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Anestesiologia e técnicas operatórias

ANESTESIOLOGIA E TÉCNICAS OPERATÓRIAS


✓ Assepsia
Infeções podem surgir através do paciente, do pessoal, do ambiente e até da sala uma vez que sempre
que se altera a interidade da pele, os microrganismos passam a ter acesso a tecidos internos.
Ao conjunto de métodos e práticas que previnem a contaminação cruzada durante a cirurgia dá-se o
nome de assepsia, tendo que para isso ter em atenção a:
• Instalações e ambiente
• Campo operatório
• Pessoal cirúrgico
• Material cirúrgico
Alguns procedimentos a ter:
• Limpeza e lavagem de todos os tipos de materiais que o permitam
• Embalar o material depois de secos em invólucros para esterilização
Invólucros - devem permitir a penetração do produto esterilizador (vapor); que se mantenham
estanques apos esterilização; adaptados ao tipo de esterilização que vamos usar

Método de esterilização Material que se pode utilizar


• Autoclave a vapor • Papel, plástico, tela e cartuchos perfurados
• Calor seco • Bolsas de papel ou alumínio, rolos de plástico
• Vapor químico

O material cirúrgico metálico deve estar submerso mais de 20 min em soluções líquidas de limpeza e as
mesas cirúrgicas devem ser esterilizadas em conjunto. Materiais com pontas de tungsténio e cloretos
de benzilamónio exigem cuidados especiais.1

✓ Como dobrar e embrulhar pacotes de instrumentos

1
Tungsténio é uma liga metálica que não pode entrar submerso em soluções líquidas mais de 20min
Cloreto de benzilamónio é uma peça composta por uma porção de tungsténio nas pontas
Anestesiologia e técnicas operatórias

✓ Como dobrar e embrulhar pacotes de batas2

✓ Como dobrar e embrulhar panos

✓ Como entregar um pacote cirúrgico

2
os panos e batas devem ser embrulhados do avesso de maneira a que a parte em nós tocamos com as mãos
seja a que não está em contacto com os animais
Anestesiologia e técnicas operatórias

✓ Esterilização
Esterilização á a destruição de todos os microrganismos de um elemento (bacterias, vírus e esporos).
Todo o material que entra em contacto com os tecidos e com o sangue deve ser estéril.
• E. a vapor
• E. química
• E. química em frio (Dialdehido Suturado e Gluteraldehido)
• E. óxido de etileno
• E. com plasma
• E. com radiação ionizante (Cobalto que é extremamente caro)

Esterilização com plasma é uma técnica a baixas temperaturas (50ºC) que se utiliza para materiais
sensíveis ao calor, sendo que na fase de vapor é utilizado Peróxido de Hidrogénio.

Marcadores de esterilização

✓ Desinfeção - Destruição da maioria dos microrganismos patogénicos em objetos inanimados.

✓ Antissepsia3 – destruição da maioria dos microrganismos em objetos vivos.


Exemplo: preparação da pele para cirurgia

✓ Limpeza – eliminação física de contaminantes superficiais.


Exemplo – água e sabão e ultrassons

✓ Meios, equipamentos e pessoal


1. Desenho da área cirúrgica
2. Vestiário, sala de anestesia e de preparação cirúrgica
3. Sala para material estéril
4. Sala de preparação da equipe
5. Área para colocar bata e calçar luvas
6. Sala de cirurgia propriamente dita (o melhor é haver 2 salas, uma para pequenas cirurgias e
outra para grandes cirurgias)
7. Hábitos de limpeza diários
8. Recobro (deve ser um sítio com muita vigilância, podendo ser a mesma dos cuidados intensivos)

3
O significado de assepsia é “ausência de germes, entre eles bactérias, vírus e outros microrganismos que
podem causar doenças”
Já a antissepsia é o processo que visa reduzir ou inibir o crescimento de microrganismos na pele ou nas
mucosas. Os produtos usados para fazer a antissepsia são chamados de antissépticos.
Anestesiologia e técnicas operatórias

✓ Cuidados pré-operatórios e intraoperatórios num paciente cirúrgico


1. Anamnese
Entrevista realizada pelo profissional de saúde ao seu doente, que tem a intenção de ser um ponto
inicial no diagnóstico de uma doença, ou uma resposta humana aos processos vitais no caso do
profissional Enfermeiro.
Exemplo de questões – Queixa principal (porque trouxe o animal, quando e como iniciou o problema,
suspeita de alguma causa, apetite, defecação…); Antecedentes médicos (já recebeu ou tem recebido
algum tipo de tratamento, tem piorado ou melhorado…); Maneio sanitário (vacinações…); Maneio
nutricional (qual a dieta, qual a alimentação, ingestão de água…); Ambiente etc.
2. Exame Físico
Exame sistémico onde se tem atenção a alguns fatores como condição física, temperatura, mucosas,
atitude, frequências cardíacas e respiratórias, pulso, estado mental…
3. Análises e ECG
Classificação em estados - ASA:
I. Saudável sem patologia percetível – exemplo: gata para OVH
II. Saudável com uma patologia localizada ou sistémica leve – exemplo: tumor cutâneo, rutura de
ligamentos
III. Doença sistémica grave – exemplo: febre, pneumonia, sopro cardíaco
IV. Doença sistémica grave potencialmente morta – IR, ICC, IH
V. Moribundo, sem cirurgia morrerá em menos de 24h – exemplo: traumatismo grave,
insuficiência multiorgânica

✓ Determinação do risco cirúrgico


Necessária a comunicação com o cliente para que esteja a par de todos e quaisquer riscos possíveis
quando o animal é submetido a uma cirurgia.
Antes da cirurgia é sempre fundamental estabilizar o paciente, tendo em conta a alguns fatores:
• Acidose/ Alcalose

• Oxigenioterapia - administração de oxigênio extra com o objetivo de garantir a oxigenação dos


tecidos do corpo

• Fluídos4 – exemplo: cristaloides e coloides que são expansores rápidos e duradores do volume
plasmático, com o objetivo de otimizar as variáveis hemodinâmicas, melhorar a perfusão e
minimizar o comprometimento orgânico
Cristaloides -> Soluções de iões inorgânicos e pequenas moléculas orgânicas dissolvidas em
água - exemplo: soro fisiológico; cloreto de sódio
Coloides -> Substância homogênea não cristalina, consistindo de grandes moléculas ou
partículas ultramicroscópicas de uma substância dispersa em outra – exemplo: albumina

• Produtos sanguíneos

4
https://proqualis.net/sites/proqualis.net/files/Anexo8-%20Treinamento_Cristalóides%20e%20Colóides.pdf
Anestesiologia e técnicas operatórias

Ao anestesiar pacientes críticos a estabilização torna-se um processo ainda mais importante, sendo
imperativo o acesso venoso nestes casos (para administração de fluídos que possam vir a ser precisos) e Comentado [AC1]:
até por vezes necessário o uso de mais do que 1 cateter. Pode ser necessário corrigir: desidratação;
hipovolémia (diminuição do V sanguíneo); desequilíbrios Ac/Base; eletrolíticos5 etc.
o A contenção química pode ser conseguida através de fármacos: Benzodiazepina – midazolam e
opioide6
o A pré-medicação deve ser a mínima possível, devendo, no entanto, ter noção de que esta irá
reduzir a dose de indução.
o Opioides – quando é necessária uma pré-medicação em doentes críticos, os opioides são os mais
utilizados uma vez que têm mínimo efeito sobre o débito cardíaco e sobre a pressão arterial e
fornecem analgesia. Se for necessário reverter os seus efeitos pode-se utilizar naloxona.
o Em termos tranquilizantes as benzodiazepinas sozinhas são fracas, mas a acepromazina tem efeitos
hipotensores e, por exemplo, para um paciente com obstrução de vias aéreas superiores seria bom,
uma vez que é um sedativo e ansiolítico com efeitos mínimos respiratórios.
o Os Anticolinergicos não se administram rotinamente a menos que o paciente seja bradicardio, uma
vez que provocam um aumentam do consumo de oxigénio pelo miocárdio devido à taquicardia
induzida e podem diminuir o limiar de arritemias.
o Medicamentos dissociativos – A Ketamina p.e como agente único provoca rigidez muscular, logo o
ideal é combinar com uma benzodiazepina. A Ketamina provoca aumento da pressão intracraneana
e intraocular, taquicardia, aumenta a pressão arterial e tem alguma depressão respiratório, sendo
preciso ter cuidado com a sua utilização em gatos obstruídos e IR.
o Alfa 2 angonistas são bons na sedação e analgesia em animais extremamente dolorosos e podem
ser associados com opioides.
o Dexmedetomidina fornece grande sedação, analgesia e relaxamento muscular. Possui efeitos
secundários que incluem vómitos e braquicardia reflexa a taquicardia

✓ Indução
A indução serve para levar o animal a um grau de inconsciência que permita a intubação.
Para o efeito de indução é usado por vezes o Propofol p.e que tem uma atuação de apenas 30s mas
que pode provocar pequenas paragens ou depressões respiratórias.
A sua associação com outras substâncias (benzodiazepina, midazolam ou diazepam) ajuda a diminuir a
dose de propofol necessária e por isso a diminuir também os efeitos 2º.
Exemplo:
2ml Propofol = possibilidade de efeitos 2ª
uso multimodal -> 1 ml Propofol + 1 ml diazepam = resultado pretendido e efeitos 2º diminuídos

Em pacientes críticos o uso de Etomidato tem a vantagem de ter efeitos cardiovasculares mínimos,
porém não deve ser usado como agente único pois pode levar a náuseas e mioclonias7.

5
minerais que carregam uma carga elétrica quando estão dissolvidos em um líquido como o sangue. Os
eletrólitos do sangue são o sódio, potássio, cloreto e bicarbonato – ajudam a regular as funções dos nervos e
músculos e manter um equilíbrio ácido-base e um equilíbrio hídrico.
6
ex de opioides - metadona, morfina…
7
distúrbios cerebrais - espécie de espasmo muscular repentino, breve, involuntário
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✓ Manutenção
É a fase seguinte à indução.
CRI8 de Fentanilo ou Ketamina tem como finalidade tirar a dor ao animal e fazer 1 anestesia fiável e
segura, evitando o uso de Isoflurano que é um recurso mais caro.
O que monitorizamos?
1. Hipotensão - como baixamos a pressão arterial?
- Fluídos: uso de soro fisiológico – (aumentar PA?) mudar para soro ringer lactato – (aumentar
PA?) mudar para ringer bolus
- Fármacos com apoio ionotrópico positivo (dopamina, dobutamina IV CRI, Efedrina em bolus)
- Baixar anestesia

✓ Recuperação
Em pacientes críticos deve ser fazer um apoio continuo:
• Cardiovascular
• Analgesia é imperativo – pacientes devem estar calmos e serenos no recobro
• Temperatura – ao decorrer uma cirurgia a temperatura diminui e por isso este parâmetro é
importante, uma vez que pacientes que tenham perdido muita energia terão um recobro e
cicatrização mais difícil

✓ Provas laboratoriais
Consoante a idade, o estado físico (ASA) e o tipo de paciente.

8
algo continuo
9
em ASA I, problemas de hipoglicémia são recorrentes no escalão de idades de 6meses e +6 anos
Anestesiologia e técnicas operatórias

✓ Preparação para cirurgia – Estabilização sempre primordial

1. Comida
- 6-8h de jejum de sólidos
- Pediátricos máximo de 2h de jejum de sólidos
2. Água
- 6 h sem água
- Pediátricos/nefropatias/geriátricos podem não aguentar tanto tempo sem água
3. Medicação
- Diabéticos e doentes crónicas devem continuar a medicação
4. Ações corretivas
- Fluídos; Ac/base; sangue
- Problemas respiratórios- suplementos de O2
- Problemas cardíacos: IECAS, diuréticos, antiarrítmicos

✓ Etapas da Anestesia Geral

Plano I (meio acordado) – respiração irregular – pupila em miose – x – com reflexos


Plano II – respiração irregular e por vezes faz uma retenção respiratória ao aperceber-se do gás
anestésico a entrar nas vias respiratórias – pupila em midríase – globo ocular em posição central –
reflexos de pupila e palpebral – pode haver náuseas e vómitos (jejum importante)
Plano III estado 1 (anestesia leve) – respiração regular – pupila em miose – posição convergente do
globo ocular – sem reflexos/ córnea/ laringe/ lacrimação/…
Plano III estado 2 (anestesia média) – apenas desejável em ortopedias ou cirurgias muito dolorosas
– diferença para o estado 1, é que este estado tem a pupila em midríase (alarmante) e o globo
ocular central
Plano III estado 3 (anestesia profunda) – não é desejável
Plano IV (morte) – respiração ausente

Em ASA IV e V, os problemas são mais homogéneos em todas as idades


Anestesiologia e técnicas operatórias

✓ Anestesia e os sistemas cardiovasculares, respiratório e nervoso10

SISTEMA CARDIOVASCULAR (CORAÇÃO, VASOS, PULMÃO)


• Efeito de Windkessel na Aorta -> fluxo continuo mas não uniforme
• Distribuição sanguínea:
- 15% coração e pulmões
- 10% sistema arterial
- 70% sistema venoso
- 5% capilares

• Gasto cardíaco (GC) = Freq Cardíaca (FC) x Vol ejeção (VE)


- Numa anestesia a FC baixa e consequentemente o GC baixa também 11
• No caso da Pressão arterial, o seu fator vascular mais determinante é o tónus arteriolar
- Numa anestesia há relaxamento do músculo liso das paredes dos grandes vasos, podendo gerar
alterações da pressão arterial
- Fatores que determinam a Pressão arterial são: FC, VE, resistência vascular, elasticidade arterial
e volume de sangue12

Como é controlado? o Sistema nervoso autónomo tem mecanismos humorais (adrenalina,


vasopressina, angiotensina, noradrenalina) que levam a uma autorregulação (os vasos ajustam-se ao
fluxo e às necessidades metabólicas dando origem a um determinada PA)

SISTEMA RESPIRATÓRIO
• Capnografia – valor do monitor que nos permite saber o valor de dióxido de carbono que está a
ser expirado, sendo um dos primeiros indicadores de que a anestesia está a correr mal
Consiste em medir a quantidade de CO2 do ar que entra e sai do tubo endotraqueal:
- Frequência respiratória elevada
- Apneia
- Grande espaço morto -> Hipocapnia: valores <30mm de HG
- Tubo no esófago (e não na traqueia13)
- Hipoventilação
- Reinalação (inspirar ar já expirado)
- Hipertermia que aumenta produção de CO2 -> Hipercapnia: valores >40mm de HG
- Tratamento prévio com Bicarbonato

4 fases de Capnografia14: Curva normal


1. Inicio da fase expiratória
2. Meseta expiratória (estabilização)
3. Inicio da inspiração
4. Fim da inspiração

10
uma anestesia influencia sempre estes sistemas
11
como diminui a quantidade de sangue arterial que chega aos tecidos, pode haver risco de falta de irrigação
em certos órgãos
12
ao aumentar o V de soro aumento o V de sangue, subindo a PA
13
por má colocação
14
curva de capnografia inversa à curva respiratória: inspiração – maseta - expiração
Anestesiologia e técnicas operatórias

Capnografia Anormal

Curvas vão subindo


- Hipoventilação
- Aumento (incremento) repentino gradual dos
níveis de CO2

O incremento repentino pode corresponder a:


• Hipertremia maligna
• Descompressão de garrotes
• Libertação de clamps aórticos
• Injeção IV de bicarbonato de sódio

O incremento gradual pode corresponder a:


• Descida da Freq respiratória
• Descida do volume Tidal
• Aumento da produção de CO2 (má respiração)

Capnografia Anormal
Curvas vão diminuindo
- Hiperventilação
- Descida repentina ou gradual dos níveis de CO2
- Indicação de que o paciente está a acordar ou
com dor
A descida repentina pode corresponder a:
• Compressão da veia Cava
• Oclusão da artéria pulmonar
• Embolismo gasoso
• Apneia

A descida gradual pode corresponder a:


• Aumento da frequência respiratória
• Aumento do Vol tidal
• Descida da produção de CO2
• Hipotermia Nota: umas coisas levam a outras – descida CO2 -> Hipotermia

Capnografia Anormal
Limite inferior vai subindo
- Reinalação (não houve esvaziamento completo
dos pulmões)
- Aumento dos níveis basais de CO2

➢ A um inadequado fluxo inspiratório devemos ter em atenção à cal solada e se o circuito está
adequado ao tamanho do animal.

Capnografia Anormal
Desaparecimento da meseta
- Obstrução parcial do tubo ou do circuito
- Presença de CE nas vias aéreas
- Broncoespasmos
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Volume tidal é o volume de ar inspirado ou expirado numa única respiração.


O que aumenta a disponibilidade de oxigénio nos tecidos?
- Aumento da circulação
- Aumento do ritmo respiratório
- Aumento da desoxigenação de um determinado volume de sangue
Os anestésicos e pré-anestésicos alteram a resposta dos quimiorrecetores centrais e periféricos ao CO2
e ao O2 de uma forma dependente da dose.

SISTEMA NERVOSO
Para se conseguir uma anestesia é necessária a depressão do sistema nervoso, que possui vários
mecanismos de proteção. Exemplo:
➔ Barreira hematoencefálica: impede que as toxinas cheguem ao cérebro, porém impede também a
passagem de fármacos (sedativos etc.)
• 60% do fluxo sanguíneo serve para nutrir as células e 40% para manter os mecanismos de proteção

Pacientes específicos -> necessário protocolo anestésico:


o Pediátricos
o Geriátricos
o Com Patologias: insuficientes cardíacos/hepáticos/renais/respiratórios

• Não existe anestésicos ou sedativos puros.


• Têm um efeito que prevalece sobre o outro, mas não podemos desprezar os restantes
(secundários)
• Os efeitos dependem da dose, grupo ao qual pertence e da via de administração

Tríade Anestésica
O ideal é ter um anestésico que provoque
um grau de inconsciência + um elevado
Analgesia Inconsciência controlo da dor + um elevado relaxamento
muscular
Tríade
Anestésica - > Impossível conseguir esta tríade com um
único fármaco -> associação de fármacos

Relaxamento
muscular

Fases da Anestesia (5)


1. Avaliação pré-operatória
2. Pré-medicação (a que servirá para que seja possível a manipulação do animal)
3. Indução (para entubar o animal)
4. Manutenção
5. Recuperação
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• Deve sempre ser usado um protocolo individual para cada animal (doses especificas tendo em
conta o peso e o caso específico15)
• A mortalidade e as complicações diminuem com uma monitorização adequada

Sedativos - Acepromazina (excelência)


- Produz sedação com diminuição aos estímulos externos
- Não tem efeito analgésico; não tem antagonista; tem dose teto 16
- Combina-se normalmente com opioides na pré-medicação, combinação essa denominada por
neuroleptoanalgesia
- Interessante na recuperação para dar um acordar sereno e calmo

Nota: neuroleptoanalgesia – combinação de um sedativo com um analgésico tendo eles sinergia entre
si, sinergia essa que implica menor dose de cada e um efeito potenciado benéfico

➔ Efeitos secundários
1. Diminui a resistência vascular sistémica
2. Diminui a Pressão arterial
3. Predispões hipotermia por ação direta no centro de termorregulação
4. Diminui hematócrito 20/30% por sequestro de GV no baço
5. Reduz tónus do cardia e o esvaziamento gástrico
6. Inibe a agregação plaquetária
7. Protusão da 3ª palpebra

➔ Precauções17
1. Braquicefalos (induz síndrome vagais)
2. Raças gigantes (pode haver sobredosagem)

➔ Contraindicada
1. Desidratados
2. Hipotensos
3. Síndrome DTG
4. Pediátricos

Sedativos – Benzodiazepinas
- As principais são o Diazepam e o Midazolam
- Produzem sedação, ansiolise, relaxamento muscular e têm efeito anticonvulsivo
- Têm sinergia com barbitúricos, propofol e alfaxalona pois o seu mecanismo de ação é similar
- Escasso efeito cardíaco e respiratório
- Indicadas em geriátricos
- Ótimos coindutores (alfaxalona e propofol)

15
por ex não se usa o mesmo anestésico que se usar numa cesariana Vs ortopedia
16
dose teto significa que a partir de determinada dose, aumentam os efeitos secundários sem que isto se
traduza numa maior eficácia do efeito -> mesmo que aumente a dose, aumenta os efeitos 2ª mas o que eu
pretendo não aumenta
17
falso mito – diminui o patamar convulsivo
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➔ A reter
1. Não recomendados como sedativos em animais saudáveis, pois além de terem fraco efeito
podem ocasionar excitação paradoxistica por desinibição
2. Indicados na sedação de geriátricos, cardiopatas e debilitados
3. Podem ser usados como coindutores: propofol, ketamina ou alfaxalona

Sedativos – Angonistas alfa 2 (medetomidina e dexmedetomidina18)


➔ Indicações
1. Pré-medicação com opioides19
2. Agente anestésico único para procedimentos de diagnóstico (por ex raioX)
3. Sedante pós-operatório em microdoses ou CRI
4. Ansiolíticos (quando em doses muito baixas)

➔ Ter em conta
Por vezes, devido à libertação de catecolaminas, por stress ou dor, produz-se fraco efeito ou mesmo
efeito paroxístico (deixando de ter efeito)
- Antagonista: Atipamezol

➔ Efeitos
- Ocorre por vezes, devido ao incremento do tónus vagal, bloqueios aurículo ventriculares 20
- Do sistema cardiovascular: 1º ocorre uma vasoconstrição periférica que causa aumento da pressão
arterial, que é detetada pelos barorecetores e posteriormente ocorre bradicardia reflexa 21
Pela vasoconstrição periférica observamos as mucosas pálidas e por vezes meio cianóticas.
o Devemos combater a bradicardia reflexa? Não
o Com atropina? Não
o Só atuamos se tivermos numa situação em que haja hipotensão e bradicardia associada!

- Digestivo: vómitos principalmente se for administrada Intra-muscular ou Subcutânea e mais frequente


com a medetomidina
- Hiperglicémia: por inibição da libertação de insulina
- Diminuição do fluxo sanguíneo ao útero até 50% (não devem ser administrados em cesarianas)
➔ Contraindicações
1. Cães com idade inferior a 12 semanas
2. Fêmeas gestantes
3. Diabéticos
4. Pacientes com contraindicações de vómito (por exemplo torção gástrica)
5. Hemodinâmicos instáveis (problemas cardíacos e de tensão)

18
moléculas, sendo a primeira a mais antiga, sendo que a mais utilizada é a dexmedetomidina
19
podem ser misturados com opioides
diferença entre sedativo e anestésico (sedativo seda e não mete a dormir; o anestésico anestesia e coloca o
animal sem reflexos) – neste caso o denominar-se sedativo e anestésico tem a ver com as doses administradas
20
para que isto aconteça, normalmente são necessárias doses altas
21
para contrariar uma taquicardia provocada pelo fármaco, logo, se o fármaco deixa de ter efeito a bradicardia
deixa de acontecer
Anestesiologia e técnicas operatórias

Sedativos - Analgésicos Opioides22

23

1. Alta afinidade e atividade intrínseca com estes recetores: morfina, metadona…


2. Alta afinidade para os recetores, mas baixa intrínseca: buprenorfina
3. Alta afinidade e sem atividade intrínseca para os miu/alta atividade intrínseca para os K: Butorfanol

Afinidade: Capacidade para se unir aos recetores


Atividade intrínseca: capacidade de depois de unido ao recetor, produzir resposta máxima
Opiáceo: deriva de opioide
Opioide: substância que tem afinidade e interatua com recetor opioide
➔ Indicações
1. ótimos para a dor
2. Analgesia menos intensa em dor leve
3. Analgesia mais intensa na dor moderada a intensa

➔ Contraindicações
1. Pacientes onde não possa haver vómito
2. Porque libertam histaminas, deve se evitar em mastocitomas
3. Ter cuidado com pacientes de respiração instável

➔ Efeitos sobre os vários sistemas


• SNC
- Podem produzir euforia, que pode reverter-se com sedativos ou tranquilizantes
• Cardiovascular
- Aumentam o tónus vagal
- Induzem bradicardia
- Normalmente à dose certa não há alterações na resistência vascular (sem alterações na
Tensão arterial)

22
metadonas, morfinas etc
23
Adm Butorfanol – no dia seguinte vou operar e de manhã voltou a ser adm butorfanol – pré-medicaçao com
dexmedetomidina e metadona – neste animal, o butorfanol atua nos agonistas K mas sem atuar nos miu
(porém tem afinidade com eles) – ocupa os recetores miu mas não terá efeito nos mesmos e por isso, quando
a metadona for adm ela não fará uma vez que os recetores miu estão ocupados
conclusão: numa cirurgia não posso adm butornafol se eu quiser utilizar metadona
Anestesiologia e técnicas operatórias

• Respiratório
- Depressão respiratória dependente da dose
- Diminui a resposta do sistema à hipercapnia (aumento do dióxido de carbono sem uma
resposta imediata)
- O Butorfanol e o Fentanilo suprimem o reflexo tossigeno (tosse)
• Digestivo
- Náuseas
- Vómito
- Diminuem a motilidade e as secreções gastrointestinais
• Barreira Placentária
- Atravessam a barreia, pelo que nas cesarianas deprimem os fetos
- Naloxona é o antidoto para os fetos caso isso ocorra
• Centro termorregulador
- Nos cães normalmente leca a perda de temperatura
- Nos gatos pode ocasionar hipertermia pós operatória

Sedativos – Agonistas puros


Morfina, metadona, fentanil, petidina, tramadol
1. Morfina
- A altas doses pode ter também efeito recetores K
- Indicada em dor leve e intensa
- Por ser hidrofílica é indicada em epidurais, por esta via analgésica de 24h
- Se adm em bolus rápidos, pode libertar histamina por desgranulação dos mastócitos

o Em cães, 50% do metabolismo hepático é extra-hepático pelo que é interessante em


Insuficientes Hepáticos
o Em gatos, o volume de distribuição é menor pelo que se recomenda doses inferiores

2. Metadona24
- Efeitos e potência similares à morfina (mas menos efeitos secundários25)
- Indicada em dor leve e intensa dependendo da dose
- Como inibe a recaptação da serotonina e da noradrenalina é útil em dor crónica e neuropática
- Pode se adm a insuficientes cardíacos
- Pode ser adm pela Via transmucosa oral em gatos

3. Fentanilo
- 100 vezes mais potente que a morfina
- Pouco tempo de atuação
- Pode usar-se em pensos
- Em cardíacos instáveis, usar como indutor com as benzodiazepinas
- Pode provocar hiperacusia

24
mais barata e de fácil aquisição, comparativamente à morfina
25
não provoca tantos vómitos
Anestesiologia e técnicas operatórias

4. Tramadol26
- Efeito analgésico pela molécula e seus metabólitos
- Utilizado em dor crónica
- Não deve ser usado com outros fármacos inibidores da recaptação da serotonina (por exemplo
fentanilo), pois pode desencadear síndrome serotoninérgico

Síndrome Serotoninérgico – produz-se devido ao aumento dos níveis circulatórios de serotonina e pode
manifestar-se com ataxia, agitação, tremor, mioclonias, hipertensão, hipertermia, náuseas, vómitos,
diarreia e dor abdominal.

Sedativos – Agonistas parciais


1. Buprenorfina
- Indicada em dor leve a moderada
- Via transmucosa oral em gatos
- É 25x mais potente que a morfina
- Tem efeito teto (se a partir de certo ponto, continuar a aumentar a dose, não acontece mais nada)

Sedativos – Antagonistas/Agonistas
1. Butorfanol
- Analgesia escassa
- Com efeito teto
- Efeito varia muito individualmente principalmente em gatos
- Capacidade antitússica a doses baixas (muitas vezes em cardíacos)
- Efeito antiemético

Sedativos – Antagonistas
1. Naloxona – reverte os efeitos

Anestésicos injetáveis
1. Tiopental
- Deprime SNC por ação nos recetores GABA
- Precipita com Ringer lactato
- Indutor em caso de trauma crânio encefálico ou pacientes com convulsões
- Não tem analgesia
- Pelo seu pH alcalino o extravasamento produz flebites (de uso raro)

2. Alfaxalona
- É um neuroesteroide derivado da progesterona
- Atua os GABA
- Adm Intravascular, mas também Intramuscular em gatos
- Segura em pediátricos
- Sem analgesia
- Não passa a barreira hematoencefálica, pelo que é o indutor de escolha em cesarianas
- útil em statos epiléticos

26
existe uma grande percentagem de cães, cerca 50%, que são resistentes
Anestesiologia e técnicas operatórias

3. Propofol
- Ação hipnótica e depressora sobre GABA
- Administração somente IV
- Curta duração
- Rápida indução
- Pode ser adm em Gatos (porém pode haver problemas pelo uso diário)
- Sem analgesia
- Pode provocar irritação venosa
- Produz propriedades anti convulsivas

4. Etomidato
- Atua sobre o GABA
- Sem analgesia
- Injeção perivascular provoca flebite e necrose tissular
- Não usar em pacientes em sepsis
- Muito caro

5. Ketamina
- Dissociativo
- Atua nos recetores NMDA
- Intramuscular é dolorosa
- Usada como CRI
- Deve estar protegida da luz
- Não usar em epilepsia
- Não usar animais com cardiomiopatia hipertrófica

✓ Suturas e fios
As suturas podem ser simples ou continuas;
Suturas Contínuas – dá-se um ponto e continua-se
Suturas continuas simples
Suturas contínuas ancoradas – passa-se o fio no meio e ancora-se (+resistentes)
Sutura com pontos simples – passa-se de um lado para o outro e dá-se um nó
Sutura com pontos simples em X – mais resistência
Sutura com pontos simples em U vertical
Suturas com pontos simples em U horizontal
Suturas especificas
Suturas especificas invaginantes – os bordos entram para dentro
Suturas especificas evaginantes – os bordos saem para fora
Anestesiologia e técnicas operatórias

Fios de sutura
A grossura dos fios é numerada: fio 1 (mais grosso), fios 0 (menos grosso) e fios (2)0, (3)0… -> quanto
mais 0, mais fino é;
1. Reabsorvíveis
1.1 Monofilamentares – fio único (não são fontes de infeção, pois não têm permeabilidade)
1.2 Polifilamentares – vários fios entrelaçados (ex seda)
-> Cada fio tem o seu tempo específico de reabsorção: ex monozim com 1 mês a ser reabsorvido
-> para uso interno

2. Não reabsorvíveis
-> normalmente para uso exterior, com exceção dos náilons

Agulhas
1. Atraumaticas
2. Traumáticas – secção triangular (todos os vértices cortam)

Drenos
Utilizamos drenos quando temos: seromas (retiramos um tumor mamário e fica um espaço morte que
não consigo fechar, criando espaços ocos), Flaps de pele (tirar pele de uma zona para colocar noutra,
que não se consegue fechar); cicatrizações por segunda intensão (tiro um pedaço de pele, não a
consigo fechar então terá de cicatrizar por 2 intenção)

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