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Juventude e Ensino Médio

Entendendo melhor quem é o jovem que frequenta o ensino médio


Pesquisa inicial TCC Juventude, internet e ideologia (?) (Pensando em um nome melhor)

Dayrell começa comentando sobre a visão dos professores de como é lidar com os “jovens de
hoje” e tendo como principal reclamação a indisciplina e desrespeito tanto com os professores
quanto com os outros alunos, o que acaba com que vejam qualquer tipo de manifestação de
personalidade seja vista como rebeldia. Ele diz depois que isso não chega a ser um problema
de verdade, mas sim algo perto de uma questão de relacionamento e diálogo entre as 3 partes
(professores, alunos e governo).

Para os alunos, a escola não consegue fazer parte ou contribuir para os seus interesses e
necessidades, pois é vista mais como uma obrigação por necessidade e colocando toda a culpa
nos professores pelos problemas, continuando nesta tangente, muitas vezes os professores que
são os cobrados (pela sociedade no geral, governo e “especialistas de internet) pela “qualidade
precária do ensino”, culminando assim num amontoado de cobranças sobre ambas as partes
do ambiente escolar. A questão é que não existem culpados nessa relação, ambos alunos e
professores devem ser entendidos como sujeitos que têm diversas vivencias e modos de
enxergar o mundo, a educação deve servir como um intermédio entre ambas as partes para
tornar essa relação a mais harmoniosa e proveitosa possível.

Para uma reflexão mais proveitosa do que realmente é a juventude, devemos seguir algumas
reflexões, começando com a construção de uma noção de juventude. Aqui é encontrada uma
contradição na percepção tida da juventude por pessoas de fora, aonde certos aspectos dos
jovens são valorizados e até desejados (como a energia, a estética e alguns ideais), fazendo
com que os adultos almejem continuar jovens adotando alguns desses aspectos. Por outro
lado, esses jovens nunca são consultados ou contemplados com políticas públicas que lhes
garantam bens materiais e culturais ou espaços para se expressar que são extremamente
importantes para o desenvolvimento social nesse período. E mesmo quando são beneficiados
com alguns desses direitos ainda existe o constante risco de terem tais direitos minados,
usando como exemplo a própria UnB, que ativamente limita diversas opções de lazer e
confraternização dos alunos, como a retirada dos banquinhos da FAU, a “perseguição” aos
HH’s e até mesmo a insistente recusa a providenciar locais de fácil acesso para descanso ou
confraternização, limitando as opções ao chão dos corredores ao invés de banquinhos ou
cadeiras.

Entrando novamente na questão de como os jovens são vistos, mesmo que o Brasil tenha uma
boa galeria de leis que concedem diversos direitos a juventude ainda não é levada a sério,
ignorando a opinião do alvo dessas leis, funcionando como uma negação ao direito de
protagonismo ao jovem, que culmina ou é decorrente de um preconceito contra a juventude
que é constantemente reforçado por produções culturais e midiáticas que não tem o
envolvimento do público alvo.

Basicamente, juventude não tem uma definição etária exata, mas sim os espaços que eles
ocupam e suas relações com o restante da sociedade mudando de acordo com o lugar e tempo,
aonde se constrói como uma categoria socialmente e historicamente construída (assim como
diversas outras coisas na sociedade), através de ritos sociais e culturais.

Entrando na questão do Ensino Médio, a juventude representa um grupo geracional e o Ensino


Médio constitui uma etapa da escolarização que coincide com um período da vida dos jovens,
geralmente entre 14 e 18 anos, mas que parte considerável dos alunos não se encontram nessa
faixa etária, estendendo assim para outros períodos da juventude.

Valendo lembrar que o ensino médio não é somente uma extensão do ensino fundamental ou
um momento transitório de vida escolar, mas sim um período em que o aluno vai dar os
primeiros passos e pensar nos primeiros planos para se tornar um membro adulto “funcional”
da sociedade, funcionando de forma diferente de acordo com o gênero, raça, espaços que
residem e ocupam e até condições culturais e financeiras dos pais. Todo esse período requer
um imenso preparo em diversas áreas que configuram o ser humano como um animal social, o
que consequentemente acaba gerando expectativas demais em áreas demais que obviamente
não são alcançáveis ou possíveis pela maioria dos jovens, que pode ser resumido basicamente
como exigências de socialização em campos importantes para se tornar um “adulto funcional”
e que deveria ser totalmente fornecido em conjunto da escola e da família, escola essa que
possui um rigor extremamente tecnicista que capa tanto os professores que agora são
desestimulados a produzir e fazer produzir conhecimento quanto os alunos que ao enxergarem
o processo educacional apenas como mais uma tarefa chata.
O impacto da tecnologia no aprendizado dos jovens no Brasil, é um assunto complexo que
envolve diversos aspectos da sociedade contemporânea, que são basicamente formas
reformadas de problemas que já existiam no ensino e na sociedade mesmo antes da
popularização da internet, apresentando diversas facetas que podem ser positivas ou
negativas.

Do mesmo jeito que a internet chegou para facilitar o acesso a informação, tal facilidade pode
fazer com que os jovens desenvolvam uma espécie de dependência digital que posteriormente
ocasionaria em uma preguiça do ensino tradicional, fazendo os alunos acreditarem que vídeos
“informativos” no youtube feitos por criadores de conteúdo que não são especializados na
área são bons substitutos para os professores, pensamento esse que é constantemente
reforçado por certos movimentos ideológicos.

Além disso, a internet também gera novos cenários de interação social ao mesmo tempo que
reverte o status do mundo virtual como “válvula de escape”, elevando assim a internet como
principal espaço de interação, aonde esses jovens sentem que podem se expressar como
realmente são enquanto a vida real se apresenta apenas como a “parte chata” da realidade,
dando uma sensação que o virtual vai tomar conta do real, no sentido de adaptar a realidade
social física em todos os seus aspectos ao virtual, que vem sendo constantemente debatido
devido a ascensão das inteligências artificiais. (Inclusive aqui entra uma crítica minha aos
conteúdos acadêmicos com mais visibilidade sobre o assunto de internet e juventude, que
quase sempre parecem não entender como realmente funciona a relação da juventude com a
internet ao adotar um “linguajar” meio antiquado e atrasado ao falar sobre o assunto, fazendo
parecer que os pesquisadores “mais consagrados“ não se esforçam de verdade pra entender
tudo isso através da perspectiva do jovem, de como ele enxerga tudo isso, é inclusive essa
minha “indignação” que me faz ter interesse por essa área e procurar trazer uma perspectiva
mais “atualizada” para o debate).

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