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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro


Quinta Câmara Cível

Apelação n. 0030464-82.2008.8.19.0014 FLS.1

CENTRAL DA DIVIDA ATIVA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES


Apelante: MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
Apelada: IMOBILIARIA INDEPENDENCIA LTDA
Relator: DES. MILTON FERNANDES DE SOUZA

ACÓRDÃO

EXECUÇÃO FISCAL. IPTU. CDA. SUBSTITUIÇÃO.


SUJEITO PASSIVO. IMPOSSIBILIDADE. EXTINÇÃO.
1- O ordenamento positivo, ao dispor especificamente
sobre a execução fiscal, atribui ao exequente o direito
de emenda ou substituição da certidão da dívida ativa
que não satisfaça os requisitos formais e fixa a data da
sentença de primeiro grau como termo final para seu
exercício.
2- Mas, porque caracteriza alteração do próprio
lançamento que, nesse âmbito demandaria revisão,
impossível se afigura a emenda ou substituição da
certidão da dívida ativa para modificar o sujeito passivo
da obrigação tributária.
3- Nessas circunstâncias, quando ajuizada contra o
proprietário do imóvel, a inclusão do possuidor como
sujeito passivo da obrigação tributária caracteriza o
defeito insanável da certidão da dívida ativa e enseja a
extinção da execução fiscal.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação n. 0030464-


82.2008.8.19.0014, em que é agravante MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS
GOYTACAZES e é agravada IMOBILIARIA INDEPENDENCIA LTDA,

Secretaria da Quinta Câmara Cível


Rua Dom Manuel, nº 37, 4º andar – Sala 431
Lâmina III Centro – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20010-090
Tel.: + 55 21 3133-6005 / 3133-6295
E-mail: 05cciv@tjrj.jus.br (a)
Assinado em 13/07/2021 22:19:06
MILTON FERNANDES DE SOUZA:7283 Local: GAB. DES MILTON FERNANDES DE SOUZA
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Quinta Câmara Cível

Apelação n. 0030464-82.2008.8.19.0014 FLS.2

ACORDAM os Desembargadores que compõem a Quinta Câmara Cível do


Tribunal de Justiça, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao
recurso.

Recurso de apelação tempestivamente interposto contra sentença que


julgou extinta execução fiscal, ao fundamento de ilegitimidade passiva do executado.

Inconformado, o apelante argumenta que não foi notificado da transferência


da propriedade, e que esta ocorreu após o ajuizamento da execução. Ressaltou, ainda,
a impossibilidade de atualizar o cadastro imobiliário quando o negócio é celebrado por
instrumento particular.

O apelado não foi intimado, pois não chegou a integrar a relação processual.

É o relatório.

Presentes os requisitos de admissibilidade recursal.

O ordenamento positivo, ao dispor especificamente sobre a execução fiscal,


atribui ao exequente o direito de emenda ou substituição da certidão da dívida ativa
que não satisfaça os requisitos formais e fixa a data da sentença de primeiro grau
como termo final para seu exercício (Lei 6.830/80, art. 2º, § 8º).

Contudo, porque caracteriza alteração do próprio lançamento, não se pode


emendar ou substituir a certidão da dívida ativa para modificar o sujeito passivo da
obrigação tributária.

Nesse aspecto, se ainda possível, essa modificação do sujeito passivo da


obrigação tributária demandaria necessária revisão do lançamento.

Nesse sentido apresenta-se a súmula da jurisprudência do Superior Tribunal


de Justiça (verbete 392: “A Fazenda Pública pode substituir a certidão da dívida ativa
(CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro
material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução”).

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Apelação n. 0030464-82.2008.8.19.0014 FLS.3

Essa questão, inclusive, já se submete ao regime dos recursos repetitivos


(REsp. 1045472/BA, Relator Ministro Luiz Fux, julgado pela Primeira Seção em
25/11/2009).

E os elementos trazidos aos autos demonstram que o apelante ajuizou a


execução fiscal contra o proprietário do imóvel e requereu a substituição do polo
passivo para nele incluir o possuidor indicado na certidão exarada pelo Oficial de
Justiça, por ocasião da diligência citatória (fls. 16v).

Ressalte-se, inclusive, que o possuidor informou ao meirinho residir no


imóvel há mais de dez anos.

Nessas circunstâncias, a modificação do polo passivo caracteriza defeito


insanável da certidão da dívida ativa, a inabilita como título executivo, e enseja a
extinção do feito.

Correta, portanto, a sentença recorrida.

Por esses motivos, nega-se provimento ao recurso.

Rio de Janeiro, na data da sessão de julgamento.


DESEMBARGADOR MILTON FERNANDES DE SOUZA
Relator

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