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1 Introdução
Falar-se em Separação dos Poderes é tratar de tema dos mais relevantes para o Constitucionalismo
atual. A concepção de freios e contrapesos – de contenção do poder pelo poder – foi extremamente
necessária para o abandono da concepção absolutista e centralizadora do poder estatal. A teoria da
Separação dos Poderes, cujo germe mais primitivo é indicado em Platão e Aristóteles, conquista
força com John Locke e Montesquieu, perpassando pelos textos federalistas dos Estados Unidos da
América, sendo tema reiteradamente debatido nas obras de Teoria Política e do Estado.
A fim de responder a tal questão, o presente artigo exporá, brevemente, visões platônicas,
aristotélicas, lockeana, montesquiana e federalista a fim de criar lastro para, em seguida, apresentar
a separação dos poderes na Constituição de 1988. Em ato contínuo, será exposta a alteração
ocorrida por ação do constituinte reformador quanto à Defensoria Pública brasileira – incluindo
aspectos demonstrativos da previsibilidade constituinte da autonomia concedida à Defensoria
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A Separação de Poderes no Brasil hoje
Pública pela EC n. 45/2004, isso graças aos debates entabulados durante as reuniões da
Assembleia Nacional Constituinte (ANC). Por fim, apresentar-se-ão, suscintamente, as propostas de
emendas à Constituição que podem, de alguma maneira, afetar o quadro atual da Separação dos
poderes no Brasil, em especial quanto à Polícia Investigativa e à Advocacia Pública.
A necessidade de separação dos poderes é um tópico liberal1 por natureza, sendo instrumento
corretivo e preventivo do Poder Absoluto. Entretanto, muito antes do constitucionalismo e do
liberalismo, pode-se encontrar o germe e a raiz da denominada teoria da separação dos poderes.
Na lição de Sahid Maluf2 se encontra a referência a Platão (em “Diálogos da Leis”) em postura
elogiosa a Licurgo, o qual contrapôs o poder das Assembleias dos Anciãos ao Poder do Rei –
tratava-se aí da ideia de frear o poder pelo poder, em imposição de limites e contenção. Sahid Maluf
também recorda Aristóteles3, em sua obra “A política ”, apresentando o germe da separação dos
poderes desenvolvida por Montesquieu muitos séculos depois.
Dalmo de Abreu Dallari4 consigna a importância de Marsílio de Pádua – o qual, no século XIV, no
ano de 1320, já distinguia o Poder Legislativo e o Executivo na obra “Defensor Pacis” –, e Nicolau
Maquiavel, aduzindo sobre este último: “Segundo informação contida em ‘O Príncipe’, de Maquiavel,
no começo do Século XVI já se encontravam na França três Poderes distintos: o Legislativo
(Parlamento), o Executivo (o rei) e um Judiciário independente”.
Nos textos dos Federalistas também se trata da separação dos poderes. Madison (“O Federalista n.
48”) reconhece a natureza usurpadora do poder e a necessidade de sua contenção – nesse ponto
reforçando Montesquieu12 . Em outro artigo (n. 78), “O Federalista”, também trata da separação dos
poderes – chegando a apontar o Poder Judiciário como o “menos perigoso” para dos direitos
políticos previstos na Constituição: “O Judiciário, porém, não tem a menor influência sobre a espada
e nem sobre o tesouro”. Na exposição da fraqueza do Judiciário, o trabalho federalista também
encontra lastro em Montesquieu. Entretanto, diferentemente de Montesquieu13 , “O Federalista”
aposta na independência judiciária e na proteção da Constituição pelo Poder Judiciário quando
editadas leis inconstitucionais pelo Poder Legislativo. Grillo14 ao comentar os textos federalistas dos
Estados Unidos da América, pondera sobre o entendimento de Madison sobre o qual a “mera
declaração da separação dos poderes não era suficiente”, sendo necessário “introduzir-se uma
balança de poderes e interesses”.
Em síntese, a teoria da separação dos poderes surge não somente para organizar atividades e
especializar órgãos estatais, como também para limitar o poder15 – sendo essa, talvez, a mais
importante função da sobredita teoria dentro de um Estado Democrático de Direito.
De antemão, deve-se ponderar que a separação dos poderes é um dos grandes dogmas do
constitucionalismo18 e do estado moderno19 , sendo considerada cláusula pétrea na Constituição de
1988: “Art. 60 (...) § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (…)
III – a separação dos Poderes”. Com efeito, a teoria da separação dos poderes no Brasil tem por
lastro o artigo 2º do texto constitucional de 1988: “Art. 2º São Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” Acolheu-se, portanto, a tripartição
clássica dos poderes (legislativo, executivo e judiciário), sendo deveras interessante ressaltar dois
valores da teoria da separação dos poderes na Constituição: independência e harmonia.
Por independência dos poderes, José Afonso da Silva20 entende como a desnecessidade de
autorização ou confiança de outro poder para fins de investidura e permanência na função. Por outro
lado, quanto à harmonia, José Afonso da Silva21 aponta para duas características: (I) cortesia de
tratamento e, ainda mais importante, (II) o respeito mútuo às prerrogativas e faculdades entre os
poderes.
O professor José Afonso da Silva22 alerta para a distinção entre “funções do poder” e “divisão de
poderes”, embora admita a existência de relação necessária entre ambas expressões. Nessa linha
de raciocínio, o sobredito autor pondera que a “distinção entre funções constitui especialização de
tarefas governamentais à vista de sua natureza, sem considerar os órgãos que as exercem”. Por
outro lado, continua José Afonso da Silva, a “divisão de Poderes consiste em confiar cada uma das
funções governamentais (legislativa, executiva e jurisdicional) a órgãos diferentes, que tomam os
nomes das respectivas funções (menos o Judiciário)”.
Questão inolvidável é relativa aos “freios e contrapesos” (check and balances) – ou seja, a ideia
segundo a qual entre os órgãos deve “haver consciente colaboração e controle recíproco (que, aliás,
integra o mecanismo para evitar distorções e desmandos)”24 . No referido cenário, Manoel Gonçalves
Ferreira Filho25 relembra a Declaração de Direitos do Homem e do cidadão26 (1789) como um dos
indícios de que o constitucionalismo vela pela separação dos poderes enquanto forma de limitar o
poder, pois evita a concentração de poder e cria-se um sistema de freios e contrapesos. Com a
mesma lógica, Paulo Bonavides27 relembra também a Constituição Francesa de 1948: “A separação
de poderes é a primeira condição de um governo livre” (art. 19).
No Brasil, além das clássicas funções já indicados pela Teoria da Separação dos Poderes –
Executivo, Legislativo e Judiciário29 –, alguns órgãos se destacam na estrutura dos poderes
constitucionais brasileiros: o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Defensoria Pública.
Quanto ao Ministério Público (MP), há discussão sobre a vinculação do Parquet a algum dos poderes
clássicos ou se constituiria uma espécie de 4º Poder. Para José Afonso da Silva30 , o Ministério
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Público não se configura enquanto um quarto poder, mas sim uma função independente que
ontologicamente teria natureza executiva – embora trate os membros do Ministério Público enquanto
agentes políticos. Uadi Lammêgo Bulos31 entende – com lastro no acórdão proferido na ADIn n.
789-MC32 –, que, inobstante sua “vinculação ao executivo”, não constitui auxiliar do governo, sendo
independente e seus agentes integrariam a função de agentes políticos. Por outro lado, Diogo de
Figueiredo Moreira Neto33 agrega o Ministério Público a um grupo denominado “Procuraturas
Constitucionais” – integrada Pelo Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria Pública. Com
efeito, o Ministério Público tem, reconhecidamente, destacado-se na separação dos poderes
brasileiro enquanto órgão autônomo e independente dos demais34 .
Os Tribunais de Contas também possuem papel destacado na teoria da separação dos poderes no
Brasil, cabendo-lhes municiar tecnicamente35 o Poder Legislativo ao exercício do denominado
“controle externo” dos demais poderes. Bulos36 ressalta que a iniciativa para criação dos Tribunais
de Contas decorreu de iniciativa dos Senadores do Império (Visconde de Barbacena e José Inácio
Borges), em 1826, soerguendo-se com galhardia na Constituição de 1988 – o que foi reconhecido
pelo Supremo Tribunal Federal (STF, ADI n. 215-MC37 ).
Assim exposta em linhas gerais a separação de poderes na Constituição Brasileira de 1988, segue
análise da atividade do poder constituinte reformador em especial quanto à Defensoria Pública, sem
descuidar também das propostas em emenda à Constituição em trâmite no Congresso Nacional.
No tópico final do presente texto, dedica-se algumas linhas às alterações mais recentes nas
estruturas de poder no texto constitucional brasileiro. Desse modo, apresentar-se-á a autonomia da
Defensoria Pública e, ao fim, as propostas de Emenda à Constituição (PEC) cujo objetivo seja alterar
os contornos da divisão de poderes atribuindo autonomia a órgãos, tais como a Advocacia Pública e
a Polícia Investigativa.
Eis os pontos a serem ressaltados: (I) Para além de juízes e membros do Ministério Público41 , os
membros da Defensoria Pública são únicos a quem foi atribuída a inamovibilidade42 já no texto
originário da Constituição – confirmando a tendência de formação e fortalecimento de sua atuação
enquanto um “Tribuno da Plebe” 43 - 44 contemporâneo, uma versão constitucional dessa
magistratura45 romana; (II) A origem do cargo de “defensor público” – enquanto órgão de execução
do modelo de Assistência Jurídica adotado em 1988 –, ocorreu por meio da Lei 2.188, de
21.07.1954, do antigo estado do Rio de Janeiro, sendo um órgão pertencente à Procuradoria Geral
de Justiça (PGJ), ao lado dos promotores; (III) Durante os debates constituintes, houve promessa46
de que – se houvesse necessidade –, seria conferida autonomia à Defensoria Pública, assim como
fora feito naquela ocasião com o Ministério Público; (IV) A isonomia decorrente da “composição
mínima do Sistema de Justiça da Comarca”, devendo contar com a presença de um juiz, um membro
do Ministério Público e um defensor público – conforme conclusão extraível da redação
constitucional original (inc. VII47 do art. 235 da CRFB/88) e da redação conferida pela EC n. 80/2014
(ADCT (LGL\1988\31), art. 98, § 1º48 ).
No cenário descrito no parágrafo antecedente, apresentou-se a base para a busca por isonomia
entre as três instituições com competências processuais, nacionalizadas, interiorizadas e do Sistema
de Justiça: Juízes, membros do Ministério Público e Defensores Públicos. Entretanto, passaram-se
os anos e percebeu-se que o investimento na defesa pública era ínfimo e alvo de preconceito pelos
governantes. E, em tal conjuntura, reavivou-se a promessa constituinte nas palavras de Plínio de
Arruda Sampaio sobre a autonomia do “Estado Defensor”: “ Se amanhã ela se mostrar realmente
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Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) proferiu diversas decisões iluminadoras do
tema autonomia da Defensoria Pública – cita-se aqui, inclusive, o indeferimento de cautelar na ADI
5296/DF em 18.05.2016 – ação essa proposta pela Presidência da República em desfavor da
autonomia da Defensoria Pública da União (DPU). Aliás, a autonomia da Defensoria Pública já foi,
inclusive, reconhecida como “preceito fundamental”49 pelo STF.
No quesito autonomia da Defensoria Pública, o Supremo Tribunal Federal entendeu: (I) não ser
possível ao Executivo Estadual reduzir unilateralmente a proposta orçamentária da Defensoria
Pública (ADPF 307-MC-REF50 ); (II) ser inconstitucional lei impositiva de convênio da Defensoria
Pública com terceiro (ADI 4.16351 ); (III) ser inconstitucional norma vinculante da Defensoria Pública à
Secretaria de Estado (ADI 3.56952 e ADI 4.056); (IV) ser inconstitucional a não criação de Defensoria
Pública no estado (ADI 3.892 e ADI 4.27053 ).
O Poder Reformador ainda possui suas Propostas de Emendas à Constituição que podem alterar o
arcabouço dos poderes autônomos do Estado Brasileiro.
Nesse contexto, cita-se a PEC 69/2015 (“Altera os arts. 132 e 168 da Constituição Federal, para
conferir autonomia funcional, administrativa e financeira às Procuradorias dos Estados e do Distrito
Federal”). A ideia aqui é conferir autonomia à Advocacia Pública.
Por outro lado, existem Propostas de Emenda à Constituição (PEC) referentes à autonomia da
Polícia Investigativa. A mais antiga – PEC 184/200754 (Câmara dos Deputados) –, pretende conferir
autonomia à Polícia Judiciária, inclusive garantindo vaga para delegados de polícia nos Tribunais
(Estaduais e Federais) pelo quinto constitucional55 , garantindo ainda aos delegados participação na
composição do quadro de ministros do Superior Tribunal de Justiça56 . A proposta foi realizada pelo
deputado federal Laerte Bessa, delegado de carreira, e pretende ainda criar o “CNPJ” (Conselho
Nacional da Polícia Judiciária), pelo “art. 135-B”. Ademais, a proposta pretende criar o cargo de
Delegado-Geral da República, a fim de criar uma chefia em nível nacional para a instituição. A PEC
n. 184/2007 é uma das mais ousadas inclusive em termos topográficos, porquanto se pretende com
ela a transferência da Polícia Investigativa para o tópico constitucional atinente às funções essenciais
à Justiça – o qual passaria a ser chamado: “Das funções essenciais à Justiça e da Polícia Judiciária”.
Não é demasia mencionar a PEC n. 89/2015, a qual promoveria verdadeira alteração no quadro
constitucional do Sistema de Justiça ao permitir a transformação do cargo de delegado de polícia em
juiz de garantias – permitindo a escolha pelo delegado de polícia entre a carreira de juiz de garantias
e a manutenção nos quadros da Polícia.
Por fim, cita-se a PEC 202/2016 (“Confere autonomia administrativa e financeira às Polícias Civis,
sob regime autárquico especial, e estabelece mandato fixo para o chefe da instituição”), dispondo
sobre a proposta de autonomia às Polícias Civis57 – proposta realizada em 30.03.2016 pelo
deputado federal Laerte Bessa (PR/DF), delegado de carreira.
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Portanto, percebe-se que, sob o pálio da luta por autonomia administrativa, financeira e funcional, a
teoria da separação dos poderes pode estar sendo demandada diuturnamente por carreiras
pertencentes à Advocacia Pública e a Polícia Investigativa.
4 Notas conclusivas
A teoria da separação dos poderes ganhou contornos mais fortes após as revoltas liberais contra o
absolutismo. Entretanto, encontra-se em Platão e Aristóteles uma breve base teórica para a referida
teoria. Mais recentemente, a Teoria da Separação dos Poderes também encontra indicativos em
Marsílio de Pádua, Maquiavel, John Locke e Montesquieu –este último reconhecidamente o maior
teorizador clássico da teoria da separação dos poderes, cujos traços também foram desenvolvidos
pelos artigos federalistas de Madison, Hamilton e Jay.
No Brasil, a clássica tripartição de poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário – foi acolhida pela
Constituição da República de 1988, sendo verdadeira cláusula pétrea para salvaguardar o cidadão
de abusos no uso do poder. Nesse sentido, conforme lição esclarecedora de Maria Garcia58 :
Nessa conformidade, a ação estatal, nos termos do art. 2º da CF/1988 (LGL\1988\3) (LGL\1988\3),
incorpora os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, “independentes e harmônicos entre si”,
divisão ou separação de Poderes firmada na teoria de Montesquieu.
Por outro lado, a Constituição de 1988 também apresentou inovações desde seu texto originário; a
autonomia do Ministério Público e o tratamento conferido ao Tribunal de Contas os destacam na
repartição de poderes e funções entre os órgãos da República.
Noutro passo, por atuação do Poder Constituinte Reformador, a Defensoria Pública teve atribuída a
autonomia, do mesmo modo que as demais carreiras de cunho processual, nacionalizado e
interiorizado do Sistema de Justiça – juízes e membros do Ministério Público (os quais, ao lado dos
defensores públicos, foram as únicas três carreiras a receberem inamovibilidade do constituinte
originário). A autonomia conferida pela EC n. 45/2004 (Defensorias estaduais), EC n. 69/2012
(Defensoria do Distrito Federal) e 74/2013 (Defensoria da União), veio em socorro de uma promessa
realizada durante os debates constituintes – quando foi mencionada a possibilidade de conferir-se
autonomia à Defensoria Pública, caso necessário ao seu desenvolvimento.
Em síntese, percebe-se que apesar de pensada para a tripartição clássica de funções e poderes, a
Constituição da República de 1988 já trazia elementos inovadores em sua redação originária, tais
como a autonomia do Ministério Público e o tratamento conferido ao Tribunal de Contas. Ademais, a
atuação do Constituinte derivado reformador para atribuir a autonomia – prometida nos anais da
Constituinte –, à Defensoria Pública, torna ainda mais peculiar o Sistema de Separação dos Poderes
e órgãos autônomos no Brasil. Nesse contexto, as propostas de emenda à Constituição denotam que
a autonomia parece ser vista como a panaceia, dentro da Separação dos Poderes brasileira, para
solver tensões interinstitucionais.
Longe de esgotar a temática aqui proposta, o presente texto buscou lançar novas luzes para
estimular futuros debates – aguarda-se atingir tal finalidade.
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1 . “No plano teórico, ou seja, enquanto ordem de problemas, o tema da separação ou divisão de
poderes constituiu um tópico eminentemente liberal. Separar entre si as partes ativas do governo
seria um corretivo ao poder absoluto e portanto, ao tipo de Estado que o liberalismo combateu e que
precisou ser combatido para que se chegasse ao constitucionalismo e ao Estado de Direito”.
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5 . “John Locke nasceu em Wrington, na Inglaterra, em 1632. Suas obras principais são o Primeiro
tratado sobre o Governo Civil, o Segundo Tratado sobre o Governo Civil, Ensaio sobre o intelecto
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humano e Cartas sobre a tolerância religiosa. Locke foi um articulista político na Inglaterra no final do
século XVII. Tal período foi marcado pela crise final do feudalismo na Inglaterra e fortalecimento da
Burguesia. Sua vida se deu durante um período em que havia constantes conflitos entre o rei e o
parlamento, principalmente durante a dinastia dos Stuart, representados por Carlos II e Jaime II, cuja
política, contrária aos princípios da Carta Magna 1.215, visava, entre outras coisas, reforçar o poder
monárquico. Através de sua obra Segundo Tratado sobre o Governo Civil, Locke se consagrou como
teórico do liberalismo político, exercendo grande influência nas revoluções liberais que se seguiram”.
(Passos, Daniela Veloso Souza. O Poder Judiciário na Teoria da Separação dos Poderes: Uma
análise sobre a formulação teórica de Locke, Montesquieu e dos artigos federalistas. In: Moraes,
Filomeno (Coord.). Aragão Feijó, Alexsandro Rahbani. Chehab, Isabelle Maria Campos Vasconcelos
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7 . Locke, John. Segundo Tratado sobre o Governo. Tradução de Alex Marins. São Paulo: Martin
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8 Locke, John. Segundo Tratado sobre o Governo. Tradução de Alex Marins. São Paulo: Martin
Claret, 2011. p. 91.
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Malheiros, 2008. p. 17.
11 . Filomeno, José Geraldo Brito. Manual de Teoria Geral do Estado e Ciência Política. 9. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2015. p. 177.
12 . “A limitação do poder, dada sua natureza intrínseca, só pode ser obtida pela contraposição a
outro poder, isto é, o poder freando outro poder. Neste ponto, ‘O Federalista’ se aproxima de
Montesquieu”. (Linhares, Fernando Moura. Pensamento Federalista e Antifederalista na formação do
Judiciário Norte-Americano. In: Moraes, Filomeno (Coord.). Aragão Feijó, Alexsandro Rahbani.
Chehab, Isabelle Maria Campos Vasconcelos (Org.). Teoria do Poder. Belo Horizonte: Arraes, 2013.
p. 250).
13 . “Em que pese a confessada inspiração em Montesquieu, a formulação teórica dos federalistas
distancia-se daquela do autor francês em um ponto considerado essencial. Enquanto Montesquieu
defendia um Judiciário exercido sem um Senado Permanente, mediante nomeações que durassem
somente o tempo necessário aos julgamentos, nos escritos dos pais fundadores ganha relevância a
defesa de um modelo de estabilidade dos cargos judiciais, indicando-a como necessária para a
independência dos juízes, a qual, por seu turno, é essencial à defesa da Constituição e dos direitos
individuais”. (Oliveira, Marcelo Roseno de. Sem a espada ou a bolsa, sem a guerra ou o tesouro: Ou
sobre ser o Judiciário o mais fraco entre os poderes. In: Moraes, Filomeno (Coord.). Aragão Feijó,
Alexsandro Rahbani. Chehab, Isabelle Maria Campos Vasconcelos (Org.). Teoria do Poder. Belo
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A Separação de Poderes no Brasil hoje
14 . Grillo, Vera de Araújo. A separação dos Poderes no Brasil: Legislativo x Executivo. Blumenau:
Ed. da FURB; Itajaí: Ed. da UNIVALI, 2000. p. 35-36.
15 . “Na ‘clássica’ doutrina da separação dos poderes, o princípio político de uma limitação de
poderes é traduzido num esquema de distribuição das competências: o poder de um estado é um
poder político juridicamente estruturado”. (Zippelius, Reinhold. Tradução de Antônio Franco e António
Francisco de Sousa. Teoria Geral do Estado: Teoria Política. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 467, g.n.).
18 . Ferreira Filho, Manoel Gonçalves. Princípios fundamentais do Direito Constitucional. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 2015. p. 263.
19 . Dallari, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 32. ed. São Paulo: Saraiva,
2013. p. 217.
20 . Silva, José Afonso da. Comentário contextual à Constituição. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 2014.
p. 46.
21 . Idem.
22 . Silva, José Afonso da. Comentário contextual à Constituição. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 2014.
p. 45.
23 . Idem.
24 . Silva, José Afonso da. Comentário contextual à Constituição. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 2014.
p. 47.
25 . Ferreira Filho, Manoel Gonçalves. Princípios fundamentais do Direito Constitucional. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 2015. p. 261.
26 . Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789): “Art. 16. A sociedade em que não
esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem
Constituição”.
27 . Bonavides, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 31. ed. São Paulo: Malheiros, 2016. p. 568.
29 . No contexto da Separação dos Poderes brasileira, o Supremo Tribunal Federal (STF) é previsto
constitucionalmente enquanto integrante do Poder Judiciário (CRFB/88, art. 92, I). Por essa razão, o
STF não equivale totalmente à Corte Constitucional idealizada por Hans Kelsen. Conforme lição de
Louis Favoreu (p. 33), uma das características das Cortes Constitucionais é exatamente seu estado
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A Separação de Poderes no Brasil hoje
de separação dos demais poderes – medida essa não tomada quanto ao STF. Portanto, ao menos
no sentido clássico, o STF não corresponde na inteireza às Cortes Constitucionais idealizadas na
Europa – posição em conformidade com Bernardo da Silva Seixas (2016, p. 72). Seguem as
referências citadas no rodapé: Favoreu, Louis. As Cortes Constitucionais. Tradução de Dunia
Marinho Silva. São Paulo: Landy Editora, 2004; Kelsen, Hans. Jurisdição Constitucional. 3. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2013; Seixas, Bernardo da Silva de. Inconstitucionalidade por omissão: a
proteção da Constituição contra o silêncio do legislador. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016. Sobre o
“Tribunal Constitucional como poder”, recomenda-se a específica obra com o mesmo nome: Souza
Júnior, Cezar Saldanha. Reverbel, Carlos Eduardo Dieder. O Tribunal Constitucional como poder:
uma nova visão dos poderes políticos. 2. ed. São Paulo: RT, 2016.
30 . “(...) não é aceitável a tese de alguns que querem ver na instituição um quarto poder do Estado,
porque suas atribuições mesmo ampliadas aos níveis acima apontados, são ontologicamente de
natureza executiva, sendo, pois, uma instituição vinculada ao Poder Executivo, funcionalmente
independente, cujos membros integram a categoria dos agentes políticos (...)”. (Silva, José Afonso
da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 20. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 582 e 585).
31 . Bulos, Uadi Lammego. Direito Constitucional ao alcance de todos. 6. ed. São Paulo: Saraiva,
2015. p. 611.
33 . Moreira Neto, Digo de Figueiredo. Funções Essenciais à Justiça. In: Martins, Ives Gandra da
Silva. Mendes, Gilmar Ferreira. Nascimento, Carlos Valder do. Tratado de Direito Constitucional. São
Paulo: Saraiva, 2010. v. 1. p. 990-1016.
35 . Constituição: “Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete”.
36 . Bulos, Uadi Lammego. Direito Constitucional ao alcance de todos. 6. ed. São Paulo: Saraiva,
2015. p. 534.
no campo do Controle Externo e constitui, como natural decorrência do fortalecimento de sua ação
Institucional, tema de irrecusável relevância. O regramento dos Tribunais de Contas Estaduais, a
partir da Constituição de 1988 – Inobstante a existência de domínio residual para sua Autônoma
formulação – E matéria cujo relevo decorre da nova fisionomia assumida pela Federação Brasileira
(...)”. (STF, ADI 215/PB MC, Rel. Min. Celso de Mello, Pleno, j. 07.06.1990, DJ 03.08.1990,
PP-07234).
38 . Martins, Ives Gandra da Silva. Uma breve teoria do poder. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011. p.
226.
39 . Berloffa, Ricardo Ribas C. Introdução ao Curso de Teoria Geral do Estado e Ciência Política.
Campinas: Bookseller, 2004. p. 331.
40 . Deve-se afirmar existir ainda uma espécie de controle interinstitucional entre Tribunais de
Contas e Poder Legislativo, conforme ponderado pelo STF nas seguintes ocasiões: “(...) ‘Não
obstante o relevante papel do Tribunal de Contas no controle financeiro e orçamentário, como órgão
eminentemente técnico, nada impede que o Poder Legislativo, exercitando o controle externo,
aprecie as contas daquele que, no particular, situa-se como órgão auxiliar’ (Rp 1.021, Ministro Djaci
Falcão, Julgamento de 25.04.1984). Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada improcedente”
(STF, ADI 2.597, rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, j. 04.08.2004, Plenário, DJ de 17.08.2007). Cite-se
ainda: “Surge harmônico com a CF (LGL\1988\3) diploma revelador do controle pelo Legislativo das
contas dos órgãos que o auxiliam, ou seja, dos tribunais de contas”. (STF, ADI 1.175/DF, rel. p/ o ac.
Min. Marco Aurélio, j. 04.08.2004, Plenário, DJ de 19.12.2006).
41 . Nesse sentido, ressaltou o STF na ADI n. 291: “(...) A garantia da inamovibilidade é conferida
pela Constituição Federal apenas aos Magistrados, aos membros do Ministério Público e aos
membros da Defensoria Pública, não podendo ser estendida aos Procuradores do Estado. Em
síntese, a autonomia conferida aos Estados pelo art. 25, caput, da Constituição Federal não tem o
condão de afastar as normas constitucionais de observância obrigatória. Precedentes. Ação direta
julgada parcialmente procedente (...)”. (STF, ADI 291/MT, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Tribunal
Pleno, j. 07.04.2010).
43 . Para maiores detalhes sobre a relação entre o Tribuno da Plebe romano e a Defensoria Pública,
vide: Rocha, Amélia Soares da. Casas Maia, Maurilio. Do Tribuno da Plebe Romano à Defensoria
Pública: Breves Palavras Sobre o Amicus e Custus Plebis. Prática Jurídica, Brasília, p. 38-40, Jul.
2016.
44 . Oportunamente, ressalte-se que a plebe romana (“plebis”) não se confundia com o sujeito
despossuído de bens materiais (“pauperibus”). Portanto, ao se denominar aqui a Defensoria Pública
de protetora da plebe, resgata-se o termo “plebis” em seu sentido original, enquanto designação de
categorias socialmente excluídas do pleno gozo de seus direitos civis e políticos. Portanto, ser
protetor da “plebe” não significa limitar o guardião ao pobre (“pauperibus”), enquanto necessitado
econômico-financeiro, mas sim expandir a atuação defensorial a toda sorte de segmentos sociais
vulneráveis e socialmente excluídos. Denominando-se a Defensoria Pública enquanto amicus et
custös plebis, vide: Zufelato, Camilo. A participação da Defensoria Pública nos processos coletivos
de hipossuficientes: da legitimidade ativa à intervenção ad coadjuvandum. In: Ré, Aluísio Iunes Monti
Ruggeri. Temas aprofundados de Defensoria Pública. 2. ed. Salvador: JusPodivm, 2013. v. 1. p. 304.
45 . Sobre a conexão entre o defensor público e a sua condição de magistratura postulante defensiva
, vide: Ferrajoli, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 4. ed. São Paulo: RT, 2014. p. 537;
Casas Maia, Maurilio. Luigi Ferrajoli e o Estado Defensor enquanto magistratura postulante e Custos
Vulnerabilis. Revista Jurídica Consulex, Brasília (DF), v. 425, p. 56-58, 1º. Out. 2014.
(em 14.0901987) alertara, mencionado o “Projeto Bernardo Cabral”: “Projeto Bernardo Cabral (…)
proclama a necessidade da Defensoria Pública como órgão autônomo dentro do corpo do Poder
Judiciário (…)”. A maioria dos constituintes desconhecida a origem da Defensoria Pública enquanto
órgão de procuradoria de Justiça via defesa pública (meados década de 50 do século passado) e
encararam com desconfiança a concessão de autonomia à Defensoria Pública – porém, registram os
anais da ANC, as palavras do constituinte Plínio de Arruda Sampaio: “Se amanhã ela se mostrar
realmente fundamental e necessária, apresentaremos emenda constitucional nesse sentido.” A
promessa seria cumprida mais de uma década depois da afirmação.
47 . CRFB/88, “Art. 235. Nos dez primeiros anos da criação de Estado, serão observadas as
seguintes normas básicas: (…) VII – em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, o primeiro
Promotor de Justiça e o primeiro Defensor Público serão nomeados pelo Governador eleito após
concurso público de provas e títulos; (…).”
48 . ADCT (LGL\1988\31)-CRFB/88, “Art. 98. (…) § 1º No prazo de 8 (oito) anos, a União, os Estados
e o Distrito Federal deverão contar com defensores públicos em todas as unidades jurisdicionais,
observado o disposto no caput deste artigo”.
50 . “Nos termos do art. 134, § 2º, da CF (LGL\1988\3), não é dado ao chefe do Poder Executivo
estadual, de forma unilateral, reduzir a proposta orçamentária da Defensoria Pública quando essa é
compatível com a LDO. Caberia ao governador do Estado incorporar ao PLOA a proposta nos exatos
termos definidos pela Defensoria, podendo, contudo, pleitear à Assembleia Legislativa a redução
pretendida, visto ser o Poder Legislativo a seara adequada para o debate de possíveis alterações no
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51 . “É inconstitucional toda norma que, impondo a Defensoria Pública estadual, para prestação de
serviço jurídico integral e gratuito aos necessitados, a obrigatoriedade de assinatura de convênio
exclusivo com a OAB, ou com qualquer outra entidade, viola, por conseguinte, a autonomia
funcional, administrativa e financeira daquele órgão público.” (STF, ADI 4.163/SP, rel. Min. Cezar
Peluso, j. 29.02.2012, Plenário, DJe de 01.03.2013).
53 . “Art. 104 da Constituição do Estado de Santa Catarina. Lei Complementar estadual 155/1997.
Convênio com a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SC) para prestação de serviço
de ‘Defensoria Pública dativa’. Inexistência, no Estado de Santa Catarina, de órgão estatal destinado
à orientação jurídica e à defesa dos necessitados. Situação institucional que configura severo ataque
à dignidade do ser humano. Violação do inciso LXXIV do art. 5º e do art. 134, caput, da redação
originária da Constituição de 1988. Ações diretas julgadas procedentes para declarar a
inconstitucionalidade do art. 104 da Constituição do Estado de Santa Catarina e da Lei
Complementar estadual 155/1997 e admitir a continuidade dos serviços atualmente prestados pelo
Estado de Santa Catarina mediante convênio com a OAB/SC pelo prazo máximo de um ano da data
do julgamento da presente ação, ao fim do qual deverá estar em funcionamento órgão estadual de
defensoria pública estruturado de acordo com a Constituição de 1988 e em estrita observância à
legislação complementar nacional (LC 80/1994).” (STF, ADI 3.892 e ADI 4.270, rel. Min. Joaquim
Barbosa, j. 14.03.2012, Plenário, DJe de 25.09.2012).
55 . Eis a proposta de alteração do art. 94 da Constituição: “Art. 94. Um quinto dos lugares dos
Tribunais Regionais Federais, dos tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será
composto de membros do Ministério Público e delegados da Polícia Judiciária com mais de dez anos
de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos
de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das
respectivas classes”. E ainda nos Tribunais Regionais Federais: “Art. 107. (...) I – Um quinto dentre
advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, membros do Ministério Público
Federal e delegados da Polícia Judiciária Federal, com mais de dez anos nas respectivas carreiras”.
56 . Eis a proposta de alteração da composição do STJ: “Art. 104 (...) II – um terço, em partes iguais,
dentre advogados, membros do Ministério Público e delegados de polícia judiciária Federal,
Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94”.
57 . A proposta pretende, entre outras, promover a seguinte alteração do texto constitucional: “Art.
144 (...) § 13 Leis dos Estados, e da União no caso da Polícia Civil do Distrito Federal, disporão
sobre normas que assegurem autonomia funcional, administrativa e a iniciativa de sua proposta
orçamentária, às Polícias Civis”.
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