cerebro e

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doenCas
Cérebro Saudável - Ano 1, nº 12

emocionais
PSICOSSOMÁTICA
A ciência que une os
estudos da mente
e do corpo
Dor de
cabeça
Falta
de ar

Dor
nas costas Alergia

Conheça os
TRATAMENTOS
Fadiga mais indicados

E
Sintomas físicos podem revelar transtornos
emocionais. Entenda como descobri-los! R$ 9,90
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Ligação direta
Ao perceber uma dor, incômodo ou qualquer outro sinal pelo corpo (como manchas
vermelhas), você normalmente procura um médico especialista para entender qual a
causa e como se livrar desse desconforto, não é mesmo? E se diversos exames fossem
feitos, avaliações clínicas realizadas e não houvesse uma resposta objetiva?
Muitas pessoas podem dizer: “isso é coisa da sua cabeça”. Mas calma: afirmar que
a mente é a raiz da questão não necessariamente significa que você está imaginando
seu sintoma. Na verdade, existe até uma área específica, que une psicologia e medicina,
para estudar casos nos quais doenças físicas podem ser ocasionadas por transtornos de
ordem psíquica – a psicossomática.
Para explorar o assunto, esta edição de CÉREBRO SAUDÁVEL trouxe o tema CÉREBRO
Imagem: Getty Images

E DOENÇAS EMOCIONAIS. Nas próximas páginas, você poderá compreender a

relação entre o órgão, que exerce a função de centro de controle do organismo, e outros
sistemas, como o cardiovascular e o gastrointestinal. Dessa forma, ficará mais
simples ressaltar
o papel das emoções nas reações fisiológicas, como alergias, queda de cabelo, falta de
Capa Produção Gráfica: Camila Silva e Vanessa Sueishi

ar ou dores musculares.
É fato comprovado pela ciência que ansiedade, depressão, síndromes do pânico e de burnout
são quadros que, além da mente, afetam o corpo das pessoas. Por isso, explicamos cada
condição e indicamos quais caminhos seguir após o diagnóstico – os tratamentos devem
envolver assistência para os sintomas orgânicos e psicológicos. Esperamos que gostem!

Boa leitura!
A redação
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ÍNdice

Unidade
organizada
A psicossomática avalia o ser
humano e suas enfermidades por
meio da relação entre corpo e mente

Questão de cabeça O coração sente

Enxaquecas e outros
quadros neurológicos são Disfunções biológicas,
comumente relacionados estilo de vida sedentário
ao estresse e à exaustão, e transtornos mentais
mas também possuem são capazes de alterar o
fatores orgânicos funcionamento do sistema
cardiovascular

Pensando com
a barriga Na pele
Aparelho digestório Saiba quais problemas
desregulado? Conheça dermatológicos
as causas fisiológicas e podem ser originados
psicológicas dos ou intensificados por
incômodos mais comuns influência da mente
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Mente atenta,
resposta do Fósforo aceso
Esgotamento físico e
interior mental relacionados ao
As funções de
ambiente profissional
determinadas glândulas
podem acarretar em
podem ser afetadas pelos
malefícios para a saúde
altos níveis de cortisol,
do trabalhador. Conheça a
hormônio relacionado a
síndrome de burnout
pressões emocionais

Nariz mais sensível

Manifestações
psicossomáticas podem
gerar complicações
respiratórias Muito além
da tristeza
A depressão é conhecida
por ser uma doença de
ordem psicológica, mas
também está ligada a
fatores fisiológicos
no cérebro
Em busca de
equilíbrio
O lado ruim Tratamentos
da ansiedade medicamentosos,
Apesar de ser uma terapêuticos e métodos
reação instintiva e alternativos são as opções
necessária, o nervosismo para contornar quadros
pode passar dos limites de psicossomáticos
saudáveis e se tornar um
transtorno mental

entre fisgadas e
preocupações
Lesões, tensões do dia em pânico
a dia e estresse são Momentos de terror
alguns dos fatores intenso e morte iminente
ligados aos quadros de fazem parte de uma
dores musculares e nas síndrome incapacitante.
articulações Saiba mais
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Unidade
organizada
Para a psicossomática, o corpo e a mente
funcionam de maneira integrada, por isso estão
intimamente relacionados às doenças
TEXTO E ENTREVISTAS Érika Alfaro DESIGN vanessa sueishi
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D
esde os primórdios da humanidade,
existe a busca pela compreensão
das enfermidades: como elas sur-
giram, de que forma geram efeitos
no organismo, quais as possíveis
soluções ou a cura são alguns dos parâmetros das
investigações. A inevitabilidade desses questio-
namentos se dá por conta da vulnerabilidade dos
seres – mais cedo ou mais tarde, um vírus ou uma
bactéria causará um dano, um processo orgânico
apresentará falhas ou um evento negativo será
responsável por afetar a mente.
Muitos cientistas se dedicaram ao acúmulo
de conhecimentos sobre a saúde. Assim, alguns
pesquisadores optaram por isolar seus campos
de avaliação, por exemplo: para entender as
doenças cardíacas, estudou-se a fundo o sistema
cardiovascular. No entanto, outra corrente de
pensamento adotou como critério a integração
entre corpo, mente e ambiente.
Por meio de uma visão mística, podemos citar
diversos povos antigos que utilizavam rituais e
métodos alternativos, uma vez que acreditavam
que os males não possuíam apenas razões fi-
siológicas. Transpondo a análise para o campo
científico, os estudiosos consolidaram essa ideia
ao inaugurar a psicossomática no século 19, mais
especificamente em 1818.
Tudo começou com o psiquiatra alemão Johann
Christian August Heinroth, o primeiro a utilizar o
termo. Suas análises pioneiras foram sobre insônia
e estabeleceram uma ligação entre tuberculose,
epilepsia e as paixões. Heinroth ficou conhecido
por defender a noção de que as enfermidades –
tanto as orgânicas quanto as mentais – tinham
origem na alma.
Afinal, o que é?
Após o surgimento e fortalecimento do concei-
to, os estudos do célebre neurologista austríaco
Sigmund Freud sobre a relação mente e corpo
serviram como base para os pensadores que se
debruçaram sobre o tema posteriormente. Com
a expansão e popularização das investigações
do objeto de pesquisa, foram criados a Escola
Psicossomática de Paris (1962) e o Instituto de
Psicossomática (1972). Assim, os treinamentos
para capacitação dos profissionais passaram a
ser uma realidade.
Mas, afinal, o que é psicossomática? Como
área do conhecimento, trata-se da ciência que
une a psicologia e a medicina, levando em conta
aspectos fisiológicos e mentais na avaliação dos
mais diversos quadros. “A primeira área tem como
foco o emocional e a saúde mental; já no caso da
segunda, a função é tratar os órgãos atingidos”,
ressalta a psicóloga Evani Santos.
No mesmo sentido, temos as doenças psi-
cossomáticas ou somatização. “Trata-se de um
distúrbio psiquiátrico diagnosticado quando o Cuidados
indivíduo apresenta queixas somáticas sem haver necessários
lesão do corpo. Um exemplo disso é um paciente Por um lado, é
com uma dor precordial (como se tivesse enfar- positivo – muitas
tando ou tendo algum problema cardíaco), sem vezes um alívio
que haja, de fato, uma lesão”, define o psiquiatra – receber um
Sérgio Lima. diagnóstico, mas,
por outro, é preciso
As raízes do transtorno estar atento: todas
Se nunca aconteceu com você, provavelmente as causas orgânicas/
já ouviu falar de alguém que tinha uma dor persis- fisiológicas devem
tente (ou qualquer outro sintoma) para a qual não ser descartadas
encontrava um motivo. “O processo de identificação antes que os aspectos
geralmente acontece depois que o paciente passou emocionais sejam
por vários médicos, pareceres, exames e protocolos considerados os
de avaliação sem conseguir identificar uma causa (únicos) responsáveis.
para suas queixas”, pontua Sérgio. Isso porque algumas
Desse modo, a resposta tão procurada é: as enfermidades de
razões são emocionais. O diagnóstico pode ser difícil identificação
feito por um psiquiatra, mas outros especialistas podem ocasionar
que acompanharam a investigação também são as manifestações, e
capacitados para indicar a presença do quadro apenas uma busca
psicossomático. Assim, depois de tratar os possíveis minuciosa será
danos ocasionados ao organismo (como em uma capaz de encontrar o
alergia), o encaminhamento para profissionais verdadeiro motivador
que cuidarão das raízes psicológicas desses casos das queixas.
é essencial.
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“O processo de identificação
geralmente acontece depois que o
paciente passou por vários médicos,
pareceres, exames e protocolos de
avaliação sem conseguir identificar
uma causa para suas queixas”
Sérgio Lima, psiquiatra
Diante de uma notícia como essa, os questio-
namentos do indivíduo normalmente envolvem
a compreensão sobre quais circunstâncias foram
capazes de evoluir para um sintoma físico.
Isso porque não só um grande trauma tem o
potencial de desencadear sinais pelo corpo:
pequenas frustrações, sofrimentos diários e
falta de habilidade para lidar com os próprios
sentimentos são fatores determinantes.
Para Evani, as emoções não resolvidas, tais
como raiva, mágoa, tristeza, e até transtornos, a
exemplo da depressão e da ansiedade, podem ser
direcionados para os órgãos. E tudo isso ocorre
por meio dos comandos cerebrais. Silvia Lagrotta,
geriatra e especialista em medicina do estilo de
vida, explica que o sistema nervoso autônomo é
o principal responsável por esse processo.
“Nós possuímos um mecanismo de defesa
chamado ‘instinto de luta e fuga’. Todas as vezes
nas quais o corpo percebe um agente estressor
(uma ameaça), ele ativa tal dispositivo. Assim,
o sistema nervoso simpático desencadeia uma
série de reações que preparam para fugir ou
lutar, como o aumento da frequência cardíaca
e respiratória”, esclarece. Dessa forma, no caso
das doenças psicossomáticas, esse perigo ou
agente estressor tem origem na mente.
Ceticismo?
Se existem profissionais que não têm dúvidas
a respeito da influência exercida pela mente,
outros especialistas contestam a relação entre
o emocional e o corpo. Para a psicóloga Evani
Santos, isso acontece porque as emoções
são intangíveis, e esse é o foco da psicologia.
“Algumas abordagens médicas acreditam
somente no que está ao seu alcance”, analisa.
Fatores de risco
Além da forma de lidar com as emoções,
os profissionais consultados destacaram
outros elementos capazes de influenciar o
surgimento das doenças psicossomáticas.
De acordo com Luiz Fernando Guimarães,
médico especialista em medicina
ortomolecular e integrativa, o ambiente
que cerca o indivíduo, principalmente
durante a infância e adolescência, no qual
questões relacionadas ao prazer e à dor
são associadas ao dia a dia, é algo a ser
levado em conta.
Já a geriatra Silvia Lagrotta considera
que um estilo de vida desequilibrado,
com sedentarismo, isolamento social, má
alimentação, estresse crônico, distúrbio do
sono, excesso de informação e baixa auto-
estima, pode levar à somatização.
Ademais, a psiconeuroimunologia é uma
disciplina cujas análises relacionam cérebro,
quesitos sociais (e comportamentais) e o
sistema imunológico. “A psique pode alterar
a imunidade e nos tornar mais vulneráveis a
infecções e até causar doenças autoimunes”,
afirma Luiz Fernando. Ou seja, por meio da
desregulações de hormônios que acontece
quando há o desequilíbrio emocional, até
mesmo a defesa que o corpo possui contra
agentes externos é afetada.
Inconsciente
Na análise de Luiz Fernando Guima-
rães, médico especialista em medicina
ortomolecular e integrativa, a somatização
ocorre pela atuação do subconsciente,
local onde as experiências vividas são
submetidas à interpretação de cada indi-
víduo. “Com o passar dos anos, uma nova
situação adversa reabre aquele ‘arquivo’
guardado e, assim, ocorre a somatização,
interligando as ações do passado com o
transtorno presente – e o cérebro é o
responsável por tudo isso”, avalia.
Evani acrescenta que o inconsciente
abriga o lado primitivo e desconhecido
dos seres. “Por isso é necessário buscar
ajuda, investigar o que guardamos que nos
torna tão indefesos aos nossos próprios
sentimentos”, pontua a psicóloga.
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Pensadores consagrados
Se os estudos de Sigmund Freud – primeiro a
investigar a fundo o papel do inconsciente – foram
“Com o passar dos anos, uma
determinantes para a área da psicossomática, outra nova situação adversa reabre
personalidade desse campo também ganhou desta-
que. O psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav
aquele ‘arquivo’ guardado e, assim,
Jung era, a princípio, um seguidor de Freud, o pai da ocorre a somatização, interligando
psicanálise. Entretanto o rompimento entre os dois
aconteceu quando suas teorias divergiram. as ações do passado com o
Jung criou a psicologia analítica, vertente cujos transtorno presente – e o cérebro é o
teóricos se dedicaram a entender a psicossomática,
assim como seu próprio idealizador. O suíço realizou responsável por tudo isso”
um experimento no qual testou a associação de pala- Luiz Fernando Guimarães, médico especialista
vras com as respostas do corpo de algumas pessoas. O em medicina ortomolecular e integrativa
resultado mostrou que só de falar determinados termos
eram reações fisiológicas no paciente. A explicação para
tal fenômeno, segundo Jung, era que conteúdos ocultos
no inconsciente eram ativados por meio das sentenças.
Em 1976, o pesquisador chegou a afirmar: “dificil-
mente há um caso de neurose em que as entranhas não
estejam agitadas. Por exemplo, depois de um certo sonho,
acontece uma diarreia ou há espasmos no abdômen”.

Carl Gustav Jung

CONSULTORIAS Evani Santos, psicóloga

e coordenadora de recursos humanos da
instituição de ensino Eniac; Luiz Fernando
Guimarães, médico ortomolecular e
especialista em medicina Integrativa;
Sérgio Lima, psiquiatra da clínica Spatium,
em São Paulo; Silvia Lagrotta, geriatra e
especialista em medicina do estilo de vida.

Sigmund Freud
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Pensando
com a
barriga
Conhecido como o
segundo cérebro, o
sistema digestório
se altera conforme a
variação de humor, além
de influenciar a mente
Texto Camila Ramos/Colaboradora
Entrevistas Érika Alfaro
Design vanessa sueishi

V
ocê já ficou de mau humor ao passar
horas sem comer? Sentiu borboletas
no estômago quando encontrou
um interesse romântico? Ou então
teve a sensação de frio na barriga ao
presenciar um momento de ansiedade ou estresse?
Essas reações são causadas pelo sistema nervoso
entérico (SNE), ou seja, pela estrutura presente no
aparelho digestório que se assemelha ao cérebro,
contendo entre 100 e 500 milhões de neurônios e
produzindo mais de 30 tipos de neurotransmissores.
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O sistema entérico possui dois plexos
(redes de interconexão): o externo, também
conhecido como mioentérico, é responsável
pelas ondulações do intestino que conduzem
o alimento até sua eliminação; já a parte
interna, chamada de submucosa, gerencia a
produção e liberação de secreções digestivas
e a irrigação sanguínea. Esses segmentos
são interligados ao sistema nervoso central
e, mesmo agindo de forma autônoma (sem
a necessidade de um comando consciente,
como é o caso da respiração e dos bati-
mentos cardíacos), podem ser ativados e
desligados pelo cérebro. Por isso, altera-
ções na saúde mental podem influenciar
o funcionamento do sistema digestório,
afetando questões como a quantidade de
suco gástrico, o metabolismo e o controle
dos esfíncteres (músculos que atuam como
porta dos órgãos).
Refluxo
Dores de garganta, azia e sensação
de queimação são sintomas causados
pelo mau funcionamento do esfíncter
que comanda a entrada de alimento
do esôfago para o estômago. Essa
“falta de tônus do músculo facilita
o retorno do ácido clorídrico de
um órgão para outro, provocando
irritação em um processo chamado
esofagite de refluxo”, explica Ricardo
Viebig, secretário geral da Sociedade
Brasileira de Motilidade Digestiva e
Neurogastroenterologia (SBMDN).
São diversas as causas que con-
tribuem para o surgimento deste
problema. As mais comuns são o
aumento da acidez do estômago e o
relaxamento do esfíncter, provocados
por uso de tabaco, álcool, cafeína,
ingestão de alimentos gordurosos,
metabolismo lento, uso de medica-
mentos, o hábito de deitar-se após
as refeições e estresse.
Dor de barriga
O incômodo na região abdominal é um sintoma de
variados problemas e, geralmente, é um dos primeiros
sinais de alerta de que algo está errado no corpo. As causas
orgânicas podem ser: pedra na vesícula, pancreatite ou
apendicite (inflamação nos órgãos), infecções ou viroses,
tumores, hérnia, gastrite, úlceras e intoxicação alimentar.
É preciso lembrar que estas doenças são acompanhadas
de outras manifestações, como sangramento nas fezes,
náusea, diarreia e vômitos.
Existem também as dores comuns ou naturais, como o
excesso de gases, cólicas intestinais (devido ao movimento
do alimento até o reto), provocadas pela má digestão ou
após exercícios físicos. Os fatores psicossomáticos incluem
o estresse, a ansiedade e as alterações de humor, que
podem gerar a sensação de desconforto, dores agudas no
estômago ou o popularmente conhecido frio na barriga.
Alterações na saúde mental podem
influenciar o funcionamento do sistema
digestório, afetando questões como a
quantidade de suco gástrico, o metabolismo
e o controle dos esfíncteres (músculos que
atuam como porta dos órgãos).
Prisão de ventre ou diarreia
Não existe um padrão de vezes que uma pessoa deve ir ao banheiro, uma vez
que esse número varia desde algumas vezes por dia até três vezes por semana.
Contudo, ambos os extremos saem do saudável quando as fezes se tornam ressecadas
e difíceis de serem eliminadas ou quando seu aspecto é líquido e pouco firme.
As causas do primeiro caso podem ser: influência de doenças crônicas (como
o Parkinson, histórico de acidente vascular cerebral, diabetes ou alterações da
tireoide), músculos pélvicos enfraquecidos – o que torna os movimentos peristál-
ticos mais lentos e, consequentemente, as fezes mais secas – e alimentação com
deficiência de fibras. Já o segundo caso pode acontecer quando há a manifestação
de doenças (como invasões de bactérias ou vírus e intoxicação alimentar) e má
absorção dos nutrientes pelo intestino.
Existe também o fator psicológico. Segundo Ricardo, presenciar momentos
de medo ou perigo intenso, bem como apresentar alterações de humor bruscas
podem causar o afrouxamento do esfíncter anal, provocando o esvaziamento
do cólon. Além disso, quadros depressivos podem fazer o intestino trabalhar
de forma mais lenta.
CONSULTORIAS Ricardo G. Viebig, secretário geral da Sociedade
Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia (SBMDN).
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Questão de
cabeça
Prestar atenção na
saúde neurológica é
essencial para evitar
o desenvolvimento
de distúrbios
psicossomáticos
TEXTO E ENTREVISTAS MATHEUS SANTOS/COLABORADOR
DESIGN laura alcará/colaboradora

A
o chegar em casa no final de um dia
cansativo, é normal seguir em direção
à cama para desfrutar uma longa
noite de sono. Tão comum quanto, é,
após um dia corrido, sentir a cabeça
dolorida. Afinal, assim como o corpo depois de
realizar uma sequência de exercícios se cansa, a
mente, ao passar por contínuo fluxo de informa-
ções e emoções também sente as consequências
do esgotamento. Contudo, é necessário tomar
cuidado pois, quando essas dores se tornam
constantes, o quadro pode apontar para um ce-
nário mais complexo e grave para o indivíduo: o
surgimento de doenças psicossomáticas.
Decorrentes de momentos de instabilidade
emocional, os distúrbios apresentam efeitos
aparentes no organismo. Assim, uma das prin-
cipais manifestações da presença desses casos
no sistema nervoso, a dor de cabeça é um
exemplo de sinal que deve ser encarado com
seriedade, já que popularmente, é consi-
derado somente um sintoma passageiro.
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Apenas uma enxaqueca?
Determinar se a dor de cabeça é resultado de
uma rotina de estresse, ansiedade e tensão ou de um
desconforto físico não é das tarefas mais simples.
Inicialmente, é necessário analisar a regularidade
que o sintoma se apresenta para que seja possível
determinar se é um distúrbio crônico ou não. Caso
esse seja o caso, um diagnóstico deve ser realizado,
a natureza do problema definida e categorização
sobre sua origem determinada (física ou emocional).
Como os procedimentos são complexos e envolvem
etapas de análise, é necessário procurar tanto um
médico especialista da área para realizar os exames
clínicos específicos e receitar medicamentos quanto
um psicólogo para realizar uma investigação sobre
os motivos cognitivos que originaram a condição.
Dor de cabeça
Denominada como cefaleia pela comunidade médica,
o desconforto é uma das doenças mais populares do
mundo e, só no Brasil, atinge cerca de 140 milhões de
pessoas de acordo com dados da Sociedade Brasileira
de Cefaleia. Os motivos para o seu surgimento variam,
podendo se manifestar de maneira crônica, por meio
de enxaquecas ou em decorrência de momentos de
tensão. Dessa forma, o sintoma é apontado como um
dos mais incapacitantes do mundo e é capaz de afetar
o cotidiano do indivíduo.
Para combater as dores de cabeça, o recomendado
é a utilização de medicamentos prescritos por espe-
cialistas com funções específicas. Entretanto como,
em algumas ocasiões, a presença do desconforto está
relacionada a ambientes estressantes, oferecer um
tratamento adequado também envolve uma super-
visão psicológica que apoie o paciente a lidar com
essas situações e evitar que a condição se mantenha.
Afinal, apesar de a dor ter diversas causas fi-
siológicas, como insônia, má alimentação, esforço
excessivo, cheiros fortes ou até mesmo, câncer,
é importante salientar que uma vida saudável e
regrada pode auxiliar o indivíduo no combate ao
mal estar mental.
CONSULTORIAS Abrão Cury, cardiologista e clínico geral do HCor (Hospital do Coração); Livia Marques, psicóloga.
“Hoje temos um alto índice de
doenças emocionais causadas
pelo estresse do dia a dia em que
as pessoas acabam por adoecer”
Lívia Marques, psicóloga
AVC
Popularmente conhecido como derrame, o acidente
vascular cerebral se manifesta em virtude de rompimentos
(AVC hemorrágico) ou entupimentos (AVC isquêmico)
de vasos sanguíneos no cérebro que interrompem o fluxo
de sangue na região. Por gerar uma paralisia, oferece
riscos graves ao indivíduo, como comprometimento de
capacidades comunicativas, perda de movimentos faciais
e corporais, além da morte.
Por ser uma condição inesperada e perigosa, é neces-
sário cuidado com os aspectos que originam o quadro.
“Esse problema pode ocorrer a qualquer hora e em
qualquer momento, inclusive durante o sono. Por isso,
ficar atento aos seus sintomas é ainda mais importante”,
afirma o cardiologista Abrão Cury. E essa atenção passa
pela cautela com relação à saúde psicológica, afinal uma
das causas apontadas para o quadro é o estresse.
Vertigens
Realizar uma curta caminhada pode se tornar uma
tarefa difícil caso você conviva com sensações de tontura.
Uma das principais causas do fenômeno é a hipotensão,
mais conhecida como pressão baixa, e que pode ser
solucionada deitando a pessoa e elevando suas pernas,
fazendo com que o sangue circule até o cérebro. Porém,
e quando o quadro apresenta maior gravidade e é causado
por aspectos além da hipotensão?
Em estudo realizado pela instituição holandesa Uni-
versity Medical Center, pesquisadores relacionaram a
depressão a casos da pressão baixa. A publicação é em-
blemática para que se reafirme a importância de uma
boa saúde mental para o indivíduo. “Hoje temos um alto
índice de doenças emocionais causadas pelo estresse do
dia a dia em que as pessoas acabam por adoecer”, aponta
a psicóloga Lívia Marques.
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Manifestações
na pele
Algumas doenças
dermatológicas possuem
o estresse como um dos
fatores de surgimento.
Saiba quais são elas!
TEXTO RAFAEL DE TOLEDO/COLABORADOR
ENTREVISTA JÚLIA BACELAR/ COLABORADORA

C
DESIGN vanessa sueishi

oceiras, vermelhidão e sensibilidade

são sintomas recorrentes de alguns
problemas dermatológicos. O fato
é que esses sinais podem surgir
em situações de estresse intenso.
Nesse caso, observa-se a manifestação de questões
psicossomáticas que, a longo prazo, podem ser
intensificadas por quadros preexistentes, como
os sintomas de ansiedade.
Mas qual é justificativa para essa relação? “A
produção excessiva do hormônio do estresse
(cortisol) impede o organismo de manter o
equilíbrio interno (homeostase) e as células de
vários sistemas começam a adoecer e morrer”,
esclarece o dermatologista Armando Ribeiro.
Para reconhecer tais possibilidades, veja a seguir
algumas das enfermidades mais comuns:

Alergia nervosa
Conhecida também como urticária nervosa, o processo alérgico na
pele pode ter origem na tensão emocional. Um dos indicativos dessa
doença, confundida comumente com outros problemas dermatológicos,
está na espontaneidade do processo: o indivíduo acometido por esse
sintoma alérgico pode dormir e acordar com o prurido característico
(coceira) desses casos, sem haver contato com um alérgeno (agentes
causadores da alergia). Nesses casos, fatores como conflitos no am-
biente profissional ou pessoal, que estejam além da alimentação e
do uso de cosméticos, devem ser considerados.
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Dermatite atópica
Uma das respostas à instabilidade das emoções é a dermatite atópica – tam-
bém conhecida como eczema –, inflamação aguda ou crônica desencadeada na
pele. A manifestação dessa enfermidade é notada pelo surgimento de verme-
lhidão e prurido no setor mais externo da epiderme, conhecido também como
camada córnea. O ressecamento da pele é um dos fatores para a aspereza do
local inflamado. Geralmente, esse tipo de doença dermatológica é visível atrás
dos joelhos e no tórax. Apesar de ser recorrente em recém-nascidos, devido à
sensibilidade da pele, adultos desenvolvem esse quadro como resposta a uma
disfunção imunológica ou a agentes estressores.

Herpes
Geralmente, indicam que algo não vai bem com o sistema imunológico. A herpes informa
ao indivíduo quando a sua imunidade está em baixa. Como? Pequenas vesículas (conhecidas
popularmente como bolinhas) são identificadas em áreas como o canto da boca – no caso
da herpes simples (HSV-1).
Sua origem é revelada no acometimento do organismo pelo vírus causador da herpes,
podendo esse ser transmitido por via oral, sexual ou surgir em períodos nos quais o sistema
imunológico está enfraquecido. Um dos fatores de risco para tal causa é o estresse, o qual
impede que o combate dos anticorpos aos agentes seja totalmente eficiente. Inclusive, uma
das variações da herpes é conhecida como herpes zóster. Ocasionada pelo vírus varicela zós-
ter – mesmo agente da catapora que encontra-se adormecido no organismo – esse modelo é
conhecido por atribuir à pele bolhas dolorosas, que podem desencadear nevralgias. O estresse
é desencadeador direto desse problema.

Queda de cabelo Vitiligo

Por mais natural que seja a
perda de fios, algumas ocasiões
merecem a atenção, pois o ex-
cesso de conflitos emocionais
pode influenciar nos sintomas do
enfraquecimento capilar
Conhecida cientificamente
como alopecia areata, a doença
que ocasiona a queda do cabelo
devido à atuação de anticorpos ao
folículo piloso revela consequên-
cias estéticas. Caracterizada por
círculos com a ausência de fios no
couro cabeludo, a enfermidade
também se manifesta pela perda
de cílios e pelos localizados em
outras partes do corpo. Nesse
processo, o sistema imunológico
entra em ação quando situações
de alta carga emocional são vi-
venciadas pelo indivíduo, sejam
elas atribuídas ao dia a dia ou
após algum trauma. O pico de
incidência é de 20 a 50 anos.
Caracterizada como uma doença autoimune, o vitiligo se constitui na atuação
dos anticorpos em combate ao melanócitos, células responsáveis pela produção de
melanina. Tal fato provoca manchas brancas à pele, acometendo irregularmente o
corpo. Os primeiros sinais costumam surgir na infância e no início da vida adulta.
Estima-se que 0,5% da população mundial apresente essa enfermidade. Apesar de
não ter cura, há possibilidades de tratamento que incluem a repigmentação das áreas
atingidas. Contudo, o surgimento de manchas depende da estabilidade emocional.
A explicação para existência desse problema está no surgimento do sistema ner-
voso e a origem do tecido epitelial. Durante a formação embrionária, a ectoderme
forma ambas as estruturas.
Psoríase
Identificadas por meio das placas brancas de descamação, em áreas como coto-
velos e couro cabeludo, essa doença acomete de 1% a 5% da população mundial,
com faixa etária variável. Entretanto é comum o surgimento de seus sintomas entre
20 a 30 anos e 57 a 60 anos.
A psoríase é caracterizada pela produção exacerbada de células epiteliais graças ao
combate realizado pelo sistema imunológico. Apesar de possuir diferentes origens,
o estresse é um dos fatores que predominam durante a interferência na atividade
linfócitos T, responsáveis inicialmente pela defesa do organismo. Nesse processo,
as células passam a produzir substâncias inflamatórias que danificam unidades
epiteliais saudáveis. Essa fase inicia o aumento excessivo de células da pele, a fim
de recompor o local atingido.
CONSULTORIA Armando Ribeiro, dermatologista.
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O coração
sente Quadros emocionais podem
ser fatores de risco para o
sistema cardiovascular
TEXTO Érika Alfaro DESIGN laura alcará/colaboradora

P
or meio da sabedoria popular, o coração é constante-
mente associado às emoções e aos sentimentos – ima-
gens simplificadas desse órgão carregam mensagens
como amor, amizade e adoração. Mas, como aponta a
ciência, sabe-se que o encarregado por essas funções
é o cérebro – por meio do sistema límbico, constituído por quatro
regiões principais: hipocampo, córtex límbico, amígdala e área septal.
No entanto essa relação entre o órgão, as emoções e o coração não
se restringe a uma ideia inadequada replicada pelo grande público:
de fato o sistema cardiovascular é afetado por fatores psicológicos
regulados pela mente. Diante de uma situação de perigo, excitação,
nervosismo ou ansiedade, uma das primeiras reações fisiológicas
é o aumento da frequência cardíaca. Isso porque a produção de
adrenalina que envolve tais momentos gera uma sobrecarga no
coração. Dessa forma, determinados quadros emocionais podem
estar ligados a doenças nesse sistema.
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Infarto
Abrão Cury, cardiologista e clínico geral do Hospital
do Coração (HCor), em São Paulo, explica que os infartos
ocorrem quando parte do músculo cardíaco deixa de
receber sangue pelas artérias coronárias. “Esse processo
pode levar a estrutura afetada à morte e, geralmente,
causa intensa dor no peito, como um aperto ou uma
pontada que pode se alastrar para pescoço, axila, costas
ou braço esquerdo”, pontua o especialista.
Dessa maneira, alguns dos fatores de risco que envol-
vem a obstrução são diabetes, altos níveis de colesterol,
obesidade, sedentarismo, hipertensão e tabagismo.
Entretanto, uma emoção forte pode desencadear a
resposta orgânica: com mais sangue nos músculos e
maior quantidade de adrenalina, há a contração dos
vasos sanguíneos. Assim, se alguma artéria coronária
estiver em estado de obstrução, esse retraimento dos
vasos pode causar o infarto.
Arritmias
Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardía-
cas (Sobrac), mais de 20 milhões de brasileiros possuem
algum tipo de manifestação da doença, conhecida como
“batedeira” por alterar o ritmo das batidas do cora-
ção. “Existem as benignas e malignas. As primeiras,
geralmente, provocam sintomas desagradáveis, como
palpitações, mas não colocam o paciente sob risco de
vida. Já as malignas podem levar à morte súbita”, ressalta
Enrique Pachón, responsável pelo Serviço de Arritmias
Cardíacas do HCor.
As raízes fisiológicas incluem problemas preexisten-
tes, como infartos, tecido cardíaco desgastado, cardio-
miopatia e doença da artéria coronária – a assistência
de um especialista é essencial em todos os casos. Já
os transtornos mentais, como ansiedade, estresse, de-
pressão, síndrome do pânico e de burnout, são capazes
de afetar o funcionamento do sistema cardiovascular e
interferir no quadro.
Hipertensão
A condição é diagnosticada quando a pressão arterial
(dentro dos vasos sanguíneos) se encontra em níveis
elevados. Dessa forma, sua classificação se dá desde uma
manifestação leve até moderada, alta ou muito alta. Esse
cenário de comprometimento faz com que o coração
trabalhe em um ritmo maior para conseguir bombear
sangue para o corpo.
FONTE A interferência dos fatores emocionais sobre a hipertensão arterial, de Cristiane Moraes de Lima e Cláudia Cristina Soares Muniz Silva, artigo
publicado na Revista de Divulgação Científica Sena Aires, em 2017.
CONSULTORIAS Abrão Cury, cardiologista e clínico geral do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo; Enrique Pachón, responsável pelo Serviço
de Arritmias Cardíacas do HCor.
A maioria dos casos possui razões hereditárias, ou
seja, que abrangem o histórico familiar, mas outros
elementos podem compor esse contexto. “Distúrbios
metabólicos, alterações funcionais e estruturais de
órgão-alvo, sendo agravada pela presença de outros
fatores de riscos modificáveis: obesidade, consumo
de sódio, fumo, ingestão de álcool, uso de drogas,
sedentarismo, fatores psicológicos e emocionais, entre
eles o estresse”, afirmam Cristiane Moraes de Lima e
Cláudia Cristina Soares Muniz Silva no artigo A inter-
ferência dos fatores emocionais sobre a hipertensão arterial.
Taquicardia
Em uma atividade normal, o coração bate de 60 até
100 vezes no intervalo de um minuto. Assim, quando
os números ultrapassam esse limite, a frequência
excedente é chamada de taquicardia. Por existirem
diversas situações que alteram o ritmo cardíaco (como
emoções intensas, raiva e empolgação), a condição
pode ser uma resposta natural.
Contudo, a associação a outros sintomas, como falta
de ar, desmaios, febre, sangramentos, fadiga excessiva,
entre outros, representa uma situação fora do habitual,
por isso é necessário procurar um especialista.
Vilão
De acordo com Cristiane Moraes de Lima e
Cláudia Cristina Soares Muniz Silva no artigo
A interferência dos fatores emocionais sobre a
hipertensão arterial, o estresse contribui para
grande número de enfermidades, tanto de ordem
psíquica como orgânica; e nesta se enquadra a
hipertensão arterial, provocando um aumento
da frequência cardíaca e produzindo contrações
mais fortes no órgão, devido aos hormônios do
estresse – adrenalina, noradrenalina e o cortisol.
“A tensão constante pode contribuir para
problemas a longo prazo para o coração e para
os vasos sanguíneos. O aumento consistente e
contínuo da frequência cardíaca, níveis elevados
dos hormônios do estresse e a pressão arterial
levam ao risco de hipertensão, ataque cardíaco ou
acidente vascular cerebral”, analisa a publicação.
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Pulmão
mais sensível
O sistema respiratório pode ser um espelho para as
ocorrências em que transtornos da mente são protagonistas

N
TEXTO E ENTREVISTA RAFAEL DE TOLEDO/COLABORADOR DESIGN LAURA ALCARá/colaboradora

o dia a dia, espirros e coriza são desencadeados de maneira quase que espontânea
por serem muito comuns. As condições ambientais podem contribuir com a pre-
disposição desses traços. No entanto, uma estimativa crescente de casos revela que
o emocional vem influenciando patologias associadas ao sistema respiratório. Isso
se deve a uma mudança causada ao sistema imunológico, quando fatores externos,
como crises de estresse e ansiedade, passam a contribuir com o declínio dos agentes de defesa.
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Asma
A asma é uma doença inflamatória crônica capaz de deixar
o sistema respiratório vulnerável às interferências externas,
como poluição e fumaça. Isso ocorre porque as vias respira-
tórias passam a apresentar muco em excesso, dificultando a
passagem dos gases. Além disso, sua ocorrência desencadeia o
enfraquecimento dos tecidos que compõem tais vias. Devido
a esse processo, é frequente a falta de ar. As interferências
emocionais estão associadas à potencialização dos traços per-
cebidos na doença. Agentes estressores e ansiedade elevada,
por exemplo, podem ser agravantes ao quadro.
Bronquite
A bronquite é o nome dado à inflamação dos tubos brôn-
quicos. A ocorrência dessa doença pode estar associada a uma
infecção viral. Contudo, o surgimento desse quadro entra em
debate quando as suspeitas para o surgimento da enfermidade
se relacionam com o ambiente no qual o indivíduo está locali-
zado. Geralmente, conflitos e dificuldades no diálogo podem
ser características nesse cenário.
Falta de ar
A dispneia, como é denominada cientificamente a falta de ar, é
uma condição que pode ter relação com as emoções. Isso porque
alguns dos principais estados a apresentar esse sintoma são a
ansiedade e o transtorno do pânico. Essa sensação é comumente
observada em casos de debilidades cardíacas ou pulmonares.
Desmistificando alguns pontos
Um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP)
e publicado pela revista científica Journal of Affective Disorders
revelou que 33% dos entrevistados que apresentavam distúr-
bios da mente, como a depressão, estavam propensos também
a problemas respiratórios, como alergias. Em outro dado da
análise foi revelado que 30% dos indivíduos, que demonstraram
quadros de ansiedade, tiveram o diagnóstico acompanhado por
problemas respiratórios.
Um dos objetos da pesquisa em relação às doenças associadas
à respiração é a origem da patologia. Por vezes, a problemática
é preexistente, e as emoções podem contribuir com o processo,
como explica o otorrinolaringologista Fernando Nakandakari.
“Tanto a asma quanto a rinite alérgica têm mecanismos pare-
cidos: são decorrentes de inflamação da mucosa por alergia a
algum produto ou substância”, afirma o especialista. Ou seja,
não há uma correlação entre o surgimento dessas doenças e a
manifestação das emoções. Contudo, determinados quadros
intensificam as doenças respiratórias. “Existem sintomas,
como falta de ar, que podem estar relacionados aos quadros
emocionais”, completa o profissional.
CONSULTORIA Fernando Nakandakari, otorrinolaringologista do Hospital Sírio Libanês, de São Paulo.
FONTE Emoções e sistema imunológico: um olhar sobre a psiconeuroimunologia, artigo de Ângela da
Costa Maia, publicado em Psicologia, Teoria, Investigação e Prática, em 2002.
Para a identificação dessas ocorrências, deve-se
considerar que “as doenças de fundo emocional são
diagnósticos de exclusão, consideradas quando não
há sinais e sintomas compatíveis com os diagnósticos
mais frequentes”, enfatiza Fernando. Assim, as práticas
que envolvem o tratamento devem primeiramente
privilegiar o sistema imunológico, o qual é direta-
mente afetado pelo surgimento de emoções intensas.
Como se manifesta
A manifestação dos sintomas psicossomáticos
depende da ativação de certas regiões por estímulos
ligados à emoção, como jornadas desgastantes de
trabalho, preocupações de diferentes gêneros e, até
mesmo, traumas. As rinites, a exemplo, são processos
alérgicos categorizados a partir da inflamação da
mucosa. O sistema imunológico, quando propenso
às influências de agentes externos, como desgastes
provindos do ambiente profissional ou de estudo, fica
mais exposto a debilidades no sistema respiratório.
A ativação do sistema nervoso central (SNC), in-
terligado à produção de hormônios, constitui-se como
uma das causas para a menor defesa do organismo. A
resposta imunológica, quando submetida a situações
de estresse, por exemplo, diminui a produção de
linfócitos NK, responsáveis pelo reconhecimento
e combate de agentes infecciosos. Tal fato é justi-
ficado pela associação entre neurotransmissores e a
manutenção das células exterminadoras.
Outras interferências
Apesar de haver ligação entre o processo hormonal
e o cérebro, alguns comportamentos previstos em
quadros de ansiedade, depressão e estresse intenso
podem prejudicar a resposta imunológica e, até mesmo,
atingir diretamente orgãos do aparelho respiratório.
É o caso do hábito de fumar. Além de contribuir com
o surgimento de secreções, seu potencial altamente
cancerígeno confere graves inflamações aos tecidos
do organismo. Outro fator prejudicial é a dieta ir-
regular, capaz de intensificar processos infecciosos
e, consequentemente, agredir o sistema respiratório.
Segundo Fernando, quadros depressivos e de
estresse são os mais comuns na interferência à
saúde do trato respiratório. Sintomas como falta
de ar, laringoespasmos e broncoespasmos podem
estar associados a raízes emocionais. Contudo, seu
diagnóstico deve ser acompanhado primeiramente
por um especialista.
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Entre fisgadas
e preocupações
Dores musculares podem surgir por conta de indisposições
físicas. Contudo, estresse, ansiedade e traumas também
estão listados como possíveis causas para os incômodos
TEXTO E ENTREVISTAS MATHEUS SANTOS/COLABORADOR DESIGN laura alcará/colaboradora

A
o receber um paciente em seu con-
sultório, o médico geralmente realiza
perguntas com o intuito de se informar
sobre o quadro e definir o diagnóstico
mais adequado para os sintomas apre-
sentados. Em relação a dores musculares (nas costas,
joelhos, pescoço, entre outras), os questionamentos
são realizados e a definição é geralmente atribuída
devido a uma vida de maus hábitos com a postura, isso
é, sentar-se de forma errada, carregar peso ou dormir
de maneira inadequada. Entretanto, e
quando não é o físico o responsável
pelo quadro mas o psicológico?
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Seja com o estresse do dia a dia, um trauma pas-
sado ou um quadro de ansiedade, as emoções podem
influenciar ativamente a vida do indivíduo. Afinal,
a constante tensão pode causar o desenvolvimento
ou agravamento de sintomas e consequentemente,
a debilitação do sujeito. “O processo geralmente
começa com a repressão de um evento psicologi-
camente traumático ou extenuante. A dor, então,
manifesta-se à medida que a mente consciente
procura um meio para se distrair do confronto com
o processamento emocional do evento”, afirma o
médico especialista em dor Marcos Yu Bin Pai.
Dor nas costas
Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS), mais de 80 mil brasileiros
sofreram com dores nas costas em 2017. O estudo
aponta que a lombalgia (termo médico para o pro-
blema) é a doença que mais afeta trabalhadores no
país, demonstrando a popularidade da condição e
compartilhando as aflições que o desconforto pode
causar. Ainda de acordo com o mesmo levantamento,
o quadro é o principal motivo de incapacitação no
ambiente de trabalho no Brasil.
De acordo com especialistas, isso ocorre porque
uma das principais causas para o desenvolvimento
dos sintomas da doença é o erro constante da pos-
tura, seja ao descansar em casa ou ao se esforçar em
um ambiente profissional. Outro motivo apontado
para o surgimento desse tipo de desconforto pode
dizer respeito a uma rotina sedentária do paciente,
que portanto, torna-se suscetível a problemas físicos
pela falta de exercícios.
Existem dois tipos de lombalgias: uma delas, a
aguda, pode ser tratada com o auxílio de medica-
mentos e fisioterapias e, geralmente, dura menos
tempo, sendo mais fácil de ser curada. Já a segunda,
definida como crônica, normalmente é identificada
quando a indisposição ocorre há mais de 12 sema-
nas; entretanto, por se tratar de um quadro mais
complexo, nem sempre tem a sua causa definida.
Inicialmente, motivos fisiológicos são priorizados
para definir o surgimento da enfermidade; quando
não é o caso, causas emocionais não devem ser
ignoradas ou excluídas.
CONSULTORIAS Alexandra Raffaini, anestesiologista da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas em dor, especialista no
tratamento da dor e em medicina intervencionista; Marcus Yu Bin Pai, especialista em dor e acupuntura, além de doutor em Ciências pela
Universidade de São Paulo (USP).
“O estresse e a ansiedade podem
provocar contração muscular
involuntária e causar a dor”
Alexandra Raffaini, anestesiologista
Dor no joelho
Ao caminhar, sente-se uma fisgada muscular. A
indisposição pode ter origem em lesões, como no
rompimento de um ligamento, problemas físicos di-
versos, como artrite, e raízes emocionais. “O estresse
e a ansiedade podem provocar contração muscular
involuntária e causar a dor”, afirma a anestesiolo-
gista Alexandra Raffaini. Seja qual for o motivo, o
acompanhamento médico é vital para determiná-lo.
Apesar de ter causas diversas, esse tipo de dor é
popularmente atribuído a um mau preparo físico do
paciente. Seja ao praticar um esporte, realizar uma
corrida matinal ou, simplesmente, realizar alguma
atividade diária, é recomendada a realização de aque-
cimentos e alongamento de forma a preparar o corpo
para o esforço que está por vir. Ao pular a etapa dos
procedimentos preparatórios, o indivíduo pode ficar
suscetível ao surgimento de mal-estares diversos.
Dor no pescoço
Dormir em uma posição inadequada, utilizar o
computador durante muito tempo ou, até mesmo,
passar por uma situação de estresse podem ser alguns
dos causadores de desconfortos no pescoço. A muscu-
latura que, ao se tornar rígida, origina no indivíduo a
sensação de dor, também pode apontar para problemas
mais graves como doenças na coluna, hérnia de disco,
infecções como meningite e amigdalite ou, em casos
mais graves, um tumor na região.
Entretanto, pela indisposição ser geralmente pas-
sageira, (dura no máximo por volta de uma semana),
pode ser tratada com a medicação de analgésicos e
se manifesta de maneira superficial. Seja como for,
caso a dor persista além do tempo e passe a ser um
incômodo constante, o recomendado é que se pro-
cure um especialista para que ele realize o melhor
diagnóstico e estabeleça o tratamento mais adequado
para o caso em questão.
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Resposta
do interior
As glândulas podem ter suas
atividades de defesa prejudicadas
pelo aumento nos níveis de cortisol,
constantemente identificado em
situações de tensão emocional
TEXTO E ENTREVISTA RAFAEL DE TOLEDO/COLABORADOR
DESIGN vanessa sueishi

U
ma das unidades
mais importan-
tes em relação
à defesa do or-
ganismo são as
glândulas. Compondo o sistema
endócrino, esses órgãos são res-
ponsáveis pela excreção de subs-
tâncias que auxiliam no combate
a agentes que mexem com o bom
funcionamento do organismo.
Entretanto, a sensibilidade
dessas estruturas pode dificul-
tar a resposta imunológica aos
elementos prejudiciais à saúde
humana. Tal fato, geralmente,
ocorre na mudança dos níveis
de estresse, revelando ao corpo
doenças associadas às substâncias
produzidas em situações emo-
cionais. Veja a seguir algumas
glândulas afetadas por esse pro-
cesso e suas respectivas doenças.
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Hipófise “Só ter a genética não significa
Presente no centro do cérebro, a hipófise tem
como função coordenar outras glândulas presentes que a pessoa terá a doença, pois
no corpo. A tireoide e as gônadas são algumas
delas. Uma das problemáticas que pode acometer
muitas vezes para manifestá-
essa unidade é o surgimento de tumores benignos. la, o indivíduo precisa de algum
Esse fenômeno é capaz de aumentar a produção de cortisol, hor- fator ambiental que deflagre
mônio responsável por alertar o corpo quando ele está em situação
de tensão. O excesso dessa substância desencadeia patologias que a doença. E, neste caso, algum
interferem no âmbito físico e emocional.
Dentre as decorrências mais comuns está a síndrome de Cushing.
estresse psíquico mais grave pode
Identificada como a causa do surgimento de estrias, aumento de funcionar como o deflagrador
peso, além das mudanças dos traços do rosto devido ao depósito
de gordura, essa doença está associada também à persistência de
de doenças autoimunes das
manifestações psiquiátricas, como depressão – seja pelo quadro glândulas em pacientes
obtido com a mudança da estética, como também pela alta presença
dos níveis de cortisol.
geneticamente predispostos”
Paula Pires, endocrinologista

Tireoide
Responsável por regular as funções de órgãos como o coração e o fígado, essa glândula está relacionada
à produção de T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), hormônios que se relacionam ao desenvolvimento
do organismo na passagem da infância para a fase adulta. Suas funções podem ser prejudicadas por
doenças autoimunes, ou seja, enfermidades originadas pelo não reconhecimento e consequente ataque
do corpo às células saudáveis.
Duas das patologias que se enquadram neste eixo são o hipotireoidismo e o hipertireoidismo. Enquanto a primeira é diagnos-
ticada pela escassa produção de hormônios, a outra se caracteriza pela excreção em excesso dessas substâncias. Ambas as doenças
apresentam o aumento da glândula tireoide, caracterizando o inchaço percebido na região do pescoço, denominado bócio.
Mesmo com distinções, essas enfermidades podem apresentar eixos de surgimento em comum. “As doenças autoimunes
têm uma base genética que nos diz se a pessoa possui ou não a tendência, porém apenas esse elemento não significa o
desenvolvimento do quadro”, explica a endocrinologista Paula Pires. Segundo a especialista, alguns fatores ambientais
contribuem com o aparecimento de doenças em pessoas predispostas geneticamente, como o estresse psíquico.
Segundo Paula, é necessário atentar-se à diferença de diagnósticos. Um erro comum, por exemplo, é associar o hipo-
tireoidismo, responsável por conferir cansaço e perda de energia ao organismo, com o início de um processo depressivo.
Já em relação ao hipertireoidismo, que atribui ao sujeito irritabilidade e hiperatividade, a doença pode ser identificada
erroneamente como um transtorno da mente, prejudicando, dessa forma, a identificação da sua origem.

Pâncreas
Localizado no sistema digestivo, o pâncreas é uma glândula que possui atividade ligada à produção
de insulina, hormônio responsável por regular a entrada de glicose nas células. A deficiência nessa
atividade pode gerar diabetes, doença definida pelo acúmulo de açúcar no sangue.
Apresentada em diferentes tipos, a diabetes é comumente vista no tipo 1 e 2 . Enquanto a primeira é carac-
terizada pela baixa produção de insulina, a segunda se revela como a resistência do organismo ao hormônio.
Sobre a origem, alguns fatores externos podem contribuir com o surgimento da resposta autoimune, como é prevista
pela diabetes do tipo 2. É o caso da tensão intensa durante a rotina, capaz de aumentar os níveis de cortisol no organismo.
Esse fenômeno ocasiona a mudança de hábitos que podem ser prejudiciais ao funcionamento do pâncreas, como a alimen-
tação e o tabagismo, bem como o surgimento de maiores níveis de gordura abdominal, um dos agentes dessa problemática.
Apesar de algumas características serem comuns a essas manifestações, “para o diagnóstico, é essencial procurar um
endocrinologista que, por meio da história clínica, irá solicitar os exames hormonais”, alerta Paula.

CONSULTORIA Paula Pires, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).
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O lado ruim
da ansiedade
Conheça o transtorno que, quando
desregulado, atinge todo o organismo
Texto e entrevistas Camila Ramos/Colaboradora e Giovane Rocha
Design laura alcará/colaboradora
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E
m grandes quantidades, até uma
bebida energética, como o café, que
serve para deixar o corpo disposto,
pode fazer mal ao organismo. O
mesmo ocorre com a ansiedade.
Em um nível regulado, essa sensação serve como
um combustível para o corpo, que, a partir dela
vai impulsionar as atividades do dia a dia.
Ela também pode ajudar em casos que seja
necessária uma ação mais imediata, como reagir
a um acidente de carro iminente. Essa, na ver-
dade, é uma herança dos nossos ancestrais, de
tempos em que a luta e a fuga eram habilidades
essenciais para a sobrevivência, sendo justamente
a ansiedade a responsável por essas reações. No
entanto, em desequilíbrio, esse mecanismo pode
mais atrapalhar do que ajudar e levar o indivíduo
a um estado de crises e descontrole emocional.
Fora de si
Já imaginou ficar nervoso a todo momento,
com uma situação que nem aconteceu ainda e pode
nem vir a ocorrer? Como consequências, o sono
é afetado, o desespero por não sentir que está no
controle aumenta gradativamente, a paciência se
esgota facilmente e, mais que sintomas psicológicos,
o corpo também começa a sentir os efeitos.
O cérebro é o órgão à frente do funcionamento
do organismo humano, influenciando na libera-
ção de substâncias que desencadeiam sinais de
uma reação ansiosa extrema. O psicólogo Odair
Comin comenta que, em casos nos quais a pessoa
passa por um quadro de ansiedade generaliza-
da, um estresse intenso toma conta do corpo.
“Isso produz uma descarga elevada de cortisol,
fazendo com que o fígado secrete mais glicose,
aumentando os níveis de açúcar no sangue. Há
um enrijecimento muscular, além de a garganta
ficar mais seca. O próprio sangue acaba por fluir
muito mais rápido pelo corpo, o que, por vezes,
produz palidez”, completa o profissional.
Os episódios de crise de ansiedade, que acon-
tecem independente de um estímulo externo,
podem intensificar os sintomas, acrescentando
sensações como respiração ofegante, formigamento
CONSULTORIAS Andreia Calçada, psicóloga, psicoterapeuta e especialista em neuropsicologia;
Odair Comin, psicólogo e especialista em hipnoterapia; Roberto Debki, psicólogo.
das mãos, medo intenso, suor frio, falta de ar, tontura,
náusea e, em casos mais graves, desmaios. Para sair
deste estado, é possível observar o ambiente a fim de
trazer a consciência para o aqui e agora, contando
mentalmente cinco coisas que você pode ver, quatro
que pode tocar, três que pode ouvir, duas que pode
sentir o cheiro e uma que pode sentir o gosto. Des-
pertando os sentidos, a mente se distrai e desperta
do momento de pânico.
Regulando o alarme
No momento em que a ansiedade passa a causar
muitos prejuízos na rotina da pessoa, é a hora de pro-
curar ajuda de especialistas – psicólogos e psiquiatras.
A partir do diagnóstico realizado pelos profissionais,
a próxima etapa é definir o melhor caminho para buscar
o controle das manifestações e, desse modo, garantir
uma melhor qualidade de vida ao paciente. E, nessa
parte, são mostradas algumas soluções, dividindo-
-se, basicamente, em duas vertentes: o tratamento
medicamentoso e as terapias alternativas.
A psicoterapeuta Andreia Calçada ressalta que a
utilização de remédios para controlar os sinais da
ansiedade só se faz necessária quando eles excedem os
limites do indivíduo, ou seja, no momento em que seu
corpo está tão acelerado a ponto de afetar a qualidade
do sono, promovendo uma reação em cadeia de outros
sintomas. Essas substâncias, que só podem ser utilizadas
sob prescrição médica, são drogas que trabalham o
humor do paciente, como antidepressivos, ansiolíticos
(tranquilizantes), benzodiazepínicos (com resultados
mais imediatos contra os sintomas) e os inibidores de
recaptação de serotonina (neurotransmissor respon-
sável pela regulação do humor e do sono).
Mas, dependendo do grau de ansiedade, outras
terapias podem ser indicadas como tratamento ou
atuar de forma a complementar o mesmo. O mais
indicado é a psicoterapia, uma vez que “buscará
aumentar a resiliência e ampliar os recursos do pa-
ciente para lidar com seus sinais, fortalecendo seus
aspectos emocionais e ampliando as possibilidades
de enfrentamento e superação”, explica o psicólogo
Roberto Debski. Outra possibilidade são as técnicas
de respiração e relaxamento proporcionadas pela
meditação mindfulness, por exemplo.
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Muito além
da tristeza
Distúrbio sério e complexo,
a depressão pode estar
relacionada a questões que
envolvem o cérebro. Entenda
TEXTO VICTOR SANTOS/COLABORADOR
ENTREVISTAS RICARDO PICCINATO E
VICTOR SANTOS/COLABORADOR
DESIGN LAURA ALCARá/colaboradora

É
natural da vida: conviver no dia
a dia com obstáculos, frustrações
e decepções. Todo mundo já se
sentiu infeliz, injustiçado, ficou
decepcionado, abalado e triste com
um acontecimento complicado que teve que
lidar – como demissão, morte na família,
violência... O ponto é que, depois de
tudo isso, nosso corpo e nossa mente
trabalham incansavelmente, tirando
energia para seguir em frente. O
problema é quando isso não acontece, e
a pessoa fica entregue à apatia e à destruição
emocional. Nesse caso, podemos estar diante
da depressão, um distúrbio que exige muita
atenção e cuidados.
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Diferenciações e sintomas
A psicanalista Beatriz Breves enfatiza que a
tristeza é um sentimento natural da existência
humana, principalmente quando passamos por
situações como as mencionadas anteriormente.
E pasme: ela colabora até para o nosso próprio
psicológico, pois contribui para o desenvolvi-
mento emocional.
Se a pessoa se encontra numa situação de tris-
teza absoluta em que se apresenta incapaz, muda
seu jeito de ser e a forma de encarar o mundo:
é hora de ligar o alerta. Os sintomas podem ser
diversos e variados, além de, em muitos casos,
servirem de entrada para outras enfermidades.
O psicólogo Bayard Galvão enumera alguns
dos principais:
• Dores no corpo, sejam musculares ou menos
específicas, em muitas situações acompanhadas
de uma sensação de cansaço ou um peso enorme
sobre as costas;
• Explosão de emoções negativas, como
tristeza, melancolia, irritabilidade, ansiedade e
autoestima diminuída;
• Alterações na capacidade de atenção, me-
mória e aprendizagem;
• Pensamentos autodestrutivos, na linha de
“não valho nada”; “ninguém gosta de mim”;
“sou incompetente, ineficiente e insuficiente”;
• Queda de produtividade nos estudos ou
trabalho, e também diminuição ou aumento
repentino do apetite, além de perda de interesse
em atividades que envolvam esforço físico.
Todos esses tópicos são avaliados no momento
do diagnóstico. Assim, tamanha alteração no
estado de espírito de um indivíduo faz com que
o transtorno receba atenção de diversos campos
de estudo. “O modo como a depressão altera as
funções cerebrais, cognitivas, mentais e emocio-
nais a torna objeto de estudo das neurociências,
neurologia, psiquiatria, psicologia e psicanálise”,
sintetiza o neuropsicólogo Fábio Roesler.
Cérebro e depressão
Atualmente não se pode dizer que existe uma explicação definitiva
do porquê esse transtorno acontece. “As bases neurofisiológicas da
depressão ainda não são completamente conhecidas, mas é ampla-
mente aceito que há influências de fatores genéticos, ambientais e
neurobiológicos”, relata a neurocientista e psiquiatra Célia Cortez.
Para entender um pouco melhor essas ligações entre cérebro e
depressão, é preciso retomar um pouco a própria estrutura do órgão.
Nele, bilhões de neurônios trabalham incessantemente para processar
toda a informação, seja ela motora, sensitiva, psíquica ou cognitiva. E,
como resume a neurologista Vanessa Muller, “para vermos, cheirarmos,
sentirmos, tocarmos, andarmos, tomarmos decisões, ficarmos tristes,
felizes, etc, precisamos das informações compartilhadas entre esses
neurônios por meio da sinapse”. Esse processo, quando químico, se dá
por meio de algumas substâncias muito importantes – os neurotrans-
missores. E a raiz do quadro depressivo pode se encontrar justamente aí.
Falha na transmissão
Por trabalharem por meio de ligações químicas, os neurotrans-
missores conseguem realizar a notável missão de saltar de um
neurônio ao outro, impulsionando as informações adiante. E o mais
interessante é que eles são capazes de estabelecer múltiplas ligações,
que envolvem todas as células necessárias para aquele momento.
“A questão é que hoje são conhecidos vários neurotransmissores e
substâncias neuromoduladoras associados à depressão”, relata Célia.
Uma das hipóteses mais aceitas é a que envolve os sistemas monoa-
minérgicos. Esses conjuntos são formados por neurônios que contêm
neurotransmissores como a serotonina (que vem sendo amplamente
estudada em sua relação no desenvolvimento e no próprio tratamento da
depressão) e a norepinefrina. Essas substâncias, junto com a acetilcolina,
exercem efeitos em determinadas atividades neurológicas envolvidas na
regulação de apetite, humor, cansaço e da própria atividade psicomotora.
Assim, os estudos apontam que, quando esses sistemas não funcionam
adequadamente, podem levar à ocorrência de quadros de depressão.
Por não se tratar de um distúrbio parasitário, em que os sin-
tomas seguem uma determinada ordem e aparecem de maneira
progressiva, é complicado identificar exatamente em que momento
os neurotransmissores param de trabalhar adequadamente. “É um
transtorno muito heterogêneo, com sintomatologia variada, que
pode surgir em intensidades e em tempos diferentes”, explica a
neurologista Vanessa Muller.

Para o jogo virar

É bastante delicado o momento em que o indivíduo, ou aqueles que estão ao seu redor, percebem que estão lidando com a
depressão. E, quando o quadro é associado a questões físicas primeiramente, é necessário descartar quaisquer causas orgânicas.
“Quando a vida fica desnecessariamente pesada e a pessoa não consegue superar este peso por si mesma, é o momento de
procurar ajuda profissional”, destaca o psicólogo Bayard Galvão. Nesse momento, como afirma o neuropsicólogo Fábio
Roesler, o mais indicado é buscar um profissional de saúde mental, ou seja, um psicólogo, psiquiatra ou neurologista para
fazer uma avaliação e verificar se existem os sintomas que a caracterizam.

CONSULTORIAS Bayard Galvão, psicólogo, hipnoterapeuta e palestrante; Beatriz Breves, psicanalista, fundadora e presidente da Sociedade da Ciência do
Sentir, no Rio de Janeiro (RJ); Célia Cortez, neurocientista, psiquiatra e hipniatra; Fábio Roesler, psicólogo e neuropsicólogo da clínica de cefaleia e neurologia;
Vanessa Muller, neurologista e diretora médica da VTM Neurodiagnóstico.
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Em pânico
Sensações de medo e
ansiedade em excesso são
sinais que caracterizam a
síndrome que pode interferir
na vida do indivíduo
Texto Camila Ramos, Leonardo Guerino e Ana
Beatriz Garcia/Colaboradores
Entrevistas Leonardo Guerino e Ana Beatriz
Garcia/Colaboradores
Design laura alcará/colaboradora
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H
á cerca de 2.800 anos, os gregos antigos
viviam um pavor constante quando
necessitavam atravessar as florestas
escuras do interior de suas ilhas. Isso
porque acreditavam que um ser assus-
tador, com formas aparentemente humanas, mas pos-
suidor de orelhas, chifres e pernas de bode, vagava por
essas regiões de mata. Tratava-se do deus Pã (também
conhecido como Fauno, na mitologia romana), senhor
dos bosques, campos e rebanhos.
Os helênicos relatavam que muitos dos que atraves-
savam essas regiões tinham crises intensas de medo
e sofrimento, que eram atribuídas a Pã. Daí o termo
pânico. Nesse contexto, nota-se que os sintomas desse
transtorno não são atuais, já que acompanharam o ser
humano durante os séculos.
O que é?
O psiquiatra Daniel Contarini explica que o distúrbio
é caracterizado por súbitos e recorrentes ataques de medo,
em que o indivíduo apresenta um desconforto intenso
que pode durar de 10 a 20 minutos. “Os principais sin-
tomas dessa síndrome são: palpitações ou taquicardia,
sudorese, tremores ou abalos, sensação de falta de ar ou
sufocamento, dores ou desconfortos torácicos, náusea,
tontura, vertigens, calafrios, calorões, dormências ou
formigamentos, desrealização e/ou despersonalização
(sensação de não pertencer a essa realidade ou ao seu
próprio corpo), medo de perder o controle ou enlou-
quecer e de morrer”, conta o profissional.
Outra manifestação comum entre pessoas com
síndrome do pânico é a presença da agorafobia, “uma
ansiedade quando se está em locais ou situações onde
possa ser difícil escapar ou onde o auxílio pode não
estar disponível caso ocorra uma crise”, completa o
especialista. Estes ambientes (fechados ou em meio a
multidões) podem servir como gatilhos para os indiví-
duos, causados pelo pico de estresse.
No transtorno de pânico, esses tipos de ataques são
recorrentes, com ao menos um sendo inesperado, seguido
de, pelo menos, um mês de preocupações persistentes
acerca da ocorrência de uma nova crise ou mesmo o
receio sobre as suas consequências. Esse temor acaba
gerando alterações comportamentais no indivíduo.
“Pessoas com síndrome do pânico passam a viver com
medo desses episódios, evitando sair de casa, deixando
de trabalhar, reduzindo sua vida social, tudo como forma
de proteção”, explica Daniel.
Aliviando o desespero
Um comportamento recorrente dos pacientes com sín-
drome do pânico é procurarem, primeiramente, especialistas
achando que as crises são indícios de problemas cardíacos
ou estarem sempre em locais de pronto atendimento. Após
diversos exames, e as suspeitas de causas orgânicas descar-
tadas, o melhor a se fazer é procurar um psicólogo, assim
como métodos alternativos.
A pessoa que está passando por uma crise não consegue
raciocinar direito ou falar, por causa do pânico súbito.
Ter apoio da família, amigos ou de uma rede de confiança
nessa hora é importante, mas, muitas vezes, os episódios
acabam acontecendo quando sozinho. Desse modo, alguns
exercícios podem ser cruciais para amenizar as dores. A
respiração é essencial, mais especificamente a respiração
profunda ou diafragmática – a qual, com o movimento da
membrana abaixo do tórax, proporciona maior entrada
de ar. Além disso, a percepção do aqui e do agora ajuda a
trazer a consciência para o mundo exterior, acalmando a
sensação de pânico e ansiedade.
Pânico infantil
Transtornos emocionais não atingem somente
os adultos. Uma criança que possui uma rotina
agitada e estressante, com várias atividades a
serem cumpridas e pressão acerca das notas e bom
desempenho na escola, pode desencadear níveis de
ansiedade fora do normal, evoluindo para distúrbios
mais acentuados, como a síndrome do pânico.
Essa condição acaba comprometendo as relações
pessoais e seu rendimento educacional, já que o
pequeno tende a se isolar e evitar eventos e festas
com medo de sofrer uma crise.
Desse modo, os pais devem ficar atentos para
notarem os sintomas físicos que não fazem parte
do comportamento infantil, como: suor excessivo,
palpitações, dores constantes de barriga sem
explicação, dores no peito, tremores, apreensão
elevada e medos exagerados de morrer ou de perder
o controle. Com isso, além de encaminhar a criança a
um especialista, “é importante manter um ambiente
acolhedor, caloroso, com muito carinho e afeto, além
de limites e ritmos diários bem estruturados. Os
cuidadores devem aliviar o peso e tensão dos filhos e
entenderem que o tempo deles é diferente do adulto”,
aconselha a psicóloga infantil Alessandra Ferreira.
CONSULTORIAS Daniel Contarini Mendes, médico e psiquiatra;
Alessandra da Silva Ferreira, psicóloga infantil.
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Fósforo aceso
A síndrome de burnout se apresenta
como um dos reflexos do desgaste
físico e psíquico que envolvem o
mundo empresarial
Texto Jéssica Frabetti e Rafael de Toledo/colaboradores
Entrevista Leonardo Guerino/Colaborador
deSIGN LAURA ALCARá/colaboradora

O
nome do quadro sugere como a exaustão física e mental,
justificada pelo intenso trabalho, afeta a mente humana.
Do inglês burn out – termo que significa queimar por
completo –, a síndrome de burnout (pronuncia-se bãrnáut)
demonstra o que tem sido enfrentado por profissionais,
do mundo inteiro como resposta ao ritmo desgastante do mercado de
trabalho. Estresse, ansiedade e, até mesmo, despersonalização ressaltam
a necessidade de conscientização sobre saúde no ambiente corporativo.
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O que é?
O transtorno foi conceituado na década de 70, sugerindo que o
funcionário, inserido em um contexto de grave exaustão, apresenta
sintomas como fadiga intensa, dores de cabeça e irritabilidade. Por
se aproximarem dos traços observados em quadros de depressão, os
sinais do distúrbio que acomete profissionais de atividade intensa co-
mumente são atribuídos a tal doença psíquica conhecida como “mal do
século”. Por conta dessa relação, o esgotamento previsto pelas funções
corporativas se insere no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-V) como um anexo da depressão.
Segundo uma análise realizada pela Escola de Economia de Londres,
cerca de 63 bilhões de dólares são perdidos no ambiente de trabalho
brasileiro devido aos sintomas da síndrome.
A exemplo, o “presenteísmo” (fenômeno que caracteriza a queda
de produtividade do colaborador devido ao desgaste mental) é uma
das queixas constatadas em análises da situação profissional no país.
Segundo um estudo realizado pela International Stress Management
Association no Brasil (ISMA-BR), cerca de 30% dos trabalhadores são
vítimas dessa problemática.
Os estágios da crise
Quando a doença foi analisada pelo psicanalista Herbert Freuden-
berger, ele e seu colega de estudo, Gail North, propuseram um ciclo
explicativo do problema. São descritas 12 fases do processo em que
o indivíduo acometido pode passar – sem uma ordem cronológica ou
presença de todas as etapas. Confira as principais:
1. Compulsão pela autoafirmação: existe uma necessidade de mos-
trar a capacidade para todos os colegas e obter reconhecimento por isso.
2. Trabalhar, trabalhar e trabalhar: levar o ofício ao extremo,
como atividade principal – para ter certeza de que é insubstituível.
3. Negligenciar necessidades: como a dedicação à profissão é
percebida em demasia, aspectos essenciais, como sono e alimentação,
além de convivência social, são abdicados.
4. Deslocamento dos conflitos: a pessoa tem conhecimento de
que algo não vai bem, porém evita o assunto.
5. Revisão de valores: o que antes tinha importância – seja casa,
família e amigos – é deixado de lado. Para evitar conflitos por isso, o
indivíduo torna-se apático e retraído emocionalmente.
6. Intolerância ao contato social: até mesmo em situações triviais,
como reuniões. Cinismo, falta de sensibilidade e de empatia, agressi-
vidade e tendência a culpar os outros costumam ocorrer.
7. Retraimento: o isolamento também pode ser um sintoma, em
que é comum evitar convivência social.
8. Mudanças no comportamento: torna-se mais difícil manter uma
boa relação pela dificuldade de aceitar brincadeiras e falta de humor.
Pós e tratamento
As medidas para a síndrome de burnout, assim
como os sintomas, aproximam-se do tratamento
da depressão. A medicação com antidepressivos
é um dos pilares para a redução dos traços.
Contudo, a psicoterapia contribui para a recu-
peração do profissional atingido pelo desgaste
físico e mental. Em todos os casos, o apoio de
um especialista (como psicólogos e psiquiatras)
deve marcar presença no tratamento.
“O exercício físico diário,
feito por pelo menos 30
minutos, ajuda o corpo na
produção de betaendorfina,
liberando uma sensação de
tranquilidade e bem-estar”
Salma Cortez, psicóloga
As atividades físicas vêm ganhando destaque
como alternativa ao combate da exaustão. “Já
se sabe a importância que elas possuem para a
saúde e, agora, também temos como aliadas para
qualidade de vida física e mental”, acrescenta a
psicóloga Salma Cortez. Segundo a especialista,
“o exercício físico diário, feito por pelo menos 30
minutos, ajuda o corpo na produção de betaen-
dorfina, liberando uma sensação de tranquilidade
e bem-estar”.
Outra forma de contribuir com a redução dos
casos associados à síndrome de burnout é estimular
o diálogo entre os funcionários e profissionais
de recursos humanos no ambiente corporativo.
“Em termos organizacionais, políticas relacio-
nadas à qualidade de vida no trabalho devem ser
desenvolvidas e implementadas pelas empresas
como parte da prevenção do burnout”, comenta
Salma. Essa medida contempla o bem-estar do
profissional e o progresso dos investimentos.
CONSULTORIA Salma Cortez, psicóloga e especialista em reiki.
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Em busca
de equilíbrio
Confira tratamentos recomendados por
especialistas para aprimorar a saúde da mente e
evitar o surgimento de quadros psicossomáticos
TEXTO E ENTREVISTAS MATHEUS SANTOS/COLABORADOR
A
DESIGN vanessa sueishi
neurologista irlandesa Suzanne O’Sullivan,
em seu livro It’s All in Your Head (Isso é coisa
da sua cabeça, em tradução para o portu-
guês), conta que 70% de seus pacientes
com convulsões não sofriam de quadros
neurológicos, como a epilepsia, capazes de provocar o
sintoma. Consequentemente, para explicar a condição, a
autora deduziu que a causa seria psicológica. Entretanto,
mesmo com a conclusão da neurologista, a dúvida ainda
se mantém: como solucionar condições que não podem
ser constatadas por meio de exames laboratoriais?
Tanto o cérebro quanto o físico precisam estar saudáveis,
isso porque o quadro psicossomático surge exatamente
por essa relação. Diante de uma situação de tensão, a
mente se cobra e passa a funcionar no limite, procurando
soluções. Como muitas vezes não as encontra, manifesta
o desconforto por meio de sintomas de doenças no corpo.
Diversas resoluções são indicadas por especialistas da
área da saúde. Algumas buscam tranquilizar o paciente por
meio de métodos alternativos, enquanto outras sugerem
o exercício constante da mente. Seja como for, ao receitar
ou definir tratamentos, os médicos concordam que, para
combater as doenças emocionais de maneira eficaz, é ne-
cessário incentivar o paciente a adotar práticas saudáveis
tanto para o físico quanto para o intelecto. Afinal, como
já diria a famosa frase “corpo são, mente sã”, o objetivo é
harmonizar ambos aspectos do corpo humano. Confira
algumas das dicas para desenvolver esse equilíbrio.
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Tratamentos recomendados
Ao lidar com doenças emocionais ou
psicossomáticas, é necessário realizar
Terapias uma investigação sobre os motivos que
Ao lidar com doen-
ças emocionais ou psicos-
originaram a enfermidade e a forma
somáticas, é necessário realizar como ele se manifesta.
uma investigação sobre os motivos que originaram
a enfermidade e a forma como ele se manifesta.
Assim, o psicanalista é um profissional indicado
para tal tipo de auxílio por investigar as raízes das
dificuldades pelas quais o indivíduo passa. Sentir a
presença de distúrbios, como ansiedade, estresse,
depressão, ou a manifestação de problemas físicos Psiquiatria
sem rastro clínico são indicativos preocupantes e Por habitar o ramo da medicina, o
sinais de que atitudes precisam ser tomadas para psiquiatra é um médico especialista na
que se tenha um maior equilíbrio da mente. mente e pode oferecer atendimento em casos
E, para isso, nem sempre remédios são neces- de distúrbios emocionais que afligem o intelecto humano,
sários. “Um bom acompanhamento psicológico como depressão, transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e
com terapias pode ser o suficiente para o paciente síndrome de pânico. O profissional é indicado para realizar um
perceber os gatilhos e o padrão do problema, e diagnóstico de uma doença psicossomática e, se for necessário,
como ele responde frente a situações de crise”, receitar remédios adequados para cada paciente.
afirma o pesquisador em neurologia Marcus Yu
Bin. Portanto, conversar com um especialista
e entender a natureza do seu quadro pode ser
a chave para encarar as situações cotidianas de
uma maneira diferente – e avaliar a necessidade
de intervenções medicamentosas.
Outro profissional recomendado é o psicólogo,
que pode efetuar uma análise sobre as causas
e motivos que originaram o surgimento das
dificuldades. Por meio de sessões, o terapeuta
pode por meio de sua linha de estudo (analítica,
comportamental, corporal, entre outras) sugerir
ao paciente maneiras de tratar o distúrbio.
Tratamento com profissionais multidisciplinares
Uma manifestação grave exige um cuidado especial. Em termos
estritamente psicológicos, em que o surgimento dos quadros não é
Ao receitar ou definir evidente em exames laboratoriais, o tratamento de distúrbios, como
depressão e ansiedade, pode envolver a conciliação entre medica-
tratamentos, os médicos mento, constante assistência terapêutica e a prática de exercícios.
concordam que, para combater Assim, uma equipe multidisciplinar pode ser a mais recomendada.
Assim, principalmente em ocorrências psicossomáticas, para
as doenças emocionais de que se entenda o quadro, é necessário que uma equipe consiga
maneira eficaz, é necessário dialogar de forma a compreender tanto o aspecto mental quanto
físico do indivíduo. “Seja psicólogo, cardiologista ou nutricionista,
incentivar o paciente a adotar o tratamento multidisciplinar é importante”, afirma a psicóloga
práticas saudáveis tanto para o Lívia Marques. Dessa maneira, pode-se chegar à melhor prescri-
ção e se iniciar um trabalho conjunto e cuidar de cada aspecto
físico quanto para o intelecto. relacionado ao indivíduo.
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Métodos alternativos

Prática de
atividades físicas
Consenso entre especialistas da área da saúde,
a realização de atividades físicas é aconselhada
Acupuntura para o combate do quadro de doenças emocio-
Após sessões de acupuntura, é co- nais. Atividades como caminhar, correr ou jogar
mum que o paciente tenha uma sensação uma partida de futebol com os amigos carregam
geral de relaxamento. Desenvolvida na Antiguidade, a técnica poderes tranquilizantes para o corpo. Isso porque
chinesa consiste na inserção de agulhas em pontos específicos do corpo exercitar-se regularmente ajuda na regulação de
humano. Por estimular as terminações nervosas na pele e em outros substâncias do sistema nervoso, melhorando a
tecidos, o método terapêutico causa diversos efeitos no indivíduo, atividade cerebral e auxiliando o organismo a
como ação anti-inflamatória e analgésica. Em consequência, a prática reduzir as chances do surgimento de quadros
é recomendada para problemas bucais, respiratórios, neurológicos, como ansiedade, estresse e depressão.
gastrointestinais e ortopédicos, além de distúrbios psicológicos como Destinar alguns minutos do dia para a realização
insônia, ansiedade, estresse e ansiedade. de exercícios pode ter efeitos valiosos. Além de auxiliar
Por servir como um método que causa alívio no dia a dia ou no equilíbrio mental do praticante, também benefi-
que complementa uma terapia destinada a um quadro clínico ou ciam o corpo com o fortalecimento de articulações,
emocional, a acupuntura é benéfica por seus efeitos tranquilizantes. músculos, ossos e aumento de flexibilidade.
“A técnica tem efeitos de um relaxante muscular e é um ansiolítico
moderado”, explica o especialista em dor e acupuntura Marcus Yu
Bin. Ele ainda salienta que “para ter melhores efeitos, é necessário
tratamento e acompanhamento regular do paciente”.
Yoga
Por meio da prática das
asanas - posturas do yoga - e do
controle da respiração, o corpo entra em
um estado de relaxamento. Recomendado
para pessoas envolvidas em rotinas estressantes, a
Meditação técnica oferece de maneira lúdica o fortalecimento da
Acessível a todos os aflitos, a mente e do corpo. Alongamentos, torções e posições
técnica pode ser realizada no conforto físicas são adotadas para tornar o indivíduo mais
do lar e também reúne diversos méto- leve, relaxar o diafragma e tranquilizar o intelecto.
dos. Em um deles, ao se sentar na posição Originária da Índia, a prática se disseminou
de lótus, com a coluna reta e as pernas cruzadas, por todo o mundo. Para se ter uma ideia, só nos
o indivíduo se concentra na respiração. E, realizando o exercício Estados Unidos, são mais de 35 milhões de adep-
de inspirar e expirar, passa a se tranquilizar. tos, segundo estudo da instituição Ipsos Public
Seja qual for a forma abordada, meditar é uma técnica que privile- Affairs e a tendência é que o número aumente.
gia o equilíbrio e a calmaria. Ao se concentrar em aspectos diversos Com diversos métodos como hatha, power yoga
da natureza humana, o indivíduo cria um ponto livre de tensão em e acro yoga, a técnica abrange diferentes gostos.
sua rotina e pode focar nos fatores que lhe causam estresse diário,
além de refletir profundamente de forma a saná-los, evitando o
CONSULTORIAS Livía Marques, psicóloga; Marcus Yu Bin Pai,
surgimento de quadros mais graves como distúrbios psicológicos. especialista em dor e acupuntura, além de doutor em Ciências pela
Universidade de São Paulo (USP).

Coordenadora de revistas digitais Hérica Rodrigues (herica.rodrigues@astral.com.br) © EDITORA ALTO ASTRAL

Redação Gabrielle Aguiar (gabrielle.aguiar@astral.com.br) e Renan Pereira (renan.pereira@astral.com.br) LTDA. TODOS OS DIREITOS
Design Eugênio Tonon (eugenio.tonon@astral.com.br), Roberta Lourenço (roberta.lourenco@astral.com.br) RESERVADOS. PROIBIDA A
REPRODUÇÃO.
Conteúdo produzido e publicado originalmente na revista: Mistérios da Mente - Ano 1, nº 4 - 2018
Ano 1, nº12
DIREÇÃO João Carlos de Almeida e Pedro José Chiquito ENDEREÇO Rua Luso Brasileira, 4-44 Sala 810, Bauru,SP. CEP 17016-230 CONTATO atendimento@astral.com.br.
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