CEREBRO e

ANSIEDADE
O que é, sintomas,
diagnóstico e
Cérebro Saudável - Ano 2, nº 16

tipos: tudo sobre

o transtorno
da mente GRUPOS
DE RISCO
Mulheres são
mais ansiosas?
Entenda essa
TRATAMENTOS questão
Psicoterapias,
remédios e
métodos
alternativos
são opções
válidas

VOCÊ É
R$ 9,90

ANSIOSO
DEMAIS?
Como
CÉREBRO E
CORPO são
FAÇA O TESTE E DESCUBRA SE SUA afetados pelo
ANSIEDADE PASSOU DO NÍVEL SAUDÁVEL distúrbio
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Sofrendo por
antecipação
É cada vez mais comum ouvir indivíduos se
declarando ansiosos ou descrevendo essa sensação
em seus cotidianos. Mas um conhecimento
necessário nos dias de hoje é a diferenciação entre os
níveis naturais desse sinal do organismo e a
manifestação de um transtorno da mente. Afirma-se
isso pelo fato de que todos possuem padrões
saudáveis de ansiedade: preocupar-se com o futuro
e estar alerta com relação a perigos em potencial são
posturas importantes para os seres humanos.
No entanto esses tipos de comportamentos
passam do ponto e causam sofrimento em muitos
casos: somen-te no Brasil, segundo números
divulgados pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), cerca de uma a cada dez pessoas possui o
transtorno de ansiedade. E é aí que está um grande
desafio: como perceber em si mesmo as
características patológicas do quadro?
Pensando em tal necessidade, esta edição de
CÉREBRO SAUDÁVEL apresenta o tema CÉREBRO E
ANSIEDADE. Nas próximas páginas você poderá
entender a forma como o distúrbio afeta o corpo e o
seu cérebro, além de fazer um teste para avaliar se
esses sintomas estão presentes na sua rotina – a ideia
CAPA – Laura Alcará/colaboradora – Imagens: Getty Images

é propor uma reflexão, e não um diagnóstico.

Também explicamos como a desordem afeta
diferentes grupos, entre os quais estão mulheres e
crianças, e o papel da tecnologia nesse contexto.
Para superar esse cenário, indicamos os possíveis
tratamentos e atitudes complementares: remédios,
psicoterapias e terapias alternativas, sem contar os
cuidados comportamentais e alimentares. Por fim,
trouxemos um depoimento para dar uma dimensão
real desses transtornos. Esperamos que gostem.

A redação
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ÍNDICE

Ansiedade
além da conta?
Responda às perguntas do teste
e reflita sobre os seus aspectos
físicos e emocionais no dia a dia

Corpo e cérebro
Um alarme alterados
essencial... O organismo como um
A ansiedade é uma todo se modifica durante
alerta fundamental do os causados pelo distúrbio.
organismo. Porém, quando Como consequência, há o
descontrolado, pode causar aparecimento de diversos
sérios efeitos sobre os indivíduos sintomas

Ameaçados por
Desvendando ser quem são
os motivos Alguns grupos da sociedade
Existem vários elementos estão mais suscetíveis a
capazes de desencadear o desenvolver o quadro. Será
transtorno de ansiedade. que você está presente em
Conheça alguns deles alguma dessas populações?
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Vivências reais
Confira o relato de uma
pessoa que convive com o
O poder transtorno da ansiedade
terapeutico em sua rotina
As psicoterapias são
ações fundamentais
para tratar a mente dos
indivíduos ansiosos
Ajudantes
da rotina
Determinadas atitudes e
alimentos podem ajudar
ou prejudicar quem possui
Proteção o distúrbio
necessária
Aprenda a administrar
momentos de crise utilizando
técnicas de autocontrole

Conexões
mentais
A tecnologia é mais um
Parecer elemento que precisa ser
medicinal observado atentamente em
Em alguns casos, o auxílio vista de sua colaboração
farmacológico pode com os sintomas ansiosos
ser uma opção válida!
Entenda melhor

Leque de opções Saiba mais

As terapias alternativas Obras para aprofundar
são mecanismos úteis e seus conhecimentos sobre
complementares para serem os temas trabalhados
incluídos no dia a dia nesta edição
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Um alarme
essencial…
…desde que controlado. Do contrário, o desequilíbrio da
ansiedade pode trazer diversas consequências ao organismo.
Conheça mais sobre essa condição
TEXTO LEONARDO GUERINO/
COLABORADOR
ENTREVISTAS GIOVANE
ROCHA E JULIANA BORGES
DESIGN RENAN OLIVEIRA

H
abitar o presente mas viver no
futuro é uma premissa comum
do mundo contemporâneo.
Não é raro experimentar, nesse
contexto, sensações ruins no
corpo e na mente após descobrir que mais um
dia atarefado está logo a frente. Lembrar que
será preciso fazer o café da manhã, deixar a casa
arrumada, levar as crianças para a escola, ir ao
trabalho, entregar o relatório para seu chefe,
enfrentar o trânsito da cidade, ir à faculdade
e cozinhar o jantar são atividades que podem
deixar qualquer um de cabeça cheia. E é justa-
mente nesses momentos que a ansiedade começa
a demonstrar a sua força.
“Eu sou muito ansioso”
É cada vez mais comum ouvir a frase citada,
especialmente no Brasil – país que apresenta a
maior população de ansiosos do globo, segundo
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mas, afinal, o que é a ansiedade e o que de fato
significa ser ansioso?
O primeiro estigma a ser quebrado é que, nem a
ansiedade, nem ser ansioso, são, necessariamente,
elementos ruins. Na verdade, a ansiedade em si é
um sentimento essencial à vida e à sobrevivência
humana. “Trata-se de uma expectativa exacer-
bada do futuro, caracterizada, muitas vezes, pela
sensação de desconforto. Porém, é natural do
ser humano e, por vezes, motivadora”, ressalta
o psiquiatra especializado em psicologia social
Sérgio Lima.
Essencialmente, a ansiedade faz parte de
um sistema de defesa do cérebro e do corpo.
Ela permite que os indivíduos reajam perante
situações que demandam luta ou fuga repentina.
Em outras palavras, atua como uma espécie de
alarme natural.
Entretanto, não é incomum que tal sinal fique
desregulado – podendo ser ativado em momentos
inapropriados. Segundo o psiquiatra Mário Rodri-
gues Louzã Neto, “o que acontece frequentemente
na nossa civilização é que essa reação aconteça sem
que haja um perigo de fato, em parte por conta da
circunstância ou porque aquele organismo está
reagindo excessivamente ao que seria um estresse
natural”. Em momentos como esse, é demonstrado
que algumas funções psicológicas e fisiológicas
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não estão funcionando como deveriam. E esses
episódios podem ser indício de algum transtorno
relacionado a essa capacidade.
Sintomas que atrapalham
“Comecei a sentir os primeiros sintomas aos 21
anos. Estava em uma fase ótima da minha vida,
cursando o último ano de jornalismo, fazendo
estágio, morava sozinha e namorava há três anos.
Na ocasião, passava um final de semana no litoral
com meu companheiro e sua família. De repente,
meu coração disparou e comecei a sentir um aperto
forte no peito, somado a um mal-estar e enjoo.
Fui à farmácia medir minha pressão e estava
tudo normal — mas aquele sentimento durou
horas. Há cada minuto que passava, eu ficava
MEDO X ANSIEDADE
As pessoas, muitas vezes, colocam a
palavra medo e ansiedade como sinônimo
uma da outra. Porém, para a psicologia,
cada um desses termos possui um
significado que deve ser utilizado para
definir sensações específicas.
O medo, para essa ciência, é visto como
um sentimento negativo e agudo diante
de uma ameaça percebida no presente. A
ansiedade, por outro lado, mesmo vista
frequentemente como uma sensação
negativa, refere-se a um temor futuro. Em
outras palavras, o medo está ligado ao
agora e à ansiedade ao depois.
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“As pessoas nessas condições

não conseguem perceber
o limite saudável. É, então,
necessário realizar uma avaliação
psiquiátrica ou psicológica para
identificar se essa quantidade de
ansiedade está excessiva ou não”
Sérgio Lima, psiquiatra

mais apavorada, achando que estava À procura de

com algum problema no coração”,
descreve Aline Rollo sobre um dos
episódios de crise ansiosa que teve.
Em depoimentos como os da jor-
nalista, é comum verificar os mesmos
sintomas: inquietação, tremores, dor
de cabeça, tensão muscular, fadiga,
náusea, confusão mental e até mes-
mo sensação de arritmia cardíaca
(saiba mais na página 12). Todos
são ocasionados pelo descontrole
dos alertas da ansiedade.
Apesar das manifestações sinto-
máticas serem similares nesses casos,
existem diversos tipos de transtor-
nos ligados ao sentimento ansioso,
segundo o Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM–5) – saiba mais sobre esses
quadros na página 11.
E, mesmo que qualquer indivíduo
seja passível de ter uma crise ansiosa,
“a partir do momento em que a pessoa
ou quem está ao lado começa a sofrer
com esses sintomas, é um alerta de
que o limite da normalidade está
sendo extrapolado”, alerta Sérgio
Lima. Pode ser, inclusive, a hora de
buscar ajuda especializada.
um profissional
Por vezes, os indivíduos com crise
ansiosa estão a tal ponto envolvidos
pelo quadro que relutam em procurar
auxílio. “As pessoas nessas condições
não conseguem perceber o limite
saudável. É, então, necessário rea-
lizar uma avaliação psiquiátrica ou
psicológica para identificar se essa
quantidade de ansiedade está excessiva
ou não”, explica Lima.
O diagnóstico (elaborado por um
especialista em saúde e/ou comporta-
mento, como psicólogos e psiquiatras)
é feito, a primeiro momento, por
meio de uma investigação pontual
a respeito da vida do paciente. Para
tanto, o profissional perguntará, por
exemplo, há quanto tempo os sintomas
acontecem, qual a rotina do paciente,
como essas crises estão afetando sua
vida, entre outros. Em seguida, é
possível que utilize alguns questioná-
rios psicológicos que evidenciem, de
melhor modo, a condição do ansioso.
Por fim, em determinadas ocasiões,
o perito poderá solicitar exames fí-
sicos visando investigar elementos e
consequências do transtorno.

CONSULTORIAS Mário Rodrigues Louzã Neto, psiquiatra; Sérgio Lima, psiquiatra especializado em
psicologia social pela Universidade de São Paulo (USP) e membro da Clínica Spatium, na capital paulista.
FONTES Ansiedade, vídeo do canal do YouTube Minutos Psíquicos, André Rabelo, 2015; Manual
diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), Editora Arthmed, 2014.
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Desvendando
os motivos
O transtorno da ansiedade pode estar relacionado a diversas
causas. Por consequência, existe um grande número de
elementos que disparam esse alerta do organismo
TEXTO LEONARDO GUERINO/
COLABORADOR
ENTREVISTAS GIOVANE ROCHA
DESIGN RENAN OLIVEIRA
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!!!
S
egundo um relatório divulgado em
2016 pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), entre os anos de 1990 e
2013, o número de pessoas que sofrem
de depressão e/ou ansiedade em todo
o globo cresceu quase que 50% – de 416 para 615
milhões de casos. Esse valor corresponde a cerca
de 10% da população mundial.
Para as autoridades em saúde, esses valores são
alarmantes e capazes, inclusive, de gerar diversos
danos às sociedades como um todo. “Sabemos
que o tratamento da ansiedade faz sentido para
a saúde e o bem-estar. Mas essa nova pesquisa
confirma que isso também contribui para a
economia”, disse na época a diretora-geral da
OMS, Margaret Chan.
Apesar de diversas constatações terem surgido
por meio desse estudo, os especialistas ainda
não sabem as razões específicas que levaram a
esse gradual aumento – principalmente aquelas
relacionados à ansiedade. As suspeitas, entretanto,
estão atreladas a alguns fatores pontuais. Confira
a seguir quais são eles.
De pai pra filho
Como a ansiedade é um processo natural
do organismo, ela pode ser experimentada por
qualquer um. Entretanto, descobertas recentes
demonstraram que alguns indivíduos podem
estar mais propensos a serem influenciados pelo
descontrole nesse sinal de alerta. “Essas pessoas
apresentam um estado de vulnerabilidade au-
mentada. Ou seja, significa que estão sujeitas a
perigos internos e externos sobre os quais elas
não têm controle ou não experimentam senso de
segurança”, explica a psicóloga e neuropsicóloga
Viviane Freire Bueno.
Segundo estudos recentes, a ansiedade pode
ser potencializada, inclusive, pela carga genética
?
dos indivíduos. Ao menos é essa a suspeita de
Ned Kalin, presidente do departamento de psi-
quiatria da Escola de Medicina e Saúde Pública
da Universidade de Wisconsin, nos Estados
Unidos. O especialista desenvolve um estudo que
tenta compreender como a ansiedade é capaz de
atravessar gerações ao longo dos anos.
Em uma entrevista para a revista Galileu, da
Editora Globo, Kalin afirmou que a ansiedade
pode ser passada para toda a árvore genealógica
da pessoa, além de estar relacionada ao compor-
tamento dos parentes responsáveis pela criação
das crianças.
Um apressado novo mundo
As suspeitas sobre a potencialização da an-
siedade, entretanto, não repousam somente no
DNA. Fatores como a transformação da realidade
a uma condição cada vez mais agitada e hiperco-
nectada podem, também, influenciar para que o
indivíduo fique cada vez mais ansioso. “Estamos
vivendo em um mundo cada vez mais rápido, em
que tudo se resolve de forma imediata. Antiga-
mente, uma pessoa respondia um e-mail três dias
depois de recebido; hoje, a mensagem chega e já
é respondida – sem falar do WhatsApp e outros
aplicativos de comunicação”, destaca o neurop-
sicólogo Aristides Brito.
Segundo o especialista, cada vez que utilizamos
uma ferramenta dessas, acreditamos que elas estão
nos ajudando a melhorar a qualidade de vida, afinal,
essa é uma das propostas. Entretanto, geralmen-
te, ela acaba roubando nosso tempo e dividindo
nossa atenção. “Com o acúmulo de atividades,
nos tornamos mais ansiosos por resultados cada
vez mais rápidos”, complementa.
Outro elemento que está sob os olhos descon-
fiados dos cientistas são os ambientes habitados
pelas pessoas. Os especialistas afirmam cada vez
mais que o contexto no qual alguém está inserido
pode ser fundamental para o desenvolvimento dos
transtornos de ansiedade. E isso se aplica tanto às
residências quanto aos locais de trabalho. Lugares
agitados, violentos, instáveis, barulhentos e com
altos índices de pressão por resultados são algu-
mas das condições propícias para que o quadro
se apresente.

Apesar de cada vez mais presente
na sociedade, a ansiedade pode se
apresentar de diferentes maneiras
e intensidades. E, dependendo das
características e da frequência na qual
ocorrem esses eventos, eles podem
se encaixar em categorias distintas
pertencentes ao mesmo distúrbio.
Confira, a seguir, alguns desses
principais subtipos, todos listados
pelo Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais (DSM-5, na
sigla em inglês), material de referência
para profissionais como psicólogos
e psiquiatras.
• Transtorno de ansiedade de
separação: caracterizado pelo medo
ou a ansiedade excessiva em afastar-se
de casa ou figuras de apego. Os indi-
víduos nessa condição preocupam-se
intensamente com o bem-estar de
entes queridos, almejando saber
seu paradeiro continuamente. Eles
também temem eventos indesejados
consigo mesmos que os impeça de se
reunir à quem mais se relacionam.
• Mutismo seletivo: ao se encon-
trarem com outros indivíduos em
interações sociais, as crianças com o
distúrbio não iniciam conversas nem
!!
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UM ANSIOSO DE CADA TIPO
respondem quando são questionadas.
A perturbação é marcada por intensa
ansiedade social. Indivíduos com o
quadro comumente se recusam a
falar na escola, o que leva a prejuízos
acadêmicos ou educacionais.
• Fobia específica: é o medo ou
ansiedade acentuada mediante um
objeto ou situação (por exemplo, voar,
animais, injeção, etc.). Esses elementos
provocam uma resposta imediata na
pessoa, causando sofrimento signifi-
cativo ou prejuízo em diversas áreas
socialmente importantes.
• Transtorno de ansiedade
social (Fobia social): esse quadro
ansioso é apresentado quando o
indivíduo é exposto a uma possível
avaliação de outras pessoas. Por
exemplo, ao realizar algum tipo de
interação social com alguém que não
conhece, ser observado executando
alguma atividade ou durante aspectos
acadêmicos e profissionais, como em
palestras e apresentações.
• Transtorno de pânico: um
ataque de pânico é um surto repentino
e intenso de medo ou desconforto
que alcança um pico em minutos.
Durante o momento, ocorrem di-
versos outros sintomas simultâneos
como taquicardia, sudorese, tremores
e sensação de asfixia.
• Agorafobia: transtorno no qual
o indivíduo tem seu gatilho ansioso
disparado quando está em meio à
situações observadas como de difícil
saída ou escape. Por exemplo, quando
presente em uma multidão ou outro
lugar composto por várias pessoas.
• Transtorno de ansiedade
generalizada: desconforto causa-
do por uma preocupação excessiva
e constante em vista de diversos
eventos e atividades. O indivíduo no
quadro considera difícil controlar a
preocupação e, como consequência,
ocorrem sintomas como inquietação,
irritabilidade e tensão muscular.
Conforme o DSM, existem ain-
da outros transtornos ligados ao
sentimento ansioso que não estão
presentes nessa lista – cada um com
suas características e peculiaridades.
É importante lembrar, entretanto,
que apenas um especialista em saúde
mental estará apto a avaliar quais
as condições ligadas ao paciente e
as melhores formas de controlá-las.
CONSULTORIAS Aristides
Brito, neuropsicólogo; Viviane
Freire Bueno, psicóloga,
neuropsicóloga e docente
no curso de Psicologia da
Universidade Cruzeiro do Sul.
FONTE Investing in treatment
for depression and anxiety
leads to fourfold return,
Organização Mundial
da Saúde, 2016; Manual
Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-
5), editora Artmed, 2014;
Não consegue controlar a
ansiedade? A resposta pode
estar nos seus genes, Revista
Galileu, 2018.
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RESPIRAÇÃO desregulada, rápida e curta é

Corpo e
um dos sintomas comuns. “Um segmento na
linha corporal, o torácico, que faz parte do
peitoral, fica imobilizado durante a crise”,
explica o psicólogo João Alexandre Borba.
Por isso, ocorre um bloqueio no peito na

cérebro
parte onde ficam os pulmões, causando a
dificuldade de respirar – conhecida como
dispneia. A longo prazo, os pulmões podem
ficar enfraquecidos se as crises e a FALTA DE
AR acontecerem com frequência.

alterados Dores nas COSTAS e OMBROS podem ser

resultado de músculos tensionados. É porque,
em momentos de grande estresse, há a
Substâncias cerebrais liberação de hormônios pelo organismo –
os músculos ficam rígidos, como se o corpo
e hormônios são estivesse se preparando para enfrentar ataque.

responsáveis por vários

sintomas na mente e no
organismo. Veja o que CORAÇÃO DISPARADO é um dos sintomas
que mais assustam, levando a pessoa
acontece com quem tem a acreditar que está tendo um infarto.
Contudo, a taquicardia, que também
o transtorno acontece em quem tem crises de pânico,
nada mais é do que o resultado de um
metabolismo acelerado. Quem manifesta
crises por períodos prolongados pode ter
TEXTO RICARDO PICCINATO
ENTREVISTAS GIOVANE ROCHA E PAULA SANTANA/COLABORADORA problemas cardiovasculares graves, segundo
DESIGN RENAN OLIVEIRA Maria Cristina de Stefano, psiquiatra.

N
em sempre sentir o coração dis- PELE AVERMELHADA é sinal de um maior
parado é sinônimo de iminência fluxo sanguíneo durante episódios
de infarto. Da mesma forma, estressantes ou ansiosos. PELE PÁLIDA
queimação no estômago não é também pode ser indicação de má
decorrência de ter comido algo distribuição de sangue em outras regiões.
que fez mal. Estes e outros sintomas podem ser
típicos de quem está passando por uma crise de
ansiedade. Confira mais detalhes sobre os efeitos
desse transtorno no infográfico a seguir.
TREMORES em mãos, pés e pernas são,
novamente, decorrência da grande liberação
de hormônios no corpo.
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Algumas pessoas relatam ter a sensação de

que uma fita envolve e aperta a CABEÇA.

A QUEDA DE CABELO decorre do

enfraquecimento da raiz capilar por conta de
vários episódios estressantes e ansiosos.

A ação dos hormônios adrenalina,

noradrenalina e acetilcolina costuma deixar a
BOCA SECA. Esse fenômeno é conhecido como
xerostomia ou hipossalivação.

GARGANTA SECA e músculos do pescoço

tensionados são outro sinal de alerta – uma
sensação de nó também pode surgir.

SUOR EM EXCESSO mesmo com clima frio?

Isso ocorre porque o sistema nervoso
simpático é acionado, e, com isso, as glândulas
sudoríparas são mais estimuladas. Além de
transpiração generalizada, mãos e axilas são
algumas regiões de maior concentração.

Diarreia, ânsia, cólica e má digestão são

alguns dos sinais emitidos pelo SISTEMA
DIGESTIVO – ou seja, nem sempre decorrem
de algo que você comeu. “Entre os principais
problemas causados pela ansiedade crônica
estão a suscetibilidade maior a problemas
de digestão e úlceras”, alerta a psiquiatra
Maria Cristina de Stefano, principalmente
se o indivíduo tiver pré-disposição à
sensibilidade estomacal.
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No cérebro PREOCUPAÇÃO DIFICULDADE PARA

Durante as crises de ansiedade, o EXCESSIVA, NERVOSISMO DORMIR é uma das
cérebro passa por uma desregulação e IRRITABILIDADE são decorrências de
na liberação de neurotransmissores sintomas cognitivos mau funcionamento
– essas substâncias cerebrais são presentes nos ansiosos. neurológico.
disparadas em excesso ou quanti-
dades menores do que o normal.
“Ocorre a descarga de um neuro-
hipotálamo
transmissor chamado noradrenalina.
Essa substância é produzida nas matéria cinzenta
glândulas supra-renais, cerúleo e periaquedutal
núcleo amigdaloide. A principal
característica psíquica é a aceleração
do pensamento, ou seja, ele elabora
diversas maneiras de se livrar 'da-
quele estado'”, explica Leonard F.
Verea, psiquiatra.
Além desses pensamentos, o cor-
po se põe em um estado de alerta,
preparando-se para uma ação a
qualquer instante. “Os sintomas se
relacionam com o sistema límbico amígdala
cerebral, formado pela amígdala,
hipotálamo e matéria cinzenta pe-
riaquedutal, que utilizam memórias
de experiências passadas”, indica
o psiquiatra Tito Paes de Barros cerúleo
Neto. Dessa forma, a descarga
desregulada de neurotransmissores
e hormônios interfere no funcio-
namento de vários órgãos, como
vimos anteriormente.

Quando em excesso, a ansiedade pode gerar dificuldades

de rendimento cerebral, principalmente das funções
cognitivas, na forma de ESQUECIMENTOS e DIFICULDADES
DE CONCENTRAÇÃO e FOCO. “Isso é comum em pessoas que
estejam passando por uma fase difícil, sob grande estresse, A sensação de ameaça faz o sistema
ou que tenham transtorno de ansiedade crônica”, esclarece nervoso acelerar seu funcionamento. Por
Alexandre de Araújo Pereira, doutor em educação médica e conta de um aumento do fluxo sanguíneo,
professor de psiquiatria. podem surgir DORES DE CABEÇA.

CONSULTORIAS Alexandre de Araújo Pereira, doutor em educação médica e professor do curso de pós-graduação em psiquiatria do Instituto de Pesquisa e Ensino
Médico – IPEMED; André Lima, neurologista; João Alexandre Borba, psicólogo; Leonard F. Verea, médico psiquiatra e diretor do Instituto Verea e da Unicap; Maria
Cristina de Stefano e Tito Paes de Barros Neto, psiquiatras.
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Ameaçados por
ser quem são
Segundo pesquisas científicas,
existem populações com maior risco
de desenvolver a ansiedade do que
outras. Será que você se encaixa em
alguma dessas porcentagens?
TEXTO LEONARDO GUERINO/COLABORADOR
ENTREVISTAS GIOVANE ROCHA, NATÁLIA NEGRETTI E LEONARDO GUERINO/COLABORADOR
DESIGN CAMILA CAMPOS

A
inda que a ansiedade seja
um quadro relativamente
universal, ou seja, capaz
de atingir qualquer tipo
indivíduo, os estudos
demonstram que há alguns grupos
mais vulneráveis a sofrerem influência
dos transtornos.
Seja por questões ambientais ou de
predisposição genética, há pessoas em
que os efeitos da ansiedade são senti-
dos mais intensamente e de maneira
frequente. Conheça a seguir algumas
dessas populações.
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Atenção, mulheres!
Um relatório da Organização Mun-
dial da Saúde (OMS) comprovou que o
aparecimento de casos de transtornos
de ansiedade e depressão é maior em
mulheres do que em homens. Os cien-
tistas ainda não possuem uma resposta
concreta para explicar essa diferença
entre os gêneros, mas as hipóteses são
muitas. Segundo o psiquiatra Hewdy
Lobo Ribeiro, elas vão desde “fatores
biológicos, como a vulnerabilidade
hormonal, até elementos psicossociais,
como maior demanda para que as
mulheres realizem simultaneamente
as tarefas domésticas e familiares”.
Conforme dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o Brasil – país no qual há a
maior quantidade de casos de mulheres
ansiosas do planeta – ganhou cerca
de um milhão de famílias formadas
exclusivamente por mães solteiras em
pouco mais de dez anos. Ao todo, ainda
segundo o mesmo órgão de pesquisas, Intensidade na gravidez
há por volta de 20 milhões de mulhe- A gestação é mais um período no qual as mulheres podem estar mais sensíveis
res nessa condição na federação. Tal aos efeitos da ansiedade. Seja pelas mudanças hormonais envolvidas nesse pro-
situação torna essas chefes de família cesso, ou pelas questões sociais que envolvem a educação de uma criança, estudos
responsáveis por trabalhar, cuidar dos mostram que o sentimento ansioso é comumente verificável nas gestantes.
pequenos e realizar as atividades do De acordo com um artigo publicado em 2017 pela Revista da Escola Enfermagem
lar como um todo. da Universidade de São Paulo (USP), pelo menos 27% das gestantes que participa-
Mas outro fator que os cientistas ram de uma pesquisa da publicação demonstraram sintomas de ansiedade. “Se a
também consideram para explicar os pessoa não apresenta recursos e não acredita em sua capacidade de se autocontrolar
dados da OMS é a questão da influência ou de enfrentar a situação, uma vez que se sente vulnerável e inseguro, ela pode
hormonal sobre o sexo feminino. “O desenvolver uma crise de ansiedade”, comenta a psicóloga e neuropsicóloga Vi-
comportamento humano é depen- viane Freire Bueno. A população do estudo foi composta por grávidas de cidades
dente dos hormônios circulantes, do sul do estado de Minas Gerais, que realizaram o acompanhamento pré-natal
provocando sintomas e momentos em Unidades de Atenção Primária à Saúde. Ao todo, a análise foi feita com 209
evolutivos nas mulheres, tais como gestantes selecionadas aleatoriamente pelos autores do conteúdo.
tensão pré-menstrual (TPM), meno- E, se a ansiedade afeta as futuras mães, foi descoberto que os bebês dentro
pausa e depressão pós-parto”, explica a do ventre também podem receber essa influência. De acordo com um estudo
psicóloga Lívia Márcia Batista. Sendo apresentado em 2018 na 25ª reunião da Sociedade de Neurociência Cognitiva, em
assim, nos períodos em que há uma Boston, nos EUA, uma equipe de pesquisadores estadunidenses demonstrou – com
alteração no nível dessas substâncias, o auxílio de ressonâncias magnéticas – que o estado emocional da gestante pode
o organismo pode reagir de maneira resultar em alterações neurais nos fetos. É a primeira vez que essas observações
distinta, ficando mais suscetível a foram obtidas com clareza, apesar de suspeitas prévias.
determinados quadros.
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Cuidados na infância
Segundo o Manual Disgnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5),
muitos dos transtornos que envolvem a ansiedade podem ter como principal
alvo crianças e adolescentes. Fobia social e mutismo seletivo, por exemplo, são
algumas das condições mais comuns em indivíduos com essas idades. “Nessa
faixa etária, pode haver uma interpretação errônea da realidade, o que levaria
os indivíduos a apresentarem uma preocupação excessiva. Esse modo de pensar
levaria a uma hiperexcitabilidade persistente, que consiste em manifestações
físicas incontroláveis associadas à tensão”, explica Viviane Freire.

Com a chegada da adolescência e da

primeira fase adulta, essas sensações
podem se tornar ainda mais intensas
e corriqueiras. Segundo dados do
Instituto Nacional de Estudos e Pes-
quisas Educacionais Anísio Teixeira
(INEP), as idades mais registradas
de vestibulandos do Exame Nacional
do Ensino Médio (ENEM) pertence
às populações de 16 aos 30 anos. É
nessa fase que novas responsabilidades
aparecem, principalmente ligadas
às decisões futuras, como estudo e
carreira. Tendo em vista tais desafios,
não é incomum que esses grupos
desenvolvam quadros relacionados
à ansiedade.
Hoje em dia, há várias técnicas
cognitivas, comportamentais e fi-
siológicas capazes de reduzir esses
níveis de estresse independentemente
da idade. Para conhecer mais sobre
os tipos de tratamento envolvidos
no controle da ansiedade, confira as
reportagens a partir da página 22.

CONSULTORIAS Hewdy Lobo Ribeiro, psiquiatra; Lívia Márcia Batista, psicóloga; Viviane Freire Bueno, psicóloga, neuropsicóloga e docente no curso de psicologia da Universidade
Cruzeiro do Sul.
FONTES Ansiedade na gravidez: prevalência e fatores associados, de Mônica Maria de Jesus Silva, Denismar Alves Nogueira, Maria José Clapis e Eliana Peres Rocha Carvalho Leite,
Revista da Escola de Enfermagem da USP, 2017; Brasil tem mais de 20 milhões de mães solteiras, aponta pesquisa, Empresa Brasileira de Comunicação, 2015; Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística; Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), editora Artmed, 2014.
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Ansiedade
além da conta?
Responda às perguntas do teste e reflita sobre os
seus aspectos físicos e emocionais no dia a dia

A
TEXTO E ENTREVISTAS ÉRIKA ALFARO
DESIGN RENAN OLIVEIRA
o longo das matérias desta edição, foi possível
entender que a ansiedade é um mecanismo
natural do ser humano. Mas, quando ela
está desregulada, um transtorno da mente
pode ser diagnosticado. No entanto, mesmo
com a compreensão dessa relação, como identificar em
si mesmo o limite entre os níveis saudáveis de ansiedade
e o distúrbio?
Pensando nessa análise pessoal, elaboramos um teste com
o intuito de gerar reflexão – as questões não devem ser
encaradas como um critério científico, uma vez que apenas
um profissional pode cumprir esse papel e proporcionar
um parecer adequado sobre cada caso. Sendo assim,
responda às questões com sinceridade e busque observar
seus comportamentos e sensações. Com a evolução do
autoconhecimento, será possível identificar em si pontos
problemáticos e potenciais de mudança.
 INÊS249

ESCALA
As situações descritas são hipotéticas e sugeridas de maneira
geral, sem especificações – uma vez que as rotinas acontecem
de forma distinta. Por isso avalie as perguntas propostas de
acordo com o que mais se aproxima da sua realidade (existe
algo parecido que já aconteceu?).
Assinale a opção com base na frequência em que a cir-
cunstância ocorreu ou não no seu caso: nunca, raramente,
às vezes ou sempre. Por fim, analise qual das alternativas
foi maioria nas suas respostas e confira o que esse resultado
pode indicar.

1. Situações simples do dia a dia causam preocu- Nunca ( )

pações tão significativas que tomam conta dos seus Raramente ( )
pensamentos? Às vezes ( )
Nunca ( ) Sempre ( )
Raramente ( )
Às vezes ( ) 7. Sem perceber, você já machucou a si mesmo
Sempre ( ) (a) por se sentir ansioso (a)?
Nunca ( )
2. Você se considera indeciso (a) e costuma sofrer Raramente ( )
em circunstâncias nas quais uma escolha é necessária? Às vezes ( )
Nunca ( ) Sempre ( )
Raramente ( )
Às vezes ( ) 8. Mesmo sem nenhum problema cardiovascular,
Sempre ( ) você costuma sentir o coração acelerado?
Nunca ( )
3. Quando você tem algum compromisso impor- Raramente ( )
tante, sente dores de barriga ou musculares intensas? Às vezes ( )
Nunca ( ) Sempre ( )
Raramente ( )
Às vezes ( ) 9. As suas mãos ou as pernas já ficaram trêmulas
Sempre ( ) ao ponto de não conseguir controlá-las?
Nunca ( )
4. Oportunidades já foram perdidas, como en- Raramente ( )
trevistas de emprego ou provas, porque é preferível Às vezes ( )
evitar o mal-estar que você sabe que sentirá? Sempre ( )
Nunca ( )
Raramente ( ) 10. O suor aparece em excesso
Às vezes ( ) mesmo em dias mais frios?
Sempre ( ) Nunca ( )
Raramente ( )
5. Bebidas alcoólicas ou algum tipo de droga já Às vezes ( )
foram utilizados para aliviar a tensão ou enfrentar Sempre ( )
contextos sociais?
Nunca ( ) 11. Você tem vergonha de admitir para amigos ou
Raramente ( ) familiares que tem um medo extremo de alguma situação
Às vezes ( ) (como falar em público ou ficar preso no elevador) ou
Sempre ( ) determinado animal (aranhas, por exemplo)?
Nunca ( )
6. Em momentos de descontração, com amigos Raramente ( )
ou familiares, você não consegue se desconectar Às vezes ( )
dos problemas? Sempre ( )
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RESULTADO
m maiores e
12. Diante de um compromisso fu- limitações pareça

Se der empate, refaça o teste outro dia.

” de passe
nsação de ansieda
turo, você antecipadamente costuma Maioria “nun ca
a se
ocure
ocupar sua mente com os detalhes que e “raramente”
al gu ém a ca us ar sofrimento, pr
envolvem esse evento ou tarefa? “Você pa rece ser prof issional.
cidade para um brar que
Nunca ( ) que possui boa capa m se É importante lem
as sit ua çõ es se isa chegar
Raramente ( ) lidar com
ei ra de o quadro não prec
de se sper ar. Su a m an pa ra que
Às vezes ( )
da , o qu e ao nível patológico
re ag ir é equi lib ra analista ou
Sempre ( )
nc ia r as um psicólogo, psic
perm ite a você vi ve consul-
õe s co m ps icoterapeuta sejam
expectativas e frus
tr aç alistas são
13. Seu chefe diz que precisa falar
oc io na l”, ta dos. Esses especi
domínio racional e
em endar
com você. Por não saber do que se tra-
bi an e de pr ep arados para recom
pont ua a psicólog
a Fa as, au xiliar
ta, você costuma apresentar sintomas at itudes preventiv
Oliveira. des cotidianas e
na em dificulda
como perda do apetite, insônia, dor de
qu e,
Mas le m br e- se de nt ribuir com a
da até mesmo co
barriga, dor de cabeça e enjoo?
en to
Nunca ( ) hipótese de um el em toconhecimento.
su a sa úd e m en ta l, evolução do au
Raramente ( ) rotina afetar
de auxiliar a
Às vezes ( ) um especialista po Maioria “sempre”
di fic uldade, por o quan-
Sempre ( ) lid ar co m es sa
. “É hora de perceber
mais pont ual que
se ja tá gera ndo
to a ansiedade es
ando as
14. Na hora de dormir, você não de sc onforto, prejudic
isias’
es e gerando ‘paral
s”
consegue descansar a mente e nem Maioria “às veze at é re la çõ
ra l e, ns contextos.
se desligar das tarefas e situações que “A ansiedade é natu oc ê diante das algu
o, sa ud áv el . V é de grande
viveu durante o dia? certo pont e fi ca Nessas condições,
al gu ém qu busca por um
Nunca ( ) pa re ce ser en te , importância a
od er ad am ajude a lidar
Raramente ( ) an sios o(a) m eg ue profissional que o
si m , co ns de mini-
Às vezes ( ) mas, ai nda as qu e co m tal emoção a fim
de ix ar ocionais
Sempre ( ) ter cont role, sem se u m izar os prejuízos em
iq ue psicóloga
a em oç ão pr ej ud pa lh e ca usados”, avalia a
at ra
15. Existem dias nos quais a sensação é fu ncionamento ou alisa Fabiane de
Oliveira.
om is so s” , an Rod rigo
a de que sua paciência está “por um fio” seus co m pr De ac ordo com
Fabiane. méd ic o cl ín ico
es C altabiano,
e que qualquer coisa é capaz de te irritar?
m as da s sit ua çõ op os ófica,
Nunca ( ) Caso algu ca - com ampliação an
tr
ad o id en ti fi o sitiva
po
Raramente ( ) tenh am caus ct ad as um a ún ic a questã
ra m de te caracterizar
Às vezes ( ) ção, ou seja, fo “l ig ar (“sempre”) pode
, va le e, indicando
Sempre ( ) no seu cotidiano bs er - uma ansiedade grav
ho ”. O ompanha-
o aler ta vermel da di a a necessidade de ac
, a ca a. Isso
16. Já teve formigamentos em lábios, ve atentamente se ci as se m en to de um especialist
st ân cto
dedos das mãos, língua ou turvação que passa, as circun nc ia po rq ue, caso exista um aspe
s freq uê -
repetem com mai e sofrimento, a as
suas que origin
visual em situações de estresse?
nt ro le so br e as issio na l da
Nunca ( ) e o seu co ia de um prof
s diminui sistênc terminante
Raramente ( ) emoções ou reaçõe sin - saúde de ser de
po
te . C as o os tratamento.
Às vezes ( ) gradat ivamen m , as para a superação e o
se ag ra ve
Sempre ( ) tomas físicos

CONSULTORIAS Fabiane Oliveira, psicóloga; Rodrigo

Caltabiano, médico clínico com ampliação antroposófica.

Proteção
necessária
O sentimento de ameaça ao bem-estar pode
desencadear uma crise de ansiedade em situações
do dia a dia. Saiba como lidar com esses momentos
TEXTO E ENTREVISTA EDUARDA SOUZA/COLABORADORA
DESIGN NÍCOLAS MESSIAS/COLABORADOR
V
ocê já teve a sensação
de estar preso a uma
situação incômoda, da
qual precisava f ug ir
imediatamente? Se seu
corpo apresentou sintomas como suor
excessivo, dor no peito e dificuldade de
respiração, você pode ter passado por
uma crise de ansiedade.
O quadro surge no momento em que
os sentimentos de angústia e insegurança
tomam conta do indivíduo, que tem a
sensação de estar pendendo o controle.
Assim, a capacidade de raciocínio é
comprometida e a produção do hormônio
adrenalina aumenta na corrente sanguí-
nea do sujeito, provocando aceleração
do pensamento.
Sintomas precedentes
A forma de reconhecer um episódio de
crise ansiosa é a partir da apresentação
de um conjunto de sinais oferecidos pelo
corpo, sendo eles: dor no peito, enxaqueca,
palpitação, tontura, aumento da pressão
sanguínea, sensação de sufocamento, boca
INÊS249
seca, dificuldade para engolir, diarreia
e aumento da produção de suor ou da
necessidade de urinar. Nesse instante,
é fundamental procurar um ambiente
tranquilo para acalmar o organismo.
Para aprender a lidar com as manifesta-
ções da crise, é necessário que o indivíduo
procure analisar seu comportamento
diante de circunstâncias estressantes. "É
importante identificar a causa da ansiedade
em um processo de autoconhecimento,
para que a pessoa compreenda quais são
os seus padrões de atitudes e pensamen-
tos", explica a psicóloga Isabela Cotian.
Dessa maneira, é possível reconhecer
quais cenários desencadeiam as crises e,
assim, procurar formas que amenizem
os sinais do transtorno.
Respira e inspira
A respiração rápida e ofegante é um
dos sinais que indicam uma crise de
ansiedade, mas também um dos sinto-
mas mais simples de serem controlados.
Exercitar a inalação pode ajudar a evitar
o desequilíbrio.
“Respirar fundo” em momentos de
nervosismo também ajuda muito. Apesar
de ser clichê, o ato tem uma explicação.
"Ao respirarmos lenta e profundamente,
nosso organismo entende que não há
perigo e começa a relaxar, liberando
substâncias calmantes no cérebro e
corpo. Nossos músculos ficam mais
relaxados, os batimentos cardíacos
desaceleram e somos preenchidos por
uma sensação de tranquilidade", escla-
rece Isabela Cotian.
A especialista explica que a maneira
mais simples de realizar esse exercício
é sentando em posição ereta, com os
braços e pernas confortáveis. A partir
daí, é necessário contar até dez, in-
tercalando esse ato com a respiração.
Assim, seus pensamentos ficam mais
claros, facilitando a distinção do que
está sendo prejudicial e se a situação é
realmente uma ameaça ao seu bem estar.
CONSULTORIA Isabela Cotian, psicóloga
 INÊS249

Parecer medicinal
O tratamento por meio de medicamentos é uma
opção para reduzir os sintomas da ansiedade e deve
sempre ser prescrito por um especialista
TEXTO E ENTREVISTAS ÉRIKA ALFARO
DESIGN CAMILA CAMPOS

R
econhecer os sinais do corpo e os comportamentos que causam Nesse sentido, diante dos possíveis
sofrimento é uma percepção fundamental para a identificação do efeitos colaterais, há quem tenha re-
nível patológico da ansiedade. Com essas informações, a primeira ceio com relação aos remédios para
etapa em busca de ajuda é o diagnóstico oferecido pelo profissional transtornos da mente. Assim, surge o
consultado, o qual será mais preciso de acordo com a descrição questionamento: quando essa medida
consciente dos sintomas. deve ser tomada? “Os psicofármacos são
O processo de autoconhecimento e a procura por psicólogos e psiquiatras faz parte mais necessários nos casos moderados e
da decisão pela abordagem mais adequada para cuidar de cada caso. Dessa forma, graves de ansiedade”, afirma o psiquiatra
surgem as possibilidades de recursos terapêuticos e intervenções farmacológicas. Antônio Carlos Seihiti Yamauti. Para
ele, em manifestações mais leves do dis-
Análise personalizada túrbio, o tratamento pode ser realizado
Apesar de os remédios representarem um avanço científico no sentido de con- com psicoterapia, mudanças no estilo
tribuírem para o bem-estar de pacientes com diversos quadros, tais substâncias de vida, atividade física, meditação,
devem ser consumidas com precaução. Justamente por essa razão, a automedicação acupuntura, moderação no consumo de
é repreendida por profissionais, que ressaltam a importância da avaliação individual substâncias estimulantes, entre outras
e especializada para a prescrição que melhor atende o indivíduo. alternativas.
 INÊS249

Ansiolíticos e
antidepressivos
O controle do estado de crises, ge-
ralmente, é acompanhado pelas drogas,
entre as quais, por conta dos resultados
rápidos, o ansiolítico é a substância mais
conhecida. Antônio Carlos explica que
toda medicação que modula a ansiedade
é, por definição, um ansiolítico, mas,
em geral, associa-se esse termo a uma
classe específica chamada de benzo-
diazepínicos.
“De acordo com a psicofarmacologia,
os benzodiazepínicos potencializam um
neurotrasmissor conhecido como GABA,
o que provoca sedação, efeitos hipnóti-
cos e anticonvulsivos. Mas também há
trabalhos mostrando que a droga afeta
a memória e pode causar algum tipo de
dissociação psíquica”, explica Adriana
Pereira Guedes, psicóloga e doutoranda
na Universidade de São Paulo.
Ainda assim, os antidepressivos são
considerados as medicações de primeira
linha para o transtorno por inibirem a
excitação dos circuitos ligados à ansie-
dade. “Porém isso ocorre de uma forma mais lenta. São, em média, duas semanas
até o paciente perceber os efeitos”, pontua o psiquiatra.
Uma das principais alterações cerebrais da ansiedade é a queda dos níveis de
serotonina, neurotransmissor encarregado da regulação do sono e do humor.
Tendo em vista tal condição, a classe de remédios mais utilizados é a de inibidores
da recaptação da serotonina.
Suporte com data de validade
Outra dúvida frequente a respeito da intervenção farmacológica é a possibilidade
do vício. “Os benzodiazepínicos podem causar dependência química e psíquica,
por isso seu uso a médio e longo prazo deve ser evitado”, ressalta Antônio Carlos.
O período de consumo normalmente estabelecido engloba três meses.
Mediante o não cumprimento das recomendações, crises de abstinência após a
descontinuidade do tratamento podem ocorrer e gerar: sintomas ansiosos graves,
insônia, elevação da pressão arterial e da frequência cardíaca, além de confusão
mental. O psiquiatra ainda ressalta que, muitas vezes, desenvolve-se tolerância à
substância, e uma dose cada vez maior é exigida
para obter o mesmo efeito.

SUBSTÂNCIA QUESTIONADA
De acordo com o psiquiatra Antônio Carlos Seihiti Yamauti, os efeitos
colaterais mais comuns dos benzodiazepínicos (bdz) são sonolência,
diminuição da atenção e aumento do risco de queda. E o uso crônico
ainda pode afetar a memória e causar dependência. “Em pacientes
idosos e com confusão mental ocasionada por uma doença orgânica,
essas medicações podem agravar os sintomas”, ressalta.
Sendo assim, Adriana Pereira Guedes, psicóloga e doutoranda em
psicologia experimental na Universidade de São Paulo (USP), tem
como tema de sua tese (que será defendida) a descontinuação de
benzodiazepínico (BZD). A pesquisadora explica que, dependendo
do caso da ansiedade e do grau, o medicamento pode ser
receitado, mas a indicação é que os pacientes também façam terapia
concomitantemente, pois somente o BDZ pode não sanar o transtorno.
“Sozinho, o medicamento para ansiedade, em geral, apenas encobrirá
o problema. É necessário lembrar que o remédio ajuda, mas não é
mágico. Se não for bem administrado, poderá trazer consequências
graves”, alerta a psicóloga.

CONSULTORIAS Adriana Pereira Guedes, psicóloga, doutoranda em psicologia experimental na Universidade de São Paulo (USP) e perita judicial no Estado de São Paulo, no qual
atua com testes psicológicos; Antônio Carlos Seihiti Yamauti, psiquiatra da rede de hospitais São Camilo, em São Paulo (SP).
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Tratamentos
que ajudam
As psicoterapias são intervenções essenciais
para o transtorno de ansiedade. Saiba como elas
podem auxiliar no quadro do paciente
TEXTO E ENTREVISTAS EDUARDA SOUZA/COLABORADORA DESIGN LAURA ALCARÁ/COLABORADORA
 INÊS249
P
or se tratar de um transtorno com origem na
mente, os cuidados que envolvem um distúrbio
ansioso devem abranger metodologias capazes
de acessar tais conteúdos e entender a reali-
dade do indivíduo. A abordagem baseada em
vertentes da psicologia e da psicanálise possui o objetivo
de ressignificar pensamentos de forma a ajudar o sujeito
a compreender suas vivências e construir resoluções para
as questões internas.
As terapias procuram entender quais são as raízes da
ansiedade. A partir dessa identificação, é necessário tra-
balhar a melhoria de tais fatores com auxílio da lógica e
da compreensão do contexto geral em relação ao cenário
no qual a pessoa se encontra. "O ponto principal do tra-
tamento é instruir o paciente que a racionalidade sempre
será o verdadeiro suporte emocional", completa a psicóloga
Lidiane Silva. Conheça algumas vertentes utilizadas por
profissionais – assim, você procura escolher aquela que
mais se identifica.
Terapia cognitivo-comportamental (TCC)
O método criado pelo psiquiatra norte-americano Aaron
Beck trabalha principalmente com a distinção entre aspectos
racionais e emocionais. Muitas vezes, o paciente pode tomar
atitudes influenciadas pelos sentimentos, que nem sempre
possuem coerência lógica, o que pode prejudicá-lo. Em mo-
mentos de crise de ansiedade, por exemplo, a pessoa perde
a ligação com a realidade e passa a se preocupar com o que
pode acontecer. Portanto, a terapia cognitivo-comportamental
(TCC) aborda a capacidade de resiliência e como ponderar
sensações de maneira sensata.
Durante as sessões, o especialista procura montar es-
tratégias para que o desenvolvimento da racionalidade seja
construído da melhor forma em relação ao cenário vivido.
"Trabalhamos com enfrentamentos. Começamos do mais
fácil para o mais difícil e estamos sempre junto ao paciente.
O trabalho é em conjunto e a relação terapêutica é de ex-
trema importância", explica a psicóloga Lívia Marques.
Essa terapia pode auxiliar a pessoa ansiosa a entender
suas atitudes diante à situações que causam sensações de
desespero ou descontrole. O objetivo é definir meios
para alcançar o equilíbrio mental, de forma que o
sujeito possa identificar quando comportamentos
emocionais estão o levando a decisões impruden-
tes. "A TCC ajuda o paciente a perceber como age
perante a emoção e, assim, aprender formas de lidar
com situações disfuncionais", completa a especialista.
CONSULTORIAS Elizandra Souza e Patricia Mezzomo, psicanalistas; Lidiane SIlva e Lívia Marques, psicólogas.
Gestalt-terapia
Esse tratamento surgiu na década de 1950, trazendo
em sua vertente holística uma valorização do indivíduo e
do ambiente em que ele está inserido. Nessa abordagem,
mente e corpo são vistos como algo único e indivisível.
Por meio desse elo, será possível entender as emoções e
relações interpessoais para que o sujeito possa se dedicar
ao seu crescimento pessoal.
A gestalt-terapia tem como foco o "aqui e agora" e
procura saber sobre os hábitos, bloqueios e dificuldades
da pessoa, para compreender o quadro e buscar uma
ressignificação. Em relação a um sujeito que apresenta o
transtorno de ansiedade, o tratamento é importante para
levantar questões como: o que pode ser feito nesse caso? O
que não depende das suas atitudes? É possível contornar o
ocorrido de maneira consciente para encontrar a melhor
saída? Dessa forma, o indivíduo pode entender como seus
pensamentos funcionam e como é possível organizá-los
para que ele não perca o controle da situação.
O método visa a compreensão do ser humano como um
todo, logo, o ansioso pode entender melhor suas limitações
e como agir de maneira a respeitar suas restrições e ampliar
o autoconhecimento.
Psicanálise freudiana
A psicanálise tem como base a livre associação de ideias e
o acesso ao inconsciente, ou seja, como o paciente expressa
o que está sentindo e vivendo, de forma a fortalecer a
busca pela causa do cenário retratado. "A pessoa vai para
a análise falar – falar de sua condição de sujeito, sintomas,
dores e dúvidas", pontua a psicanalista Elizandra Souza.
Portanto, o método auxilia no encontro do motivo que
leva o sujeito a desenvolver ansiedade. "Quando um paciente
se expõe, existe descarga e reorganização das questões
psíquicas que atuaram no aparecimento do sintoma, por
isso há uma melhora no quadro", explica Elizandra. Dessa
maneira, o elemento principal para entender a disfunção
é trabalhar com o inconsciente junto ao especialista,
permitindo que questões importantes para o caso sejam
trazidas à consciência.
A psicanalista Patricia Mezzomo explica que o ato do indi-
víduo de expressar suas vontades e os pensamentos influencia
a forma de lidar com as manifestações da ansiedade, já que
a terapia dá acesso ao conteúdo renegado pela consciência.
"O que vemos como consequência da denotação linguística
é a queda dos sintomas na mesma proporção da capacidade
de simbolização do que causa a disfunção", complementa.
 INÊS249

Leque
de opções
As terapias alternativas podem
ser um complemento no
tratamento do distúrbio de
ansiedade. Saiba como elas
ajudam no desenvolvimento do
bem-estar mental
TEXTO E ENTREVISTAS EDUARDA SOUZA/COLABORADORA

O
DESIGN NÍCOLAS MESSIAS/COLABORADOR

s tratamentos alternativos procuram Meditação

ir além dos métodos tradicionais ao
trazer questões como a busca pela
paz interior. Procurar caminhos
diferentes (e suplementares) aos
remédios e psicoterapias pode auxiliar na cura de
efermidades e transtornos.
Essas atividades têm uma abordagem simples,
cujo foco é descomplicar a rotina do indivíduo sem
deixar de lado o cuidado com as questões mentais.
Ou seja, as terapias alternativas são uma forma de
realizar um tratamento mais voltado ao relaxamento.
"A união de poucas medidas no seu dia a dia pode
modificar o seu estado emocional, trazendo uma
autocura gradativa. Mas, para isso, é preciso observar
as próprias reações diante dos estímulos", esclarece
a terapeuta holística Pituka Oliveira.
Como elas ajudam?
É essencial entender seu corpo e como ele
funciona para poder aplicar a melhor forma de
tratamento alternativo. Os métodos diferenciados
ajudam a encontrar o equilíbrio interno, relaxando
o organismo para que ele possa se acostumar com
o ambiente em que está inserido e realizar tarefas
necessárias com clareza de raciocínio. Conheça
algumas terapias que podem contribuir para o
controle da ansiedade.
Trata-se de um exercício de con-
centração que procura equilibrar
cérebro e corpo. A prática possui
variedades na maneira de executá-la,
entretanto, todas têm um objetivo
em comum: treinar a mente de
forma que ela tenha uma melhor
desenvoltura para lidar com emoções
e pensamentos negativos, além de
auxilar no autoconhecimento.
A fisioterapeuta Fresia Sa reco-
menda dois momentos ao dia com
20 minutos de meditação. "Basta
se sentar confortavelmente e pen-
sar numa palavra de duas sílabas
(Manhã, por exemplo); durante este
tempo você pode ter pensamentos,
mas procure focar na palavra, que
auxilia a concentração para meditar".
Essa é uma dica simples que possi-
bilita uma atividade tranquilizante
durante a rotina.
Yoga
O yoga é uma filosofia que re-
laciona o bem-estar mental e o
desenvolvimento do condiciona-

mento físico. Como exercício, ameniza
problemas circulatórios e de memória,
além de melhorar a respiração do indi-
víduo. Isso ajuda o ansioso a ter mais
autocontrole em momentos nos quais
ele precisa se tranquilizar.
Outros pontos positivos da prática
são o reajuste postural e melhora na
qualidade de sono.
Aromaterapia
A aromaterapia utiliza óleos de plantas
para tratar desiquilíbrios emocionais.
Isso acontece pois o recurso é baseado
no efeito psicológico produzido pela
essência das ervas. O objetivo da terapia
é acalmar o organismo do paciente, tor-
nando seu comportamento mais calmo.
Para tratamentos de ansiedade, os
produtos usados são geralmente alfazema,
erva doce, cidreira ou alecrim. Essas
substâncias atingem as ondas cerebrais
de forma a transmitir uma sensação de
segurança no indivíduo. "A função é
informar a mente de que está tudo sob
controle e trazer conforto emocional.
Imagine o oposto: o cheiro de queimado
é registrado no cérebro como perigo,
então traz ansiedade, medo e desconforto.
Com a aromaterapia, amenizamos esse
tipo de conexão mental", explica Pituka
Oliveira.
Musicoterapia
Essa terapia utiliza não só o objetivo de
tratar um distúrbio, mas a familiaridade
com a arte e os sons para aprimorar a
comunicação e as relações interpessoais.
INÊS249
Além disso, canções e melodias ajudam
a aliviar sintomas causados por doenças PARA TODOS
e transtornos como o de ansiedade. Algumas terapias alternativas são
Entretanto, é importante buscar um oferecidas gratuitamente pelo
especialista que saberá selecionar o que Sistema Único de Saúde (SUS). O
é ideal para auxiliar no quadro da pessoa que possibilitou isso foi a Política
ansiosa. Geralmente, os sons indicados Nacional de Práticas Integrativas
são mais tranquilos, pois eles "atingem e Complementares (PNPIC), criada
rapidamente as ondas cerebrais, trazendo em 2006. Atualmente, 29 atividades
calma. Uma música agitada vai inquietar terapêuticas estão disponíveis para
igualmente o cérebro, causando o efeito a população. Algumas delas são:
oposto. O som também emana cores para homeopatia, medicina tradicional
nossa mente e traz sensações diferentes", chinesa, plantas medicinais/
esclarece Pituka. fitoterapia, arteterapia, biodança,
meditação, musicoterapia,
Aliadas do tratamento quiropraxia, reflexoterapia,
As mémorias que são gravadas pelo terapia comunitária integrativa,
corpo de uma pessoa são uma forma de naturopatia e yoga.
autodefesa no ser humano, ou seja, seu
organismo está sujeito a fugir de um
CONSULTORIAS Frésia Sá, fisioterapeuta
cenário sempre que se sentir desconfor- especializada em microfisioterapia e saúde integrativa;
tável devido a vivências anteriores que Pituka Oliveira, terapeuta holística.
possam ter sido traumatizantes. Nesse
ponto, a terapia alternativa é uma maneira
de auxiliar o relaxamento corporal para
que ele possa se adptar à novas experi-
ências do cotidiano e entender que não
há perigo na situação.
Portanto, um acompanhamento psico-
lógico com um profissional é indispensá-
vel para entender como funcionam esses
dispositivos. As terapias alternativas não
devem ser encaradas como única forma
de tratamento, mas um complemento
para aliviar o transtorno.
 INÊS249

Ajudantes
na rotina
Saiba como a alimentação e comportamentos podem ser
essenciais para quem possui transtorno de ansiedade
TEXTO E ENTREVISTAS
EDUARDA SOUZA/
COLABORADORA
DESIGN RENAN OLIVEIRA

O
cotidiano é construído por mo-
mentos. Muitas vezes, o indivíduo
se vê em uma rotina com vários
afazeres e, em outros cenários, as
tarefas parecem estar em ordem. E
essa relação pode não depender do seu esforço ou
sua vontade, uma vez que nem sempre é possível
controlar todos os acontecimentos do dia a dia. Mas
o obstáculo está quando o sujeito não consegue abrir
mão do comando e passa por situações de nervo-
sismo que podem provocar quadros de ansiedade.
É necessário distinguir o que você consegue
resolver ou não. Fatores externos que não estão
subordinados às suas próprias ações necessitam
de estratégias para serem separados. No entanto,
aquilo que está ao seu alcance pode ser mudado com
atitudes simples. No que diz respeito ao transtorno
de ansiedade, seus comportamentos e sua alimen-
tação podem afetar a saúde do organismo e do seu
cérebro. Entenda.

A influência das atitudes
A necessidade de controlar tudo ao seu redor
pode ser atribuída a um sentimento de impotência.
"A pessoa precisa saber lidar com o fato de não
estar no comando. É importante que sensações
de superioridade, egocentrismo e orgulho sejam
percebidas e deem lugar à flexibilidade, gene-
rosidade e humildade", declara a psicóloga Rita
Calegari. Portanto, é preciso avaliar o parâmetro
geral, entendendo suas limitações e a dos envol-
vidos. Dessa maneira, você respeita as restrições
da sua mente, simplifica a aprendizagem e auxilia
seu bem-estar.
É importante compreender que as decisões e
os pensamentos contribuem para as sensações que
o organismo desperta, incluindo as que levam à
ansiedade. Entretanto os aspectos que a mente
pode trazer à tona não devem ser encarados de
maneira negativa. "Eu gosto de comparar a ansie-
dade ao sal. Se você souber usá-lo, ele realçará o
sabor dos alimentos, mas, com a quantia errada,
estraga a comida e faz mal à saúde. Um pouco de
ansiedade – a que está relacionada à antecipação
do tempo e preocupações com o futuro – pode ser
positivo, uma vez que está relacionada à questão
da expectativa", explica a especialista. Ou seja: é
preciso saber ponderar.
Uma forma de desenvolver o controle sobre
essas sensações é trabalhar com a concentração
e se manter no presente. Praticar exercícios que
despertam a atenção, como jogos, dança, nata-
ção, ou optar por atividades que tranquilizam e
trazem autoconhecimento, como ouvir música,
desenhar ou escrever sobre os sentimentos, são
medidas para aprender a focar nas tarefas do
cotidiano sem se desorganizar.
Descansar é essencial
O sono é indispensável para a reorganização
fisiológica do cérebro. Portanto, o descanso de
qualidade é uma atitude simples, mas também
uma aliada importante para prevenir a evolução
de disfunções. "Dormir mal prejudica a saúde
e piora qualquer quadro. Se entendemos que a
ansiedade é um distúrbio da mente, um cérebro
cansado terá mais dificuldade para raciocinar de
maneira adequada e atuar em relação a qualquer
problema, incluindo o transtorno", acrescenta Rita.
Organizar a rotina, evitando a bagunça que
causa angústia e confusão mental, e estabelecer
INÊS249
horários para cada compromisso pode ser impor-
tante para manter o sono e os pensamentos em
ordem. Agendas, listas de afazeres e calendários
são instrumentos válidos para focar nas tarefas
que precisam ser executadas.
Mesmo assim, caso aconteça um episódio de
descontrole em meio à rotina, é recomendável
realizar um exercício respiratório (saiba mais na
página 21). "Quando a pessoa se dedica à respi-
ração, rapidamente se concentra no momento e
quebra (mesmo que temporariamente) o elo com
a ansiedade", pontua Rita.
ATENÇÃO AO CARDÁPIO
Ao mesmo tempo em que existem disfunções como resistência
comportamentos capazes tanto à insulina e diabetes, além do
auxiliar quanto prejudicar quadros ganho de peso. A satisfação é
ansiosos, com os alimentos existe momentânea, pois há alteração
essa mesma relação. É importante da serotonina. Entretanto,
considerar os componentes de em longo prazo, a falta desse
cada iguaria para saber quando elemento causa picos de
consumir e quais as influências no insatisfação", pontua.
corpo e na mente. Assim, mantimentos
A cafeína é um elemento que recomendados para o auxílio
deve ser evitado por pessoas ao controle da ansiedade são
ansiosas. O composto contém aqueles compostos por ômega 3,
estimulantes que podem como sementes e peixes, além de
desencadear uma crise devido magnésio, como chocolate (desde
à aceleração proporcionada. que em quantidades moderadas) e
Portanto, café, chá preto e triptofano (amendoim, leite, ovos
bebidas energéticas não são e chocolate amargo, por exemplo).
recomendados para quem tem o Andrea explica que esses
transtorno. elementos estimulam a produção
A nutricionista Andrea Marim de serotonina e enviam sensações
explica que o açúcar pode ser de bem-estar ao corpo, além
um alimento enganoso, ou seja, de ajudarem na flora intestinal
deve ser consumido de maneira do indivíduo. Ficar de olho no
limitada. Isso porque doces cardápio é sempre importante,
"proporcionam sensação de pois uma boa alimentação auxilia
bem-estar, mas, em quantidades na manutenção e prevenção de
maiores, podem ocasionar enfermidades e disfunções.
CONSULTORIAS Andrea Marim, nutricionista; Rita Calegari, psicóloga.
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Conexões mentais
A relação das pessoas
com as tecnologias pode
influenciar diretamente os
quadros de ansiedade
TEXTO E ENTREVISTAS ÉRIKA ALFARO
DESIGN RENAN OLIVEIRA
A
o caminhar pelas ruas de uma
cidade, será possível perceber que
boa parte da população terá consigo
um aparelho conectado à internet.
E as alternativas vão desde uma
ferramenta para ouvir música e se distrair en-
quanto está no transporte público até os famosos
e sempre presentes smartphones. Diante desse
cenário, que atinge as mais variadas faixas etárias,
as relações humanas contemporâneas mudaram
e novas necessidades surgiram – inclusive no que
tange a saúde mental.
Informações a um toque
Se as mídias sociais são capazes de aproximar
indivíduos geograficamente distantes, possibilitar o
acesso ao conhecimento e facilitar diversas tarefas
cotidianas, existem hábitos criados por conta dessas
novas interações que podem gerar malefícios.
Você conhece alguém que passa jantares in-
teiros conectado ao celular, não presta atenção
às conversas por conta dos conteúdos on-line e
não fica um instante sem ao menos conferir se
existe uma nova notificação na tela? Um estudo
conduzido pela Universidade Estadual de São
Francisco, nos Estados Unidos, foi responsável
por medir esses impulsos tão comuns atualmente.
De acordo com a pesquisa, em um único
dia, interagimos pelo menos 2.617 vezes com o
smartphone. Isso significa que, no mínimo, 145
minutos (duas horas e 25 minutos) são destinados
ao celular. Os cientistas também concluíram que
indivíduos com altos registros de uso de seus
aparelhos são mais ansiosos, sentem-se sozinhos e
apresentam mais comportamentos de isolamento.
Uma das explicações para a associação entre
a tecnologia e a ansiedade é a quantidade de
informação disponível: a sensação gerada é a de
que será impossível dar conta de saber, entender
ou consumir a infinidade de notícias e produtos
que estão à distância de um toque.
De acordo com a psicóloga Aline Saramago, a
ansiedade se faz presente porque as pessoas estão
sendo cada vez mais estimuladas, ou seja, são muitas
informações, propagandas, publicidade, jogos, vídeos,
entre tantas outras opções. “Às vezes, perde-se a
noção do que é prioridade. Assim, impressões de
sufocamento e até mesmo paralização, associadas
à ansiedade e ao estresse, são observadas devido
aos excessos”, destaca a profissional.
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Segundo a psicóloga Rita Calegari, outro fator ansiedade”, elucida o psicólogo Michael Zanchet. USE COM
a ser levado em conta é que há uma percepção Nesse sentido, a psicóloga Carla Albuquerque MODERAÇÃO
de conectividade integral, isto é, de que estamos avalia que as redes sociais se tornam vilãs quando O psicólogo Michael
24 horas disponíveis. Para a especialista, essa o foco é a autocomparação. “Quando alguém se Zanchet dá dicas
percepção gera um compromisso de responder depara com uma grande quantidade de fotos de para utilizar as
chamados e solicitações quase em tempo real. viagens, festas, confraternizações, casamentos, mídias sociais e a
“Desta forma, quando ‘relaxamos’ e ‘perdemos’ entre outras conquistas, pode passar a se comparar tecnologia de forma
algum recado ou informação, temos a tendência e sentir inferior”, explica. Por isso, a profissional mais saudável:
de sentir culpa e vergonha. E a soma destas pe- afirma que é importante ter em mente que, em ✔ Estabeleça
quenas frustrações no dia a dia pode nos exaurir geral, as publicações são reflexos de momentos momentos do dia
emocionalmente”, salienta. felizes, e não de dificuldades, que acontecem na para ficar sem o
vida de todos. celular ou deixá-
Vida virtual “A comparação com os outros é uma ação lo no silencioso
A ansiedade gerada pelas redes também é humana e natural em certa medida, no entanto, (exemplos:
atribuída à necessidade de exposição. “A busca em excesso, fomenta o autojulgamento, e esse refeições, reuniões
por curtidas pode produzir uma dependência instinto competitivo ‘anda de mãos dadas’ com de trabalho e
no cérebro e um estado de prazer ou rejeição a ansiedade patológica”, conclui Carla. academia);
pelo número de visualizações, o que ocasiona a ✔ Coloque um
tempo máximo para
destinar às redes;
✔ Filtre o que você
CAUSADOR OU AGRAVANTE? deve postar nas
Será que os costumes com relação à tecnologia podem gerar um quadro de ansiedade em redes sociais e o que
indivíduos saudáveis? Ou essas ferramentas são potencializadoras do transtorno em sujeitos visualiza;
que já manifestam os sintomas? Confira as respostas dos especialistas. ✔ Antes de publicar
uma foto, desfrute a
pessoa, a paisagem
“Não acredito que as redes sociais e a sua frente ou a
demais ferramentas sejam as razões comida que vai
Já para o psicólogo Michael Zanchet, elas podem
isoladas de ansiedade, uma vez que servir de alimento.
ser as causas quando as pessoas desenvolvem uma
existe um aspecto multicausal. A Você pode divulgar
dependência. “Exemplos: ‘não consigo desligar
tecnologia é um fator que exerce mais tarde caso
o celular’, ‘fico irritado quando estou sem acesso
influência em todas as esferas da mantenha essa
à internet’, ‘durmo com o aparelho do lado da
sociedade e, sem dúvidas, contribui, vontade;
cama’, ‘desperto para visualizar se chegou alguma
mas não deve ser vista como fator ✔ Priorize o contato
mensagem’, ‘não faço nenhuma atividade sem o
único”, avalia Carla Albuquerque. pessoal e diminua
smartphone’. Esses são comportamentos a serem
o virtual.
analisados”, pontua. O especialista ressalta que
indivíduos com características maiores de ansiedade
também podem ter seus casos agravados.

Na visão da psicóloga Rita Calegari, CONSULTORIAS Aline

o problema real é o mau uso dos
instrumentos disponíveis. “Não
podemos considerar as mídias sociais
vilãs. Nossa dificuldade de impor
limites e lidar com as prioridades é
a questão – ou seja, a culpada é a
nossa imaturidade”, pondera.
Aline Saramago considera que um indivíduo
mais propício a apresentar o distúrbio pode
ter a situação acentuada. “No entanto,
pode ocorrer o desenvolvimento do quadro
a partir dos hábitos excessivos de uso da
tecnologia”, opina a psicóloga.
Saramago, psicóloga; Carla
Albuquerque, psicóloga
que atende pelo GetNinjas,
plataforma de contratação
de serviços disponível para
Android, iOS e na web;
Michael Zanchet, psicólogo
do Kurotel, Centro Médico
de Longevidade e Spa em
Gramado (RS); Rita Calegari,
psicóloga da rede de hospitais
São Camilo (SP).
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Vivências reais
Entenda como se dá a convivência diária com um
quadro ansioso por meio de um depoimento
ENTREVISTA RICARDO PICCINATO DESIGN LAURA ALCARÁ/COLABORADORA

A
gatha Antunes tem 29 anos e é assessora de imprensa.
Confira seu relato sobre o transtorno de ansiedade, desde
o momento do parecer profissional até o tratamento e o
seu dia a dia. Assim, você poderá se identificar ou lidar
com mais empatia com uma pessoa ansiosa.

“Meu primeiro diagnóstico veio de um dermatologista.

Passei toda minha adolescência e início da vida adulta com
um sério problema dermatológico na mão direita. Procurei
vários médicos e tive pareceres diversos, desde alergia ao
níquel até psoríase. No entanto, o mais razoável foi an-
siedade, principalmente considerando que meu problema
piorava quando eu estava nervosa. Cheguei a ter períodos
em que coçava os dedos até deixa-los em carne viva. Depois
do diagnóstico, notei que, subconscientemente, muito disso
que eu fazia era para aliviar o estresse. Por conta desse pro-
blema, acabei danificando minhas digitais. Hoje tenho uma
dificuldade imensa para tirar documentos.
Posteriormente, recebi a mesma indicação de outros profis-
sionais, incluindo psiquiatras e até mesmo um cardiologista.
Procurei o segundo por achar que estava com taquicardia,
mas era apenas a ansiedade agindo. Um dos médicos até me
recomendou diversos exames.
Hoje, estou em um ponto da vida em que já não sei mais
separar o que é minha personalidade e o que é ansiedade. As
duas se misturaram de um jeito que não sei traçar os pontos
que mais demonstram que tenho esse transtorno. Provavel-
mente, ele ditou muitas das minhas características, como
baixa autoestima, timidez e responsabilidade em excesso.
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Dizem que ser ansioso é se preocupar excessi-
vamente, até mesmo com as coisas mais simples.
Mas é muito mais do que isso. Ser ansioso é estar
constantemente obstruído pelos próprios pensa-
mentos. É como se existisse uma sombra, sempre
me segurando para baixo e me impedindo de viver.
É também pensar mil vezes antes de falar ou fazer
algo e, nesse meio tempo, acabar desistindo.
Tenho notado que, quando minha vida está
tranquila, sem nenhum problema, encontro algo
bobo para me preocupar. E, por mais bobo que seja,
me perturba. Já acordei no meio da noite pensando
que poderia estar grávida, sem nenhum sintoma e
sabendo que isso era quase impossível. Também
perdi o sono pela alta do dólar, a louça suja na pia e a
possibilidade da minha cachorra se machucar um dia.
Aliás, a insônia é um grave problema. Nunca
tive dificuldade para pegar no sono, mas faz parte
do meu cotidiano despertar durante a madrugada e
passar horas acordada, pensando e me preocupando
com as coisas mais absurdas possíveis. Também acho
que vou morrer de vez em quando, ou passo longas
horas chorando. Quase sempre sem motivo aparente.
Mas o que mais me incomoda no transtorno são
os sintomas físicos. Os principais são: taquicardia,
dormência nas extremidades, falta de ar, tremedeiras
e tensão muscular. E tudo isso pode se manifestar
de repente.
Consumo brincar que é difícil ver um ansioso se
dar bem na vida, pois o transtorno atrapalha todos os
aspectos do cotidiano. Perdi muitas oportunidades
por medo de passar por constrangimentos. E sempre
acho que vou passar por situações assim. Por exemplo,
deixei de prestar um concurso para uma bolsa de
mestrado por medo de a banca julgadora rir do meu
currículo. Por medo também faltei a entrevistas de
emprego e compromissos sociais. Além disso, tomar
decisões em geral é um tormento. Por isso, sempre
tendo a desistir ou me arrepender.
Inclusive, pensei muito antes de responder a
solicitação para a entrevista. Li minhas respostas
100 vezes antes de enviá-las e, provavelmente, não
vou ler a matéria por medo de me sentir ridícula.
Também tenho períodos de fobias. Passei anos
sem ir ao dentista por medo. Só de ouvir falar no
assunto, já tremia. Hoje em dia até vou, mas sempre
beiro o desmaio ao sentar na cadeira.
Em busca de ajuda, o primeiro profissional que
procurei foi o psicólogo; no entanto, não conseguia
me abrir e isso me causava ainda mais ansiedade.
Toda consulta era um sofrimento. Passava todo
o trajeto até a clínica ensaiando o que falaria e
pensando que estava fazendo tudo errado. Depois
de algumas sessões, a própria psicóloga acabou me
recomendando um psiquiatra.
Já tomei vários ansiolíticos e tive efeitos co-
laterais com a maioria deles. Depois de muita
tentativa e erro, acabei achando um remédio que
me causava menos danos. Combino ele com um
remédio para dormir.
Contudo, como sempre há um lado positivo,
sou muito econômica por medo de precisar muito
de dinheiro e tenho uma boa capacidade dedutiva,
pois imagino todos os cenários possíveis para
cada situação.
Tento sempre me manter consciente que o que
me aflige é fruto da ansiedade. Às vezes, essa é a
única forma de racionalizar minhas neuroses e
tentar contorná-las – embora isso nem sempre seja
efetivo, por isso não posso afirmar que tenho um
ritual para manter minha mente tranquila. Na parte
física, tento sempre respirar fundo para amenizar
as taquicardias, mas não consigo apaziguar outros
sintomas, como a tremedeira”.
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Biblioteca
Sugestões de leituras para aprofundar seus
conhecimentos sobre o transtorno de ansiedade
TEXTO LEONARDO GUERINO/COLABORADOR DESIGN LAURA ALCARÁ/COLABORADORA

Ansiedade – Como Enfrentar o Mal do Século

Autor: Augusto Cury
Editora: Saraiva
Ano: 2013
Nesta obra, o psiquiatra e autor de best-sellers Augusto Cury apresenta um estudo aprofun-
dado do que ele chama de “novo mal do século” – capaz, inclusive, de suplantar a depres-
são –, a síndrome do pensamento acelerado (SPA). Nessas páginas, o especialista ensina
Imagens: Reprodução

como ocorre o funcionamento da mente humana e, por meio dessas explicações, orienta
maneiras de desacelerar os pensamentos. Com tais atitudes, o autor promete um melhor
gerenciamento das emoções, promovendo um resgate da qualidade de vida.

A Revolução Mindfulness
Autora: Sarah Silverton
Editora: Alaúde
Ano: 2018
A prática do mindfulness, apesar de ter raízes milenares, vem ganhando força e popularidade
mais recentemente – graças aos bons resultados que essa atividade tem proporcionado à
vida das pessoas e às investigações científicas que provam tais efeitos. Nesta obra, o leitor
encontrará os principais exercícios dessa prática, explicados passo a passo, além de orien-
tações de como lidar com o estresse, a ansiedade e a depressão. Sarah Silverton também
indica instruções de como aplicar a atenção plena (essência dessa atividade) com crianças
e em situações práticas do cotidiano.

Dominando a ansiedade para leigos

Autor: Laura L. Smith e Charles H. Elliott
Editora: Alta Books
Ano: 2015
Essa obra pertence à mundialmente famosa série Dummies, que apresenta uma linguagem
simples e direta para quem deseja entender dos mais variados assuntos. O livro tem três
objetivos: proporcionar a compreensão sobre o que é a ansiedade e suas diferentes formas
que desenvolvimento; identificar as vantagens e desvantagens desse sentimento; e, por fim,
descobrir as mais recentes técnicas para superar a ansiedade e seus efeitos.

Coordenadora de revistas digitais Hérica Rodrigues (herica.rodrigues@astral.com.br)

Redação Ana Carvalho (ana.carvalho@astral.com.br), Ana Kubata (anabeatriz.kubata@astral.com.br) e ©2024 EDITORA ALTO
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PROIBIDA A REPRODUÇÃO.
Conteúdo produzido e publicado originalmente na revista: Mistérios da Mente - Ano 1, Nº 6 - 2018
Ano 2, Nº 16 - 2024 DIREÇÃO João Carlos de Almeida e Pedro José Chiquito ENDEREÇO Rua Luso Brasileira, 4-44 Sala 810, Bauru,SP. CEP 17016-230 CONTATO atendimento@astral.com.br.
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