Apelante: MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES Apelada: IMOBILIARIA INDEPENDENCIA LTDA Relator: DES. MILTON FERNANDES DE SOUZA
ACÓRDÃO
EXECUÇÃO FISCAL. IPTU. CDA. SUBSTITUIÇÃO.
SUJEITO PASSIVO. IMPOSSIBILIDADE. EXTINÇÃO. 1- O ordenamento positivo, ao dispor especificamente sobre a execução fiscal, atribui ao exequente o direito de emenda ou substituição da certidão da dívida ativa que não satisfaça os requisitos formais e fixa a data da sentença de primeiro grau como termo final para seu exercício. 2- Mas, porque caracteriza alteração do próprio lançamento que, nesse âmbito demandaria revisão, impossível se afigura a emenda ou substituição da certidão da dívida ativa para modificar o sujeito passivo da obrigação tributária. 3- Nessas circunstâncias, quando ajuizada contra o proprietário do imóvel, a inclusão do possuidor como sujeito passivo da obrigação tributária caracteriza o defeito insanável da certidão da dívida ativa e enseja a extinção da execução fiscal.
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação n. 0030464-
82.2008.8.19.0014, em que é agravante MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES e é agravada IMOBILIARIA INDEPENDENCIA LTDA,
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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro
Quinta Câmara Cível
Apelação n. 0030464-82.2008.8.19.0014 FLS.2
ACORDAM os Desembargadores que compõem a Quinta Câmara Cível do
Tribunal de Justiça, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso.
Recurso de apelação tempestivamente interposto contra sentença que
julgou extinta execução fiscal, ao fundamento de ilegitimidade passiva do executado.
Inconformado, o apelante argumenta que não foi notificado da transferência
da propriedade, e que esta ocorreu após o ajuizamento da execução. Ressaltou, ainda, a impossibilidade de atualizar o cadastro imobiliário quando o negócio é celebrado por instrumento particular.
O apelado não foi intimado, pois não chegou a integrar a relação processual.
É o relatório.
Presentes os requisitos de admissibilidade recursal.
O ordenamento positivo, ao dispor especificamente sobre a execução fiscal,
atribui ao exequente o direito de emenda ou substituição da certidão da dívida ativa que não satisfaça os requisitos formais e fixa a data da sentença de primeiro grau como termo final para seu exercício (Lei 6.830/80, art. 2º, § 8º).
Contudo, porque caracteriza alteração do próprio lançamento, não se pode
emendar ou substituir a certidão da dívida ativa para modificar o sujeito passivo da obrigação tributária.
Nesse aspecto, se ainda possível, essa modificação do sujeito passivo da
obrigação tributária demandaria necessária revisão do lançamento.
Nesse sentido apresenta-se a súmula da jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça (verbete 392: “A Fazenda Pública pode substituir a certidão da dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução”).
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Apelação n. 0030464-82.2008.8.19.0014 FLS.3
Essa questão, inclusive, já se submete ao regime dos recursos repetitivos
(REsp. 1045472/BA, Relator Ministro Luiz Fux, julgado pela Primeira Seção em 25/11/2009).
E os elementos trazidos aos autos demonstram que o apelante ajuizou a
execução fiscal contra o proprietário do imóvel e requereu a substituição do polo passivo para nele incluir o possuidor indicado na certidão exarada pelo Oficial de Justiça, por ocasião da diligência citatória (fls. 16v).
Ressalte-se, inclusive, que o possuidor informou ao meirinho residir no
imóvel há mais de dez anos.
Nessas circunstâncias, a modificação do polo passivo caracteriza defeito
insanável da certidão da dívida ativa, a inabilita como título executivo, e enseja a extinção do feito.
Correta, portanto, a sentença recorrida.
Por esses motivos, nega-se provimento ao recurso.
Rio de Janeiro, na data da sessão de julgamento.
DESEMBARGADOR MILTON FERNANDES DE SOUZA Relator
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