alvos em uma larga área)
6 -xt- 7 metros
7 -bz- 10 metros
8 -pz- 20 metros
Werdh de intensidade
A quinta sílaba de uma magia completa determina a
intensidade do feitiço e seu custo inicial de mana. O custo
de mana é sempre igual à intensidade da magia. Se a magia
é sútil, seu custo de mana é 1 (de acordo com a tabela), se é
brutal, o custo é 8.
Esta é a werdh que qualifica as magias. Frequentemente,
determinam se o feitiço funciona ou não. Mesmo que o
mago tenha afetado a área precisa no tempo correto, o
feitiço será inútil se a intensidade for insuficiente – e será
perigoso se a intensidade for excessiva.
Para cada nível de intensidade, fornecemos adjetivos que
qualificam os efeitos. Por exemplo: uma superfície de fogo
de intensidade -on- pode ser inofensiva (se o jogador assim
desejar), por isso, pode ser usada para aquecer o grupo em
uma noite fria sem causar qualquer dano. O mesmo nível
pode causar dano ou não, por isso, é fundamental que ao
lançar a magia, o jogador comunique suas intenções.
Se um bhamoi de Ekm- (pedra) deseja criar uma chave
que abra um cofre, deve usar uma werdh de intensidade
-ep- ou -ek-, pois em suas definições há os adjetivos
“impecável” e “complexo” — ideias que refletem a fineza
da tarefa. Se um druida quer usar a bhamon Skel- para
atrair um animal forte que o ajude em combate, precisará
de uma intensidade alta, como -ep- (que tem forte em sua
definição). Usar a intensidade -on- (inofensivo) atrairá
apenas animais inofensivos, como pombos.
Um bhamoi usando Yew- (cura) para revigorar seu
companheiro pode querer uma cura intensa, mas a
werdh de -id- é sempre perigosa. Cura em excesso pode
produzir efeitos estranhos, como o nascimento de membros
atrofiados extras ou rejuvenescimento indesejado. Enfim,
maior nem sempre é melhor.
Na coluna de significados, incluímos sugestões de peso
 BESTAS & BRONZE
afetado. Esse parâmetro é útil para determinar o tamanho
dos objetos que podem ser empurrados com telecinese,
por exemplo. Se um mago de água quiser caminhar sobre
um lago, ele deve usar uma werdh de intensidade -en- (5)
ou maior; pois na descrição desta werdh há “100kg”. Usar
intensidades menores significa que a água será incapaz de
suportar seu peso, mesmo que a área e volume afetados
tenham sido ideais.
A função destas indicações é apenas dar uma noção
geral aos mestres. Recomendamos fortemente que não
calculem os pesos exatos, sob o risco de tornar a aventura
chatíssima. Se um mago de rocha quer pulverizar a parede
de pedra de um castelo, ninguém deveria se preocupar em
calcular a densidade do granito. Sugerimos que o mestre
leia os adjetivos e siga seu instinto.
Em seguida, na mesma coluna, sugerimos dados de dano
ou cura.
Por último há sugestões de bônus/penalidades que podem
ser aplicados aos atributos.
TABELA: WERDH DE INTENSIDADE
1D8 Sílaba Significado
1 -ar- Sutil, ilusório, 100g, 1d2
2 -on- Fraco, inofensivo, 1kg, 1d4, ±1
3 -os- Menor, tosco, 10kg, 1d6, ±2
4 -er- Suficiente, simples, 50kg, 1d8, ±3
5 -en- Maior, apurado, 100kg, 1d10, ±4
6 -ep- Forte, impecável, 300kg, 1d12, ±5
7 -ek- Impressionante, complexo, 1t, 1d20, ±6
8 -id- Brutal, perigoso, 10t, 2d20, ±8
Werdh de duração
A sexta e última sílaba determina a duração da magia. A
duração é sempre contada em rodadas, e as rodadas são
relativas. Durante o combate, uma rodada dura apenas
alguns segundos. Durante a exploração de masmorras,
cada rodada dura 10 minutos. Durante viagens, uma
rodada dura 8 horas. Por isso, a mesma werdh de duração
usada em contextos diferentes causa efeitos diferentes. Em
viagem, o bhamoi de gelo pode usar a werdh -al para criar
água para seus companheiros durante 1d4 rodadas, que
serão multiplicadas por 8 horas — como resultado, o grupo
poderá ter água por toda uma viagem. Se ele usar a mesma
werdh em combate, a fonte de água vai acabar em menos
de um minuto. A relatividade da duração permite que os
jogadores usem magias durante todas as fases do jogo.
Lembre-se que o ato de conjurar qualquer magia custa
uma ação e que cada rodada em combate é composta por
duas ações.
12
I WEIK - O MUNDO
TABELA: WERDH DE DURAÇÃO
1D8 Sílaba Significado
1 -rē Concentração
2 -al Tempo
3 -gu Decrescente
4 -su Gatilho
5 -uz Instantânea
6 -as Aleatória
7 -ro Crescente
8 -ols Pergaminho
Concentração — O mago gasta 1 de mana por rodada e
perde uma ação por rodada. O jogador pode interromper a
magia durante seu turno quando quiser.
Tempo — A magia dura 1d4 rodadas e o mago perde 1
de mana por rodada em que o feitiço estiver ativo, mas o
conjurador não perde ações. A duração final é parcialmente
imprevisível, mas muitos bhamoi que usam magias em
combate escolhem esta werdh para conferir bônus a si
mesmos ou penalidade aos inimigos sem perder preciosas
ações durante a luta.
Decrescente — A magia funciona instantaneamente e em
mais uma rodada, quando descerá um ponto na tabela de
intensidade. Ao todo, a magia fica ativa por duas rodadas
(na em que é usada e na próxima).
Se o mago utilizar neste turno uma magia de intensidade
-id- (8, brutal), o feitiço terá intensidade -ek- (7,
impressionante) na próxima rodada. Se ele utiliza uma
magia de intensidade -ar- (1, sutil), no próximo turno a
magia continua com intensidade mínima de -ar- (1, sutil).
Esta werdh consome uma ação por rodada em que estiver
ativa, mas não consome mana adicional.
Gatilho — Esta werdh é útil para preparar armadilhas e
posicionar alarmes. A magia é ativada após um evento
especificado pelo jogador. Se o jogador não escolher um
evento para disparar a magia, ela funcionará a partir da
rodada seguinte à conjuração. Após a ativação do gatilho
uma única vez, a magia se desfaz.
O gatilho deve ser o mais simples possível, descrito na forma
“a magia será disparada quando X acontecer”. Por exemplo:
com a palavra Fleekrobzeksu, o bhamoi pode encantar
uma caixa para que ela exploda devastadoramente,
afetando 10 metros, quando for aberta. O mago não pode
especificar que a armadilha apenas explodirá quando uma
determinada pessoa abrir a caixa em uma quarta-feira de
lua minguante. A descrição mais elementar do gatilho neste
caso é simplesmente: “a magia será disparada quando a
caixa for aberta”.
Instantânea — a magia funciona nesta rodada, consumindo
uma ação e a mana especificada pela werdh de intensidade.
WEIK - O MUNDO
Aleatória — A magia funciona instantaneamente e tem 50%
de chance de continuar funcionando na rodada seguinte.
Cada rodada que a magia fica ativa, 1 ponto de mana
adicional é consumido pelo conjurador. O mago não perde
ações nas rodadas subsequentes. Se o conjurador perder a
consciência, a magia termina.
Usando a werdh de duração aleatória, magias podem ter
extensões muito longas, pois o conjurador sorteia 50% de
chance de o feitiço continuar funcionando a cada rodada,
independentemente de sua vontade. Porém, uma vez que a
mana do conjurador se esgota, há o risco mortal de contrair
1 ponto de swepnos por rodada pelo dreno de sua mana.
Crescente — A magia funciona instantaneamente e em
mais uma rodada, quando aumenta um ponto na tabela de
intensidade. Ao todo, a magia fica ativa por duas rodadas
(na que é usada e na próxima).
Se o mago utiliza neste turno uma magia de intensidade
-ar- (1, sutil), no próximo turno a magia terá intensidade
-on- (2, fraco). Se o mago utiliza a intensidade -id- (8,
brutal), ela manterá intensidade máxima -id- na próxima
rodada.
Esta werdh consome uma ação e também consome 1 ponto
de mana adicional do conjurador por rodada.
Pergaminho — Esta é a werdh utilizada para guardar
feitiços por muito tempo, prontos para serem usados em
um momento oportuno. O mago pode escrever uma runa,
pergaminho ou registrar a magia de qualquer outra forma
que o jogador descreva. Ao fazê-lo, o mago dedica uma
ação e a magia não consome mana no momento da escrita.
Posteriormente, o feitiço poderá ser lido por qualquer mago
que entenda a família do idioma. A mana é consumida
no ato da leitura do pergaminho, segundo a werdh de
intensidade.
Para decifrar um pergaminho, basta conhecer
um idioma da família de línguas em que o pergaminho foi
escrito. Um mago fluente em Weg- (energia) pode ler um
pergaminho escrito em Ken- (tempo), pois ambas bhamon
fazem parte da família Eykalnos. Esses idiomas familiares
são mutuamente inteligíveis, caso o mago disponha
de tempo e paciência para decifrar as palavras (como
português e espanhol). Isso permite que o mago de gelo
lance feitiços de fogo e vice-versa.
É normal que, em combate, um jogador sorteie a duração
de sua magia com 1d8 e tire 8. Nessa situação, obviamente,
o bhamoi não consegue parar a luta para escrever um
pergaminho. Nesse caso, ele desperdiça o momento de
iluminação e a magia falha sem gasto de mana.
Existem outras werdh por aí. Nada impede que o mestre
crie em sua aventura uma werdh de forma que transforme
a magia em gás, ou uma werdh de volume equivalente a
30 metros, ou uma werdh de duração 1d6 rodadas.
13
I BESTAS & BRONZE
Usando as Werdhs
Se uma sílaba é desconhecida ou intencionalmente omitida,
o jogador deve sortear 1d8 nas tabelas das werdhs para
encontrar o resultado de sua magia. Por exemplo: se o
jogador tenta lançar uma bola de fogo (Fleekraxpepuz!) mas
esquece ou omite a werdh de efeito -ekr- (pronunciando
apenas Fleaxpepuz), o efeito é sorteado com 1d8 dentro da
tabela de efeitos. Se o jogador tira 1, ele de fato lança uma
bola de fogo, pois o número 1 corresponde a -ekr- (Fleekr =
criar fogo). Se ele tira o número 2, que corresponde a -oik-
(Fleoik = destruir fogo), o mago acaba lançando um projétil
que esfria o alvo.
Desta forma, é perfeitamente possível, mas bastante
improvável, lançar uma bola de fogo usando somente a
sílaba Fle- (fogo). Isso ocorre porque todos os parâmetros
não informados serão sorteados. Se o jogador tiver sorte,
pode acabar produzindo o efeito desejado. Se tiver azar, os
resultados podem ser catastróficos.
Não basta que um personagem saiba pronunciar uma
palavra mágica, afinal, conjurar magias envolve gestos e
intenção. Dominar essa arte exige experiência — nêbris.
Mesmo que um personagem já tenha ouvido uma werdh e
saiba o que ela significa, esse mago vai fracassar se tentar
apenas repetir seu som sem compreendê-la. Para imprimir
sua vontade no mundo, o bhamoi precisa absorver o caos
(nêbris) por detrás das sílabas. Para aprender uma nova
werdh, o personagem deve assimilar uma fonte de nêbris.
Nêbris (Caos)
O poder de um mago vem de seu entendimento acerca das
forças do caos e da natureza. Para evoluir, o bhamoi deve
estudar o caos (nêbris), que se revela em fontes de energia
primordial. Esse estudo pode assumir diversas formas —
ciências, artes, seitas e carnavais. Após compreender essas
manifestações dos segredos do universo, o mago se torna
mais forte e seu entendimento mágico é expandido.
O bhamoi não tem dificuldade para reconhecer uma fonte
de nêbris quando a vê. Sobre a superfície do rio, raízes
de árvores submersas saem e tornam a entrar na água
formando dezenas de arcos. Sobre uma dessas raízes,
repousa uma libélula, mas não uma libélula qualquer. Ao
voar em linha reta, ela passa sobre um arco mais alto e, em
seguida, sob um arco menor. Esse vôo impossível, capaz
de causar vertigem, indica a presença do caos, nêbris. Em
árvores, nêbris pode ser extraído como seiva, mas às vezes
pode ser mais simples comer o único fruto no galho mais
baixo e, ao mesmo tempo, no topo da árvore.
As fontes de nêbris podem ser qualquer coisa, um
paradoxo, uma charada ou uma criatura. Ainda assim, é
fácil reconhecer quando o caos está por perto. A sensação
 BESTAS & BRONZE I

de estranhamento é inevitável. Mentes mais fracas são

imediatamente repelidas, mas os bhamoi foram treinados
para reconhecê-lo. Essas fontes são instáveis, efêmeras e
coisas estranhas costumam acontecer nos arredores.

Em Bestas & Bronze, os personagens progridem por meio

de nêbris. Sempre que um personagem encontrar um ponto
de nêbris no cenário, ele pode estudá-lo. Ao contemplar
uma fonte de nêbris, o jogador pode aumentar um ponto
em qualquer atributo a sua escolha; ou sortear um dos
cinco tipos de werdh (Efeito; Forma; Volume; Intensidade;
Duração) e depois sortear 1d8 para obter uma werdh de
suas respectivas tabelas. Ferramentas de Instrução (ver em
Itens) eliminam a necessidade de sorteio.

O mestre decide onde e quando inserir uma fonte de nêbris

na história narrada. Esta ferramenta é uma forma prática
de controlar os desafios encontrados. Caso a força dos
personagens esteja defasada em relação à dos oponentes,
o mestre pode aumentar o número de nêbris pelo caminho
dos jogadores. Basta estar consciente de que cada ponto
de atributo aumentado e cada nova werdh significa um
progresso considerável nas capacidades dos jogadores.

Além de poder aprender novas werdhs, os jogadores que

encontram uma fonte de nêbris podem estudá-la para
ganhar um atributo qualquer à sua escolha.
A única sílaba que não pode ser aprendida por meio do
nêbris é a primeira sílaba que denomina a língua mágica
(bhamon). A mesma fonte de nêbris pode ser estudada por
vários jogadores. O uso dos pontos de nêbris é individual,
ou seja, cada jogador decide o que fazer com seu ponto.
Cada jogador que opta por aprender uma werdh deverá
fazer seu próprio sorteio de forma independente.
Uma fonte de nêbris pode ser absorvida por cada jogador
uma única vez. Personagem que já tenham estudado uma
fonte de nêbris não extraem novos benefícios dela. Novos
personagens, entretanto, sempre poderão estudá-las pela
primeira e última vez.
Leibhamon
Leibhamon são dialetos, gírias, atalhos dentro da língua.
Eles são como os bhamon, mas fazem apenas uma coisa.
Cada leibhamon possui efeito, forma, e volume definidos,
além disso, são sempre instantâneas. O único parâmetro
indefinido de uma leibhamon é sua intensidade. Ao conjurar
uma leibhamon, o jogador tem a opção de adicionar uma
werdh de intensidade conhecida ou deixar o acaso tomar
conta, lançando 1d8.
Aprender uma leibhamon consome normalmente o espaço
dado pelo atributo Cultura para conhecer idiomas*. Neste
aspecto, a leibhamon é como uma bhamon que faz uma
coisa apenas — daí seu nome (que
significa pequena língua, em proto-indo-europeu).
Essas pequenas esferas de domínio mágico são corruptelas
dos bhamon verdadeiros. O conjurador só pode aprender
a leibhamon caso ele esteja inserido em uma família de
línguas já conhecida. Por exemplo: o mago que quiser
aprender Twe- (empurrar), precisa estar familiarizado com
alguma língua da família Ghewos. Aprender e ensinar
leibhamon é mais rápido e simples do que aprender e
ensinar bhamons. Todo o resto funciona normalmente.
Pode-se empurrar um alvo para longe usando a bhamon
Hei- (Movimento) combinada com o efeito -ekr- (Criar/
Expandir/Invocar/Unir) e outras quatro werdhs. Mas
é mais rápido e simples fazer a mesma coisa usando a
leibhamon Twe-.
A pronúncia corresponde ao nome da leibhamon mais a
wherd de intensidade. Por exemplo: empurrar “bastante”
um alvo, atirando-o a seis metros de distância, exige a
werdh de intensidade -ep. A palavra mágica é Tweep.
As leibhamon descritas mais adiante são apenas exemplos.
Crie suas próprias leibhamon e deixe que todos os jogadores
contribuam.
*Abordaremos o uso dos atributos na seção de criação de
personagens, mas vale adiantar que o valor da Cultura
dividido por 4 é igual ao número máximo de bhamon,
leibhamon e rebhamon conhecidas pelo personagem.

14
 WEIK - O MUNDO I BESTAS & BRONZE

Rebhamon incluindo seus efeitos mágicos e uma descrição de seus

Cada família linguística possui uma palavra de proteção,
um som tão intuitivo que pode ser confundido com uma
exclamação de dor ou surpresa. As rebhamon são as
únicas magias que podem ser usadas na fase de defesa
(veja o capítulo de combate). Assim como as leibhamon,
seus parâmetros são todos pré-definidos, exceto por
sua intensidade (com uma exceção para a rebhamon de
Eykalnos). Sempre que usar uma rebhamon, o jogador
pode acrescentar uma sílaba de intensidade ou deixar
que o acaso faça seu trabalho. As werdh de intensidade
consomem de 1 a 8 pontos de mana, e, quando usadas
associadas às rebhamon, também bloqueiam de 1 a 8
pontos de dano.
Exemplo: Um mago será atingido por uma espada longa
(1d8 de dano) e decide criar em sua frente uma barreira
para barrar a lâmina. Ele grita sua rebhamon associada à
werdh de intensidade -es- (número 4 na tabela de werdhs
de intensidade). O atacante rola o dano de sua espada e tira
5. O dano final causado é de 5 menos os 4 bloqueados pela
barreira. A espada atravessa a parede criada pelo mago e
o corta superficialmente, causando a perda de 1 ponto de
sangue.
Bhamon - Línguas Mágicas
Cada personagem inicia sua história conhecendo um
idioma mágico, uma bhamon. Os personagens usam suas
bhamon iniciais para conjurar magias, mas também para
se comunicar. Além disso, podem entender (mas não falar)
expressões em outros idiomas de uma mesma família. Por
exemplo, um falante de Hei- (movimento) pode entender
algo escrito em Row- (extensão), pois ambos pertencem à
família Ghewos (espaço).
Adiante, apresentamos cada uma das bhamon comuns,
falantes.
Povos e Cidades de Weik
Weik – O continente onde Bestas & Bronze é ambientado
Steighō – Nome genérico para qualquer tribo de nômades,
caçadores-coletores
Grōdjan – Grande floresta no centro de Weik, lar dos Arkeut
Pluwods – Pântano
Pérkun – O maior pico da cordilheira onde se encontram
os povos Phunes. Pérkun é para eles um local sagrado de
peregrinação e misticismo.
Teusqa – Grande deserto
Teusqan — Habitantes do Teusqa. Um povo semi-
nômade, que migra conforme a época do ano para quatro
assentamentos no deserto. As cidades intermitentemente
habitadas fervilham com pessoas, animais, comércio
e tendas no período de ocupação. Quando estão
desocupadas, são pouco mais do que muralhas vazias
e uns poucos teusqans que zelam pelo assentamento
abandonado. O líder político (chamado de caravanaçal)
é quem guia o povo pelo deserto e, como as dificuldades
do terreno são extremas, seus poderes também o são. O
caravanaçal vive como um semideus, mas seu mandato é
curto e as intrigas para assumir o poder são numerosas
como os grãos de areia do Teusqa.
Woikos — Cidade-estado em meio às planícies. Costumava
ser um reino, até os eventos da Noite Vermelha. Nesta data,
a guarda real matou todos os bhamoi da cidade, tomou
o poder e instaurou um
déspota regente em seu lugar.
Da guarda real de Woikos,
nasceram os inquisidores
Woitamann (caçadores
de homens). São espiões e
agentes secretos temidos em
todo o continente, capazes
de farejar a mana, torturar
de mil maneiras diferentes
e desarmar a maioria das
magias. Ilustração abaixo.

Moljā – Cidade-estado na
costa, em uma formação de
atóis e ilhas. Formada por
pescadores e mercantes.
Também é o local de origem
de piratas e de mercenários,
cujo sangue abastece guerras
Woikos

em todo o continente.

15
 WEIK - O MUNDO
Sekir – Tribo nômade que usa a magia das palavras.
Especialistas na Bhamon dos espíritos (Mer-). A tribo
nômade Sekir é a única de que se tem conhecimento a
utilizar uma língua mágica. A passagem de seus bandos
pelas cidades é um dos fenômenos mais temidos de Weik.
Lendas sobre como o grupo extrai e leva consigo as almas
dos cemitérios são contadas para assustar crianças ao
redor das fogueiras. Perseguidos e às vezes contratados
(nunca com moedas) para serviços impronunciáveis.
Arkeut – Sociedade matriarcal na floresta de Grōdjan. Seus
bhamoi são druidas, falantes de Aiv, e vivem à parte das
aldeias que os alimentam. Os aldeões de Arkeut sobrevivem
da agricultura e da floresta que os cerca.
Phunes – Phunes são um coletivo de clãs que prosperam
na cordilheira de montanhas de Pérkun. Esses clãs estão
constantemente em pequenas guerras uns contra os outros
e fazem alianças que duram apenas uma estação. Quando
surge uma ameaça externa, entretanto, todo bárbaro de
Phunes se torna irmão, e juntos movem o mais terrível
exército de Weik.
Domuwel – Imensa cidade-estado de pedra e terracota,
semelhante a Akkad ou Babilônia. Imperial e autocrática,
seu líder proclama ter características divinas. Domuwel
aposta no poder das leis e do estado para atingir grandes
realizações, como imensos templos e monumentos. Tem
70% da população escravizada.
povo de Belgntom
16
I BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS
Belgntom – Povo mercante. Transportam produtos por toda
Weik em navios e carros. A capital, Néhus, é na realidade
um imenso navio, que abriga jardins, uma biblioteca, um
ginásio, um templo para Sewol e mosaicos retratando o
mito de fundação do povo – além da rainha. A capital é
movida por milhares de escravos e está sempre escoltada
por trirremes enormes, mas pequenos em comparação com
a cidade flutuante. Ilustração acima.
Lundene – Uma enorme cidade desorganizada em
estrutura e política. O poder é exercido por príncipes,
autocratas e criminosos ao mesmo tempo, a depender do
setor e do serviço. Há um regente postiço, que não passa de
marionete das forças que podem eleger ou destronar. Lugar
de mercenários, boêmios e piratas.
Bhulak – Um povo devotado ao estudo da magia. Como
eram os muçulmanos com suas madraças na idade média,
os Bhulak constroem torres devotadas às bibliotecas, ao
estudo dos astros e das escrituras. Conhecidos pelo domínio
das bhamons da família Eykalnos. Determinam seus líderes
por meios complexos e aparentemente despropositados,
quase aleatórios.
BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS III BESTAS & BRONZE

PARTE II

BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS

17
 BESTAS & BRONZE
Ghewos (Espaço)
Arqueólogos que estudam o surgimento da agricultura
reconstruíram um estágio crucial em que cometemos o
pior erro da história da humanidade. Forçados a escolher
entre limitar a população ou tentar aumentar a produção
de alimentos, escolhemos o último e terminamos com
fome, guerra e tirania.
Jared Diamond, “Armas, Germes e Aço”.
Quando o primeiro fazendeiro cercou o primeiro lote,
ele sentiu a inveja de seus pares. Os nômades tinham
quase nenhum alimento armazenado e nenhum pomar
ou o rebanho de vacas. Eles viviam das plantas, da caça
dos animais selvagens e do oportunismo. O fazendeiro já
enxergava, erguendo sua cerca cada vez mais alta, que
sua prole seria numerosa, sua fazenda cresceria em uma
cidade, e que todo um povo podia se basear naquele espaço
sagrado. Nascia a predestinação a um lugar no mundo, e
seu único encargo era defendê-lo.
Se, para garantir a posse do espaço, fosse necessário
inventar a violência dos exércitos e tolerar toda espécie
18
II BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS
de parasita social, que assim fosse. A relação do primeiro
proprietário com seu local era divina. Ele fincou cercas e
chamou seu lar de Ghewos.
gherd-, ghordos
Espaço, cerca.
Yard, garden, gard, guarda, horta, geo.
As línguas da família Ghewos são transmitidas de forma
tão fluida que mal se parecem com idiomas mágicos. Nas
estepes, um jovem recebe de seus pais a palavra passada
de geração em geração para atiçar os cavalos: kigh (veloz).
No palácio de Domuwel, os guardas novatos são instruídos
pelos veteranos a ordenar que invasores se detenham: wesō
(pare). Qualquer guerreiro sabe repetir a simpatia para
afiar a lâmina danificada: pastos (consertar).
Aqui, temos o germe do império, da ordem, da categorização
mental. Não apenas a régua que mede o espaço está
contida na mente obcecada pela lei, mas também a ideia
de ordem. Tudo que diz respeito à regulação faz parte
das determinações de Ghewos. A extensão, a estrutura, a
precisão, o movimento.
BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS
Diferentemente de muitas outras bhamon, as línguas que
fazem parte da família Ghewos estão registradas em
escritos, como os mapas. Saber falar esta língua significa
dominar o idioma das cartilhas militares e dos manuais de
guerra.
Quase toda Weik é analfabeta. Isso não impede que o
conhecimento seja passado oralmente, com fins práticos.
Os primeiros tiranos e déspotas que governaram pela força,
mesmo que iletrados, falavam o Ghewos, e seus escribas o
anotaram. Minha terra, meus domínios, meu esplendor em
um mapa oficial.
Não há templos. Não há ritos organizados. Não há clero
senão o dos guerreiros. As línguas da família Ghewos não
são compreendidas como mágicas no sentido tradicional.
As palavras de ordem não são pronunciadas por magos
usando túnicas, mas por bandidos e generais carregando
lâminas, e há autoridade nesse comando.
Estes são os idiomas mais comuns da família Ghewos:
Hei- Row- Mog- Aun-
HEI- (MOVIMENTO)
É a língua mágica dos cavaleiros montados, das tropas
fronteiriças que patrulham as divisas, daqueles que
fazem a segurança das caravanas e daqueles que as
assaltam. Usada pelos que estão sempre se movendo,
a riqueza deste dialeto está na precisão e na concisão.
É um código econômico, prático, composto por muitos
advérbios de lugar (aí, aqui, acolá, adiante, abaixo,
acima, detrás, além, aquém, longe, perto) e poucas
conjunções. Soa mais como um entrecortado de ordens
militares do que uma forma de discurso tradicional.
Para os efeitos mais prováveis deste domínio, na ordem de
1d8 da werdh de efeito, considere as seguintes sugestões:
1D8 Palavra de efeito Efeito
1 Heiekr- Criar movimento, empurrando ou
puxando
2 Heioik- Destruir movimento, freando
3 Heiart- Acelerar movimento existente
4 Heiefl- Manter algo parado, paralisado
5 Heiast- Criar trajetória, determinar o caminho
Reverter o sentido do movimento,
6 Heiort- inverter a direção natural (como cair
para cima)
7 Heialk- Armazenar movimento, carregar o
ímpeto, acumular momento
Conhecer velocidade, aceleração, tempo
8 Heiēq- e percurso de objeto em movimento;
prever a trajetória
19
II BESTAS & BRONZE
Perceba que criar (werdh -ekr-) movimento não
deixa explícito a direção e sentido em que o alvo
será movimentado. O mestre pode interpretar a
intenção expressa pelo jogador ao falar a palavra
mágica, ou sortear o destino do alvo caso haja dúvida.
ROW-(EXTENSÃO)
Esta língua é utilizada para tratar as vastidões de todas as
amplitudes e das minúcias de cada recesso. Seus falantes
são principalmente os generais, que debatem em termos
arcanos a defesa dos territórios e as dificuldades do terreno,
o afastar dos inimigos e a chegada dos aliados. Essa alta
hierarquia marcial não está presente apenas nas forças
militares formais, entretanto. Os líderes dos clãs conhecem
cada pedra e vale de seu território. O caçador recluso tem a
extensão de cada árvore na memória.
Extremamente descritiva e precisa, a linguagem Row- se
aproxima da agrimensura matemática. Para os leigos, esse
relato da topografia se assemelha mais a um punhado de
fórmulas e funções do que uma forma de comunicação
corrente.
Na ordem dos 1d8 efeitos, considere as sugestões:
1D8 Palavra de efeito Efeito
1 Rowekr- Expandir espaço, aumentando as distâncias
(e o custo de se deslocar)
2 Rowoik- Diminuir espaço
Manter espaço invariável (um travesseiro
3 Rowart- não se comprime, a água de um copo
quebrado não se espalha)
4 Rowefl- Flexibilizar espaço (uma bolsa pode
guardar mais do que aparenta)
5 Rowast- Reconstruir propriedades originais do
espaço
6 Rowort- Preencher o espaço, repelindo objetos como
se houvesse algo em seu lugar
7 Rowalk- Isolar espaço. Criar uma barreira de força
8 Rowēq- Conhecer, adivinhar ou perceber dimensões
e outras propriedades do espaço
Perceba que “criar espaço” entre conjurador e alvo significa
afastá-lo. Um conjurador também poderia afastar o alvo
criando movimento nele, ou seja, o empurrando para longe.
Mas as duas magias não são iguais. Quando se cria espaço
por meio da bhamon Row-, a terra entre conjurador e alvo
parece se multiplicar. A mesma velocidade não consegue
cobrir a área de antes. O próprio espaço se desdobra.
MOG- (ESTRUTURA)
A língua em que se descrevem os objetos e os edifícios. A
notação dos arquitetos é ininteligível para os leigos, mas os
 BESTAS & BRONZE
bhamoi fluentes em Mog- enxergam níveis de interesse nas
minúcias.
Os ferreiros mágicos rezam uma prece enquanto o ferro
esquenta na fornalha. Enquanto os engenheiros reais
abençoam a muralha, os bárbaros abençoam o aríete.
Esse idioma pode ser usado contra seres vivos, mas a
maioria dos magos considera esse uso hediondo, perigoso
e ineficiente.
É uma língua de adjetivos. Grande, pequeno, duro, mole,
reto, curvo, deformado e perfeito. Tantos adjetivos que
há descrições para as próprias qualificações. A arte no
serrilhado da espada, a poesia no gancho do anzol.
Na ordem dos 1d8 efeitos, considere as sugestões:
1D8 Palavra de efeito Efeito
1 Mogekr- Aumentar ou expandir
2 Mogoik- Diminuir
3 Mogart- Endurecer, tornar mais resistente
4 Mogefl- Tornar fluido, mole ou maleável
5 Mogast- Consertar
Restabelecer as propriedades originais,
6 Mogort- reconstruir os danos daquilo que foi
reparado, reencontrar escritos em uma
página apagada
7 Mogalk- Tornar alvo indestrutível, prevenir
deformação ou mudança
8 Mogēq- Conhecer a estrutura, enxergar a
montagem, ver a disposição interna
AUN- (POSIÇÃO)
Aun- é a narrativa da progressão dos pontos no espaço, da
atração das gotas de chuva pela gravidade, da mudança
das tropas no tabuleiro geopolítico. Esta é a língua talhada
pelos cartógrafos e generais, mas também o idioma usado
pelos primeiros físicos.
Com este idioma, se descreve e projeta a trajetória da
mosca, da flecha e dos passos do exército inimigo. Com
as palavras certas, tropas daqui podem ir parar ali; a seta
pode sempre atingir o alvo, a mosca pode voar através da
floresta extensa em questão de segundos.
Aqui, a gramática dos magos é reduzida à relatividade e
às comparações; não há superlativos. A conjugação dos
verbos depende do contexto em que se referem a algo que
se refere a algo. É uma língua de sutilezas e subjetividades.
Na ordem dos 1d8 efeitos, considere as sugestões:
20
II BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS
Palavra de efeito Efeito
1D8 Aunekr- Invocar, trazer objetos e alvos distantes
1 Aunoik- Banir, levar alvos e objetos na área para
2 outro local que não aqui
Atrair. Flechas atingem a área sob efeito
Aunart- da magia; toda lâmina procura o pescoço
3 apontado
Aunefl- Desviar. Golpes contra o alvo são
4 imprecisos; criar uma zona de repulsão
Fazer regredir a posição; trazer de
5 Aunast- volta os alvos que já estiveram em área
determinada
Teletransporte. Controlar a posição dos
afetados em uma área
6 Aunort- Número de alvos transportados e a
distância que percorrem depende da
intensidade
7 Aunalk- Proteger a posição, criando uma área
segura ao deslocamento
8 Aunēq- Conhecer as dimensões do alvo, sua
estrutura, posição ou forma
LEIBHAMON
Twe- (Empurrar)
Em Phunes, o treinamento para a guerra é a norma. A
maioria dos adolescentes dessas tribos bárbaras são
ensinados a lançar a leibhamon Twe-, de forma que
conquistar seus vilarejos é um desafio impossível. Nestas
vilas cercadas por paliçadas de madeira, soldados e
lavadeiras sabem empurrar para longe o invasor.
Forma: Projétil; Volume: 2 metros
O conjurador decide a direção em que o alvo é empurrado.
A intensidade define a força do empurrão, alterando a
distância a que o alvo é lançado.
As Werdhs de intensidade consomem de 1 a 8 pontos de
mana, e, quando usadas associadas à leibhamon Twe-,
também empurram o alvo de 1 a 8 metros.
Kigh- (Veloz; aumentar movimento de alvo)
As estradas que cortam a imensa cidade de pedra de
Domuwel foram construídas para dar vazão aos cavaleiros
e às carruagens do exército oficial. A imensa cavalaria
aprendeu essa leibhamon para encantar seus cavalos.
Como há muitos ex-oficiais precisando ganhar a vida,
os oficiais aposentados ensinam a leibhamon Kigh- a
qualquer um disposto a pagar um preço razoável.
Forma: Som; Volume: 2 metros
BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS II BESTAS & BRONZE

A intensidade define o incremento na velocidade daqueles Ghe + werdh de intensidade -id-, 8), anula 8 pontos de dano
que ouvem a leibhamon Kigh-. e impõe ao atacante um teste de Resistência Mágica com
dificuldade 8. Assim, o atacante deve rolar menos do que
sua própria Sapiência com penalidade de 12 (4+8).
Pta- (Flutuar)
Veja pelo exemplo acima que números negativos
Uma leibhamon de prestígio entre os magos. Originalmente, representam bônus, enquanto números positivos
era empregada pela guarda real de Domuwel para tirar o representam penalidades.
monarca de perigo rapidamente. Devido a sua utilidade,
apesar das tentativas de mantê-la secreta, esta leibhamon
tem se espalhado entre aqueles que podem usar magia
para espionar as defesas do estado.

Usar Pta- é sinal de que se roubou o estado. Por isso, seu

uso é considerado crime em Domuwel, Belgntom, Molja e
Woikos (onde qualquer magia é proibida).

Forma: Esfera; Volume: 2 metros

A intensidade altera o peso que se pode anular. O

conjurador não tem propulsão própria, ele apenas perde a
influência da força da gravidade.

Ark- (Acertar, melhora a pontaria)

Ark- é um atalho mágico para que a flecha sempre atinja

seu alvo.

Os Arkeut são uma civilização tão unida ao arco e flecha

que a mera evocação de seu nome traz em si o germe de Ark.
Os caçadores são avessos à magia, mas ensinam o feitiço
como uma simpatia sussurrada às penas da flecha. Em
seus vilarejos na floresta de Grōdjan, não há categorização
sistemática do conhecimento, mas as guildas de caçadores
mantêm viva a sabedoria sobre a trajetória da seta. Eles
podem ensinar esta leibhamon aos Arkeut, e também aos
forasteiros que consigam conquistar sua confiança.

Forma: Som; Volume: 5 metros

A intensidade altera o bônus nos testes de acerto para

armas à longa distância.

REBHAMON: GHE-
As flechas voam mais lentamente, os cavaleiros tentam
alcançar sua presa mas as passadas dos cavalos parecem
não levá-los a lugar algum, a espada corta milhas e milhas
em vão antes de encontrar o alvo. Além de diminuir o dano,
o atacante perde uma ação (meia rodada) caso fracasse em
um teste de Resistência Mágica (Sapiência -4) com 1 de
penalidade por intensidade utilizada na Rebhamon.

Por exemplo: a palavra mágica de defesa “Gheid” (rebhamon

21
 BESTAS & BRONZE
Aiv (Vida)
O homem contempla a terra e ela respira como um grande
pulmão; sempre que exala, uma vida maravilhosa fervilha
de todos os seus poros e se estende em direção ao sol, mas
quando inala, um gemido arrebenta através da multidão
e os cadáveres caem ao chão como saraivadas de granizo.
Peter Wessel Zapffe, “The Last Messiah” (1933)
Os nômades já tinham suas curandeiras, bruxas, xamãs,
benzedores e conhecedores das plantas. Porém, apenas as
cidades possibilitaram o sustento de uma classe ritualística.
Com acesso garantido aos recursos arduamente produzidos
pelos trabalhadores, os clérigos podem se dedicar
inteiramente ao contato com os deuses, mesmo quando esse
contato contraria o interesse dos comuns que financiam a
busca.
A especialização gerou as primeiras bibliotecas, escolas
mágicas, locais de adoração e os primeiros monumentos
para sacrifícios humanos — sempre de humanos da classe
comum. A função dos deuses, afinal, é impor uma ordem
metafísica à realidade aparentemente caótica; e nada mais
eficiente para instituir a disciplina do que o medo. Este é
o lado negro do conhecimento: cada tribo nômade está
unida; mas todo vilarejo está em guerra consigo mesmo.
22
II BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS
*aiw-, gwihwo
vida, tempo de vida.
Aevus, vivus, bios, qius, quick, vivum
Aiv é a língua falada pelas sacerdotisas, oráculos,
hierofantes e profetas. Os clérigos lidam com a vida e com
a morte: prestam o serviço da cura e encaminham as almas
dos falecidos ao outro mundo. Em culturas com múltiplos
deuses, se especializam nos rituais de cada entidade,
manejando as plantas e realizando sacrifícios com animais
e homens.
As línguas da família Aiv diferem profundamente entre
si. Alguns bhamoi abordam sua magia segundo o sistema
rígido e hierarquizado das religiões. Outros estabelecem
uma conexão com a natureza, e sua linguagem é
inexplicável, instintiva e bestial. Em comum, os falantes
da Aiv ocupam um espaço ritualístico dentro de suas
sociedades, algo apartados do povo ordinário.
Os aldeões Arkeut, que vivem em vilas dentro da floresta
de Grōdjan, sustentam uma casta de bhamoi que vive
separada em mosteiros na floresta. Os druidas Arkeut
têm contato com o povo que o produziu apenas em datas
festivas especiais, quando buscam oferendas e tributos, e
logo retornam para a clausura, onde raramente são vistos.
BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS II BESTAS & BRONZE

O povo, aterrorizado, quase nunca atravessa os bosques, SKEL- (ANIMAIS)

mas quando em guerra ou sob a praga, conta com a proteção
dos bhamoi de Aiv que vivem nas florestas. Esses druidas
têm pleno domínio sobre plantas e animais, e tornam a vida
isolada na floresta possível para o povo simples de Arkeut.
Em outro exemplo notável, o povo nômade Sekir se
especializou na compreensão da morte. Estes são os únicos
Steighō (andarilhos) a dominar a magia. Não deixam
registros escritos, mas possuem um vocabulário preciso
para tratar do encaminhamento das almas.
A língua dos druidas, batedores e domadores.
Mesmo nas sociedades menos despertas para o
conhecimento, há os rituais dos pastores e as festas dos
caçadores. Esta sintaxe é menos do que pobre: é selvagem.
Toda palavra se assemelha a uma onomatopeia, toda
vírgula um rosnado. Para aprender este idioma, os magos
de Skel- passam meses em contato com as bestas e em
afastamento de outros humanos.

Espere encontrar muitos tomos das línguas Aiv em seus Na ordem dos 1d8 efeitos, trata-se de:
templos. Esta família linguística é definitivamente aquela
que possui a maior quantidade de registros escritos. Toda 1D8 Palavra de efeito Efeito
religião traz consigo textos sagrados, mesmo que algumas 1 Skelekr- Invocar ou atrair animais
só possam ser passadas de sacerdote ancião para neófito. 2 Skeloik- Espantar animais
3 Skelart- Fortalecer animais
Para os adeptos dessas linguagens, as swepnos são o 4 Skelefl- Enfraquecer animais
castigo divino, a punição por abalar a ordem natural da 5 Skelast- Curar animais
vida e da mortalidade. Quem cruza o portal para o mundo 6 Skelort- Comandar animais
dos mortos pode acabar trazendo-o consigo. Quem cura 7 Skelalk- Proteger animais
os amaldiçoados pode contrair a praga viva. Todos os 8 Skelēq- Enxergar pelos olhos de um animal ou
estigmas estão guardados para os malditos desta carne. conhecer sua saúde

Essas são as bhamon mais comuns da família Aiv:

GRE- (PLANTAS)
Yew- Skel- Gre- Mer- A língua das canções entoadas pelos lavradores na colheita
e da prece sussurrada pela herbalista ao caldeirão. A
gramática é infinitamente complexa, com possibilidades se
desdobrando de cada possibilidade — como uma árvore
YEW- (CURA) que se espalha em galhos cada vez menores. Não apenas
os verbos têm conjugações, mas também os artigos e
É a língua de curandeiros benfazejos, mas também de substantivos. Há tantas variáveis que, sorteando casos e
bruxas e feiticeiros. formas, é difícil montar uma frase errada ou inexistente.
Trata-se de uma floresta verbal que pode ser explorada por
A terminologia descreve o percurso da mana pelas vias toda uma vida sem nunca chegar ao fim.
orgânicas, de forma que a gramática Yew- transforma
corpos em mapas, pessoas em extensões complexas. O Na ordem dos 1d8 efeitos, considere:
sangue correndo em rios profundos, ossos quebrados
rasgando os vasos como cascalho. Para fora do que está 1D8 Palavra de efeito Efeito
vivo, tudo é pontual, sem interesse. 1 Greekr- Fazer brotar sementes
2 Greoik- Fazer plantas voltarem a ser sementes
Considere os efeitos mais prováveis desta bhamon. Na Alterar propriedade das plantas
ordem dos 1d8 efeitos, considere as sugestões: 3 Greart- (intensificar um veneno ou eliminá-lo,
por exemplo)
4 Greefl- Matar plantas
1D8 Palavra de efeito Efeito 5 Greast- Curar plantas e recuperar plantações
1 Yewekr- Curar alvo 6 Greort- Comandar plantas, animá-las com vida
2 Yewoik- Destruir cura (impede recuperação de 7 Grealk- Tornar plantas imunes, proteger plantas
sangue) 8 Grēq- Detectar, sentir ou perceber plantas
3 Yewart- Aumentar atributos
4 Yewefl- Enfraquecer, diminuir atributos
5 Yewast- Regenerar membros MER- (MORTE)
6 Yewort- Controlar músculos
7 Yewalk- Proteger contra dano físico A relação com a morte varia de acordo com a cultura, mas
8 Yewēq- Conhecer atributos, sangue ou doenças todas as civilizações possuem uma casta para lidar com os
mortos. Em alguns casos, os sacerdotes são levados em alta

23
 BESTAS & BRONZE
conta; em outros, os que praticam os ritos fúnebres estão
mais próximos dos coveiros.
A tribo nômade Sekir é o único grupo steigho que utiliza
uma língua mágica. Esses mestres de Mer- viajam pelas
cidades e a chegada de um desses bandos é um dos
fenômenos mais temidos de Weik. Lendas de como esse
grupo extrai e leva consigo as almas dos cemitérios correm
no folclore, e toda história de terror para assustar crianças
tem como protagonista um Sekir. O fato é que nada volta a
ser como era antes de sua chegada. São perseguidos e às
vezes contratados (nunca com moedas) para serviços tão
impronunciáveis quanto sua língua. Tudo sobre o idioma
Mer- é mistério e, sobre sua linguística, é melhor calar.
1D8 Palavra de efeito Efeito
1 Merekr- Causar dano, necrose, apodrecimento
2 Meroik- Ressuscitar os mortos (apenas enquanto
durar a magia)
3 Merart- Provocar doenças
4 Merefl- Curar doenças, prevenir a morte
5 Merast- Causar dano a mortos-vivos
6 Merort- Manipular os mortos (obedecem ordens
pela duração)
7 Meralk- Proteger contra o dano físico
8 Merēq- Detectar ou se comunicar com os
mortos ou espíritos
LEIBHAMON
1. Tam- (Domar; acalmar animais)
Poucos pastores e vaqueiros conseguem controlar a mana
necessária para dar a esta leibhamon um uso prático, mas
todo vaqueiro diz “Tam” várias vezes por dia a seus animais,
sem pensar. Apenas magos são corajosos o suficiente para
se submeter ao risco das swepnos, mas isso não impediu
que a palavra tenha se espalhado para o dialeto popular.
Pode-se aprender o encanto facilmente em qualquer região
rural do mundo.
Forma: Som; Volume: até 5 metros
A intensidade altera o tamanho e poder das bestas que
se podem acalmar. Sedar um dragão é mais difícil do que
acalmar um rato.
2. Kwhet- (Arruinar; rogar praga, causar doença)
Uma werdh de som horrível, como o arranhar de um gato
na garganta. Uma maldição usada por vizinhos em guerra,
famílias partidas, casais enlouquecidos de ciúmes. Muitos
aldeões conhecem histórias de despreparados que tentaram
mexer com o conhecimento oculto e provocaram a tragédia
– para os outros e para si próprio. Essa leibhamon pode ser
descoberta nas esquinas escuras do mundo e nas boticas
de videntes.
24
II BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS
Forma: Projétil; Volume: 5 metros
A intensidade altera a gravidade da doença infligida.
3. Ero- (Frutificar)
Em sociedades pastoris, é comum entoar cânticos em
agradecimento pelo ano que se encerra e para abençoar
a colheita que começa – cânticos iniciados com Ero-.
Sacerdotisas usam esta leibhamon para fazer galinhas
darem mais ovos e plantações, mais grãos; as árvores
produzirem mais frutos e as vacas, mais leite. Por ser uma
magia benfazeja, as advertências contra sua utilização
sempre se voltam contra o excesso, que pode provocar as
swepnos: algo no gênero de “não utilize o nome de Deus
em vão”; não fique dizendo Ero- tantas vezes, guarde para
ocasiões especiais.
Forma: Superfície; Volume: 20 metros
A intensidade altera a quantidade de frutos excedentes
produzidos e a velocidade em que surgem.
4. Beh- (Abençoar; protege o alvo contra espíritos)
Uma leibhamon exclusiva para sacerdotes. Se uma pessoa
comum tentasse abençoar outra de nível social semelhante,
soaria como arrogância. Apenas aqueles com procuração
dos deuses podem interceder pela proteção dos vivos contra
os mortos. Se o personagem não pertencer ao clero, ele
precisará de uma boa razão para convencer um sacerdote
a ensiná-lo essa leibhamon.
Forma: esfera; Volume: 7 metros
A intensidade altera a potência da proteção concedida. Se
forte o suficiente, é capaz de espantar os mortos vivos.
REBHAMON: AIV-
Tão logo a lâmina do inimigo deixa a carne, a ferida é
cicatrizada. Flechas atravessam alvos sem tirar uma gota
de sangue. É possível se beneficiar da cura para além do
dano causado pelo inimigo.
Exemplo: O personagem já foi ferido antes, de forma que
agora tem apenas 5 pontos de sangue. Ele será atacado
por um inimigo armado de adaga (1d4 de dano). Ele
decide usar a rebhamon Aiv associada à werdh -id (8).
A palavra mágica é Aivid. O atacante rola o dano e tira
3. O conjurador termina sua rodada de defesa melhor do
que a começou: Tem 5 pontos de sangue, perde 3 indo à
2 momentaneamente, mas cura 8 e encerra a rodada de
defesa com 10 pontos de sangue.
BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS II BESTAS & BRONZE

tey-, waluh-
Eykalnos (Poder) possuir, ter, poder, sobrepujar.

— Já houve ocasião para tal palavra:
o amanhã, o amanhã, o amanhã
vem rastejando dia a dia até chegar
à última sílaba do livro da memória.
E nossa história deixa clara aos tolos
a estrada até uma morte empoeirada.
(Entra um mensageiro.)
Vens para usar a língua; fala logo.
Macbeth, ato 5, cena 5
A burocracia do estado, os exércitos, os impostos e uma
multidão de escravos permitiram o surgimento de uma
classe aparentemente inútil para fins práticos. Os filósofos
e artistas, entretanto, são um luxo que nenhuma civilização
organizada dispensa e que os steighō invejam.
Dentro de um bando nômade, todos vivem no mesmo tipo
de cabana e usam as mesmas roupas – o que os identifica
são apenas seus nomes e adereços. Mais ainda: para os
olhos destreinados, todos os bandos steighō parecem
iguais, apesar de alguns estarem em guerra há gerações e
nutrir um ódio mútuo profundo.
eyk: ter | waluh: poder, valor, will, válido, gelten
As línguas da família Eykalnos são as usadas pelos
artistas: os malditos esfomeados, e os patrocinados pela
nobreza. Os filósofos: aqueles que fazem ruir civilizações
ao desestruturar suas crenças, e os que produzem novas
ideias para aglutinar um povo.
As relações das sociedades com seus falantes de Eykalnos
varia muito. Em algumas cidades-estado, como as da cultura
Phunes, os artistas estão intimamente integrados, pintando
os corpos dos guerreiros antes da guerra e cantando as
glórias da conquista. Em outras, como Domuwel, vivem
do mecenato, frequentando os palácios. Em Lundene, a
cidade mais populosa de Weik, os artistas são praticamente
pedintes, bardos vagabundos, incompetentes para o
comércio e a vida prática.
Entretanto, um povo se destaca na devoção ao estudo da
magia: os Bhulak. Como eram os muçulmanos em suas
madraças na idade média, os Bhulak constroem torres
devotadas às bibliotecas, ao estudo dos astros e das
escrituras. Todo sábio isolado em sua torre é um filósofo
fundamental.

Para os povos que passaram pelo despertar –

Eger – a identidade não é uma crença: ela é o
centro de suas existências. Pelo fato de que
os filósofos estudam a própria construção
das linguagens e do conhecimento (a
absorção do nêbris), se acredita que
essa tenha sido a canção secreta
que atraiu a humanidade para
a mudança em seus modos
de vida. O fruto proibido
do conhecimento. A
promessa de poder:
Eykalnos.

25
 BESTAS & BRONZE II BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS

As línguas das famílias Eykalnos são, de longe, as mais 1D8 Palavra de efeito Efeito
incompreensíveis para os não-falantes e aquelas cujo 1 Wikekr- Criar sorte (confere bônus em testes de
aprendizado é mais laborioso. Uma arte em si só, o próprio atributo, por exemplo)
discurso é caprichoso, com risco de erros e variações 2 Wikoik- Criar azar (confere penalidade em
perigosas mesmo para aqueles que o praticam há anos. testes de atributo, por exemplo)
3 Wikart- Determinar resultado de eventos
Pela dificuldade de se tornar um mestre dessas línguas, aleatórios como o rolar de um dado
a maior parte dos falantes busca educação em escolas 4 Wikefl- Criar acidente, produzindo imprevistos
de belas artes ou a mentoria de um filósofo consagrado. no que é certo (como criar falha crítica)
Alguns afundam por anos nas bibliotecas em pesquisa das 5 Wikast- Curar maldições;
epopéias antigas; outros, buscam bardos em toda taverna 6 Wikort- Amplificar magias
do continente para reunir suas composições. 7 Wikalk- Reduzir magias
8 Wikēq- Adivinhar futuro como vidente,
Esse grupo forma uma espécie de seita, no sentido de cartomante ou profeta
que é fechado à comunidade geral. Espere encontrar o
conhecimento da Eykalnos em livros, academias e cortes,
mas também no cancioneiro e folclore popular: alguns dos WEG- (ENERGIA)
mais poderosos magos se parecem com mendigos e vivem
de esmolas, como Diógenes de Sinope em seu barril. Por excelência, é a língua dos filósofos, ideal para descrever
o conhecimento sobre o próprio conhecimento. Como o
Os estigmas associados às swepnos são, de longe, os mais conceito de conhecimento é justamente magia (aquilo que
graves aqui. A loucura está sempre a um passo de distância. doma o caos e impõe ordem à natureza), falar em Weg-
É o abismo que encara de volta, o consumo da própria significa fazer magias que tratam de magias.
vitalidade na perseguição de uma ideia, a obsessão pela
produção da maior obra já vista. Os sintomas da doença É um idioma de termos tão específicos e de uso tão estrito
são os mesmos, mas a segregação de um artista esfomeado que qualquer erro significa catástrofe. É uma língua árida,
está sempre mais próxima do que a de um nobre. que não permite generalizações, analogias, comparações ou
atalhos. Tudo é o que é — e as coisas em Weg- são descritas
Essas são as bhamon mais comuns da família Eykalnos: em exaustivos detalhes. Sistemático, duro, completo, ideal,
chato e difícil.

Wik- Weg- Ken- Foram os filósofos de Woikos, falantes de Weg-, quem

iniciaram a revolta na cidade contra todas as bhamon. Não
apenas seu fracasso é perigoso, mas também cada um de
WIK- (CHANCE) seus sucessos abala as fundações da própria realidade. Se
alguém deseja cortar o estudo do nêbris pela raiz, enforcar
os filósofos de Weg- é um primeiro passo.
A língua do caos. É a representação do nêbris em palavras,
a ordenação da entropia. Falar Wik- é menos uma tentativa Na ordem dos 1d8 efeitos, trata-se de:
de fazer o acaso se dobrar ao seu favor (pois o sábio entende
que o andar do bêbado é indomável) e mais a experiência 1D8 Palavra de efeito Efeito
de compreender as forças que agem no mundo e aproveitar 1 Wegekr- Criar pura energia, causando dano
seu resultado. Por ser a língua que descreve o caos — nêbris 2 Wegoik- Destruir energia, causando perda de
— este idioma tem ainda um aspecto mágico, que lida mana
diretamente com a própria mana. Moldar mana, solidificando-a como
3 Wegart- escultura (o contato com despreparados
É a língua daquele que descreve com clareza a multitude causa dano)
de forças antagônicas do mundo. Desta forma, o próprio 4 Wegefl- Tornar mana inofensiva, enfraquecendo
idioma trouxe para dentro de si todo tipo de paradoxo. e desabilitando magias
A regra é que toda oração tem múltiplos sujeitos, verbos, 5 Wegast- Restaurar mana aos magos
advérbios, complementos e todos eles discordam entre si — 6 Wegort- Controlar mana, desviando feitiços, por
mas discordam de uma forma muito específica, conhecida exemplo
apenas por aqueles que praticaram longamente para errar. 7 Wegalk- Proteger contra feitiços
8 Wegēq- Conhecer mana de um alvo e pressentir
Na ordem dos 1d8 efeitos, trata-se de: fontes de nêbris

26
BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS
KEN- (TEMPO)
Esta bhamon é capaz de descrever a organização e a
desorganização das coisas. É um idioma especializado na
reconstrução e decomposição dos elementos do discurso:
com ele, o mago pode reordenar um ovo que foi espatifado
ou avançar o ovo íntegro para o momento quando estiver
despedaçado. Trata-se da reordenação intelectual do
percurso de cada parte da gramática mágica.
Ken- é uma linguagem que se aproxima muito da
matemática. Seus falantes encontram maneiras de mover
elementos gramaticais em função do tempo e calcular
todas as possíveis variáveis. Com um pouco de mana, são
capazes de destruir aquilo que já foi e construir o que ainda
não veio a ser.
Não há mana suficiente dentro de mago algum para fazer
todo o mundo regredir no tempo. O resultado das ações
transcorridas não pode ser alterado. Estes magos podem
apenas fazer alvos se moverem em relação ao tempo.
1D8 Palavra de efeito Efeito
1 Kenekr- Rejuvenescer
2 Kenoik- Envelhecer
3 Kenart- Acelerar (conceder mais ações por
rodada, por exemplo)
4 Kenefl- Retardar (fazer alvos perderem ações,
ficando paralisados no tempo)
Restaurar (capaz de curar ferimentos,
5 Kenast- reconstruindo um momento quando o
corpo do alvo ainda não havia se ferido)
Decompor (levando corpos e objetos
6 Kenort- ao inclemente futuro, pode-se causar
dano)
Proteger contra a passagem do tempo
7 Kenalk- (não apenas envelhecimento, mas o
sangramento e as chamas deixam de
causar dano por rodada)
8 Kenēq- Ver acontecimentos passados e
possibilidades de desdobramento futuro
LEIBHAMON
1. Klan- (Quebrar; causa dano a objetos)
Esta leibhamon é inútil contra adversários, suas armas
e armaduras, animais, muralhas, ou qualquer coisa
resistente. Pode apenas partir pequenos objetos, apodrecer
tábuas de madeira, tornar escorregadias as rochas. É tão
sutil que se tornou um favorito daqueles que preferem não
ser associados à magia. É a palavra favorita dos bardos
de Lundene, que se tornaram célebres por combater com o
improvável ao seu lado — um lustre que se desprende do
teto e cai na cabeça do oponente é mais poderoso do que
qualquer espada.
27
II BESTAS & BRONZE
Forma: Projétil; Volume: 0,5 metros
A intensidade altera o dano causado aos objetos.
2. Dey- (Luz; cria luz)
Capaz de iluminar um ambiente com o fraco brilho de
uma pequena vela, mas também de incendiar a noite
com o clarão do dia. Esse é o último recurso daqueles que
precisam desesperadamente enxergar. Poucos se arriscam
a contrair as swepnos por apenas um segundo de aurora.
Forma: Esfera; Volume: 20 metros
A intensidade altera a claridade do brilho.
3. Derk- (Prever; aumenta os reflexos)
Um sexto sentido, um pressentimento passageiro, um déjà
vu prestes a se realizar. Diz-se que alguns magos de Bhulak
são tão poderosos que conseguem ter essa leibhamon ativa
a todo momento, de forma que desenvolvem consciência
perpétua de todos seus arredores.
Forma: Superfície; Volume: 2 metros
A intensidade altera a quantidade de bônus concedidos.
REBHAMON: EY-
Magos de Eykalnos criam empecilhos entre as lâminas
e aqueles que desejam proteger. Os magos fluentes na
bhamon Wik- (chance) parecem abençoados com a sorte,
de forma que as flechas nunca os encontram; os falantes da
bhamon Weg- (energia) criam escudos brilhantes a partir
do nada; os de Ken- (tempo) parecem rápidos demais para
se atingir por meios normais.
Ey- é a única rebhamon que, além de bloquear dano
direcionado ao próprio conjurador, pode ser usada para
proteger outros alvos. No turno de defesa do grupo de
jogadores, um conjurador de Eykalnos que não esteja
sendo atacado ou que aceite receber seu ataque sem tentar
se esquivar, bloquear ou contra-atacar, pode gastar sua
ação de defesa para beneficiar um aliado. Nesse caso, Ey-
deve incluir a sílaba de forma -a- (Projétil). É necessário,
portanto, que o alvo esteja dentro do raio de alcance da
forma projétil, igual ao valor da sapiência do conjurador
em metros.
Exemplo: Se um aliado será atingido por um machado que
causará 8 de dano, o conjurador de Eykalnos pode salvá-
lo, mesmo se estiver a alguns metros de distância. Basta
que diga Eyaid.
 BESTAS & BRONZE
Mnāmen (Mente)
Estamos dormindo. Nossa vida é um sonho.
Mas às vezes acordamos, apenas o suficiente para saber
que estamos sonhando.
Ludwig Wittgenstein.
Não existe atividade mais envolvente e extenuante do que a
política. Com milhares de concorrentes ao trono, o monarca
que não trabalhar 24 horas por dia perderá o poder para
aquele que trabalha. Neste princípio da humanidade, não
apenas a coroa está em jogo, mas também a cabeça que a
carrega — bem como as cabeças de toda a família e amigos
do decapitado (ninguém quer ser incomodado por “herdeiros
legítimos” no futuro).
Mnāmen não é apenas a família de línguas que descrevem
a atividade de comandar; são também as bhamon em que
se conversa sobre o futuro dos comuns. Entre as centenas de
ingredientes que fazem um líder, talvez a mais importante seja
a autoridade de convencer populações a matar e morrer por
causas tão imaginárias quanto fronteiras em um mapa. Tal
autoridade só pode ser comandada em uma forma de falar
muito específica. É a língua do discurso cativante e da
identificação social. É a emoção desincorporada
da razão, é a racionalização das atitudes
impensadas, é a ação narrada.
28
II BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS
men-, mnā-
mente.
memória, mentor, reminiscência, mana
Os falantes das bhamon Mnāmen são principalmente a
aristocracia, os nobres, os conspiradores, os conselheiros do rei,
o próprio rei e seus súditos imediatos. São pessoas experientes
na detecção das pequenas imprecisões do discurso que trazem
uma mentira. São os dissimulados, dispostos a oferecer um
ombro amigo para que seus inimigos chorem, apenas para
lhes colher as aflições. São aqueles que sabem comandar
enquanto parecem estar apenas pedindo, e os que conseguem
apresentar seus pedidos como a única opção.
Em todas as sociedades, os falantes de Mnāmen são superiores.
Às vezes, esses indivíduos caem em desgraça, são exilados de
suas cidades ou fogem para preservar a vida. Mas, se não
forem mortos, logo sobem novamente, às custas dos demais.
Em geral, são bhamoi talhados para a vida em sociedade e
raramente prosperam nas hostis selvas e pântanos de Weik.
Nessa classe de cidadão, as swepnos são escondidas a todo
custo. Esse sinal de degeneração é uma
evidência de que o bhamoi tentou com
ganância demais impor sua vontade aos
seus pares. Caso detectada, a swepnos de
um nobre é apontada como prova de que
o indivíduo é pouco confiável e provoca
a perda do status social, que, no fim
das contas, é a moeda corrente neste
grupo.
BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS II BESTAS & BRONZE

Em algumas cidades-estado, como as da cultura Phunes, os 1D8 Palavra de efeito Efeito

políticos são menos palacianos e palavrosos, mas ainda assim Dar ordens (a werdh de intensidade
fazem política. Nas reuniões dos líderes dos clãs Phunes, se 1 Galekr- altera a resistência ao comando – “vá
grita bravatas, intimidações e desafios nas línguas Mnāmen. embora” é um comando mais simples
Em Arkeut, onde quem manda são matriarcas de viés pacifista do que “pule do precipício”)
e conciliador, também existe a intriga – ela apenas ocorre 2 Galoik- Destruir motivação (oponentes hostis
debaixo dos panos. Em Teusqa, deserto pontilhado por cidades são acalmados, por exemplo)
provisórias das tendas dos teusqans, a política é tão móvel 3 Galart- Ampliar motivação (alvos se tornam
quanto o povo, e suas caravanas deixam um rastro de intriga cegos em seu propósito)
muito mais duradouro do que seus rastros na areia. Persuadir ou mentir (reduz perspicácia,
tornando alvo ingênuo. Permite que
Via de regra, os falantes dessas bhamon são os bem-nascidos. 4 Galefl- ideias sejam plantadas na mente do
É improvável que um comum se torne um nobre, mas não alvo. Se bem sucedido, o alvo raramente
impossível. O povo Teusqan possui um sistema que permite percebe que foi vítima de uma magia);
eleger por apenas uma estação o caravanaçal que liderará o 5 Galast- Restaurar julgamento (aumenta
grupo pelo deserto; e, por apenas três meses, ele vive cercado perspicácia, tornando alvo cético;
de tanto luxo quanto um semideus. Em outras culturas, como Criar ilusão (a werdh de intensidade
Domuwel, o casamento é uma ferramenta para ascensão social. agrega elementos como sons, cheiros
Na metrópole Lundene, as origens dos líderes não importam – 6 Galort- e tato às miragens produzidas. Iludir
mas quem quer mandar em um lugar como aquele? uma multidão exige intensidades
maiores do que um único alvo)
A única civilização em que o ensino das línguas Mnāmen é Elevar o pensamento (protege a
incentivado é a de Belgntom. Não para fomentar a atividade 7 Galalk- consciência, de forma que o alvo não
política, mas porque Belgntom possui a famosa escola de revela informações sob tortura. Livra o
espiões e cortesãs. Essa nação mercante só consegue tirar alvo de controle mental e de ilusões)
proveito de todas as guerras e pazes por meio do conhecimento 8 Galēq- Ler pensamentos
absoluto das articulações políticas em outras nações. Seus
espiões e cortesãs se reportam à rainha, que está por trás de
tramas políticas inimagináveis. Se precisamos apontar uma PREK- (MANIPULAR)
civilização em que a Mnāmen é mais fraca, certamente seria
a de Bhulak. Os magos determinam seus líderes por critérios Esta é a língua usada para manipulação de objetos
tão arcanos que se assemelham a um sorteio, em ali há muito inanimados. Magias neste idioma podem conferir consciência
pouca negociação envolvida. para estátuas, tornar fechaduras caprichosas como se tivessem
vontade própria, animar tudo que é mundano como marionete.
Essas são as bhamon mais comuns da família Mnāmen:
O idioma soa como o girar das engrenagens. Ouvir um diálogo
Prek ̂- Gal- entre falantes de Prêk- é como escutar as pedras do moinho
triturando palavras. Girando em seus eixos etéreos, as frases
torturam a consciência das pessoas, mas ressoam fundo no
GAL- (ORDEM) metal. Tudo que é inanimado reverbera em harmonia ao redor.

É a língua em que líderes rogam ao seu povo, e o idioma em Sugestões de interação com os 1d8 efeitos:
que superam as defesas daquele que ouve. Falar em Gal- é
imprimir sua vontade sobre a dos outros. O alvo pode ou não 1D8 Palavra de efeito Efeito
saber que está sendo vítima de uma magia, e pode ou não 1 Prek ê kr- Ativar dispositivos e mecanismos feitos pelo
resistir a ela. Esta bhamon é inútil contra animais, bestas e homem
todos os seres por demais primitivos ou sem linguagem. 2 Prek ô ik- Travar dispositivos e mecanismos feitos pelo
homem
Sendo uma língua falada pelo círculo dos líderes, é 3 Prek â rt- Ampliar funcionamento
incompreendida pelos comuns; mas soa como se fosse familiar. Sabotar mecanismos (tiros saem pela culatra,
Seu som flui como mel. Sua temperatura é morna. Sua traição 4 Prek ê fl- bombas estouram quando o conjurador
é sempre uma surpresa. Menos do que não compreender o deseja, rodas se partem)
idioma Gal-, os ouvintes o compreendem errado: acham que 5 Prek â st- Consertar e restaurar objetos e mecanismos
estão sendo confortados por palavras de veneno. Conceder vida a objetos (a werdh de
6 Prek ô rt- intensidade determina se aquilo que foi
Na ordem dos 1d8 efeitos, considere as sugestões: animado obedecerá a seu mestre)
7 Prek â lk- Tornar inanimado (por tempo limitado, pessoas
podem se tornar manequins sem vida)
8 Prek ē̂ q- Localizar objetos e conhecer suas
propriedades

29
 BESTAS & BRONZE II BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS

LEIBHAMON
Não há leibhamons conhecidas. Mnāmen é a família de línguas
criada para negociar com pessoas em situações específicas,
portanto, os clichês e feitiços recorrentes são rapidamente
reconhecidos e anulados. Estas são, afinal, línguas voltadas
para perfurar defesas de outros magos, e esta atividade não
tolera o previsível.

REBHAMON: MNA-
Os inimigos se tornam erráticos, relutantes, confusos e
indecisos. A potência deixa seus machados, dando lugar à
dúvida. Ao utilizar essa rebhamon, magos falantes de línguas
Mnāmen conseguem usar a hesitação de seus oponentes para
redirecionar o dano bloqueado sobressalente para outros alvos.
Por isso, magos de Mnāmen às vezes se deixam ser atingidos.
Todo excesso de dano bloqueado pode ser direcionado para
um alvo dentro do alcance.

Exemplo: O conjurador será atingido por uma espada

longa (1d8 de dano). Ele decide arriscar a rebhamon
Mna associada à werdh de intensidade -ro (7). A palavra
mágica é Mnaro. O atacante rola o dano e tira 4. Todo o
dano é bloqueado e os 3 pontos de bloqueio excedentes (4 -
7 = -3) podem ser direcionados em dano a outro oponente.
Desta forma, o atacante pode ferir seu próprio parceiro, se
estiver dentro do alcance.

30
BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS
Gen (Criação)
“Todo ato de criação é, antes de tudo, um ato de destruição”
Pablo Picasso
É hora de falar da multidão dos descartáveis que sustenta toda
estrutura social recém-criada. Escravos, servos, funcionários
do estado, trabalhadores liberais, lavradores, mineiros e
pedreiros – eles têm seus magos também. Sua imensa maioria
não sabe ler ou escrever, mas por sua quantidade inumerável
e por sua onipresença no tecido social, são os trabalhadores
que têm mais intimidade com a nova forma de conhecimento.
Os comuns operam o destino dos impérios, e serão os maiores
afetados por suas quedas.
Gen é a família de bhamon em que se fala sobre a matéria,
aquilo que está em contato com a maior parte das populações.
São idiomas em que se fala sobre a prática das tarefas
cotidianas. São línguas mais concretas e menos abstratas do
que as demais famílias linguísticas; são mais instrumentais e
menos simbólicas; mais narrativas e menos dissertativas.
ǵenh₁-
gerar
Genitus, gnascer, engenho, germe, gerar
Os falantes das bhamon Gen são os trabalhadores corajosos o
bastante para lidar com o risco das swepnos. São pessoas que
não receberam treinamento formal para se tornar magos, mas
que aprenderam com mentores, antepassados ou com as ruas.
As línguas desta família são uma ferramenta para aliviar o
fardo do dia-a-dia.
31
II BESTAS & BRONZE
Estes comuns perceberam que estavam na fila para o
esquecimento da história, e se rebelaram contra seu pobre
quinhão. Em uma demonstração de bravura e de capacidade,
escolheram ser mais do que lhes era esperado e comandar
seu próprio destino. Os falantes de Gen são variados: alguns
sentem-se parte de uma classe de explorados; outros, se julgam
a exceção dessa casta. Alguns sentem ódio pela alta sociedade,
outros sentem inveja e querem integrá-la. Alguns sentem que
lhe devem; outros sentem-se afortunados, já tendo ganhado
mais do que era possível para um trabalhador comum. Esses
comuns podem estar pobres ou estar milionários, mas não são
uma coisa ou outra.
De forma paradoxal, essa classe dos escravos é mais livre do
que a dos nobres — enquanto os aristocratas estão presos à
sua relação com o poder, dependendo do rei ou pelo menos da
existência de um estado — os falantes de Gen detém o poder
da criação e podem começar uma nova vida caso este império
caia. É impossível tirar deles a magia para criar, moldar,
esculpir e transformar.
Aqui, a swepnos é apenas mais um contratempo entre
tantos. Não há estigma com que não saibam lidar – qualquer
transtorno é apenas outro transtorno em uma existência cheia
de adversidades. Para os comuns que sofrem da swepnos é
possível rir da da vida e frequentar tavernas onde levar as
dores à sério é motivo de piada. Não há estrato mais baixo: é a
última classe. Como o criminoso que perde o medo da prisão
após algumas detenções, o escravo não teme a segregação
social pela alta sociedade ao portar a swepnos, pois nunca
nutriu esperanças de ascender.
Algumas civilizações, como Domuwel, têm 50% da população
escravizada. Ali, o uso da magia é cotidiano. Nas pedreiras,
magos fluentes em Ekm- lançam feitiços para amaciar as rochas
de modo tão profissional quanto operadores de guindaste.
Em Moljia, grande parte da população vive da pesca. Neste
cenário, possuir um mago navegador que comande as águas
é uma questão vital, e muitos donos de navios têm relações de
profunda amizade com o bhamoi empregado.
 BESTAS & BRONZE II BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS

Apesar de os escravos não terem determinação sobre a LEIBHAMON

política, em cidades como Domuwel, Moljia e Bhulak, a vida
dos escravos é ao menos digna. Em outras culturas, como a dos
bárbaros de Phunes, a escravidão é violenta e degradante. Nas
vilas Phunes, nas montanhas Pérkun, há uma tensão estática
no ar. Uma guerra premente está sempre prestes a estourar –
senhores e escravizados medem forças o tempo todo e, caso
um vacile, o outro terá suas palavras mágicas prontas.
Há ainda aquelas civilizações sem escravidão alguma. Nos
territórios Arkeut e Teusqa, o trabalho é feito por servos,
fazendeiros e artesãos livres. Nestes casos, o uso da magia
é igualmente livre. Entretanto, sem a pressão do chicote, a
ascensão social é uma possibilidade. Projetando a possibilidade
de melhorar de vida, os comuns preferem não usar magia
(comuns preferem evitar o estigma da swepnos para poder
algum dia se encaixar nas classes altas). Entretanto, eles
conhecem as palavras mágicas — em caso de guerra ou geada
prolongada, a arma está sempre carregada.
Sendo as ferramentas dos pobres, não há barreiras de entrada
que impeçam o aprendizado das línguas Gen. Mesmo os
ricos possuem servos em suas propriedades que podem lhes
ensinar a dobrar os elementos. Não existem templos ou locais
apropriados para aprender, nem mesmo runas sagradas.
Basta prática e disposição. Alguns servos se reúnem ao fim da
jornada de trabalho para estudar e pesquisar o arcano; outros
praticam em silêncio enquanto percorrem os túneis da mina
de carvão.
1. Maluhk- (Fogueira; inflama a madeira)
Há quem diga que esta foi a primeira werdh, o deslumbramento
original da primeira descoberta significativa. No vernáculo,
a palavra se tornou um sinônimo de conforto, abrigo. Seu
significado original é a fogueira, o ato de inflamar a palha
e a lenha. Os nômades solitários que aceitam as facilidades
da magia usam essa leibhamon todos os dias, ao montar
acampamento. No entanto, quando associada a werdh de
intensidades altas demais, essa palavra pode se transformar
em uma sentença de morte.
Forma: Projétil; Volume: 0,5 metros
A intensidade altera o dano causado pelas chamas (a
estruturas ou pessoas).
2. Saya- (Luz indireta; protege contra o sol)
Sem essa leibhamon, a vida em Teusqa seria mais difícil,
talvez impossível. Os filólosofos de Bhulak contam que o
termo nasceu entre os primeiros escravos forçados a cruzar o
deserto para trabalhar nas minas de sal. Saya- é uma sílaba
dos viajantes, dos teusqians, e dos que trabalham sob o sol.
Seu efeito ameniza o calor, protegendo contra a sede. Em
geral, Saya- não protege contra o fogo, mas intensidades altas
poderiam amenizar queimaduras.

Essas são as bhamon mais comuns da família Gen: Forma: Superfície; Volume: 1 metro

A intensidade altera a quantidade de proteção.

Fle- Gel- Ven- Ekm-
3. Skeir- (Límpido; purificar água)
Fle- significa Fogo. Gel- significa Gelo. Ven- significa Ar. Ekm-
significa Rocha. Para todos esses, respectivamente, considere Em grandes cidades, escravos palacianos são obrigados a
efeitos similares. aprender Skeir- para proteger seus senhores contra tentativas
de envenenamento. Essa leibhamon também se popularizou
Na ordem dos 1d8 efeitos, considere as sugestões da tabela: entre os habitantes do pântano, que purificam a água pútrida

1D8 Fle- Gel- Ven- Ekm- Efeito

1 Fleekr- Gelekr- Venekr- Ekmekr- Criar fogo/ gelo/ ar/ pedra
2 Fleoik- Geloik- Venoik- Ekmoik- Esfriar/ esquentar/ provocar vácuo/ pulverizar rocha
3 Fleart- Gelart- Venart- Ekmart- Esquentar/ esfriar/ tornar leve/ tornar pesado
4 Fleefl- Gelefl- Venefl- Ekmefl- Criar explosão a partir de chamas / desidratar (sublimar)/ tornar pesado/ tornar leve
5 Fleast- Gelast- Venast- Ekmast- Esculpir fogo/ gelo/ ar/ pedra
-Anti chama: “fogo gelado” que esfria em vez de esquentar, escurece em vez de
iluminar, e se alastra pelos mesmos materiais que a chama normal/
-Antigelo: congelamento quente, se propaga pelos mesmos meios que o gelo normal,
tornando outras fontes de água antigelo/
6 Fleort- Gelort- Venort- Ekmort- -Antiar: dispensa necessidade do ar, permitindo passar longos períodos debaixo da
água, protegendo contra gases e sufocamento/
-Antirocha: Substância de aparência rochosa mas que corrói como ácido qualquer
matéria natural com que entre em contato (não afeta o vidro, por exemplo, mas afeta
armaduras de metal e paredes de barro)
7 Flealk- Gelalk- Venalk- Ekmalk- Blindar alvos contra efeitos dos respectivos elementos
8 Fleēq- Gelēq- Venēq- Ekmēq- Mapear fontes e estrutura dos elementos circundantes

32
BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS II BESTAS & BRONZE

em quantidades suficientes para abastecer pequenos vilarejos 7. Twak- (Esconder; camuflar-se junto ao lodo ou
flutuantes. rocha)

Forma: Projétil; Volume: 0,5 metros
A intensidade altera a quantidade de água purificada.
4. Amez-/ Mez- (Afundar/Flutuar; faz com que alvo
flutue ou afunde)
A favorita dos marinheiros de Gen é a versátil (A)Mez-. Essa
leibhamon já salvou muitos marujos (e senhores) da morte por
afogamento. Mas basta mudar uma letra, que a bóia pode se
transformar em uma âncora, empurrando o corpo para o fundo
do mar como se fosse um pedregulho. Há também anedotas
de acidentes, bhamoi bem-intencionados que condenaram
aqueles que deveriam salvar, simplesmente por confundir as
duas leibhamon. Lembre-se! Amez- é afundar, Mez- é flutuar.
Se estiver na dúvida, recorra ao ditado dos moljānos: “No mar,
Mez- é proteção. Mais um A, e você vai ao chão”.
Forma: Esfera; Volume: 2 metros
A intensidade altera o peso máximo que irá afundar/flutuar.
5. Tāy- (Segredo; Envia mensagem pelo vento)
Essa leibhamon está associada ao banditismo. Especialmente
nas estradas que cruzam as regiões selvagens de Weik, os
assaltos são corriqueiros. Todos os dias, incontáveis viajantes
são vilipendiados, mortos e deixados ao relento. Muitos
desses assaltos são precedidos do uso de Twak-, a leibhamon
dos assaltantes. Os amadores apenas se escondem quando
submersos no brejo, mas assassinos lendários são capazes de
desaparecer contra a rocha a olhos vistos.
Forma: Superfície; Volume: 1 metro
A intensidade representa a dificuldade no teste de prontidão
necessário para avistar o usuário da leibhamon.
Strūp- (Rígido; aumenta a dureza de um objeto)
A civilização trouxe consigo o desafio da engenharia. Para um
Stheigō, o cajado é bastante. Muralhas, pedreiras, bronze, cobre
e ferro exigem ferramentas mais resistentes. Strūp- é a werdh
que fortalece o martelo do ferreiro, a corda do pescador, a obra
do artesão. Por isso, é uma das leibhamon mais usadas em
Weik, servindo ao ferreiro que busca uma vantagem comercial
e ao guerreiro que precisa de um escudo mais resistente.

Sob os olhos dos senhores, os escravos conversam por meio Forma: Esfera; Volume: 0,5 metros
de sussurros. Conversas casuais e sinais de bom-humor são
punidos pelo estalar do chicote. Assim, os escravos aprenderam A intensidade altera a dureza final do objeto.
a se comunicar com menos que olhares. Nas pedreiras
de escravos, suspiros ritmados e sopros despretensiosos
carregam a palavra da revolta, o chamado à luta, e a promessa
de liberdade. A leibhamon Tay- antecede cada pequena
mensagem sussurrada que contorna os ouvidos do feitor e
chega secretamente ao aliado.

Forma: Projétil; Volume: 20 metros

A intensidade altera o tamanho da mensagem.

6. Sen- (Persistir, alvo permanece longos períodos sem

respirar)

“Sen”, dizem os resignados na intenção de consolar alguém em

dificuldade. Essa expressão pode ser, dependendo do falante,
símbolo de mansidão ou resistência. É um consolo nas horas
difíceis, tão automático quanto dizer “saúde” quando se ouve
um espirro. Na boca dos bhamoi, essa leibhamon tem um
sentido mais literal, permitindo que alvos permaneçam longos
períodos sem respirar. Respirar voluntariamente ainda é uma
possibilidade, por isso o alvo deve aceitar o feitiço de boa
vontade para que seja efetivo.

Forma: Projétil; Volume: 1 metro

A intensidade altera o período de tempo sem respirar.

33
 BESTAS & BRONZE
Tem- e Leuk-
Tem- e Leuk- não são idiomas como os demais. Enquanto
as bhamon tradicionais são linguagens aprendidas e usadas
em um contexto social para organizar e expressar o mundo
ao redor, Tem- e Leuk- vêm de dentro. Algumas culturas
acreditam que todos já nascemos sabendo falá-las, outras, que
o domínio sobre Tem- e Leuk- vem do contato com o hediondo
e o divino, respectivamente.
Essas línguas não seguem estruturas gramaticais ou usam
fonemas desta parte do mundo. Não podem ser compreendidas
ou ensinadas. Mas não há em Weik quem não reconheça
seus sons – que se aproximam hora do ruído cósmico e
hora do grasnado bestial. Um professor de Tem- seria visto
como a própria morte encarnada e caçado até os confins do
continente. Um mestre de Leuk- seria considerado um santo.
Mas nenhuma das duas figuras até hoje surgiu.
*temHos-
Escuridão
Trevas, tenebra, termenus, término
No momento da loucura final, um minuto antes de ser
consumido pela swepnos, os bhamoi têm uma revelação
sublime. Aqueles que conseguem se equilibrar no fio da navalha
sobre o precipício da loucura aprendem a se comunicar na
linguagem do próprio abismo. Neste ponto, o mago está mais
morto do que vivo. Seu corpo o abandonou, sua voz é apenas
um sussurro, seus sentidos o enganam. Mas a recompensa é
tão grande que bhamoi destemidos se submetem à experiência
de abraçar a escuridão para aprender a bhamon Tem-.
Tem- é automaticamente aprendida quando um personagem
chega a 1 no atributo lucidez. Neste ponto, qualquer gasto
exagerado de mana ocasiona a gota d’água na swepnos
transbordante. Qualquer perda adicional de lucidez provoca o
enlouquecimento completo do mago.
Na ordem dos 1d8 efeitos, essa bhamon é capaz de:
1D8 Palavra de efeito Efeito
Criar escuridão. Tratam-se de sombras
1 Temekr- sobrenaturais que apagam tochas e
ofuscam o sol
2 Temoik- Consumir com as trevas, provocando
dano crítico
3 Temart- Criar objetos de sombra materializada
4 Temefl- Causar swepnos
5 Temast- Curar com trevas (os pontos de sangue se
vão quando o alvo for iluminado)
6 Temort- Animar as sombras, produzindo ilusões
ou criaturas de trevas
7 Temalk- Transformar em sombras (útil para tornar
alvos furtivos ou imunes a dano físico)
8 Temēq- Permitir que alvos enxerguem na
escuridão e se tornem cegos para a luz.
34
II BHAMON - LÍNGUAS MÁGICAS
*Leuk-
Luz
Luz, branco, leuco, luce
De forma análoga, os bhamoi que se afastam tanto quanto
possível da degeneração trazida pela swepnos relatam
experimentar a plenitude. Esses magos estão purgados
do ruído da insanidade, e encontram na paz deste silêncio
uma nova língua. Teólogos de Woikos dizem se tratar da
língua original, a dádiva de Leucothea (deusa da luz) para
aqueles que conhecem o poder da magia mas nunca se
atrevem a usá-la.
Leuk- é automaticamente aprendida quando um
personagem chega a 20 no atributo lucidez. Entretanto,
a língua se perde para o mago caso ele se deixe levar,
gastando mais mana do que possui e regredindo a 19 ou
menos no atributo lucidez. Se isso ocorrer, o personagem
esquece tudo que já soube sobre o idioma Leuk-.
Na ordem dos 1d8 efeitos, essa bhamon é capaz de:
1D8 Palavra de efeito Efeito
1 Leukekr- Criar luz intensa, capaz de provocar dano
Consumir as trevas, curando swepnos
2 Leukoik- (não eleva a Lucidez, apenas remove
efeitos negativos da swepnos)
3 Leukart- Criar objetos de luz materializada
4 Leukefl- Remover maldições
5 Leukast- Curar alvos sob a luz
6 Leukort- Manipular a luz, criando ilusões
7 Leukalk- Tornar invisível
Sentir aquilo que a luz toca (útil para
8 Leukēq- reconhecer passagens secretas, objetos e
alvos invisíveis)
Regra de ouro
A interpretação é o guia da linguagem. O jogador deve
expressar suas intenções e o mestre deve conferir as werdh
utilizadas para interpretar o efeito final. As tabelas acima
não são as únicas alternativas para encontrar o resultado
dos feitiços.
É esperado que os jogadores testem os limites da semântica
ao combinar domínios e efeitos e alvos. É também esperado
que o mestre frequentemente contrarie os desejos dos
personagens. Bhamon e werdh não servem para qualquer
coisa, elas servem para coisas específicas.
É normal que, no começo, os magos queiram dizer uma
coisa mas acabem dizendo outra. Nesses casos, o mestre
deve interpretar o que foi dito pelo personagem, e não o
que está na cabeça deles. Cabe à mesa aprender a usar as
sílabas mágicas com rigor, como se aprendesse a falar uma
nova língua.
Se tudo significar qualquer coisa, nada quer dizer nada.
GAUDJOM - O JOGO III BESTAS & BRONZE

PARTE III

GAUDJOM - O JOGO

35
 BESTAS & BRONZE
Dificuldade
Bestas & Bronze possui três opções de dificuldade:
fácil, médio e difícil. A única mudança entre essas três
alternativas é a forma pela qual os atributos são definidos.
Todos os feitiços, recursos e regras funcionam de forma
idêntica nas três dificuldades.
FÁCIL
Para a mesa que quer se divertir de forma casual e conhecer
o sistema despretensiosamente.
Seis vezes seguidas, role 3d8 e descarte o d8 com valor mais
baixo em cada rolagem. Distribua o resultado dos melhores
2d8 entre seus atributos de acordo com sua vontade.
MÉDIO
Para mesas que têm alguma experiência com RPG e querem
um jogo sério.
Seis vezes seguidas, role 4d4. Distribua o resultado dos
dados entre seus atributos de acordo com sua vontade.
DIFÍCIL
Para a mesa que quer ser testada em um desafio. A morte e
a loucura causada pela swepnos estão próximos.
Role 2d8 para cada um dos atributos. Anote na ordem
(Vigor, Agilidade, Presença, Sapiência, Cultura e Lucidez).
Não distribua.
Ganhando Experiência
Em Bestas & Bronze, os personagens progridem por meio da
compreensão do nêbris (caos). Sempre que um personagem
encontrar uma fonte de nêbris em suas jornadas, ele
pode estudá-lo — processo que leva alguns minutos ou
horas. Contemplar uma fonte de nêbris dá ao jogador a
possibilidade de aumentar um ponto em qualquer atributo a
sua escolha; ou aprender uma nova werdh aleatória. Nesse
caso, sorteie uma das cinco categorias de werdh (Efeito;
Forma; Volume; Intensidade; Duração) e depois sorteie 1d8
em suas respectivas tabelas. Ferramentas de Instrução (ver
em Equipamentos) eliminam a necessidade de sorteio.
O mestre decide onde e quando inserir uma fonte de nêbris
na história narrada. Conforme explicado no capítulo
anterior, o nêbris pode assumir a forma de um local
mágico, de uma criatura, de um objeto e outros. O mestre
determina onde e quando inserir essa ferramenta para a
evolução dos personagens em suas campanhas. A única
sílaba que não pode ser aprendida por meio do nêbris é a
primeira (a própria bhamon). Um mesmo ponto de nêbris
pode ser utilizado por vários jogadores para aumentar suas
36
III GAUDJOM - O JOGO
respectivas habilidades. Cada um deve fazer seu próprio
sorteio individualmente ou elevar em 1 ponto o atributo de
sua escolha. Cada fonte de nêbris pode ser usada por um
personagem uma única vez.
Rolando dados
Em situações que envolvem pressão de tempo ou quando
há desafios em que o acaso é importante, o mestre exige
testes de atributos. Não há perícias, talentos ou habilidades
especiais (além das magias).
Em Bestas & Bronze, seis atributos são utilizados para
todas as circunstâncias. Passar em um teste significa rolar
em 1d20 um valor menor do que o atributo do personagem.
Sendo assim, 1 representa um sucesso crítico, enquanto
20 representa um fracasso crítico. Independentemente da
dificuldade, 1 sempre resulta em uma ação extremamente
bem-sucedida, e 20 sempre resulta em um fracasso
retumbante.
Quando o contexto narrativo favorece a realização de um
teste, pode ser concedido um bônus. Por exemplo, se um
personagem gasta alguns minutos estudando o percurso
ao tentar escalar um paredão rochoso, um bônus de -2
pode ser aplicado nos testes de atributo. Isso significa
que o jogador deve subtrair 2 do número rolado no d20,
resultando em um valor menor e, portanto, mais favorável.
Por outro lado, se a escalada for particularmente difícil,
o mestre pode adicionar uma penalidade de +2 ao valor
do d20 rolado nos testes de atributo. Considere a tabela a
seguir como referência para bônus e penalidades.
Dificuldade Bônus/Penalidade
Fácil: um desafio corriqueiro -4
Tranquilo: requer um pouco de esforço -2
Moderado: requer esforço e atenção, mas é +0
gerenciável
Desafiador: apresenta dificuldades +2
substanciais
Complexo: envolve detalhes, etapas e/ou +4
requer habilidade
Formidável: um feito bastante improvável, +6
digno de admiração
Impossível: as pessoas não vão acreditar +8
quando você contar
Se tirar 1, os resultados são espetaculares, se tirar
20, catastróficos. Seja criativo e use o cenário ao
descrever falhas e sucessos críticos. Esqueça ataques de
oportunidades ou o tradicional “dobrar o dano”.
GAUDJOM - O JOGO
Todo teste de atributo move o jogo adiante. Sucessos
produzem resultados bons, fracassos resultados ruins. O
resultado de um dado nunca poderá ser “nada acontece”.
Isso significa que, em geral, testes não podem ser repetidos
nas mesmas condições. Se um personagem tenta escalar
um paredão pela segunda vez, considere acrescentar
dificuldades adicionais por meio de pontos de fadiga ou
penalidades decorrentes de ferimentos.
QUANTO TEMPO DURA UMA AÇÃO?
Bestas & Bronze contém quatro contos diferentes: combate;
exploração; viagem; e santuário. Este livro contém o primeiro
conto (combate) e algumas regras gerais. Todos esses contos
são estruturados em forma de ações. A diferença entre os
contos é a duração de uma ação. Durante o combate, uma
ação dura apenas alguns segundos; durante a exploração,
cada ação dura 10 minutos; durante a viagem, 8 horas; e
durante o santuário, dias. Por isso, a mesma magia usada
em contextos diferentes pode ser sustentada por um tempo
diferente.
Essas diferentes escalas de tempo são intercaladas de
forma a compor a história que vocês estão contando. Por
exemplo: enquanto exploram uma masmorra, jogadores
descrevem resumidamente ações que consomem vários
minutos, mas quando encontram um monstro, descrevem
detalhadamente ações que transcorrem em um piscar de
olhos. Quando escolhem suas ações de viagem, os jogadores
descrevem o que farão ao longo do dia, e quando chegarem
ao destino final, poderão descansar por várias semanas,
mas isso não significa que estarão completamente parados.
Em combate, o turno de cada jogador dura duas ações.
Atributos
VIGOR
Testa a força física do personagem. Deste atributo depende
a resistência a paralisia e a venenos. O número de pontos
de sangue do personagem é igual ao seu vigor. Em combate,
é usado para atingir com armas corpo-a-corpo e contra-
atacar.
AGILIDADE
Testa a velocidade, flexibilidade e equilíbrio do personagem.
Deste atributo depende a Resistência a Sopro (projéteis,
efeitos em área, armadilhas). Determina deslocamento. Em
combate, é usado para atingir com armas a longa distância
e esquivar.
PRESENÇA
Testa a moral, força de vontade e imponência do
personagem. Deste atributo depende a Resistência à Morte.
Determina a qualidade de seus seguidores. Em combate, é
usado para bloquear e usar armaduras.
37
III BESTAS & BRONZE
SAPIÊNCIA
Testa a magia do personagem. Deste atributo depende a
Resistência a Feitiços que atinjam um alvo (projéteis). O
número de pontos de mana do personagem é igual a sua
sapiência.
CULTURA
Testa os conhecimentos do personagem. Deste atributo
depende a Resistência a habilidades inatas (incluindo
doenças, habilidades dos monstros e fenômenos naturais).
Determina número máximo de bhamon, rebhamon e
leibhamon conhecidas.
LUCIDEZ
Testa a sanidade do personagem. Deste atributo depende
a Resistência à Dominação Mental. Ao perder pontos neste
atributo, o jogador está sujeito a efeitos negativos das
swepnos. Também pode conceder benefícios, à medida que
o personagem adiciona pontos à lucidez.
Cada atributo possui um teste de resistência associado. O
valor da resistência é sempre igual ao atributo -4. Se seu
Vigor é 12, sua resistência a paralisia e venenos é 8.
CARGA
O número de itens relevantes que você pode carregar é igual
à média entre vigor e presença (some-os e divida por dois).
Considere que 100 moedas ocupam o espaço de um item
relevante. Desconsidere itens pequenos. Em circunstâncias
especiais, o mestre pode determinar que um único item
ocupa dois espaços de carga.
PRONTIDÃO
Quando um monstro sorrateiro se aproximar, você estará
pronto para agir? Sua prontidão é a média entre agilidade
e lucidez. Se o valor for maior que o limiar de prontidão do
monstro, ele será percebido antes de surpreendê-lo.
PERSPICÁCIA
Sua perspicácia é a média entre Cultura e Sapiência.
Sempre que um personagem do mestre tenta contar uma
mentira detectável, compare a lábia com a perspicácia do
jogador. Se a lábia for menor que a perspicácia, o jogador
percebe a conversa mole.
Prontidão e perspicácia passivas são formas de evitar
o uso de dados e, consequentemente, o meta-jogo. Se
o mestre precisasse lançar dados para se esconder ou
mentir para os personagens, os jogadores saberiam que
algo está acontecendo.
 BESTAS & BRONZE
FARDO
Quanto maior sua presença, maior a armadura que você
pode equipar. Consulte a tabela:
Presença Armadura
2-7 Leve
8-14 Leve ou Média
15+ Leve, Média ou Pesada
DESLOCAMENTO
Quanto maior sua agilidade, maior seu deslocamento
máximo por ação. Se o personagem gastar as duas ações
de um turno se deslocando, pode percorrer o dobro do
deslocamento comum. Consulte a tabela:
Agilidade Deslocamento
2-7 Lento (7 m)
8-14 Comum (9 m)
15+ Veloz (11 m)
Primeiro Conto: Combate
O combate é dividido em turnos e rodadas. Turnos
são compostos de duas ações realizadas por um único
personagem. Rodadas são a soma de todos os turnos. Entre
os jogadores, o combate é tático e pode levar vários minutos
(ou até horas). Dentro do jogo, em Weik, o combate pode
durar apenas alguns segundos.
A bem da diversão, divida o protagonismo com os
jogadores, incentivando-os a descrever suas intenções
e como seus personagens agem. Evite enfatizar regras e
números.
SURPRESA
No início de todo combate, determine quais personagens
podem ser surpreendidos. Viajantes desavisados podem
ser surpreendidos por um predador sorrateiro, guardas
sonolentos podem ser surpreendidos por um grupo de
invasores. Em geral, se um jogador deseja surpreender um
adversário, o mestre deve exigir um teste de agilidade. Se um
monstro pode surpreender um jogador, não há necessidade
de rolar dados. Apenas compare o limiar de prontidão
do monstro com a prontidão dos jogadores. Aqueles cuja
prontidão for menor que o limiar, são surpreendidos.
Os personagens surpreendidos não agem na primeira
rodada. Se não há surpresa, siga o combate normalmente.
Quando estiver escuro, a única prontidão que importa é a
do personagem que carrega uma fonte de luz.
38
III GAUDJOM - O JOGO
INICIATIVA
Se não houver surpresa (ou se os dois lados se surpreendem
mutuamente), lance iniciativa. Simplesmente lance 1d6, se o
resultado estiver entre 1 e 3, os antagonistas começam, se
estiver entre 4 e 6, os jogadores começam.
Algumas mesas preferem lançar iniciativa todas as
rodadas, acrescentando realismo e imprevisibilidade.
Outras, preferem lançar uma vez no início do combate e
alternar rodadas a partir daí, privilegiando o dinamismo.
Durante sua rodada, os jogadores podem definir em que
ordem irão realizar seus turnos. Essa ordem pode mudar a
cada nova rodada. O mesmo vale para os monstros. Se os
inimigos forem inteligentes, eles podem mudar a ordem de
seus turnos a fim de maximizar a ameaça.
RODADA DOS JOGADORES
Todo personagem possui duas ações por turno. Tudo que
um personagem faz consome ações, exceto falar. Durante
o combate, os personagens dos jogadores podem falar
livremente.
Se mover
A distância máxima que um personagem pode se deslocar
em uma ação é 7 metros se o atributo agilidade do
personagem for de 2 a 7; 9 metros, se sua agilidade for de 8
a 14; ou 11 metros, se sua agilidade for 15 ou mais.
Como cada personagem tem duas ações por rodada, ele pode
se deslocar duas vezes seguidas. Quando um personagem
estiver nadando ou escalando, considere reduzir seu
deslocamento pela metade ou até para um quarto, se a
escalada for difícil ou se a correnteza dificultar o nado.
Interagir com o cenário
Sacar sua arma, carregar coisas, usar itens, puxar
alavancas, destrancar portas, abrir janelas, quebrar
caixas. Todos esses exemplos de interações com o cenário
demandam ao menos uma ação.
A critério do mestre, tarefas mais complexas podem exigir
mais ações, podendo se estender por vários turnos. Por
exemplo, encontrar um item pequeno em uma estante cheia
de livros, pergaminhos, frascos e teias de aranha pode exigir
duas ações e um teste de lucidez. Escalar um paredão pode
exigir seis ações e um teste de vigor. Qualquer que seja o
caso, lembre-se que em Bestas & Bronze, todo teste produz
uma consequência.
Atacar à distância
O jogador que ataca à distância faz um teste de agilidade.
Em caso de sucesso, o alvo é atingido. Em caso de fracasso,
o personagem que ataca perde um lote de munições. Sendo
assim, os jogadores não precisam contar flechas, virotes e
outras munições individualmente.
PARTE DO LIVRO III BESTAS & BRONZE

39
 BESTAS & BRONZE
Atacar corpo-a-corpo
O jogador que ataca corpo-a-corpo faz um teste de vigor.
Em caso de sucesso, o alvo é atingido. Em caso de fracasso,
o personagem que ataca é atingido pelo alvo.
É possível atacar com duas armas corpo-a-corpo em uma
mesma ação. Nesse caso, apenas um teste é necessário
para atingir o alvo com as duas armas.
Se o personagem carregar uma arma pequena em cada
mão, ele tem penalidade de +4 no teste de vigor para
atingir o alvo; se tiver uma arma pequena e uma média,
a penalidade é de +6; se tiver duas armas médias, a
penalidade é de +8. É impossível carregar duas armas
grandes em combate.
Caso o jogador seja bem-sucedido em um ataque com duas
armas, o dano é rolado individualmente, uma vez para
cada arma usada. Se o alvo tiver uma armadura, a redução
de dano é computada duas vezes, uma para cada golpe.
Ações de arma
Algumas armas permitem uma ação específica, que está
detalhada em sua descrição. Utilizar essa propriedade da
arma é diferente de atacar com ela, mas consome uma ação
igualmente.
RODADA DOS MONSTROS
Durante o combate, monstros e personagens de mestre
também agem, podendo se mover, interagir com o cenário,
atacar os jogadores e resolver efeitos especiais (de acordo
com sua ficha). No entanto, esses não lançam dados.
Em quaisquer situações, inclusive quando são atacados,
quem reage são os próprios jogadores. Nesse caso, os
jogadores rolam os dados contra suas próprias fichas.
Em caso de um ataque físico tradicional, o jogador tem
quatro alternativas: esquivar, contra-atacar, bloquear ou
usar uma rebhamon.
Em caso de um ataque mágico, o jogador pode resistir com
um teste de resistência a magia (sapiência menos 4). Em
algumas ocasiões, esse teste garante prejuízos e danos
reduzidos; em outras, garante proteção total contra os
efeitos.
Personagens de mestre também podem oferecer uma
penalidade para o jogador que tentar atingi-los. Essa
dificuldade é imposta aos testes de acerto, tanto para longa
quanto curta distância.
Quando personagens de mestre tentam atingir um
jogador, as dificuldades impostas estão escritas na forma
(E./C.A./B.), que indicam a penalidade nos valores de
esquiva, contra-ataque e bloqueio, respectivamente. Em
40
III GAUDJOM - O JOGO
geral, um ataque lento e pesado é fácil de esquivar mas
difícil de bloquear; um ataque rápido é fácil de contra-
atacar; e um ataque fraco e leve é fácil de bloquear mas
difícil de esquivar.
Por exemplo, defender-se do ataque de bico do lendário
Bhēswel impõe as dificuldades (+0/+2/+4), ou seja, esquivar-
se do bico (dificuldade moderada) é mais fácil que contra-
atacar (dificuldade desafiadora), que por sua vez é mais
fácil que bloquear (dificuldade complexa). Esses valores
indicam um ataque poderoso, mas previsível.
Esquivar
Quando for atacado, o jogador pode fazer um teste de
agilidade. Em caso de sucesso, se livra de ser atingido. Em
caso de fracasso, o personagem é atingido e não poderá se
deslocar no próximo turno.
Contra-atacar
Quando for atacado corpo-a-corpo, o personagem pode
fazer um teste de vigor. Quando for atacado à distância,
pode fazer um teste de agilidade, desde que também esteja
empunhando uma arma à distância. Em caso de sucesso,
ele acerta o inimigo, mas também é acertado. Em caso de
fracasso, apenas o jogador é acertado.
Bloquear
Quando for atacado, o jogador pode fazer um teste de
presença. Em caso de sucesso, o equipamento que usou
para parar o golpe sofre um ponto de dano e o jogador
sai ileso. Em caso de fracasso, o jogador é atingido e o
equipamento também sofre um ponto de dano.
Dureza: equipamentos e seguidores possuem dureza.
Sempre que eles são atingidos, diminua um ponto de dano.
Quando esse valor chegar a zero, o seguidor morre ou o
item quebra.
SANGUE
Todo personagem possui pontos de sangue iguais ao seu
vigor. Quando for atingido por um ataque, subtraia dos
pontos de sangue o dano rolado pelo atacante.
Quando o sangue chegar a zero, o personagem entra no
estado sangrando. Enquanto estiver nesse estado, ao final
de cada turno, ele deve lançar um teste de resistência à
morte (presença menos 4). O primeiro fracasso resulta em
morte.
Para curar um personagem sangrando sem itens
apropriados, um teste de cultura é exigido. Itens como
ataduras, unguentos e poções permitem a cura sem testes.
O personagem sangrando não pode fazer teste algum
– logo, não pode se curar sem itens. No entanto, como
realizar magias não exige testes, o personagem sangrando
GAUDJOM - O JOGO
pode fazer magias (inclusive para se curar magicamente).
Enquanto está sangrando, o personagem tem apenas uma
ação por rodada e pode se arrastar por 1 metro. Ele pode
interagir com o cenário, desde que a interação não exija
testes.
Não se pode estar sangrando e estável simultaneamente.
Você só estará seguro quando for socorrido. Sempre que
um personagem que estava sangrando é curado, ele ganha
um ponto de fadiga até que possa descansar.
DESCANSO
Só é possível descansar em locais seguros. Não importam
as circunstâncias, masmorras não são seguras. Florestas
quase nunca são seguras, mas podem ser. Tavernas quase
sempre são seguras. No mínimo, descansos envolvem água
e comida à vontade, além de uma noite bem dormida.
A cada descanso, os personagens recuperam 1d10 pontos
de mana e sangue e reduzem um nível de fadiga (veja
adiante).
Depois de uma batalha muito difícil, o período de tempo
mínimo para o descanso pode ser maior. Da mesma
forma, condições menos exigentes permitem descansos
mais rápidos.
FADIGA
Personagens imaginários também são feitos de carne e osso.
A fadiga representa o esgotamento físico do personagem e
é traduzida em penalidades cumulativas.
Cada ponto de fadiga adiciona +2 de penalidade em todas
as rolagens de dados. Se um personagem sangrar e for
curado diversas vezes no mesmo combate, os pontos de
fadiga se acumulam sempre que ele é curado. Pontos de
fadiga também se acumulam se os personagens passarem
um dia sem descansar ou se alimentar. Alguns monstros e
magias podem deixar alvos fadigados. A fadiga também
pode ser agravada pela swepnos.
Caso um personagem acumule oito níveis de fadiga (+16
ou mais de penalidade), seu personagem morre devido à
exaustão.
Lançando Magias
A magia é central neste jogo. Entretanto, não há um
“teste de magia”. O jogador lança a magia se conseguir
pronunciar corretamente a palavra mágica. Se o jogador
titubear, pronunciar as sílabas fora de ordem ou pronunciar
uma letra inexistente, considere aleatorizar o efeito daquela
41
III BESTAS & BRONZE
sílaba ou descrever um resultado diferente do esperado.
No proto-indo-europeu (veja o Apêndice II):
1) W tem som de V
2) J tem som de I
3) A linha sobre as vogais “ō” serve para alongá-as (como
em vôo)
4) H no início das palavras ou no meio de duas vogais tem
som do “rr” velar (como em carro)
5) H após uma consoante (como bhamoi ou steigho) tem
som aspirado, como um sopro
Agora, pronuncie tudo como quiser. Já cometemos muitas
simplificações grosseiras até aqui. A pronúncia histórica do
proto-indo-europeu não importa. O essencial é a intenção.
MANA
A quantidade de energia mágica em um bhamoi já foi
chamada de muitas coisas. Em Bhulak, é chamada de werg,
palavra cujas raízes remontam à bhamon weg-. Na costa,
especialmente em Moljā, essa energia se chama wey. Aqui,
optamos por usar “mana”, um termo familiar e conveniente
que mede quantas magias um bhamoi pode lançar.
Sua mana máxima é igual a sua sapiência. Cada feitiço tem
um custo de mana igual a sua intensidade. A mana de um
personagem nunca fica negativa. Se o custo de uma magia
exceder a quantidade disponível, o valor temporário da
mana permanece em zero. É possível fazer magias mesmo
com zero de mana, veja adiante.
SWEPNOS
Quando o custo em mana de uma magia excede a
quantidade disponível, o resto diminui a lucidez do
personagem.
Por exemplo, se o mago tem 5 de mana, mas conjura um
feitiço com intensidade -id- (8 de custo de mana), este mago
perde 3 pontos de lucidez. Sempre que há uma perda de
qualquer quantidade de lucidez, o personagem contrai
uma degeneração física chamada de swepnos, causada
pelo abuso da magia.
A swepnos é aleatória e cumulativa. O acúmulo de
degenerações vai aos poucos destruindo o personagem. Se
a lucidez de um personagem chegar a zero, sua mente se
perde e ele se transforma em um personagem de mestre
louco. Nesse caso, o jogador deve rasgar sua ficha com
ajuda dos dentes.
 BESTAS & BRONZE III GAUDJOM - O JOGO

1d8 Swepnos
Você tem uma aparência doente e se cansa muito
1 facilmente. Sempre que ganhar pontos de fadiga,
acrescente +1 à penalidade total.
2 Você está sempre aéreo preso em suas alucinações.
Você tem -1 de prontidão.
Você é esquelético e anda mancando, suas costas
3 começam a se arquear de uma forma estranha. Reduza
seu deslocamento em 1m.
4 Você tosse enquanto entoa palavras mágicas. Sempre
que fizer uma magia, acrescente 10% de chance de falha.
Seu corpo muda, para pior. Todos podem ver as marcas
5 da corrupção mágica. -1 no atributo mais alto, se
houver empate, sorteie.
Você está definhando, sua pele é cinza e seus músculos
6 estão atrofiando. Perca 1d4 espaços da sua capacidade
de carga.
7 Pela sua aparência dá para ver que a morte te chama.
+2 em testes de resistência à morte.
Seu personagem se transforma em um agente do caos,
8 imprevisível e incontrolável. Você se esquece de uma
werdh aleatória.

Por outro lado, uma relação virtuosa com a magia produz

ganhos. Esse lado da swepnos conduz personagens à
iluminação por meio de benefícios cumulativos. Sempre
que usar um ponto de nêbris para aumentar sua lucidez
máxima, role um novo benefício de acordo com a tabela
abaixo.

Swepnos
1d8 Benefícios
1 Seu corpo é forte e resistente. Aumente o sangue
máximo em 1.
2 Nas horas mais difíceis, você recebe visões de um futuro
próximo. Receba +1 de prontidão
3 Sua presença é imponente e é difícil mentir encarando
você nos olhos. +1 de perspicácia.
4 Rolagens de ataque com uma arma específica a sua
escolha possuem -1 (máximo de -5).
Uma vez por dia você pode ranger os dentes, cerrar os
5 olhos acrescentar -1 de bônus em qualquer ação não BHAMON
mágica (máximo de -5)
6 Talento puro, aumente um atributo aleatório em 1. Se A cultura determina o número de idiomas mágicos que um
sortear lucidez, você não recebe um novo benefício. personagem pode conhecer. Cada jogador inicia a primeira
7 Sua mente e seu corpo são puros e belos. -1 em um teste campanha conhecendo uma bhamon e uma rebhamon
de resistência à sua escolha. ou leibhamon de sua família linguística. Se tiver 4 pontos
8 Você se move com leveza e rapidez. Você ganha +1 m de de cultura ou menos, o personagem sabe apenas uma
deslocamento bhamon.

Novas bhamon podem ser aprendidas ao longo das

Quando um jogador atinge 20 pontos de lucidez, seu
personagem chega a um estágio de espírito superior. Se
puder, você aprende a bhamon de Leuk-. Por outro lado,
quando atinge 1 de lucidez, seu corpo é tocado pelo mal. O
último idioma usado é substituído por Tem-.
aventuras. Aprender uma nova bhamon é análogo a
aprender um novo idioma. Esse processo pode levar
meses. Os métodos de aprendizagem podem variar.
Algumas bhamon podem ser aprendidas pelo estudo de
ruínas antigas, outras de tomos didáticos, outras bhamon
só existem na tradição oral e dependem da ajuda de um
mentor. Cabe ao mestre decidir onde e como os jogadores
aprendem novas bhamon.

42
GAUDJOM - O JOGO III BESTAS & BRONZE

A cada quatro pontos de Cultura, o número máximo de

bhamon conhecidas aumenta em um, conforme a tabela:

Cultura Máximo de bhamon conhecidas

1-4 1
5-8 2
9-12 3
13-16 4
17-20 5

WERDH
Cada personagem começa o jogo com duas werdh a sua
escolha. Se desejar, o jogador pode aprender duas werdh
da mesma categoria (duas werdh de forma, ou duas werdh
de duração, por exemplo).

Para aprender uma nova werdh, o personagem deve

encontrar uma fonte de nêbris. Se encontrar uma fonte de
nêbris e dedicar algumas ações a absorver este ponto de
experiência no cenário, pode sortear uma das categorias de
werdh, segundo a tabela:

Categoria Werdh
1 Efeito
2 Forma
3 Volume
4 Intensidade
5 Duração

Em seguida, sorteie 1d8 de acordo com as tabelas das

respectivas categorias. Por exemplo, na categoria “werdh de
intensidade”, o número 1 corresponde a -ar- (sútil, ilusório)
e 8 corresponde a -id- (brutal, perigoso).

43
BESTAS & BRONZE III RENTUS - SEGUIDORES E EQUIPAMENTOS

PARTE IV

RENTUS - SEGUIDORES E
EQUIPAMENTOS

44
RENTUS - SEGUIDORES E EQUIPAMENTOS IV BESTAS & BRONZE

mais voltar (a menos que seja para se vingar). As crenças

de cada seguidor estão descritas adiante, e contrariar a
natureza dos aliados significa abusar de sua boa vontade.

Adiante, há uma tabela de seguidores sugeridos. Cada

seguidor contém um requisito mínimo de presença, dano
por rodada, dureza e o preço que cobra para acompanhar
os jogadores em uma campanha. Geralmente, o pagamento
é calculado por dia de trabalho. A maioria dos seguidores
aceita trabalhar por favores em vez de prata.

DUREZA
Objetos, seguidores e inimigos fracos têm sua vida contada
em pontos de dureza.

Quando algum desses sofre dano, diminua 1 ponto de

dureza. Você não precisa rolar dados de dano para deduzir
pontos de sangue dos seguidores, nem de objetos. Qualquer
acerto já significa 1 ponto de dureza a menos. Quando ele
chega a zero, ele morre (ou o objeto se quebra).

Presença Dano / Preço (em

Seguidor mín. Dureza moedas de
prata por dia)
Muzg 4 1/1 5
Homem livre 5 1d4/2 10
Fugitivo 5 1d4/2 10
Caçador 7 1d6/2 15
Seguidores Curandeiro 7 1d4/1 15
Steighō solitário 8 1d6/3 15
Nenhum personagem inicia sua campanha com assistentes, Escória de Domuwel 8 1d4/2 10
mas todos podem conseguir personagens de mestre aliados. Kane-bhlagmen 10 -/1 20
A relação entre o jogador e seu seguidor é variável: pode ir Domador 12 1d4/2 25
da subserviência à rivalidade conforme a personalidade do Herbalista 12 -/1 15
seguidor e do atributo presença do jogador. Nas condições Demagh 13 -/1 40
ideais, qualquer seguidor arriscaria sua vida para salvar a Batedor 13 1d6/1 20
do jogador. Auriga 14 1d8/2 35
Escriba de Bulak 15 -/1 35
Cada seguidor exige um mínimo de presença. Seguidores Woitamann 15 1d8/1 50
mais fortes exigem mais presença. Se o personagem não Bárbaro de Phunes 16 1d10/4 40
tiver presença suficiente para comandar seu seguidor, é Aprendiz de Mer- 17 1d8/2 50
provável que esse seguidor roube o grupo, fuja quando Mercante de Belgntom 18 -/2 150
a missão se tornar arriscada, desapareça nos momentos Bhamoi 18 1d6/2 100
críticos, ou feche um acordo com o inimigo. No mínimo,
esse seguidor vai ignorar as ordens que lhe forem dadas.
Os seguidores costumam ser bem sucedidos em atividades
No entanto, presença não é o bastante para encontrar novos relacionadas a suas habilidades. Não é necessário rolar
amigos. Novos seguidores costumam cobrar um preço esses testes, a não ser em condições excepcionais.
em dinheiro ou favores. Se o personagem tiver dinheiro e
presença o suficiente, ele pode ter inúmeros seguidores. Lembre-se: seguidores não são marionetes. Há situações
que são intoleráveis para os seguidores. Por isso, cada
Às vezes, o grupo de jogadores ofende seu seguidor com seguidor também possui uma habilidade, um favor e um
injustiças, pedidos descabidos ou missões que contrariam teste de presença, sendo que esse último se refere a uma
suas convicções. Nesses casos, o personagem que contratou situação inaceitável para o seguidor, uma que se vier
o seguidor deve rolar um teste de presença. Em caso de a acontecer, exigirá um teste de presença. Esses serão
fracasso, o seguidor deixa o grupo revoltado, para nunca descritos adiante.

45
 BESTAS & BRONZE
Muzg
Os bhamoi fracassados. A swepnos os tornou degenerados,
podres e corrompidos. Sua rotina é o delírio, a deterioração
dos sentidos e a decomposição do corpo físico. Os muzg são
imprestáveis para qualquer trabalho e não são bem-vindos em
lugar algum. Contratá-los significa admitir um contratempo
em todas as circunstâncias sociais. Estranhamente, um ou
outro parecem preservar um bom coração.
Habilidade: Tocados pelo caos, são atraídos por fontes
de nêbris, mesmo a longas distâncias. Às vezes são
empregados como localizadores de mana.
Favor: Em vez de moedas, muzg aceitam seguir aventureiros
em troca de um ponto de nêbris. Eles só precisam de um
gostinho daquilo que os deixou viciados.
Teste presença: Quando conjurar magia de intensidade
5 ou maior. Eles podem perder a cabeça na presença do
gasto intenso de mana.
Homem livre
Escravos libertos. Homens que sobreviveram ao inferno
do chicote e fugiram da opressão ou compraram a própria
liberdade. São vistos como pessoas resilientes pelo povo
comum, mas como criminosos fugitivos pelos nobres.
Habilidade: Capazes de desatar nós, abrir fechaduras e se
esconder em ambiente urbano.
Favor: Em vez de moedas, o homem livre aceita trabalhar
em troca de um título e/ou propriedade.
Teste presença: O homem livre mudou de vida e não aceita
mais ser tratado como serviçal. Teste presença sempre que
ele for encarregado de tarefas degradantes, receber menos
recompensa que seus colegas de aventuras ou for mal
tratado publicamente.
Fugitivos
Pessoas que foram expulsas de suas tribos, cidades, clãs
ou de suas religiões. São párias que fizeram algo horrível
sobre o qual não gostam de falar. Fugitivos estão sendo
procurados por estados ou caçadores de recompensa. Além
disso, não hesitarão em quebrar as regras para sobreviver.
Habilidade: Sabem alguns segredos e possuem contatos
entre aqueles que vivem à margem da sociedade.
Favor: Em vez de moedas, se unirão aos aventureiros que o
livrarem de seus perseguidores.
Teste presença: quando contribuir para sua captura ou
quando fizer perguntas demais sobre seu passado.
Caçador
Mesmo nas cidades, a caça continua sendo uma atividade
primordial. Os caçadores vivem em postos avançados, em
meio à natureza selvagem, trabalhando com armadilhas
e arco e flecha, e retornam para a civilização apenas para
vender o fruto de seu trabalho. Nestas ocasiões, quando
bebem em uma taverna, se deixam ser contratados por
uma boa oferta.
46
IV RENTUS - SEGUIDORES E EQUIPAMENTOS
Habilidade: Rastrear criaturas e manipular carcaças de
animais.
Favor: Em vez de moedas, caçadores se juntarão a
aventureiros que o acompanharem em uma caçada épica
e perigosa.
Teste presença: Caçadores possuem método e paciência.
Teste presença quando o grupo é impulsivo e não age de
acordo com o planejado.
Curandeiro
Em muitas regiões de Weik, a medicina é praticada como
altruísmo benemerente. Às vezes, curandeiros são pessoas
religiosas, e às vezes, filantropos. As ordens de cura são
formadas por pessoas treinadas para aliviar as dores
e consertar os ossos dos feridos sem lhes questionar os
propósitos.
Habilidade: Tem 50% de chance de curar 1d4 Ponto de
Sangue. Conseguem recuperar personagens sangrando
com uma ação simples, sem testes.
Favor: Curandeiros ficarão felizes de acompanhar os
grupos de aventureiros que destinarem parte dos tesouros
de suas campanhas para a causa humanitária da cura.
Teste presença: Sempre que o grupo se recusar a ajudar
necessitados. Sempre que o grupo receber uma recompensa
ou tesouro e não destinar parte à ordem de curandeiros
Steigho solitário
Steigho é o nome genérico para designar qualquer tribo
nômade. Há centenas dessas tribos caminhando por
Weik. Com frequência, aventureiros encontram membros
solitários, cuja tribo foi dizimada, ou que foram exilados
por alguma infração cometida. Esses andarilhos se
transformam em eremitas que sobrevivem arranjando nas
tavernas pequenos trabalhos como guias. Não lhes faltam
clientes incapazes de lidar com os desafios além dos muros
da cidade. Eles conhecem cada trilha esquecida, mas todas
trazem a amarga lembrança de um tempo mais feliz,
quando viviam na tribo.
Habilidade: Contribuem com viagens. Quando cruzam
regiões selvagens, o grupo pode pedir que o Steighō faça
apenas uma das seguintes tarefas por vez: mapear a
região onde o grupo passa, coletar recursos, auxiliar na
navegação impedindo que os jogadores se percam, montar
acampamentos, ou carregar equipamentos.
Favor: A maioria dos stheigō solitários perderam o
propósito. Eles poderão se unir aos jogadores se aspiram
por algo maior do que riquezas.
Teste presença: Sempre que os aventureiros passam mais
de três dias em um único local, sem viajar.
Escória de Domuwel
Domuwel sustenta uma multidão de escravos. Quando
os senhores morrem sem transferir sua propriedade,
RENTUS - SEGUIDORES E EQUIPAMENTOS
uma extensa disputa judicial se inicia entre os possíveis
herdeiros. Enquanto isso transcorre, é comum que a posse
humana fique sem ter recursos para se sustentar. Nesses
casos, tornam-se ladrões, enganadores e trapaceiros sem
mestre.
Habilidade: Furtos, roubos, enganação, trambiques e
vigarismo.
Favor: Se tornam membros da equipe por uma quantia de
dinheiro que lhes garanta definitivamente a aposentadoria.
Teste presença: A escória só conhece o valor do dinheiro.
Teste presença sempre que os aventureiros aceitarem
pagamentos em formas que não sejam prata ou ouro: itens,
favores ou poderes não prestam para a escória.
Kane-bhlagmen
Neófitos e sacerdotes não consagrados que
desviaram de seu caminho. Muitos não
suportaram a vida no sacerdócio, outros
enlouqueceram nos monastérios. Os
kane-bhlagmen, entretanto, ainda
mantêm a crença e conduzem rituais
de forma não oficial.
Habilidade: A vida no convento
os forçou a estudar. Conhecem
pelo menos três línguas (não-
47
IV BESTAS & BRONZE
mágicas) e são especialistas em todo tipo de conhecimento
histórico e religioso. Além disso, sabem conduzir os
principais rituais de sua fé. Conseguem ler e conjurar a
magia de pergaminhos.
Favor: Muitos kane-bhlagmen querem retornar ao seio
de sua igreja. Aceitam cooperar com aventureiros que os
ajude a ser aceitos de volta à religião.
Teste presença: Se o grupo desrespeitar ou agir de forma
incompatível com a fé do kane-bhlagmen.
Domador
Domar animais faz parte da vida nas florestas de Grōdjan.
O gado é vital para a produção de alimentos nas planícies
de Woikos. São os cavalos que fazem de Domuwel a maior
potência militar de Weik. Os povos Phunes criam cabras
para leite e queijo. Os teusqans caçam com falcões. Mesmo
o povo Belgntom, habitantes de navios, criam gatos a
bordo. Um bom domador de animais nunca fica
sem emprego.
Habilidade: Domadores podem
ensinar truques simples para
animais ou ajudar a acalmar uma
besta.
Favor: Domadores costumam
ser criadores. Estão sempre
em busca de espécimes
 BESTAS & BRONZE
raros, animais perdidos e formas de otimizar sua criação.
Eles acompanharão de bom grado aventureiros dispostos a
ampliar sua coleção.
Teste presença: Se os jogadores ferirem animais de forma
desnecessária. Teste presença sempre que um animal
treinado pelo domador morre.
Herbalista
Manter um boticário não é tarefa fácil. Preparar poções e
óleos requer estudo e precisão. Alguns apotecários ocupam
um lugar elevado na hierarquia de suas sociedades. Outros
mantém hortas exóticas em jardins suspensos e vendem
seus produtos por um preço elevado.
Habilidade: Herbalistas podem transformar dinheiro
em poções. Eles só podem fazer uma poção por vez e a
qualidade é proporcional ao investimento.
Favor: Para convencer o herbalista a acompanhá-los,
os jogadores devem estar constantemente coletando
ingredientes e alimentando o laboratório do herbalista com
materiais raros.
Teste presença: Se os jogadores quebrarem poções,
desperdiçarem materiais ou voltar de uma expedição sem
novos ingredientes.
Demagh
Bhulak é conhecida como a cidade das torres. Os
engenheiros, projetistas, construtores e arquitetos se
ocupam da atividade mais valorizada nessa cidade. De lá,
vêm os responsáveis por estruturas maravilhosas, feitos
arquitetônicos assombrosos e mecanismos incríveis. Longe
de Bhulak, o grupo de aventureiros pode dar a sorte de
encontrar um desses artífices à procura de trabalho.
Habilidade: Improvisar veículos ou estruturas; desarmar
armadilhas; explodir muralhas; sabotar defesas.
Favor: Todo demagh sonha em projetar e construir uma
estrutura maravilhosa. Ele acompanhará aventureiros
dispostos a ajudá-lo nessa tarefa. Essa estrutura pode se
transformar em um santuário para o grupo ou em um
objeto útil.
Teste presença: Sempre que os jogadores destruírem obras
de arte (mesmo nos casos em que o inimigo é a obra de arte).
Batedor
Mercenários ou ex-militares acostumados a avançar sobre
território inimigo em missões de reconhecimento. Muitos
grupos independentes contratam batedores para explorar
regiões perigosas de Weik.
Habilidade: O batedor pode avançar sobre um terreno e
retornar com uma informação sobre o que há adiante. São
competentes em passar despercebidos e atacar inimigos
furtivamente.
Favor: Batedores mercenários não tem medo de exploração.
Eles se juntarão aos aventureiros em troca de um acordo de
48
IV RENTUS - SEGUIDORES E EQUIPAMENTOS
partilha dos tesouros.
Teste presença: Sempre que o batedor perceber medo
ou hesitação no grupo. Se o grupo descumprir o trato de
partilha, teste presença.
Auriga
Tanques de guerra da antiguidade clássica, as bigas eram
carruagens de duas rodas guiadas por dois cavalos. De seu
posto, o guia (chamado auriga) pode atirar flechas enquanto
se move, arremessar lanças ou perseguir os inimigos com
espadas. Mercenários capazes de usar esse recurso durante
o combate são inimigos formidáveis mesmo para bhamoi
experientes.
Habilidade: Investir. Uma vez por combate e se o inimigo
estiver a mais de 20 metros, o auriga pode investir com sua
carruagem, causando 2d10 pontos de dano.
Favor: São guerreiros em busca de glória. Em vez de
dinheiro, topam trabalhar com um grupo de aventureiros
que o auriga considere promissor. Para conquistá-lo, vença
o auriga em um confronto esportivo como queda de braço,
competição para beber um barril de hidromel mais rápido,
arremesso de toras, etc.
Teste presença: Aurigas vêem o combate militar como
uma atividade gloriosa. Estratégias desonestas como
envenenamento, traição, assassinato pelas costas deixam
o Auriga revoltado. Teste presença para manter o auriga
sempre que empregar táticas desleais.
Escriba de Bhulak
Mestres do conhecimento escrito, os escribas de Bhulak
levam a vida em silêncio, exceto pelos seus pensamentos.
Responsáveis pela reprodução dos textos de todo o
continente e por eternizar os pensamentos dos maiores
filósofos de Weik, os escribas têm acesso a um acervo
mental interminável de idiomas, lendas e mapas.
Habilidade: Escribas sabem ler a maioria dos idiomas de
Weik. Também costumam conhecer boatos ou curiosidades
históricas sobre pontos de interesse. Conhecem uma
leibhamon aleatória.
Favor: Escribas são guardiões do conhecimento, por isso, são
atraídos por expedições cuja motivação envolve descobertas
ou a recuperação de artefatos ou textos perdidos.
Teste presença: Os escribas não são guerreiros. Teste
presença se o grupo não proteger o escriba ou envolvê-
lo forçosamente em combate. Esses seguidores são
particularmente inteligentes e reconhecem empreitadas
arriscadas demais; nesses casos, também teste presença.
Woitamann
Os caçadores de homens. Também conhecidos como
inquisidores, esses espiões foram agentes da cidade-estado
de Woikos, onde toda magia é proibida. Lá, passaram
por um treinamento em reclusão da sociedade durante
anos, aperfeiçoando suas forças e aprendendo táticas de
 RENTUS - SEGUIDORES E EQUIPAMENTOS
tortura e extração de informação. Em Woikos, também
sofreram forte lavagem cerebral para odiar os magos e
amar seu líder, o déspota regente. Alguns inquisidores,
entretanto, conseguiram romper as correntes mentais que
os aprisionavam e passaram a empregar suas habilidades
para se sustentar.
Habilidade: Os inquisidores de Woikos são mestres em
extrair informação e são íntimos de toda forma violência.
Caçadores dos bhamoi, não há magia contra a qual não
saibam se defender. São capazes de reconhecer prontamente
as principais classes de magos de Weik e conhecem truques
para desarmar os magos.
Favor: Os Woitamann que escaparam do controle ideológico
de Woikos passam a desprezar a cidade-estado que roubou
sua juventude. Eles têm contas a acertar e vão apreciar
ajuda para enforcar alguns guardas e nobres de Woikos.
Teste presença: Sempre que os jogadores mentirem para
o Woitamann. Teste presença também se os jogadores
fizerem o Woitamann torturar alguém.
Bárbaro de Phunes
Phunes são um coletivo de clãs que prosperam na enorme
montanha de Pérkun. Esses clãs estão constantemente
envolvidos em pequenas guerras uns contra os outros, e fazem
alianças que duram apenas uma estação. Quando surge
uma ameaça externa, entretanto, todo bárbaro de Phunes se
torna irmão, e juntos movem o mais terrível exército de Weik.
Os guerreiros são famosos por sua resistência, brutalidade e
bravura em combate. Não há muito mais a dizer, os bárbaros
preferem o confronto ao diálogo.
Habilidade: Uma vez por combate, o bárbaro pode usar seu
corpo para proteger um companheiro, reduzindo a dureza
do bárbaro em um ponto. Para tanto, o bárbaro deve estar
a no máximo 3m do personagem a ser protegido.
Favor: Bárbaros de Phunes são sensíveis a promessas
de poder ou à possibilidade de se tornarem guerreiros
melhores. O objetivo de todo guerreiro Phunes é se tornar
o líder de seu clã. Topariam trabalhar pelo grupo que
prometesse ajudá-lo neste objetivo
Teste presença: Sempre que o grupo fugir do combate.
Teste presença também quando o grupo prejudicar o clã
do seguidor.
Phunes
49
IV BESTAS & BRONZE
Aprendiz de Mer-
As lendas contam que os Mestres de Mer- ofertam as
almas dos aprendizes que fracassam em seu treinamento.
A maioria recebe a morte de braços abertos, como se fosse
um velho amigo. Mas alguns, geralmente os mais jovens,
fogem antes de encontrar seu fim. Esses contam histórias
macabras sobre a peregrinação dos arautos da morte por
túneis subterrâneos e através dos lagos de água pútrida.
Habilidade: Apesar de conhecer uma coisa ou outra sobre
a morte, os aprendizes renegados de Mer- são tementes à
travessia. Por isso, com uma ação, eles podem produzir um
feitiço simples que concede um bônus de -6 em testes de
resistência à morte.
Favor: Os aprendizes de Mer- acreditam que a morte os
caça como um jaguar, sempre à espreita, esperando pela
oportunidade de puní-los. Eles se juntarão a um grupo sob
a tutela de um curandeiro que jure protegê-los.
Teste presença: Sempre que o aprendiz perder um ponto
de dureza.
Mercantes de Belgntom
Os mercantes de Belgntom estão entre as pessoas mais
abastadas de Weik. São cultos, porém esnobes. Perspicazes,
porém ardilosos. Bem apessoados, mas alheios ao mundo
real. Apesar disso, não tenha dúvidas, qualquer um
gostaria de ter um mercante de Belgntom como um aliado.
Habilidade: Mercantes de Belgntom sempre contam com
um veículo à sua disposição. Influentes na política, possuem
ao menos um contato relevante em todas as cidades.
Favor: Qualquer coisa que prejudique a concorrência é vista
com bons olhos. Em geral esses serviços envolvem roubo de
carga, extorsão, assassinato e muito ouro.
Teste presença: Mercantes de Belgntom desprezam a
pobreza. Se o grupo causar perda de recursos ou forçar o
mercante a enfrentar condições precárias, teste presença.
Bhamoi
Um conjurador disposto a vender seus serviços. Os bhamoi
são tão diversos quanto as culturas de Weik. Os magos
de Phunes são completamente diferentes daqueles de
Domuwel, que por sua vez são diferentes de todos os demais.
O denominador comum é sua busca pelo conhecimento,
por bhamon raras e werdh úteis.
Habilidade: Possuem uma bhamon e duas werdh aleatórias.
Podem aprender novas werdh à medida que acompanham
o grupo de jogadores. Evoluem nos mesmos termos que os
personagens dos jogadores.
Favor: Apenas a garantia de fontes de nêbris e itens
maravilhosos pode fazê-los considerar sua proposta.
Teste presença: Sempre que o grupo fracassa
em um objetivo específico, como invadir um
palácio ou encontrar um ponto de nêbris.
 BESTAS & BRONZE
Equipamentos
O valor de todos os bens em Weik pode ser medido em
moedas de prata, sendo que 100 moedas de prata (MP)
equivalem a uma moeda de ouro (MO). Além disso, lembre-
se que 100 moedas de qualquer metal ocupam o espaço de
um item relevante para fins de contabilidade da carga.
RECURSOS INICIAIS
A depender da família linguística de sua bhamon inicial,
você começará o jogo com uma quantidade diferente de
moedas para comprar seus primeiros equipamentos. Use a
tabela abaixo como referência.
Família Bhamon Recursos
Ghewos Hei-, Row-, Mog- ou Aun- 1d8 x 1d8 x 1d8 MP
Aiv Yew-, Skel-, Gre- ou Mer- 1d6 x 1d6 MP
Eykalnos Wik-, Weg- ou Ken- 1d20 x 1d20 MP
Mnāmen Prek -̂ ou Gal- 1d10 x 1d10 x 1d10 MP
Gen Fle-, Gel-, Ven- ou Ekm 1d10 x 1d10 MP
ARMAS CORPO-A-CORPO
Em Bestas & Bronze, não há uma lista exaustiva de
armas (embora outras listas de equipamentos possam
ser facilmente incorporadas ao sistema). Em vez disso, as
armas estão agrupadas em categorias de acordo com seu
tamanho. Armas corpo-a-corpo e à distância podem ser
pequenas, médias ou grandes.
No caso das armas corpo-a-corpo, seu tamanho determina
o dano, o custo e suas possibilidades de uso durante o
combate.
Lembre-se: não é necessário contar os pontos de seus itens.
A dureza deles importa, porque podem ser utilizados para
bloquear ataques. Jogadores e mestre podem economizar
o esforço de rolar dados de dano contra objetos. Um golpe
acertado reduz a dureza em 1 ponto, e esses itens se
desfazem ao chegar a zero pontos de dureza.
Pequenas
Adaga, machadinha, kukri, cutelo, manopla e outras
Armas pequenas causam 1d4 de dano e custam 5 MP.
Além disso, possuem 3 pontos de dureza e podem ser
arremessadas a 7 metros de distância.
Armas pequenas são ideais para o ataque duplo. Se o
personagem carregar uma arma pequena em cada mão, ele
tem penalidade de +4 no teste de vigor para atingir o alvo;
se tiver uma arma pequena e uma média, a penalidade é de
+6. Para atingir o alvo com ambas armas, o jogador precisa
rolar o teste de vigor apenas uma vez. Um sucesso com as
penalidades acima significa um acerto com as duas armas.
50
IV RENTUS - SEGUIDORES E EQUIPAMENTOS
Médias
Espada, sabre, martelo de guerra, clavas, maça, cajado
Armas médias causam 1d6 de dano e custam 20 MP.
Além disso, possuem 5 pontos de dureza e não podem ser
arremessadas.
Se o personagem carregar uma arma pequena em uma
mão e uma média na outra, a penalidade no teste de vigor
para atingir o alvo é de +6; se tiver uma arma média em
cada mão, a penalidade é de +8 para ataques duplos.
Apenas um sucesso no teste de vigor com as penalidades
acima é necessário para atingir o alvo com ambas armas.
Grandes
Machado de batalha, lança, gleive
Armas grandes causam 1d8 de dano e custam 50 MP. Além
disso, possuem 7 pontos de dureza. Não permitem ataques
duplos ou o uso de escudos. Ocupam as duas mãos.
ARMAS DE LONGA DIST NCIA
Assim como as armas corpo-a-corpo, as armas de longa
distância são divididas de acordo com seu tamanho. Nesse
caso, o tamanho determina o dano, o custo (da arma e de
um lote de munição) e o alcance da arma.
Pequenas
Armas pequenas de longa distância causam 1d4 de dano,
têm 10 metros de alcance e custam 20 MP. Um lote de
munições custa 1 MP.
Estilingues, fundas e dardos
Médias
Armas médias de longa distância causam 1d6 de dano, têm
20 metros de alcance e custam 40 MP. Um lote de munições
custa 2 MP.
Arco curto, arco de caça
Grandes
Armas grandes de longa distância causam 1d8 de dano,
têm 50 metros de alcance e custam 100 MP. Um lote de
munições custa 5 MP.
Arco longo e arco de guerra
ARMAS ÚNICAS
As armas a seguir podem ser utilizadas para realizar uma
ação especial. O jogador pode escolher utilizar a ação
especial de sua arma a qualquer momento, sem limite
de usos ou tempo de recarga. Usar a arma desta forma
consome uma das duas ações do turno em combate do
personagem.
RENTUS - SEGUIDORES E EQUIPAMENTOS IV BESTAS & BRONZE

Arma Tamanho / Dano / Dureza (corpo-a-corpo)/ Ação/Penalidades Descrição

Valor Alcance (Longa distância)
Atlátl (atirador) é um aparato
O personagem pode atirar a 100 m de distância, para arremessar dardos. Criado
Atlátl Grande/ 2d4/ 10MP Longa distância mas deve gastar as duas ações de seu turno em no período paleolítico, foi uma
30 m combate das primeiras armas inventadas.
Sempre que usar, avance 2 metros Necessita de espaço para uma
breve corrida.

Borduna Média / 1d6/ 15MP Corpo-a-corpo Pode empurrar o inimigo 2 metros em qualquer Espécie de espada de madeira,
4 Dureza direção (sem infligir dano). com dano de contusão.
O uso desta arma requer duas mãos e um ataque Uma linha de fibra ligada por
surpresa ou um agarrão. Se o acerto for bem- duas empunhaduras de madeira.
Garrote Pequena / 0/ 5MP Corpo-a-corpo Furtivo sucedido, o alvo não pode se deslocar e sofre Feita para enroscar o pescoço do
0 Dureza passivamente 1d6 de dano por rodada (sem testes adversário em um abraço mortal
de acerto). O alvo ainda pode tentar atingir o e silencioso.
adversário.
Um sucesso com esta arma requer um teste de O mancatcher ou desmontador
acerto e que a vítima faça um teste de resistência é uma haste de metal com uma
Desmontador Grande / 0/ 60MP Corpo-a-corpo contra sopro. Se fracassar, a vítima fica impedida argola semi-aberta na ponta. É
8 Dureza de se mover e atacar. feita para prender o pescoço do
adversário em dentes metálicos
pontiagudos.
Ataque em área que cobre uma superfície de
Longa distância 2 metros. Requer que alvos na área testem Uma rede. De pesca. Para pegar
Rede Grande / 0/ 20MP 5m resistência contra sopro ou ficarão impedidos de peixes. E pessoas.
se mover. Se libertar custa-lhes duas ações, sem
testes.
Chicote Média / 1d4/ 20MP Longa distância Pode agarrar pessoas ou objetos à distância. Alvos Whiiip – crack!
4m podem resistir com resistência contra sopro.
Penalidade: testes de presença para bloquear são Uma manopla de armadura
Corpo-a-corpo feitos com +3 com espinhos e placas de metal.
Cestus Pequena / 1d4/ 40MP 3 Dureza Colocar seus dedos na frente de
As mãos do usuário ficam livres para interagir uma espada requer coragem.
com o cenário como se ele estivesse desarmado.
Corpo-a-corpo Bônus: -2 em testes de presença para bloquear Um escudo pequeno, descartável
Broquel Pequena / 1d2 / 20MP 4 Dureza Ocupa e inutiliza uma das mãos, mesmo quando e prático.
não é usado para atacar.
Escudo Média / 1d2 / 80MP Corpo-a-corpo Bônus: -4 em testes de presença para bloquear. Caro, mas eficiente
7 Dureza
Média/ 1d6 / 5MP Corpo-a-corpo e longa A lança é uma arma que funciona tanto no Contemple o poder do espeto
Lanças ou distância combate corpo-a-corpo quanto no combate à pontudo, a primeira arma da
Grande/1d8 / 10MP 4 Dureza distância, podendo ser arremessada. humanidade.
Scuta Grande / 0 / 120MP 12 m Bônus: -6 em testes de presença para bloquear. Escudo corporal.
10 Dureza

ARMADURAS
Cada ponto de resistência reduz o dano sofrido. Por exemplo,
se o personagem veste uma armadura de escamas (2 de
resistência a dano perfurante) e recebe uma flechada de
arco curto resultando em 5 pontos de dano, sua armadura
absorve 2 pontos de dano, ou seja, o dano sofrido é 3.
Veja a tabela ao lado.
Atlátl

51
 BESTAS & BRONZE IV RENTUS - SEGUIDORES E EQUIPAMENTOS

Armadura Valor Fardo Bônus Penalidades

Armadura de peles 50MP Leve 1 resistência a dano de contusão Sem penalidades
Couro batido 50MP Leve 1 resistência a dano cortante Sem penalidades
Gambeson 50MP Leve 1 de resistência a dano perfurante Sem penalidades
Panóplia 120MP Médio 2 de resistência a dano cortante +3 em testes para se esconder, nadar e escalar
Armadura de Escamas 120MP Médio 2 de resistência a dano perfurante +3 em testes que envolvam correr, cavalgar e saltar
Couro acolchoado 120MP Médio 2 de resistência a dano de contusão -2m de deslocamento
Couraça de bronze 1000MP Pesado 3 de resistência a dano cortante +6 em testes para se esconder, nadar e escalar
Loriga Segmentada 1000MP Pesado 3 de resistência a dano perfurante +6 em testes que envolvam correr, cavalgar e saltar
Armadura Lamelar 1000MP Pesado 3 de resistência a dano de contusão -4m de deslocamento

FERRAMENTAS DE INSTRUÇÃO
Nêbris é o caos, o enigma, a manifestação física do
desconhecido. O ato de absorção de pontos de nêbris envolve
seu estudo e compreensão. A investigação desassistida do
nêbris é completamente aleatória. Quando um jogador
tenta estudar uma fonte de nêbris para adquirir uma nova
werdh, ele não tem controle sobre qual sílaba aprenderá, a
não ser que tenha uma ferramenta de instrução para guiar
esse processo. Essas ferramentas são formas de orientar a
cognição em favor de formas de pensar específicas. Esses
itens especiais podem ser encontrados em determinadas
regiões de Weik.
Argila de Pérkun
O monte Pérkun é o pico mais alto de Weik e o local sagrado
para os povos Phunes. Essa federação de tribos bárbaras
vive nas encostas da cordilheira onde se insere o monte
Pérkun, e os bárbaros visitam o topo do monte em suas
jornadas místicas. De lá, trazem minerais com propriedades
especiais. Uma das mais cobiçadas é a Argila de Pérkun.
Este material é usado no estudo das fontes de nêbris, de
forma que o bhamoi é capaz de produzir um simulacro,
uma pequena escultura do paradoxo que está à sua frente.
Quando ele termina, mais sábio, apenas a estatueta resta
de sua antiga confusão, pois seus olhos já enxergam o
mundo mais claramente.
Este item especial permite que o usuário com acesso a
uma fonte de nêbris aprenda a werdh de Forma, sempre
em ordem de menor para maior. Se possível, o personagem
aprende “-a-”, a forma de projétil. Se o personagem já
conhecer esta werdh, ele pode aprender “-i-” , a forma
de linha. O próximo será “-u-”, a forma de cone. E assim
sucessivamente.
Anotar em um livro de vellum enquanto estuda uma fonte de
nêbris permite que o bhamoi escolha aprender uma werdh
de Forma em ordem decrescente. Se possível, o personagem
aprende “-ū-”, a forma longa. Se o personagem já conhecer
esta werdh, ele pode aprender “-ē-” , a forma de som. O
próximo será “-ō-”, a forma de luz. E assim sucessivamente.
Totens de Grōdjan
Quem cruza as florestas de Grōdjan encontra árvores
adornadas como colunas de templos. Os druidas da
civilização Arkeut aprendem a arte do entalhe em madeira
como parte de sua formação básica, não apenas pelo
valor ornamental, mas porque as cenas representadas são
registros importantes. Os padrões em relevo na madeira
são um código intrincado que apenas os iniciados podem
compreender.
Entalhar um totem com cinzel, martelo e madeira da
floresta de Grōdjan permite que o bhamoi consiga usar uma
fonte de nêbris para aprender a werdh de Efeito em ordem
decrescente. Ele primeiro aprende: -ēq-, depois, -alk-, em
seguida -ort- e assim por diante.
Arbalestrille
Os maiores arquitetos de Weik são treinados nas artes
matemáticas. Esses construtores aprenderam a empregar
suas ferramentas na pesquisa do caos, encontrando na
desordem natural um novo universo para estabelecer sua
vontade.
Ao medir e projetar novos usos para o nêbris, um bhamoi
com um arbalestrille consegue aprender as werdh de
Duração segundo a ordem: -rē, -al, -gu, -su, -us, -as-, -ro,
-ols.

Vellum Ambar gris

Vellum é o couro dos novilhos preparado em forma de um
tomo pelos escribas de Bhulak. As páginas desse grande
livro de couro podem ser marcadas com um estilete e tinta,
e raspado para dar lugar a novas anotações, formando
inúmeros palimpsestos – o texto fantasma que registra o
avanço do pensamento.
Quando baleias encalham na cidade litorânea de Moljā,
os nativos cantam e dançam, pois seus cadáveres contém
carne, óleo e, principalmente, âmbar gris. Essa substância
cinzenta que se acumula no sistema digestivo das baleias é
de grande valia para os boticários de Moljā, que por meio
da alquimia produzem os mais cobiçados perfumes da

52
RENTUS - SEGUIDORES E EQUIPAMENTOS
terra. Quando conseguem algum ambar gris, os apotecários
usam sua vidraria e ânforas para pesquisar e descrever a
química do universo.
Com ambar gris, um bhamoi pode usar o olfato para
decifrar uma fonte de nêbris, aprendendo as werdh de
Intensidade na ordem: -ar-, -on-, -os-, -er-, -en-, -ep-,
-ek-, -id-.
Infelizmente essas ânforas não estão à venda. Elas são
sagradas para os nativos de Moljā. O simples fato de um
estrangeiro carregá-la pode lhe custar a vida.
Cárcere do Tempo
Na porção altíssima do deserto de Teusqa, por detrás
das cascatas arenosas, há uma galeria de cavernas que
escondem dunas imensas, formadas pela anti-areia fosca
que não conhece o sol do deserto. As ampulhetas que usam
da anti-areia possuem uma propriedade especial.
Ao apreender uma fonte de nêbris, o bhamoi pode recriar o
momento exato da aprendizagem. Sendo assim, se desejar,
pode re-rolar o resultado da aprendizagem de uma werdh
aleatória. Ao fazê-lo, todos que estiverem estudando o
mesmo ponto de nêbris também deverão re-rolar seus
resultados. Cada fonte de nêbris só pode ser re-rolada uma
única vez.
Tabuletas de Cera
Em Woikos, onde toda a magia é proibida, os inquisidores
encontraram diversas formas de coibir o uso das bhamon.
Uma dessas formas é o uso das tabuletas de cera. O
portador desses pequenos artefatos pode destruir um
ponto de nêbris simplesmente registrando o enigma para,
em seguida, derreter a tabuleta.
No entanto, os bhamoi mais habilidosos aprenderam
a usar as tabuletas para guardar uma fonte
de nêbris apenas para si. Ao usar a
tabuleta, o bhamoi pode “matar” uma
fonte de nêbris e transportar seu
poder na mochila. Cada tabuleta
só pode ser usada uma vez.
Máscara Mūkam
Toda tribo Sekir, possui uma
máscara cerimonial. Essa
máscara é feita de linho e adornada
com restos de animais, geralmente
penas e presas. Porém, algumas
tribos descobriram substâncias
capazes de conservar partes
molhadas, como línguas, ligamentos
e olhos, produzindo as grotescas
máscaras Mūkam.
53
IV BESTAS & BRONZE
Os bhamoi de Sekir descobriram que usar uma máscara
Mūkam durante a apreensão de um ponto de nêbris de
forma a compreensão, transformando o raciocínio em uma
intuição bestial. Dessa forma, ao absorver um ponto de
nêbris usando a máscara, o bhamoi pode, adicionalmente,
trocar uma de suas werdh conhecidas. Assim como a
apreensão, a troca também é aleatória.
Disco de Nebra
Todos os bhamoi de Lundene conhecem a lenda dos discos
de Nebra. A história conta que o maior artesão que a
cidade já produziu criou mapas astronômicos tão belos
que as estrelas corrigem sua posição para se adequar aos
discos. Esses discos são verdadeiras relíquias. Aquele que
possui um disco de Nebra jamais irá vendê-lo.
Na presença do caos, esses discos permitem um
entendimento absoluto do espaço e da extensão de todas as
coisas. Dessa forma, o bhamoi pode aprender as werdh de
Volume em ordem alfabética (começando por -ek-, -en-, e
assim por diante).
Lâmina Obsidiana
Os temidos mestres de Mer- ensinam seus discípulos a
usar lâminas de obsidiana para realizar um ritual profano.
Em posse de lâminas negras e rústicas, os bhamoi usam
cadáveres para guiar a aprendizagem das werdh.
Se a língua de um cadáver é removida com uma lâmina
de obsidiana durante a apreensão de nêbris, o bhamoi
pode guiar sua compreensão do caos. Ele pode aprender
qualquer uma das werdh que fossem conhecidas pelo
morto.
Libra de Ouro
Os bhamoi mais ricos de Belgntom quase sempre carregam
uma libra de ouro. Esse artefato feito de ouro permite ao
bhamoi pesar o valor de todas as coisas. A
libra pondera e julga, por isso, durante
a absorção de nêbris, o bhamoi pode
sortear duas werdh e, em seguida,
escolher entre elas.
Carnyx
Estudar uma fonte de nêbris pelo
Carnyx significa enxergar com o
som. Este instrumento ancestral
emite um ruído assustador, que
vibra na frequência do caos. O
bhamoi pode sondar as harmonias
e reverberações da anomalia e
guiar seu entendimento sobre
a natureza. Ele pode escolher a
categoria de werdh em que quer
sortear (efeito, forma, volume,
am
intensidade ou duração).
ūk
M
ra
ca
ás
M
 BESTAS & BRONZE IV RENTUS - SEGUIDORES E EQUIPAMENTOS

ITENS
Cada um dos seguintes itens ocupa o espaço de um item
relevante. O jogador pode carregar um número de itens
igual ao de sua carga. A carga é dada pela média entre
vigor e presença.

Itens Valor
Saco de dormir 2MP
Pergaminhos 5MP
Três tochas 1MP
Pederneira e pavio 3MP
Óleo (1 L) 5MP
nfora 1MP
Cantil 3MP
Roupas
- pobres 1MP
- nobres 20MP
- túnicas 2MP
- inverno 10MP
- comuns 5MP
- deserto 10MP
Estilete
- sílex 5MP
- obsidiana 10MP
Espelho
- bronze 20MP
- obsidiana 10MP
- prata 100MP
Resina (torna-se cola sob calor e endurece 10MP
quando esfria)
Ataduras 1MP
Jóias
- madeira e ossos 10MP
- gemas 20MP ou mais
Corda (20 m) 15MP
Ervas para chás, tempero e especiarias 3MP
Gordura animal 5MP
Incenso 10MP
Tinta e pena 10MP
Ferramentas (para quaisquer atividades, como
remover peles de animais, abrir fechaduras, 100MP
reparar mecanismos, costurar, etc)
Giz, cera e carvão 10MP
Vara, linha e anzol 1MP
Símbolo sagrado 15MP
Caldeirão e Panelas 20MP
Correntes de ferro (3 m) 100MP
Pregos longos de ferro (10) 25MP
Ganchos (3) 15MP
Instrumentos
- sopros (flautas, berrante, trombetas e luur) 40MP
- cordas (alaúde, lira) 50MP
- percussão (tambores e címbalos) 10MP

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BESTIÁRIO
APÊNDICE A
BESTIÁRIO
A Ficha do Monstro
Penalidade para atingir: número positivo que representa
a penalidade em ataques desferidos contra o monstro
Pontos de Sangue: Saúde média do monstro (Caso queira
sortear, role os dados de vida contados em números de d8)
Deslocamento: Deslocamento em metros por ação. Alguns
monstros possuem mais de um tipo de deslocamento.
Limiar de prontidão: a prontidão mínima que um
personagem deve ter para perceber o monstro furtivo.
Características:
Habilidades passivas e outras informações relevantes que
não exigem nenhuma ação específica por parte do monstro.
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III BESTAS & BRONZE
Ataques:
Lista de ataques possíveis e seu dano. Conforme descrito
na seção de combate, cada ataque possui uma lista
de penalidades no estilo (E./C.A./B.) que representam,
respectivamente, as penalidades para esquivar, contra-
atacar e bloquear cada um dos ataques do monstro.
Ações:
O que torna os monstros realmente perigosos são suas
ações. Essas ações podem ser tão complexas quanto o
mestre desejar, incluindo regras e sistemas próprios que
tornam o encontro perigoso e imprevisível. Em muitos casos
(mas nem sempre), ações exigem testes de resistência por
parte dos jogadores.
 BESTAS & BRONZE
Arnogh
Ar-: criança;
-nogh: noite.
Cruzando a floresta de Grōdjan, você e seus
companheiros armam acampamento em uma
clareira iluminada pelas estrelas. A fogueira
faz borbulhar no caldeirão o ensopado de
vegetais com a carne de um animal que
ainda não recebeu um nome. A lua ilumina
a viola que um amigo trouxe de Lundene.
Ele enche a noite com a música e, encostado
a uma árvore, você vê o ar rico com cheiro
da comida vibrar. Seus descendentes vão
caminhar como reis sobre a terra da abundância. Finalmente
a morte e a pobreza, que foram tão presentes em sua origem,
começam a ficar distantes. Pensando nos tempos passados de
fome e praga e violência, você adormece.
O resto de fato é silêncio. Começou a chover. Garoa de verão,
você pode vê-la caindo inclinada nas luzes da fogueira. Aqui,
o mundo parece uma dádiva de simplicidade. Curioso, nada
mais. Lá embaixo, nas grutas de luz derramada, um gato
aparece de pedra em pedra através das sombras das árvores
de um negro líquido e costura em rápidos opostos pelo bosque
escurecido apenas para desaparecer, gato e contragato,
nas fendas entalhadas adiante. Você se lembra que não
existem gatos domésticos em Grōdjan. Algo errado. O fraco
relâmpago ao longe ilumina uma chuva fina de ferrugem;
besouros mortos, ossinhos anônimos. Atrás da primeira fileira
de árvores, uma plateia coberta de poeira. Dentro das órbitas
evisceradas do bobo da corte uma aranha dorme e suas
ruínas articuladas balançam na forca, suspensas, pêndulo de
ossos em trajes multicoloridos. Figuras quadrúpedes imensas
perambulam sobre o tablado.
Você acorda gritando. Aliviado, percebe que era só um
pesadelo. Você se vira para tranquilizar seus companheiros
de viagem, eles devem ter se assustado com seu grito. Estende
a mão para tocar o violeiro, mas encontra ali apenas o
instrumento largado na relva. A viola está coberta de insetos
mortos. Sua madeira envernizada reflete uma imagem. A
sola das botinas de alguém acima. Voltando os olhos para o
alto, vê o músico enforcado em uma árvore. Se levantando e
tropeçando para longe, você esbarra no corpo do cozinheiro
em estado ainda pior. Você grita e esfrega os olhos, mas não
há outro pesadelo de onde acordar.
O único sinal de vida na clareira vem de um macaquinho
abraçado a uma árvore. Seu pelo é violeta escuro, sua língua
comprida é roxa e ele usa uma mãozinha para devorar um
olho eviscerado como se fosse uma maçã. Em seus imensos
olhos arregalados, você enxerga projeções vivas de uma luz
pálida como a da lua. Você vê sua própria imagem e, mais
atrás, você vê uma imensa figura quadrúpede: monstro e
contramonstro armando um ataque furtivo. Assustado, você
se vira para verificar a retaguarda, mas não há nada ali. Se
voltando para olhar o macaco mais uma vez, você percebe
que, numa fração de segundo, ele já desapareceu.
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III BESTIÁRIO
Penalidade para atingir: +2
Pontos de Sangue: 5 (1d8)
Deslocamento: 3 metros correndo
ou escalando
Limiar de prontidão: 18
Tesouro: Olhos (250 MP por cada
olho. Se decompõem e perdem as
propriedades rapidamente, caso
o caçador não saiba conservá-los
corretamente)
Características
Visão absoluta. Os olhos imensos do
Arnogh veem o invisível e através de
obstáculos. São capazes de enxergar no escuro em até
60 metros.
Ataques
Mordida. 1d4 (+0 E./+0 C.A./+0 B.)
Ações
Telecinese. Criaturas ou objetos com peso de até 400 quilos
em até 10 metros de distância podem ser levitados. Criaturas
relutantes podem testar resistência a feitiços para não serem
afetadas. O Arnogh pode manobrar, manipular e arremessar
objetos e criaturas no ar por até dois turnos. Em caso de
arremesso, calcule o dano em função da distância percorrida
até atingir um objeto. 1d6 de dano para cada 3 metros
percorridos. O Arnogh leva uma ação para fazer um alvo
levitar, mas pode manter diversos alvos no ar simultaneamente.
Extrair sonhos. Em uma distância de até 30 metros, o
Arnogh pode projetar os sonhos de um alvo adormecido
para a realidade. O alvo que fracassar em um teste de
resistência de dominação fica inconsciente até que o Arnogh
seja impedido de usar a habilidade extrair sonhos. Os sonhos
trazidos para a realidade não são ilusões. São palpáveis e
possuem todas as características reais dos pesadelos. Porém,
quando a habilidade extrair sonhos termina, os objetos e
criaturas fabricadas desaparecem. Os efeitos podem ser
benéficos ou nocivos. O mestre pode arbitrar a natureza
dos sonhos a depender dos estresses e pressões que atuam
sobre o alvo. Caso um personagem esteja sendo perseguido,
amaldiçoado, doente, gravemente ferido, é mais provável que
tenha pesadelos horríveis e relacionados à sua preocupação.
Chuva de lava, palhaços assassinos, bolhas na pele de onde
saem cobras são efeitos possíveis. Caso tenha obtido uma
vitória recente, esteja motivado ou tenha perspectiva de ser
recompensado em breve, o Arnogh pode trazer à realidade
sonhos como uma fonte de cura, um gênio da lâmpada que
concede um desejo, um portal que leva os personagens onde
desejarem. Lembre-se que tudo que foi sonhado desaparece
após o fim da duração da habilidade, inclusive tesouros.
Teletransporte. O Arnogh se teletransporta magicamente,
com qualquer equipamento que esteja vestindo ou segurando,
a até 10 metros de distância para um lugar desocupado que
ele possa ver.
BESTIÁRIO
Bhēswel
Bhēs-: ave de rapina;
-wel: morte, morto em batalha.
A rainha das montanhas. A primeira filha do casamento
entre os deuses maiores: Dyēws Phtér (Céu Pai) e Dheghom
(Terra). A guardiã dos portões que levam ao mundo dos
mortos.
A Bhēswel é a arara-dragão que habita paredões rochosos.
Apenas uma Bhēswel pode existir em raio de 100 km. Caso
surja uma invasora, as aves disputam o território em um
duelo até a morte que ensurdece a todos que falharem em
buscar abrigo.
As Bhēswel cavam os paredões rochosos com os bicos
para se alimentar dos minerais das pedras e, ao longo dos
anos, arquitetam na pedra um sistema de túneis e cavernas
para lhe servir de lar. As tocas das Bhēswel, cujo chão está
sempre coberto de armas e armaduras humanas, mais se
parece com um calabouço, atraente pelos itens lendários,
mortal justamente pela presença desses itens. Aquele
que quiser derrotar uma Bhēswel (que os deuses tenham
piedade de sua alma) devem atrair a fera para fora de seu
covil e jamais levar item mágico algum a seu encontro.
Acontece que, sendo capazes de gritar na frequência em
que vibram as ondas de mana e assim produzir estranhas
harmonias, as Bhēswel podem desativar itens mágicos
ou até usá-los contra seus portadores. Mais ainda: com
suas penas coloridas, produzem padrões hipnóticos que
encantam os guerreiros e os colocam à sua disposição. Com
gritos estrondosos, ensurdecem os magos e tiram-lhes as
palavras mágicas.
A besta parece ter sido desenhada pelos deuses para
combater os melhores guerreiros — quanto mais experiente,
habilidoso e bem preparado, mais extravagante será sua
morte no bico da Bhēswel. Por isso, é considerada em todas
as culturas um instrumento da ira divina.
O povo Phunes idolatra a Bhēswel anciã que vive na
57
A BESTAS & BRONZE
montanha de Pérkun, e oferecem sacrifícios humanos
para mantê-la saciada e calma. Ao se aproximar da
velhice, bárbaros já realizados em campo de batalha
disputam a honra de terminar a carreira servindo
de alimento à fera sagrada. A maioria dos povos,
entretanto, contrata mercenários a peso de ouro
para matar (ou pelo menos expulsar) Bhēswel de
suas proximidades.
Penalidade para atingir: +6
Pontos de Sangue: 75 (15d8)
Deslocamento: 11 metros
caminhando ou escalando; 30 metros
voando
Limiar de prontidão: 10
Tesouros: Itens mágicos de
aventureiros fracassados em seu covil.
Características
Padrões hipnóticos. Todos em até 30 metros que possam
ver as penas da cauda da Bhēswel devem fazer um teste
de resistência a habilidades inatas (cultura) ou ficarão
hipnotizados. Alvos hipnotizados podem refazer o teste
no início de seus turnos. Aqueles que passam no teste de
resistência ficam imunes à cauda da Bhēswel por 24h.
Aqueles que fracassam perdem suas ações.
Ataques
Bico.1d20 (0 E./+2 C.A./+4 B.)
Garras.1d6 (+2 E./+0 C.A./+0 B.); 2 ataques de garra por
ação. As garras que se projetam do peito da Bhēswel
Ações
Ruído. Sempre que a Bhēswel grita durante o combate,
todos capazes de ouvi-la devem fazer um teste de
resistência a habilidades inatas (cultura) ou ficarão surdos.
Se fracassarem, toda magia tem 50% de chance de falha
devido à dificuldade em pronunciar corretamente as
palavras. Jogadores não podem se comunicar verbalmente.
Sopro sônico. Três vezes por combate a Bhēswel pode
produzir um sopro de força avassaladora. Todos em um
cone de 18 metros à frente da Bhēswel devem fazer um
teste de resistência contra sopro (agilidade), perdendo 5d4
pontos de sangue em caso de fracasso ou metade disso em
caso de sucesso.
Usar item mágico. Com uma ação, Bhēswel pode desativar
temporariamente os efeitos de qualquer item mágico dentro
de 20 metros, ou usar seus efeitos como quiser.
 BESTAS & BRONZE A BESTIÁRIO

Manghmēy
Mangh-: mágica, feitiçaria;
-mēy: enganar, espreitar.

Ela tem três toneladas, escamas

brilhantes e se move lentamente,
mas você não consegue percebê-
la. Ela avisa sua vinda a todos em
quilômetros ao redor, mas você não
saberá quando ela chegar. Ela vai
rastejar lentamente na frente de
seus olhos, se enrolar em torno de
você e projetar presas envenenadas
a centímetros de sua carne sem
que você jamais compreenda que o
destino veio recolher sua alma.

O segredo está no chocalho.

Seu som chega a até dez
quilômetros de distância, mas
não é excepcionalmente alto. Tão
ruidosa quanto o motor de um carro em ponto morto,
essa cascavel monstruosa chacoalha constantemente sua
cauda para emitir sons em frequências projetadas para
viajar longas distâncias. O padrão sonoro hipnótico jamais
é conscientemente registrado pelas vítimas humanoides
– começam em um volume tão baixo e aumentam tão
lentamente conforme a cobra rasteja cada vez mais
próximo – que o som se torna um ruído branco, eliminado
pelo cérebro das vítimas como mero barulho de fundo.
Esse engano abre a porta para outros equívocos da
consciência. A mesma lógica subconsciente que nos faz
ignorar o barulho da chuva elimina também a presença da
cascavel gigante quando nossos olhos finalmente pousam
sobre ela. Para os humanoides, sua existência simplesmente
não é percebida conscientemente. Ela não é invisível – é
um vazio cognitivo. Se alguém está caminhando em uma
estrada e Manghmēy está atravessada em sua frente, o
sujeito dá a volta ao redor da cobra sem conseguir explicar
por que fez isso.
ao redor, pode-se cogitar a presença de uma Manghmēy.
Naturalmente, esse monstro clandestino se tornou uma
espécie de assombração para as culturas de Weik. Quando
alguém desaparece ou um objeto é destruído sem razão
aparente, Manghmēy é a culpada mais popular. Por outro
lado, a eterna suspeita sem provas abre espaço para
a paranóia. Se o dia está estranho e os animais estão
inquietos, os druidas atravessam a tarde calados, às vezes
cutucando o ar com suas lanças apenas para se certificar
de que estão mesmo sozinhos.
Penalidade para atingir: +2
Pontos de Sangue: 45 (10d8)
Deslocamento: 9 metros rastejando ou escalando
Limiar de prontidão: Veja descrição
Tesouros: Chocalho (1.000 MP. Tendo cerca de dois metros e
pelo menos 50kg, o chocalho da Manghmēy ocupa o espaço
de cinco itens relevantes na carga de quem a carrega)

Manghmēy só é finalmente percebida através do toque. Isso

geralmente acontece quando ela decide finalmente devorar
sua presa, após se posicionar cuidadosamente ao seu redor
de forma que a vítima fique impedida de fugir. Então, ao
menor contato com as escamas frias, toda a imensidão
pula para dentro da existência de uma só vez. Incapaz de
compreender como pôde ter sido tão estúpido, o alvo se
desespera, mas é tarde demais.
A cobra também pode ser percebida por evidências indiretas.
Embora seja insuspeita para quem a olha diretamente, os
rastros que ela deixa na lama podem ser duvidosos. Os
cães a enxergam e correm de medo (quaisquer animais
capazes de ouvir frequências muito diferentes da audição
humana conseguem percebê-la). Se uma casa foi destruída
mas não houve tempestade ou danos a outras construções
Características
Chocalho. A menos que seja encontrada dormindo,
a Manghmēy sempre surpreende sua presa. Mas a
desconfiguração dos sentidos provocados por Manghmēy
não terminam por aí. Todos que entram a menos de 20
metros de distância do chocalho da cobra devem testar
resistência a habilidades inatas (cultura) ou ser afetado por
um dos seguintes efeitos:
1. Amigos farsantes. Seus objetos pessoais foram trocados
por réplicas idênticas. Os companheiros ao seu redor
são atores substituindo seus amigos de verdade. Eles
aprenderam a falsificar seu comportamento, mas eles

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BESTIÁRIO A BESTAS & BRONZE

erram! Os padrões estão se repetindo. Você é o único que

percebe. Talvez você seja a única pessoa verdadeira e
genuína que restou em todo o mundo. Descubra o que eles
querem e por que eles estão aqui. Você não pode deixá-los
saber que você sabe ou eles vão te matar. Se necessário,
mate-os antes.

2. O mundo é um moinho. Quando você observa os

arredores, você consegue perceber incongruências na
paisagem – aquela pedra estava ali antes? Essa folha está
se movendo de forma suspeita? Aquele caracol te conhece e
quer te esmagar. Como você é tão pequeno, talvez consiga
escapar das engrenagens titânicas da natureza se correr
agora. Fuja, seja silencioso e se mantenha longe da luz
para passar despercebido.

3. Máquina dentro de você. Você percebe que há dias

está com um zumbido chato nos ouvidos. Você começa a
suspeitar do que pode ser. Alguém colocou um dispositivo
dentro de você. Às vezes você pode senti-lo sob a pele, mas
ele se move. Encontre-o. Corte sua pele e tire-o daí.

4. Sentidos enganam. Seus olhos andam te traindo, seus

ouvidos estão inúteis, você não consegue se concentrar nos
cheiros ou na textura das coisas. Você não precisa mais
de nada disso. Feche os olhos, tampe os ouvidos e confie
que existe uma representação perfeita de todo o universo
dentro da sua mente.

5. Você está sendo esquecido. As pessoas não te percebem.

Você precisa gritar para ser ouvido. Talvez você esteja
evaporando para fora do pensamento de todos. Faça algo!
Rápido, antes que seja tarde. Quebre um item caro, mate
alguém, roube o rei, faça a coisa mais chamativa possível
para ser notado

Ataques
Mordida.1d10 (+4 E./+0 C.A./-2 B.).

Constrição.2d6 (0 E./-2 C.A./+4 B.); Requer teste de

resistência contra habilidades inatas (cultura) ou o alvo

59
 BESTAS & BRONZE A BESTIÁRIO

Smerdowel
Smerdo-: cheiro, malcheiroso;
-wel: morte, morto em batalha.

​​ Smerdowel é um enorme carnívoro que se parece com

O
um cruzamento entre gambá e porco-espinho. Ele não tem
pelos, mas duros espinhos que se projetam de suas costas e
que são usados de forma estratégica. De hábitos noturnos,
o ouriço-gambá viaja tranquilamente pelo pântano de
Pluwods, mas, apesar de seu tamanho, são poucos os
viajantes que têm a sorte de localizá-lo antes de serem
vistos.

Como tachinhas fixando lembretes em um quadro de

avisos, os espinhos do Smerdowel fixam retalhos de
carniça em seu corpo. Para tornar o próprio cheiro ainda
mais hediondo, o ouriço-gambá tem o comportamento de
prender tudo aquilo que mata em seu próprio corpo.

Os lembretes rememoram suas últimas vítimas, assim

assustando seus oponentes: qualquer aventureiro com o
propósito de vingar a morte de um companheiro ficará
aterrorizado ao encontrar restos de seu antigo parceiro
ainda presos ao monstro fedorento. O comportamento tem
ainda a função de atrair animais carniceiros que servirão
de alimento ao Smerdowel. Sempre se acha os corpos dos
abutres viajando nas costas dessa besta.

Rolar na carniça das presas tem ainda mais um propósito: soldados de dentro de suas armaduras. A saliva, entretanto,
disfarçar o cheiro do almíscar. Enquanto o odor da carne também pode ser lançada em jato, caso o combate comece
em decomposição é comum nos pântanos de Pluwods, o a ficar difícil para o Smerdowel. Se a luta vai bem, a besta
cheiro produzido pelas glândulas do Smerdowel é muito evita usar essa ferramenta, que dissolve a comida antes da
característico. Um Smerdowel sem cadáveres nas costas é hora.
um Smerdowel exposto, facilmente localizável pelos que
têm olfato. Penalidade para atingir: +5
Pontos de Sangue: 40 (8d8)
Seu almíscar é uma substância poderosa, perigosa, Deslocamento: 9 metros
e caríssima. Exposto ao ar, esse líquido amarelo-vivo Limiar de prontidão: 16
rapidamente se vaporiza em uma névoa repulsiva, capaz Tesouro: Almíscar (100 MP por dose)
de provocar espasmos violentos a quem quer que o inale. Se
ingerido, o almíscar produz fortes alucinações e, por isso, é
muito valorizado como ingrediente de poções e rituais dos Características
xamãs de Weik.
Fedorento. Sempre que iniciar seu turno em uma área
Após imobilizar a presa à distância com o borrifo do de 2 metros ao redor do Smerdowel, teste resistência a
almíscar, o Smerdowel investe contra o alvo e se arremessa habilidades inatas (cultura). Em caso de falha, perca uma
sobre ele. Capaz de perfurar armaduras com o encontrão, rodada vomitando.
que soma os espinhos afiados ao monumental peso de seu
corpo, o Smerdowel frequentemente acaba com a luta antes
mesmo de ela começar. Se errar o encontrão, a besta ainda
tem a vantagem, pois seu cheiro é tão pavoroso que o alvo Ataques
frequentemente não consegue fugir porque está ocupado
demais vomitando. Mordida. 1d8 (+4 E./+0 C.A./+2 B.)

Por último, mas não menos importante, o Smerdowel Encontrão. 3d8 (+2 E./0 C.A./+8 B.); atinge todos os alvos
possui uma saliva corrosiva. Esse instrumento é geralmente adjacentes. Requer que o Smerdowel corra por pelo menos
utilizado com o propósito de tirar a parte suculenta dos 3 m antes de desferir o Encontrão

60
BESTIÁRIO A BESTAS & BRONZE

Ações
Borrifo de almíscar. Em uma esfera de 6 metros de
raio a partir de si, o Smerdowel produz um gás amarelo
nauseante. A nuvem se espalha pelos cantos e é fortemente
obscurecente. O gás é dissipado após 1d4 rodadas. Cada
criatura dentro da nuvem deve fazer um teste de resistência
contra venenos (vigor). Em caso de falha, perde seu turno
vomitando e cambaleando. Criaturas que não precisam
respirar são imunes a esse efeito. Um vento moderado
dispersa a nuvem após duas rodadas.

Saliva corrosiva. O Smerdowel usa essa ação apenas se

tem menos do que 50% de seus pontos de sangue. Em uma
linha de 5 metros à sua frente, o Smerdowel produz um jato
de saliva corrosiva. Criaturas em seu caminho devem fazer
um teste de resistência contra sopro (agilidade). Em caso
de fracasso, a saliva corrosiva causa 5d6 pontos de dano a
alvos sem armaduras. Alvos armadurados sofrem metade
desse dano, além de 1d4 pontos de dano na dureza de sua
armadura.

61
 BESTAS & BRONZE
Snēy’sarp
Snēy’-: girar;
-sarp: cortar, reduzir a pedaços.
Elas explodem da superfície da água como se o próprio
assoalho abaixo estivesse se afogando, lutando por
oxigênio. Discos imensos ziguezagueiam pelo ar, girando
em torno de si mesmos, retalhando a floresta e o que mais
estiver no caminho com o som de mil lâminas loucas, e
retornam para a água deixando tudo silencioso novamente.
Se você sobreviveu ao ataque, pode pensar que está seguro,
mas é melhor aguardar mais alguns segundos. Após atacar
e retornar para a água, as arraias saltam para o ar mais
uma vez com a intenção de recolher os alimentos fatiados.
Capazes de parar em pleno ar, as Snēy’sarp giram sobre
a presa abatida, desenrolam os longos ferrões que ficam
enroscados junto ao corpo, espetam os nacos de carne
laminada deixados para trás durante o ataque, e retornam
para a água onde vão devorá-los.
Os bandos não têm um número máximo. Durante a
época do acasalamento, pode-se ver cardumes voadores
numerosos o suficiente para encobrir a luz do sol. Embora
vivam a maior parte da vida nas águas baixas (tanto na
água doce quanto na salgada).
Contraintuitivamente, as Snēy’sarp não são tão eficientes
debaixo d’água, onde estão impedidas de atingir as
velocidades necessárias para fatiar suas vítimas com suas
bordas afiadas, e podem se defender apenas com seus
ferrões sem veneno. Qualquer steighō sabe que a melhor
estratégia para se salvar de um bando de Snēy’sarp é
mergulhar no próprio lar das Snēy’sarp e aguardar. Elas
não costumam atacar enquanto estão submersas, mas vão
cortar seu pescoço se você tentar respirar com a cabeça
fora da água por tempo demais.
62
A BESTIÁRIO
Olhos são inúteis quando se é uma grande arraia
rodopiante. Uma Snēy’sarp se orienta principalmente pelo
som. Como um morcego, ela se orienta por ecolocalização:
podem projetar o ferrão para produzir um ruído no ar em
alta velocidade, e este som é refletido pelas superfícies e
retorna até os ouvidos sensíveis da Snēy’sarp. Entretanto,
durante os ataques em busca de alimento, o bando não
está realmente preocupado com o ponto exato onde a presa
se encontra, pois tudo ao redor será fatiado de qualquer
forma.
Seus ovos são seus únicos tesouros. Parecendo feitos de
obsidiana translúcida, têm formatos caprichosos que se
assemelham a besouros ou shurikens deformadas. Os
poliedros de quinas pontiagudas e vértices cortantes são
usados para fabricar armas, para alimentar monarcas e
para os rituais mais proibitivos.
Penalidade para atingir: +1
Pontos de Sangue: 15 (3d8)
Deslocamento: 9 metros nadando, 30 metros voando
Limiar de prontidão: 14
Tesouros: Ovos (200 MP por unidade)
Características
Cardume. O número de Snēy’sarp encontrado é 1d6. Se
o resultado for 5 ou 6, adicionar o número a 1d8. Se o
resultado do d8 for 7 ou 8, adicionar o número a 1d10; se
você tirar 9 ou 10, adicione esse número a 1d12 e assim
sucessivamente.
Planar. A Snēy’sarp não voa,
apenas plana. Por isso, precisa
voltar para a água a cada dois turnos.
Ataques
Serra. 1d12 (+2 E./-2 C.A./+0 B.); até 3
alvos adjacentes à Snēy’sarp.
Ferrão. 1d6 (+0 E./-2 C.A./-1 B.).
GLOSSÁRIO III BESTAS & BRONZE

APÊNDICE B

GLOSSÁRIO

Por todo este RPG, utilizamos a língua Proto-Indo- Bhamoi – Bhāmoi – Falar
Europeia (PIE) para batizar os locais, os povos, os monstros Weik – weiks – Casa
e as sílabas mágicas que estruturam o jogo. O Proto-Indo- Swepnos – swépnos – Sonho
Europeu (PIE) é um idioma hipotético que teria sido falado Werdh – wṛdhom – Palavra
há 5.000 anos por povos como os da cultura Yamnaya, ao Steighō – Steyg – Andar, marchar
norte do Mar Negro. Nenhum registro direto do Proto- Eger – hger – Despertar
Indo-Europeu foi encontrado; as evidências para sua Leibhamon – Ley / Led – Ruim, pequeno
existência se baseiam na observação das similaridades e Rebhamon – Rebhō – Escudo
diferenças sistemáticas das línguas indo-europeias entre si. Bhlagmen – Bhlaghmṇs – Sacerdote
O processo de comparar a evolução da língua através da Woitamann – Woitā – Caça | mann – Mánnusos – Homem
geografia em função do tempo possibilitou a reconstrução Muzg – Submerso, mergulhado
desse idioma ancestral. Demagh – Dem – Construir
Grōdjan – Greh – verde
Poderíamos justificar a escolha dessa língua de diversas Pluwods – Pḷwods – Pântano
formas, mas a realidade é que não a escolhemos. Nosso RPG Pérkun – Pérkūnts – Altura
nasceu justamente quando compreendemos que o Proto- Teusqa – Teusqa – Deserto
Indo-Europeu permitia algo que nenhum outro idioma Woikos – Oikos – Casa
permitiria. Com o passar dos milênios e com o processo Moljia – Moljā – Costa, molhar, molhado
de reconstrução do PIE, todo o sentido das palavras foi Sekir – Sekwr – Andar
reduzido a umas poucas sílabas centrais de cada vocábulo. Arkeut – Ark – Arco, de arco e flecha
As partículas que carregam os significados foram muito Phunes – Phunés – Fogueira
reduzidas, de modo que nós, game designers, podemos Belgntom – Bel – Brilho | Árgṇtom – Prata
uni-las em uma palavra mais ou menos pronunciável Domuwel – Domos – Casa | keklo – Roda
e de forma que o sentido de uma frase inteira pode ser Bhulak – Bhurgh – Torre de vigia
condensado em uma única palavra. Dyēws – Dyēws – Deus, céu, dia
Phter – Phter – Pai
Naturalmente, as palavras mágicas que se forma em
Bestas & Bronze são palavras que nunca existiram. Mas
em sua formação existe o germe de algo que o jogador
pode reconhecer. Em PIE, o céu, o dia e deus — todos esses
se chamam dyḗws (pronunciado “dieus”. Esta divindade
originou Zeus dos gregos; Tyr e Odin dos nórdicos; o “deus
pai” (dyḗws phter, Júpiter) dos latinos; dēvás (deus) dos indo-
arianos; daēva dos persas; e muitos outros. Foi essa fagulha
do reconhecimento, bem como o contexto de surgimento da
civilização que originou todo o RPG.

A seguir, reunimos as palavras usadas neste livro, seguidas

pelo termo em Proto-Indo-Europeu, e por último seu
significado aproximado em português.

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 BESTAS & BRONZE III FICHA DE JOGADOR

APÊNDICE III

CRIAÇÃO DE FICHA

A criação de ficha em Bestas & Bronze é pensada para ser rápida. Testes iniciais indicam que criamos um RPG
bastante mortal, por isso, é provável que em algum momento você precise criar um personagem no meio da sessão em
apenas alguns minutos. Para isso, sugerimos que siga os passos abaixo:

1. Role seis atributos de acordo com o nível de dificuldade escolhido (fácil, médio ou difícil). Se for o caso, distribua como
desejar entre: vigor; agilidade; presença; sapiência; cultura; e lucidez.
2. Ao lado de cada atributo, preencha suas respectivas resistências. As resistências são sempre iguais ao atributo associado -4;
3. Preencha seu sangue e sua mana máximos. O sangue máximo é igual ao vigor, a mana máxima é igual à sapiência;
4. Preencha sua perspicácia: (cultura + sapiência)/2;
5. Preencha sua prontidão: (agilidade + lucidez)/2;
6. Assinale seu deslocamento de acordo com sua agilidade (7, 9 ou 11 metros por ação);
7. Assinale seu fardo de acordo com sua presença;
8. Escolha uma bhamon inicial;
9. Escolha uma leibhamon ou a rebhamon de sua família linguística;
10. Escolha duas werdh;
11. Lance seus recursos iniciais de acordo com sua família linguística;
12. Gaste seus recursos como preferir, de acordo com os preços no capítulo de equipamentos.

A rigor, sua ficha rápida está pronta, mas ainda é possível incrementar seu personagem e otimizar sua ficha. Para isso,
sugerimos que os jogadores copiem informações essenciais de suas armas e armaduras no campos indicados. Além disso,
deixamos algum espaço para a história do personagem e seu retrato. Use-os com sabedoria.

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