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©CrisAndrade2018

Capa: Bruna Gurgel


Revisão: Grupo Selída
Diagramação digital: Cris Andrade

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos descritos são produto da imaginação
da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos
reais é mera coincidência.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua


Portuguesa.

Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento/e ou a


reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios —
tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora.

Criado no Brasil

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei


nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece
como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa
qualquer entendimento.”
Clarice Lispector
Sumário
Sumário
Agradecimentos
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EPÍLOGO
Agradecimentos
Quero agradecer a todas as pessoas que acreditam em mim e no meu
trabalho. Vocês são um combustível e tanto para que eu passe noites em
claro em busca de melhorar cada vez mais o meu trabalho como
escritora. Espero que gostem de conhecer a história de amor entre Tyler e
Renata.

Agradeço a Taianá Paixão que foi uma das pessoas que mais me
apoiou em relação a essa obra. Ela leu os primeiros capítulos, me xingou do
começo ao fim. Obrigada, Tai, por sempre apoiar minhas ideias mais
loucas.

Shay Nuran, a pessoa que me inspira a ser cada vez melhor.


Obrigada por tudo, minha amiga.

Beijos mil,
Cris Andrade!
01
Renata

Faço uma careta para mim mesma no reflexo do espelho ao passar a


mão por meus cabelos, agora curtos, enquanto termino de me arrumar. Já
não sei mais se foi uma boa ideia eu tê-los cortado. Se bem que com o calor
que faz no Brasil, não pude suportar o meu cabelo tão grande, precisava
cortar. O Rio de Janeiro é uma terra linda, mas o calor é de matar.
Ainda bem que já está crescendo, sinto falta dele mais comprido.
Por que eu tinha que ser tão impulsiva? Era o que eu sempre me
perguntava.
Sempre ajo por impulso. Digo e faço coisas antes de pensar. É um
defeito incorrigível, muitas pessoas já me disseram isso. Às vezes considero
uma qualidade, afinal ser sincero é uma coisa boa, outras nem tanto.
Dou uma última olhada no espelho. Espero que esse vestido esteja
elegante o suficiente para a minha entrevista de emprego, não quero passar
a impressão errada ao estar bem vestida demais ou de menos. Impossível
saber o que se passa na cabeça das pessoas que nos entrevistam para um
emprego, eu imagino ser entediante receber várias pessoas no mesmo dia e
fazer as mesmas perguntas até encontrar aquela que seja adequada o
suficiente para o cargo em questão. Bem, hoje desejo que eu seja a pessoa
ideal.
Saio de casa com a minha confiança de sempre. Entro no meu carro
com a impressão de que estou um pouco atrasada, a vantagem de ter
um Porsche é que ele pode ser veloz. Esse carro foi um mimo que o meu
pai me deu quando conclui a minha faculdade, um que aceitei de bom grado
já que amo carros esportivos. Não sou uma filhinha de papai mimada, que
gosta de viver no luxo, pelo contrário, eu gosto de correr atrás dos meus
objetivos, porém não me opus em aceitar esse presente, papai sabia que eu
não iria recusar.
Em poucos minutos estou entrando no prédio onde será a minha
entrevista, ele alto e imponente, com uma fachada típica dos prédios de
Nova York. Estou aqui para tentar a vaga de Executiva Financeira, numa das
maiores empresas aqui de Manhattan. Após me formar, decidi voltar para
casa, para perto da minha família e aqui seguir com a minha carreira
profissional. Mas antes da minha entrevista tenho um almoço marcado com
a minha melhor amiga. Não nos vemos há um tempão e estou morrendo de
saudades.
Para a minha surpresa a encontro próximo à entrada, conversando
com um homem. Devo dizer que de costas ele parece um gato.
— Alanna! — chamo da porta do prédio.
Ambos se viram e focam os seus olhos em mim. Sigo até eles com
um sorriso discreto, tenho a sensação de que os dois sussurram algo.
Sobre mim? Penso.
— Oi, Rê! — diz Alanna, dando-me um abraço.
Trocamos beijos e abraços.
Não consigo evitar de olhar para o homem parado ao lado dela, tão
lindo e atraente. Emanando sensualidade, apesar de parecer um pouco
chateado. Um belo espécime da raça.
— Ei, você! — Alanna capta o meu olhar furtivo. — Renata, este é
o Tyler Baker, amigo do Charlie e meu também. Tyler, esta é Renata
Mitchell, uma grande amiga minha.
Ele ergue as sobrancelhas, parece surpreso. Estende a mão em
cumprimento, pisco várias vezes antes de lhe dar a minha mão a qual ele
beija a palma. Sim, ele beijou a palma da minha mão e não o
dorso. Estranho, mas… bom! Um calafrio subiu por minha espinha, como
se tivesse um presságio de algo futuro com… ele.
— Encantado em conhecê-la — Tyler murmura suavemente e eu
pisco novamente, voltando a minha atenção para ele. — Alanna, devo dizer
que estou magoado com você.
— Posso saber por quê? — pergunta ela, contendo um sorriso.
Sinto-me assistindo uma partida de tênis em que viro a cabeça de
um lado para o outro tentando acompanhar a bola.
— Por nunca nos ter apresentado — diz ele.
Os seus olhos não saem dos meus. E, de repente me sinto tola
demais, sentindo a minha bochecha esquentar.
Droga, eu estou corando.
— Ela estava morando no Brasil e voltou recentemente —
explica. Alanna parece notar a minha timidez, mas não comenta. Agradeço
silenciosamente, isso é constrangedor. — Renata, infelizmente eu não posso
ir almoçar com você. Charlie está com problemas e vou ter de ir encontrá-
lo, sinto muitíssimo por isso. Tyler concordou em levá-la, se estiver tudo
bem para você. Também estou furando com ele, nós teríamos uma sessão
fotográfica agora, mas tenho que correr para a externa do Charlie. Podemos
remarcar nosso almoço? — Ela está praticamente suplicando.
Estreito o olhar, ela não parece sentir muito. Sem contar que deixou
implícito o quanto deseja que o seu amigo me acompanhe no seu lugar.
Te conheço, Alanna, e você não foi nada sutil, amiga.
— Ahn, Claro. Sem problemas! Teremos tempo, afinal estou de
volta — digo, lembrando que voltei para ficar.
Eu estava quieta e tímida demais, algo novo para mim, normalmente
sou bem mais falante. Culpa dos olhares dele.
— Até mais, Alanna. — Tyler me oferece o seu braço e eu aceito
com um sorriso tímido.
— Tchau, Alanna. — Viro-me para ela e mexo os lábios — Oh...
Meu... Deus!
Dou uma piscadinha e ela não segura a risada.
— Tem certeza de que não é problema almoçar comigo? —
pergunta Tyler.
— Problema algum, acredito que você não seja um psicopata ou
algo do tipo. Minha amiga não me enfiaria em uma enrascada.
Ele gargalha.
É possível se encantar por uma risada? Eu tenho certeza que tenho
estrelas brilhando em meus olhos. Isso é ridículo.
— Você é espirituosa. Gostei de você, Renata Mitchell — ele pontua
cada sílaba do meu nome, como se estivesse saboreando um doce.
— Bem, obrigada! Hum... eu não tenho muito tempo — explico. —
Podemos ir àquele restaurante da esquina?
— Já está querendo se livrar de mim? — faz-se de ofendido.
Estamos parados na calçada agitada e movimentada em frente ao
prédio do meu futuro local de trabalho.
— Eu tenho uma entrevista de emprego daqui a pouco. — Olho em
meu relógio de pulso. — Mais precisamente em duas horas.
Ele sorri de lado. Coloca uma mecha solta do meu cabelo atrás da
orelha, o seu dedo toca de leve a minha bochecha e esse simples gesto não
passa nem um pouco despercebido pelo meu corpo. Os seus olhos estão
fixos nos meus, me sinto rapidamente presa em seu jogo de sedução.
— Então, quer dizer que só tenho esse tempo para conseguir o seu
telefone e endereço. Parece um tempo justo para que eu possa lutar por
essas informações. Você vale totalmente qualquer esforço da minha parte.
Sorrio. Esse cara não existe. Convencido demais, mesmo que seja de
um jeito legal. Não é à toa que temos amigos em comum.
— Acabamos de nos conhecer, talvez precise de mais que isso, Tyler
— retruco.
— Vamos almoçar, Renata! Tenho duas horas, contadas no
relógio, para te convencer de que sou boa companhia e mereço um jantar
com você — diz, me estendendo o braço novamente.
— Jantar? — Ergo uma sobrancelha.
— Sim! — Pisca um olho.
Impossível deixar de sorrir com a sua cara de pau e ousadia.
Balanço a cabeça.
— Tá bom, só me deixe pegar a minha bolsa, que por sinal esqueci
no carro.
Dando alguns passos, abro a porta do carona e pego a minha bolsa.
— Esse é seu carro? — pergunta ele com surpresa.
Noto uma excitação quase infantil na sua voz e no brilho dos seus
olhos. Parece ainda mais bonito assim.
— Sim. Você gosta? — indago, um pouco orgulhosa demais do meu
bebê.
— É um Porsche Boxster Spyder, um esportivo bruto. — Assinto
com a cabeça. — Ele chega a 100 km/h em 4,3 segundos. — O seu tom de
voz agora parece de preocupação.
— Qual é o problema? — questiono, cerrando os olhos.
— Como você anda por aí com uma máquina tão potente
como está? Ainda mais nesse trânsito caótico de Nova York? Tem noção do
perigo que tem nas mãos?
Pisco várias vezes, sem saber o que responder a essa explosão meio
mal contida.
— Eu sei dirigir e faço isso dentro dos limites permitidos pela lei —
aponto o óbvio. — Além de estar acostumada com o trânsito da minha
cidade natal. Sou nascida e criada aqui.
Ele passa as mãos por seus cabelos, um gesto nervoso.
— Desculpe, puro impulso. Eu tenho um e a minha irmã acertou o
poste com ele uma vez. Isso me fez ficar mais protetor do que já sou —
explica-se.
— Sinto muito! — Temo pelo o que possa ter acontecido com a
irmã dele.
— Ela ficou bem, apenas alguns arranhões — me assegura. — Vem,
vamos almoçar.
Fecho a porta do carro e ativo o alarme antes de aceitar a sua mão e
seguirmos em direção ao restaurante. O caminho é curto.
Somos recebidos pelo maître, que nos encaminha até uma mesa para
dois e logo estamos sentados com o cardápio em mãos. Eu havia feito uma
reserva para facilitar, afinal o tempo que eu tinha disponível era
relativamente curto, já que ia esperar Alanna terminar um trabalho antes de
sairmos para almoçar. E agora cá estou eu, com o trabalho da minha amiga
e sem ela.
— Me fale sobre você, Tyler — peço, enquanto ele percorre os
olhos pelo cardápio. — Pelo o que pude entender é modelo.
Ele parece surpreso por eu começar a falar. Abandona o cardápio
disposto a começar uma conversa.
— Antes eu preciso que me responda algumas coisas — diz
tranquilamente, sem confirmar nada.
— Claro!
Fiquei curiosa, o que ele quer saber antes de termos uma simples
conversa durante um almoço!?
— Tem namorado? — Ergo uma sobrancelha.
Então vamos por este caminho. Ok!
— Não — respondo.
Ele continua:
— Noivo?
— Também não — afirmo.
— Algum ex querendo ser atual? — A minha vontade é de
gargalhar.
— Menos ainda. Posso saber o porquê do questionário? — inquiro,
ainda tentando me manter séria.
— Gosto de saber se tenho concorrentes — fala tranquilamente.
— Hum... Então lhe devolvo as mesmas perguntas, é sempre bom
saber onde estou pisando — aponto.
— Gosto de você, sério. — Os seus olhos têm um brilho tão lindo
que me hipnotiza. — Não tenho ninguém nem no presente e nem no
passado, já no futuro…
Ele não precisa continuar, os seus olhos dizem tudo. Ele me quer e
está disposto a tudo.
— Você tem um ponto, Tyler. Posso escolher o vinho? — mudo de
assunto.
— À vontade!
Passa-me a carta de vinhos. Escolho um Cabernet Sauvignon, meu
preferido.
— Alanna disse que você estava no Brasil — comenta casualmente.
A conversa iria começar por mim, então vamos lá.
— Estava. Fiquei uns três anos e meio por lá, se não fosse o meu
curso teria voltado antes, não suportava mais àquele lugar.
Enquanto termino de falar, o garçom se aproxima e nos pergunta o
que iremos pedir. Só então percebo que não tinha pensado no
que quero comer. Tento pensar em algo rapidamente, por fim pedimos o
prato da casa.
— Então, o que houve para que você não quisesse mais ficar lá? —
pergunta. Ergo uma sobrancelha, confusa pela pergunta. — Você disse que
não suportava mais — diz, tentando me situar. — Você não parece ser uma
mulher que não goste das terras tropicais. Em qual cidade estava?
— Rio de Janeiro. E não, eu não odiei a cidade. Na verdade, me
apaixonei e pretendo voltar mais vezes — explico. — Mas talvez seja uma
cidade onde um estrangeiro só deva ir a passeio e acompanhado.
— Uma cidade para casais? — sugere.
— Possivelmente sim, em uma lua de mel talvez. Ir com
amigos, acredito que seja uma opção melhor.
Sorrio. Tyler ergue uma sobrancelha.
— Posso saber por quê?
— Você já esteve lá? — devolvo.
— Algumas vezes.
— Então, com certeza conheceu as praias e as baladas — insinuo.
Ele sorri de lado. Bebemos um pouco do nosso vinho, o nosso olhar
preso um no outro.
— Algumas. Suponho que você aproveitou bastante. — O seu olhar
é questionador.
— Digamos que sim, quando conseguia me livrar do mala do meu
chefe e das horas extras que ele inventava. Babaca! — xingo, sem
conseguir conter a minha fúria.
Tyler está com os cotovelos apoiados na mesa e as mãos unidas
embaixo do queixo, os seus olhos estão fixos em mim. Isso é intimidador.
— Babaca? — pergunta.
— Sim, nível máster. — Rolo os olhos.
E mais uma vez ele sorri abertamente.
O mundo para de girar.
Como ele é lindo! Como pode ser tão lindo?
Parece até perfeito demais, algum defeito deve ter, penso.
Nossa comida logo chega. Ele olha para o meu prato sorrindo.
— O que foi? — pergunto intrigada.
— Pelo menos você não pediu salada — explica.
— Não sou muito fã de saladas, a não ser que tenha um bom
acompanhamento. Filé e fritas! — Fecho os olhos e gemo, só de pensar.
— Gosto de você! — repete.
Abro os olhos e ele está com o semblante sério, encarando-me
intensamente. Um arrepio gostoso percorre a minha espinha.
— Não vai parar de repetir essa frase? — brinco. — Nem de me
olhar desse jeito?
Essa intensidade toda me deixa nervosa. Totalmente fora do meu
estado normal. Se tem uma coisa que não sou é tímida, mas perto desse
homem me sinto completamente fora de mim.
— Não posso, sou muito sincero. E… estou te olhando porquê quero
que veja para onde a minha intenção está voltada: você.
— Me fale sobre você, Tyler. — Melhor mudarmos um pouco o
foco da conversa.
Vejo um sorriso brotar nos seus lábios.
— Mas você ainda não me disse nada — retruca.
— Sobre?
Começamos a comer e dou graças pela comida ser gostosa.
— Você!
Aponta com o garfo na minha direção. Bebo um gole do meu vinho.
— Acredito que já falei o bastante, mas vou te dar um incentivo e
assim quem sabe você comece a falar sobre você — devolvo. — Solteira,
vinte e oito anos, sem filhos, moro sozinha, formada em Gestão Financeira.
Sua vez! — Pisco.
— Solteiro, trinta anos, sem filhos, moro sozinho, Jogador de
Futebol Americano. Modelo apenas para algumas campanhas de trabalho:
marketing e tudo mais.
Está explicado o porte atlético e o sorriso safado. Adoro futebol,
mas os jogadores não têm uma boa fama.
Encontrei seu defeito, homem perfeito! penso. Quase solto um
suspiro de tão triste que fiquei com a descoberta. Já estava pensando em nós
dois rolando na minha cama. Não podemos ter tudo o que queremos.
— Interessante — digo desanimada.
Tyler capta a minha mudança.
— Qual é o problema? — Ele solta os talheres no prato e pega a sua
taça, bebe o vinho sem tirar os olhos de cima de mim.
Repito o seu gesto com os talheres e tomo um longo gole do meu
vinho.
— Encontrei seu “defeito” — digo por fim. Ele ergue uma
sobrancelha em desafio. — Jogador de futebol! Nada contra o esporte, até
gosto, apenas contra os jogadores. Não valem nada.
Bebo um pouco mais do meu vinho. Talvez eu devesse parar e ficar
só na água.
— Não devia generalizar — ele praticamente resmunga, deixando
claro o seu desgosto com o meu pensamento.
— Talvez. Porém, já vi e consolei muitas amigas
por sofrerem nas mãos de caras com lábia como a sua.
Pego a minha bolsa, abro a carteira e jogo algumas notas sobre a
mesa.
— É sério que serei crucificado pelos erros de outros caras? Pessoas
que sequer conheço. Você não devia me julgar sem me conhecer, Renata —
aponta.
Talvez ele esteja certo, mas prefiro não me arriscar e ser parte da
estatística.
Levanto.
— Até mais, Tyler!
Ele revira os olhos, não entendo exatamente o porquê.
— Nos vemos em breve, Renata.
Eu conhecia Tyler há menos de duas horas, mas era tempo suficiente
para que eu soubesse que ele era o homem mais interessante que havia
conhecido e perdido o meu tempo. Tempo suficiente para ter a certeza que
ele não mediria esforços para me provar que é diferente dos outros canalhas
que já conheci. Tempo suficiente para saber que ele virá com tudo para
cima de mim e... Sinceramente, eu estou ansiosa por isso.
— Nos vemos em breve, jogador!
02

Esfrego os olhos algumas vezes, na esperança de mandar o sono


embora e passo a mão pela cama em busca do meu celular. Quando o
encontro levo um susto com a hora.
— Droga! — exclamo.
É quase meio dia.
Por sorte não começo hoje no trabalho novo, porém os meus planos
de dar uma corrida foram por água abaixo. Como eu imaginava, deu tudo
certo na entrevista e começo na próxima segunda-feira. A empresa é ótima,
o salário condiz com a minha profissão, a carga horaria é excelente e o
ambiente de trabalho parece ser bom. Ao menos foi o que senti logo de
cara.
Depois da noite anterior, eu não conseguiria acordar cedo nem
mesmo se um raio caísse do céu direto na minha cabeça. Fiquei até tarde
pensando se não fui uma tola impulsiva com o Tyler, afinal ele não tinha me
feito nada. Só estávamos em um almoço, nos conhecendo e eu o descartei,
só por ele ser jogador de futebol.
Rolo os olhos para a minha idiotice.
— Com certeza eu fui impulsiva, como sempre — digo para mim
mesma.
Levanto da cama, coloco uma roupa qualquer e saio do meu quarto.
Sigo o corredor e dou de cara com Olívia, minha irmã mais velha, sentada
no banquinho da bancada da minha cozinha, tomando o seu café e lendo o
jornal. Um cenário incomum, visto que ela não mora comigo e nem dormiu
aqui, porém, tratando-se da minha irmã eu posso esperar tudo.
— Bom dia, bela adormecida!
— Bom dia, invasora. — Ela faz uma careta. — Posso saber como
você entrou aqui?
— Chave reserva embaixo do vaso, que você insiste em deixar ao
lado da porta. Aquilo é brega! — Revira os olhos.
— Meu vaso é lindo, você que é uma chata. Tinha me esquecido de
como você é uma insuportável invasora, se tivesse me lembrado teria tirado
a chave dali — resmungo.
Vou até a cafeteira e me sirvo de café.
— Também senti saudade, maninha. Estou bem e você, como
está? — indaga, ironicamente.
Bebo o meu café para despertar um pouco mais.
— Não seja irônica. Eu estou bem e sei que você também está, nos
falamos ontem pela manhã. Consegui aquele emprego e começo na segunda
— solto a novidade.
Ela praticamente dança no banquinho, ao mesmo tempo em que bate
palmas.
— Parabéns! Sabia que conseguiria, você é a melhor no que faz. —
O orgulho em sua voz me deixa feliz.
— Obrigada, Livy!
— Então, qual o lance com o Tyler Baker? — pergunta. Arregalo os
olhos e ela começa a rir. — Você achou mesmo que ninguém iria
saber? Está em todos os sites de fofoca.
Quase cuspo o meu café ao ouvir isso. Rapidamente corro até o sofá
e pego o meu notebook para ver essas notícias.
— Não existe lance algum — trato de dizer logo. Bebo mais um
pouco de café. Isso deve ser um pesadelo.
Como assim está em todos os sites de fofoca?
— Tem certeza?
— Como assim, Livy? Claro que tenho certeza. Seja mais clara,
sabe que ainda estou dormindo. Por que seria obvio estar em todos os sites
de fofoca?
— Primeiro me diga, desde quando você me esconde as coisas, Rê?
— pergunta ela mais séria, assumindo uma postura de irmã mais velha.
— Não estou escondendo nada, porque não tem nada para esconder.
Almocei com o Tyler ontem, foi legal, só isso. Eu mal o conheço. — Reviro
os olhos. — Até parece que eu iria querer algo com ele. Um jogador! —
resmungo por fim.
— Robert e eu ficamos na noite em que nos conhecemos, então... —
Ela parece querer mesmo arrancar algo de mim. Algo que não existe.
— Eu não sou você — aponto. Ela ignora o meu comentário com
um aceno. — Livy, me explica como você sabe que estive com ele? E não
tem lance nenhum, ok? Por que eu não estou encontrando nada? — bufo,
nervosa em minha busca.
— Está nos jornais, além dos sites de fofoca que falei antes. — Ela
me mostra o jornal que tem nas mãos e nele tem uma foto minha com Tyler,
tirada enquanto conversávamos diante do prédio. Ambos sorrindo e se
olhando fixamente.
— Minha nossa! — sussurro.
Enquanto olho o jornal ela pega o meu notebook e após digitar um
pouco o vira de volta para mim. Uma outra foto nossa: Tyler tocando o meu
rosto enquanto ainda estávamos parados próximo ao meu carro. Daquele
ângulo parecemos um casal apaixonado.
A manchete é bem sugestiva:

“O ASTRO DO FUTEBOL AMERICANO TYLER BAKER


PARECE ENCANTADO POR UMA BELA MORENA MISTERIOSA.
SERÁ QUE O NOSSO ASTRO FOI LAÇADO?”

Meu deus do céu!


— E então? — insiste ela. Suspiro.
— Eu não o conheço muito bem. Sai de casa ontem para almoçar
com a Alanna, mas de última hora ela teve um imprevisto e nos apresentou
— explico, com o mínimo de detalhes, conheço bem a minha irmã. — Ela
pediu ao Tyler para me acompanhar e foi isso.
— Ele é um gato! Mandou bem, maninha. — Ela não me ouviu?
— Mandei bem? Mandei mal, isso sim. Fui grossa com ele e sem
motivo aparente. E ainda estou sendo exposta em sites de fofoca — gemo
ao notar que falei demais.
— Bem, quanto a sua grosseria terá oportunidade de reverter isso no
sábado.
— Oi? — Olho-a espantada.
— Jantar na mamãe. Ele é um dos convidados. É amigo da família
— diz, como se eu não estivesse tão desinformada.
Por que sinto que ela está me escondendo algo mais?
— Oi? — repito.
Livy dá tapinhas na minha mão, que está apoiada na bancada entre
nós.
— Muitos anos fora, querida irmã. Robert é empresário dele e o
papai fã número zero.
— Caralho! — solto.
— Olha a boca suja!
— Vai à merda, Olívia.
Ela começa a rir, muito, da minha cara. Nunca fomos de ter pudor
uma com a outra, nossa mãe sempre fez questão de nos manter próximas,
mesmo tendo diferença de idade. Ela também é nossa amiga, além de uma
mãe maravilhosa.
— Mamãe faz questão da sua presença. Na verdade, segundo ela, o
jantar é para comemorar a sua volta para casa.
— E não deveria ser só entre nós? A família!
— Bem, ele é praticamente da família — diz, dando de ombros.
— Meu deus, quantos anos eu passei fora de casa? Mil? E por que
raios você ainda não tinha me contado nada sobre ele?
Olívia fez questão de contar sobre tudo e todos sempre que nos
falávamos por telefone ou por mensagem, não entendo por que ele ficou de
fora das novidades.
— Boa pergunta, maninha. Não sei, mas já aviso que o papai gosta
muito do Tyler, como se fosse um filho. Nem tente escapar, pois não terá
chance nenhuma, eles querem reunir todos nós. Acho que a ideia é
apresentar vocês. — Ela tem um sorriso de quem sabe demais, estampando
seu rosto.
— E eu não sabia da existência dele. Muito obrigada por isso, mana.
Eu não vou! — decreto.
— Estou dizendo que não adianta tentar fugir.
— Eu quero reencontrá-lo, quero me desculpar — sussurro. Estou
parecendo uma maluca, cheia de contradições.
— Ele é uma boa pessoa, Rê, não é à toa que foi bem recebido por
nós. Não faça nada que eu não faria. — Ela beija a minha bochecha. —
Estou indo. Qualquer coisa me liga.
Depois que Olívia vai embora, fecho o notebook e trato de ir
arrumar o meu apartamento, as minhas coisas ainda estão em caixas, tomar
um banho e organizar a minha vida ao invés de me preocupar com o que
estão falando por aí. Decido que quando encontrar o Tyler, perguntarei
sobre tudo isso que estão espalhando, com certeza ele tem algum relações
públicas que está cuidando de abafar ou desmentir as fofocas infundadas.

Às 19h00 chego à casa dos meus pais.


Dois dias passaram voando e apesar de morar tão perto dos meus
pais não consegui visitá-los, o meu apartamento estava uma zorra, sem
contar que precisava arrumar toda uma papelada para começar a trabalhar
na próxima semana. Ainda não sei como a imprensa foi tão rápida em
descobrir quem sou, visto que já recebi inúmeros telefonemas em busca de
informações de como conheci o Tyler e como nos apaixonamos. Mais uma
coisa que tive que lidar esses dias. Abutres! Até entendo que seja o trabalho
deles ir em busca de notícias, mas com tanta coisa para se noticiar, ficar
vigiando a vida das pessoas dessa forma não é legal.
— Que saudades, meu amor. — Mamãe me aperta em seus braços,
senti falta disso.
— Muita saudade desse abraço, mãe. — Beijo a sua bochecha várias
vezes. Ela sorri feliz. — Cadê o papai?
— O seu pai está no escritório com o Robert e o Tyler. Diga-me
que voltou de vez? — indaga.
— Sim, mamãe. Já tenho até mesmo um novo emprego — conto.
A minha mãe vivia reclamando por eu morar tão longe. Eu não
programei isso. Só sai de férias após o ensino médio e decidi ficar uma
temporada no Brasil, onde acabei fazendo a minha faculdade e morando por
alguns anos.
— Que maravilha, meu amor. Estava convencendo o seu pai a ir
buscá-la pelos cabelos e, claro, aproveitarmos um pouco da minha terra.
Sorrio, pois não duvido nada que ela fizesse mesmo isso. Mamãe é
carioca e sente falta do calor de lá, porém se sente bem mais em casa aqui
conosco. Ainda mais depois de tantos anos.
— Senti falta de casa — digo, ao abraçá-la um pouco mais.
O que é verdade. Estava farta do meu antigo emprego, das pessoas
daquele lugar, por serem tão invejosas, então voltei para casa. Nada melhor
do que estar com os meus.
— Vá ver o seu pai, ele está louco para vê-la — avisa, já me
empurrando na direção do escritório.
Paro.
— Não é melhor deixar ele à vontade? Posso falar com ele depois.
— Nem pense nisso ou ele vai me torrar a paciência ao dizer que
não dei o recado para ir vê-lo assim que chegasse. Ele está louco de
saudades.
Volta a me empurrar.
— Tudo bem! — Suspiro vencida. — Vou lá, então.
Corro do seu olhar inquisidor e sigo pelo corredor, logo estou
adentrando o escritório do papai. Vou direto para os seus braços, que estão à
minha espera. Assim que me viu entrar ele os abriu em um claro convite.
— Minha menina está em casa — exclama, beijando os meus
cabelos.
— Estou sim, papai. Senti saudade.
— Não faça mais isso com o seu velho pai.
— Não farei, pode ficar tranquilo. Voltei para ficar — aviso,
beijando o seu rosto com carinho.
— Eu não recebi um abraço desse, só ganhei patadas. — Ouço a
minha irmã resmungar.
Saio dos braços do nosso pai e vou até ela, lhe dou um abraço
caloroso.
— Pare de reclamar, sua chata. Robert! — Abraço o meu cunhado,
que está ao seu lado, o tenho como um irmão mais velho.
Então vejo Tyler sentado no sofá, conversando com uma moça.
Amber, sobrinha atirada do Robert. Ele parece entediado, mas ignoro.
— Como vai, pequena Renatinha? — pergunta Robert.
Ele me chama assim desde quando começou a namorar Olívia,
nunca reclamei. Sou baixinha e até gosto às vezes, só é ruim quando preciso
pegar algo no alto.
— Estou bem, e você?
— Melhor agora que você voltou, não aguentava mais todos
reclamando e chorando pelos cantos.
Rimos com o seu comentário.
— Acabei com a sua penitência. Sempre um prazer, cunhado —
zombo.
Ele beija a minha cabeça.
— Bem-vinda ao lar.
— Obrigada.
— Tyler, venha conhecer a minha pequena preciosidade — chama
papai.
Tyler foge como o diabo da cruz, do lado da abusada. Seguro a
risada que tenta escapar da minha garganta.
Quando se aproxima de mim ele foca o seu olhar no meu e o
mantém firme.
Com desejo?
Interesse?
O pensamento me faz sorrir por dentro. Com certeza eleva o meu
ego e auto estima, ter um homem lindo e bem-sucedido como ele babando
por mim e não pela mini Barbie que é a Amber. Devolvo o mesmo olhar em
sua direção, com a mesma intensidade. Não posso negar a atração que sinto
por ele e nem tenho porquê fazer isso.
Amber se levanta, passando na frente do Tyler e sou forçada a
cumprimentá-la primeiro.
— Bom que voltou, Renata — diz falsamente. É uma aprendiz de
megera.
— Voltei na hora certa — digo, enviando um rápido olhar na direção
do objeto do meu desejo presente ali.
— Tyler, podemos tomar um ar no jardim? — sugere ela, toda
manhosa, tocando o seu braço.
Ele se afasta sutilmente.
É impossível que seja tão tola a ponto de pensar que ele daria
alguma chance para ela. Está visível o seu desconforto ao seu lado. Tão
nova e já se oferecendo assim, devia estar pensando nos estudos e em
trabalhar que sairia ganhando bem mais.
— Você pode ir se quiser, Amber, eu vou ficar aqui e conhecer a
pequena Renatinha. — Um sorriso brinca em seus lábios enquanto nos
olhamos.
Amber se senta cabisbaixa no mesmo instante, ouço até mesmo ela
bufar. Coitado do meu cunhado que está responsável por ela aqui
Manhattan.
Tyler está de pé diante de mim, tenho que erguer um pouco a cabeça
para conseguir olhar em seus olhos, estando tão perto. Ficamos olho no
olho, a um sopro de distância. Parece que não existe mais ninguém no
ambiente.
— Olá, Tyler — cumprimento educadamente.
— Bom te ver, Renata — diz cautelosamente, talvez testando em
que situação estamos. — Você está linda.
Ele segura uma de minhas mãos e se afasta, dando-me uma olhada
geral. O seu toque envia arrepios por todo o meu corpo.
Fico sem graça com a sua análise tão minuciosa. Ele deve ter o dom
de me deixar tímida.
— Obrigada! Você está uma delícia — sussurro para ele, que sorri.
Pisco um olho.
— Quem te entende, Renatinha? Num dia me dispensa e no outro
fica me fazendo elogios — constata. Ele se aproxima um pouco mais e
coloca o meu cabelo atrás da orelha, como no dia em que nos conhecemos.
— Depois conversamos sobre isso — sussurra em meu ouvido, antes de
depositar um beijo na minha bochecha.
— Então vocês se conhecem? — pergunta o meu pai, despertando-
me do momento íntimo.
Ótimo momento para lembrar que tem mais gente à nossa volta e
dentre elas está o meu pai.
— Nos conhecemos está semana, Bill — comenta Tyler.
— Uma coincidência, papai. Fui encontrar com a Alanna e lá estava
o Tyler.
— Que mundo pequeno, não é!? — diz papai, parecendo muito
satisfeito.
Acabo fazendo que sim com a cabeça e me sento no sofá entre Tyler
e Amber, revezando a minha atenção entre todos os presentes enquanto
conversamos sobre as coincidências da vida.
Poucos minutos depois, mamãe entra no escritório para avisar que o
jantar será servido e assim seguimos para a sala de jantar e acabo, mais uma
vez, sentando ao lado de Tyler. Não que ele tenha me levado discretamente
para a cadeira ao lado da sua, com sua mão bem firme na minha lombar,
enquanto me guiava.
— Todo mundo — Robert chama. Ele espera por um momento, até
que o burburinho na sala de jantar morre e todos os olhos estão sobre ele.
— Obrigado por terem vindo. Cunhada, mais uma vez, seja bem-vinda ao
lar. — Mando-lhe um beijo em agradecimento. — Então, eu estou
especialmente feliz por estar aqui hoje para compartilhar com todos vocês
uma notícia maravilhosa.
— É o que estou pensando? — Mamãe leva uma mão a boca, os
olhos cheios de lágrimas.
— Estamos grávidos! — grita Livy, radiante de felicidade.
Mal tive tempo para processar o suspense.
— Vamos ser avós, Bill! Oh meu Deus! Parabéns, meu amor. —
Mamãe parece até mais feliz que a minha irmã e o seu marido.
— Parabéns, meus filhos! Finalmente vão me dar um neto, Robert.
— Papai bate nas costas dele em cumprimento.
— Sim, sim — diz Robert, todo orgulhoso.
— Fiquei para titia? — Faço um falso biquinho de tristeza.
— Quem manda fugir dos homens gostosos que correm atrás de
você — alfineta Livy. Vaca!
— Amor, eu estou aqui — resmunga Robert.
Sorrimos.
— Só tenho olhos para você, querido — diz ela.
— Parabéns, mana. Estou muito feliz por vocês. — Dou-lhe um
abraço apertado.
— Parabéns, Robert! Você será um excelente pai. — Ouço Tyler
dizer. — E você uma mãe tão maravilhosa quanto a sua, Olívia.
— Obrigado, Cara!
Os cumprimentos continuam e por um tempo o assunto do jantar
gira em torno dos preparativos e tudo mais que a chegada de um bebê exige.
Depois dos cumprimentos e felicitações comemos entre conversas e
brincadeiras, foi uma noite tranquila e gostosa em família. Exceto pela
Amber.
— Muitos homens atrás de você, está explicado porque levei um
fora épico como aquele — Tyler sussurra atrás de mim.
— Àquilo fui eu sendo uma tola impulsiva. Podemos nos falar
depois?
Ele acena um sim discretamente.
Decido ir embora logo após a sobremesa, não estava suportando
mais ver a pirralha se atirando para o Tyler e isso estava me consumindo a
mente. Ele tentando conversar com todos e ela exigindo atenção. Cansativo
demais.
Conforme ando pelo jardim, tenho a certeza de que enlouqueci por
sentir o que estou sentindo em relação as atitudes da pirralha. Um passo
mais e eu piso em falso, sinto que as minhas pernas enfraquecem.
Porra, vou dar de cara na grama.
Porém antes que eu possa cair mãos me seguram pela cintura. Tyler.
O seu cheiro é inconfundível e marcante. Assim que posso controlar as
minhas pernas, ele me vira de frente para ele. Desato a rir de como sou
desastrada. Ia dar de cara no chão e pagar o maior mico, além de talvez
quebrar o nariz.
Ele ergue a sobrancelha, surpreso com o meu ataque de risos.
— Será que é isso o que as pessoas querem dizer sobre ter uma
queda por alguém? — falo sem filtrar as palavras, conversando mais
comigo mesma do que com ele. — Acho que você já pode me soltar, Tyler,
não vou cair.
As suas mãos ainda estão firmes em minha cintura.
Tyler não atende o meu pedido, pelo contrário, me segura ainda
mais forte puxando-me de encontro ao seu corpo. É a deixa para eu agir por
impulso, já que é o que sei fazer de melhor. Coloco os meus braços em
volta do seu pescoço e em poucos segundos os nossos lábios estão colados e
as nossas línguas começam a se mover em uma sincronia gostosa.
O beijo do Tyler é quente e urgente. Delicioso!
Não sei quanto tempo ficamos ali nos perdendo em nosso momento.
As suas mãos me apertam mais de encontro ao seu corpo e posso sentir o
prazer em sua região pélvica. Solto um gemido. Quando o beijo acaba, não
resisto e dou uma pequena mordida em seu lábio inferior. Ouço um gemido
baixo sair da sua garganta.
Ficamos ali, um de frente para o outro, mudos, apenas nos olhando.
Estou sorrindo, ainda em êxtase pelo que acabara de acontecer.
— Renata... — Tyler geme o meu nome de um jeito tão gostoso. —
Me deixa te mostrar que sou diferente.
Vejo a verdade em seus olhos.
— Eu sei que você é diferente. — Não posso tratá-lo mal sem ao
menos conhecê-lo melhor, mas também não irei entrar de cabeça em algo
que sequer sei o que é.
Ele me dá um selinho.
— Jantar? Amanhã? — arrisca.
— Sim, eu aceito jantar com você — cedo com um sorriso.
— Ótimo! Vamos, eu te deixo em casa — oferece.
— Não precisa, eu moro aqui no condomínio, vou andando mesmo
— explico.
— Me deixa ao menos te acompanhar.
— Se você insiste! — Dou de ombros. — Tudo bem.
Afastamo-nos e começamos a nossa caminhada. Tyler segura a
minha mão na sua e me sinto uma adolescente sendo levada em casa pelo
namorado.
— Então, você voltou para ficar? — inicia.
— Sim. Aqui é a minha casa e onde está a minha família. Não podia
mais ficar longe deles.
— Você os ama. Fala com uma devoção inconfundível — aponta.
— Amo demais. E você, sei que tem uma irmã, me fale mais sobre
você, Tyler Baker?
Ele sorri de lado.
— Ela é o meu raio de sol. Somos apenas nós. Nossa mãe morreu no
parto dela e não conhecemos o nosso pai, ele foi apenas um doador de
sêmen. Fomos criados por nossos avós — resume.
— Sinto muito!
— Já faz tempo.
— E os seus avós?
— São maravilhosos. Moram um pouco distante, em Boston, fazem
falta. Visito eles sempre que consigo uma ou duas semanas de folga do
time. Trisha está morando com eles e assim que se formar na faculdade vem
morar aqui. — Olho para ele, confusa. — Minha irmã! — explica.
Aceno.
— Ela parece ser uma boa irmã, uma neta, uma boa pessoa.
— Ela é — diz, levando a minha mão aos lábios e beijando
levemente.
— Entendo. Sua vida deve ser muito corrida.
— É sim. Mais ainda quando estamos numa temporada, entre elas
fica mais leve.
Após nossa breve conversa um silêncio se forma entre nós.
Continuamos a caminhar na direção que leva ao meu apartamento e decido
tocar num assunto chato, porém necessário.
— Tyler, acredito que você tenha lido os jornais nos últimos dias.
Além, claro, de que o seu agente, a sua assessoria e sei lá mais quem, já
deve...
— Sim, já tive uma reunião com todos eles a respeito — ele me
interrompe. — Pode ficar tranquila.
Paro à sua frente, esperando que me diga algo mais, no entanto ele
não fala absolutamente nada. Acabo rolando os olhos.
— E? — incentivo.
— Eles me prometeram abafar por um tempo — fala, alisando a
minha bochecha.
Abafar por um tempo. Isso é bom ou ruim?
— Não entendi. — Franzo o cenho.
— Quero que possamos nos conhecer melhor e que seja uma
decisão em conjunto anunciar o nosso relacionamento para o mundo.
A minha expressão é de total incredulidade. Pisco várias vezes, não
acreditando no que ele acabou de dizer.
— Oi? Nosso relacionamento? — A minha voz não passa de um
sussurro.
A risada que Tyler solta é tão gostosa que eu juro, tenho vontade de
pular em seus braços e enchê-lo de beijos.
Precisa ser tão gostoso, homem perfeito?
— Eu quero você e você me quer, Renata. — O seu olhar é intenso,
a sua voz grave e a nossa proximidade um total perigo para a minha
sanidade, inexistente no momento. — Não adianta negar essa atração que
sentimos. Esse desejo mútuo de estar nos braços um do outro. É questão de
tempo para que eu tenha você, pois você já me tem.
— Minha nossa...
Em segundos eu estou em seus braços, sendo beijada por ele — ou
melhor, sendo consumida por ele. Tyler segura o meu rosto com ambas as
mãos, uma delas vai descendo por meu pescoço passando delicadamente
por cima do meu seio para em seguida cravar os dedos em minha cintura,
erguendo-me um pouco do chão. Enquanto a outra mão guia a minha
cabeça para encontrar o ângulo certo e é uma explosão quando as nossas
línguas se encontram. Gemo, entregando-me a toda a sua intensidade.
Agarro os seus cabelos pela nuca e puxo os longos fios, ele geme ao se
afastar um pouco para me olhar.
Tyler encosta a testa na minha, ambos estamos sem fôlego.
— Quero você, Renata. Quero muito. Pode parecer loucura. — Ele
olha para o céu e xinga. — Porra! Com certeza é loucura, mas eu te quero
demais. — Os seus olhos agora estão fixos nos meus e dessa vez sou quem
inicia o beijo.
Foda-se que parece loucura, eu sou maluca.
Quebramos o nosso contato, pois estava ficando difícil conter as
nossas mãos e o nosso desejo evidente um pelo outro. Não podíamos
esquecer que mesmo dentro do condomínio onde moro, estamos na rua e
expostos a muita coisa.
Empurro o seu peito, respirando com dificuldade.
— O meu celular continua a receber inúmeras chamadas de
repórteres. Fico me perguntando como eles conseguiram o meu número —
tento mudar o nosso foco.
Não tenho condições de responder a declaração dele. Não mesmo.
Eu não estou raciocinando direito. Apesar de que o meu beijo deve ter
falado por mim.
Ele me olha, noto que um pouco envergonhado.
— Devo pedir desculpas por isso. — Fico muito desconfiada.
— Tyler, você precisa começar a completar as frases de uma vez.
Não suporto esse clima de suspense.
Ele gargalha, então passa a mão pelo rosto e cabelos, voltando a
ficar sério.
— A minha nova assessoria que cometeu essa falha. Sinto muito
mesmo por isso. Ela está começando agora e achou que não seria nada
demais passar o seu contato para eles terem sua versão da história. — Ele
realmente parece arrependido, mesmo que não tenha culpa diretamente.
— E como ela tem o meu número de celular? — questiono.
Ele dá de ombros.
— Mistério dos agentes e assessores de impressa. — Levanta as
mãos em sinal de rendição. — Conheço a sua família, o seu cunhado é o
meu empresário, mas eu gostaria de conseguir essas informações com você.
Será que consigo?
Esse jeito meigo dele acaba comigo.
— Hum... — Finjo pensar. — Me dê o seu celular — Ele me passa
o aparelho e digito o meu número. — Pronto!
Olho para o prédio atrás de mim, do outro lado da rua, onde fica o
meu apartamento.
— Acredito que esteja entregue. — Ele morde o lábio inferior,
seguindo o meu olhar.
Imaginem um xingamento, sou incapaz de pronunciar um que esteja
à altura desse gesto tão fofo e sexy vindo dele.
— Sim — sussurro.
Fica difícil raciocinar com essa carinha linda à minha frente.
— Não vai me convidar para subir? — tenta. Isso realmente é
tentador!
— Não, não vou!
Sorrimos. Ele acena com a cabeça.
— Tudo bem. Até amanhã, Renata.
Tyler se aproxima e beija o canto da minha boca, o ponto formiga
assim que se afasta, então ele se vai deixando-me plantada, olhando a sua
silhueta sumir por entre a escuridão das árvores que ficam nos canteiros das
calçadas.
Balanço a cabeça em negativa e desperto. Atravesso a rua e entro no
prédio, pego o elevador e subo para o meu apartamento. Preciso dormir um
pouco para ver se desperto desse sonho.
03

— Então você vai mesmo sair com ele? — questiona Livy.


— E você tem alguma dúvida disso?
— Nenhuma! — Gargalha.
— Mana, sua irmãzinha aqui está precisando de sexo quente e
suado. E. se o beijo dele foi tão intenso ao ponto de me deixar molhada…
não quero nem pensar no resto.
Abano-me, mesmo que ela não esteja me vendo.
— Quero todos os detalhes amanhã. — Ouço Livy bater palmas,
empolgada.
Estamos conversando pelo celular e com certeza ela está no viva
voz.
— Não mesmo, mas prometo dizer se foi bom ou não.
— O que custa me contar, Rê?
— Olívia, você não está pedindo para saber como é outro homem
na cama. Eu me recuso a acreditar nisso. — Escuto Robert reclamando.
— Meu Deus… Livy, você está no viva voz com o Robert do lado?
Eu sabia! Minha irmã é surreal.
— Amor, fica calmo que só estou atiçando a Renata e, maninha, ele
é o meu marido. Não escondo nada dele.
— Você não existe, Livy. Beijos!
Encerro a chamada ainda ouvindo os dois discutindo.
A minha irmã é maluca, sorte dela que o Robert beija o chão que ela
pisa. Estou muito feliz pelos dois, que sempre sonharam em ter um bebê e
após anos de tratamento conseguiram. Vou ser uma tia muito babona.
Pego uma Budweiser na geladeira, ligo o som e me jogo no sofá da
sala.
O meu apartamento é pequeno e íntimo. Meu cantinho! Gosto dele
assim. Moro em um condomínio fechado, o mesmo em que a minha família
mora. Papai não me deixou ir tão longe. Não depois de passar anos pelo
mundo, como ele diz e, também porque ele quer as suas filhas perto o
suficiente. Mas não me importo, ao menos tenho o meu espaço e o bônus de
estar perto deles. A casa da minha irmã fica ao lado da dos nossos pais.
Papai é americano e mamãe brasileira, eles se conheceram em uma
viagem que ele fez ao Brasil, foi amor à primeira vista e essa paixão já dura
35 anos. Idade da minha irmã. Amo a minha família! São a minha força, o
meu alicerce.
Penso no Tyler e em como a vida nos prega surpresas, ele está se
mostrando uma bela distração. Algo surpreendente e inesperado que estou
adorando. Sorrio com o rumo dos meus pensamentos.
— Três dias… Acorda, Renata. — Me dou um tapa no rosto.
Ele me pediu um jantar e terá, vamos ver do que ele é capaz para me
ter em seus braços. Sei que terá muito trabalho... ou não.
Hora de dormir!
Já passa da meia-noite e eu aqui divagando.
Desligo o som e sigo para o meu quarto. Ouço o toque de
mensagens em meu celular, o pego e deito na cama. Abro o aplicativo de
mensagens e dou de cara com uma mensagem do Tyler. Ele havia me
enviado uma foto desejando boa noite. Era uma foto dele deitado numa
cama, só de cueca boxer e com o peitoral todo à mostra.
Minha nossa senhora das mulheres que estão necessitando de sexo!
Imediatamente salvo o seu número. Sorrindo, me sinto atrevida o
suficiente para enviar o meu boa noite. Subo um pouco a minha camisola e
tiro uma foto bem sensual das minhas pernas. Mordo o lábio enquanto
espero que visualize e responda.
Em segundos ele está online e digitando.

Jogador: Assim eu não vou conseguir dormir, Destino!


Renata: Destino?
Jogador: Sim. Você é o meu Destino!
Renata: Deixa de ser bobo, Tyler.
Jogador: Você me faz assim… É o destino!
Renata: Minha nossa como isso é brega kkkkk
Jogador: Uau! Posso superar isso se me mandar mais uma foto.
Renata: Outra?
Jogador: Me mandando beijo de boa noite. Infelizmente eu preciso
cair na cama ou o treinador me mata, tenho jogo amanhã e preciso
descansar.
Renata: Não é melhor desmarcar o jantar?
Jogador: Não mesmo. Não vou perder a chance de estar com você.
Vai ser um jogo difícil e ver você logo depois será um bálsamo.
Renata: Está sendo bobo de novo… Então, deixamos o restaurante
para outro dia, vou preparar algo pra nós aqui em casa mesmo.
Jogador: Perfeito!
Renata: Será apenas um jantar, Tyler!
Jogador: Eu não disse outra coisa. Estou esperando a minha foto,
Destino.
Renata: Boa noite, Tyler! Boa sorte no jogo de amanhã.
Jogador: Não faz isso comigo :(

Não mando a foto e saio do aplicativo. Logo recebo outra


mensagem dele desejando boa noite. Espero alguns segundos e mando a
foto que ele pediu com a legenda “Boa noite, Tyler! Sonhe com o seu
destino ;)”
Durmo com um sorriso bobo estampado em meu rosto.
Destino? Como ele é fofo!
Talvez eu devesse acreditar que foi mesmo o destino que nos
aproximou, ainda assim prefiro pensar que foi mera coincidência, já que
seria apresentada a ele de toda forma visto que é amigo do meu pai.

Acordo na manhã seguinte, bem-disposta e com todo gás. Visto uma


das minhas roupas de malhar e saio para dar uma corrida matinal pelo
condomínio mesmo. Adoro fazer isso, porque me deixa pronta para o dia
que está por vir.
Dou uma volta na quadra e tenho uma bela surpresa.
Ou seria o destino?
Diante de um lindo carro, que está estacionado em uma casa enorme
do condomínio, está Tyler Baker. Ele está entrando no veículo quando me
vê, então volta para me esperar chegar perto dele.
Ele também mora aqui?
— Bom dia, Destino! — cumprimenta-me.
Sorrio.
— Bom dia, Tyler. Você mora aqui? — pergunto logo de cara. Não
vou ficar me corroendo de curiosidade.
— Assim como você. Somos vizinhos. — Pisca um olho.
Mais uma coincidência.
— Essa foi a única exigência do papai, morar perto deles —
esclareço.
— Bill é uma excelente pessoa.
— Soube que ele é seu fã.
Ele sorri de um jeito tímido que acho fofo.
— Ele gosta do que faço em campo. Somos bons amigos.
Aceno. Ele olha para o carro, fecha a porta e num piscar de olhos
estou sendo prensada contra ela.
— Estou te atrapalhando — afirmo.
— Isso nunca. Você é o melhor presente que o destino poderia me
dar.
Toco o seu rosto, num impulso, querendo sentir a aspereza da sua
barba por fazer. Ele é tão sexy! Exala um poder de sedução avassalador que
me deixa sem ar.
— Vai mesmo ficar me chamando assim? — questiono.
— Não vejo melhor forma, estamos sempre nos encontrando. Você
está no meu destino — diz com fervor.
Muito intenso! Esse homem já roubou a minha sanidade.
— Você é um bobo, Tyler.
Eu tenho um sorriso bobo estampado em meu rosto. Ele encosta o
seu nariz no meu e beija os meus lábios bem de leve. Apenas um sussurro,
diante do que trocamos ontem à noite.
— Só se for por você. — Seu celular apita e ele faz uma careta. —
Tenho mesmo que ir. Nos vemos a noite?
— Com toda certeza. O que você gosta de comer?
Ele sorri de lado. Me olha dos pés à cabeça de um jeito bem
malicioso, por fim balança a cabeça em negação. Como se quisesse limpar
os pensamentos. Adoraria saber o que se passou por usa mente.
— O que você fizer está bom para mim, só faça muita comida. Saio
do jogo faminto e preciso repor as energias.
— Pedido anotado.
— Vai assistir ao jogo? — pude sentir o pedido em sua voz.
— Provavelmente… digamos que fui intimada pelo papai —
confesso.
— Perfeito! Assista, irei marcar um touchdown para você. — Pisca
um olho.
— Promessa é dívida, hein — aponto.
— Eu cumpro as minhas promessas — sussurra. Que voz!
— Até a noite, jogador! — Empurro Tyler, que não se afasta um
milímetro sequer.
— Até a noite, destino!
Beija os meus lábios, deixando-me de pernas bambas como na
primeira semana de academia.
Afastamo-nos e ele se vai.

Eu sou curiosa e assim que chego em casa vou pesquisar sobre o


Tyler. Me julguem.
Não foi difícil encontrar, bastou digitar o nome dele no campo de
busca do Google que apareceu um monte de coisas. Desde a sua infância à
vida adulta, do seu primeiro salário como ajudante em uma lanchonete ao
valor exorbitante que conseguiu depois que virou uma estrela do futebol
americano, da sua primeira namorada às noites de farra com os amigos de
time. Tyler é cercado de mulheres por todos os lados. Fotos dele beijando
uma ruiva na quinta, loira na sexta, morena no sábado e no domingo
gêmeas.
Não é mulherengo!
É diferente dos outros!
Humpt!
O meu celular toca e atendo sem nem ver quem é.
— Alô!
— Papai quer saber se você vem ou não? — solta Livy.
— Bom dia para você também — ironizo.
— Bom dia! Vem ou não? — Reviro os olhos.
— Não tenho muitas opções — resmungo.
Àquela maldita pulguinha do ciúme está me mordendo, só não
entendi o porquê disso. Devo ser realista que seu passado não tem nada a
ver comigo. Acabamos de nos conhecer e o passado dele não vai deixar de
existir só porque ele quer entrar na minha calcinha.
Clico na foto e vejo a data, foi na semana passada, após um jogo.
Bufo. Semana passada.
Ele pode ter mudado em tão pouco tempo? Certo, ainda assim é
passado.
— Desembucha logo. — Ouço Livy gritar. — Renata, você está aí?
— Vou tomar banho e já chego aí — falo, ignorando o seu
questionamento.
Ela não precisava me conhecer tão bem.
— Sabe que não vou sair do seu pé, até que me fale — avisa.
E como eu sei disso. Ela sabe ser insistente quando quer.
— Conto quando chegar, pede para a mamãe fazer uns coquetéis pra
gente — peço. — Sem álcool para você.
— Tolinha! Vem logo.
Desligo o celular, fecho o notebook e sigo para o banho, tomo um
bem relaxante. Como o tempo está fresco opto por vestir um short, regata e
sandália de dedo. Pego as chaves, o meu celular e vou para a casa dos meus
pais.
Não é muito longe, mas também não é na próxima esquina. Aqui no
condomínio tem a área dos apartamentos, das casas de família e das casas
para solteiros. A diferença? Os solteiros têm total liberdade para fazer as
suas farras sem que incomode as famílias conservadoras que preferem
àqueles almoços bem tranquilos de domingo que dão sono. A casa dos meus
pais fica nessa área, a umas três quadras do meu apartamento. A casa do
Tyler fica a uma quadra.
Perto demais!
04

— Cheguei, família — grito, assim que passo pela porta de entrada.


— Bom dia, filha — papai responde da sala.
— Bom dia, papai. — Vou até ele e beijo a sua bochecha. — Cadê a
mamãe?
— Confabulando com sua irmã na cozinha — responde Robert,
entrando na sala. — Bom dia, cunhada.
— Bom dia, Robert. Bom, vou lá confabular também. — Pisco um
olho.
Eles riem.
— Depois volte para assistir ao jogo com a gente.
— Volto sim, pai. Estou louca para ver o tão famoso Tyler em ação.
Ele me fez prometer, no jantar de ontem, que assistiria um jogo do
Tyler para ver quão brilhante ele é em campo. Pelo visto o meu pai gosta
mesmo dele.
— Não vai se arrepender, o meu garoto joga muito — gaba-se
Robert.
— Você não devia estar lá com ele? — indago um pouco confusa,
não entendo esses detalhes.
— Hoje ele está nas mãos da Amber — franzo o cenho, ainda mais
confusa.
— Não entendi — questiono.
— Ela é assessora dele — explica com essa simples e impactante
frase.
Sabe aquele tique nervoso em que você sente o seu olho piscar
involuntariamente? O meu está assim neste momento. Vadia dos infernos!
Está mais do que explicado os olhares que ela me lançava no jantar. Foi ela
quem deu o meu número para a impressa.
— Assessora… Que interessante! — Controlo os meus instintos,
afinal estou louca para matá-la.
Robert me olha em dúvida.
— Na verdade, ela está em experiência, até o momento tem se saído
muito bem. Tyler está gostando do trabalho dela — conta orgulhoso da
sobrinha.
Não sabe a peste que ela é.
Aceno positivamente. Por que eu estou me sentindo um “homem
das cavernas”?
— Isso é bom. Espero que dê tudo certo para ela — digo, trincando
os dentes. — Eu vou para a cozinha, preciso de um daqueles drinks da
mamãe. Quando começar o jogo me chamem.
— Pode deixar, filha.
Papai já está sentado no seu sofá, uma cerveja na mão e o controle
remoto da televisão na outra. Deixo os dois na sala e sigo para a cozinha.
Encontro a minha mãe colocando uma travessa de batatas no forno e a
minha irmã sentada em um banquinho que fica próximo à ilha que tem no
centro da cozinha. Sento-me ao lado dela.
Sei bem porque estou furiosa e me sentindo um “homem das
cavernas”. Estou puta não só pela privacidade invadida, como por também
saber quão próxima ela é do Tyler. Àquela vaca fez de propósito, só para me
intimidar e fazer eu me afastar dele. Deu o meu número e sabe-se lá mais o
que para a imprensa, eu não sou famosa e somente alguém que me conhece
para me reconhecer naquelas fotos. Ela não sabe com quem mexeu.
— Mãe, eu preciso de algo forte — peço.
— Acordou com o pé esquerdo? — pergunta Livy.
Mamãe me serve uma taça com o seu coquetel milagroso, ele me
acalma. E me deixa bêbada, muito bêbeda, se eu beber mais de três ou
quatro. Provo um pouco e, como sempre, está divino. Nunca descobri todos
os ingredientes, só sei que a vodca é um dos principais.
— Conte-nos o que aconteceu, filha — pede, já se apoiando na ilha
e me olhando com curiosidade.
A minha mãe não existe.
— Tyler aconteceu — gemo.
Apoio os meus cotovelos na bancada e seguro o meu rosto com
ambas as mãos. Sequer temos algo sério e já estou metida nessa confusão
toda
— Vocês ficaram? — grita Olívia.
A fulmino com o meu melhor olhar de morte.
— Pelo amor de Deus, Livy, fala baixo — resmungo.
— Mas vocês se conheceram ontem ou não? — indaga mamãe,
olhando entre nós.
— Nos conhecemos na quarta-feira, no dia da minha entrevista, para
ser mais exata.
Explico tudo para ela que por um milagre ainda não sabia de todos
os detalhes, visto que minha irmã adora contar esse tipo de coisa para
mamãe, estou surpresa. Essas duas são duas casamenteiras.
— E ele está caidinho por ela, mãe. Só se for uma tola para não se
jogar nos braços daquele homem gostoso. A senhora não percebeu como ele
a olhava ontem à noite?
— Controle os seus hormônios, Livy — Jogo as mãos para o alto.
— Sua irmã está certa, ele é muito bonito. Ah, se eu tivesse a idade
dele e fosse solteira.
— Mamãe! — gritamos Livy e eu.
— O quê? Também sei admirar a beleza masculina. — Ela revira os
olhos. — Não sejam hipócritas.
— Deus, como eu amo essa mulher! — Dou um abraço na minha
mãe. — A senhora é incomparável, incorrigível. — Beijo a sua bochecha.
— Melhor mãe e amiga que poderíamos ter.
— Assino em baixo, nossa mãe é perfeita. — Livy puxa o meu
braço, fazendo-me sentar novamente na banqueta ao seu lado. — Agora
trate de nos contar tudo o que rolou.
— Como ela é sútil.
— Para de nos enrolar e conta logo, Renata. Até eu estou me
corroendo de tanta curiosidade. Como não fui notar os olhares entre vocês?
Gargalhamos.
— Fomos discretos. — Bebo um pouco mais do meu coquetel.
— Tão discretos que ele saiu logo depois de você — alfineta Livy.
Rolo os olhos.
— Ele me levou em casa. Não rolou nada... — trato logo de
esclarecer quando vejo a empolgação delas.
— E você está perturbada desse jeito? Quero nem ver depois que
forem para os finalmente — diz minha irmã, balançando as mãos no ar.
— Se continuar me interrompendo não falo mais nada.
— Não vamos mais interromper. — Mamãe empurra uma tigela
com salada de frutas para Olívia. — Coma e deixa a sua irmã falar.
— Continuando… nos beijamos ontem, quando fomos embora e
hoje mais cedo quando o vi parado na calçada da casa dele. Você não me
disse que ele mora aqui no condomínio, irmã ingrata — acuso. — Enfim, eu
aceitei o convite dele para jantar.
— Ah, estou gostando de como estão se aproximando, não posso te
contar tudo sobre ele ou perde a graça — fala, enquanto mastiga a sua
salada.
— E qual o motivo da revolta? — pergunta mamãe.
— Cai na besteira de pesquisar sobre ele na internet. Fiquei com
ciúmes e não me perguntem por quê.
— Hum... — Livy não para de comer, aponta a colher na minha
direção e fala de boca cheia mesmo. — Ele deve beijar muito bem. —
Mastiga um pouco. — E a pegada deve ser melhor ainda.
Gemo só de lembrar das suas mãos passeando por meu corpo,
segurando com tanta firmeza e posse. Deus do céu!
Fecho os olhos.
— Ele beija muito bem, fiquei de pernas bambas. Tem uma pegada
forte. — Abano-me. — Com certeza sabe o que fazer com uma mulher na
cama.
Abro os olhos e ambas estão me encarando com um sorrisinho torto.
— Minha nossa senhora, ele deve ser muito bom em tudo o que faz.
Se com apenas um beijo você já está apaixonada não quero nem pensar
quando chegarem aos finalmente, como diz sua irmã.
— Mamãe, eu não estou apaixonada — nego. — Apenas encantada
com o poder de sedução do Tyler. Não nego que ele seja muito bonito, sexy,
beija maravilhosamente bem, mas não passa disso. — Elas me olham
céticas. — Ah, por favor, também não estou tão carente assim que vá cair
de amores pelo primeiro que aparece.
— Tá bom! — acena Livy, totalmente descrente. — E onde vai ser
esse jantar?
— Lá em casa, já que ele tem o jogo e vai estar cansado. Concordei
que será melhor do que irmos a um restaurante.
— Além de ser conveniente também, melhor do que motel.
Bufo com o comentário dela.
— Eu não vou transar com ele, Livy. — Elas me olham com a
sobrancelha erguida. Rolo os olhos e assumo: — Não hoje.
Sorrimos.
— Faz muito bem, vocês podem jantar amanhã de novo e depois de
amanhã e depois e depois...
— Mamãe! — Gargalho. — Não vou transar com ele agora, ainda
estamos nos conhecendo.
Melhor não contar sobre a Amber agora, não quero estressar Olívia
e nem Robert, afinal o Tyler me disse que está tudo sob controle. Tomo um
gole generoso do meu coquetel, para tentar acalmar um pouco os meus
nervos aflorados com toda essa conversa sobre sexo com o Tyler. Não quero
ficar pensando naquelas mãos e língua passeando por todo meu corpo e...
Droga!
Volto a minha atenção para a conversa.
— Não dou uma semana e a senhora? — indaga Livy, apontando a
colher para a nossa mãe.
— Três dias! — decreta ela. — Se ele é tão bom com a sedução
como diz, sua irmã não vai conseguir fugir por muito tempo.
— Ei, eu estou aqui e ouvindo tudo — protesto.
— Sabemos disso, querida. — Mamãe dá tapinhas na minha mão.
— Vocês são impossíveis — Termino o meu coquetel. — O almoço
está pronto?
— Fiz o básico, o seu pai ficou de fazer o churrasco depois do jogo.
— Hora do jogo! — grita papai da sala bem na hora.
Todo o condomínio deve ter escutado.
— Vamos lá, esse jogo promete fortes emoções — exclama mamãe.
— Ele me prometeu um touchdown — digo, enquanto seguimos
pelo corredor rumo à sala.
Elas batem palmas, empolgadas.
— Ele irá cumprir a promessa, é o melhor jogador do time — afirma
mamãe, toda orgulhosa.
Chegamos à sala e papai me chama para sentar ao seu lado, já sei
que vai passar o jogo inteiro tecendo elogios para o Tyler. Preciso lembrar
de perguntar a mamãe o porquê disso, já que ontem durante o jantar foi a
mesma coisa. Ele derramou uma enxurrada de elogios sobre ele; o melhor
jogador do time, um rapaz de caráter, respeitador, responsável, um
excelente partido.
Sinto que querem me casar com ele sem que nós dois possamos
sequer protestar.

Duas horas mais tarde estávamos reunidos no quintal, papai na


churrasqueira juntamente com Robert. Eu, mamãe e Livy sentadas à mesa
nos fartando de comida e bebida.
O jogo foi… intenso. Uma chuva de homens gostosos diante dos
meus olhos e muita porrada. Não sei como conseguem se bater tanto e ainda
saírem vivos de campo. Papai vibrou o tempo inteiro, o seu menino havia
sido — mais uma vez — o melhor em campo.
Eles ganharam e Tyler marcou um touchdown. Nesse momento ele
procurou a câmera mais próxima, apontou o dedo indicador para a tela e
piscou um olho. Eu me contorci em meu lugar, enquanto Livy me olhava
atentamente. Não fiz a menor questão de esconder o sorriso bobo que
tomou conta da minha face.
— Mãe, por que o papai elogia tanto o Tyler para mim?
— Acha ele um bom partido — diz simplesmente.
— Isso eu pude perceber sozinha, mãe. Quero saber onde eu entro
nessa história?
— Não acredito que está me perguntando o óbvio, Renata — fala
bem tranquila, ao passo em que bebe o seu coquetel.
Ela já está bem alta. Acredito que a única totalmente sóbria seja a
minha irmã, visto que não pode ingerir álcool e Robert, que está mantendo
os olhos bem abertos sobre ela. Está pior que um cão de guarda em torno da
Olívia.
— Tinha as minhas esperanças. — Viro o meu copo, a bebida desce
gelada e acalma os meus ânimos. — Papai precisa parar de tentar me casar
com os amigos dele. É cansativo ficar dando fora neles, ainda mais que
tenho de ser educada — bufo.
— Se eu fosse você não reclamava, pois dessa vez não é um cara
feio, filho daqueles amigos chatos dele — aponta Livy. — Tyler é um gato,
aparentemente um excelente partido em todos os sentidos.
— Concordo com a sua irmã. Outro ponto importante é que o seu
pai nem precisa se esforçar tanto, já que vocês estão caminhando para se
tornarem um casal sozinhos.
— Nós... Argh. — Rolo os olhos. — Eu vou ignorar esses
comentários. Para o bem da minha sanidade mental.
— Olha só quem chegou — grita papai.
Viramo-nos para a entrada da cozinha e lá está ele, com Amber
pendurada em seu braço
— Bom jogo, rapaz.
Eles se cumprimentam e papai não para com os elogios em relação
às suas jogadas.
— Ele tem passe livre aqui em casa? — questiono, lembrando que a
empregada está de folga e não tinha ninguém para abrir a porta.
— Nem sempre escutamos a campainha quando estamos aqui nos
fundos, então como ele não sai mesmo daqui o seu pai deu essa liberdade.
— Hum... — A pequena interesseira não larga dele. — Tem cola nos
braços deles?
— Não está apaixonada, mas o ciúme está forte — alfineta mamãe.
— Acho bom ficar de olho, porque a Amber não mede esforços para
chamar a atenção de Tyler — avisa Livy.
— Não precisei me esforçar em nada — resmungo.
— Isso vai ser divertido, mãe.
— Já está sendo.
Ambas riem. Rosno ao me levantar.
— Suas chatas! Vou pegar mais um drink.
Entro na casa, deixo a minha taça na pia e subo as escadas para o
meu antigo quarto, preciso ir ao banheiro me refrescar. Com certeza os
drinks da mamãe estão fazendo efeito, eles, combinado com a minha libido
e a minha fúria, estão me deixando no limite.
O quarto continua do mesmo jeito, mamãe mantém assim. Eu saí de
casa aos vinte e dois anos de idade, demorei para sair das asas do meu pai e
agora que voltei ele me fez morar perto deles. Passei cinco anos fora e
parece que foi ontem ao olhar para esse lugar.
— Acho que já bebi demais, vou tomar um banho.
Pego lingerie e roupas limpas no closet e jogo em cima da cama.
Entro no banheiro já me despindo. Ligo o chuveiro e recebo o frescor da
água gelada, o calor está insuportável hoje. Fico ali tempo suficiente para
sentir o álcool se esvair do meu corpo e da mente. Estava a ponto de
cometer uma loucura, como beijar o Tyler na frente de todos —
principalmente da Amber — e mostrar que ele é meu. O que é uma
insanidade tremenda, ele não é nada meu.
— Tyler, seu gostoso de uma figa, o que você está fazendo comigo?
— grito.
Espalmo as mãos na parede do box e deixo a água cair na minha
cabeça.
Respiro fundo e decido que está na hora de voltar lá para baixo.
Desligo o chuveiro, abro o box e tateio a parede em busca da toalha que é
colocada em minha mão.
Rapidamente abro os olhos.
— Eu não sei o que estou fazendo com você, mas adoraria saber o
que você está fazendo comigo. — Sua voz está rouca, um tom de quarto
delicioso. Tipo quando um homem goza e se sente saciado.
Enrolo-me na toalha, sob o seu olhar atento.
— Droga! Que susto você me deu. Sai do meu banheiro, Tyler. —
Aponto para a porta.
— Me obrigue — desafia.
— Eu vou gritar — ameaço.
Ele ergue uma sobrancelha e cruza os braços bem torneados sobre o
peito musculoso, coberto por uma camisa preta que destaca todos os seus
atributos físicos. Detalhes demais estão sendo captados por meus olhos.
— Duvido — provoca.
— O que você quer aqui? — Coloco as mãos na cintura.
— Falar com você.
Aceno.
— Me deixe ao menos vestir uma roupa.
— Por que deveria? A vista do seu corpo molhado é muito sexy.
Sinto o meu sexo vibrar. Se ele pensa que vou recuar, está muito
enganado.
— Sem problemas, então, pode falar.
Ele sorri ao se recostar no batente da porta.
— Quer dizer que sou gostoso? — pergunta.
Sorrio. Ele não me conhece.
Dou de ombros.
— Aparenta ser… Não provei, então não tenho total certeza.
Os seus olhos faíscam.
— Eu gosto pra caralho de você, Renata. — Se aproxima
perigosamente. — Sua sinceridade e ousadia me deixam de pau duro.
Tyler pega a minha mão e posiciona sobre o seu membro, e
realmente ele está duro, muito duro. Devo dizer que o instrumento é bem
avantajado.
Dou um leve aperto e ele geme de olhos fechados.
— E isso é bom?
— Será melhor ainda quando você fizer isso sem a barreira das
roupas.
Tão descarado!
— Quem sabe mais tarde. — Pisco um olho.
— Promessa é dívida — desafia-me.
— Costumo cumprir as minhas promessas. Aliás, obrigada pelo
touchdown.
— Ao seu dispor, destino.
Sem demora ele me empurra na parede e devora a minha boca em
um beijo sem igual. A sua língua encontra a minha com urgência. Suas
mãos se infiltram por meus cabelos curtos e ele puxa a raiz, gemo em sua
boca. As minhas mãos passeiam sem pudor por seu tórax durinho e bem
definido. Quero passar a língua nesse tanquinho e me deliciar.
— Podemos remarcar o jantar? — sussurra, nossos lábios ainda
colados.
Empurro o seu peito.
— O quê?
— A equipe marcou uma comemoração em um clube e estou sendo
intimado a ir.
Que belo banho de água fria na minha libido.
— Hum... A gente pode ver isso depois — desconverso.
Afasto-me e saio do banheiro, ele vem logo atrás.
— Quer ir comigo? — O seu tom de voz parece incerto.
— Não, obrigada. — Abro a porta do quarto. — Se me der licença,
eu preciso me vestir e voltar lá para baixo.
Ele fecha a porta. Me olha e olha.
— Na verdade, eu estou te intimando a me acompanhar, quero que
vá comigo. — Agora o seu tom é de comando e tem muito mais firmeza
que o seu convite anterior.
Estreito os olhos.
— Acho que não é uma boa ideia.
— E por que não?
— Seu time e mais um monte de mulher oferecida ao redor? Não é
uma boa oferta para mim.
— Nem sempre é assim. — Ergo uma sobrancelha. — Em sua
maioria das vezes é assim — confessa.
— A gente se vê depois, Tyler. Vai lá comemorar o jogo e a vitória
do seu time. Aliás, parabéns você foi ótimo em campo. Podemos remarcar o
jantar para outro dia sem problemas — falo o mais natural possível.
Confesso que fiquei um pouco chateada, mas posso sobreviver.
— A questão é que eu quero você lá comigo. Quero comemorar com
você ao meu lado. — Puxa-me para o círculo dos seus braços. — Você não
será a única mulher conosco…
Ele alisa o meu rosto para afastar os meus cabelos molhados. Os
seus olhos me avaliam.
— Disso eu tenho certeza e não quero ser taxada como uma delas.
As minhas mãos repousam em seu peito.
Inconscientemente subo uma das minhas mãos e com o indicador
toco o seu maxilar, faço um carinho em sua barba. Seu rosto é tão marcante.
Lindo de um jeito tão natural.
— Eu quis dizer que alguns dos caras são casados e as esposas
estarão presentes.
Olho para ele.
— Sério. Não tem problema algum da gente remarcar o nosso jantar
— insisto.
— Se você não for comigo, eu não vou. Está decidido — devolve.
— Chantagem? — provoco.
— Está funcionando? — Morde o meu pescoço.
— Tudo bem. Me passa o endereço que encontro você no local.
— Vamos juntos. Só vou passar em casa para tomar um banho e
mudar de roupa.
— Prefiro ir no meu carro. Não vou demorar muito, pois amanhã
tenho trabalho — aviso.
— Eu volto com você.
— Tyler, eu vou no meu carro — decreto.
Ele assente.
— Entendido. Te passo o endereço por mensagem.
— Agora sai daqui antes que o meu pai chame o padre para nos
casar.
— Não seria má ideia — diz, com um sorriso malicioso.
— Cai fora, Tyler.
— Até daqui a pouco, destino!
Beija os meus lábios e se vai.
É, a noite promete!
05

Chego na boate vinte minutos atrasada do horário combinado, culpa


do maldito trânsito de Nova York. Se durante o dia essa cidade pega fogo, a
noite o caos se instala. Entro sem maiores dificuldades, já que o Tyler havia
deixado o meu nome com o segurança e me informado isso na mensagem
que mandou juntamente com o endereço da casa noturna. Surpreendeu-me
ele não estar plantado na porta à minha espera.
O lugar parece pulsar tanto quanto um estádio de futebol em plena
final de um campeonato. Muitos corpos se balançam no ritmo da música,
que embala o ambiente. Vou me esquivando em busca da área Vip e logo
encontro as escadas que dão acesso ao espaço privado. O segurança coloca
uma pulseira em meu pulso e libera a minha subida assim que digo o meu
nome. Quanta praticidade!
Subo e não é surpresa alguma me deparar com o time completo
fazendo muita baderna. Eles parecem muito felizes. Várias bebidas sendo
servidas, muita comida e mulheres... Para todos os gostos. Começo a me
sentir arrependida, quando vejo a vadia da Amber cercando o Tyler. Os seus
olhos encontram os meus e ela sorri de lado, enquanto as suas mãos sobem
de forma bem atrevida por seu peitoral até que ela circula o seu pescoço e
puxa sua cabeça na direção dela. Ergo uma sobrancelha em desafio, ela
sorri, porém eu gargalho quando vejo Tyler empurrá-la e dizer algumas
coisas. Ele parece bem irritado. Ela, claramente finge arrependimento.
Caminho para perto deles, cumprimento algumas pessoas que me
olham enquanto atravesso o salão em busca do meu homem. Uso um
vestido tubinho na cor preta de alças finas, ele destaca muito bem as minhas
curvas. Nos pés, um salto poderoso na cor vermelha. O meu cabelo curto
está revolto e sexy, os deixei levemente ondulados, não dei tanta atenção
para eles visto que em breve estarão amassados.
Estou vestida para matar e essa pirralha não vai acabar com a minha
noite.
— Boa noite!
Tyler vira-se na minha direção e parece esquecer o resto do mundo
quando me analisa atentamente dos pés à cabeça, um sorriso fácil surge em
seus lábios. Em seguida ele me puxa para os seus braços e me vejo perdida
em sua boca. Ao longe consigo ouvir vaias, gritos e aplausos do seu time.
Sorrimos em meio ao nosso beijo.
— Você veio — ele parece aliviado.
— Eu disse que viria. Desculpe a demora, fiquei presa no trânsito.
Trocamos um selinho. Os seus braços estão a minha volta, assim
como os meus em seu pescoço. Olho por sobre o seu ombro e vejo a cara
feia da Amber, sorrio para ela.
— Me desculpe por isso. Apenas ignore — fala ele ao notar a
direção do meu olhar.
— Não se preocupe, eu já ignorei. — Mordo o seu lábio inferior. —
Eu já disse que você é gostoso?
Ele sorri e eu juro que é a coisa mais linda que já vi. Esse sorriso
tímido e ao mesmo tempo safado me deixa de pernas bambas.
Tyler me aperta mais de encontro ao seu corpo e sinto o seu membro
duro, pulsando entre nós. A minha calcinha que havia ficado molhada com
o nosso beijo, simplesmente encharca. Alguém grita: procurem um quarto!
— Ah, eu adoraria! — sussurro em seu ouvido.
Ele geme em meu pescoço, enviando vibrações deliciosas direto
para o meu clitóris necessitado. Infiltro as minhas mãos por seus cabelos da
nuca, enquanto ele lambe a pele sensível logo atrás do meu lóbulo.
— Não me tente... Não me tente, destino. — Volta a me olhar —
Está tudo bem mesmo?
— Claro que sim. Por que não estaria? — Ele me encara. — Tyler,
eu não sou sua dona. Eu não cheguei aqui e te encontrei atracado com uma
mulher em um canto escuro, isso realmente seria chato, afinal marcamos de
nos encontrar, porém o que eu vi foi bem diferente disso. Não precisa se
preocupar, de verdade. — Sou a mais sincera possível e isso parece aliviar a
sua tensão.
— Vem, quero que conheça o time — chama, por fim aceitando a
minha resposta.
— Claro!
Eu conheci todo o time, as esposas, as namoradas e as peguetes.
Muitas apresentações. Tyler me apresentou como o seu destino, eu fiquei
tão boba com isso que sequer me importei. Na verdade, achei lindo da parte
dele. Nós não temos nenhum compromisso formalizado, até porque ainda é
muito cedo para isso, ainda estamos nos conhecendo. Mas existe algo mais
romântico que ele dizer que eu sou o destino dele?
Agora nós estamos sentados no sofá, perto de mais dois casais. A
conversa flui com facilidade, todos são muito simpáticos.
— Bebe algo? — pergunta Tyler, depois de um tempo.
— Acho melhor não. Esqueceu que estou dirigindo? — ele acena.
Noto que ele está tomando água.
— Eu vim de carona, vou embora com você. — Cerro os olhos,
porém não escondo o meu sorriso.
— Bem sutil, jogador!
— Tenho que saber jogar com as armas que tenho em mãos.
Pisca um olho e sorrio ainda mais.
— E seu eu não quiser te dar uma carona? — provoco.
— Você não seria tão má assim. — Se aproxima e morde o meu
pescoço. — Moramos no mesmo condomínio, sem contar que te
acompanhar será uma bela desculpa para fugir desses malucos.
Gargalho.
— Achei que você gostasse de comemorar depois das partidas,
principalmente uma em que se saiu tão bem — alfineto, lembrando as
coisas que vi na internet.
— Eu gosto de comemorar, amo o meu time, esses malucos são
como uma família. — O seu olhar intenso recai sobre mim. — Porém esta
noite tudo que eu queria única e exclusivamente a sua companhia.
— Então por que estamos aqui? — questiono.
Tyler roça os meus lábios com seu indicador, os seus olhos não saem
dos meus, e um leve arrepio sobe por minha coluna. A tensão sexual está
gigante. Um sorriso sacana surge em sua boca ao notar o meu desconforto.
— Porque eu queria desfilar com uma mulher gostosa em meus
braços — responde.
Ergo uma sobrancelha.
— Não seja bobo. Só olhar a sua volta, tem muita mulher bonita que
adoraria estar em seus braços. Conta a verdade, Tyler — insisto.
Ele não vacila ao responder.
— Sim, tem muita mulher bonita aqui, mas eu disse gostosa e só
tem uma nessa boate. Não, no planeta. — O seu tom de voz se torna mais
sério. — Eu quero você, Renata, não qualquer outra que queira estar nos
meus braços, como você disse. Eu quero que você queira estar comigo.
Tyler exala intensidade pura ao falar com tanta tranquilidade sobre
suas intenções, seu desejo, em relação a mim.
— Você não existe, jogador. — Beijo o seu dedo que continua me
tocando. Ele fica ainda mais sério.
— Está preparada para a verdade?
— Claro. — Fico em expectativa.
— Eu queria exibir você, mostrar que é minha e só minha — diz.
— Meu Deus, Tyler! — Suspiro.
— O quê, vai dizer que não é verdade?
— Não... Não é verdade. Eu não sou sua. — Ele faz cara feia. —
Sério, Tyler? A verdade. Você não parece nem um pouco a fim de estar
aqui, sequer está fingindo animação. E já entendi que me queria aqui com
você, só quero saber o real motivo. Eu mereço.
— Nosso jantar ainda está de pé? — indaga com receio.
— Claro que sim. Fala logo!
Dou de ombros, sem entender muito bem a sua pergunta. Estou
começando a me sentir frustrada.
— Ótimo. Vamos embora daqui que eu te conto — oferece.
Nego com a cabeça.
— Eu acabei de chegar — protesto. — Sabe, agora eu aceito aquela
bebida. Algo bem forte, pois sinto que tem uma bomba vindo na minha
direção.
Tyler me encara por alguns segundos, antes de levantar para ir até o
bar pedir a minha bebida.
O que raios deu nele? Por que toda essa tensão, esse mistério?
Olho em volta e encontro Amber um pouco afastada de onde estou,
o seu olhar fixo em mim. Era só o que me faltava ter que lidar com essa
pirralha. Preciso conversar sobre isso com Olívia e arrancar o máximo de
informações sobre ela e essa fixação pelo Tyler.
Observo um homem caminhar em minha direção, sem titubear. O
seu objetivo é chegar até mim. Não o conheço. Com certeza não é um dos
jogares, o seu tipo físico está mais para... Agente. Claro!
— Finalmente nos encontramos, bela Renata Mitchell. Sou Carter
Green, agente do Tyler. — Ele me oferece a sua mão em cumprimento.
Aceito de bom grado.
Ele não parece má pessoa, mesmo com a profissão que tem.
Geralmente os agentes são uns sanguessugas que só pensam em lucrar em
cima dos clientes.
— O prazer é todo meu, senhor Green.
— Fico feliz que Tyler tenha me escutado e trazido você para o
nosso pequeno encontro.
Estreito os olhos. Retiro o que disse; ele é apenas mais um entre
tantos.
Volto meu olhar para o bar. Tyler parece alheio a interação entre
mim e seu agente.
— É mesmo? Bom, esse encontro não parece nada pequeno. —
Sorrio.
Se ele pensa que terá o gostinho de me constranger está muito
enganado.
— Ah sim, sempre acaba saindo um pouco do controle e vindo mais
gente do que deveria. — Carter senta ao meu lado sem a menor cerimônia.
— Eu sempre dou ênfase para trazerem apenas as esposas, noivas ou
namoradas, mas parece que essas mulheres sentem o cheiro deles e logo
estão grudadas em seus pescoços. Elas aparecem simplesmente do nada e
acabam na cama de alguns deles e se tornando a próxima manchete que eu
preciso abafar. — Ele me olha atentamente. Não oscilo com seu escrutínio.
Se ele pensa que me intimida está muito enganado. — Esse não é o seu
caso, você é bem mais que uma nota de esclarecimento no jornal. Como é
mesmo que o Tyler não cansa de repetir...
Ele não precisa fazer esforço para se lembrar, pois o Tyler chega
bem no mesmo instante e fala olhando em meus olhos.
— Ela é o meu destino! A mulher que irá carregar o meu
sobrenome. A dona do meu coração — pronuncia, fazendo-me tremer dos
pés à cabeça.
A declaração feita com tanto fervor que me abala a níveis
estratosféricos.
Ele me estende uma taça com um líquido vermelho, sequer pergunto
o que tem ali dentro, apenas bebo para tentar digerir tudo isso que está me
acontecendo.
— Exatamente. — Carter aplaude. Todos ao nosso redor estão nos
olhando. — Eu precisava conhecer você para entender como o meu garoto
foi cair no amor tão rápido assim, de forma inexplicável, por uma mulher
que acabara de conhecer. — O seu tom de voz mostra que parece satisfeito
com o que vê. — Admito que não fora somente a sua beleza. Observei você
por um tempo e notei que não se abalou com nada, nem mesmo com as
minhas indiretas.
Volto a encará-lo. O meu sorriso volta a tomar conta do meu rosto.
— Nada disso me intimada, nem mesmo suas indiretas, senhor
Green. Eu estou aqui com o Tyler, assim como ele está comigo, não tenho
porque me abalar com a maldade que existe no coração das pessoas. — Dou
de ombros.
— Tyler, eu amo a sua garota. Não deixe essa mulher escapar ou eu
juro que viro bissexual só para ficar com ela.
Vaias, gritos e palmas são tudo o que consigo ouvir depois da
declaração maluca de Carter Green.
— Vai sonhando, Green! — rosna Tyler.
Tyler me oferece a sua mão, que aceito prontamente, ele me puxa
para ficar de pé e de encontro ao seu corpo. Circulo os meus braços em seu
pescoço, ele me envolve a cintura. Olhamo-nos intensamente, todos ao
nosso redor parecem sumir.
— Você me deve algumas explicações — aponto.
— Todas que quiser, só me diz que podemos ir embora. Por favor?
— Antes eu preciso marcar o meu território.
— Como assim? — pergunta intrigado.
Não respondo com palavras. Seguro o seu rosto com as duas mãos e
beijo a sua boca com pura ambição, tesão puro. Tyler não demora em
responder ao meu ataque e logo estou sendo dominada por suas mãos e
boca. Somos obrigados a nos afastar por conta do tanto de gritos que o time
está dando ao nosso redor.
— Vamos! — digo, assim que me afasto do pecado que é sua boca.
Noto que Amber ainda está no mesmo lugar e se olhar pudesse
matar, eu estaria estirada no chão da boate. De mãos dadas com Tyler,
saímos sorrindo após alguns rápidos cumprimentos.
06

Tyler dirige com precisão, todo calmo e paciente. Estou quase


berrando para que acelere ou pulo em cima dele aqui mesmo dentro do
carro.
— Pode me dizer o que foi aquele beijo?
— Pode me dizer o que foi àquela conversa do seu agente? —
devolvo.
Ele me olha rapidamente, então volta a sua atenção para a estrada.
— Melhor conversarmos depois.
— Ótima ideia!
— Minha casa ou a sua? — pergunta sem qualquer cerimônia, assim
que passamos pela entrada do condomínio.
Pondero as opções, por fim acho melhor irmos para a casa dele, pois
assim terei a desculpa de fugir para o meu canto. Afinal amanhã começo no
meu novo emprego.
— Sua casa!
Tyler gira o volante e logo estaciona diante da sua garagem. Desliga
o motor do carro e desce. Abro a porta para descer e me deparo com ele
correndo para me ajudar. Pego a sua mão e ele me puxa de encontro ao seu
corpo.
— Pronta?
— Para tudo. — Ele sorri de lado.
Sua mão repousa em minhas costas e seguimos o caminho de pedras
que nos leva a porta de entrada. Tyler abre a porta e recosta para me
conceder passagem. Passo por ele e dou de cara com um ambiente todo
branco do piso ao teto. Os móveis são em tons de preto e cinza, bem
masculino e clean.
— Muito bonita. Você que decorou?
Caminho até a lareira, observo os vários porta-retratos em cima
dela. Muitos deles com sua irmã, um casal de idosos, que suponho serem
seus avós, outros com os caras do time. Também tem alguns troféus e
medalhas espalhados pela sala.
Tyler se aproxima e para atrás de mim, suas mãos rodeiam a minha
cintura.
— Não, minha irmã foi responsável por tudo. O único lugar da casa
em que ela não mexe é o meu quarto. É sagrado!
— Imagino que seja o seu santuário — alfineto.
— Com certeza. Eu durmo ali, ninguém entra. — Ele tenta mostrar
seriedade, mas se nota o tom brincalhão em sua voz.
— E será que eu terei a honra de conhecer o seu “santuário”?
Viro de frente para Tyler que tenta me beijar, porém empurro o seu
peito até que ele caia sentado no sofá que está bem atrás dele. Os seus olhos
estão fixos nos meus, em busca de alguma resposta para o meu ato. Tiro os
meus sapatos, devagar toco as minhas coxas e começo subir o meu vestido.
Tyler desce o seu olhar e varre o meu corpo de baixo para cima,
acompanhando o caminho feito por minhas mãos. Passo-as por minha
cintura, enquanto vou subindo o tecido, até que esteja apenas de calcinha na
sua frente. Jogo o vestido no chão, monto em seu colo e devoro os seus
lábios.
Eu estou com fome.
Fome de sexo.
Fome de sexo com ele.
Mordo o seu lábio inferior e ele urra.
— Uau! Vamos com calma, meu bem. — Segura os meus pulsos, as
minhas mãos já estavam tirando a sua camisa do meu caminho.
— Tyler, se a gente for mais devagar que isso te juro que tenho uma
síncope. Eu não sou de ferro! — protesto.
Ele gargalha.
— Só me dê um minuto.
— Para quê? — praticamente grito.
Ele se aproveita da minha distração e me joga no sofá, ficando por
cima de mim.
— Eu gostava do vestido. — Os seus olhos vão para os meus seios
bem perto do seu rosto. — Só que a visão de você sem ele é mil vezes
melhor. Essa posição também está bem melhor, assim eu posso te tocar do
meu jeito. Quero devorar você, Renata. Sinto muito, mas não teremos
preliminares dessa vez. No segundo round eu deixo você fazer o que quiser
comigo, mas agora, o momento é para que eu possa apreciar o prazer de te
ter em meus braços.
Uma vibração de ansiedade passa por todo o meu corpo.
Tyler parece hipnotizado, ele toca a minha barriga com a ponta dos
dedos, mas logo as suas mãos estão em cheio, cercando a carne dos meus
seios, ele rola os dedos pelos bicos e belisca. Gemo. Fecho os olhos e me
deixo levar pelo prazer que está sendo construído por ele e suas mãos
habilidosas.
— Essa desvantagem vai ter troco, jogador — sussurro sem ar,
quando sua boca se apossa do meu seio esquerdo, sua mão trabalha com
afinco no direito.
Abro os olhos quando ele me morde e puxo os seus cabelos na
intenção de trazer a sua boca para a minha, ele vem de bom grado. Tyler
não me beija, ele me consome com aqueles lábios e língua deliciosos.
— Não estou vendo desvantagem alguma, pelo contrário. Você é
muito gostosa! — elogia, admirando o meu torso.
— Pois eu estou sim. Quero você nu! — digo.
— Seu desejo é uma ordem.
Tyler levanta e, sem demora, tira a camisa, calça e cueca. Ficando
como veio ao mundo. Todo lindo e gostoso.
Abdômen sarado, na medida certa para mim.
Desço o meu olhar por todo o seu corpo, sem vergonha nenhuma,
afinal eu preciso admirar este belo exemplar de masculinidade diante de
mim. Desperdiçar essa visão seria muita burrice da minha parte. Tyler é
gostoso sem fazer muito esforço, apesar de que tenho certeza que deve fazer
muitos exercícios para manter sua obstinação em campo. Estou salivando,
doida para sentir toda essa potência dentro de mim e principalmente testar a
sua resistência.
Gritem comigo: PORRA DE HOMEM GOSTOSO!
— Sua vez!
Pisco para voltar ao presente a tempo de vê-lo se ajoelhar no chão,
por entre as minhas pernas. As suas mãos vão para o elástico da minha
calcinha, em segundos estou completamente nua diante dele. Tyler levanta e
seu corpo paira sobre o meu, as mãos ao lado da minha cabeça. Seu olhar é
faminto, posso ver a profundeza das perversidades que ele está planejando
fazer comigo por horas a fio. Não desvio o meu olhar do seu, deixando bem
claro que estou disposta a tudo – que a partir do momento que aceitei sair
com ele hoje, eu queira que nossa noite acabasse com nossos corpos
colados e suados depois de um sexo além de nossos limites.
Puxo o seu rosto para perto do meu e nos beijamos com
possessividade, logo Tyler solta a minha boca e vai trilhando um caminho
de beijos e mordidas desde o meu maxilar até os meus lábios vaginais. Os
seus olhos sempre presos aos meus ou admirando as minhas curvas.
— Oh! — gemo, quando ele toca de leve o meu clitóris tão
necessitado de atenção.
Com o indicador ele dedilha uma melodia que vibra por minhas
terminações nervosas. Como é bom... Mal consigo pensar. Escuto sua voz
bem distante.
— Eu vou te comer inteirinha — geme, com a boca colada em meu
sexo, antes de me dar um beijo de língua que me faz revirar os olhos.
— Conto com isso, porque eu com certeza irei te devorar inteiro no
segundo round.
Sua risada vibra em meu clitóris.
Gemo outra vez, acredito que perdi a fala.
— Feche os olhos e apenas sinta, meu bem. — A sua voz assume
um tom cru de comando.
Nosso jogo de poder e sedução tinha chegado ao ápice, nenhum de
nós estava preocupado com mais nada que não fosse o presente momento.
Tudo que queríamos era nos entregar sem reservas e estávamos fazendo
isso.
Tyler sugou todo o meu ar quando me devorou com total perícia, ele
sabia os pontos certos a tocar, sugar, lamber, e ele não parou até me ter
gritando e implorando por um orgasmo que fez questão de manter na borda.
Ele queria que eu implorasse e eu implorei, pois queria tê-lo dentro de mim.
— Tyler, por favor, eu não aguento mais...
Tento fechar as minhas pernas, mas ele não deixa e as mantêm bem
abertas para ele.
— Me diga o que você quer, Renata. É só dizer e eu irei atender ao
seu pedido com o maior prazer — diz, sem se afastar da minha boceta.
— Quero você dentro...
— Preciso que seja mais explícita, querida. — Enfia um dedo em
meu canal e brinca com ele lá dentro. — Você me quer aqui? Hum? Como
você me quer?
— Droga... Quero o seu pau dentro de mim — grito. — Quero que
me foda! Quero esquecer o meu nome, Tyler! Agora!
Ele se afasta bruscamente e começa a procurar algo em sua calça,
logo vejo que pega uma camisinha e cobre o seu mastro com ela. Tyler não
se contém, ele vem para cima de mim com tudo: consumindo até a última
gama de raciocínio existente em meu cérebro.
— Quero te ouvir, Renata! — sussurra em meu ouvido. — Grite o
meu nome... Deixe que todos saibam quem está te dando prazer. Quem é o
teu homem!
— Oh... Tyler... Minha nossa, como você fode gostoso.
— Isso, meu bem... Geme gostoso para mim.
Ele arremete com força e precisão, suas estocadas são fundas e
certeiras. O meu orgasmo, que esteve todo esse tempo na borda, explode
fazendo-me ver estrelas no teto da sala. Gozo como nunca, quando ele me
preenche com todo aquele volume, sem dó nem piedade. Duas estocadas
depois Tyler geme o meu nome em meu ouvido.
Ficamos em silêncio, totalmente grudados um no outro. Dou um
soco de leve em seu ombro, ele se afasta para me olhar em busca de
respostas.
— Precisava ser tão bom de cama? — acuso, fazendo bico que ele
morde, enquanto tenta esconder um sorriso de satisfação. — Estou tentando
encontrar um defeito em você, jogador, mas isso está se tornando uma
missão impossível.
A risada que ele solta é alta e gostosa, daquelas que a gente joga a
cabeça para trás e saboreia com puro deleite, o seu peito vibra. Beijo a pele
suada atraindo assim a sua atenção de volta para mim.
Ele nos desconecta para descartar a camisinha, já livre, me estende
uma mão para que eu fique de pé. Tyler ergue o meu queixo e mordisca o
meu lábio inferior assim que me tem colada ao seu corpo.
— Vou ter que discordar de você, destino. — Ergo uma sobrancelha.
— Nós ainda não transamos na minha cama. — Ele se aproxima da minha
orelha e sussurra: — Te garanto que será muito melhor!
— Meu Deus, com ele é convencido.
Gargalho.
— Eu não disse nada, foi você quem começou — aponta.
— Culpada! Preciso de um banho. — Circulo os meus braços em
seu pescoço e beijo o seu queixo.
Timidez não existe entre nós, mesmo que essa tenha sido a nossa
primeira vez juntos. Parece tudo tão natural. Tão real.
— Depende.
— De quê?
— Posso lavar o seu corpo, te sujar e depois limpar de novo? —
Tão sacana.
Sorrio. Já posso sentir as chamas do tesão voltando a dominar os
meus sentidos.
— Não só pode, como deve, e depois eu faço questão de conhecer a
sua cama.
As suas mãos cravam em meu bumbum, sinto o seu pau longo, duro
e pulsante em minha barriga.
— Você tem mesmo que ir trabalhar amanhã? Estou tentado a te
fazer de refém e manter em cárcere privado por toda a semana — diz como
um lamento.
— Ah, eu adoraria passar a semana inteira presa na sua cama, te
possuindo e sendo possuída por você, porém amanhã é o meu primeiro dia e
eu preciso ir. — Brinco com o seu queixo, dando mordidas e beijos.
As suas mãos apertam minhas nádegas, enquanto ele geme com o
meu ataque.
— Passa a noite aqui? — pede.
— Com todos os planos que tenho em mente, acho justo passar a
noite aqui com você — digo e vejo os seus olhos brilharem com a minha
aceitação.
Ganho um rápido beijo antes de ser erguida, como uma boneca de
pano, em seus braços.
— Perfeito! Agora vamos aquele banho.
Nossa noite foi longa, não tivemos apenas o segundo round e sim
vários outros. Perdi as contas de quantas vezes ele me fez gozar ou de
quantas vezes eu me deliciei com o seu corpo gostoso. Descobrimos todos
os pontos de prazer um do outro. Foi uma noite para ficar marcada a ferro
em nossas mentes.
Tyler é uma verdadeira máquina de fazer sexo. Sexo com qualidade.
Eu não só esqueci o meu nome, como perdi toda a minha sanidade mental e
as forças do meu corpo.
Não dormimos, caímos exaustos na cama quando o dia já estava
quase amanhecendo.
07

Primeira semana de trabalho, tudo o que queremos é impressionar o


chefe, fazer amizades e se sentir em casa. Afinal, é naquele lugar que
passamos a maior parte do tempo, se torna a nossa segunda casa.
No meu caso, essa primeira semana significa conhecer o ambiente,
as pessoas que irei ter o maior contato e mostrar competência para estar ali
ocupando aquele cargo. Sou muito crítica em relação ao meu trabalho,
gosto que tudo seja feito de forma competente e sem erros. Para isso,
sempre busco uma equipe que esteja pronta para isso e, por sorte, a que
estou conhecendo e obviamente trabalhando vem se mostrando perfeita.
Trabalhar com números não é uma tarefa fácil, porém prazerosa para quem
ama cálculos assim como eu. Gerir o lado financeiro de uma empresa
requer muita atenção e zero de falhas, isso é inadmissível. O meu
antecessor não só cometeu muitos erros, como também estava roubando
dinheiro e mandando para a sua própria conta pessoal. Tem como ser mais
burro que isso? Como certeza não. Ele se deu muito mal e hoje eu estou
aqui, me dando bem, e ocupando o seu antigo cargo.
A minha sala é excelente, com vista privilegiada para o Central
Park, uma bela mesa – que brilha tanto quanto meu Louboutin preto –, um
computador de última geração e tudo o que preciso para trabalhar em paz.
No canto esquerdo à minha mesa tem um sofá com mesinha de centro e do
lado direito conto com uma bancada que está equipada com uma maravilha
de cafeteira. Como eu amo café, ele me ajuda a manter a mente sempre em
alerta, além de ser um bálsamo dos deuses.
Tudo parece perfeito, não fosse eu estar totalmente fora da casinha.
Bato com a mão na testa, pela milésima vez só esta manhã. Não
consigo me concentrar em nada. A minha cabeça volta a todo momento
para a noite de domingo, a madrugada e a manhã deliciosa que tive com
Tyler Baker.
Deveria ser proibido ele ser tão encantador, carinhoso, gostoso, bom
de cama...
Deus! Isso não pode ser normal.
Nada foi como eu imaginei, foi tudo mil... Não. Cem mil vezes,
melhor!
Tyler foi doce, atencioso, delicado e bruto ao mesmo tempo. Um
sonho de consumo. Ele levou tudo de mim e mais um pouco, além de
também ter se doado para mim. Foi um momento de troca entre nós. Nem
se eu quisesse poderia ter corrido para longe daquele turbilhão de emoções
que tomou conta de nós dois. Eu sequer cogitei a opção de fugir para o meu
cantinho, simplesmente me deixei levar e, assim como ele usou e abusou de
mim, eu me deliciei com ele e seu bel prazer.
Desperto do meu mais recente devaneio com o toque insistente do
meu celular.
— Oi, Livy!
— Nossa, quanta animação em falar com a sua irmã mais velha e
carente de atenção.
— Deixa de ser boba e fala logo o que você quer, te conheço.
— Ok! Como não sei guardar segredos, menos ainda de você, vou
direto ao assunto. — Faz todo um silêncio para causar suspense. — Tyler
ligou para a mamãe e perguntou por você.
Sento-me ereta em minha cadeira, isso chama a minha atenção.
— Mesmo? — tento soar relaxada, o resultado foi uma voz muito
ansiosa.
Como sou patética!
— Sim. Ele começou dizendo que estava com saudade da comida
dela e de casa...
— Como assim saudade de casa? — interrompo a sua fala.
Quando nos falamos pela última vez ele me disse que só viajaria
com o time no próximo final de semana e isso seria daqui um ou dois dias.
Bem, verdade que já tem três dias e duas noites que não falo com ele e,
também tenho evitado atender as suas ligações e ler as suas várias
mensagens no aplicativo – me chamem de covarde! Porém, não sou
totalmente culpada, afinal ele já estava preso aos treinos intensos e os
nossos horários não estavam se batendo. Quando ele mandava, eu não podia
responder na hora, então fui deixando acumular sem nem mesmo ter
coragem de lê-las. Isso foi uma excelente desculpa para fugir e tentar
entender que porra era essa que estava acontecendo entre a gente. Pelo
Tyler nós poderíamos assumir um relacionamento, por esse motivo ele fez
tanta questão da minha presença na festa de domingo. Para provar que
somos um casal de verdade para quem quisesse ver. O resultado foram mais
e mais fotos de nós dois estampadas em todos os jornais, sites e revistas de
fofoca. Tive que almoçar com o papai e explicar que estávamos apenas nos
conhecendo, nem preciso dizer que ele me disse para não enganar o “seu
garoto”.
Eu posso com isso? Eu sou a filha dele caramba!
— Também não entendi o drama, afinal ele viajou ontem à noite. Só
percebi o motivo quando ele perguntou de você. — Ouço Livy falar.
— O que a mamãe disse? — Mordo o lábio inferior.
— Você conhece a mamãe, ela foi bem mais direta que eu e tratou
logo de perguntar as intenções dele — narra tudo, fazendo a droga do
suspense. — Ele disse que está encantado por você e que quer muito ser um
membro de nossa família no papel.
O meu queixo vai no chão com essa declaração. Ele só pode ter
enlouquecido para dizer uma coisa dessas para a minha mãe, já posso até
imaginá-la encomendando o bolo e escolhendo o meu vestido. Papai já deve
ter falado com o reverendo Roland e agendado o nosso casamento para o
Natal.
— Me diz que está tirando uma com a minha cara, Olívia. Isso só
pode ser uma pegadinha e de mau gosto — resmungo.
Ela gargalha. Parece tão empolgada quanto papai e mamãe devem
estar. Rolo os olhos. Com certeza ela está animada com tudo isso.
— Não mesmo. Estou falando seríssimo. Conta para ela, amor. —
Escuto o som de dois tapinhas, claro que estamos no viva voz e ela deve ter
batido no ombro de Robert, para instigá-lo a falar.
— Cunhada, não sei quem está mais animado o seu pai, sua mãe ou
sua irmã — Robert mal consegue segurar o riso enquanto fala.
Gemo. Bato a minha cabeça na mesa à minha frente. Eu mato aquele
jogador, desgraçado, gostoso de uma figa.
— Posso imaginar. A essa altura até mesmo as passagens para a lua
de mel devem estar compradas — resmungo.
— Não duvide disso. — Ri. — Acho que pensaram no Brasil como
destino e assim poderíamos fazer umas férias em família.
— Meu Deus! Nem na minha – possível – lua de mel eu vou ter
privacidade — lamento.
— Ah, não seria uma má ideia, maninha. Sinto saudades do calor
do Rio. Alguns dias em Angra dos Reis seria maravilhoso... — Posso
imaginá-la sentada no sofá e delirando com essa cena em sua
cabeça. — Por favor, deixem para casar depois que o meu bebê nascer,
quero poder aproveitar aquele lugar sem vocês me vigiando a cada passo
que dou — reclama.
Esse início de gravidez está sendo de vigilância, estamos com medo,
pois foi difícil para Livy conseguir essa realização. Mamãe e Robert não
largam do seu pé. Eu também tenho a minha cota nisso, ligo ou mando
mensagem nos horários da sua medicação e de alimentação. Podemos
implicar muito uns com os outros, — em grande parte apenas brincamos –,
mas o nosso amor é maior que tudo.
— Vou deixar isso para você e a mamãe resolverem. Se no final eu
ainda tiver um noivo, sairei no lucro — ironizo.
— Não precisa se preocupar, querida irmã. — O sorriso em sua voz
me faz sorrir, mesmo estando chateada com toda essa loucura criada pelo
Tyler. — O noivo está no papo, o maior problema é a noiva.
— Eu vou desligar, preciso entrar em contato com um certo
trapaceiro — aviso.
— Pega leve com ele — pede Robert. — Será um jogo difícil e ele
precisa estar relaxado.
— Tudo que não irei fazer. — Franzo o cenho. — Aliás, você não
deveria estar lá com ele?
— Nem sempre eu o acompanho, só quando quero mesmo,
geralmente ele tem duas sombras: Carter, seu agente, e Amber, sua
assessora.
— Então a Amber está lá com ele?
Infelizmente não consigo esconder o tom de desgosto em minha voz
e isso chama a atenção de Robert.
— Está sim. Algum problema? — indaga preocupado.
— Ciúme, meu amor. Ela sempre foi muito ciumenta — sussurra
Livy, fingindo que não estou escutando.
— Eu não preciso de inimigos com essa família — grito para ela.
— Quanto a isso não precisa se preocupar, Renatinha — me
tranquiliza. — Tyler a tem como uma irmã, por mais que ela fantasie
alguma coisa, ele jamais irá dar bola para as bobagens dela.
— Não dê bola para tudo que a Livy fala, cunhado. De qualquer
forma, agradeço a sua preocupação — sou sincera com ele.
Apesar de tudo Amber é sua prima e está sob sua proteção aqui em
Nova York, sou muito grata pela preocupação dele em esclarecer as coisas.
Nem por isso vou confiar naquela aprendiz a vilã de novela mexicana.
— Você vai ligar para ele? Por favor, me diga sim, pois ele parecia
muito ansioso quando ligou para mamãe. Ele precisa estar com a mente
tranquila e sem preocupações para o próximo jogo, mana.
Bufo. Por fim decido ceder, pois sei que estou sendo infantil fugindo
assim dele. É só que está sendo tudo tão rápido e intenso que mal consigo
raciocinar direito.
— Eu vou ligar sim. Até mais! E se cuidem!
Encerro a chamada antes que ela fale mais alguma coisa.
Enterro as mãos em meus cabelos e puxo a raiz. Eu amo a minha
família, eles são tudo para mim, mas bem que poderiam me dar um
pouquinho mais de privacidade.
Pouco tempo depois recebo uma mensagem, com letras garrafais, da
minha irmã.
Olívia: LIGUE PARA ELE! NÃO ESQUEÇA!
Vou fazer isso, mas só depois que chegar em casa e tiver tomado um
banho bem relaxante, penso.
Horas mais tarde eu chego em casa, jogo as chaves e a minha bolsa
no sofá e me jogo ao lado dos objetos. Estou exausta. Tiro os meus saltos e
suspiro feliz com a liberdade. Foi uma longa e cansativa semana, ainda bem
que amanhã é feriado. Três dias em casa será o céu, e eu juro que um dia
será só para vegetar lendo um bom livro ou assistindo um filme qualquer,
deitada em minha cama.
O meu celular toca, um aviso de mensagem. Sem pensar em mais
nada eu o pego, sei que é o Tyler. Devo confessar que estou morrendo de
saudade dele, da voz, das suas mensagens, que não li esses dias, e que se ele
estivesse em casa eu teria ido me jogar em seus braços agora mesmo.
Assim que abro o aplicativo vejo as mensagens de terça-feira.

8h00 da manhã.
Jogador: Bom dia, destino! Sonhei com você. Tenha um bom dia! Vou
tentar passar na sua casa hoje. O treinador está pegando pesado e ainda
não sei como será meu dia.

12h00.
Jogador: Queria almoçar com você, mas está difícil sair daqui. Sei que nos
vimos ontem, mas estou louco de saudade. Talvez eu viaje amanhã. Quero
te ver antes disso.

14h00.
Jogador: Acabei de sair de uma sessão de fotos. Vou te enviar uma que fiz
exclusivamente para você.

Carrego o arquivo e me delicio com uma imagem muito tentadora


de Tyler. Não precisava ser tão lindo, sexy... Eu sou tão burra.

18h00
Jogador: O treino foi puxado. Estou muito cansado, mas nada disso
importa... Quero saber de você. Infelizmente não vou conseguir ir na sua
casa, ainda estou preso aqui. Espero que esteja bem. Me ligue!

18h45min.
Jogador: Te liguei hoje e você não atendeu. Na verdade, acabei de fazer
isso de novo. Estou na porra de um jantar entediante, com a mulher do meu
contratante alisando a minha perna o tempo todo por baixo da mesa e só
consigo pensar em você e nas suas mãos em meu corpo.
Aconteceu alguma coisa? Eu fiz algo de errado?
Se eu fiz, por favor, me diga para que eu possa consertar.

21h00
Jogador: Já vi que não terei respostas suas, então vou fazer do meu jeito.
Eu realmente preciso dormir, pois estou cansado e amanhã tenho que estar
logo cedo no estádio. Até breve, destino!

Quarta-feira
6h30min.
Jogador: Bom dia, destino! Sonhei com você outra vez. Você é o meu
primeiro pensamento quando acordo e o último quando vou dormir,
acredito que seja normal sonhar contigo.
Tenha um bom dia e se puder me mande notícias. Estou realmente
preocupado.

15h00.
Jogador: Renata, eu viajo hoje à noite, me deixa te ver e saber o que
diabos está acontecendo. Falei com o Robert hoje e ele me disse que você
está bem e o seu celular também. Eu sinceramente achei que você ou ele
poderiam ter sido abduzidos por alienígenas.
Olha como estou sendo ridículo. Provavelmente esse está sendo um fora
épico que não estou conseguindo enxergar.
16h00.
Jogador: Droga! Será que dá para atender a porra do celular e me dizer o
que eu fiz de errado? Estávamos bem e do nada você começa a me ignorar
desse jeito. Estou enlouquecendo, daqui a três horas vou entrar na porra de
um avião e só volto na semana que vem. Você tem noção de como isso está
me alucinando? Me dá logo um pé na bunda, caramba!

16h05min.
Jogador: Desculpa! Esse seu silêncio está me deixando confuso. Eu não
quero que me dê um fora, eu quero que me diga que está bem e tão confusa
quanto eu mesmo em relação a nós.
Me dê notícias, por favor.

19h00.
Jogador: No avião! Você sequer está visualizando as minhas mensagens,
mas estou te avisando mesmo assim.

23h30min.
Jogador: Acabei de chegar no hotel.
Ainda sem nenhum sinal seu. Já percebi que estou beirando insanidade por
continuar te enviando mensagens e te ligando, mas eu preciso saber aonde
foi que eu errei.

02h00.
Jogador: Não consigo dormir... Só penso em você aí, mais longe ainda de
mim.
Boa noite, Renata!

Suas últimas mensagens mostram o quanto está nervoso e, também


não me chama mais de destino. Estou me perguntando por que foi que se
quer li as suas mensagens? Pura covardia! Eu queria entender o que era esse
sentimento louco entre nós ao mesmo tempo em que queria me jogar em
seus braços sem pensar em mais nada.

Hoje
10h00.
Jogador: Falei com sua mãe e irmã. É, eu liguei para a sua mãe. Ela me
disse que você está bem, até estranhou a minha ligação e perguntou quais
são as minhas intenções. Eu fui o mais sincero que pude, só espero não ter
feito papel de trouxa. Segundo elas, eu devo ser paciente. Acho que mereço
um ponto, pois estou sendo bastante paciente.
Me diga ao menos que está bem.

20h00 (Agora).
Jogador: Neste momento eu estou no bar, com alguns caras do time e só
consigo pensar em você. Quão patético eu sou por me apaixonar logo de
cara por uma mulher fascinante? Essa pergunta não sai da minha cabeça.

Eu sou uma vaca mesmo. Ele parece estar sofrendo tanto. Eu


também estou e, no entanto, estava pronta para dar uma bronca nele. Uma
ideia completamente insana me vem à mente.

Renata: Onde você está?


Jogador: Puta que pariu! Me diz que não estou vendo coisas e que você
realmente me respondeu?
Renata: Você está bebendo?

Estranhei ele dizer que está vendo coisas. Se bem que com o meu
silêncio idiota, a resposta dele parece apropriada.

Jogador: Não o suficiente para te tirar da minha mente, apenas a


quantidade exata para dizer um monte de merdas. Dizer o quanto sinto a
sua falta e como estou com raiva desse seu silêncio ensurdecedor.
Fecho os olhos e me xingo ainda mais.

Renata: Quero tanto te ver!


Jogador: Não tanto quando eu quero te ver. Me diz que você está bem?
Que ainda me quer. Droga eu tô bêbado e sendo um idiota.
Renata: Eu estou bem e quero muito te ver. Estou louca para me jogar nos
seus braços. Onde você está?
Jogador: Eu te mandei mensagem avisando sobre o adiantamento da
minha viagem. Estou em Chicago com o time.
Renata: Eu sei que você viajou. Quero saber em que bar você está. Em que
hotel?
Jogador: Estou no bar do hotel. Por quê?

Olho às horas. Consigo chegar lá por volta da meia noite se


conseguir um voo agora.
— Eu só posso ter enlouquecido — falo com um sorriso bobo
surgindo em minha boca.
Saio do aplicativo e ligo para Robert.
— Fala, cunhada.
— Preciso da sua ajuda.
Levanto e vou para o meu quarto. Pego uma pequena mala do meu
closet e jogo sobre a cama. Paro e fico olhando para ela, enquanto converso
com Robert.
— Claro. Algum problema? — O seu tom de voz muda de tranquilo
para preocupado.
— Não se preocupe que está tudo bem — trato logo de tranquilizá-
lo. — Preciso que me diga se teria algum problema eu ir me encontrar com
o Tyler, lá em Chicago? Se isso atrapalharia a sua concentração no jogo ou
algo do tipo.
Achei melhor perguntar a ele do que ao Tyler, que já está muito
ansioso devido ao meu silêncio. Quero tirar todas as dúvidas dele
pessoalmente. Quero olhá-lo nos olhos quando disser que estou tão maluca
quanto ele, com essa distância imposta por mim e os nossos horários. Dizer
e mostrar que estou com tanta saudade dele que vou cometer essa loucura
por nós.
— Não. Alguns dos meninos levaram as suas esposas — responde.
Agora ele tem um sorriso na voz. — Problema tem em você deixar o "meu
garoto" aflito, enchendo a cara num bar e reclamando que perdeu o
seu destino sem saber o porquê.
— Ah meu Deus, Robert. — Fico vermelha de vergonha com tudo o
que ele fala.
— Vá vê-lo e tirá-lo dessa miséria, Renatinha. Precisamos ganhar o
jogo de domingo. Ou os caras do time vão pôr a culpa em você.
— Eu vou, na verdade, já estou arrumando a mala. Só não sei se
consigo um voo assim de última hora.
— Te busco em trinta minutos.
Dou pulos enquanto grito:
— Cunhado, você é o melhor. Vou te encher de beijos. Até mais.
Desligo e abro o aplicativo para encontrar mais uma mensagem
dele.

Jogador: Acho que imaginei uma conversa com você agora pouco. Isso é
ridículo. Eu vou parar de beber e subir para o meu quarto. Até breve,
destino!

Respondo com uma meia verdade.

Renata: Desculpe! Eu tive que atender uma ligação... Pare de beber, vá


para o seu quarto, tome um banho e descanse. Nos vemos em breve,
jogador!

Ele não me responde mais. Penso que talvez tenha desligado o


celular.
Deixo um pouco da minha preocupação de lado e arrumo a minha
mala. Jogo algumas poucas peças dentro dela e corro para o banheiro. Tomo
um rápido banho e me arrumo. Vasculho os meus armários em busca de
comida, a minha vontade passa quando não encontro nada fácil de preparar,
acabo desistindo e desço para encontrar Robert à minha espera.
Abro a porta de trás e jogo a minha mala no banco.
— Praticamente tive que amarrar a sua irmã na cama — diz ele,
assim que entro no carro.
— Por quê?
— Ela queria vir a todo custo. Segundo ela isso é uma cena digna de
um filme de amor.
— Só a Livy para dizer essas coisas, mas me diga por que ela não
veio? Está se sentindo mal? — instantaneamente fico preocupada.
— Apenas um pouco enjoada, mas não precisa se preocupar que a
sua mãe está lá com ela.
— E você só me diz agora? Poxa, Robert! Eu poderia ter ido
sozinha ou pedido ao papai para me levar.
— Renata, sua irmã está bem e a sua mãe está com ela, o seu pai
também está lá em casa.
— Que droga! Só eu não sabia que ela passou mal?
— Ela não passou mal, apenas está com um leve enjoo. — Ele
divide sua atenção na estrada comigo. — Relaxe, e vá encontrar com o
Tyler antes que a gente te obrigue a fazer isso.
Rolo os olhos.
— Agora entendi o motivo da reuniãozinha, estavam planejando o
meu casamento fantasia.
— Você precisa participar da próxima, vai adorar as ideias da sua
mãe — zomba ele.
Bufo.
— A Livy está mesmo bem?
— Você acha que eu sairia de perto dela se não estivesse? —
devolve.
— Obrigada por isso, sei que deve ter feito milhões de ligações para
conseguir esse voo.
— Uma ou duas. — Sorrimos. — Não precisa me agradecer, apenas
seja feliz.
E eu serei, assim que estiver com o Tyler, penso.
Estou chegando, meu jogador.
08

Três horas depois eu estava descendo do avião no Aeroporto


Internacional O'Hare, em Chicago. Graças ao meu querido e amado
cunhado – não estou sendo irônica, eu o amo como se fosse um irmão mais
velho – eu consegui um voo de última hora. Houve algumas desistências e
pude ser encaixada, graças a um pedido dele para um amigo.
Robert havia me dado o endereço do hotel em que Tyler está
hospedado, então assim que sai do aeroporto peguei um táxi e passei o
endereço para o motorista.
Quase uma hora da manhã e lá estava eu conversando com o gerente
do hotel, eu queria que ele me deixasse subir direto para o quarto do Tyler,
porém ele estava se negando. Ainda bem, isso mostra que é um bom
funcionário. Para minha sorte avisto Carter sentado no bar.
— Eu sinto muito, senhora Mitchell. O senhor Baker não pode
receber visitas sem autorização.
— Tudo bem, senhor Albert. Eu irei fazer o check-in e amanhã falo
com ele — agradeço. — Se me der licença, vou cumprimentar um amigo ali
no bar, depois irei até a recepção.
— Claro senhora, estarei à sua disposição caso precise.
Aceno e sigo arrastando a minha pequena mala até o bar. Carter com
certeza irá me ajudar. Ele está sozinho, olhando desesperançoso para um
copo de whisky. Toco o seu ombro e o seu rosto se ilumina, pura fachada
para encobrir a sua tristeza.
— Querida Renata, espero que você não seja uma miragem criada
pelas várias doses de Bourbon que ingeri. — Rimos.
Ele me abraça e trocamos dois beijos no rosto.
— Olá, Carter! Acredito não ser uma miragem. — Analiso as suas
feições. — Você está bem?
— Estou sim, querida, não se preocupe comigo. — Abana a mão no
ar para dispensar a minha pergunta. Estreito os olhos. — Apenas uma briga
boba com um idiota que diz me amar.
Livy me contou que ele é gay, provavelmente esteja falando do seu
namorado.
— Certo. Ahn, será que você me ajuda a ver o Tyler? — Mordo o
lábio inferior.
— Eu acho que ele já subiu — Olha ao redor do bar. — Na verdade,
tem algumas horas que não o vejo por aqui.
— O gerente me disse isso, porém não me deixa subir para o quarto
dele.
— Você por um acaso disse para ele quem era? — Me olha com a
sobrancelha erguida. — Porque se dissesse que é a namorada dele, com
certeza teria passe livre. Eu mesmo liberei a sua entrada quando o Robert
me ligou avisando que estava vindo para cá.
— Ele te ligou? Pediu que fizesse isso?
— Claro que sim. Não sabíamos que horas você chegaria. Voos
podem atrasar, então deixei a sua entrada liberada para que fosse
encaminhada direto para o quarto do Tyler.
Cerro os olhos.
— Pois eu acabei de falar com o gerente e ele me disse que ninguém
tem autorização para subir ao quarto dele.
Carter rola os olhos.
— Incompetente! Venha comigo. Nós vamos subir agora mesmo,
acredito que esteja cansada e eu preciso parar de beber por hoje.
— Obrigada! Eu realmente estou cansada e tudo o que preciso é me
jogar nos braços do meu jogador.
— Acho bom que você tire toda aquela tensão dele. — Ele passa um
braço por meu ombro e agarra a alça da minha mala. — Tyler está
insuportavelmente melancólico e irritado. O lado irritado é bom na hora
jogo, não antes, e o lado melancólico está sendo uma dor nas bolas. Por
favor, dê um trato nele e não o magoe.
Sorrio.
Carter é uma boa pessoa e gosta do Tyler, fico tocada com sua
preocupação. Mas, sinceramente, já me sinto uma vilã com tantos pedidos
para não magoar os sentimentos dele.
— Eu vou cuidar bem dele — afirmo.
Encontramos o gerente do hotel no caminho para os elevadores e
Carter faz questão de parar para reclamar.
— Senhor Albert, acredito que tenha dado ordens claras quanto a
subida da senhorita Mitchell para o quarto do senhor Baker — Carter
assume um tom de reprimenda.
O homem muda de cor diante dos meus olhos.
— Mas senhor Green, a senhorita Amber me disse que havia
mudado de ideia e que não era mais permitida a subida de ninguém. — Ele
está claramente nervoso.
Cerro os olhos. Aquela vadia!
— A Amber disse isso? — Carter parece surpreso. Eu não.
— Sim, senhor! Peço desculpas pelo transtorno, senhorita
Mitchell. — Ele me olha arrependido.
— Não se preocupe com isso, senhor Albert. Foi tudo um terrível
engano e não foi culpa sua — digo calmamente, antes que o pobre coitado
desmaie com o olhar mortal de Carter. — Vamos subir, Carter, eu estou
cansada.
— Claro, vamos, minha querida. Amanhã irei ter uma conversa séria
com a Amber, ela não tinha o direito de mudar as minhas ordens desse
jeito — resmunga, enquanto entramos no elevador.

— Entregue — fala Carter assim que estamos diante da porta do


Tyler.
— Obrigada, Carter!
— O meu quarto é duas portas depois. Caso ele não atenda, afinal
deve estar roncando muito essa hora. — Ele verifica o seu relógio — Então,
é só bater lá que te dou abrigo.
Rimos.
— Pode deixar que irei te pedir socorro mais uma vez.
Ele solta a minha mala, beija a minha bochecha e se vai.
Nervosa, eu toco a campainha e nada.
Já é quase duas da manhã e com certeza Tyler está dormindo. Mordo
o lábio inferior pensando na proposta do Carter, talvez seja melhor eu
esperar o dia amanhecer na suíte dele, mas por mais que o Carter seja
simpático eu não quero ficar no quarto dele.
Quero o Tyler!
Toco mais uma, duas, três vezes a campainha. Estou morrendo de
sono, doida por um banho, uma cama e o calor dos braços de Tyler.
Vencida, agarro a alça da minha mala e a puxo, indo na direção da
suíte do Carter.
— Destino?
Viro-me e lá está o meu jogador, usando apenas uma cueca boxer
azul, todo lindo e com cara de sono: rosto amassado e cabelos revoltos. De
repente me sinto mais nervosa ainda.
Respiro fundo, sorrio e falo:
— Ei, você!
Ele me olha dos pés à cabeça. Coça os olhos como se quisesse
enxergar melhor para ter certeza de que sou eu ali.
Aproximo-me e paro à sua frente.
— Não acredito nisso... você... Eu devo estar sonhando — fala com
voz rouca.
Chego mais perto, querendo acabar com a distância entre nós.
— Não, não está. Pode parecer loucura, mas eu tinha que te ver o
mais rápido possível. Eu vim por você... por nós. — Ele me olha incrédulo.
— Caralho... Me beija! — pede.
Sorrio.
— Não seria "me belisca"?
Ele envolve a minha cintura e me puxa de encontro ao seu corpo,
repouso as minhas mãos em seus ombros. Sua pele está quente. Ficamos
olho no olho e me delicio com a visão desse homem lindo e
todo meu. Perco-me em seus olhos azuis, tão cristalinos que me dizem tanta
coisa, mesmo que estejamos em silêncio.
— Ah não, eu prefiro sentir a sua boca na minha. Mil vezes sentir o
calor do seu corpo colado ao meu. Ouvir os seus gemidos e sussurros. —
Tyler me olha com tanta intensidade que as minhas pernas ficam
bambas. — Você me fez passar um inferno esses dias, Renata.
— Eu sei e peço desculpas por isso. — Aliso a sua barba e o seu
queixo, perdendo-me em suas feições fortes. — Vim aqui para
conversarmos pessoalmente e, também porque já não aguentava mais de
tanta saudade — confesso.
— Pode ser depois? Tudo o que quero é te beijar inteirinha só para
ter certeza de que não estou sonhando.
— Sou toda sua! — derreto-me em seus braços.
Tyler me abraça e enterra o rosto em meu pescoço. Ele inspira o
meu cheiro e faço o mesmo com ele. Infiltro as minhas mãos por seus
cabelos revoltos do sono, tão macio. Tão cheiroso!
— Repete que é minha, por favor.
— Repito se disser que sou seu destino. — O abraço mais
apertado. — Não aguento mais te ouvir me chamando de Renata.
Escondo o meu rosto em seu peito, assim que ele se afasta um pouco
nosso abraço.
— Olha para mim, por favor.
Faço o que ele pede, tendo a certeza de que o meu rosto está
vermelho.
— Sou uma boba, não sou? — Mordo o lábio inferior.
Tyler suga o meu lábio e morde em seguida. Fechamos os olhos,
ambos sentindo a nossa conexão. Quando voltamos a nos olhar o desejo
está muito mais presente que antes.
— Eu te chamei de Renata porque estava me sentindo frustrado,
entretanto, você nunca vai deixar de ser o meu destino — diz, segurando o
meu rosto com as duas mãos. — Estou muito feliz que tenha vindo até aqui
por nós.
— Eu quero que a gente converse, mas antes preciso muito de um
banho e cama com você.
Ele geme.
— Vamos fazer isso depois que a gente dormir um pouco. Você está
cansada e por mais que eu queira te devorar, vou deixar isso para mais
tarde. Também não estou na minha melhor forma.
Olho para o seu corpo e não escondo o meu desejo. Não está em sua
melhor forma? duvido muito disso.
— Sabe, com essa visão que estou tendo eu posso facilmente deixar
o descanso para depois.
Ele gargalha.
— Entra aqui, destino. Vou te colocar para dormir.
Ele me disse que fora difícil pegar no sono e acabou bebendo um
pouco mais, já que estavam todos liberados no dia seguinte, então também
estava caindo de sono.
Tomei um bom banho e nos deitamos para dormir, ambos cansados,
mas felizes por estarmos juntos.
09

Acordo sentindo calor e um aperto mortal em minha cintura. Tyler.


Abro os olhos e rapidamente me lembro de tudo. Caímos no sono depois de
um longo beijo e várias promessas para os próximos dias. Tento virar para
olhá-lo, porém não consigo e ele me aperta mais
— Não se mexa, porque se isso for um sonho nele tem que
acontecer tudo o que eu quero.
Sorrio feito uma boba.
Entrelaço a minha mão na sua, que está repousando em minha
barriga. Ontem após o banho eu peguei uma camisa dele para dormir
completamente cercada por seu cheiro. Tyler faz um carinho na minha
barriga.
— E o que você quer que aconteça no seu sonho?
A sua mão sobe lentamente e aperta o meu seio por cima da camisa.
Fecho os olhos e gemo, ele poderia ser músico com essas mãos tão
talentosas.
— O que vai acontecer é que eu vou te comer. — Tyler afasta o meu
cabelo e morde o meu pescoço. — Vou te fazer gemer e gritar o meu nome
quando gozar no meu pau.
— Promessa é dívida, jogador! — desafio, mal contendo o meu
gemido de prazer por tudo o que sua mão está fazendo em meu seio, agora
por dentro da camisa, e sua boca em meu pescoço.
Empino o bumbum para me esfregar na ereção nada discreta dele.
Tyler geme. Em um piscar de olhos estou deitada de costas na cama com ele
em cima de mim. Tyler segura os meus pulsos ao lado da minha cabeça e
paira com sua boca a centímetros da minha. Ergo um pouco a cabeça e tento
beijá-lo, mas ele se esquiva. Faço cara feia para o gesto, ele sorri e se
esfrega em minha pélvis. Círculo a sua cintura com minhas pernas e prendo
os tornozelos, fazendo-o colar mais ainda nossos corpos.
— Você deveria ter mais cuidado com o que fala, destino — aponta.
— Eu gosto de te desafiar — confesso. Ele ergue uma
sobrancelha. — Você cumpre as suas promessas e de forma... Memorável.
— Como eu... Gosto de você!
Percebo sua hesitação e decido mudar o rumo da nossa brincadeira.
— Bom dia, jogador!
Tyler me beija intensamente, como só ele sabe beijar. Um beijo que
consome tudo de mim.
— Bom dia, destino! — O seu sorriso é matador.
— Estou faminta! — Faço bico, que ele morde sorrindo.
— Vamos nos alimentar.
O clima está leve, descontraído e delicioso. Nem parece que
passamos por essa semana conturbada, depois de uma noite maravilhosa no
domingo. Mesmo com nossas trocas de carícias e provocações Tyler não
tenta nada além de beijos deliciosos. Um perfeito cavalheiro.

Já estava na hora do almoço quando descemos para o restaurante do


hotel, então optamos por comer algo leve. O time está almoçando e fazendo
uma pequena farra no restaurante. Quando nos veem a algazarra se
multiplica.
— Oh cara, como esse desgraçado é sortudo — grita um deles.
Não gravei o nome de todos, afinal são muitos rostos.
Cumprimento Rachel e Rochelle, duas irmãs que namoram dois
caras do time — na verdade Rachel está noiva do Malcon, e de casamento
marcado para o final do ano. Elas são uns amores e muito simpáticas.
— Obrigado por ter vindo, Renata. Não aguentava mais ouvi-lo
chorar e se lamentar de saudade sua — por falar nele, o danado alfineta e
recebe um pedaço de pão na cara, jogado pelo Tyler.
— Estou muito feliz por ter vindo, Malcon — digo, sem tirar os
olhos do meu lindo jogador. — Muito feliz.
Beijamo-nos e recebemos muitas vaias e aplausos da turma a nossa
volta.
Acabamos nos sentando com eles, pois era impossível ficar longe
daquela turma barulhenta e amiga. Foram duas horas de pura zoação entre
eles. Tyler não tirava as mãos de mim, sempre me tocando ou beijando. Ele
estava feliz e eu mais ainda.

É final de tarde e estamos de volta a suíte. Tyler pediu um vinho


para mim e alguns petiscos. Ele disse que amanhã à tarde terá o último
treino e no domingo será o jogo, então ficará somente na água para se
hidratar. Principalmente depois do porre de ontem. Sinto-me tão culpada
quando me lembro disso.
O meu celular toca e não preciso olhar no visor para saber quem é:
minha irmã. Liguei para ela mais cedo e não atendeu, então liguei para
mamãe. Queria saber como ela estava e avisar que cheguei bem.
— Renata do céu, como você não me faz sequer uma ligação? —
grita.
— Olá, para você também, Olívia. Sim, eu estou bem, o voo foi
tranquilo e estou com o Tyler neste exato momento — ironizo.
Ele sorri de lado. Está parado na soleira que divide a sala do
minibar, braços cruzados e postura um pouco tensa. Precisamos conversar.
— É exatamente sobre isso que quero saber. Me conte tudo,
inclusive os detalhes picantes. — Rolo os olhos e viro de costas para ele.
— Não tem detalhes picantes e mesmo que tivesse eu não contaria,
Livy.
— Sua estraga prazeres! — choraminga. — Não esqueça que estou
grávida e não posso passar vontade.
Gargalho.
— E você está com desejo de saber sobre a minha transa com o
Tyler? Não seja ridícula, Olívia.
Braços cercam a minha cintura e posso sentir o seu peito vibrando,
ele está sorrindo. Tyler crava os dentes no meu pescoço dando uma
mordida, em seguida passa a língua. Não seguro o meu gemido e Livy solta
um gritinho eufórico do outro lado da linha.
— Ah meu Deus, sinto-me um voyeur. Me conte o que ele está
fazendo, mana.
Afasto-me do Tyler e da sua boca maliciosa. Olho feio para ele, que
sorri e pisca um olho.
— Eu não vou contar nada, Livy. E saiba que te liguei mais cedo e
você não atendeu, tive que ligar para a nossa mãe. Como você está?
— Tá bom, tá bom! Ela me disse — suspira. — Eu estou bem, são
só alguns enjoos chatos. Não se preocupe comigo.
— Como não me preocupar? Você é minha irmã, está carregando o
meu sobrinho e eu me preocupo sim.
— Sei disso. Eu te amo muito, maninha! Mas pode ficar tranquila
que estamos bem. Falei com a minha obstetra e ela disse que é tudo
normal, inclusive me passou um remédio para que eu não me sinta tão mal
como ontem.
— Não gostei que me esconderam isso ontem. Porém fico mais
tranquila, já que falou com a sua médica.
— Eu não queria preocupar a todos com algo bobo, mamãe só
soube porque veio aqui em casa.
— Livy, não é algo bobo passar mal no seu estado. Gravidez não é
doença, mas gera uma mudança enorme no seu corpo, temos que ficar
atentos a tudo. Por favor, não me esconda mais nada — peço.
Tyler está diante de mim com um olhar preocupado. Sorrio para
mostrar que está tudo bem. Toco sua barba, ele pega minha mão e leva a sua
boca para depositar um beijo terno.
— Eu não vou. Prometo! Bom, eu liguei para saber se está tudo
bem por aí.
— Está sim!
— Vocês conversaram?
— Acho que vamos fazer isso agora. — Mordo o lábio inferior e me
afasto novamente dele.
— OK! Eu vou desligar. E, mana?
— Estou aqui.
— Deixe o seu coração falar.
— Farei isso. E, você, se cuide!
— Pode deixar. Cuide-se também! Agora me coloque no viva voz
que quero dar um recado aos dois.
— O que você vai falar, Livy?
— Já estou no viva voz? — indaga autoritária.
Rolo os olhos e faço o que me pede.
Tyler me olha com um sorriso de canto. Ele conhece bem a família
maluca.
— Pronto!
— Olá, Tyler! — cumprimenta animada.
Ponho minha outra mão na testa, já esperando o que está por vir.
Tyler parece se divertir com a minha miséria.
— Olá, Olívia! Espero que esteja bem. — Sua preocupação com
minha irmã toca lá no fundo.
— Estou sim. Apenas uns enjoos, não se preocupe.
— Certo, não irei te dar um sermão. — Rimos.
— OK! Quero dar um rápido recado para os dois.
— Estamos ouvindo — resmungo.
— Renata, se você deixar o Tyler escapar eu te bato. — Pisco os
olhos várias vezes em choque. Ela não disse isso. — E caso esse
Quarterback te machuque, me avise que eu faço o Robert chutar a bunda
dele.
Tyler ri alto da minha cara. Ele vem até mim e me abraça, beija o
topo de minha cabeça e pega o meu celular antes que eu o jogue longe.
— Fique tranquila que nós estamos bem, Olívia. E ficaremos melhor
ainda em algumas horas.
— Eu gosto de você, Tyler! Você me dá os detalhes picantes. — Eles
riem. — Cuidem-se! Mil beijos, casal.
E assim ela encerra a chamada. Seguro a camisa do Tyler para
manter o meu rosto enterrado em seu peito. Mais uma vez ele beija a minha
cabeça.
— Você quer o vinho agora?
— Por favor! — gemo.
Ele se afasta e vai até o bar pegar a minha bebida. Respiro fundo e
esqueço a conversa maluca da minha irmã.
Tyler volta e me oferece uma taça generosa contendo o líquido
vermelho dentro.
— Chegou a hora? — indaga ao notar minha expressão de
seriedade.
— Não podemos fugir por mais tempo.
Ele acena e me estende a mão, aceito e nos sentamos no sofá.
A suíte é espaçosa, ele disse que gosta de ficar sozinho, ao contrário
de outros caras que preferem dividir o quarto.
Pouso a minha taça sobre o móvel de centro, após um longo gole.
Tyler me olha e olha. A intensidade do seu olhar é desconcertante. Estamos
sentados de lado para que possamos nos ver de verdade, ele alisa o meu
rosto e coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.
— Por que você fugiu de mim? — pede, enquanto brinca com o
meu lóbulo.
— Porque sou uma idiota. — Volto a pegar a minha
taça. — Me pergunta algo mais difícil, jogador.
— Certo. Por que não respondeu as minhas mensagens ou atendeu
as minhas ligações? — Ele devolve a minha taça para o móvel e segura a
minha mão entre as suas. — Eu te assustei? Fui rápido demais? Maluco
demais?
— Nenhuma das opções. Ambos somos loucos... Um pelo outro —
Volta a me encarar. — As ligações eu não atendi porque simplesmente não
vi ou não podia, essa semana foi muito corrida no trabalho. Eu tinha que me
ambientar e para isso precisei fazer inúmeras reuniões com a minha
equipe — explico.
Tyler ergue uma sobrancelha.
— Podia ter retornado quando tivesse um tempo — acusa. — A
qualquer hora, eu estava esperando um sinal seu.
Ele brinca com os meus dedos.
— Eu podia, mas sabia que estava corrido para você também e, a
verdade, é que usei disso como desculpa para fugir como a covarde que sou
— confesso.
— Você nem mesmo lia minhas mensagens.
— Mais uma vez fui covarde.
Tento me afastar para pegar o vinho, mas ele não deixa. Tyler chega
mais perto e ergue o meu queixo.
— Quero que seja a mais sincera possível comigo, destino.
— Eu estou sendo. Você não foi rápido demais, nem
maluco. — Toco o seu rosto. Amo sua barba. — Nós vivemos algumas
situações bem intensas que não nos permitiu pensar muito e eu precisava
pensar.
— Pensar em nós?
Fecho os olhos.
— Eu tive medo do que senti quando me entreguei a você no
domingo. Isso nunca me aconteceu antes. Foi tudo tão intenso, tão forte...
Tão único.
— Abra os olhos, Renata!
Faço o que me pede.
— Quando li suas mensagens ontem à noite eu vi que não era a
única maluca nessa história. Eu percebi o quão idiota e imatura eu fui ao
fugir de algo tão bonito que está nascendo entre nós. Pude sentir o seu
desespero na minha própria pele. Eu li naquelas mensagens tudo o que eu
passei esses dias sem falar com você. E por isso estou aqui. Eu precisava te
ver, pois a minha saudade era tão grande quanto a sua. Me desculpa, Tyler.
Foi totalmente ridículo e desnecessário tudo o que passamos esses dias.
10
Tyler

Ouvir Renata dizer que também sente por mim o mesmo que sinto
por ela me deixa sem ar.
Sim, eu sei o quanto isso pode parecer uma maluquice ou sei lá o
que, da minha parte, mas eu gosto dela. Encantei-me por sua beleza assim
que a vi entrar naquele prédio enquanto eu conversava com Alanna, ela
também ser amiga dela foi uma puta coincidência. Nova York é um mundo
e encontrar amigos em comum pode até ser normal, só que eu não acredito
que tenha sido por acaso. Estava escrito: Renata está no meu destino assim
como estou no dela.
Gostei dela e do seu jeito livre de ser, tão espontâneo e natural logo
de cara. Naquele primeiro instante em que conversamos eu sabia que a
queria, sabia que ela viria a ser o meu amor. Sabia que ela era aquela paixão
que iria me derrubar de todas as formas. Já vivi muito nesses meus anos de
futebol, sem contar com a época da faculdade, e sabia que esse momento
chegaria. Só não imaginei que ficaria de quatro tão facilmente ao ponto de
fazer papel de ridículo várias e várias vezes.
Nos últimos dias eu não me reconheci. Correr atrás de uma mulher e
implorar por atenção nunca foi a minha praia e foi só o que fiz. Seria até
mesmo compreensível se ela corresse para o mais longe possível de mim.
— Concordo que poderíamos ter evitado essa distância, mas te
entendo bem — digo, depois da sua declaração.
Encaramo-nos por longos segundos. Ela está nervosa, preocupada.
Eu por outro lado estou bem mais tranquilo, só de tê-la aqui comigo, depois
de todo o silêncio que recebi da sua parte, é maravilhoso e ouvir tudo que
me disse até agora é melhor ainda. Só falta uma coisa que não consigo mais
segurar: o meu tesão. Meu desejo por ela. Estou me segurando desde que a
vi na porta do meu quarto essa madrugada, porém eu não poderia tomar
posse do seu corpo somente para satisfazer o nosso desejo insano.
— Você entende? — pergunta cautelosa.
— Sim. Entendo perfeitamente. — Sorrio um pouco. — Entendo
que agi como um maluco alucinado e posso ter te assustado.
Ela sorri lindamente.
— Não exatamente. Eu me assustei com essa paixão avassaladora
que está nos consumindo — explica.
Seguro o seu rosto com minha a mão esquerda e puxo um pouco os
seus cabelos para trazê-la mais perto de mim. Quero que esteja olhando em
meus olhos quando falar.
— E você acha ruim que estejamos tão envolvidos?
Ela nega e pousa uma mão em meu rosto, repetindo o meu gesto.
Porra! Sua postura ousada e agressiva me deixa duro. Renata não cede, ela
se joga de cabeça em busca do que quer e isso é mais uma coisa nela que
me deixa fascinado.
— Não mais. Eu quero viver toda essa paixão com você. — Sorrio
do seu jeito tímido. — Acho que já podem nos jogar num sanatório e jogar
a chave fora.
Sem mais, ela monta em meu colo e me empurra até que fico
recostado e nos encaixa, o seu calor fica bem em cima do meu pau latejante
e necessitado. Gemo como a porra de um adolescente. Ela tira o vestido
florido que está usando e joga longe, salivo com a visão dos seus seios
presos em um sutiã preto rendado que irá virar trapo quando eu arrancá-lo
do seu corpo.
— Sou totalmente a favor de me trancarem em qualquer lugar com
você — digo.
Em silêncio, Renata agarra a barra da minha camisa e a tira do meu
tronco com a minha ajuda, a peça vai fazer companhia ao seu vestido.
Ficamos cara a cara. Seguro a sua cintura e aperto a sua carne. Tão linda e
sexy! O seu rosto está vermelho, mas não de vergonha e sim de tesão.
Envolvo o seu pescoço com uma mão e com a outra, aperto o seu seio, beijo
o seu colo e mordo ali, deixando a pele quente e avermelhada. Em
contrapartida ela gruda as suas mãos em meus cabelos e puxa pela raiz para
que a olhe.
— Eu quero você, Tyler! Não posso mais aguentar esse desejo me
consumindo.
Desço a peça para que os seus seios fiquem livres e eu possa morder
e sugar até deixar uma bela marca da minha posse.
— O você quer, destino? — pergunto, sem parar de brincar com
seus mamilos.
— Você... Droga... — grita, quando mordo o bico durinho. —
Dentro de mim!
— Isso com certeza vai acontecer, mas só depois que eu te chupar
inteirinha.
— Não acho que vou ser capaz de aguentar por mais tempo. — Ela
puxa os meus cabelos outra vez. Olho feio para ela, que faz um bico lindo.
— Estou na borda desde que nos beijamos na madrugada.
— Eu vou amarrar as suas mãos se continuar a me atrapalhar desse
jeito.
— Você não ousaria!
— Não me teste, meu bem. Estou em uma missão. — Mordo a sua
boca.
— Missão?
Dou o meu sorriso mais malicioso.
— Redescobrir todos os seus pontos de prazer.
— Tyler... Você conheceu todos eles em nossa primeira vez juntos.
— Agora eu irei redescobrir. Fique de quatro, Renata. — Dou um
tapa na sua bunda. — Vou comer sua boceta com a minha boca e depois que
você gozar vou te foder duro com o meu pau.
Ela fecha os olhos e geme.
— Podemos partir para a parte em que me fode com seu pau, pois
acredito que gozei só com suas palavras.
Sua sinceridade faz o tesão turvar a minha visão. Agarro o seu
cabelo e beijo a sua boca, mordo, chupo e lambo todos os cantos. Levanto
do sofá, com ela em meu colo, sem desgrudar nossas bocas, Renata circula
a minha cintura com as pernas e prende os tornozelos firmemente. Com a
outra mão eu aperto sua bunda e nos levo para a cama. Já de pé, diante dela,
eu tiro o seu sutiã e rasgo sua calcinha. Ela geme e se contorce em meus
braços. Toco a sua vagina com um dedo e me delicio ao sentir quão
molhada ela está.
Quebro o nosso contato ao jogá-la na cama.
— Agora!
Ela não questiona, o prazer que estamos sentindo está além dos
nossos limites, mas sei que irei receber o troco e mal posso esperar para tê-
la me torturando com suas mãos e boca. Rapidamente me livro da calça e
cueca, pego uma camisinha na cômoda e jogo no lençol, ao lado do seu
quadril.
Subo na cama e vou traçando um caminho de mordidas, lambidas e
beijos, desde o seu tornozelo até o pescoço. Toda a sua pele fica arrepiada
com as minhas carícias. Renata geme e se contorce embaixo de mim.
— Por favor, Tyler... Eu vou...
— Não sem eu te provar antes.
Desço por sua coluna esguia, saboreando o gosto da sua pele, afasto
mais as suas pernas e lá está o seu mel escorrendo pelas coxas. Não perco
mais tempo, pois também estou no meu limite. Beijo a sua boceta com
vontade, como se eu tivesse passado dias no deserto e dali fosse tirar o
líquido que iria acabar com o meu período de seca. Renata rebola na minha
cara, totalmente ensandecida. Não demora para que esteja gritando e
liberando o seu prazer em minha língua, sugo tudo e faço exatamente o que
prometi: a fodo duro e com força, até que ambos caímos exaustos na cama.
Não posso descrever em palavras o tamanho da minha felicidade por
tê-la aqui comigo.
Tomamos um banho para nos refrescar e depois dormimos
abraçados, saciados e relaxados depois dos dias infernais que passamos.
11
RENATA

É manhã de domingo, Tyler foi mais cedo com o time para o


estádio. Ele está muito ansioso e preocupado com o jogo de hoje, com
muito custo me confessou estar com mal pressentimento. Tentei tranquilizá-
lo como pude.
Pelo que os outros caras do time me disseram, ele sempre fica
nervoso antes das partidas. Por ser o líder da equipe tem um grande peso e
responsabilidade em suas mãos, o medo de falhar se faz presente e a
pressão é grande.
Nos falamos rapidamente antes dele sair, apenas um beijo e a
promessa de que eu iria vê-lo em campo. Não me lembro a última vez em
que estive num campo de futebol, acredito que tinha uns dez anos de idade
quando papai levou Livy e eu para assistir a uma partida, essa fora a minha
única experiência. Digamos que não foi nada legal ver aqueles homens
gigantes se batendo e se machucando por causa de uma bola, e olha só a
ironia do tal destino que o Tyler tanto fala. Hoje eu namoro não só um
jogador como também o principal do time. O cara que leva mais porrada
num jogo.
Conversamos bastante desde que cheguei e a noite de sexta nos
marcou profundamente. Era um início oficial de um relacionamento entre
nós, agora sim eu sou oficialmente a sua namorada.
— Deus do céu! Espero sobreviver até o final da partida — gemo.
Rachel gargalha ao meu lado.
— Você irá, não se preocupe. Agora trate de correr ou o Tyler me
mata por não te levar até ele a tempo.
Acelero os meus passos. Ser baixinha tem as suas vantagens e
desvantagens, uma delas é ter as pernas curtas. Diferente de Rachel que é
alta como uma modelo, eu sou quase uma anã de jardim, principalmente
hoje que estou usando botas sem salto.
— Vocês sempre fazem isso? — Ela me olha e não preciso deixar
mais clara a minha pergunta.
— Sim. Rochelle e eu sempre falamos com eles minutos antes de
entrarem em campo. Segundo Malcon damos sorte para eles. — Os seus
olhos brilham de amor ao falar do noivo.
Pigarreio.
— E o Tyler? — Odeio ficar com uma dúvida me corroendo.
Rachel sorri ao pegar o meu braço e entrelaçar com o seu.
—Tyler nunca trouxe ninguém, se é isso que quer saber. Ele nunca
nos apresentou uma mulher como sua namorada. Sempre teve as peguetes
nas festas, elas os cercam de um jeito irritante — diz, balançando uma mão
no ar. — Mas o nosso grupo é fechado e quando viajamos o respeito
impera. Nada de ficantes malucas, somente aquelas que ao menos tenham o
título de namorada — explica.
Sem perceber solto o ar que estive prendendo todo esse tempo.
Estamos caminhando por um longo corredor em busca de vê-los
antes de entrarem em campo. Malcon havia mandado uma mensagem para
ela dando as instruções. Rochelle ficará nos esperando na arquibancada,
pois está brigada com o namorado e disse que não queria vir conosco.
— Por que mesmo que a sua irmã brigou com o Lincoln?
— Nem me fale nisso, Rochelle está ficando insuportável com esses
ataques hormonais — bufa irritada.
— Ela está grávida? — pergunto com espanto.
— Está sim. De quase três meses, por isso nem todo mundo sabe
ainda.
— Entendo. Mas não seria melhor ela ter ficado em casa, de
repouso?
Lembro de Olívia, que ainda está sentindo enjoos, mas a sua médica
garante ser normal. Eu não entendo nada de gravidez, então me preocupo
fácil. O pouco que sei é que no primeiro trimestre o cuidado deve ser
minucioso.
— Ela está bem e nem mesmo o Presidente da República a faria
ficar em casa, quando sabe o tanto de mulher que cerca o idiota apaixonado
do Lincoln.
Rola os olhos, mas não esconde o sorriso na voz. Deve estar sendo
engraçado conviver com os dois em meio a fase louca que a irmã está
passando.
Continuamos andando, parece que estamos cruzando o Oceano
Atlântico, pois sinto como se já estivéssemos caminhando há horas. Fico
feliz que os meus sapatos sejam confortáveis.
— Ele realmente parece beijar o chão que ela pisa, não tem porque
fazer toda essa marcação. Além de que não faz bem para ela se estressar.
Eu e o meu lado protetor sempre vindo à tona.
— É o que vivo dizendo, todavia ela não me escuta. Atualmente ela
está com raiva porque ele ainda não a pediu em casamento.
— Sério?
— Não é a primeira vez que brigam por este motivo, só que com os
hormônios alterados Lincoln tem passado por maus bocados — diz
sorrindo.
Dobramos uma esquina e lá estão eles.
— Finalmente! Achei que tinham sido abduzidas — reclama
Malcon.
Lincoln olha atrás de nós.
— Ela não veio, Linc. Sinto muito! — avisa Rachel, já nos braços
do seu noivo.
Ele acena cabisbaixo e se vai sem dizer uma palavra. Olho para
Tyler, que franze o cenho para a cena. Vou até ele e círculo o seu pescoço
com os meus braços, ele me suspende em um abraço apertado. Sinto-me
uma boneca de pano em suas mãos.
— Senti sua falta — diz, inspirando meu perfume, deposita um beijo
na veia pulsante em meu pescoço. Suspiro. — Parece que não te vejo há
anos.
— Não seja exagerado, seu bobo. — Agarro os seus ombros e
aperto a proteção. — Você está enorme! Me sinto uma anã perto de você.
A minha voz sai um tanto admirada. Tyler me aperta mais.
— Você gosta? — Ergue uma sobrancelha ao me encarar.
— Prefiro o que tem por baixo de toda essa armadura. — Beijo o
seu queixo. — Tente não se machucar muito — peço, fazendo bico que ele
morde, como sempre.
— Vou tentar. — Pisca um olho.
Com certeza é uma tarefa difícil sair totalmente ileso de uma partida
tão violenta como é a do futebol americano, mas é impossível não se
preocupar sabendo que ele vai estar na linha de fogo por ser o Quarterback.
Aliso os seus longos cabelos que estão trançados dos lados para tirar
os fios do seu rosto, que por sinal está coberto por uma tinta preta nas
bochechas, e provavelmente não atrapalha na hora do jogo.
Sorrio com malícia.
— Se eu te beijar corro o risco de borrar a sua maquiagem? — Tyler
gargalha.
— Não se preocupe com isso, apenas faça o que tem vontade.
E eu faço, beijo a sua boca com vontade nos fazendo gemer. Agarro
os seus cabelos pela nuca e ele me aperta mais em seus braços.
— Vamos lá, Baker, deixa para comer ela depois do jogo.
— Malcon! — ralha Rachel.
Quebramos o beijo e sorrimos ainda com as nossas bocas unidas.
Nos olhamos profundamente.
— Te vejo em breve, jogador. Se cuide! — peço.
Ele acena antes de me dar um selinho.
— Prometo sair inteiro de campo.
Ele me desce do seu colo, segura o meu rosto em concha e solta um
último beijo, então se vai pelo corredor ao lado do Malcon.
— Boa sorte, meninos! — sussurra Rachel ao meu lado. — Vem,
vamos voltar para a arquibancada.
Quando chegamos em nossos lugares encontramos Rochelle aos
prantos, rapidamente nos sentamos e perguntamos o que ela está sentindo.
Ela funga antes de falar:
— Eu deveria ter ido... E se alguma coisa acontecer... Eu sinto que
algo de ruim pode... — Ela soluça enquanto se lamenta.
— Respire, Rochelle, e pare de chilique agora mesmo. — Pisco
aturdida pelo tom de voz que Rachel assume. — Daqui a pouco Lincoln irá
cruzar aquele corredor e ver você nesse estado vai deixá-lo ainda mais
nervoso. Você sabe como ele é ansioso, então trate de se recompor e deixe a
sua crise hormonal para outro momento.
Por incrível que pareça, Rochelle respira fundo e sua fisionomia
muda da água para o vinho, ela até mesmo sorri.
Uau! Isso sim é uma mudança drástica de humor.
— Estou sendo tão ridícula. Tudo culpa do Lincoln que me
engravidou — ela bufa.
— Tenho certeza de que ele não fez o filho sozinho — alfineta
Rachel.
Não consigo segurar o riso.
A interação entre elas é hilária. É como se eu visse Livy e a mim
mesma brigando.
— Desculpe... Oh Deus, me desculpe, mas é que nunca tinha visto
uma crise como essa... — Rochelle me encara, tenho medo da sua revolta se
virar contra mim e seguro o riso. — Esqueça, só esqueça.
Rachel começa a gargalhar, então Rochelle a segue e por fim
estamos as três sorrindo, quando ouvimos um barulho e o locutor começa a
chamar as equipes.
Imediatamente ficamos em alerta e focadas no centro do campo.
Observo que eles fazem um círculo, conversam e depois dão o seu
grito de guerra.
Tyler olha para onde estamos sentadas. Ele sabe os nossos lugares,
pois tínhamos lugar certo perto do campo, ele pisca um olho e coloca o seu
capacete. Eu não brinquei quando disse que ele parece maior, ele está
enorme. Suas feições mudam e vejo que já está no jogo.
O árbitro apita e o ataque começa.

Final de jogo, várias jogadas e muitos pontos à frente do time


adversário, vemos Lincoln fazer uma jogada ensaiada com Malcon, que
acabara de receber a bola do Tyler. Porém, não deu certo e Lincoln foi ao
chão. Uma movimentação louca aconteceu e só percebi que tinha algo
errado quando Rochelle gritou. Olhei para ela, que já chorava como um
bebê, e voltei a minha atenção para o campo a tempo de ver uma equipe
médica entrando em cena.
Após o choque com uma multidão de corpos, Lincoln ficou no chão
e foi atendido por seis minutos, chegando a precisar de um balão de
oxigênio. Ficamos desesperadas vendo toda aquela cena. Depois de ter sido
imobilizado, ele foi retirado de maca do campo.
Agora estamos reunidos na sala de espera do hospital que Lincoln
está internado, ele fora transferido para cá devido à gravidade dos seus
ferimentos. A princípio ele tinha uma perna visivelmente quebrada, mas
logo recebemos a notícia de um Traumatismo Craniano Encefálico.
Rochelle está inconsolável nos braços da irmã, dizendo a todo
momento que a culpa é dela por ter brigado com ele. Preocupada com o seu
estado, falei com Malcon para que ela seja atendida por um médico e talvez
até mesmo sedada, a sua irmã concordou comigo e agora também estamos
esperando que ela seja medicada.
Os caras do time estão espalhados por todo o centro médico. Todos
estão tensos enquanto aguardamos notícias do estado de Lincoln. A
imprensa já lota à frente do hospital, algumas notas já foram liberadas pela
área responsável do time, entretanto nada os fazem ir embora.
Tyler se encontra quieto e taciturno, não fala nada, apenas me
mantém reclusa em seus braços. Depois que o jogo acabou e pudemos nos
encontrar, ele não me largou mais e corremos para o hospital. Ele está muito
abalado e, também se culpa por não ter percebido que Lincoln não estava
bem e sem condições de jogo.
— Ei, quer dividir um pouco comigo?
— Dividir o quê?
— O que estiver passando por essa cabecinha. — Toco a sua fronte
com o indicador.
Tyler torce os lábios e franze o cenho.
— Ele estava tão feliz e... Nervoso ao mesmo tempo — conta
baixinho. — Eu devia ter dito para ficar no banco. Claro que a sua
ansiedade o tirou do eixo.
— E você acha que ele iria te ouvir?
— Com certeza não, ele queria que fosse um dia especial. A vitória
do time e o pedido de casamento ao final do jogo.
Arregalo os olhos, que disparam imediatamente para Rochelle.
— Oh Deus!
Tyler me aperta em um abraço sofrido, devolvo o gesto e tento
passar o máximo de conforto para ele. Nesses dias que estou com eles pude
ver o quanto são unidos, eles formam uma grande família e uma situação
como essa abala demais o emocional de todos. Ainda mais se eles sabiam
quão ansioso Lincoln estava.
— Essa espera é cansativa demais. Não ter informações é uma droga
maior ainda — resmunga. — Ficamos no escuro, sem saber se essa demora
é um bom ou mau sinal.
— Vamos pensar pelo lado positivo. Pode sim ser algo bom — digo.
Algumas horas mais tarde somos informados de que Lincoln passa
bem e tem uma bateria de exames para comprovar isso. Ele realizou uma
tomografia computadorizada no crânio e na cervical, não houve lesões nem
alterações traumáticas. Ele está consciente, mas irá passar a noite no
hospital e pela manhã passará por uma nova bateria de exames.
Foi uma algazarra quando o médico deu a notícia.
— Viu só? Uma notícia maravilhosa. — Sorrio.
Tyler me dá um selinho.
— Com certeza sim.
No mesmo instante o meu celular apita dando o meu último aviso.
— Tenho que ir. — Torço os lábios.
— Claro. Só vou falar com o Malcon e vamos embora.
— Não precisa, Ty. Fique aqui com seus amigos.
O meu voo de volta para casa está marcado para as vinte horas.
Amanhã a minha rotina de trabalho volta ao normal e preciso ir embora
ainda hoje. Ele havia falado com o seu treinador e o mesmo liberou a sua
volta antecipada, mas diante de tudo o que aconteceu eu prefiro que ele
fique com a sua família de coração.
— O Lincoln está bem, você sabe que foi apenas um puta susto. Eu
não vou poder ficar direto aqui no hospital. Também não tem necessidade
disso, afinal amanhã mesmo ele terá alta e voltará para casa. — Afasta o
meu cabelo do meu rosto. — Prefiro voltar hoje com você.
— Está bem — aceno. — Só vou me despedir das meninas e
podemos ir.
— Tudo bem. Eu vou falar com os caras enquanto te espero.
Aceno e caminho para perto das irmãs.
— Como você está se sentindo? — pergunto a Rochelle, assim que
me sento ao seu lado.
Ela dá um leve sorriso.
— Mais calma, porém só vou ficar bem quando ver e falar com ele.
— Entendo. Ao menos sabemos que ele está bem e amanhã mesmo
vai poder sair daqui.
— Isso que me tranquiliza.
— Bom, eu vim me despedir de vocês. Tenho que voltar ainda hoje
para Nova York.
— Obrigada por todo apoio, sei que foi você que pensou no meu
bebê. — Ela segura a minha mão e a de Rachel, que está sentada do seu
outro lado. — A minha irmã estava tão em choque quanto eu mesma para
pensarmos em calmantes.
— Não precisa me agradecer por isso, fico feliz em ter ajudado de
alguma forma.
— Faça uma boa viagem, Renata — fala Rachel. — Precisamos
marcar um almoço de meninas.
— Precisamos mesmo. Vou amar passar mais tempo com vocês e
sem todos esses brutamontes na nossa cola — cochicho.
— Oh, por favor! Muita testosterona está me cansando.
— Não mesmo, suas alterações hormonais são bem piores — aponta
Rachel e gargalhamos.
— Até breve, meninas!
Despeço-me delas aos risos e saio de fininho, antes que a Rochelle
tenha uma crise hormonal pra cima da irmã.
Encontro Tyler um pouco mais à frente.
— Pronta?
— Sempre!
Ele sorri de lado, entendendo o duplo sentido da minha resposta.
Esse jogador pensa que me engana, eu vi o brilho nos olhos dele quando fez
a pergunta.
— Ah, cara! Vão embora logo.
Malcon nos empurra para a saída da sala de espera.
O clima havia mudado drasticamente depois que tivemos notícias do
real estado de saúde do Lincoln, estávamos todos animados.
Vamos embora de mãos dadas e sorrindo. Apesar do dia maluco que
vivemos, a noite estava se encaminhando para ser perfeita.
12

Chegamos em casa de madrugada, Tyler acabou indo para o meu


apartamento. Ele não queria ficar sozinho e eu não queria deixá-lo só
naquela casa vazia. Não depois de tudo o que passamos no fim de semana e
nas últimas horas.
Dormimos abraçados, após um banho bem relaxante de banheira, e
acordei hoje na manhã de segunda-feira com beijos quentes e molhados
sendo espalhados por minha coluna.
Sexo matinal é gostoso, não imaginei que fosse tão bom. Faço sexo
desde os meus dezenove anos, mas nunca dormi com os meus parceiros. A
minha primeira vez foi apenas por curiosidade e tesão acumulado – minhas
mãos não davam mais jeito, mesmo ele sendo o meu namorado na época
pouco se importou com o pós-sexo.
Após o café da manhã Tyler foi para sua casa e eu vim para o
trabalho. Ele me fez prometer que iria responder suas mensagens ou
ligações, não importando a hora que as visse, eu não podia fugir dessa
promessa.
O dia passou voando e sem nenhum contratempo, agradeci por isso,
pois eu estou me sentindo exausta do fim de semana e louca para chegar em
casa. Ao menos não vou precisar cozinhar, já que fui intimada a jantar na
casa dos meus pais. Só espero que não seja para me dizer que as coisas do
“meu casamento” estão todas acertadas. Sorrio. Não duvido nada vindo da
minha família.
Quando estou saindo da minha sala recebo uma mensagem do Tyler.
Entro no elevador já respondendo.

Jogador: Esperando você!


Renata: Estou saindo do trabalho. Você também foi intimado para
o jantar nos meus pais?
Jogador: A ideia foi minha.
Renata: Sua?
As portas da caixa de metal se abrem no saguão, saio e nada da
resposta dele. Faço cara feia para o celular e quando penso em ligar para ele
dou de cara com um muro... Um muro muito cheiroso.
Ergo a minha cabeça para encará-lo.
— Então a ideia do jantar foi sua, posso saber o motivo dele?
Antes de me responder Tyler segura o meu rosto em concha e me
beija longa e profundamente.
Fico mole em seus braços.
— Como foi o seu dia?
Ele pega a minha bolsa, a minha pasta e segura a minha mão nos
guiando para a rua.
— Foi tranquilo para uma segunda-feira pós-feriado prologando.
Parece que todos estávamos um pouco aéreos.
— Esse foi o motivo de você estar no mundo da lua?
Tyler pega a chave do meu carro da minha mão, destrava e abre a
porta do passageiro. Olho para ele, que ignora a minha cara feia e me dá um
rápido selinho, acabo sorrindo e cedendo. Estou cansada mesmo e ter um
motorista particular como Tyler Baker não é para qualquer um. Ele dá a
volta e assume a direção do veículo.
— Você! — digo, assim que ele mergulha no trânsito caótico de
Nova York.
— Eu, o quê?
— Foi o motivo por eu ter ficado no mundo da lua.
Ele pega a minha mão, entrelaça os nossos dedos e beija o dorso.
— Não parei de pensar em nós um único minuto desde que
tomamos caminhos diferentes hoje pela manhã.
Paramos em um sinal de trânsito e Tyler aproveita para me dar o seu
olhar matador, aquele que deixa a minha calcinha molhada. Ele beija a
minha mão mais uma vez, enquanto me prende em seu olhar penetrante. Os
seus olhos têm um tom de azul tão límpido quanto as águas do mar da Ilhas
Maldivas, fico hipnotizada.
— Seus olhos são lindos — solto.
Ele sorri de lado.
— Só meus olhos?
— Não, o pacote completo é lindo, mas os seus olhos me fazem
querer mergulhar em águas cristalinas.
— Eu deixo você mergulhar em mim sempre que desejar — fala,
mordendo o meu dedo mindinho. O gesto envia ondas de excitação por todo
o meu corpo, indo direto para a região pélvica.
— Onde foi parar o cara romântico da semana passada?
Rimos.
— Ele está bem aqui, morrendo de vergonha com os seus elogios —
confessa.
Ele pousa a minha mão em sua coxa e voltamos para o trânsito. Fico
espantada.
— Sério?
— Seríssimo! — Tyler solta uma risada curta. — Eu não sei receber
elogios, sou muito tímido para isso.
— Oh meu Deus, Tyler! Você deve receber juras de amor a todo
momento, e com certeza elas vêm acompanhadas de muitos elogios.
— Tenho uma caixa cheia de cartas no quarto destinado aos
presentes que recebo das fãs, pode ler todas quando quiser.
— Acho melhor não, por mais que sejam suas fãs, deixando claro
que acho lindo o carinho delas com seus ídolos, eu sou muito ciumenta para
isso — nego veementemente.
Ele aperta a minha mão que está sua perna.
— Não precisa ter ciúmes, pois sou todo seu e jamais me envolvi ou
me envolveria com uma fã. Não julgo quem já fez, mas não acho legal
iludi-las dessa forma.
— Parabéns por isso. Muitas dessas meninas fantasiam um final
feliz e acabam sofrendo depois.
— Eu as amo! O carinho e devoção que tem por mim me deixa
encantado e envergonhado ao mesmo tempo. — Dá de ombros. — Sou um
cara normal, como outro qualquer e elas me colocam no mais alto pedestal.
Fico desconcertado.
Que coisa mais fofa ele sendo tímido assim! Imaginem aquele emoji
do WhatsApp que tem os olhos em formato de coração, os meus estão
assim neste momento.
— Ain que lindo, Ty!
— Não me chame de fofo, por favor — alerta.
— Prometo! — Seguro o riso.
— Nem pense que sou fofo — acusa.
Passamos pela portaria do condomínio e ele segue direto para a casa
dos meus pais.
— Você... Não, você não é fofo e sim um trapaceiro — culpo. Ele
me distraiu o caminho inteiro para que eu esquecesse que foi ideia dele o
jantar com os meus pais. — Eu não acredito nisso, Tyler.
— Eu não fiz nada demais — articula com a cara mais cínica do
mundo. Cerro os olhos. — Destino, nós viemos conversando o caminho
todo, eu não tenho culpa se tudo flui facilmente entre a gente.
Estaciona o carro e me olha.
— Jogador!
Abro a porta do carro e saio. Ele está logo atrás de mim.
— Vai negar o quão natural somos juntos?
Viro-me de frente para ele e o beijo intensamente. Tyler demora a
reagir, mas quando percebe o meu gesto passa a comandar o nosso contato
íntimo. Afastamo-nos em busca de ar, porém mantenho as minhas mãos em
seus cabelos.
— Cansei de negar o quanto gosto de você.
A porta de casa se abre e quando me viro, dou de cara com o meu
pai. Solto o Tyler e corro para abraçá-lo.
— Vocês demoraram — acusa.
— O senhor conhece o trânsito da nossa cidade. Onde está a
mamãe?
— Na cozinha. Entrem, ou preferem continuar se agarrando aqui
fora?
Pisco. Tyler tosse.
— Nós... Ahn.
— Andem logo — diz sorrindo. — Sou consciente de que você não
é mais uma menininha, filha, e na idade de vocês os hormônios estão à flor
da pele.
— Minha nossa, pai. Eu vou procurar a mamãe e pedir um coquetel
para fingir que o senhor não disse isso em voz alta.
Gargalhamos, enquanto entramos na casa.
— Você me conhece bem, preciosa. E você não pode dizer que ficou
surpreso, meu garoto.
— Não mesmo, mas bem que podia ser um pouco mais discreto,
Bill.
Papai dá tapinhas no ombro do Tyler.
— Vamos para o escritório tomar alguma coisa. Robert já está lá.
— Vejo vocês em breve.
Dou um selinho no Tyler e sigo para a cozinha. Chegando lá
encontro as mulheres da minha vida, minha mãe e irmã.
— Mãe, olha o sorriso estampado no rosto dela.
Rolo os olhos. Vou até ela, beijo o seu rosto e aliso os seus cabelos.
— Como está se sentindo?
— Bem melhor. Minha obstetra indicou um remédio milagroso e
graças a ele as comidas voltaram a ter um cheiro bom.
— Ótimo! Não parei de pensar em você esses dias fora.
— Ah, mas eu tenho certeza que parou de pensar nela — fala minha
mãe, estranho ela dizer isso, pois sabe quão apegada sou a Livy e a nossa
pequena família.
Então ela gargalha e tudo faz sentido.
— Por favor, mamãe! Nessas horas eu esqueço até o meu nome e só
lembro o do Tyler — solto aos risos.
Nunca tivemos tabu aqui em casa, menos ainda entre nós três.
Sempre falamos de tudo. Claro que não vamos ficar detalhando nossas
vidas sexuais uma para a outra, mas esse tipo de brincadeira é muito natural
em nosso dia a dia.
— Essa foi boa, maninha. Agora senta aí e nos conte os detalhes —
pede empolgada.
Sento-me e pego o meu coquetel, que mamãe já colocou sobre a
mesa.
— Não mesmo. Você sabe que não vou contar e nem adianta insistir,
Livy. — Bebo um gole e gemo. — Mamãe, seus coquetéis são um bálsamo.
— Obrigada, querida. Mas me diga como foi o fim de semana, sem
contar os detalhes sórdidos.
Conto para elas tudo o que aconteceu entre Tyler e eu e, também
falo sobre as amizades que fiz na viagem. Ambas ficaram muito feliz por eu
ter aceitado entrar de cabeça nessa loucura com o Tyler. Por eu ter me
permitido viver depois de só estudar e trabalhar. Claro que eu vivi muita
coisa no Rio, mas não me entreguei a uma paixão de verdade. Porém, com o
Tyler foi bem difícil resistir, mesmo em tão pouco tempo. Por isso sempre
vou dizer que é uma loucura prazerosa.
— E como ficou Rochelle?
— Depois que foi sedada ela ficou calma, porém só a vi relaxar
mesmo quando recebemos a notícia de que o Lincoln estava bem e tinha
sido apenas um susto.
— Pobrezinha. Ainda bem que ele não se feriu gravemente — fala
mamãe.
— Passar por um susto desse bem no início da gravidez deve tê-la
abalado demais — comenta Livy.
— Nem me fale, só consegui pensar em vocês.
Aliso a sua barriga pouco evidente. Olívia sorri e beija o meu rosto,
sussurrando um "eu te amo".
— Mas, vamos falar de coisas boas.
— Sou toda ouvidos — digo.
Bebo o meu drink.
— Por favor me diga que irá servir o jantar, estou faminta — geme
Livy.
— Como sempre, daqui a pouco vai sair rolando. — Ela faz cara
feia para o comentário da nossa mãe. — Quer beliscar algo antes? Preciso
perguntar a sua irmã o motivo desse jantar.
— Não — resmunga, comendo uma uva do cesto sobre a mesa.
— Espera... A senhora não sabe?
— Não consegui arrancar a informação do seu pai. — Ela rola os
olhos e sorrio.
— Mas eu também não sei. Não faço a menor ideia.
— Pois eu sei e não conto. Vamos logo jantar — diz Livy,
levantando e seguindo para o escritório.
— Olívia, não se atreva a deixar sua mãe curiosa desse jeito.
— E a senhora não deixe sua filha grávida com fome.
Gargalho.
— Ela tem um ponto, mãe.
— Eu mereço. Ela está ficando uma chata — grita para que ela
escute.
Levantamos, mamãe avisa para a sua ajudante que pode começar a
servir o jantar e seguimos para o escritório. Chegamos a tempo de ouvir
Livy resmungar que está com fome.
— Está sentindo algum desejo, querida? — indaga papai.
— Não papai, eu simplesmente quero jantar e todos vocês estão aí
enrolando.
Robert e papai piscam sem saber o que falar. Vou até Tyler e ele
rapidamente circula a minha cintura com um braço.
— Mais um pouco e todos os vizinhos irão dizer que estamos
matando você de fome, Olívia — zomba mamãe.
Tyler esconde o rosto em meu pescoço para sorrir, o seu peito
vibrando as minhas costas.
— Vamos lá, meu bem. Tenho certeza de que sua mãe já pediu para
servirem o jantar — fala Robert com toda paciência do mundo.
Ele larga o seu copo sobre o aparador e pega a sua mão, guiando-a
para fora do escritório. Impossível segurar o riso.
— Tenha paciência, meu bombom — pede papai, rindo.
— Você sabe que eu tenho, Bill. Mas quando ela está com fome fica
difícil de lidar.
Por mais que demonstre cansaço, ela continua sorrindo.
Quando chegamos na sala de jantar, Livy já se servia. Começamos a
fazer o mesmo. Tyler pigarreia. Livy na mesma hora aponta a faca em sua
direção.
— Ou você fala enquanto como ou espera que isso aconteça —
ameaça.
— Olívia! — ralha mamãe.
— Mamãe! — devolve ela.
Tyler arregala os olhos e tosse para segurar o riso.
— Amor, tente manter a calma — pede Robert.
— Eu não estou nervosa, Robert, estou com fome — grunhe ela.
— Tenho certeza de que o Tyler não vai se importar em falar
enquanto você come, Livy. Não é, Ty?
Ela está com fome e eu estou curiosa. Não posso mais esperar.
Mais uma vez ele tosse de mentira.
— Não me importo nem um pouco, pode comer à vontade,
Olívia — diz, após tomar um gole de água para engolir o riso.
— Perfeito! Pode começar a falar. A Livy está com fome e eu estou
me corroendo de curiosidade, então pode ir falando.
— Certo! — Tyler fica de pé e olha para o meu pai. — Bill, eu
gostaria de pedir a mão da sua filha Renata em namoro?
Que porra é essa?
Sou acometida por uma tosse que vai me deixando sem ar. De
repente todos estão ao me redor, menos Livy que não para de comer por
nada.
— Beba aqui, querida. — Mamãe me empurra uma taça com água.
— Estou bem! — digo após um gole. — Minha nossa...
— Imagina se fosse um pedido de casamento — zomba Olívia.
Cerro os olhos em sua direção.
— Não me assustei com o pedido, afinal eu achei que já estávamos
namorando.
Olho acusatoriamente para Tyler.
— Sem um pedido oficial? Eu gosto das coisas "à moda antiga",
como diria o meu avô — diz, sorrindo de lado.
— Tão fofo! — solta Livy emocionada.
Tyler faz uma careta bem discreta que só eu posso ver, afinal ele
está diante de mim.
— Papai, acredito que o seu garoto esteja esperando uma
resposta — falo.
Papai tosse e todos nós começamos a gargalhar.
— Fale de uma vez, Bill — exige mamãe.
— Bom... Se ela quer namorar com você não vejo porque eu vá
negar, a minha filha já é adulta e sabe fazer muito bem suas escolhas. —
Fico tocada com as palavras do meu pai.
— Obrigada, papai! O senhor é o melhor.
— Obrigado, Bill. Prometo cuidar bem dela.
Livy fingi uma tosse para falar:
— Tenho certeza disso.
Rimos. Cara, a minha família é a melhor que existe. Não poderia
querer uma família mais perfeita que essa.
13
Três semanas depois...

Não consigo esconder a minha felicidade, todo o meu rosto está


sorrindo.
Estou irradiando alegria e a minha equipe acha isso maravilhoso.
Quando me trouxeram um problemão nas finanças – ainda resquícios do
meu antecessor – eu nem liguei muito, parecia ser algo bem complexo, mas
que resolvemos nas poucas horas da manhã.
Tenho amado trabalhar com eles, pois são extremamente
responsáveis, competentes, dedicados aos projetos e não fogem de desafios.
Agora estou seguindo para o restaurante que almocei com o Tyler
semanas atrás, tenho um almoço marcado com Alanna e Olívia. Com
certeza as duas irão pegar no meu pé e me encher de perguntas.
Ainda estou surpresa com a atitude do Tyler de pedir a minha mão
em namoro ao meu pai, e mais chocada ainda por completar o pedido
colocando um anel de compromisso no meu dedo: lindo, simples e delicado.
Algo que eu mesma compraria para usar. Ele disse que combinaria mais
comigo se eu o usasse no meu dedo indicador e eu concordei, até porque
seria bem mais discreto. Eu não uso anéis, sou bem desligada em relação a
joias, apenas um par de brincos e um colar para realçar o look. Obviamente
que o anel chamaria atenção da impressa, fico feliz que ele tenha pensado
em tudo.
Eu, sinceramente, ainda estou assimilando essa avalanche que está
passando por cima de mim: Tyler e todo esse sentimento nos envolvendo
em uma redoma, o seu trabalho nada comum para mim e a porcaria da
impressa que nos cerca por todos os lados. Além de jogar futebol
americano, Tyler também é modelo e tem o seu rosto espalhado por toda
Nova York, tanto em campanhas fotográficas como em comerciais de
televisão.
Deus, eu namoro uma estrela! Não é à toa todo o assédio em cima
dele.
Então, em toda esquina tem um paparazzo pronto para flagrar algo
das nossas vidas, isso é irritante. Se invadirem o meu espaço pessoal eu
chamo a polícia e processo o desgraçado. Tyler queria contratar um
segurança pessoal para mim, mas neguei, não acho que seja necessário,
afinal eles não fazem nada além de tirar fotos. Um ou dois, às vezes, me
fazem perguntas que respondo sem problemas quando estou no humor para
falar com eles.
Dou graças que as fãs de Tyler são uns amores e não o perseguem
por todos os lados, porque com certeza seria bem mais complicado uma
simples ida a um restaurante. Elas também adoraram saber que estamos
namorando, já temos até fã-clube.
Jamais imaginei passar por essas coisas, mas só de estar com ele eu
me sinto feliz e esqueço todos os inconvenientes da sua profissão.
Tyler viaja hoje à tarde, vai passar três dias fora. Espero me entender
logo com o quadro de jogos da NFL, ainda fico perdida com tantas partidas
e viagens.
— Finalmente. Achei que iria definhar de tanta fome — reclama
Livy, assim que me aproximo da mesa que elas já ocupam.
Rolos os olhos e sorrio para Alanna, que levanta para me
cumprimentar. Trocamos dois beijinhos e me sento à mesa com elas.
— Controle-se, Livy, demorei cinco minutos e não uma vida.
— Você sabe como a minha fome duplicou.
— Sei bem. Mamãe está a ponto de interná-la num Spa. — Aliso a
sua barriga que está começando a despontar. — Tenho certeza que o meu
bebê está bem aí dentro. Essa fome vem de você e não dele.
Ela faz cara feia.
— Também não é para tanto. E a fome vem de nós dois — retruca.
— Vamos pedir antes que você tenha um ataque e invada a cozinha
do restaurante. — Viro-me para Alanna, que está sorrindo da nossa
interação. — Como você está, amiga?
Faço sinal para o garçom que logo chega e fazemos nossos pedidos.
— Me divertindo de como os anos passam e vocês duas não mudam
— diz aos risos.
Nos conhecemos há muitos anos, Alanna é fotógrafa e fez as fotos
da minha formatura. Mamãe a conhecera no casamento de uma amiga e se
apaixonou por seu trabalho, ao ponto arrastá-la para o Brasil só para ser a
pessoa que iria registrar o meu momento especial. Desde então nos
tornamos amigas.
— E nunca vamos mudar. Essa implicância é marca registrada de
irmãos e nós não somos diferentes.
— Passo por coisas do tipo com o Henry.
— E como está aquele cowboy gostoso? — indaga Livy.
— Mais feliz impossível, casou-se com a mulher que ama e já tem
dois filhos. — O amor pelo irmão é visto em suas feições e na forma como
fala dele.
— Uau! Parabéns para a família! — digo.
— Obrigada. Bianca é uma querida que conheço desde criança, um
amor de pessoa. Henry não poderia ter escolhido melhor. — Bebe um gole
de água. — Ela é sobrinha do Charlie.
— Filha do irmão gato do seu marido? — mais uma vez a minha
irmã e os seus comentários.
Alanna ri.
— Sim. Ela é filha do irmão gêmeo do meu marido — dá ênfase ao
lembrar que são gêmeos.
— Ela fala essas coisas, mas se uma mulher olhar um segundo que
seja para o Robert vira uma fera — cochicho.
— Claro! Eu dizer que um homem é bonito...
— Gostoso!
— Que seja! — Balança a mão no ar, descartando a correção da
Lanna. — Um comentário como esse não quer dizer que eu esteja
cobiçando nenhum deles, já essas oferecidas só faltam se jogar para cima do
Robert — bufa irritada.
— Devo concordar com você, Livy. Até porque eles com certeza
têm esse mesmo tipo de conversa sobre as mulheres serem gostosas ou não.
— Como dizem por aí “olhar não é pecado” — lembro.
— Um viva por isso, afinal eu sou casada e não cega.
Olívia ergue a sua taça de água e nós erguemos a nossa para brindar.
Neste momento o garçom chega e começa a servir nossa comida,
agradecemos e ele se vai.
— Hum... Isso está divino. Parece que não como há dias — geme
Livy, saboreando a sua comida. — Acho que vou pedir mais para levar para
casa ou, então farei o Robert vir aqui mais tarde.
— Acredito que eu tenha ficado assim quando engravidei. Charlie se
via louco quando eu tinha desejos na madrugada.
— Não me fale em desejos, tenho até medo de ter um quando se fala
neles — resmunga.
— Acho que isso pode ser um forte motivo para que eu não queira
ser mãe. Vou virar uma bola e sair rolando. — Bebo um gole de água.
— Querida irmã, eu não duvido que você seja a próxima mamãe da
turma, Tyler com certeza vai querer filhos para encher àquela casa.
— Vamos devagar, Livy. Já corremos demais, agora a meta é seguir
nos conhecendo aos poucos.
— Estou tão feliz que estão juntos, mais ainda por eu ser a madrinha
desse namoro — fala Alanna. — Quero ser do casamento também, vou logo
avisando.
— Não fale comigo sobre casamento, Lanna, por favor — gemo. —
Como se não bastasse mamãe e a Livy já planejando até a lua de mel, agora
tenho a impressa, os fãs e uma multidão questionando quando esse dia irá
chegar.
Elas riem.
— Esse é o preço de namorar um famoso. Conheço o Charlie desde
sempre, mas só viemos ter algum envolvimento amoroso quando ele já era
famoso por seus investimentos e as campanhas que fez. Sei bem o que você
está passando — conta sendo solidária.
— Não é de todo ruim, só invasivo — digo. — Se eu espirrar vai ter
alguém ali para me estender um lenço. Esses paparazzi não cansam nunca.
Pelos menos são sempre os mesmos e acredito que já criamos um meio
respeitável de conviver, mas é chato e não nego.
— O que o Tyler diz sobre isso? — indaga Livy.
— Ah... Ele me pede desculpas, sabe que não gosto de me expor
assim, mas é a vida dele e se quero estar com ele devo entender tudo isso.
— E você quer estar com ele?
Sorrio para essa pergunta.
— Não tenho dúvidas quanto a isso, Lanna. Fui totalmente
consumida por esse sentimento louco, essa vontade absurda de desejar estar
com ele a todo instante. Pode parecer insanidade, porém nós somos loucos,
então. — Dou de ombros.
— O amor é lindo — suspira a minha irmã.
— Não diga bobagens, Livy. Ainda estamos na fase da paixão
avassaladora.
— Sabe... Eu estou vivendo essa paixão já tem alguns anos —
sussurra Alanna.
— Eu também, e a maior prova está a caminho — diz Olívia,
alisando a barriga.
— Ah, parem com isso.
— Logo você irá se fazer essa pergunta e terá a resposta — diz
Alanna, dando tapinhas na minha mão.
Será? Amor... Eu amo o Tyler?

Estou deitada na minha cama, pronta para dormir quando recebo


uma mensagem do Tyler. Já tinha perdido as esperanças de receber algo
dele hoje, afinal passa das dez da noite e ele sabe que durmo cedo durante a
semana.

Jogador: Saudades!
Renata: Também estou sentindo a sua falta.
Jogador: O que está fazendo?
Renata: Estou indo dormir e a cama está muito fria sem você aqui.
Jogador: Indo dormir sem me dar boa noite? Magoou.
Renata: Seu bobo! Não quis incomodar você aí na concentração.
Jogador: Você não atrapalha. Neste momento estou deitado, sentindo o
mesmo frio que você. O que está vestindo?
Renata: Calcinha e camisa. Aquela que eu roubei de você.
Jogador: Droga! Sabe o que eu queria?
Renata: Não faço a menor ideia.
Jogador: Você. Nua. Na. Minha. Cama.
Renata: Aí?
Jogador: Nem fodendo.
Renata: Mas seria isso que estaríamos fazendo se estivéssemos juntos, não
é?
Jogador: Com certeza eu estaria enterrado bem fundo dentro de você. Mas
jamais com uma plateia em volta.
Renata: Sabe o que eu queria?
Jogador: Me conte!
Renata: Você. Dentro. De. Mim.
Jogador: Vou dormir de pau duro por sua causa, destino!
Renata: Acho justo, pois estou encharcada por sua causa. Sugiro que volte
logo, jogador!
Jogador: Chego em dois dias e uma noite.
Renata: Estarei contando os minutos e esperando ansiosamente.

Conversamos um pouco mais sobre nosso dia e nos despedimos com


a promessa de que logo mataríamos a nossa saudade.
14

— Onde você está?


— Na casa do Tyler. Algum problema?
— Nenhum. Acabei de passar aí na frente e não vi o seu carro,
achei que estivesse atrasada e o Robert me disse que ele já está
no Aeroporto JFK.
— Deixei o meu carro em casa e vim andando — explico. —
Obrigada por avisar! Já estou com tudo pronto, só falta ele chegar.
Infelizmente os meninos perderam o jogo de ontem, Tyler está
péssimo com isso, pois perderam alguns pontos que podem fazer falta mais
para frente. Sim, eu comecei a estudar melhor sobre os jogos e tudo mais
desde que descobri que todos ao meu redor sabiam tudo e eu não sabia
nada. Uma vergonha eu não saber de nada sobre futebol americano quando
o meu namorado é um jogador de futebol americano! Eu queria estar por
dentro das coisas que ele faz, principalmente para conseguir entender os
motivos dele ficar estressado com uma simples derrota.
Eu já havia planejado surpreendê-lo com um jantar quando
chegasse, comentei com Olívia. Ela me deu algumas ideias a mais e como
resultado eu tenho não apenas um jantar romântico, como uma noite e fim
de semana com programação completa de modo que irá fazê-lo não pensar
em nada disso por uns dois dias, pelo menos. Seremos apenas nós dois em
nossa bolha.
— Por favor, tentem comer e beber ou vão desidratar com tanto
sexo — zomba ela.
— Ah meu Deus, Livy. Nós não iremos passar o fim de semana
inteiro transando.
Rolo os olhos, mesmo que ela não esteja me vendo. Ela gargalha.
— Boa sorte com isso, maninha.
— Para o seu governo eu tenho toda uma programação que inclui:
filmes, comida, banhos... — Rio.
— Essa é a minha garota! Me diga que são filmes de sexo, comida
afrodisíaca e banhos regados a muita sacanagem.
— Você não existe, Livy. Até segunda!
— Cuide-se! Faça tudo que eu faria e mais um pouco.
— Tchau, Olívia!
Encerro a chamada sorrindo. Amo essa maluca.
Caminho pela sala, conferindo se está tudo no lugar. Saí mais cedo
do trabalho e corri para casa, preparei tudo e vim para cá. Ainda na quarta,
Tyler pediu ao Robert que me desse sua chave reserva, pois queria me
encontrar aqui quando chegasse. Então assim será, mas do meu jeito.
Sobre a mesa de centro está um barco com comida chinesa e ao lado
tudo o que iremos precisar para degustar as maravilhas que contém ali
dentro. O chão está coberto de pétalas de rosas vermelhas e velas brancas
dentro de taças para não marcar o chão, nem corrermos o risco de incendiar
a casa.
Corro para o quarto, preciso de um banho para me refrescar depois
de toda essa correria.
Olhe-me uma vez mais no espelho, estou usando uma camisola na
cor cinza escuro; na parte dos seios e da barra ela tem um rendado de flores
na cor branca que deixa a peça linda, delicada e sexy, por baixo uma
calcinha de tiras finas combinando. Estou descalça, pois seria pecado usar
sapatos para caminhar por este lindo tapete que ele tem aqui na sala. Os
meus cabelos, que estão um pouco mais compridos, deixei soltos e
bagunçados, maquiagem quase inexistente.
Criei um clima leve e romântico, para que possamos nos curtir e
relaxar nos braços um do outro. Estou me sentindo uma mocinha de filme
romântico; sonhadora e apaixonada.
Apaixonada... Apenas apaixonada pelo meu jogador lindo,
atencioso, sexy, carinhoso... Suspiro! Eu realmente pareço uma mocinha
boba à espera do namorado.
Deixo esse pensamento de lado e calculo o tempo que leva do
aeroporto para chegar aqui, e pela hora que falei com Olívia, Tyler já deve
estar chegando. Apago as luzes da sala e começo a acender as velas.
Espero que ele goste de tudo. Confesso que estou nervosa, nunca fiz
uma coisa dessas antes. Também nunca tive um namorado que merecesse
isso de mim.
Ouço um barulho de carro e em seguida Tyler entra na casa.
— Destino? — grita da entrada.
— Aqui na sala.
Escuto os seus passos pesados, vindo em minha direção, as minhas
mãos suam de ansiedade.
Tyler fica estático na entrada da sala.
Os seus olhos percorrem todo o meu corpo, em seguida o ambiente,
então um sorriso lento e safado se forma em seus lábios. Sorrio também.
Posso imaginar as perversidades que estão passando pela sua cabeça. Ele
larga a sua bolsa de viagem no chão e prontamente começa a tirar os
sapatos, caminho para perto dele. Não aguento mais ficar tão longe assim.
— Eu não esqueci a data de hoje, mas não imaginei que você iria
querer comemorar. — Prende-me em seus braços e eu fico sem entender
sobre o que ele está falando. — Achei que eu fosse o romântico dessa
relação.
Mordo o lábio inferior.
— Ahn... Hum... Do que você está falando, jogador? Eu preparei
tudo isso para nós sem nenhum motivo especial, apenas queria que
ficássemos nos curtindo sem pensar no amanhã.
Ele gargalha.
— Era de se esperar que você não fosse lembrar, mas estou aqui
para isso. — Beija os meus lábios rapidamente. Sua grande mão envolve o
meu rosto. — Hoje faz um mês que nos conhecemos!
Pisco os olhos aturdida.
— E nós deveríamos comemorar essa data? Achei que se
comemorava um mês de namoro ou um ano. Não o primeiro dia que se
conhece alguém.
— Não é alguém... É você! É a mulher que foi enviada para me
fazer o homem mais feliz do mundo. É o meu presente do destino.
Fico sem ar diante das suas palavras. Olho para ele completamente
hipnotizada.
Sem demora Tyler me devora num beijo duro, explorando a minha
boca com a língua, percorrendo cada centímetro dela ao passo que desliza
as mãos por minhas costas. Ele me aperta ainda mais contra o seu corpo
com um braço e com a sua outra mão segura a minha cabeça pela nuca,
mantendo-me cativa. Aperto os seus braços e subo as minhas mãos para a
sua nuca, onde arranho o seu couro cabeludo com as minhas unhas e puxo
os seus cabelos. Gememos alucinados. Tyler desce a boca por meu pescoço
e chupa com força a pele exposta, passando a língua em seguida e dando
mordidas num único ponto que logo vai ficar avermelhado, marcado por
sua posse.
Afastamo-nos em busca de ar, ele segura o meu rosto com ambas as
mãos. Os seus olhos estão escuros de tanto tesão.
— Eu gosto pra caralho de você e dessa sua boca... Gosto de você
inteira e, claro, que para mim é importante comemorar o dia em que fomos
apresentados pela Alanna. Cara, eu deveria beijar os pés dela em forma de
agradecimento por isso.
— Não seja exagerado. — Fico encabulada.
— Obrigado por ser assim tão espontânea. — Os seus olhos brilham
de um jeito diferente. — Cada dia que se passa eu me encanto mais e mais
por você, Renata.
Aperto os meus braços ao redor do seu pescoço.
— Assim como eu tenho me encantado por você, Tyler Baker.
— Mesmo com toda essa carga que me acompanha?
— Nada disso importa quando no final estamos sempre assim: nos
braços um do outro.
— Eu amo essa parte — sussurra.
— Eu também. Agora vamos comemorar o nosso dia especial —
digo.
Tyler me gira em seus braços e juntos admiramos a sala.
— Tudo isso foi para me recepcionar?
— E para que possamos esquecer do mundo lá fora. — Deito a
cabeça em seu ombro para olhá-lo nos olhos. — Estou sequestrando
você, jogador!
— É mesmo? E para onde vai me levar?
— Vou te levar do céu ao inferno e vice e versa. Prepare-se!
— Mal posso esperar por isso — diz, mordendo o meu lábio
inferior.
— Vem!
Pego a sua mão e nos guio para sentarmos nas almofadas diante da
mesa de centro. Tyler para no caminho.
— Me deixe ao menos mudar essas roupas para algo mais leve,
volto logo. — Me dá um selinho e corre escada acima.
Sirvo o saquê nos copinhos e espero ele voltar, o que não demora.
— Uau! Algo bem mais leve — provoco, ao vê-lo usando apenas
uma calça de moletom. O peito nu, convidando-me a beijar e lamber toda a
sua pele.
Passo a língua por meu lábio superior enquanto me perco no mundo
da imaginação.
— Só quis estar vestido à altura. — Pisca. — Aliás, deixe-me dizer
o quão sexy você está usando essa camisola.
Tyler pega a minha mão e me faz dar uma voltinha na sua frente,
parando grudada em seu corpo quando ele me puxa.
— Obrigada! Espero que goste mais do que tenho por baixo.
— Que horas foi sua última refeição?
Mesmo estranhando a sua pergunta, eu respondo:
— Fiz um lanche por volta das dez.
— Você não almoçou?
— Não. Eu adiantei o meu trabalho para sair mais cedo e poder
preparar tudo. — Ele fecha os olhos.
— Ah porra! Então vamos comer antes que eu devore você e te
deixe faminta até o amanhecer.
A sua promessa faz o meu ventre vibrar em antecipação.
Sentamos lado a lado e comemos enquanto conversávamos sobre
diversos assuntos. As coisas entre nós dois sempre acontece de forma lúcida
e fácil. Em certo momento Tyler me alimenta ou eu o alimento, pequenos
gestos de intimidade que tem feito o nosso relacionamento progredir
maravilhosamente bem.
— Rachel pediu o seu número de celular, eu dei. Algum problema?
— Nenhum. Ficamos de marcar um almoço só de meninas.
Chupo o meu dedo para limpar um pouco do molho. Tyler pega a
minha mão e começa a fazer o trabalho de limpar os meus dedos, mas com
a sua boca. Suspiro sentindo as sugadas em outra parte do meu corpo.
— Um encontro para confabular contra os seus homens.
Gostei de como ele disse isso.
— Basicamente.
Não estou conseguindo me concentrar na conversa com sua boca em
meus dedos, o gesto não parece tão inocente partindo dele.
— Estive pensando em fazer um churrasco aqui em casa para o
time — fala devagar, os seus olhos estão atentos a minha reação a sua
provocação. — E para te apresentar a minha irmã.
Tiro os meus olhos da sua boca e o encaro.
— Sua irmã está voltando?
— Chega ainda essa semana, então vocês irão se conhecer antes do
churrasco que, na verdade, foi ideia dos caras e eu aceitei. Tudo bem?
— Hum... Claro — gemo. — Tyler, eu não estou conseguindo
prestar muita atenção ao que você está falando.
— E por que não?
— Porque só consigo pensar na sua boca sugando uma outra parte
do meu corpo, enquanto você está chupando os meus dedos — solto sem
qualquer resquício de vergonha.
O tesão já tomou conta de mim. Estamos nessa troca de carícias
desde que ele cruzou a porta de entrada, o meu corpo chegou ao seu limite.
— Em qual parte? Me diga!
Tyler me olha intensamente. Ele sabe exatamente o que estava
fazendo e eu deixei de ser o caçador para me tornar a caça.
Pego a sua mão e o faço tocar a minha calcinha.
— Bem aqui — sussurro.
Os seus olhos brilham.
— Deite-se! — Qualquer assunto fora totalmente esquecido quando
ele deu essa ordem. Não penso duas vezes, deito no tapete macio sem
deixar de olhar em seus olhos flamejantes. — Você me quer aqui?
Tyler cobre o meu sexo com a sua mão, fazendo uma leve
massagem que me faz gemer. O meu corpo se contorce de ansiedade, eu
quero as suas mãos e boca sobre mim o quanto antes. Eu quero todo ele
tomando posse de mim e nos levando ao êxtase supremo do prazer.
— Sim!
— E como você me quer? Com as mãos, boca ou meu pau?
Tyler paira sobre mim, a sua mão permanece em meu sexo, por entre
os nossos corpos, que vibram de tanto tesão. Ele mordisca os meus lábios,
fecho os olhos e me permito sentir os seus beijos e mordidas vagando por
toda a minha pele, deixando-me em chamas. Completa e absolutamente
alucinada com pequenos toques.
— De todas as formas possíveis — lamento.
— Vamos começar tirando esse tecido do meu caminho — diz,
tocando a alça da minha camisola. Sua boca viaja até a minha orelha, onde
ele promete: — Vou sugar cada ponto de prazer do seu corpo, Renata. Vou
te fazer gritar ao gozar para mim várias vezes esta noite. Primeiro na minha
mão, depois na minha língua e por fim no meu pau.
Tyler ergue o meu corpo e tira a minha camisola, em seguida volta a
me deitar no tapete e cobre o meu corpo com o dele.
— Deus do céu... — gemo ao sentir o calor do seu corpo contra o
meu. Nossas peles nuas e quentes se tocando levemente, os bicos dos meus
mamilos enrijecendo. Os meus seios ficando mais pesados.
— Nada além do meu nome, destino. Vamos lá, quero ouvir você —
pede.
A sua voz é apenas um sussurro delicioso caminhando por minha
pele em rajadas de ar quente, que sopram e causam choques em contraste
com as suas lambidas que deixam a pele fria e molhada. As suas mãos
cobrem os meus seios e a sua boca suga os mamilos. Tyler trabalha sem
pressa em cada um deles, intercalando entre beijos, lambidas e chupões que
me fazem gritar o seu nome como ele pediu.
— Tyler... Por favor...
Ele solta os meus seios e paira sobre mim. Os seus olhos estão
escuros e queimam nos meus. Fico hipnotizada, presa em sua teia de
sedução.
— O que você quer, meu destino?
— Eu preciso de você dentro de mim, eu não consigo mais
segurar. — Ele me beija longa e apaixonadamente.
Puxo o seu corpo mais perto do meu com as pernas, sinto o seu pau
direto em meu sexo. Tyler se esfrega em meu clitóris e eu lamento em seus
lábios.
— Não se segure, meu bem, eu estou chegando lá. Quero sentir você
na minha boca. Você vai me dar isso?
— Oh sim, desde que você corra e grude sua boca lá embaixo o
quanto antes... Estou por um fio, Ty! — choro.
Ele sorri e, sem mais, percorre todo o meu corpo com os seus beijos
e mordidas, indo na direção que tanto implorei. Tyler tira a minha calcinha
com os dentes e, quando me tem completamente nua, fica olhando
admirado para a pele exposta tão perto da sua boca. Ergo os meus quadris
em busca de contato. Ele aceita a minha investida e cheira o meu sexo,
passa a língua e isso causa vibrações em meu interior.
— Linda! Cheirosa e com um sabor sem igual... Eu vou te comer
muito, destino. — Pisca um olho para mim. — Pode puxar os meus cabelos.
Sem mais, Tyler passa a sugar, morder e lamber o meu sexo como se
estivesse beijando a minha boca. Não consigo descrever em palavras o
prazer alucinante que sinto enquanto ele faz isso.
Eu não me seguro mais, até porque seria uma tarefa impossível.
Gozo gritando o seu nome e puxando os seus cabelos macios e sedosos.
— Que delícia!
Ele sobe, distribuindo leves beijos que queimam a minha pele por
onde sua boca passa.
— Eu ainda não acabei... Quero você cavalgando o meu pau até que
a gente goze e caia de exaustão.
— Terei prazer em te devolver essa tortura.
— E eu terei em recebê-la.
Nossa noite será longa e incrivelmente prazerosa.
15

Manhãs de domingo foram feitas para que a gente durma o que não
pode durante a semana, para que fiquemos de preguiça até tarde.
Não quando você dorme ao lado de Tyler Baker.
Acordei com um excelente sexo de bom dia e depois fomos nadar
nus na piscina. Estar ao lado dele reserva muitas surpresas. O final de
semana estava sendo maravilhoso. Não mexemos em nossas redes sociais,
não atendemos nenhuma ligação – só a minha irmã e logo eu a dispensava.
Parecia que realmente tínhamos fugido para longe de tudo e de todos.
Merecíamos isso!
No sábado, assistimos vários filmes, fizemos o nosso almoço e
pedimos pizza para o jantar. Fizemos amor no sofá, na banheira, sobre a
mesa da cozinha. Batizamos todos os cantos da sua mansão.
O seu quintal é todo fechado, só tendo abertura no teto e para isso
ele precisa acionar apertando alguns botões. Então, graças a essa
privacidade, estamos deitados lado a lado em espreguiçadeiras, ainda nus.
Nunca fui tão desinibida assim, só Tyler consegue esse feito. Tentei entrar
para vestir ao menos uma camisa dele, porém ele disse que não iríamos
precisar de roupas, pois só iria atrapalhar o meio de campo.
— Está com fome?
— Um pouco — digo.
— Vem, vamos comer.
Puxa-me pela mão e entramos na casa.
— Agora eu já posso vestir aquela camisa?
— Que tal um banho quente e depois nos vestimos? — sugere,
prendendo-me em seu corpo.
— Ótima ideia! — Pisco maliciosamente.
Seguimos abraçados pelo corredor, tropeçando nas paredes enquanto
trocamos alguns beijos.
— Ah meus Deus!
Um grito assustado nos chama atenção e quando me viro vejo uma
jovem parada na sala. Consigo ver apenas os seus olhos arregalados, pois
logo ela vira de costas. Rapidamente me escondo atrás do Tyler e ele cobre
sua parte íntima com as mãos.
— Trisha? Você disse que chegaria no meio da semana.
A irmã! Como não pensei nisso? O susto responde. O condomínio é
seguro, mas o Tyler tem fãs por todos os lados, bem que poderia ser uma
delas. A porta da casa estava fechada, Renata! Claro, só alguém com a
chave poderia entrar sem chamar.
— Eu quis fazer uma surpresa. — Ela está cobrindo os olhos com as
mãos, mesmo que esteja de costas para nós. — Assisti ao jogo, imaginei
que estaria para baixo e vim te animar.
Ele pode ter ficado triste, contudo para baixo foi tudo que ele não
ficou esses dias, penso.
Tyler coça a cabeça nervoso.
— Tudo bem! Só me dê um minuto, preciso vestir uma roupa.
— Por favor! — exclama ela aos risos. — E Renata, eu estou
ansiosa para conhecê-la, mas se você puder vestir algo seria bem menos
constrangedor.
— Como... — gaguejo.
— Como eu sei que é você? — Ela advinha os meus
pensamentos. — Simples! As fotos do casal estão espalhadas pelos quatro
cantos do mundo e o meu irmão me falou sobre vocês.
— Eu juro que isso é culpa do seu irmão — Belisco a costela
dele. — Estou tentando vestir uma camisa há horas.
Ela ri alto.
— Tudo bem! Tenho certeza de que não deve ter sido tão ruim
ficarem nus na piscina... — Ela balança uma mão no ar, dispensando o seu
comentário. — Enfim! Vão se trocar, enquanto eu faço o café da manhã.
— Faça isso. Voltamos logo! — fala Tyler.
Ele me joga em seu ombro e corre escada acima, como se eu não
pesasse nada para ele. Quando não vejo mais a sua irmã, dou um tapa na
sua bunda durinha.
— Viu só! Devíamos ter nos vestido quando eu sugeri — resmungo.
Chegamos ao quarto, ele desce o meu corpo rente ao seu e segura o
meu rosto em suas mãos.
— Vai me dizer que foi ruim tudo que fizemos até agora?
— Não foi, mas olha só a forma que a sua irmã nos pegou.
— Culpa dela que não avisou sobre a sua volta antecipada. Relaxe!
Trisha é muito desligada, pense na sua irmã e verá a minha.
— Sério? — pisco assustada.
Duas versões da Olívia é demais para mim.
Tyler me beija rapidamente, então pega a minha mão para que
entremos no banheiro. Ele abre o box e liga o chuveiro.
— Seríssimo. Eu sabia que não devia tê-la deixado muito tempo a
sós com a Olívia, ela transformou a minha irmã maluca em algo bem pior.
Bato em seu ombro.
— Ei, só eu posso ressaltar que a minha irmã é... Você está certo. —
Franzo o cenho. — Se a Trisha já era maluca antes de conviver com a Livy,
com certeza ficou pior depois.
Gargalhamos. De repente Tyler me olha de um jeito sério, como da
outra vez.
— Eu te...
Viro uma estátua quando ele para de falar, claramente segurando o
que iria dizer. Será que... Não. Ainda é cedo para isso.
Decido fingir que não percebi o seu engasgo e sigo a nossa
conversa.
— Vamos tomar logo nosso banho. — Entro embaixo do
chuveiro. — Quero descer e conhecer Trisha de forma mais civilizada.
— É claro.
Acho que pode ser impressão minha, mas senti que ele ficou um
pouco triste.
Tomamos banho em silêncio, Tyler faz questão de me lavar inteira,
porém não tenta nada, apenas me dá banho. Retribuo o seu gesto mesmo a
contragosto por parte dele, que sempre insiste que ele deve me mimar e não
eu a ele. Bobo! Eu amo o carinho que ele tem comigo e sinto prazer em
poder retribuir.
Após o banho, Tyler veste uma cueca e calça de moletom,
permanecendo sem camisa. Eu visto um short e uma regata que havia
levado em minha mochila. Eu preparei uma mochila com algumas roupas e
trouxe comigo para passar o fim de semana aqui com ele, não queria ter que
ficar indo na minha casa só para pegar roupas limpas, que se tornaram
desnecessárias desde que ele chegou.
— Espero que goste de ovos mexidos, cunhada, pois é tudo o que
sei fazer na cozinha.
Olho rapidamente para o Tyler, que sorri de lado ao puxar uma
cadeira para mim.
Cunhada? Sorrio. Ela é mesmo igualzinha a Livy.
— Eu como qualquer coisa, Trisha. — Ela senta ao meu lado.
— É um prazer finalmente te conhecer — diz animada.
— Ahn... O prazer é todo meu e... Sinto muito por você ter nos
pegado daquele jeito.
— Não se preocupe com isso, não é a primeira vez que...
— Trish! — alerta Tyler e ela o ignora.
— Não é a primeira vez que vejo o meu irmão nu. Já vi várias e
várias vezes — fala como se isso fosse uma coisa bem corriqueira.
— Claro que não é.
Bebo um pouco do suco de laranja para descer o bolo preso em
minha garganta.
Eles meio que moram juntos, apesar de viver com os avós em
Boston ela passa as férias e finais de semana aqui, e uma situação como
essa deve ser bem comum. Mesmo que ele não tenha tido uma "namorada
oficial", com certeza trazia mulheres à sua casa. Eu não deveria me
importar com isso, mas sinto uma pontinha de ciúmes me corroendo por
dentro.
Um silêncio ensurdecedor toma conta do ambiente por alguns
segundos, que mais parecem minutos, até que Trisha começa a rir do nada.
Ela ri muito. Chega até mesmo enxugar uma lágrima no canto do olho.
Olho para o Tyler, que balança a cabeça em negação, entretanto tem
um sorrisinho no canto da boca. Sinto que perdi a piada ou que eu seja a
própria.
— Me desculpe... — Ela não para de gargalhar.
— Não ligue para ela — diz Tyler, com um sorriso bobo no rosto.
— Bom, eu também gostaria de dar umas risadas. — A minha frase
sai um pouco azeda, mas eu tenho os meus motivos.
Os irmãos estavam rindo às minhas custas e eu sequer sei o porquê.
— Eu explico. — Trisha praticamente pula sentada em sua cadeira.
— Pode parecer bobagem...
— É uma bobagem! — interrompe Tyler.
— O fato é que eu sempre disse ao Tyler que quando ele tivesse uma
namorada eu testaria ela para saber se gosta mesmo dele. — Os seus olhos
brilham com excitação.
Estreito os olhos em sua direção. Essa conversa não está chegando a
lugar algum.
— Continuo sem entender — resmungo.
— Melhor nem tentar — insiste Tyler.
— Deixe-me explicar melhor... Quando eu disse que já vi o Tyler nu
várias vezes você interpretou que eu falei isso por pegá-lo na mesma
situação de hoje, só que com outras mulheres, certo?
— Vocês praticamente moram juntos, é natural que isso
aconteça — defendo o meu ponto. — Apesar de que na minha opinião ele
deveria ser mais cuidadoso já que essa situação constrangedora acontecera
outras vezes no passado — comento.
Não olho na direção dele, pois sinceramente estou me sentindo um
pouco magoada com tudo isso.
Trisha ri ainda mais.
Humilhada, poderia ser uma palavra legal também, visto que virei
motivo de chacota.
— Você mais do que passou no teste — fala empolgada.
— Que raios de teste é esse?
— Um teste que comprova o seu nível de ciúmes em relação ao meu
maninho. — Como?
— E, daí? Desculpa, Trisha, mas eu continuo sem entender. — Dou
de ombros. — Sentir ciúmes é algo normal quando se gosta de alguém e eu
gosto do seu irmão.
— Exatamente. Agora será que nós podemos comer e deixar esse
assunto de lado? — O tom de voz dele foi um pouco enfezado demais.
Tyler levanta e vai procurar algo nos armários. Ele se irritou com
algo que estou fazendo questão de ignorar. Será?
— Bom, o meu teste deixa claro o quanto você ama o meu irmão —
fala, como se soubesse de tudo que está se passando na minha cabeça.
— Oi? — Engasgo com sua certeza.
Ela realmente lembra a minha irmã em todos os sentidos. Parece que
estou vendo a Livy na minha frente.
— Apenas a ignore, destino. Tudo isso é bobagem da cabeça
fantasiosa da minha querida irmã.
Olho para ele, que não parece ignorar o tal “teste”. Volto-me para
ela.
— E como você chegou a essa conclusão? — pergunto, pois não
consigo entender nada do que ela está falando.
Por causa de um teste – criado por ela – sabemos que eu amo o
Tyler?
Prefiro confiar em mim quanto aos meus sentimentos.
— Logo você terá a resposta, cunhada. — Ela dá tapinhas na minha
mão e se levanta para ir pegar o sanduíche que Tyler acabou de fazer. —
Agora me conte como vocês se conheceram.
Depois de toda essa conversa sem pé nem cabeça começamos a
conversar sobre muitos outros assuntos. Trisha é uma jovem carismática
que me conquistou em poucas horas de conversa. Gostei de cara dela e do
seu jeito maluquinho de ser. Mesmo que o seu teste maluco ainda tenha
ficado martelando em meu cérebro mais maluco ainda.

Os nossos planos mudaram com a chegada antecipada da irmã do


Tyler. A ideia de vegetar até que a segunda-feira chegasse fora totalmente
esquecida, então resolvemos ir almoçar com a minha família. Nossa manhã
foi muito divertida e animada, deixando de lado o incidente do nosso
encontro inicial – ao menos foi o que pensei até que estávamos todos
reunidos à mesa na hora do almoço.
— Quando você chegou, Trish? — pergunta Livy.
— Hoje de manhã e eu preciso te contar que acabei pegando nossos
irmãos no flagra — finge cochichar quando, na verdade, está falando em
alto e bom som para que todos na mesa escutassem.
— Como assim? Me conta isso direito. — Livy já está toda
empolgada.
— Mamãe, necessito de uma jarra com o seu coquetel, pelo amor de
Deus — gemo.
— Depois que eu escutar essa fofoca eu faço mais, meu bem.
Eu mereço. Rolo os olhos.
Fulmino Tyler com o meu olhar de morte, tudo culpa dele. Ele ergue
uma sobrancelha sem entender a minha cara feia, pois está do outro lado da
sala com os homens.
Quando chegamos aqui já estavam todos reunidos, minha mãe, meu
pai, Olívia e Robert. Nós estamos sentadas à mesa da sala de jantar e eles ao
redor do bar, que fica do outro lado do ambiente. Almoço de domingo na
casa dos meus pais sempre é um evento, muita conversa animada, comida e
bebida à vontade. São momentos especiais que não abrimos mão, senti falta
disso enquanto estive no Brasil.
— Vou deixar vocês a sós, enquanto vou ali encher a cara para
esquecer esse mico.
— Não precisa ficar com vergonha de mim, cunhada — diz Trisha.
— Estou com vergonha de mim mesma, acredite — resmungo.
Deixo as três fofocando e sigo para a cozinha, sei que tem mais do
coquetel da mamãe na geladeira. E como imaginei, encontrei o que eu tanto
queria, enchi um copo e sentei no banquinho da ilha central.
Será que eu estou amando o Tyler? Essa pergunta tem me corroído
há dias e depois do que a Trisha falou só tenho me questionado ainda mais.
Eu amo o seu cheiro, o seu beijo, os seus carinhos e a forma tão
atenciosa e cuidadosa com que me trata. Amo estar com ele, cercada por
seus braços. Amo ser preenchida por ele, quando nos amamos, Tyler
consome a minha alma e isso me deixa extasiada.
Mas será que isso significa amor?
Nos últimos dias venho me perguntando se o amo ou se estou
confundindo os nossos bons momentos.
Tomo um gole generoso do coquetel, em busca de clarear as minhas
ideias. Eu posso estar apenas confundindo tudo, não posso?
— Quer conversar?
— Ah mamãe! Estou tão confusa. — Ela me abraça e me permito
sentir o seu carinho e o conforto de estar recebendo o seu amor. — Eu acho
que amo ele e que ele também me ama.
Mamãe faz um carinho gostoso em meus cabelos e afaga as minhas
costas.
— Você acha? Eu tenho certeza que ele ama você.
Afasto-me do seu abraço com os olhos arregalados em sua direção.
— Tem?
Ela sorri.
— Absoluta. Ele olha para você da mesma forma que o seu pai olha
para mim há anos e, também como Robert olha para a sua irmã, e tantos
outros homens que conheço e são apaixonados por suas amadas.
— Será mesmo?
— Tyler é um rapaz de caráter e coração puro, e por mais que
estivesse levando uma vida de farras com os amigos, ele é essa pessoa que
está vendo desde que chegou. Família! Ele já nos confessou várias vezes
que sonha em ter uma família com a mulher que o destino tenha reservado
para ele, que estava apenas esperando ela chegar para sossegar.
— Segundo ele essa mulher sou eu. — Minhas bochechas
esquentam. — Ele me chama de destino.
Mamãe arfa completamente encantada.
— Querida, não tenha medo de viver o que estão vivendo. Não fique
se questionando o tempo todo, pois todas as respostas para as suas
perguntas estão dentro de você. — Aponta o meu coração com o dedo
indicador. — Permita-se ser feliz como vem sendo e tudo estará em seu
devido lugar. — Ela alisa o meu rosto. — Nunca vi você brilhar tanto antes.
Nunca tinha visto o Tyler tão bobo por uma mulher, e olha que ele já
frequenta nossa casa há algum tempo.
— Eu estou vivendo todos esses dias sem medo e tem sido
maravilhoso. — Sorrio. — Tyler é tão perfeito que fico me perguntando se
ele é real ou se estou imaginando coisas em relação a ele.
— Todos temos defeitos e qualidades, porém somos perfeitos aos
olhos de quem nos ama.
Depois dessa conversa com a minha mãe eu não tenho mais
dúvidas. Eu o amo! Não posso mais negar ou fingir que não o vejo.
— Eu o amo... Eu amo Tyler Baker! Amo o meu jogador! — digo,
sorrindo emocionada.
Mamãe também sorri.
Jogo-me em seus braços, pulando de felicidade. Ter a plena certeza
dos meus sentimentos me deixou bem mais leve. Conversamos um pouco
mais e depois voltamos para a sala. Eu queria gritar o meu amor por ele,
mas não faria isso na frente de todos. Vou pensar em alguma forma de me
abrir. Eu sinto que ele também me ama e talvez esteja com medo de
demonstrar com palavras, mas com atitudes ele vem demonstrando todos os
dias desde que nos conhecemos.
Me aguarde, jogador!
16
Saímos da casa dos meus pais depois do jantar, eu já estava pronta
para cair na cama e dar o final de semana por encerrado, então falei com o
Tyler e concordamos que eu voltaria para casa porque amanhã tenho que
acordar cedo e queria arrumar as minhas coisas ainda hoje. Como é
caminho passar pela casa dele entramos lá para que eu pudesse pegar a
minha mochila. Tyler me levaria em casa em seguida.
— Trisha, fico feliz que possamos ter nos conhecido antes do
churrasco do time — despeço-me dela.
— Também gostei disso. E devo dizer que o meu irmão não poderia
ter escolhido melhor pessoa para namorar, Renata. — Ela me abraça
apertado. — Adorei você!
— Obrigada!
De repente me sinto tímida. Pode parecer bobagem, mas gosto de
saber que fui aprovada pela irmã dele. Agora só falta os avós.
— Trish, você está deixando a minha namorada com vergonha —
comenta Tyler, ao me dar um beijo na nuca.
Toda vez que ele fala minha namorada eu me derreto como uma
adolescente boba e apaixonada.
— Almoça comigo na quarta? — convido ela.
Tyler está com a minha mochila na mão e quando vou pegar ele não
deixa.
— Vou amar.
Ela bate palmas animada. Sempre que faz isso penso em uma foca.
— Bom, vou indo nessa, amanhã acordo cedo e preciso voltar para o
meu apartamento agora. Estou morrendo de sono.
Abraçamo-nos e trocamos dois beijos no rosto.
— Imagino que o final de semana tenha sido agitado — fala de um
jeito bem malicioso. — Tenha um bom dia de trabalho, cunhada.
— Obrigada, meu anjo! Tyler, devolve a minha mochila, por favor.
— Trish, vou dormir na Renata. — Ele beija a sua testa. — Volto
pela manhã, não toque fogo na casa.
— Engraçadinho! — ironiza ela.
— Não precisa, Ty. Sua irmã chegou hoje e tenho certeza que vocês
têm muito papo para pôr em dia.
— Amanhã a gente faz isso. Não se esqueça de que ela chegou no
meio de um sequestro.
Sorrio.
— Ah por favor, eu já tive detalhes demais por um dia. Vão logo
embora ou subam para o quarto — reclama ela, nos dando as costas.
— Vamos embora, jogador!
Saímos da sua casa e caminhamos rumo a minha. Seguimos de mãos
dadas pelas ruas silenciosas de um final de domingo, no condomínio. Tyler
está quieto e brinca com o anel que me deu, que está no meu dedo
indicador, nunca tiro ele.
Ele leva a minha mão a sua boca e deposita um beijo no meu dedo.
— Você gostou mesmo desse anel? Não achou um exagero da minha
parte?
Olho para Tyler, que tem o seu olhar preso ao anel.
— Não foi exagero. Eu amei que tenha tido esse gesto. — Paro em
sua frente. — Foi romântico, carinhoso, atencioso e sexy — sussurro,
distribuindo beijos por todo o seu rosto que se ilumina com os meus
carinhos.
— Sexy? — Ergue uma sobrancelha.
— Muito!
Ele circula a minha cintura e une nossos corpos, o máximo possível,
em um abraço apertado, sem se importar com os nossos vizinhos curiosos.
— Me conte, por que é sexy?
— Deixe-me ver! — Toco o indicador do anel em meus lábios e
olho para o céu noturno e estrelado. — Vou tentar te explicar sem parecer
uma maluca ou uma boba apaixonada.
Os seus olhos brilham com o que digo.
— Faça isso, por favor. Estou curioso!
— Sabe aquela coisa de marcar território? De quando você está com
uma pessoa e faz questão de gritar para o mundo que ela é sua. Sua, e de
mais ninguém. — Ele acena. Os seus olhos têm um brilho misterioso e
sedutor. — Então, eu acho isso muito sexy. Às vezes eu paro, olho para este
anel e penso em sexo suado com você. Sexo sujo do tipo que te faz gritar e
rugir quando chega ao ápice do prazer.
— Renata — Tyler geme em alerta, os seus dedos cravando a carne
da minha cintura.
Esfrego-me nele e posso sentir quão excitado está. Eu não estou
longe disso, a minha calcinha está encharcada.
— Uma das partes que mais me excita ao ler um livro de romance
erótico, é quando o personagem ruge um "minha" e ela devolve um "meu"
completamente sussurrado, tamanho é o seu prazer ao ouvi-lo proferir essa
palavra tão minúscula e com um poder tão grande — provoco, mordendo o
seu lábio inferior.
Tyler fecha os olhos por um segundo e quando os abre vejo uma
determinação assustadora e excitante neles.
— A chave.
— Chave? Que chave? — Pisco perdida.
— A chave do seu apartamento, Renata, eu preciso estar dentro de
você antes que eu goze na minha boxer. — A sua voz está rouca, grave de
tesão. — E não pretendo desperdiçar uma gota de porra longe do seu corpo.
Sem demora, eu pego as chaves no bolso da minha calça e entrego
para ele, Tyler agarra a minha mão e praticamente corremos na direção do
meu apartamento.
Nós mal tiramos nossas roupas e transamos de pé, diante da porta de
entrada.
— Isso foi... Uau!
Gargalhamos.
— Então você gosta de ser minha, de saber que é minha e que todos
saibam disso? — indaga, mordendo a minha pele ainda em chamas.
Ainda estamos conectados, suor escorrendo por nossas peles depois
do sexo alucinante que compartilhamos. Os seus olhos perfuram os meus
com intensidade.
— Sim — sussurro.
— É sexy?
— Oh sim! Mas sabe o que é mais sexy ainda?
— Me dê um minuto.
Tyler quebra o nosso contato íntimo para retirar a camisinha, então
ele me pega no colo e nos leva para o banheiro. Abre o box e deixa a água
esquentar um pouco para entrarmos.
— Estou ouvindo, o que é mais sexy do que o minha?
Empurro o seu peito até que ele esteja grudado a parede do box,
Tyler tem um sorriso safado nos lábios. Mordo o seu lábio inferior.
— Meu! Isso com certeza é muito mais sexy. Saber que você é
meu e que todos sabem disso é muito mais excitante.
— Quão excitante?
— Vou te mostrar.
Amamo-nos uma vez mais, depois caímos na cama e dormimos
abraçados. Dormi com uma ideia em mente, que colocarei em prática o
quanto antes.
Quase perdi a hora na segunda pela manhã, por sorte tenho um
despertador programado no meu cérebro. Ele não falha! Por mais cansada
que eu esteja sempre acordo na hora dos meus compromissos.
Corri para o trabalho após um café da manhã rápido, pois teria um
dia cheio de reuniões exaustivas. Tyler foi para sua casa e combinamos de
nos falar por mensagem durante o dia, não iremos nos ver hoje, ele terá uma
sessão de cinema com a irmã. Claro que ele quis me incluir no seu
programa e eu não aceitei porque quero que ele fique com ela, que acabou
de chegar de uma longa temporada com os avós e dividir a sua atenção
comigo não seria a mesma coisa.
Estou no meu horário de almoço, mas decidi comer um sanduíche
natural em minha sala mesmo, enquanto analiso uma planilha em meu
computador.
O meu celular toca, olho no visor e não reconheço o número.
Atendo!
— Renata? Renata Mitchell, namorada do jogador Tyler Baker? —
Recosto em minha cadeira.
— Quem deseja falar com ela? — tento manter o tom profissional,
porém já estou sorrindo.
— Não se faça de difícil, meu bem. É a Rachel!
— Ei, você! — finjo surpresa. — Não estou me fazendo de difícil,
sua boba. Reconheci sua voz. — Rimos. — Tudo bem como você? E a
Rochelle?
— Estamos bem e queremos marcar uma saída só de mulheres,
topa? — direta como sempre.
— Totalmente dentro! Onde e quando?
— Que tal um restaurante ou pub, amanhã? Em qualquer lugar
longe de casa, pois estamos querendo folga desses dois chatos.
— Assim machuca, morena. — Ouço Malcon reclamar ao fundo.
— Homens são tão dramáticos.
Posso imaginá-la rolando os olhos.
— Podemos ir ao Irish, na 7th avenida, conhece?
— Adoro aquele pub irlandês.
— Esse mesmo. Comida boa, cerveja de excelente qualidade e um
ambiente bem familiar.
— Perfeito. Vamos poder relaxar por algumas horas e ainda
tomar Guiness.
— Combinado, então, nos vemos amanhã.
— Mal posso esperar para que possamos pôr o papo em dia.
— Vou convidar a minha irmã que também está grávida e pode fazer
companhia para a Rochelle — comento.
— Ótima ideia, porque eu vou tomar umas Guiness sem sentir culpa
alguma.
— Estarei na sua cola, fazendo companhia. Vou levar a
minha cunhada para nos acompanhar também — digo.
— Trisha já está de volta?
— Nem te conto! Chegou ontem e nos pegou pelados.
Hoje consigo rir da situação constrangedora que foi. Rachel ri alto.
— Vou querer saber todos os detalhes.
— Tenho certeza disso, e ela também vai adorar contar. Ontem
mesmo ela narrou os fatos para a minha família em pleno almoço.
— Aquela garota é maluquinha.
Rimos.
— Rachel, eu vou ter que desligar, o meu assistente acabou de entrar
aqui e prevejo problemas.
— Tudo bem, querida. Espero que não seja nada demais. Só para
fazer inveja te digo que estou amando as minhas férias longe de todo tipo
de confusão no hospital.
Rachel é enfermeira-chefe do Hospital Mount Sinai, um dos
hospitais mais famosos e bem-conceituados do estado de Nova York.
— Sua vaca! Eu comecei há mais ou menos um mês, então sem
férias por um tempo. Tenho que ir. Beijos!
— Nos vemos amanhã. Beijos.
Encerro a chamada às pressas porque o meu assistente havia entrado
como um furacão em minha sala e gesticulava alucinado. Jason é um amor,
mas é muito dramático e exagerado, tudo para ele é um incêndio que
precisa ser apagado urgentemente.
— Desculpe entrar assim, Renata, sei que ainda está em seu horário
de almoço...
— Fala logo de uma vez, criatura.
Ele acena.
— Estamos com um problema. Dois funcionários estavam
discutindo no refeitório e a segurança foi chamada, agora eles estão sendo
mantidos em uma das salas do prédio.
— Lamentável! Mas me diga onde eu me encaixo? Que eu saiba
esse tipo de problema não é da minha alçada.
— A senhora é nossa única superior disponível, não temos mais
ninguém que possa resolver isso agora na empresa.
— Sério isso? Vou ter que lidar com dois marmanjos que agem
como colegiais em seu local de trabalho? — bufo.
— Infelizmente sim.
Ele sorri de lado, parece mais calmo. Respiro fundo.
— Por que foi a tal briga? — pergunto, já ficando de pé.
Desligo o meu computador, pego o meu celular e sigo com ele pelos
corredores da empresa.
Ele pigarreia.
— Ahn...
— Jason, eu estou com uma bomba bem mais importante nas mãos e
vou deixar na espera para ir até esses dois, faça-me o favor de dizer o
porquê eu devo fazer isso ou volto agora mesmo para a minha sala.
— A ex-mulher de um aceitou o pedido de casamento do outro.
O meu queixo cai e eu paro em frente a uma porta que deve ser da
sala que estão os dois idiotas. Quanta falta de profissionalismo!
— É sério isso?
Jason segura a maçaneta da porta e me encara.
— Seríssimo. E ela também trabalha conosco — avisa.
— Vamos lá tentar acalmar os ânimos desses dois, até que alguém
do RH apareça.
E isso é só o início da semana, não quero nem pensar no restante
dela.
17
Jogador: Então estou sendo largado? Além de me abandonar, ainda leva a
minha irmã junto. PS: É isso que ganho por ser o melhor namorado do
mundo? (Carinha triste)
Renata: Fazendo drama, jogador? Que coisa feia. PS: Esse tipo de coisa
não combina com o melhor namorado do mundo. (Carinha sarcástica)
Jogador: Apenas jogando com as cartas que posso. PS: Sou mesmo o
melhor? (Carinha maliciosa)
Renata: Sei... E quanto aos caras irem para sua casa enquanto estamos
"abandonando" vocês? PS: Sim, você é o melhor no meu mundo. (Carinha
com olhos de coração)
Jogador: Droga! Eu estava esperando convencer você a vir passar esse
tempo comigo. PS: Você também é a melhor no meu mundo, na minha vida.
(Coração pulsante)
Renata: kkkk não mesmo. Eu quero sair com as meninas para conhecê-las
melhor e, também passar um tempo de qualidade com a minha irmã e a
sua.
Jogador: Você merece um tempo longe do meu grude, fazer o que se tenho
uma mulher irresistível que desejo ao meu lado a todo instante. Divirta-se,
meu destino. Se cuide e volte logo para mim. PS: Por favor, não deixe que a
Trisha beba demais, apenas uns drinks.
Renata: Lindo! Vou me cuidar e tomar conta direitinho da minha cunhada.
PS: Que irmão mais liberal!
Jogador: Linda é você! PS: Sou o melhor. (Carinha piscando um olho)
Renata: Até mais tarde, jogador! Beijos!
Jogador: Vou sentir saudade... Já estou com saudade.
Renata: Também estou com muita saudade de você. Isso não pode ser
normal. Passamos o fim de semana inteiro juntos, nos despedimos ontem
pela manhã.
Jogador: Para mim é algo absolutamente normal. Eu estou apaixonado
por você e sinto sua falta. Você é o meu último pensamento antes de dormir
e o primeiro ao acordar.
Renata: Você não joga nem um pouco limpo.

Sai do trabalho e corri para casa, achei melhor pegar as meninas


para então sairmos. Estou terminando de me arrumar, para passar na casa do
Tyler e pegar Trisha, Livy já está aqui comigo. Iremos ter uma noite de
meninas junto com as irmãs: Rachel e Rochelle.
Claro que não vou perder a oportunidade de dar um beijo em Tyler
quando passar na sua casa, pois realmente estou com saudade. Se eu achei
que estar apaixonada era algo avassalador, estou vendo que amor e paixão
são totalmente ligados. Hoje eu acredito ser possível viver uma paixão e um
amor, dei sorte de ter encontrado os dois com o Tyler.
Trocar mensagens com ele é sempre divertido e instigante, mas fico
perdida quando ele diz coisas tão românticas. Tyler vive se declarando para
mim e eu só consigo retribuir me declarando também, entretanto, não
consigo proferir o tal "eu te amo".
Pego a minha bolsa e sigo para a sala.
— Estou pronta!
— Finalmente!
Livy levanta do sofá onde estava sentada, comendo e me esperando.
— Não vai me dizer que está morrendo de fome.
— Não. Mas a Trisha está ansiosa e já me ligou duas vezes para
saber se vamos mesmo.
Sorrio. A minha cunhada ficou toda animada quando liguei fazendo
o convite para sairmos hoje à noite. Segundo ela, Tyler marca cerrado e não
a deixa sair com a mesma frequência que ela gostaria.
"Ele é liberal com umas coisas e careta com outras" — disse ela.
Abro a porta de casa e saímos rumo aos elevadores do prédio,
entramos e logo estamos em frente ao meu carro. Destravo as portas e
entramos.
— Demorei um pouco porque estava conversando com o Tyler —
digo.
— Posso até imaginar as milhares de recomendações — comenta
ela.
Levanto as mãos e começo a enumerar.
— Me cuidar. Voltar logo para ele. Cuidar da Trisha... Está bom para
você ou quer mais?
Gargalhamos. Dou partida e logo estou curvando a entrada da rua
em que o Tyler mora. Já é possível ver a movimentação diante da casa. Uma
movimentação estranha, afinal eles deviam estar dentro dela e não era para
ter tanta gente.
— Acrescente uma do Robert: diga a Renatinha para cuidar bem de
vocês — fala, imitando a voz dele.
— Eles estão me confundindo com um segurança particular —
resmungo, ao estacionar próximo ao meio fio.
Descemos do carro e lá estão todos, fazendo uma mini farra na
calçada. Inclusive o meu cunhado.
Cumprimento as meninas.
— Você está linda, minha querida — diz Rachel.
— Digo o mesmo de você. Mas estou confusa, achei que tínhamos
combinado de nos encontrarmos lá no Irish.
— Pergunte ao seu namorado por que estamos aqui — resmunga
Rochelle. — Tudo ideia dele e todos os outros concordaram.
Olho para Tyler, que caminha em minha direção. Bem, ele está
usando apenas bermuda, camiseta e chinelos, suponho que a tal ideia não
seja de eles irem conosco.
— Volto logo.
Vou ao seu encontro e rapidamente sou puxada para o círculo dos
seus braços e arrebatada por um beijo que me tira o ar. Sorrio em seus
lábios.
— Boa noite, destino! Você está linda, como sempre — elogia.
— Obrigada! Está tentando me enrolar?
— De modo algum — diz com ar de inocência.
— Me conte — peço, com os braços em volta do seu pescoço.
— Apenas sugeri que alugássemos um carro com motorista para que
vocês possam sair sem maiores preocupações além de se divertir.
— Só isso? — Ergo uma sobrancelha.
— Nada mais. — Beija os indicadores como se fizesse uma
promessa. Bobo!
— Muito obrigada.
Abraço-o ainda mais.
— Não vai ficar com raiva como a Rochelle? — pergunta em meu
ouvido.
— Não mesmo. Ela está com os hormônios alterados e se irrita com
facilidade — cochicho. Rimos. — Pelo amor de Deus, eu já estava me
sentindo a segurança particular de todas.
— Porra! — Suspira aliviado.
— Sério? Você pensou que eu não gostaria?
— Nunca se sabe. Até então estava tudo empatado: Trisha nunca
liga para isso, Rachel também não se importa, Robert disse que a Olívia não
iria gostar e já tínhamos a Rochelle reclamando. — Ele dá de ombros. —
Você desempatou o placar.
Gargalho.
— Mais uma vez obrigada, tirou um grande peso das minhas
costas. — Enfio os meus dedos por seus cabelos. — Claro que não vou me
descuidar, mas a ideia é ter um pouco de diversão.
— Eu quero que você se divirta e ficar de babá não é exatamente
uma diversão — completa.
— Prometo agradecer quando voltar.
— Eu vou cobrar essa promessa.
Ele morde o meu pescoço e arrepios de excitação percorrem o meu
corpo.
— Pode cobrar. — Seguro o seu rosto por entre minhas mãos e
ficamos perdidos em nosso mundo particular. — Tenho um presente para
você.
— Mesmo? E o que seria? — Alisa o meu rosto.
— Surpresa! — Pisco um olho.
— Certo, pombinhos, podem ir se desgrudando, temos uma noite
inteira nos esperando — Trisha passa por nós gritando. — Vamos lá,
meninas, deixem esses caras aí e vamos cair na noite.
— Acho bom você ir com calma, pirralha — alerta Tyler.
— Eu vou mantê-la sob controle — digo.
Trisha rola os olhos e sorrio ao piscar um olho para ela, que disfarça
e corre animada para o carro.
— Obrigado! Basta trazê-la sã e salva.
— Sabe, vocês poderiam ficar — sugere Lincoln. — A gente trouxe
umas bebidas e podemos pedir pizza.
— Ele não disse isso... — resmunga Rochelle, enquanto entra no
carro.
Coitadinho. Ele está passando por maus bocados.
— Cara, deixa elas irem se divertir um pouco, nós também vamos
ter a nossa festinha — comenta Malcon, colocando o braço em seu ombro.
— Acho bom você ir com calma, Malcon — alerta
Rachel. — Estou indo há um pub tomar umas Guiness com as meninas.
Tenho duas grávidas e uma adolescente meio adulta. Não estou indo para
uma boate de stripers.
— Isso não iria acontecer, minha Rachel, boates estão fora dos
limites para você. — Ela rola os olhos. — E eu só estou tentando distrair o
pobre coitado de sua miséria — explica-se.
— Juízo! — Rachel lhe dá um selinho e entra no carro.
— Vamos lá, Renata. Minha fome está vindo com tudo — resmunga
Livy ao passar por mim.
Robert para ao nosso lado.
— Qualquer coisa me ligue!
— Não se preocupe, cunhado, vamos ficar bem. Só um pouco de
comida e bebida, apenas um tempo entre mulheres.
Ele acena, mas com certeza não deixa de ficar preocupado com a
minha irmã.
Afasto-me do meu jogador para seguir as garotas, porém ele me
segura.
— Ligue-me se precisar. O motorista também é segurança particular
e de nossa total confiança, então pode contar com ele caso algo aconteça.
— OK. Obrigada por isso! Nos vemos mais tarde.
Solto um selinho em seus lábios e entro no carro.
Assim que o veículo entra em movimento recebo uma mensagem
dele.

Jogador: Não esqueça que você é MINHA.

Todo o meu corpo vibra em antecipação, pela volta para casa.

O pub está animado. Grupos de estudantes num canto, casais em


outro, famílias nos fundos. Escolhemos uma mesa que fica próxima ao
banheiro e a cozinha, exigência das gestantes.
Sentamo-nos e logo pedimos hambúrgueres, batata frita e nossas
bebidas. Rachel, Trisha e eu pedimos Guiness, enquanto as meninas ficam
no suco. A palavra " dieta" fora proibida em comum acordo.
— Amei esse lugar. Quero voltar aqui com algumas amigas —
comenta Trisha, encantada com os detalhes do lugar.
— Quando recomeça as aulas, Trish? — indaga Livy, comendo a
sua batata cheia de molho.
— Semana que vem — lamenta. — Então vocês só me terão por
este fim de semana.
— O que você está cursando? — pergunto.
— Finanças. Eu amo cálculos e assim poderei trabalhar diretamente
com o Ty, como ele tanto sonha — ela fala com carinho do irmão.
— Isso é bom! Eu também amo cálculos, não é à toa que hoje
trabalho com isso.
— Eu ganhei na loteria com essa cunhada. — Ela me abraça de
lado. — Eu te amo, Renata.
Rimos.
— Boba!
— Também quero cursar relações públicas para mandar aquela
vadia da Amber para bem longe de nós... Desculpe, Livy! — pede em
seguida.
— Sem problemas! Amber está precisando de uma lição há tempos.
Robert concorda comigo.
— Aquela menina já passou de todos os limites, sinceramente eu
não sei como o Tyler ainda não demitiu ela — resmunga Rachel.
— Por consideração ao Robert e, também porque ele tem o coração
mole — diz Rochelle.
— Olha, eu não gosto dela, ela já aprontou comigo. Mas não
entendo por que vocês não gostam dela? — comento.
Realmente não estou entendendo a hostilidade de todas em relação a
menina, claro que não morro de amores por aquela criatura que já tentou
ferrar comigo duas vezes. Primeiro ela soltou os meus contatos para a
imprensa, que estava alucinada por informações a meu respeito, e depois
tentou barrar a minha entrada no hotel em que o Tyler estava hospedado em
Chicago, alguns meses atrás. Esse último episódio lhe rendeu um bom
puxão de orelha do Carter, agente do Tyler, que também me confessou já
não suportar mais a sua presença. Não dei importância para ela ou para as
coisas que fez e simplesmente deixei passar, sequer comentei com o Tyler,
mas Carter fez isso com prazer. Ele disse que as pessoas precisam parar de
passar a mão na cabeça dela a cada erro que comete.
"Ela precisa aprender a respeitar as pessoas e os limites se quer
conviver numa boa nesse mundo. Ainda mais sendo assessora dos meus
garotos. Eu não vou admitir que ela fique tentando aquecer a cama de um
de vocês enquanto destrói possíveis casamento felizes" — disse ele,
andando furioso de um lado para o outro na sala da casa do Tyler.
— Em resumo: ela se faz de sonsa na intenção de dar o bote e
arranjar um bom casamento. Ela já passou pela cama de uns três caras do
time e agora cismou que está apaixonada pelo meu irmão, que é um bobo
por acreditar que todos merecem uma chance.
— Uau! Certo, ela está querendo um casamento só por status, isso
não é legal.
— Vamos mudar de assunto, por favor. Ando com um instinto
assassino esses dias e se quando a gente for embora eu ainda estiver me
lembrando que um desses idiotas, que pensam com a cabeça de baixo, é o
Lincoln, não vai ser nada bom para ele.
— Ahn... Então, Rachel...
— Ah sim...
Olhamo-nos sem saber sobre qual tema falar. Eu estou em choque
com tudo o que ouvi e ela com certeza quer distrair a irmã.
— Se um dia eu engravidar e ficar chata assim, vocês, por favor, me
matem — alfineta Trisha.
Por incrível que pareça Rochelle ri da piada.
— Então, Trisha você tem namorado? — pergunto.
— Sim e não. — Ela pensa. — Na verdade, estou pensando
seriamente em meter o pé na bunda de um babaca que está com medo de
encarar o meu irmão. Idiota! — O seu tom de voz deixa claro o quanto está
decepcionada.
— Você realmente precisa encostá-lo na parede — começa
Rochelle. — Como pode um homem daquele tamanho ter medo de outro.
— Ainda mais um cara tão tranquilo quanto o Tyler — comenta
Livy.
— Eu o conheço?
— Conhece sim, é o Dylan. Um dos jogadores da linha de defesa do
time.
— Ah, sim. Devo dizer que é um gato, cunhada. — Empurro o seu
ombro.
— O que tem de lindo tem de covarde. — Ela realmente está irritada
com ele.
— Há quanto tempo vocês estão saindo?
— Desde os meus dezessete anos, ele me pediu em namoro na
minha festa de aniversário do ano seguinte.
Faço os cálculos. Ela tem dezenove.
— Uau! Dois anos? E o Tyler não desconfia?
— Somos cuidadosos. Além de que ele é um covarde e me fez ser
uma, até porque estava tão bom e essa coisa do perigo é excitante. Na época
ele tinha acabado de entrar no time e não queria comprar uma briga com o
Ty, depois o tempo foi passando e já nem sei mais.
— Mas agora você não quer mais isso — completo.
— Eu gosto dele e queria poder sair mais vezes, viajar junto com o
time como namorada dele e parar de me esconder ou inventar desculpas
para o meu irmão. — Ela toma um longo gole da sua cerveja e fica
brincando com o gargalo. — Ontem nós brigamos de novo por causa disso.
Ele me disse que iria contar na viagem de volta do último jogo, não preciso
dizer que isso não aconteceu.
— Oh, minha querida, não fique triste assim. — Rachel dá tapinhas
em sua mão. — Homens são criaturas muito complicadas.
— E ainda dizem que nós é que somos — completa Rochelle.
— Nada como um bom gelo — sugere Livy. — Se ele gostar
mesmo de você, vai ter medo de perdê-la.
Os olhos dela brilham com excitação.
— Me conte o seu plano, Livy. Tenho certeza que já está com um
em mente.
— Ligue para ele agora!
— Não antes de você me falar a sua ideia.
— Ele sabe que estamos aqui?
— Não.
— Ótimo. Você vai ligar para ele, dizer que saiu com umas amigas,
porém, não está se sentindo bem e quer voltar para casa. Invente!
— E?
— Vamos ver se ele se preocupa com você ou se vai ter medo de
levá-la para casa e encarar o seu irmão.
— Claro que ele vai se preocupar com ela. Tente outra coisa, mana.
— Aí que você se engana, cunhada. Ele pode vir e me colocar num
táxi para casa.
— Sério isso? — pergunto espantada.
— Acho melhor pensar em outra coisa.
— Deixa que eu ligo e digo que você está passando muito mal —
ofereço.
— Sinceramente, eu acho melhor a gente deixar isso para lá.
— Não mesmo. Se ele não gosta de você, não te merece. Vamos
tirar logo a prova, pois se for para sofrer que sofra logo. — Estou pronta
para uma briga. — Você é jovem, linda e não tem porque ficar se
lamentando por causa de um homem que não quer assumir um namoro por
medo do seu irmão.
— Eu já disse que te amo?
— Eu também amo você, e pode ter certeza de que vou fazer o
Dylan assumir o namoro de vocês ainda esta noite ou não me chamo Renata
Mitchell.
Ergo o meu copo para um brinde, todas nós brindamos.
— Manda ver, Renata — grita Rachel.
— Ligue, finja estar grogue e me passe o seu celular.
Ela obedece. No segundo toque de chamada ele atende. Ela coloca
no viva voz.
— Oi, linda!
— Dylan... Onde você está?
— Na sua casa e você? Que barulho é esse?
— Droga! — sussurra Rochelle.
— Tyler está perto? — ela fala um pouco embolado.
— Na verdade, eu acabei de estacionar o carro, então não. Você
está bem? — Ele parece atento.
— Não... Eu saí com as meninas... Não estou me sentindo bem, D.
Quero ir embora, mas não consigo.
— Me conte o que aconteceu, linda. — Hum... Então ele se
preocupa. Vamos ver o quanto. — Me dê o endereço, chego em poucos
minutos.
Faço sinal para que ela fique em silêncio.
— Oi, você é o Dylan? Namorado da Trisha?
— Quem está falando? — Ouvimos o som de um carro sendo
ligado.
— Você é o namorado dela? — insisto.
— Sou sim! Pode colocar ela na linha? O que está acontecendo aí?
Vibramos em silêncio por sua postura de comando. Ele está
claramente preocupado.
— Então, ela bebeu um pouco demais. Disse que precisava esquecer
de você e agora está desmaiada no meu colo.
Trisha me olha incrédula.
— Ela disse isso, que quer me esquecer? — A voz dele é apenas um
sussurro.
— Sim. Algo sobre estar cansada de ficar se escondendo. Eu não
entendi muito bem. Acho que é melhor eu desligar e levá-la para casa ou
tentar falar com o irmão dela.
Eu deveria ter sido atriz.
— Não precisa, eu estou indo buscá-la, me passe o endereço do bar.
— Eu disse — sussurra Livy.
— Não sei se é uma boa. Ela pareceu muito magoada com você...
— Olha, nós brigamos, ela deve estar muito magoada comigo...
Como você se chama?
— Bianca. — disfarço minha voz.
— Bianca, eu amo essa maluquinha aí e sou muito covarde por
medo de perdê-la. A minha profissão não é algo fácil de lidar, são tantas
coisas e eu não quero tragá-la dessa forma e... Por favor, me deixe cuidar
dela. — Ele parece cansado.
Trisha se emociona. As outras mulheres colocam as suas mãos sobre
a boca para abafar o suspiro de surpresa.
— Tudo bem...
Passo o endereço do pub e encerro a chamada.
— Oh meu Deus.... Oh meus Deus. Ele... Ele disse que me ama.
Trisha não sabe se ri ou se chora, mas é certo que está feliz com a
declaração dele.
— Disse sim e está vindo te buscar. Sugiro que beba um pouco
mais, só para garantir que esteja zonza — sugere Olívia.
— Concordo. Não dá para fingir por muito tempo, então que seja
um pouco real — diz Rachel, passando-lhe o seu copo e já chamando o
garçom.
— E não esqueça: ele tem que levá-la para casa — lembra Rochelle.
Porém não vai ser assim tão fácil.
— Não, não. Ele tem que querer levar ela, mas não vai.
— Como não? — indaga Trisha com os olhos arregalados.
— Você veio com a gente e volta com a gente. Se ele quiser falar
com você terá que deixar de ser covarde e você terá que ser bem firme se
quer que ele assuma alguma coisa — alerto.
— Não estou entendendo. Se ele me levar para casa vai ter que dar
alguma satisfação ao Tyler.
— Meu anjo, ele pode muito bem dizer que nos encontrou e quis
ajudar.
Ela pensa um pouco.
— Mas ele disse que me ama...
— E eu não duvido disso — afirmo. — Entretanto, qual será a
reação dele ao nos ver com você?
— Mas as meninas nos dão cobertura as vezes.
— Eu sou namorada do seu irmão, supostamente não deveria saber
sobre vocês se desejam manter segredo dele.
— A Renata está certa, vamos ver como ele irá se portar e então
você vai com ele. Mas direto para casa, ok? Estaremos bem atrás de você.
— Certo. Eu não vou a nenhum outro lugar com ele. Por mais que
tenha dito me amar, ele não disse isso para mim e, também pode ter falado
só porque ficou preocupado com o que a Renata falou sobre eu querer
esquecê-lo.
— Isso mesmo. Agora beba um pouco mais e depois se escore em
mim, ele já deve estar chegando.
18

Quinze minutos depois Dylan entrava no pub. Ele olhou ao redor e


sua fisionomia mudou quando viu Trisha com a cabeça deitada em meu
colo. Preocupação estampava as suas feições.
Já havíamos pagado a conta e só esperávamos a chegada dele para
irmos embora.
— Aquele olhar é de pura determinação — comenta Rachel.
— Parece um homem em uma missão — digo.
— Que olhar? Sejam mais detalhistas, por favor — resmunga Trisha
de olhos fechados.
— Você verá em 3... 2... 1...
— O que aconteceu com ela?
Ele só tem olhos para ela.
— Cerveja e tristeza, duas combinações terríveis demais — fala
Rochelle.
— Isso é culpa minha. — Ele passa a mão na cabeça e suspira. —
Eu vou levá-la para casa.
— Desculpe, mas eu acho melhor ela ir com a gente — falo.
Só então ele me encara e o seu semblante não muda, está focado na
Trisha. Isso é bom.
— A culpa é minha, me deixa cuidar dela.
— Se a culpa é sua eu deveria mantê-la longe de você, não acha? —
desafio.
— Renata... — Ele parece nervoso. Os seus olhos se voltam para
Trisha. — Eu amo essa menina, mesmo que eu não a mereça eu a amo e
estou perdendo ela.
— Ama mesmo? Então por que está perdendo ela? Como você
disse.
Ele respira fundo. Estamos em silêncio esperando a sua resposta.
— Eu não quero que ela sofra por estarmos juntos, já basta ser a
irmã do Ty, ser a minha namorada também complicaria a sua vida em vários
sentidos.
— Não deveria ser ela a decidir isso? — indaga Rachel.
— Talvez sim. — Franze o cenho. — Meu medo é que ela desista
depois de tentar e aí o sofrimento será maior para nós dois.
— Malditos hormônios — reclama Livy.
Olho para ela e vejo que está chorando, assim como Rochelle.
Trisha funga em meu colo, o seu corpo estremece.
Dylan senta perto de nós, alisa o rosto dela e chama o seu nome
baixinho. Trisha finge despertar.
— D., é você mesmo?
— Sim, minha linda. Eu vim buscar você.
Ela volta a se sentar, eles se encaram. Dylan toca o seu rosto, que
está vermelho por todo álcool ingerido.
— Você veio.
— Sempre venho por você — sussurra, tocando os seus lábios.
Minha nossa.... O clima parece esquentar diante da energia pulsante
ao redor deles.
Pigarreio.
— É melhor a gente ir embora.
— Com certeza é sim — concorda Rachel.
Levantamos e pegamos as nossas coisas.
— Eu levo você, linda.
— Oh não. O Ty não pode nos ver juntos, esqueceu? — Trisha
continua fingindo estar bêbada. Ela engancha o seu braço no meu e deita a
cabeça em meu ombro. — Vamos embora, cunhada.
— Trish, por favor. Você não está bem...
— Estou bem o suficiente para saber que não podemos mais ficar
juntos, Dylan — diz com a voz grogue, apontando um dedo na direção dele.
Dylan muda de cor diante dos nossos olhos, ele pisca várias vezes e
posso ver lágrimas se formarem neles.
— Você está terminando comigo? — A sua voz é quase inaudível.
Ficamos todos parados, em silêncio.
— Es-estou — gagueja ela sem muita firmeza na voz, apertando o
meu braço com força.
Dylan engole em seco.
— Eu... — Ele vira o rosto, mas não tem como esconder a lágrima
que enxuga com a mão.
— Eu acho melhor a gente ir embora — lembra Livy.
— Posso levar vocês. Eu estou indo para lá de toda forma.
— Nós viemos de carro — diz Rochelle.
— Mas pode levar a Trish com você — sugere Rachel.
— Não sei é uma boa ideia, o Tyler não pode me ver com ele —
insiste ela.
— Sinceramente, eu estou querendo que o Tyler se exploda, você
vem comigo e nós vamos conversar no caminho — explode.
Dylan a pega pela cintura e joga sobre o ombro. Pisco atônita.
— Dylan — grito.
— Desculpe, Renata, mas eu não vou deixar ela terminar comigo.
Não nesse estado alcoólico e menos ainda hoje que tomei coragem e estou
indo conversar com o Tyler.
— Oh!
— Então vamos logo embora — digo.

— Ele pouco se importou com a gente, tudo que queria saber era da
Trisha — comenta Livy.
— Já estava na hora dele tomar alguma atitude — brada Rochelle.
— Pena ter precisado de um empurrão — conclui Raquel.
— Eles sempre precisam — resmungo.
— Sempre. Não fosse eu ter colocado o Lincoln contra a parede
sobre nosso relacionamento ele não teria me pedido em casamento.
— No meu caso eu tive que pressionar o Malcon para que se abrisse
em relação a mim, eu precisava saber se ele me amava ou eu não iria insistir
no nosso namoro com todas aquelas mulheres em volta dele. — Ela faz uma
careta.
— Quando eu coloco o Robert na parede é para montar nele, na
verdade, eu faço ele me espremer contra a parede. — Tinha que ser Olívia a
dizer isso.
Gargalhamos.
— Bem, eu não tenho problemas com o Tyler, a questão está em
mim. — Mordo o lábio inferior. — Eu não consigo dizer que o amo. Não
com palavras — completo.
— E ele já disse que a ama? — investiga Livy.
— Com atitudes ele sempre deixa claro o quanto me ama, todavia,
sinto que tem medo de falar por não saber qual será a minha reação.
— Como assim? — questiona Rochelle.
— Algumas semanas atrás eu poderia surtar, afinal só estamos
saindo há quase dois meses.
— Para se amar não existe tempo exato, simplesmente acontece,
minha querida — pontua Rachel.
— Percebi isso tem poucos dias. Antes eu achava que era somente
uma paixão avassaladora, mas hoje vejo que ambos caminham lado a lado e
eu fui arrebatada pelos dois quando conheci o Tyler.
— Ain... Esses hormônios irritantes — chora Rochelle.
Rimos. No entanto, também me emocionei um pouco.
— Comprei um anel de compromisso para ele, vou me declarar essa
noite.
— Essa mulher tem o meu respeito — diz Rachel, batendo palmas.
— Já sabe, depois vou querer todos os detalhes — avisa Livy.
— Aí dela se não nos contar — ameaça Rachel.
— Domingo temos um churrasco marcado — lembra Rochelle.
— Vocês são piradas!
O nosso carro para na frente da casa do Tyler e eles já estão na
calçada, nos esperando. Mandei uma mensagem para ele avisando que
estávamos a caminho. Dylan ainda não chegou e quando todas nós
descemos do carro, Tyler franze o cenho.
— Onde está a Trish?
Vou ao seu encontro e dou-lhe um selinho, que ele retribui.
— Chegando. Vamos entrar?
— Chegando? — Ergue uma sobrancelha.
Ouvimos um carro estacionando e logo o casal desce dele.
— Ei, galera! — cumprimenta Dylan.
Ele pega a mão da Trisha e eles entrelaçam os dedos enquanto se
aproximam de nós.
Os caras devolvem o cumprimento do jeito deles, porém assim que
notam os dois juntos ficam em silêncio e olham para Tyler, que já me
afastou dos seus braços e os cruzou. A expressão dele é impassível.
— Preciso falar com você, Tyler — fala Dylan.
Tyler acena.
— Vamos entrar.
Ele pega a minha mão e seguimos todos para a sala de jogos. O
lugar está uma bagunça, eles se divertiram bastante por aqui. Todos se
servem de comida e bebida e procuram lugar para se acomodar, enquanto
esperam Dylan falar.
Tyler pega uma cerveja e se apoia na parede de entrada da sala, fico
ao seu lado.
— Não pode ser em particular? — pede Dylan, ele parece estar mais
nervoso do que antes.
— É mesmo necessário? — Tyler ergue uma sobrancelha. Move a
sua mão ao redor da sala. — Todos aqui sabem sobre o que vamos
conversar. Há quanto tempo vocês estão juntos? — Ele não parece irritado,
mas claramente está chateado.
— Dois anos — sussurra Trisha, fechando os olhos.
Tyler olha para ela por longos segundos e mais uma vez só faz
balançar a cabeça. Ele bebe um gole da sua cerveja e continua de pé, ao
contrário de todos os outros. Estou ao seu lado e seguro sua mão livre,
tentando acalmá-lo fazendo um carinho.
— Estou esperando, Dylan. — Volta o seu olhar para o colega de
time. — O que você quer falar comigo?
Dylan coça a cabeça, passa a mão no rosto, então olha para Trisha e
o seu rosto se ilumina.
— Cara, eu amo a sua irmã e quero que todos saibam disso. Quero
que você nos dê sua benção — fala firme.
— Depois de todo esse tempo? Ainda precisam dela? — ironiza
Tyler. — Estive me perguntando se eu receberia o convite do casamento.
— Você sabia? — indaga Trisha.
— E quem não sabia? — O seu tom de voz é amargo.
— Pega leve com eles, jogador — peço.
Sinto que está muito magoado.
— Pegar leve? — Ele me encara, os seus olhos em
chamas. — Eles estão juntos há dois anos, Renata. Dois malditos anos,
pensando que ninguém sabia, inclusive eu. E você ainda quer que eu "pegue
leve"? Não me peça isso, destino.
Nunca o vi tão chateado antes. Dou um aperto em seu ombro.
— Se acalme, por favor — peço.
Ele suspira.
Tyler encara Trisha. Vejo ela se encolher com medo. Ele não está
furioso por ela estar namorando e sim por ter escondido por tanto tempo.
— Você achou mesmo que eu não saberia? Todos aqui nessa sala
sabiam. Eu só não imaginei que já fizesse anos. E quer saber o que mais me
dói? Eu estou chateado por você não ter me contado antes. Não achei que
eu fosse um irmão tão ruim para você, Trisha.
Estou sentindo a sua dor. Eles são tão unidos, tão amigos. Também
não entendo porque ela escondeu dele por tanto tempo, se bem que quando
se ama somos capazes de muitas coisas.
— E você não é... — Ela corre até onde estamos e segura as suas
mãos. — Você é o melhor irmão que alguém poderia ter. Me desculpa,
Ty? — pede ela, com lágrimas escorrendo por sua face.
Tyler enxuga o seu rosto e a puxa para os seus braços, ele não diz
nada. Me dói o coração ver o quanto ele está sofrendo.
— A culpa é toda minha, não briga com ela, cara — Dylan quebra o
silêncio. — Eu fui um covarde por motivos bobos e só agora vejo que nada
importa se eu não estou com ela ao meu lado. Eu pedi para ela não contar,
tinha medo de perdê-la com as merdas que nos cercam na mídia.
Tyler beija o topo da cabeça da irmã, que ainda está agarrada em seu
corpo, ele a afasta o suficiente para que olhe em seus olhos.
— Eu amo você e sempre irei respeitar as suas decisões. Sou o seu
irmão e o meu dever é zelar por seu bem-estar, te dar conselhos. No entanto,
só você pode decidir o rumo que irá seguir, e eu estarei ao seu lado
ajudando a enfrentar todos os obstáculos que surgirem.
— Eu também te amo muito e se não contei antes foi porque não
queria atrapalhar a amizade de vocês.
— Agora isso não importa mais. — Beija a sua cabeça mais uma
vez. — E, Dylan, eu espero não ser o último dá próximo vez. Cuide bem da
minha irmã ou vai se ver comigo.
— Com a gente — fala Malcon e Lincoln que erguem sua cerveja
em concordância.
— Se ela chorar mais vezes que não seja de felicidade eu mesmo me
entrego a vocês — promete Dylan.
Eles apertam as mãos e o clima fica um pouco mais leve depois
disso. As brincadeiras começam e a zoação é sem fim.
Trisha parece ter tirado um peso das costas, entretanto não tira os
olhos do irmão. Essa situação deixará os dois abalados.
O meu jogador está triste. As brincadeiras rolam soltas ao nosso
redor, mas ele que parece alheio a tudo, apenas responde uma ou outra
coisa.
Aliso o seu rosto, sua barba e puxo o seu queixo para cima. Estou
sentada em seu colo, pois ele me colocara ali, melhor lugar para estar. Nos
olhamos por alguns segundos e vejo a tristeza profunda em que se encontra.
— Você quer subir? — pergunto.
Amanhã será outro dia e ele pode sentar e conversar com a irmã
com mais calma. Sem toda a plateia e a raiva do momento. Uma noite de
sono e relaxamento fara bem. Além de tudo já está tarde, sei que a maioria
não irá trabalhar, mas eu vou.
— Podemos ir para o seu apartamento? — pede.
— Claro que sim. — Encosto a minha boca na sua, apenas um
sussurro.
Tyler fecha os olhos e me abraça forte pela cintura.
— Preciso de você! — soluça baixinho.
— Gente, se vocês me dão licença eu vou roubar o meu namorado.
Levanto e puxo a mão dele para que se erga também, ele o faz e me
prende em seus braços.
— Fiquem à vontade, vocês são de casa — profere, sem olhar para
ninguém em especial.
O restante da turma mora um pouco distante e já beberam demais
para dirigir, o melhor é dormir aqui mesmo. Acredito que não seja nenhuma
novidade isso acontecer.
— Cara, eu vou usar e abusar da sua cama e daquela hidromassagem
— alfineta Malcon.
— Nós vamos dormir, meu amor — decreta Rachel.
— Use a minha a cama que dou um jeito de usar o seu carro —
devolve Tyler.
— Pegou pesado — choraminga. — Meu carro não.
Rimos.
— Você vai sair? — pergunta Trisha.
— Vou dormir na Renata, volto de manhã — responde sem olhá-la.
— Ok! Ahn... — Tyler a encara.
— Todos podem ficar, você sabe disso — corta qualquer coisa que
ela fosse falar.
— Nos vemos amanhã, então — sussurra ela.
Dylan beija a sua cabeça e sussurra algo em seu ouvido, fazendo ela
acenar positivamente.
Vou até ela e lhe dou um abraço.
— Dê um tempo para ele. Amanhã vocês conversam a sós.
— Ele está muito magoado. — Os seus olhos se enchem de água.
Seguro o seu rosto e beijo a sua bochecha.
— Tente entender o lado dele também — peço.
Ela acena.
— Obrigada por tudo! Você é a melhor.
— Fiz o que achei certo. Trate de descansar um pouco e juízo. —
Pisco.
Ela sorri timidamente.
— Pode deixar que vou cuidar dela. Obrigado, Renata — fala
Dylan.
— Acho bom cuidar mesmo ou eu faço ela chutar a sua bunda —
ameaço.
Dou um leve sorriso e volto para os braços do meu jogador, que está
nos observando de longe.
— Podemos ir? — indaga com mau humor.
Beijo a sua boca.
— Vamos embora.
— Bom, nós também estamos indo — diz Livy, levantando do sofá.
Despedimo-nos dos outros e saímos os quatro da casa.
— Está tudo bem? — pergunta Robert.
— Está sim, só queremos um pouco mais de privacidade. — Pisco
um olho. Ele sorri. — Querem uma carona?
O meu carro está estacionado logo à nossa frente e vou levá-lo para
casa mesmo. Não custa dar a volta no condomínio para deixá-los na casa
deles.
— Por favor, estou caindo de sono — geme Livy.
19

Assim que entramos no meu apartamento Tyler vai até a geladeira,


pega uma cerveja e se joga no sofá. Deixo ele com os seus pensamentos e
sigo para o meu quarto. Tiro toda a minha roupa, pois estou doida para me
livrar delas e dos saltos. Passar o dia inteiro toda produzida já é cansativo,
quando estendo essa produção para uma noitada me sinto exausta, e é
quando chego em casa que o peso vem. Por mais prazerosa que seja a
diversão chega uma hora que tudo o eu quero é ficar apenas com uma
camiseta velha, jogada no sofá ou na cama.
Apenas de lingerie, entro no meu banheiro e coloco a banheira para
encher. Jogo alguns sais e acendo umas velas aromatizantes que me deixam
relaxada.
Entendo que o Tyler tenha ficado magoado e chateado com a irmã,
ele é tão compreensível, e saber que ela escondeu um namoro dele por tanto
tempo deve ser difícil de engolir. Mas por mais que eles sejam irmãos,
amigos e cúmplices na vida que levam sem os pais, é notável que ela o tem
como um pai e não quis que o seu namoro com um amigo e companheiro de
trabalho dele fosse ruim para ele. São dois pesos e duas medidas. Ambos
estão abalados com toda essa situação, porém amanhã é um novo dia e
tenho certeza de que quando eles conversarem sozinhos tudo irá ficar bem.
Por agora vou me preocupar em fazê-lo relaxar, quero tirar toda a
tensão do corpo e da mente dele em meus braços.
Lavo o meu rosto e tiro toda a maquiagem pesada da noite, para que
a minha pele respire um pouco, afinal passo o dia com ela. Tyler diz que
gosta de mim ao natural. Que ama minhas sardas quase imperceptíveis, mas
que ele notou e amou.
Sorrio como uma boba enquanto esfrego a loção removedora nas
bochechas.
Decidi me abrir com ele, deixar claro os meus sentimentos e,
também marcar território como ele marcou comigo ao colocar esse anel em
meu dedo. Olho para o objeto inanimado e tão significativo. Eu não menti
quando disse que sempre que o olho penso em nós dois suados depois de
um sexo sujo.
Enxugo o meu rosto, desligo a torneira da banheira e rumo para a
sala em busca do meu jogador.
Tyler continua no sofá, já está sem os sapatos e sem camisa e com
uma segunda garrafa de cerveja nas mãos. O seu olhar está preso ao gargalo
da Budweiser.
— Olá! Terra chamando meu jogador!!! — chamo.
Ele não me responde. Vou até onde está, pego a bebida da sua mão e
isso atrai a sua atenção para mim. Tyler me olha dos pés à cabeça e um
brilho de excitação passa por seus olhos. Não foi proposital estar só de
calcinha e sutiã, acabei esquecendo de vestir o roupão e só percebi isso
diante do seu escrutínio.
— Desculpa, destino! Vem cá! — diz, ao me puxar para o seu colo
que vou de bom grado.
Fico aberta com os meus joelhos ao lado dos seus quadris. Suas
mãos pousam sobre as minhas coxas e logo elas vão para o meu bumbum,
onde ele aperta a carne e eu gemo baixinho.
Seguro os seus cabelos e o faço olhar em meus olhos. As suas mãos
sobem por minha espinha e ele me puxa para um beijo lento e provocante.
Agarro os seus cabelos da nuca com mais força e me esfrego em sua ereção,
nos fazendo gemer.
Estamos selvagens.
Ele precisa de mim para esquecer e eu necessito dele aqui comigo.
Puxo a sua cabeça para trás, quebrando o contato das nossas bocas.
Arfamos em busca de ar.
— Quero te propor algo.
— Seja lá o que for, eu topo — responde.
— Vamos deixar tudo lá fora. Absolutamente tudo! — Seguro o seu
rosto. — E vamos nos amar, longa e lentamente. Eu quero você
inteiramente no jogo, meu jogador.
Tyler me responde com algo que eu não pensei que faria, não sem
antes ter a certeza sobre como eu me sinto.
— Eu te amo! — profere com os olhos ferventes. Suas emoções
totalmente expostas para mim. — Eu te amo demais! Acho que te amei
assim que te vi entrar naquele prédio. — Ele alisa os meus lábios inchados
do nosso recente beijo. — E quando você começou a falar eu amei sua voz,
o seu jeito espontâneo e sincero de ser. A medida que o tempo vai passando
eu te amo cada vez mais.
— Tyler...
Ele coloca o indicador na minha boca, impedindo-me de falar.
— Renata, eu juro que tentei segurar esse sentimento dentro de
mim, e por mais que eu tenha tentado, não consegui com tanto afinco. —
Ele sorri um pouco amargo. — Primeiro foram os surtos de mensagens
quando você fugiu de mim e quando nos entendemos eu te presenteie com
este anel.
— Eu amei o anel...
— Sim, eu sei, toda aquela coisa de ser minha e a marcação de
território que te excita. — Sorri de lado ao dizer essas coisas.
— Por favor, não fala mais nada.
Ele não me escuta.
— Eu sabia que você se assustaria com a minha declaração, porém
eu estava me sentindo sufocado por guardar esse sentimento só para
mim — fala direto com a minha alma. — Eu precisava te contar o quanto
eu te amo.
— Cala a boca! — rujo.
Beijo a sua boca com força, mordo, sugo e lambo o seu lábio
inferior. Estou em êxtase com a sua declaração tão fervorosa. Tyler geme e
o meu fogo só aumenta, agarro os seus cabelos e os puxo, nos deixando
ainda mais insanos. Ele desperta em segundos e assume o comando do
beijo, sua mão vai para a minha nunca e ele posiciona a minha cabeça em
um ângulo perfeito para que a sua língua vá fundo em minha boca.
Choramingo, esfregando-me em seu pau que pulsa entre nós.
Estamos nos devorando de forma alucinante. Ele tira o meu sutiã
com destreza, joga a peça longe e passa a beijar o meu colo e os meus seios.
Tyler chupa um mamilo ao passo que tortura o outro com os dedos, e vice e
versa, então alterna as suas chupadas com mordidas e lambidas, dando
atenção a todo o meu colo. Continuo com os dedos penetrando por entre os
fios dos seus cabelos e não paro de me esfregar nele.
Tyler gira os nossos corpos e fico deitada no sofá, com ele pairando
sobre mim, respiramos pesadamente. Prendo as minhas pernas em sua
cintura para puxá-lo de volta para mim, mas ele não deixa.
— Pode me dizer o que foi isso? — pergunta com a sobrancelha
erguida.
— Isso... Isso foi eu dizendo que também te amo — digo com
fervor. — Eu te amo muito e não aguento mais sufocar esse sentimento
dentro de mim — repito as suas palavras.
Ele fecha os olhos e encosta a testa na minha.
— Não brinca comigo, destino — sussurra.
Puxo a sua cabeça para trás, quero que ele veja a verdade em meus
olhos.
— Eu tenho cara de quem brinca com essas coisas? — Ele nega com
a cabeça. — Lembra do seu presente?
— Lembro!
— Me deixe pegá-lo — peço, empurrando o seu peito.
— Agora?
Ele olha para a nossa posição. Sorrio.
— É o momento perfeito!
— Volte logo — pede, afastando-se.
— Pode ir tirando a calça enquanto volto.
Pisco com malícia. Ele ri, mas faz exatamente o que eu disse.
Levanto e corro para o quarto. Procuro na minha gaveta de calcinhas
e logo encontro. Volto correndo para a sala, lhe estendo a caixinha e espero
a sua reação.
As minhas mãos estão tremendo. Eu espero que ele goste. O anel é
simples e para usar no dedo polegar, ele é dourado como o meu, porém no
meio tem uma faixa preta e cravada nela tem o símbolo que representa
o destino.
A princípio, Tyler só encara a minha mão, depois ele pega, com os
seus olhos examinando as minhas feições.
— Abre logo! — esbravejo. — Prometo que não é algo que morda.
Não de verdade, apesar que eu adoraria que mordesse — resmungo por fim.
Ele abre e um sorriso brinca em seus lábios carnudos.
— Um anel? Como ele poderia morder alguém?
— Um anel de compromisso — corrijo. — Quero gritar ao mundo
que você é meu e seria ótimo se ele mordesse cada vadia que se oferecesse
para você.
Tyler gargalha com as minhas palavras finais.
— Não precisa se preocupar com nenhuma mulher que se "ofereça"
para mim, eu sou inteiramente seu.
— Eu te amo, Tyler! Não sei como ou quando, mas tenho certeza de
que não é uma paixão passageira tudo isso que estamos vivendo. — Fico de
pé por entre as suas pernas e seguro o seu rosto. — Eu estou
irrevogavelmente apaixonada por você, essa coisa avassaladora que nos
consome é algo muito forte, é amor. Um amor forte e raro de se encontrar. E
eu encontrei com você.
— Porra!
Ele enterra o rosto em minha barriga, os seus braços me apertam
com força.
— Seu surto de mensagens não me fez correr para mais longe e sim
para mais perto. Sua confissão de minutos atrás não me assusta. — Ele me
encara, o seu rosto sério. — O que me assusta é saber o quão forte é o nosso
amor, me assusta a possibilidade de não ficarmos juntos mais para frente.
Mas quer saber? Nós não devemos pensar lá na frente e sim viver um dia de
cada vez. Nos permitir ser felizes agora e o amanhã a gente descobre junto.
— Eu posso comer você e depois a gente faz amor longa e
lentamente?
Rimos.
— Ah, você com certeza deve fazer isso.
Num impulso sou jogada de volta no sofá. Tyler beija a minha boca,
pescoço, seios e logo estou completamente nua e gemendo o seu nome em
alto e bom som, enquanto ele come a minha vulva com seus dedos e boca.
Vou do céu ao inferno em segundos com a sua tortura prazerosa.
Nossa noite estava apenas começando.
20
Tyler

Acordei na manhã de quarta-feira com um sorriso feliz no rosto.


Saber que Renata me ama, tanto quanto eu a amo, foi a melhor coisa que
me aconteceu nos últimos dias.
Olho para o meu dedo com o anel que ela me comprou, essa mulher
não existe. O seu ato me deixou surpreso e excitado na mesma medida. Ela
foi feita exclusivamente para mim. É o meu destino! Eu a amo demais e
admito que está certa em dizer que eu devo conversar com a minha irmã a
sós, que hoje é um novo dia e precisamos fazer isso com a cabeça mais fria.
Ontem descobri que Trisha está namorando o Dylan, o meu colega
de time, há dois malditos anos — quando eu pensei que era algo recente.
Percebi um clima estranho entre eles durante algumas viagens em
que ela nos acompanhou, mas jamais imaginei que já estivessem juntos há
tanto tempo. Estou decepcionado comigo mesmo por ela estar com alguém
e não ter confiado em mim para se abrir.
Eu quis adiar a minha volta para casa, pois não queria conversar
com Trisha, não ainda. Mas decidi ouvir o conselho do meu destino e agora
estou seguindo caminho para o meu lar.
Comprei essa casa quando assinei contrato com o time, queria poder
dar uma vida melhor para nós dois. Desde que a nossa mãe morreu eu jurei
que iria cuidar da minha pequena irmãzinha, eu ainda era uma criança, mas
sabia que a amava e que ela precisava de mim. Fiz e faço tudo o que posso
para que sejamos amigos, sempre conversei com ela sobre todos os assuntos
possíveis. Não entendo por que esse segredo agora? Suspiro.
Será que pensou que eu não apoiaria? Bobagem! Eu a amo e
sempre estarei ao seu lado.
Entro em casa e só escuto silêncio, a galera de ontem já foi embora,
não tinha nenhum carro estacionado lá na frente.
Subo as escadas e vou direto para o meu quarto mudar de roupa.
Quero malhar um pouco.
Estou saindo do closet quando vejo Trisha parada na entrada do meu
quarto. Braços ao redor do corpo, rosto vermelho e olhos inchados.
— Ty, posso falar com você? — pede, sua voz apenas um sussurro.
— Claro.
Indico a cama para que ela se sente e ela o faz.
— Eu quero te pedir desculpas por ter escondido o meu namoro com
o Dylan.
Encaro o seu rosto por alguns segundos, fecho os olhos e respiro
fundo. Essa é a minha irmãzinha, aquela que prometi cuidar, amar e
proteger. Sento-me ao seu lado e seguro a sua mão na minha, ela deixa uma
lágrima escapar. Com a outra mão, enxugo o seu rosto e ela sorri de lado.
Continuo sério.
— Me diga por que você escondeu isso de mim? E por tanto tempo.
Ela acena e começa a falar.
— A princípio eu não achei que seria algo sério — começa.
— Ele não seria maluco de se envolver com você se não quisesse
um relacionamento sério — brado.
— Eu não queria nada sério. Qual é, Ty? Você é meu irmão e eu
convivo no meio de vocês há anos, sei como as mulheres passam em suas
camas e depois viram história. Eu não quero isso para mim — defende-se.
Impossível não sentir orgulho dela.
— Você está certa, mas o que eu estou dizendo é que somos uma
enorme família e o Dylan não iria te seduzir só por uma aventura.
Infelizmente tenho que sair em defesa dele nesse ponto.
Ela sorri de lado.
— Então, trocamos alguns beijos algumas vezes em festas do time.
Depois nos encontramos por acaso em uma balada que fui com as meninas
da faculdade e não nos vimos, porque eu viajei nas férias. Lembra disso? —
Confirmo com a cabeça. — Eu voltei perto do meu aniversário de dezoito e
você tinha feito aquela festa surpresa. Dylan me pediu em namoro naquela
noite.
— Assim, do nada?
— Imagina a minha reação. Nós sequer tínhamos tido nada mais
sério. Trocamos algumas mensagens o tempo que passei fora, mas nada me
preparou para o pedido.
Ela cora com as lembranças. Tento ignorar essas coisas.
— E por que não me contou depois de obviamente aceitar o pedido
dele?
— Bem, eu não queria pôr a amizade de vocês à prova caso não
desse certo e estava tão bom a coisa do "proibido".
— Dylan também concordou em manter segredo?
— Não. Ele queria ter falado com você, mas ao mesmo tempo não
queria vazar isso para a imprensa e isso aconteceria caso você e todo o time
soubesse.
— Nós poderíamos manter o segredo da mídia sem problemas,
conta outra — resmungo.
Ela sorri.
— Não tenho dúvidas de que vocês conseguiram, a questão é que
nós não iríamos conseguir nos manter escondidos quando estivéssemos
todos reunidos. Ele não abriria mão de me ter em seus braços.
— Hum...
— Olha o ciúme.
Fico feliz que o sorriso tenha voltado ao seu rosto.
— Continue...
— Ele não queria que o nosso namoro me tragasse ainda mais para o
mundo de vocês, com perseguição a toda hora da mídia. Sendo sua irmã eu
sofro um pouco, mas namorar um cara do time seria matéria certa toda vez
que eu colocasse os meus pés na rua.
— Entendo. Mas esconder de mim... Isso me magoou
profundamente, Trish.
— Eu já estava decidida a te contar quando fizemos um ano juntos,
mas então brigamos e achei melhor esquecer que tudo tinha acontecido.
— O que ele te fez?
Já estou de pé e furioso.
— Fica calmo que ele não fez nada, e sim a imprensa que publicou
várias fotos dele em uma festa com uma mulher agarrada a ele.
— E ele não tem culpa?
— Não, porque a tal mulher estava com você aquela noite. — Ergo
uma sobrancelha em dúvida. Ele pode muito bem ter mentido para
ela. — Descobri isso através da Rachel, ela me viu chorando e acabei me
abrindo. Ela me garantiu que ele não tinha ficado com ninguém e que
inclusive vocês já estavam estranhando o comportamento dele, que antes
era um pegador e tinha um tempo que não "saía" com ninguém.
— Isso é verdade. Ele sofreu um bocado em nossas mãos.
Desconfiamos que ele estava com alguém e mantinha em segredo. Os caras
começaram a investigar e viram ele todo amoroso com você — digo.
— Fizemos as pazes, mas então voltamos a brigar porque eu já
estava cansada de esconder de todos o nosso amor. Que se danasse a mídia
ou quem quer que fosse. Eu só queria viver o meu amor sem me preocupar
com todo o resto.
— E ele?
— Me prometeu que iria falar com você primeiro, mas não fez.
Então voltei para a casa dos nossos avós. Ele me ligou dizendo que
conversaria com você na volta para casa do último jogo, eu concordei por
saber que vocês estão em uma fase de jogos difíceis e eu não queria ser
culpada pela derrota do time.
— Mas ele não fez de novo — afirmo o óbvio.
— Não e eu vim pra cá disposta a terminar com ele e te contar tudo,
daí cheguei e vi você tão feliz com a Renata que não quis atrapalhar essa
felicidade.
— Bobagem! Eu amo a Renata, mas você é minha irmãzinha e
sempre vem em primeiro lugar — digo, segurando o seu queixo para que
olhe em meus olhos.
— Eu te amo, Ty! E amo a sua namorada, porque foi ela quem fez o
Dylan reagir.
Sorrio todo bobo.
— Ela é demais!
— É sim e vocês formam um lindo casal.
— Trish, mais uma vez eu não nego que isso me magoou demais e
acho que por mais que vocês tenham tido motivos eu nunca vou entender
por que você escondeu de mim algo tão importante para você.
— E eu nunca vou cansar de me desculpar por essa falha estúpida da
minha parte. Você deveria ser o primeiro a saber tudo sobre mim.
— Vem cá.
Abro os meus braços e ela se joga neles, nos abraçamos apertado.
Beijo o topo da sua cabeça e ela o meu peito.
— Me desculpa, Ty. Eu te amo muito, meu irmão.
— Eu também amo você! Vamos deixar esse assunto passar, mas
saiba que irei ter uma conversa com o Dylan.
— Por mim tudo bem.

Perdemos um jogo importante para a equipe na semana passada e


agora vamos ter que correr atrás do prejuízo. A partir da próxima semana o
trabalho será intenso, muitos e muitos treinos, ficaremos mais no estádio do
que em casa. Estamos em busca de um título muito importante para nós e
não podemos falhar.
Hoje é domingo e farei um churrasco aqui em casa para o time, um
ritual que se repete todos os anos.
— Que anel é esse no seu dedo? Nunca te vi usando joias.
Impossível esconder o sorriso apaixonado em meus lábios.
— Esse anel é a forma da sua cunhada marcar o território dela. —
Pisco um olho para a minha irmã curiosa.
— Nada mais justo, afinal eu também tenho um "afasta
pretendentes" no meu dedo — responde Renata.
Cerro os olhos.
— Cunhada, você é a melhor. Acho que já disse isso.
Trisha gargalha alto.
— "Afasta pretendentes"? — rosno.
Renata caminha até onde estou e me dá um selinho.
— O seu é um "afasta vadias" — explica.
Circulo a sua cintura. Estamos na cozinha e tomamos café da
manhã. Daqui a pouco o time começa a chegar e a bagunça será maior
ainda.
— Vocês são malucos — diz Trisha aos risos.
— Se eu fosse você faria o mesmo com o Dylan — aponta.
Trisha faz uma cara pensativa e logo sorri de orelha a orelha. Bato
com a mão na testa, essas mulheres juntas são um perigo.
— Sabe, eu acho que você está certa. Cunhada, eu te amo por me
dar ideias tão maravilhosas.
— Sempre ao seu dispor, meu anjo.
— Estamos ferrados com vocês duas.
— Vocês não trancam a porta? — Dylan entra na cozinha, trazendo
consigo quatro caixas de cerveja.
— Nem sempre. O condomínio é muito seguro — informa Trisha.
Ela vai até ele que beija a sua testa e faz um carinho em seu rosto. É
notável que se gostam.
— Dylan, pode vir até o escritório um instante? — Trisha me olha
alarmada.
— Claro. Volto logo, linda. — Ele não hesita.
— Pegue leve — sussurra meu destino.
— É apenas uma conversa, eu preciso dar uma de irmão mais
velho.
Pisco para ela que sorri.
Seguimos em silêncio pelo corredor e logo entramos no meu
escritório.
— Cara, eu sei que errei, mas não quero que fique um clima ruim
entre a gente. Eu só quis protegê-la. Você sabe como é em nosso meio.
— O que você sente pela Trisha? Esse namoro é algo sério ou
apenas uma diversão com uma mulher mais jovem — vou direto ao ponto.
Nos conhecemos há anos e posso até imaginar a sua resposta. Mas é
a minha irmã e ela só tem vinte anos de idade, zero de experiência amorosa
ao passo que ele tem trinta anos e já viveu tudo o que poderia viver em
termos de relacionamento.
— Eu a amo! — diz com firmeza. — Amo como nunca amei
ninguém e quero que ela seja minha para sempre. Trisha é o meu futuro,
Baker, eu jamais iria usá-la para me divertir. Você me conhece! — Ele
aparece ofendido, mas eu precisava ouvi-lo dizer.
Aceno.
— Conheço e sabia que essa seria a sua resposta. Sei também que é
por ter esse sentimento forte por ela que você quis protegê-la dos
murmúrios da mídia. Mas você entende que a deixou magoada e insegura
em relação aos seus sentimentos?
— Sim, e estou batalhando para provar que a amo. A primeira prova
foi falar com você.
— Estou te confiando o meu bem mais precioso, Dylan. Cuide dela
e não a faça sofrer outra vez — alerto.
— Obrigado por esse voto de confiança. Eu prometo a você o que
prometi a ela: fazê-la feliz até o último dia da minha vida.
Apertamos as mãos e deixamos qualquer coisa para trás ao voltar
para a cozinha e já encontramos uma algazarra vinda do quintal.
O domingo foi regado de muita bebida, comida e amizade. Do jeito
que eu gosto.
21
Renata
Quatro meses depois...

O tempo passou voando e hoje é o dia do chá de bebê da minha


irmã, ela está ansiosa para saber o sexo do bebê. Somente eu e a pessoa que
fez o bolo — nossa mãe — sabemos, pois, a ideia era manter segredo até o
dia de hoje e, por sorte, o bebê só resolveu se revelar na semana passada. Se
tivesse sido antes Livy iria me encher de chantagens e ameaças para ter o
que tanto quer.
— Você sabe que não irá partir esse bolo até que todas as pessoas
tenham chegado, não é? — alerto, puxando-a para longe do bolo que ela
tentava enfiar um palito.
O recheio do bolo é na cor que revela o sexo e por isso ela estava
tentando enfiar um palito para descobrir se terá um menino ou uma menina.
— As pessoas mais interessadas já chegaram, então, nada mais justo
que eu parta logo esse bendito bolo — resmunga, enquanto a arrasto para o
quintal da casa dos nossos pais.
— Não seja tão chata, Livy.
— Chatas são vocês, o filho é meu, caramba — esbraveja.
Rolos os olhos.
— A ideia foi sua, então não venha reclamar agora. — Passo sua
mão para Robert, que segura o riso. — Por favor, cuide dessa grávida chata
e emburrada que eu vou ali dar um pouco de atenção ao meu namorado.
— Deixa comigo.
— Amor, vamos lá dentro cortar aquele bolo. — Ouço o seu pedido
assim que lhes dou às costas.
A decoração já foi finalizada, muitos balões e fitas por todo lado.
Tudo nas cores azul e rosa, confesso que já estou um pouco zonza com
tanta coisa. Ainda bem que contratei algumas pessoas e na maior parte do
tempo só dei ordens, são muitos detalhes. Mesas estão espalhadas por todo
o ambiente, muitos mimos foram feitos, só falta a festa começar.
Semana passada foi o chá de bebê da Rochelle, que está esperando
uma menina, eles estão bobos e ansiosos pela chegada da princesa Rebecca,
nome escolhido para homenagear a avó das irmãs. Lincoln, que já é um pai
babão, tratou logo de comprar um grande urso de pelúcia na cor rosa.
Todo o time está em festa pela chegada dos bebês da Rochelle e da
Livy, Robert é muito querido por eles e não só por ser empresário da
maioria, mas pela boa pessoa que ele é.
Para a festa ficar completa eles almejam ganhar o Super Bowl.
Falta pouco para que tudo isso aconteça. A final será no próximo fim de
semana em Miami, os meninos irão com tudo para cima do time adversário.
Dessa vez as irmãs não irão acompanhar o time, pois Rochelle pode ter a
bebê a qualquer momento, então iremos apenas Trisha e eu. Estamos tão
ansiosas quanto eles. Tyler me fez prometer que iria e, claro, que eu não
poderia negar o seu pedido, toda a minha família fez campanha para que eu
vá.
Nem sei por que tanto estresse, afinal não tem a menor chance de eu
deixar ele sozinho e mais ansioso ainda por não me ter ao seu lado.
Acompanhei Tyler em todas as viagens que pude, pois também não posso
ficar me ausentando do meu emprego, então só fui aos jogos que eram
próximos a Manhattan e nos finais de semana. Tenho praticamente morado
com o Tyler, depois de muita chantagem emocional da sua parte, eu aceitei
dormir todas as noites na casa dele. Os treinos dele e a minha rotina de
trabalho têm nos deixado afastados e os poucos momentos que temos juntos
é quando caímos na cama, isso quando ele não viaja para os jogos. Mas
mesmo quando viaja ele me pede para que eu durma na sua cama. Bobo!
Nossa ligação só cresce, a cada dia que se passa me sinto mais e
mais presa a ele. Mês passado tivemos um final de semana de folga e ele
me levou para conhecer os seus avós e nos apaixonamos uns pelos outros.
Sua avó é uma senhora muito simpática e carinhosa, que me encheu de
mimos e carinhos que só uma avó pode dar. Já o avô é um senhor
encantador, tão galante quanto o neto. São pessoas de caráter que passaram
para os netos o tipo de princípio, conhecimento e educação raros de se ver
nos dias hoje. Quando sua avó disse que o Tyler deveria me levar logo para
o altar foi o único momento constrangedor, eu quis um buraco para me
enfiar. Já ele, disse todo feliz que iria fazer isso muito em breve.
Procuro Tyler pelo quintal e o vejo em um canto conversando com a
Amber, sua linguagem corporal mostra o quanto o diálogo não está sendo
bom.
Sigo até eles, e de longe já é possível ouvir o que eles falam.
— Tyler, eu amo você! Por que não me nota? Será que sou tão feia
assim? — lamenta ela aos prantos. — Poxa, eu estou sempre com você,
cuido de você. Será que não vê o quanto eu te amo?
Tyler passa a mão no rosto. Coitado, está em uma situação bem
chata, mas agora não pode mais fugir, terá que demiti-la.
Eu mereço essa pirralha jogando suas garras no meu homem!
— Não diz isso, você é uma menina nova. Tenho certeza de que tem
muitos caras atrás de você.
Ela se joga em seus braços e segura o seu rosto, ao passo que ele a
afasta segurando em sua cintura.
— Eu não quero nenhum outro, quero você. Só você, meu amor.
— Amber, por favor!
Paro ao lado dele e quando ela me vê tem um surto.
— Tudo culpa dela — fala, como se tivesse nojo de mim. — Ela
chegou e atrapalhou tudo. Você ia me notar, eu tenho certeza disso. Lembra
aquela noite que saímos juntos? — Tyler me olha. Dou de ombros, pois
com certeza essa menina precisa de tratamento. — Você cuidou de mim
com tanto carinho. Aí ela chegou e destruiu o que estávamos construindo.
O seu showzinho atraiu a atenção dos poucos presentes e logo
Robert caminha em nossa direção. Pobre Robert, meu cunhado é uma
excelente pessoa, mas a responsabilidade de cuidar dessa menina não está
dando certo para ele.
— Nós nunca saímos juntos, Amber, apenas estávamos na mesma
festa, e eu cuidei de você porque estava caindo de bêbada — esclarece
Tyler, ainda tentando afastá-la do seu corpo.
Não me movo um centímetro, apenas observo o momento que
Robert chega, diz algumas coisas e sai rebocando Amber para fora de casa.
Tyler enfia os dedos por seus cabelos e geme. Ele gosta da garota,
não é à toa que continuou mantendo o seu emprego de assessora dele,
mesmo depois dela ter dado em cima de vários caras do time e causado
enormes problemas. Mas essa obsessão dela por ele parecia ser algo mais
forte do que tudo e agora ele não pode mais mantê-la tão perto. Não será
bom para nenhum dos dois.
Fico à sua frente e aliso a sua nuca, ele me abraça apertado
enterrando o rosto em meu pescoço.
— Boa noite, jogador!
Beijo o seu pescoço.
— Boa noite, destino!
— Sinto muito por isso.
— Acho que eu deveria dizer isso a você.
— Tudo bem. Eu sei que você gosta dela.
— Como uma irmã — trata de replicar, olhando em meus olhos.
— Eu não disse nada diferente. É uma pena que ela tenha
confundido o seu carinho e atenção com outra coisa.
Estou sendo sincera, por mais que ela tenha sido irritante eu não
tenho nada contra ela.
— É uma pena mesmo. Sinto muito pelo Robert também, eu aturei
muita coisa dela em consideração a ele, só que agora não dá mais.
— Robert vai saber lidar com ela, não se preocupe. Mas agora
vamos mudar de assunto.
Beijo os seus lábios rapidamente.
— Estou morrendo de saudades de você — geme, puxando-me mais
perto do seu corpo. Ficamos colados.
— Nem fale! Quantos dias separados?
— Três noites e dois dias. — Ele sempre diz o tempo exato — Meu
corpo está definhando de tanta saudade que estou sentindo de você.
— Não tanto quanto o meu.
— Posso te roubar dessa festa? — pede, fazendo coisas incríveis
com sua boca em meu pescoço.
Gemo baixinho.
— Depois da revelação eu vou te sequestrar — prometo.
Passado o rompante da Amber, os convidados começaram a chegar e
logo a algazarra está completa. Muita gritaria, vaias e zoação da parte de
todos.
Livy e Robert já estão atrás da mesa com a espátula em mãos para
partir o bendito bolo e matar a curiosidade de todos, quando um grito agudo
os faz parar o movimento. Olhamos na direção do grito e lá está Rochelle
segurando a mão do Lincoln com força. Uma carreta de dor em seu rosto e
com as pernas molhadas, uma poça em seus pés. É chegada a hora de
Rebecca vir ao mundo.
— Sério que ela decidiu nascer agora? — reclama Olívia.
— Ela vai esperar... Corta logo a droga desse bolo... — geme
Rochelle. — Quero ter a certeza de que é o meu genro aí dentro da barriga
dessa resmungona.
Primeiro o silêncio, depois as risadas e logo Livy corta o bolo,
confirmando a vinda de um menino. Franklin seria o próximo a nascer para
iluminar os nossos dias e noites.
Após a descoberta, tivemos mais zoação e muitas felicitações. A
minha irmã chorava e sorria de felicidade, Robert lhe agradecia todo bobo.
Rochelle foi para a maternidade feliz por ter ganhado a aposta que
fizera com a irmã e todos ficaram se divertindo no quintal, enquanto eu
roubei o meu namorado e fomos matar as saudades no meu quarto.
22

Super Bowl é um jogo do campeonato da NFL que decide o time


campeão da temporada no futebol americano, é um evento televisionado
mundialmente e com muita repercussão. Nos intervalos de tempo acontece
até mesmo shows de artistas famosos com duração de no máximo quinze
minutos, é algo rápido e fenomenal. Este evento gera uma renda de milhões
para os patrocinadores.
Os meninos estão para lá de ansiosos com o jogo, querem trazer o
título para casa pela segunda vez consecutiva e o Tyler pode ganhar o
prêmio de melhor Qualidade da temporada. Todos estamos empolgados
com a possibilidade da vitória estar tão próxima. Eles merecem muito pela
excelente campanha feita todos os anos. O time inteiro tem direito a mais
esse título. E o meu namorado é digno do título de melhor Quarterback da
NFL.
Chegamos à cidade ontem, os meninos já estavam aqui, mas não
podemos vê-los por estarem na concentração. Então Trisha e eu resolvemos
dar umas voltas para nos distrair. Conhecemos alguns pontos turísticos e
nos divertimos bastante, apesar da saudade que estávamos deles. Não nos
vemos há uma semana e o coração está apertado.
Miami é uma cidade fantástica, ela brilha e como a cidade está
recebendo o Super Bowl, está além de iluminada. As ruas estão cheias e os
bares lotados, com muitas festas e pessoas animadas com a final que será
logo mais à noite.
Decidimos ir caminhando para o estádio, que fica bem perto do
hotel que estamos hospedadas. Por sorte não fomos reconhecidas,
entretanto, por questões óbvias, tínhamos dois seguranças nos
acompanhando discretamente.
Toda essa energia que rola no caminho, pulsa em nossas veias, é
algo eletrizante. Sinto-me entrando nos bastidores de um grande festival de
shows.
— Nervosa? — pergunta Trisha.
— Um pouco.
Torço as minhas mãos.
— Nem acredito que vamos conseguir vê-los antes do jogo —
comenta animada.
— Você sabe que eles sempre dão um jeito.
— Graças a Deus por isso! — Ela levanta as mãos para o céu. —
Quero muito desejar boa sorte pessoalmente.
— Eu também, quero muito dar um beijo de boa sorte. Ele precisa
me ver aqui, não basta saber que eu vim.
Sorrimos.
— Você tinha que vir cunhada, vai amar e não irá se arrepender —
diz com ar misterioso.
Estou sentindo cheiro de armação há dias, porém não consigo
imaginar o que possa ser. Com certeza é algo grande, porque todos fizeram
de tudo para garantir a minha presença aqui na noite de hoje. Como se fosse
possível eu não vir. Somente se um raio caísse na minha cabeça ou não.
— O que vocês estão aprontando, hein? — questiono pela milésima
vez.
— Ah não, você terá que assistir ao jogo e não esqueça de prestar
atenção nos comerciais. — Franzo o cenho.
— Nos comerciais?
— Claro, sempre passa trailers dos filmes a serem lançados este ano.
Adoro esse momento — fala eufórica demais. Claramente tentando
disfarçar.
— Humpt! Conta outra, estou de olho em vocês — resmungo.
— Não sei do você está falando — desconversa.
A porta da sala se abre e lá estão os nossos jogadores. Jogo-me nos
braços do meu amor sem me importar com mais nada.
— Destino... Você veio! — Suspira em meu pescoço.
— Claro que viria, nada me impediria de estar aqui hoje — digo,
segurando o seu rosto em minhas mãos.
Beijamo-nos com amor, como se o nosso próximo suspiro
dependesse disso.
— Obrigado por isso. Não tenho muito tempo, já vamos entrar em
campo, mas eu precisava te ver.
Ele alisa a minha bochecha e toca o meu lábio, inchado do nosso
pequeno interlúdio.
— Tudo bem. Vai lá e arrebenta, meu jogador. Estarei na
arquibancada torcendo e vibrando a cada lance seu.
— Eu te amo, destino!
— Eu também te amo, jogador!
— Vamos, Dylan — chama.
— Acabem com o time adversário, meninos — vibra Trisha.
— Não esqueça o que te pedi — Tyler diz para ela.
— Confie em mim, maninho. — Ela pisca um olho para ele.
Damos um último beijo e ele sai correndo acompanhado de Dylan.
— O que ele te pediu? — indago.
— Para cuidar de você! — responde sem titubear. — Agora vamos
lá para a área VIP, comer e beber enquanto assistimos a esse espetáculo.
Seguimos para uma sala reservada para os familiares e alguns
patrocinadores do time, um lugar privilegiado e está mesmo rolando uma
festa aqui dentro.
Assim que passamos pela porta de entrada tem um espaçoso salão
com uma mesa cheia de comida e bebida e alguns garçons servindo os
convidados, mais à frente cadeiras posicionadas como uma verdadeira
arquibancada diante de uma parede transparente, onde é possível ter uma
bela visão do campo e dos telões. Realmente, puro luxo.
Por mais que o meu pai ame o esporte e a minha irmã seja casada
com o empresário da maior parte do time, eu nunca me imaginei vindo
assistir um jogo desse ponto de vista. Na verdade, eu nem dava importância
para o esporte até me ver apaixonada pelo principal jogador do time mais
famoso de Nova York.
Que mundo pequeno esse, não é mesmo?
Avistamos Carter conversando com dois homens, que ele logo
dispensa e vem ao nosso encontro.
— Olá meninas, como estão? Ansiosas para o espetáculo? —
pergunta, enquanto trocamos beijos no rosto.
— Bastante. Nunca estive tão perto dos holofotes — admito.
— Você ainda não viu nada, meu bem — comenta.
— Eu estou muito animada. Mal posso esperar pelo primeiro
intervalo.
Trisha bate palmas empolgada. Estreito os olhos.
— Nem me fale.
Carter corre o seu olhar ao redor para fugir do meu que o examina
minuciosamente.
— Podem me dizer o que vai acontecer neste maldito intervalo?
— Show da Beyonce, ah eu amo aquela mulher. Não existe mais
poderosa e diva que ela — responde Carter.
Hummm.
— Olha só, vai começar. Vamos nos sentar.
Trisha me puxa para as cadeiras.
O jeito é esperar o tal intervalo para matar a minha curiosidade.
Sentamo-nos na terceira fileira de baixo para cima. Acontece toda
uma apresentação, o hino nacional é cantado e um tempo depois o jogo
começa. Nervosismo toma conta de mim a cada passe e alegria a cada ponto
marcado.
Eles começam muito bem o primeiro tempo, o ataque e a defesa são
excelentes, mas infelizmente encerram perdendo por dois pontos. Nada
desanimador, pois temos tempo e capacidade para sair ganhando.
— Eu vou ao banheiro.
Levanto.
— Não vai, não.
Trisha me puxa de volta para o meu lugar.
— Por que não posso ir?
— Você não pode perder o show de intervalo. Lembra dos
lançamentos que te falei? Então, vão passar agora. Presta atenção no telão
— exige nervosa.
— Trish, eu não estou interessada nesses filmes — digo.
— Apenas olhe para o telão, meu bem — insiste Carter, dando
tapinhas na mão que ele está segurando para me manter sentada.
Bufo, mas faço o que me pedem. Parece estar claro que algo muito
importante irá passar neste bendito telão e a minha curiosidade voltou com
tudo. Foco o meu olhar no gigante telão do estádio, que está lotado para a
final, assistimos alguns teasers e trailers de filmes muito bons que irão
lançar este ano.
Fico em choque quando tudo fica escuro e então surge uma frase
com letras vermelhas diante de mim:

DESTINO, QUER CASAR COMIGO?

Um silêncio monumental preenche um lugar repleto de pessoas


eufóricas e barulhentas.
Trisha aperta a minha mão ou será que eu estou apertando a mão
dela?
— Oh meu Deus! — Suspiro.
Mas permaneço quieta, pode não ser comigo ou apenas mais uma
chamada para um comercial.
Outra mensagem pisca na tela:

RENATA MITCHELL, ACEITA SER MINHA PARA


SEMPRE?

— Oh meu Deus! — repito.

DESTINO, CASA COMIGO?


Estou em choque olhando para as mensagens que não param de
piscar no telão, mas logo elas são substituídas pela minha imagem ao vivo
para todo o mundo. Pisco e só, então, noto uma câmera na nossa frente e
um microfone na mão de Carter.
— Responda, meu bem — diz ele.
— Você me paga por essa, jogador — solto sem pensar.
Uma onda de risadas explode no estádio, acompanhada de muitas
vaias e aplausos.
Rapidamente surge a imagem do homem que o destino me enviou,
em outro telão. Ele está sorrindo com o que falei, mas o seu rosto
demonstra o quanto está ansioso por minha resposta ao seu pedido. Ele
pisca um olho para mim através das câmeras que o cercam, o seu sorriso
torto está tenso.
Tão lindo!
Distraio-me olhando em seus lindos olhos que tanto me hipnotizam,
desperto com um coro de: responde, responde, responde!!!
Respiro fundo e falo:
— Eu te amo, Tyler Baker, e a minha resposta não poderia ser outra:
sim! Eu aceito me casar com você!
Outra onda de euforia toma conta do ar. No telão vejo os caras do
time pulando em cima de Tyler. Sorrio. Trisha e Carter gritam e batem
palmas ao meu lado.
Eu não acredito que ele fez isso.
Fiquei tão feliz e surpresa que o show maravilhoso do intervalo
passou despercebido por mim, só voltei a minha atenção para o campo, com
total atenção, quando o jogo recomeçou.
O time ganhou a final e Tyler o melhor jogador da temporada.

— Finalmente esse casamento vai sair — diz minha irmã.


— Tenho certeza que você está vibrando muito com isso, Livy.
— Você não faz ideia, mamãe e eu já temos tudo planejado e você
não precisa se preocupar com nada — afirma.
Gargalho.
— Não vou. Beijos, mana.
E realmente não iria, sabia que podia confiar na minha irmã e mais
ainda na minha mãe. Claro que eu curtiria o meu momento de noiva, pois
provavelmente vai ser a minha única chance. Nunca sonhei com essas
coisas de casamento, então nada de me estressar com detalhes sobre qual
cor será a decoração e tudo mais. Sou muito tranquila para isso. Tudo o que
quero é pensar que estarei subindo ao altar para casar com o homem que
amo, para ser feliz ao lado dele.
Agradeço o destino que me surpreendeu com esse maravilhoso
presente. Tyler é o homem dos sonhos que não tive. Sim, é bizarro dizer
isso, porém real, pois nunca fui uma mulher que sonhava em encontrar um
príncipe encantado.
— Pensando em mim?
Um beijo no pescoço.
— Sempre!
Viro de frente para ele e beijo os seus lábios.
— O que Olívia queria?
— Deixar claro que ela vai cuidar de todos os detalhes do nosso
casamento.
— Acho bom ela incluir a Trish nisso ou ela pira.
Rimos.
— Com certeza elas irão ser cúmplices em todos os detalhes.
— E você?
— Não faço ideia do que fazer, então prefiro que elas cuidem de
tudo.
— Perfeito, assim tenho você só para mim.
— Isso é muito melhor do que todo o estresse dos preparativos —
digo, enfiando as mãos por seus cabelos.
— E quanto à lua de mel? — pede, mordendo o meu pescoço.
— Livy também já decidiu isso.
Tyler se afasta para me olhar nos olhos.
— Como?
— Lembra do dia em que nos conhecemos?
— Jamais esqueceria.
— Pois então, tudo começou ali. Mamãe e ela já sabiam que eu me
renderia aos seus encantos e desde então começaram a planejar tudo.
— Interessante. Me conte os detalhes sobre a lua de mel, pois esses
me atraem.
— Será no Rio de Janeiro, a minha família tem uma casa em Angra
dos Reis.
— Excelente lugar. Ótima escolha a delas — constata.
— Todos eles irão nos acompanhar.
— Acho que não entendi.
Ergue uma sobrancelha. Sorrio.
— Entendeu sim. Livy exige que nos casemos depois que ela tiver
dado à luz e se recuperado, pois quer muito voltar ao Rio.
— E não pode ser em uma outra ocasião?
— Isso você terá que discutir com ela — digo rindo. — Não tenho
uma objeção se você quiser me sequestrar para outro lugar.
— Vamos ver o que o destino nos reserva.
Pisca.
— Concordo plenamente com você.
— Eu te amo, meu destino!
— Eu também te amo, meu jogador!
23
Tyler
Seis meses atrás...

O meu dia ficou claro que seria uma perda total de tempo ao sair da
cama, assim que pus os meus pés no chão, pela manhã, vi tudo desandar.
Primeiro recebi apenas uma mensagem da minha irmã dizendo que
saíra cedo para passar as férias da faculdade com os nossos avós,
estranhei sua ida repentina para o litoral, porém deixei de lado, afinal ela
sabe o que faz e se estivesse com algum problema me contaria.
Em seguida, a minha assessora, mais uma vez, apareceu na minha
casa com uma desculpa qualquer apenas para se jogar em cima de mim. Já
disse mil vezes para ela que não a vejo dessa forma e juro que só não
demito a Amber por consideração ao meu empresário Robert que é tio dela
e, havia me pedido essa chance, também por pena da garota que pensa que
ao se casar com alguém do time estará feita na vida. Amber precisa de um
pouco mais de amor próprio, pois dormir com metade do time só fará com
que sua reputação role, mais ainda, ladeira abaixo.
Em terceiro, eu me atrasei para uma sessão de fotos porque o pneu
do meu carro furou e, com o maravilhoso trânsito de Nova York, isso foi só
a cereja no topo do bolo. Eu odeio atrasos, principalmente os causados por
mim.
Chegando no prédio onde fica o estúdio de fotografia, eu soube pela
recepcionista que Alanna havia desmarcado nossa sessão por motivos
pessoais, o maldito do meu agente esquecera de me avisar. Eu ainda demito
o Carter por ser tão aéreo em algumas ocasiões.
Toco o meu nariz e respiro fundo para tentar afastar a pontada de
uma possível enxaqueca querendo surgir, para animar um pouco mais o
meu dia de merda.
— Tyler?
Giro o meu corpo para ver quem me chama e dou de cara com a
minha fotógrafa e amiga: Alanna O’Malley. Vou ao seu encontro e
trocamos cumprimentos.
— Acabei de receber o seu recado.
— Como assim? Eu mandei um e-mail para o Green na parte da
manhã.
— Para você ver o nível da competência dele — resmungo.
— Desculpe por isso...
— Não mesmo, você não precisa se desculpar por um erro que não
foi seu.
— Certo! Em todo caso, dá próxima vez eu mando em anexo para
você. Além de mandar uma mensagem direto no seu celular.
— Com certeza será mais seguro.
— Eu realmente preciso ir ao encontro do Charlie, estamos com um
probleminha na sessão dele, é uma tomada externa e impossível de adiar.
Eu mandei outra pessoa no meu lugar e tudo desandou, desculpe mesmo
por isso. — explica-se.
— Sem problemas, Lanna. Não se preocupe comigo — tranquilizo-a
mais uma vez. Sei como é profissional e respeito demais o seu trabalho.
— Tomei a liberdade de desmarcar por ser você e termos essa
flexibilidade um com outro, caso contrário eles teriam que se virar com o
fotógrafo que mandei — bufa irritada
— Já disse para relaxar, minha amiga. Amigos são pra isso e ainda
temos tempo para fazer essas fotos. O que me deixou irritado foi o conjunto
de situações que me ocorreram desde o momento em que sai da minha
cama.
— Um daqueles dias que você se arrepende de levantar? — indaga
sorrindo.
— Com certeza! — A convivência com minha irmã me transformou
numa mulherzinha.
— Será que posso te pedir um favor, e talvez animar um pouco o seu
dia? — Ela tem um sorriso malicioso nos lábios.
— Entendo porque o Charlie é apaixonado por você, esse seu
sorriso faz qualquer um cair aos seus pés. Pode pedir.
Ela dá um tapa em meu ombro.
— Seu bobo! Então, eu marquei de almoçar com uma amiga, será
que você pode fazer companhia para ela? — Estreito os olhos.
— Por acaso ela está encalhada e você está tentando lhe arranjar
um casamento?
— Oh meu Deus, Tyler! Você não existe. — Dou de ombros.
— Nunca se sabe.
— Renata foge de namoros como o diabo foge da cruz, além de que
ela detesta jogadores de futebol, então, você estará seguro em sua
companhia. Ela está imune aos seus encantos.
Ergo uma sobrancelha e sorrio. Ela arregala os olhos com a minha
reação.
— Já te disse que adoro desafios?
— Nem pense em brincar com minha amiga — alerta.
— Jamais faria isso, só quero mostrar que valho a pena.
— Ela nem te conhece, Tyler.
— Mas vai conhecer.
— Você não a conhece.
— Acredito que isso será resolvido em breve. — Pisco um olho e ela
rola os seus.
— Ela é cunhada do seu empresário — argumenta.
— E só fica mais interessante — provoco.
— TYLER! — grita.
Rio um pouco mais.
— Qual é? Você me conhece, Lanna! — Ela suspira, vencida.
— Se não conhecesse jamais pediria algo assim, ainda mais ela
sendo uma amiga tão próxima.
— Agradeço o voto de confiança.
Beijo sua mão, ela sorri.
— Você é um galanteador barato, Baker.
— Assim magoa os meus sentimentos. — Sorrimos. — Pode ficar
tranquila que irei cuidar muito bem da sua amiga.
No minuto seguinte a amiga em questão chama por ela, viro-me e
dou de cara com a mulher que iria mudar o conceito de amor à primeira
vista para mim. Ela vai me fazer acreditar que o amor existe e que eu
estava certo em acreditar no destino.
Ela era o meu destino!
— Estou apaixonado! — sussurro para Alanna, enquanto sua amiga
se aproxima.
— Você me prometeu — adverte ela.
— Confie em mim, ela será minha para sempre.
24
Dias atuais…

— Tyler? Tyler? Tyler...


— Não precisa gritar, Trisha. Estou bem na sua frente.
Encaro a minha irmã que está descendo as escadas.
— Estou te chamando a horas. — Sento no sofá.
— Não seja exagerada, maninha.
— Está sonhando acordado, maninho? — Ela tem um sorriso
malicioso estampando seu rosto.
— Apenas lembrando o dia em que conheci a Renata — falo de uma
vez, pois é bem capaz de ficar no meu pé até descobrir. Ela tem um dom
irritante para investigação, só pode ter sido treinada pela Olívia. A minha
cunhada é mestre nisso.
— Claramente explicado o sorriso bobo e olhar sonhador. Ah, o
amor! — fala suspirando. — Onde ela está?
— Na cozinha, pegando pipoca e mais um monte de porcarias pra
gente. — Faço uma careta ao pensar na quantidade de comida que elas
fazem para assistir um filme.
— Que você adora devorar em frente à televisão — devolve Trisha.
Sorrio, não posso negar. — E por que você está aqui? Geralmente fica atrás
dela como um cão de guarda. — Cerro os olhos na sua direção.
— Culpado — admito. — Recebi uma missão, estou separando os
filmes para assistirmos. — Ergo as minhas mãos cheias de caixas.
Após me observar um instante, ela termina de descer as escadas. Até
parece que estou cometendo um crime por escolher o que vamos assistir ao
invés de monitorar os passos da minha noiva. Trisha se joga no sofá,
deitando a cabeça no meu colo e atrapalhando o meu “trabalho”. Largo tudo
e passo a alisar seus cabelos, melhor deixar que elas façam a escolha.
Estamos no início de dezembro, lá fora está nevando e tínhamos combinado
de ter uma noite de cinema regada a muita diversão e porcarias. Adoro
poder ter esses momentos com elas: as mulheres da minha vida. O meu
cunhado normalmente estaria aqui, no entanto, não faço ideia de onde se
meteu e prefiro não me envolver no relacionamento da minha irmã. Caso
ela precise de mim sabe que estou aqui, depois de anos me escondendo o
seu namoro, ela aprendeu que pode e deve contar comigo para qualquer
coisa.
— Bem, então vamos ter nossa noite de irmãos e cunhada barra
futura irmã.
— Isso soa bem. — Sou grato que elas se gostem, o laço parece
realmente entre irmãs. Acabo perguntando de uma vez: — E o Dylan?
— Sumiu do mapa — resmunga.
— Explica isso direito, Trisha.
— Tentei ligar mil vezes, o celular dele só cai na caixa postal.
— Que estranho. Tinham algo combinado?
— Não, ele foi passar o dia com a mãe e disse que voltaria amanhã
de manhã.
— Está explicado, o sinal telefônico de lá péssimo.
— Você sabe onde ela mora? — Ela parece surpresa.
— Você não? — pergunto, erguendo uma sobrancelha. Suas
bochechas ficam rosadas.
— Ahn, não. O Dylan não gosta muito de falar sobre os pais, então
não pressiono. Quando quiser ele vai me falar.
— Entendo. Mas vocês já estão juntos há alguns anos e ele nunca
falou sobre a mãe?
— Não muito. Ele me disse que ela ficou doente após o pai sair de
casa, porém não entra em detalhes. Percebo que sofre ao falar sobre o
assunto, então deixo que tome seu tempo. Afinal, o que aconteceu? O que
ela tem?
— Desculpa, maninha, mas isso é coisa dele. Então é melhor que ele
te conte, porém não se preocupe que a mãe dele está bem. Agora ela está
bem — digo, beijando a sua testa. — Vou precisar da sua ajuda com uma
coisa.
— Tudo bem. Ajuda com o quê? — Olho na direção do corredor e
constato que Renata ainda está na cozinha. — É surpresa pra ela?
— Sim. Quero que me ajude a escolher as alianças.
— Meu Deus, Ty. Duas semanas desde aquele pedido surpreendente
e você ainda não comprou uma aliança? — praticamente grita.
Cerro os olhos para ela, que cobre a boca com as mãos e olha para o
corredor.
— Vai me dizer que ainda não tinha percebido? Vocês mulheres
tendem a dar muita importância para coisas desse tipo.
O assunto sobre Dylan e sua mãe acaba sendo esquecido por
enquanto, prefiro assim. Não gosto de falar da vida pessoal das pessoas e,
por mais que ela seja minha irmã, também não é nada que vá interferir no
relacionamento deles.
— E vocês homens adoram marcar território com “coisas desse
tipo” — fala, fazendo aspas no final da frase.
Ignoro o seu sarcasmo.
— O ponto é que preciso que me ajude, não sei como escolher.
Nunca dei joias a uma mulher…
— Ah, muito obrigada por não me considerar uma mulher —
reclama.
— É diferente, você é minha irmã. — Ela rola os olhos.
— Eu entendi o que quis dizer, Ty. Amanhã eu ligo para a loja e
peço que mandem alguns modelos para você escolher.
— No horário da manhã, que ela vai estar na casa da irmã para ver
as coisas do bebê — aviso.
Ela cerra os olhos.
— Eu também deveria estar lá nesse horário.
— No entanto, vai ficar aqui e ajudar o seu amado irmão. — Beijo a
sua bochecha.
— Você não vai me comprar com uma piscadela e um beijo,
maninho.
— O que você quer?
— Nossa, assim me sinto ofendida. — Ergo uma sobrancelha. — Só
tenha em mente que estará me devendo um favor. Dos grandes.
— Feito!
Estendo a mão que ela hesita em apertar.
— Um enorme favor.
Suspiro.
— O que você quiser, Trish.
Ela sorri vitoriosa e só então aperta minha mão, temos um acordo de
irmãos.
— Ótimo!
— Agora me ajuda a escolher algo — peço, apontando para a caixa
de filmes e séries disponíveis.
Não sei porque a Trisha compra tudo isso se podemos assistir por
TV a cabo.
— Podíamos fazer uma maratona com alguma série, o que acham?
— sugere Renata, entrando na sala empurrando um carrinho cheio de
comida.
No tempo certo, mais um pouco e ela teria escutado nossa conversa.
Trisha levanta e vai até ela para inspecionar o conteúdo do carrinho.
— Vamos ter visitas? — questiono, segurando o riso.
— Somo em três, aqui tem: pipoca, chocolate, amendoim,
refrigerante, suco…
— Mandou bem, cunhada — diz minha irmã, já comendo um
chocolate. — Ignora ele, aposto que será o primeiro a devorar esse balde de
pipoca.
— Sei bem disso, semana passada aconteceu exatamente assim. Por
pouco não fiquei sem pipoca — conta Renata.
— Também não é assim, destino. Você preferiu o chocolate —
defendo-me.
— Verdade.
Ela vem até mim e se senta no meu colo. Beijo o seu pescoço,
aproveitando para inalar o doce cheiro da sua pele, que tanto me fascina.
— Nenhuma cerveja?
— Vinho é mais romântico — diz a minha linda noiva piscando um
olho, beijo a sua boca levemente.
— Ah não, vocês não vão ficar se pegando. Lembrem-se que estou
de vela hoje, será uma noite de irmãos.
— A Renata é minha noiva, eu tenho o direito de agarrar ela a hora
que quiser…
— Por ser sua noiva, ela automaticamente é minha irmã, então
calem a boca e não reclamem — diz ela me cortando.
— Eu não falei nada — defende-se Renata. — Como prova disso,
sugiro assistirmos Lúcifer que não tem um pingo de romance.
— Lúcifer? Que raios de filme é esse?
— Entretanto, você pode usar a desculpa de estar com medo de algo
para ficarem se agarrando, cunhada você não me engana — acusa Trisha,
apontando o dedo na sua direção, sem dar importância para a minha
pergunta. Tento segurar o riso.
— Assim você me ofende, Trish, não tenho medo. Sou durona —
garante Renata, apertando os braços ao redor do meu pescoço. — Até
porque em Lúcifer não tem cenas que dê para sentir medo. Tá que quando
dá uns flashes no rosto não é tão bonito, mas não me impõe medo.
Finjo tossir, tentando segurar a risada que estava brotando em mim.
Está ficando difícil me conter com elas duas se alfinetando assim.
— O que foi, Tyler? Fala logo.
— Não disse nada, destino. — Ergo as mãos em sinal de rendição.
— Certo. Além do mais, estarei ocupada vendo aquele pedaço de
mal caminho em ação. — Cerro os olhos. — Ele é hilário.
— Eu amo ver ele em ação — emenda minha irmã. — Boba é
aquela idiota que não percebe que ele tá muito a fim dela.
— Isso é um filme ou o quê!? — reclamo.
— É uma série, amor. Ótima por sinal.
— Vamos de Lúcifer — grita minha irmã, eufórica até demais.
Após algumas horas assistindo o tal Lúcifer, o celular da Trisha
toca, é Dylan, então ela se despede e vai para o seu quarto.
— Bom, enfim sós! — sussurro, indo na direção da minha mulher.
Ela sorri, satisfeita.
— O que está passando por essa linda cabecinha, jogador?
— Ah, muitas coisas e nenhuma delas inclui roupas cobrindo os
nossos corpos, destino.
— Tentador — geme ela, mordendo o lábio inferior.
Pairo de joelhos sobre o seu corpo e passo a morder de seu queixo
até a orelha, as minhas mãos sobem por sua perna e quando estou
alcançando o seu monte, o seu celular toca.
— Não atende.
— É a mamãe — Enfio a cara no seu pescoço enquanto ela atende.
— Oi, mãe! Estou na casa do Tyler. Agora? Ai meu Deus, estou indo.
Não fosse meu bom reflexo teria caído de cara no chão, após o
empurrão que ela me deu ao se levantar.
— O que aconteceu? — pergunto.
— Meu sobrinho vai nascer, a bolsa da Olívia estourou.
— Onde eles estão?
— Indo para a maternidade. Preciso me encontrar com eles.
— Ela não tinha dito que queria um parto em casa com do… alguma
coisa.
— Parto humanizado com uma doula — lembra. — Sim, foi isso
que ela disse durante toda sua gestação. Mas você acha mesmo que a Livy
suportaria as dores em casa?
— Não mesmo. Ela não suporta sentir dor, lembro do tanto que
reclamou muito das costas durante esse período final.
— Exatamente. Mamãe disse que quando a bolsa estourou ela já
estava na porta gritando para o Robert pegar as coisas que esperava por ele
no carro — gargalho. Minha cunhada Olívia é surpreendente. — Vamos,
Tyler.
— Claro, vamos logo.
— Vou pegar a minha bolsa e avisar a Trisha.
— Certo, estarei esperando vocês no carro.

Foram momentos de tensão os que passamos na sala de espera do


hospital, apenas Robert acompanhou o parto e isso fez com que a minha
sogra ficasse apreensiva e o meu sogro não saísse do seu lado. Renata
também não saiu do lado da mãe. Eu fiquei com a minha irmã, ela também
estava nervosa e preocupada com a amiga. Olívia se tornará uma espécie de
irmã mais velha para ela com o tempo.
— Vai dar tudo certo — falo, abraçando-a por sobre o ombro e
beijando a sua cabeça.
— Eu sei que vai, Olívia é muito forte. Mais do que ela imagina —
diz com fervor.
Aceno.
— Quer um café?
— Não, obrigada, eu vou ficar um pouco com ela — fala, referindo-
a a minha sogra, que não para de rezar por nada.
— Tudo bem. Eu vou na lanchonete pegar algo para comer.
— Eu vou com você, aproveito e pego uma água para mamãe —
fala Renata, já de pé ao meu lado.
Pego a sua mão e beijo o dorso, repetindo o mesmo que disse para
Trisha, ela acena com um leve sorriso. A preocupação evidente em suas
feições. As pessoas dizem que um parto pode ser rápido ou demorado, tudo
depende do que o cara lá de cima planejou.
Algumas horas mais tarde recebemos a notícia de que o parto havia
sido um sucesso e que mãe e filho passam bem. Renata está radiante de
felicidade quando entramos no quarto para visitar Olívia e o bebê.
Ao lado da porta do quarto, observo o meu destino com a pequena
criança em seus braços e sinto um desejo brotar em meu peito. Sorrio para
ela, que vem em minha direção com o embrulho quieto e silencioso.
— Olha como sou lindo, tio Ty — diz ela, tentando fazer voz de
criança.
Aproximo-me um pouco mais quando ela vira de costas para mim,
fazendo com que eu possa olhar para o pequeno Franklin, que parece um
boneco de tão pequeno. Ele dorme tranquilo enquanto a tia o embala em
seus braços com amor e carinho.
— Ele é lindo. Com certeza tem o gênio do Robert, muito calmo —
sussurro em seu ouvido. Ela sorri baixinho.
— Oh sim, segundo mamãe, a Olívia berrava querendo mamar o
tempo todo desde o nascimento.
— Você fica muito bem com um bebê nos braços.
Renata me olha por cima do ombro.
— Eu amo crianças, esteja ciente disso, jogador. — Beijo o seu
pescoço.
— Bom saber, destino. Bom saber!
Depois que conhecemos o novo membro da família, somos
obrigados a nos retirar para que mãe e filho pudessem descansar. Sendo
assim, levo as minhas meninas para casa, enquanto o meu sogro leva a sua
esposa. Na manhã seguinte ela estaria de volta para que o Robert fosse
descansar um pouco.
— Ele é tão calminho, dá uma vontade de ter um filho também.
— Nem pense nisso agora, você ainda é muito jovem e precisa
terminar a faculdade — digo, já suando frio ao imaginar a minha irmãzinha
grávida antes de concluir os seus sonhos. Antes de se casar.
— Ty, você que pode ir parando com esses pensamentos arcaicos.
Maninho, eu sou muito ajuizada e você deveria saber disso — devolve ela,
sabendo exatamente o que eu estava pensando.
Olho rapidamente pelo retrovisor e sorrio para ela, que bufa.
— Desculpe. Só senti uma leve palpitação ao imaginar você grávida
antes do casamento.
— Isso não vai acontecer, eu me cuido.
— Certo. Sem detalhes.
— Bom, então acho melhor marcarmos a data do nosso casamento
— fala Renata, surpreendendo-me. — Afinal de contas eu quero muito ter
um filho e pelo que entendi só posso realizar esse desejo quando estiver
casada. E tudo isso leva tempo e tudo mais. Até lá creio estar bem treinada
com o meu sobrinho.
— Destino, nós podemos pegar o próximo voo pra Vegas e resolver
a questão do casamento rapidinho.
— Não mesmo, mamãe e a Livy nos mataria.
E foi nesse clima leve e descontraído que chegamos em casa e
fomos descansar.
25

— Não achei que você se casaria um dia.


— É sério isso? Não sabia que eu era tão devasso assim.
Ergo uma sobrancelha para a minha irmã.
— Não me expressei bem, na verdade, não achei que se casaria tão
cedo.
— Trish, eu faço 31 anos esse ano, não acho que seja cedo para me
casar.
Ela rola os olhos.
— Levando em conta a vida de farras que você tinha com o time.
Ty, toda semana era uma mulher nova em seus braços e nem adianta negar
que tem fotos para todos os lados para comprovar. E, também, tem o fato de
nunca ter namorado a sério com ninguém, acredito que tenha sido rápido
demais.
Seguro o seu braço ao parar, ficamos no meio do corredor, algumas
pessoas resmungam ao esbarrar na gente, mas não me importo. Estamos no
shopping, viemos direto na loja que confiamos e somos clientes há anos,
comprar as alianças de noivado e casamento depois de conversarmos e ela
me convencer a vir pessoalmente ao invés deles irem à minha casa.
Segundo a Trisha, Renata suspeitaria da visita, visto que ela está morando
conosco, depois de muita insistência da minha parte, e agora me choco com
suas palavras. Achei que ela estava feliz com o meu casamento.
— Você é contra? Achei que amava a Renata e estava feliz com os
meus planos para o futuro, afinal tem me apoiado em tudo.
— Aí meu Deus, Tyler. Devo estar falando grego. — Ela segura os
meus ombros e nos encaramos. — Maninho, eu amo a Renata. Ela é mais
que uma cunhada, já considero uma irmã mais velha. Eu amo você e te
apoio em tudo. O que estou tentando dizer é que foi… surpreendente, essa é
a palavra. Não sou contra vocês se casarem agora, se bem lembro eu ajudei
você a fazer o pedido — aponta. — Nunca é cedo quando existe amor e isso
vocês têm de sobra. Eu quero que você seja feliz, meu irmão. Só fiquei
surpresa, jamais duvidei do seu caráter em relação às mulheres e sabia que
um dia iria sossegar com um amor verdadeiro.
Sorrio como um bobo com sua declaração.
— Ela é o meu destino, então vou ser muito feliz.
— Eu estou feliz com o seu destino.
— Obrigado por estar sempre do meu lado, Trish. Sei que logo será
você subindo no altar, por mais que me doa perder a minha irmãzinha.
— Isso pode demorar um pouco mais. Agora vamos escolher uma
linda aliança para colocar no dedo da minha cunhada.
Abraçamo-nos e voltamos a seguir nosso caminho, meia hora depois
eu tinha um anel de noivado e um par de alianças de casamento numa
sacola requintada, e minha irmã uma nova pulseira em seu pulso. E ela me
garantiu que isso não pagava o seu favor em me ajudar. Estou numa
enrascada com ela, porém se fosse a Olívia tenho certeza que poderia ser
pior e não me importo de ficar lhe “devendo” favores, afinal ela me ajudou
muito.
Passeamos por mais duas lojas, onde Trisha me fez ficar sentado,
esperando ela provar algumas roupas.
Tentei usar disfarce usando um boné e um moletom com capuz,
detesto ser seguido pela mídia, mas não demos sorte e logo vi um paparazzo
tirando fotos da gente enquanto saiamos da segunda loja.
— Trish, vamos embora? Você sabe que não suporto ser seguido por
esses caras.
— Eu sei, mas não estamos fazendo nada demais. Apenas um
passeio entre irmãos, agora vamos comer alguma coisa. Estou morrendo de
fome. Deixe que tirem fotos, infelizmente para nós, é o trabalho deles.
— Espero que não tenham nos fotografado na joalheria.
— Se fizeram isso e ela ver, posso usar essa desculpa — fala,
erguendo o seu braço e mostrando a pulseira. Sorrio.
— Muito esperta, maninha.
— Viu como fez bem em me dar este belo presente. Você nem
deveria se preocupar com essas coisas, pois a Renata sequer navega por
sites de fofoca.
Entramos no restaurante que ela tanto gosta e logo estamos sentados
à mesa, um garçom veio nos entregar o cardápio e voltou a nos deixar a sós.
— Eu não teria tanta certeza assim.
Lembro-me que foi através da internet que a Renata soube da minha
vida pregressa com casos de uma noite. Analisando bem, tudo parece
apenas um passado distante, tudo que vivi antes dela é como uma nuvem de
fumaça na minha memória.
— Pois deveria, afinal ela está muito ocupada ensaiando com o
Franklin.
Volto a minha atenção para Trisha, que tem um sorriso brincando
em sua boca.
— Ensaiando? — Fico confuso por um tempo.
— Claro que sim, logo, logo, será ela no lugar da Livy.
Um sorriso involuntário toma conta do meu rosto, agora somos dois
bobos sonhando com o futuro.
— Assim espero. Talvez depois de curtirmos muito a longa lua de
mel que estou planejando. — Bebo um gole de água.
— Somente você para aceitar levar todos num momento que deveria
ser tão íntimo para o casal. No fim das contas será uma viagem de família.
Ela diz isso, mas está mais ansiosa do que todos para conhecer
Angra dos Reis. Os pais da minha noiva têm uma casa na ilha e vamos
todos comemorar o nosso enlace. Porém, eu tenho planos que incluem
apenas eu e meu destino.
— Isso não quer dizer que eu não possa sequestrar a minha mulher.
— Pisco um olho para ela.
— Sabia que faria algo. Me conte seus planos, maninho. Adoro
surpresas — pede empolgada.
Nego com a cabeça.
— É segredo. O que vai querer comer? — mudo de assunto.
— Sério que vai me deixar no escuro? Sacanagem. Eu poderia te
ajudar, sabe que sou boa em guardar segredos — tenta me convencer.
— Disso eu sei bem, mas dessa vez ninguém vai saber além de mim.
— Ela rola os olhos.
— Droga. Vou comer uma massa e você!?
— Te acompanho. Vinho?
— Pode ser.
Chamo o garçom, faço os pedidos e voltamos a conversar. A
cumplicidade entre nós é uma coisa que sempre fiz questão de preservar.
Amo a minha irmã! Quero o melhor para ela e por isso tomei uma decisão
que resolvi contar enquanto estávamos na sobremesa, era algo que havia
feito na semana anterior.
— Comprei uma casa.
— Onde? — indaga, comendo o seu sorvete.
— No condomínio.
— Outra? — Franze o cenho.
— Para morar com a Renata, quando voltarmos da lua de mel —
explico.
— E a que moramos agora? — indaga curiosa.
— É sua!
Ela arregala os olhos e solta a colher, parando de comer. Totalmente
surpresa.
— Ty, não precisava ter feito isso. Aquela casa é sua, eu podia me
mudar para um apartamento depois do casamento. Talvez até mesmo o da
Renata, que assim não ficaria longe de vocês.
— Bobagem! A casa é sua, você escolheu cada mínimo detalhe, está
no seu nome desde quando comprei. Jamais te pediria para sair de lá porque
estou me casando, menos ainda te colocar em um apartamento. Estou
mudando apenas para que cada um possa ter seu espaço.
— Bem, um apartamento seria melhor, a casa é enorme para nós
dois, imagina agora que serei apenas eu.
— Quando casar você já terá o seu lugar, além do mais podemos
manter o dia do churrasco aos domingos e acrescentar a nova casa em outro
dia do mês.
— Tyler, essa sua ideia fixa de que vou me casar em breve está
começando a me assustar. O Dylan te falou alguma coisa? — questiona.
— Não. Mas eu estou supondo que ele irá fazer isso ou pode acabar
morto.
— Credo, Ty. Não vou aceitar um pedido feito sob ameaça.
Ela rola os olhos. Mania chata essa.
— Trish, ele te ama. É tão apaixonado por você quanto sou pela
Renata, não preciso ser um gênio para prever que o pedido acontecerá logo
— afirmo o óbvio.
— Certo, mas eu prefiro me manter inocente e ser surpreendida
quando isso acontecer. E quanto a casa…
— Ela é sua e ponto final — digo sem brechas para argumentos.
— Tudo bem. Apesar de mesmo assim ter a sensação de estar sendo
enxotada.
— Não fala bobagem, Trish.
— Só estou brincando, seu bobo. Obrigada por isso, por sempre se
preocupar e pensar em mim antes de tudo. Eu te amo — diz, apertando a
minha mão.
Entrelaço os nossos dedos.
— Sempre. Amo você, irmãzinha.
Ela tenta segurar, mas uma lágrima escorre do seu olho.
— Olha aí, você, me fazendo chorar — reclama.
— Pelo menos é de alegria.
26

Ainda não tínhamos uma data, eu ainda não havia feito o pedido
oficialmente ao meu sogro, mas eu já tinha comprado nossa casa e agora era
chegado o momento de mostrar para ela. Eu estava nervoso, não sabia se
era loucura demais e talvez assim pudesse acabar afastando a Renata de
mim outra vez, mas eu precisava começar a fazer algo para que o nosso
casamento deixasse de ser apenas uma coisa distante.
— Você está nervoso?
— Um pouco.
— Não vai mesmo me dizer para onde está me levando?
— Surpresa é surpresa, então só vem comigo, destino.
— Tudo bem, mas não precisa ficar nervoso — diz, apertando a mão
que nos une, trago ela para meus lábios e beijo o dorso.
Quando voltei do passeio com Trisha, a deixei em casa e segui para
a casa da minha cunhada, para buscar a Renata. Queria lhe mostrar a nossa
casa. Porém, agora que estávamos quase em frente, a ansiedade começara a
tomar conta de mim. Como estamos dentro do condomínio, decidi que
poderíamos caminhar e ela não se opôs.
— Chegamos! — digo, ao parar diante do nosso futuro lar.
Diante de nós tem uma casa de dois andares com pé direito alto, a
grama na calçada parece um tapete e no centro temos um caminho de
pedras que nos leva direto para a porta principal, do lado direito tem a
entrada da garagem que é automática.
— Exatamente onde, nós chegamos? — indaga.
— Vamos entrar e lá dentro eu te falo.
— Ceeeerto.
Tiro as chaves do bolso, subimos pelo caminho de pedras até a
entrada, abro a porta e passamos por um corredor até chegar na sala
espaçosa e completamente vazia.
Renata olha todos os cantos com curiosidade. Lareira, escada para o
segundo andar, onde ficam os quartos, outra sala que pode ser de estar, um
espaço que pode ser um escritório e mais um corredor que leva a cozinha e
o quintal.
— Ok. Não quero que pense que enlouqueci, mas eu comprei essa
casa para quando nos casarmos.
Os seus olhos se voltam para mim e posso ver um leve brilho neles,
ela sorri e eu volto a respirar.
— Comprou. Foi rápido nessa jogada, jogador. Posso ver o restante
dela? — O seu tom de voz tem um pouco de sarcasmo e alegria.
— Ela é sua, fique à vontade para conhecer — falo. Ela não perde
tempo ao começar a explorar. — Soube que estava à venda e decidi dar um
lance ao qual o vendedor aceitou de cara — explico-me.
Subimos as escadas, no segundo andar temos cinco quartos com
suíte, banheiro social e uma varanda.
— E a casa que moramos agora? Achei que fosse sua.
— É da Trish, quando comprei coloquei no nome dela.
— Entendo.
Renata entra no maior quarto da casa e possivelmente o nosso,
analisa todos os cantos. Fico parado ao lado da porta, esperando
ansiosamente.
— Gostou? — pergunto, quando ela sai do banheiro.
— Bem… eu amei. A casa é linda, realmente perfeita, além de
estarmos perto de todos, da minha família e da sua irmã — diz, jogando-se
em meus braços.
Beijo o seu pescoço, inalando o seu cheiro que tanto me acalma.
— Fiquei preocupado que não fosse gostar — confesso.
— Não era só isso, era!? — sonda, já sabendo a resposta.
— Tive medo que corresse para longe de mim outra vez — sussurro
em seu pescoço.
Renata segura o meu rosto em suas mãos para que olhe em seus
olhos.
— Tyler, você não me assustou antes e não me assustaria agora. Já
disse isso mais de mil vezes. Eu amo você e estou muito feliz que vamos
nos casar. Se você me dissesse que tem um jatinho pronto para irmos à
Vegas oficializar o nosso amor eu juro que iria amar.
— Você não está falando sério.
— Em partes, pois sei que mamãe e a Livy ficariam furiosas, mas eu
não me oporia. — Ela tem um lindo sorriso estampado o seu rosto. — Você
sabe disso. Somos malucos, afinal.
— Eu te amo, destino. Te amo tanto. Prometo que seremos felizes
aqui — digo, abraçando-a mais apertado.
— Aqui ou em qualquer lugar, jogador. Só preciso de você comigo
para que isso aconteça. Eu também te amo muito. — Beija os meus lábios
docemente para dar ênfase às suas palavras.
— Como está sua irmã? — pergunto, assim que nós afastamos.
— Bem, aos poucos está se adaptando à nova rotina. Franklin é um
amorzinho de tão calmo e isso facilita muito a vida do casal. Assim podem
se adaptar à nova rotina sem mais estresses.
— Fico feliz por eles. Será que posso te roubar por dois dias? Quero
te levar para um final de semana romântico.
— Faça isso. Eu vou amar.
Renata esteve junto a mãe ajudando Olívia com o bebê, elas
revezavam com a enfermeira, que Olívia fez questão de contratar, e assim já
havia se passado umas semanas desde a chegada do pequeno membro da
família.
— Perfeito.
— Jantar na mamãe hoje, ela insistiu muito — avisa.
— Sem problemas, saímos amanhã de manhã.
Eu sabia porque minha sogra insistiu, ela era minha cúmplice da
vez.
— Você gostou mesmo da casa? — indago.
— Eu amei, Ty. Esse quarto será o nosso — decreta.
— E os outros?
— Dos nossos filhos, um de visitas e o outro vou montar um quarto
de brincar para eles, que no futuro pode ser uma sala de estudos.
O meu coração não poderia transbordar mais de amor por essa
mulher.
— Falando assim eu tenho vontade de começar a encomendar eles
agora mesmo.
Mordisco o seu lábio inferior, ela puxa os meus cabelos e sem
desviar o olhar me beija. Renata beija a minha boca com vontade, o tesão e
a paixão avassaladora que sentimos um pelo outro toma conta de nós.
— Precisamos começar a mobiliar o quanto antes — geme ela.
— Concordo.
— E marcar uma data.
— Por favor.
Estamos nos devorando, quero muito possuir seu corpo e apagar
nosso fogo, porém não será possível fazer isso agora.
— Quero você, jogador.
— Droga! Eu também quero você, destino, mas não temos conforto
algum aqui e não vou deitar você nesse chão.
A casa está precisando de uma boa limpeza, talvez até algumas
reformas em alguns lugares.
— Não precisamos de uma cama, nem de um chão, quando temos
essa parede bem sólida atrás de você.
Ela está ofegante e desejosa, é o suficiente para mim.
Não penso duas vezes quando a giro, prensando o seu corpo na
parede, ajoelho-me aos seus pés e subo as minhas mãos até alcançar a sua
calcinha por baixo do vestido.
— Bom que esteja usando vestido.
— A peça tem suas qualidades — sussurra, olhando-me
embevecida.
Renata odeia usar vestidos.
— Se segure, destino.
27

Após estrear uma das paredes de nosso futuro lar, passamos em casa
para tomar banho, mudar de roupa e assim seguir para a casa dos meus
sogros. Trisha e Dylan, antes sumido, nos acompanharam.
— Gostou da casa, cunhada? — a pergunta da Trisha me chama
atenção e sou obrigado a ignorar a conversa que estou tendo com Bill e
Dylan.
Encaro a minha noiva, que devolve o olhar com um sorriso
cúmplice, e pisco um olho para ela. Estamos reunidos na sala de estar dos
meus futuros sogros bebendo e jogando conversa fora antes do jantar,
Renata está no sofá com sua mãe e minha irmã e eu estou de frente para ela,
do outro lado da sala.
— Eu amei, cada canto. Principalmente o nosso quarto, tem paredes
bem sólidas.
Engasgo com a minha cerveja, atraindo a atenção das outras
mulheres que sorriem com cumplicidade para mim.
Muito atrevida, destino!
— Tudo bem aí, cara? — pergunta Dylan, dando tapas nas minhas
costas.
— Sim. Só uma tosse na hora errada — digo.
Nem pensar em dizer o real motivo na frente do Bill. Que a filha
dele está me provocando ao lembrar de nossa transa antes de vir para a casa
dele.
— Vou pegar mais uma dessa, aceitam? — oferece Bill, erguendo
sua garrafa vazia.
Dylan e eu negamos, então ele sai na direção da cozinha.
— Tudo bem mesmo? — insiste Dylan.
— Sim. E você? Tudo bem com a sua mãe?
— Na mesma. Sabe como ela é.
— Eu sei, mas parece que a Trish ainda não sabe — acuso.
— Você sabe como eu amo sua irmã — aceno em dúvida. — Eu
amo, não duvide disso.
— Só me explica, Dylan. Não deve ficar ensaiando as palavras por
ela ser minha irmã, eu quero o melhor pra Trisha e isso inclui que você seja
completamente sincero com ela. — Apesar disso tudo somos amigos e,
também, estou aqui quando precisar.
— Eu sei, cara, e agradeço demais por sua amizade. Só não quero
que ela pense que farei o mesmo que o meu pai fez com a minha mãe, por
isso tenho medo de falar — confessa.
— Bem, vocês estão juntos há um tempo considerável, acredito que
tenha planos futuros e guardar esse segredo por muito mais tempo não irá
ajudar em nada. Trisha é mais inteligente do que pensa e com certeza já o
conhece bem para saber diferenciar entre você e as atitudes idiotas do seu
pai. Uma coisa eu te garanto, continuar mentindo para ela não é nada
promissor.
— Não estou mentindo.
— Omitir em alguns casos acaba sendo uma mentira, afinal ela
sequer sabe onde a sua mãe mora. Uma mentira leva a outra e logo tudo se
torna uma bola de neve infernal.
— Você está certo, vou conversar com ela hoje. Se estiver tudo bem
quero que ela passe o final de semana comigo.
— Não se preocupe comigo. Trisha é maior de idade e eu confio nas
decisões dela. Só peço que não a machuque.
— Não irei. Você está certo, eu tenho planos futuros e para isso
preciso começar sendo sincero de agora.
Vejo Mirela, minha sogra, levantar e seguir para a cozinha. Em
seguida as meninas se aproximam de nós.
— Sinceridade é bom. Sobre o que estão conversando?
— Muitas coisas, maninha. — Ela cerra os olhos.
— Mais tarde eu te conto, amor. — Dylan beija sua bochecha e ela
se derrete.
Espero mesmo que ele seja sincero, cuide e proteja a minha irmã de
tudo e de todos: inclusive dele mesmo.
— Tudo bem — resmunga, antes de voltar seus olhos para mim. —
Ty, vou passar o final de semana como D.
— Certo. Mas já aviso, domingo à noite quero os dois lá em casa.
— Oi? Toque de recolher agora? — Ela rola os olhos.
— Eu não disse isso, Trish. Você já é adulta, não posso te tratar
como uma criança dando horários ou coisas do tipo. Quero vocês para
montar a árvore de natal, uma tradição nossa, que agora acho justo ser
compartilhada com as pessoas que nos fazem feliz — digo, dando um
selinho na Renata que abre um lindo sorriso.
— Desculpe, maninho — pede, abraçando-me. — Adorei a ideia!
Beijo sua testa.
— Tudo bem, sei que fui um chato no começo.
— Estaremos lá, cunhado.
— Cara, sem essa de apelidos.
— Qual é? É legal.
— Não é não.
Rimos.
— Vamos para a sala de jantar? — chama Renata, circulando a
minha cintura com um braço.
— Acho uma ótima ideia, estou faminto — falo.
É chegada a hora.
Seguimos para a sala de jantar bem na hora que Mirela vinha nos
chamar para avisar que o jantar seria servido. Cada um se acomoda em sua
cadeira, esperei que fizessem isso para falar.
— Não vai sentar, jogador?
— Antes eu tenho uma coisa para dizer.
Renata me olha desconfiada.
— Segura aí, cunhadinho do meu coração. Você não vai começar o
discurso sem a minha presença, sou uma pessoa importante nessa família.
Todos rimos com a chegada, nada silenciosa, de Olívia, ela
realmente é importante. Sua alegria ilumina o ambiente.
— Não consegui segurar ela em casa — fala Robert, com o pequeno
Franklin nos braços e a babá dele ao seu lado.
— Por Deus, nós moramos aqui do lado, não é perigoso sair de casa
por algumas horas, Robert — resmunga Livy, já se acomodando na cadeira
que o pai puxou para ela. — Eu não posso perder esse momento.
Olho para minha sogra que dá de ombros, claramente ela disse para
a filha mais velha as minhas intenções. É melhor assim, pois seria bem
capaz da Livy ficar enchendo o meu saco por ter feito o pedido sem ela
estar presente mais uma vez.
— Sinto que, mais uma vez, serei surpreendida. — Meu destino me
encara com a sobrancelha erguida.
— Bem, se valer de alguma coisa eu também não sei o que vem por
aí, Renata — fala Dylan, após pigarrear.
— Podem me incluir nessa lista — acrescenta Bill.
— Vamos todos nos sentar e deixar o Tyler falar, por favor —
manda Mirela e todos obedecem.
Eu com certeza não estava mais nervoso depois dessa pequena
interrupção, amo essa família barulhenta e espontânea. Robert passa o
pequeno Franklin para a babá que segue para a sala de estar em seguida se
acomoda ao lado da esposa.
Pego a mão da Renata, dando impulso para que se levante, ela faz
me olhando nos olhos em busca de respostas.
— O que está aprontando, jogador?
Pisco um olho para ela e viro de frente para o meu sogro.
— Bill, alguns meses atrás eu lhe pedi a mão da Renata em namoro.
— Ela arfa ao meu lado. — Hoje eu pedi essa pequena reunião de família
para saber se você me concede a honra de ser o seu genro ao me casar com
ela?
— Continua sendo fofo — comenta Livy, faço uma careta. — Ele é
de verdade? — pergunta ela para Trisha, que está sentada do seu outro lado.
— É sim, muito real. Meu maninho é um sonho para qualquer
mulher.
— Devo concordar com você, Trish.
— Eu estou aqui, Olívia. Será que você nunca muda?
— Amor, meus olhos só enxergam você, para de ciúmes besta —
diz. rolando os olhos.
Robert bufa, ele conhece a mulher que tem e sabe quão espontânea
ela é.
— Bem, acho que está na hora de você responder, Bill — lembra
Mirela.
— Estou sentindo um déjà vu — sussurra o meu destino.
— Tenho a mesma sensação, destino.
— Você é um bobo.
Ver seus olhos brilhando me faz o homem mais feliz do mundo.
— Bom, não tenho muito o que dizer. Você tem o meu respeito e a
minha benção, Tyler — fala Bill, apertando a minha mão.
— Obrigado, Bill.
Pego a caixa com as alianças em meu bolso e abro. As mulheres
suspiram quando me ajoelho, porém, os meus olhos estão totalmente
focados em Renata, que chora e sorri ao mesmo tempo.
— Renata, você aceita ser o meu eterno destino?
— Claro que sim, meu jogador.
Levanto e coloco o anel em seu dedo, ela faz o mesmo comigo.
— Eu te amo, destino.
— Eu te amo tanto, tanto, tanto — repete, beijando a minha boca
várias vezes. — Mesmo quando me transforma numa chorona.
— Certo, já chega de chororô. Cunhado, mandou bem, o anel é
lindo. Agora vamos comer, quero aproveitar que o Franklin está calminho
para devorar o jantar da mamãe.
— Livy, você está grávida de novo?
— Não tão cedo, maninha. Apenas vivendo uma fase que mal como
ou faço qualquer coisa sem que ele comece a chorar, querendo mamar, bem
na hora.
Como foi da primeira vez, todos nos sentamos para jantar entre risos
e conversas amenas. Era uma família de verdade. Em breve as reuniões
também passariam a ser em nossa casa.
28
Sete meses depois…

O dia tão esperado por nós finalmente chegou, o dia em que


finalmente selaria no papel, diante de Deus e dos nossos familiares e
amigos, o amor que sentimos um pelo outro. O dia do nosso casamento.
Foi difícil escolher a data, o local e todos os demais detalhes. Por
fim, decidimos fazer uma coisa pequena na casa dos meus avós, que fica em
Boston/Massachusetts a três horas de distância de onde moramos, no mês
de julho que o clima é mais seco e sem neve.
Uma cerimônia apenas para os parentes e amigos mais próximos, foi
difícil despistar a imprensa, então fechei contrato com a equipe da Alanna,
que é uma amiga que tanto confiamos e, também, madrinha, assim a
empresa dela ficará responsável por distribuir as fotos para mídia e tudo
mais, pois não queremos nos preocupar com isso. Além da minha
assessoria, agora feita pela Rochelle que fez uma especialização e passou a
trabalhar com isso, cuidar de passar as devidas informações para a
imprensa. Tudo por respeito aos meus fãs e agora fãs do meu destino. Elas
são muito simpáticas e amorosas conosco, recebemos muitas cartas e
presentes. Quando souberam do casamento passaram a nos enviar coisas
para casa e como muita coisa se repetia, decidimos doar para caridade, claro
que fizemos isso depois que elas aprovaram a ideia através de um
comunicado que foi feito no meu perfil numa rede social. Todos foram a
favor das doações.
No decorrer desse período que se passou, aproveitamos para fazer as
pequenas reformas e mobiliar a nossa casa como queríamos, ela agora está
totalmente pronta e com a nossa cara. É o nosso ninho de amor, nosso
refúgio, nosso lar. Lugar onde vamos formar a nossa família e criar os
nossos filhos.
Renata tentou fugir dos preparativos, mas ninguém deixou e ela
acabou se rendendo e decidindo muita coisa. Foi uma total loucura conciliar
as coisas da casa, do casamento, o trabalho e eu que sou muito carente
quando se trata de ficar longe dela por tempo demais. Ela soube lidar bem
com tudo e com todos, não é à toa que é uma líder nata.
Eu? Fiz o que pude para ajudar, tanto nos preparativos da nossa casa
quanto do casamento. Os meus avós ficaram extremamente felizes quando
aceitamos fazer a cerimônia juntamente com a festa, na casa deles, quando
ofereceram eu não podia negar o pedido e como minha noiva também
gostou, então estava tudo perfeito. Tenho lembranças maravilhosas daquele
lugar, foi onde cresci, estudei e vivi boa parte da minha vida antes de me
mudar para Manhattan devido ao trabalho.
— Como pode um homem desse tamanho ficar com um sorriso todo
bobo pelos cantos, assim você acaba com a minha honra, cara.
— Vai se foder, Malcon! No dia que a Rachel te puser na parede e
vocês finalmente subirem ao altar, será você com essa cara de bobo —
devolvo.
— É, talvez! Só digo que agora, por sua culpa, ela tem me
pressionado ainda mais — resmunga.
— Não é para menos, vocês estão juntos há anos e nada de
casamento. Por mais que exista amor, um dia ela se cansa de ser enrolada
— aviso.
— Nós somos felizes, caramba! Não entendo que necessidade é essa
de casar no papel. Porque já somos casados, já moramos juntos.
— Entendo o seu ponto, mas as mulheres gostam de ter esse
momento. É uma coisa para elas se sentirem seguras, e temos a vantagem
de poder bater no peito e dizer que ela está ali porque te ama. Ela é sua e
todos sabem disso. Faça logo isso ou pode acabar perdendo a mulher que
ama.
— Ele está certo — fala Lincoln, entrando no quarto. — Hoje a
Rochelle se sente bem mais segura em relação a nós e parou de brigar por
tudo. Graças a Deus!
— Nunca vou entender como funciona a mente feminina — fala
Malcon, como um lamento.
Bato em seu ombro.
— Nem queira, meu amigo.
— Se não quer fazer nada grande, faça algo pequeno. Algo para ela.
Pegue um avião, Vegas está logo ali — sugere Lincoln.
— É, talvez eu faça isso mesmo. Já que ela quer tanto se casar.
— Melhor fazer enquanto ela ainda quer se casar com você —
aponto. — Agora me ajudem com essa gravata, pois meu destino não pode
ficar esperando por mim.
Charlie, que esteve calado até então, vem até mim e ajuda com a
gravata enquanto aconselha Malcon.
— Malcon, não vai fazer diferença para você ter um pedaço de
papel que comprove que estão casados, que você a ama, mas para ela isso é
importante. Mulheres, meu amigo, podemos amá-las sem nunca entendê-
las.
— Eu ouvi bem, o Charlie está filosofando? É o fim do mundo —
zombo.
— Sabe, esse clima todo de casamento me deixa emotivo — diz ele,
fingindo uma fungada, mas logo está apertando o meu pescoço. —
Precisamos marcar um jogo, vocês estão frouxos demais, quero resolver
essa moleza em campo.
Charlie é um grande amigo, nos conhecemos através da Alanna, sua
esposa e fotografa da maioria das campanhas que fiz. São ótimos amigos e
não poderiam deixar de estar presente neste dia tão importante para mim.
Tentei convencer o Charlie a entrar no time, mas o seu ramo é outro. Ele
prefere os negócios e as motos, só joga por prazer.
— Não conte comigo, pelas próximas semanas serei da minha linda
e amada esposa — declaro.
— Quando voltar da lua de mel será ótimo, vai tá enferrujado — diz
ele.
— Só assim para você ganhar de mim — digo, dando um murro em
seu ombro. Os outros caem na gargalhada.
Somos uma equipe. Esse tipo de amizade só se encontra uma vez na
vida e esses são os meus irmãos da vida. Até mesmo Dylan, que
brevemente será o meu irmão de papel passado, só está esperando a Trisha
se formar para pedi-la em casamento.
— Isso é um desafio, Baker? Sabe que nos ringues você não me
vence, não é?
Pura verdade. O cara é uma máquina, tentei lutar com ele algumas
vezes e fui a lona mais rápido do que esperava.
— Não, cara. Estamos quites — digo, apertando o seu ombro.
— Garotos, está na hora do show. Não podemos deixar as belas
damas no esperando — fala o meu avô, entrando no quarto.
O meu velho não consegue esconder a felicidade de estar casando o
neto. Ele foi o pai que não tive e sempre serei grato pela boa educação que
nos deu, a mim e a minha irmã.
— Está certo, senhor Baker. Vamos lá, pessoal. Meu destino não
pode ficar esperando — repito.
Assim, saímos todos para os fundos da casa, onde estava tudo
pronto para o meu casamento.

— Tyler Andrew Baker e Renata Mary Mitchell, vocês declaram


que estão hoje aqui presentes para celebrar esse Matrimónio e é de livre
vontade e de todo o coração que pretendem fazê-lo?
— Sim — respondemos em uníssono.
— Nesse caminho do matrimónio, estão decididos a amar e a
respeitar um ao outro ao longo de toda a vida?
— Sim! — repetimos.
O padre continua:
— Estão dispostos a receber amorosamente os filhos como dom de
Deus e a educá-los segundo a lei de Cristo e da sua Igreja?
— Sim! — Olhamo-nos rapidamente.
— Uma vez que é o propósito de ambos contrair o Santo
Matrimónio, unam as mãos direitas e manifestai o vosso consentimento na
presença de Deus e da sua Igreja.
— Eu, Tyler Andrew Baker, recebo você, Renata Mary Mitchell,
como minha esposa, e prometo estar contigo na alegria e na tristeza, na
saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te, respeitando-te,
sendo-te fiel, todos os dias da nossa vida.
Ela tem os olhos marejados.
— Eu, Renata Mary Mitchell, recebo você, Tyler Andrew Baker,
como meu marido, e prometo estar contigo na alegria e na tristeza, na saúde
e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te, respeitando-te, sendo-te
fiel, todos os dias da nossa vida.
Trocamos as alianças com as nossas mãos tremendo.
— Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.
— Eu te amo — sussurro em seus lábios. — Meu destino!
— Meu jogador!

— Feliz?
Estou abraçado a minha esposa, enquanto admiramos os demais
comendo, bebendo e comemorando o nosso enlace.
— Felicidade é pouco para definir o que estou sentindo. Não
consigo colocar em palavras o tanto de amor e alegria que sinto ao ver
todos aqui reunidos, por nós. — Ela gira para ficarmos olho no olho. — Eu
te amo tanto. Obrigada por isso. Obrigada por ser você, jogador. Tão
sincero, espontâneo e guerreiro, afinal não desistiu enquanto não me
convenceu a sair com você.
Dizer sim diante dos nossos amigos e familiares foi algo maior do
que imaginei. Uma sensação surreal, indescritível. Naquele instante
estávamos declarando o nosso amor diante de Deus e de todos os presentes,
estávamos enfim dando o passo mais importante das nossas vidas, um
caminho sem volta para a nossa felicidade.
— Eu te amo, destino. E te agradeço por ter aceitado ser
eternamente minha.
Beijamo-nos lentamente, apenas sentindo o poder do momento
tomar conta de nós.
— Acha que já podemos fazer a nossa saída? — pergunto em seu
ouvido.
— Por favor! Sinto que posso entrar em combustão a qualquer
instante.
Agarro a sua mão e entro na casa sem que nos vejam, subimos as
escadas rumo ao meu antigo quarto. A casa dos meus avós é grande e
decidimos ficar aqui mesmo, amanhã viajamos em lua de mel, da forma que
Olívia havia planejado: vamos todos para Angra dos Reis no Rio de Janeiro.
O que eles não sabem é que só vamos ficar com eles por três dias, depois
irei levar Renata para a Itália e só, então, teremos a nossa merecida lua de
mel. É a surpresa que preparei para a minha esposa. Não canso de repetir
isso. Ela finalmente é toda minha.
Estamos quentes e desejosos depois de duas noites separados, mais
uma exigência da Olívia, agora acobertada por minha irmã e sogra.
Voltamos a nos beijar assim que cruzamos a soleira da porta, agora
com mais fervor, ambos quentes e cheios de desejo e saudade. Não dava
para parar nem se quiséssemos.
Tiro o seu lindo vestido de noiva, amei vê-la caminhar em minha
direção vestindo ele, porém agora o quero longe do seu corpo, então
começo a despi-la entre rápido e devagar. Quero ver a sua pele nua, quero
me lambuzar com o seu sabor e afundar em seu corpo até não lembrar mais
o meu nome e ela precisar fazer isso gemendo ele em meu ouvido.
Eu estou hipnotizado diante da minha linda e amada esposa, só de
lingerie, trago o seu corpo de encontro ao meu.
— Não sei por onde começar — confesso.
— Eu sei.
Ela termina de se despir com o olhar preso ao meu, o meu corpo
vibra em reação aquela provocação dela, então Renata me puxa para mais
perto de si e passa a desatar o nó da gravata, jogando-a longe, logo em
seguida começa a desabotoar os botões da camisa social deixando o meu
torso nu. Ela beija com carinho o ponto onde fica o meu coração. O meu
amor por essa mulher vai além da vida terrena.
Renata se ajoelha e tira a minha calça, cueca, sapatos e meias, com a
minha ajuda. Ergo o seu corpo e volto a beijá-la com volúpia, a jogo na
cama e começo uma exploração beijando as suas pernas, coxas e, então, o
vértice entre elas. Posso ver e sentir o seu prazer tomar conta do seu corpo
quando, mais uma vez, sou surpreendido com ela empurrando-me de costas
e montando em mim.
— Com pressa, destino?
— Você não sabe o quanto… quero você dentro de mim, jogador.
Agora!
Renata monta meu pau e nos encaixamos, um encontro perfeito. A
sensação é de estar entre o céu e o inferno com o seu corpinho miúdo me
dominando completamente. Ela rebola em busca do nosso prazer, estamos
em sintonia, seguro a sua cintura e no, entanto, não preciso guiar os seus
movimentos porque ela sabe exatamente o que fazer para nos levar ao
êxtase supremo. Num inimaginável de tão gostoso, ela acelera e diminui os
movimentos. Aperto a sua bunda causando ainda mais pressão em seu
aperto. Já estou no meu limite e preciso dela comigo.
Toco o seu clitóris e ela explode entre gemidos e sussurros, me
deixo levar junto e assim gozamos pela primeira vez como marido e mulher.
29
Angra dos Reis, Rio de Janeiro - Brasil

— Finalmente chegamos — grita Olívia. — Já não aguentava mais


ficar dentro do avião. Tudo o que quero é um bom banho e cama com o
meu filhote, que precisa descansar de toda essa agitação.
Ela está certa, foram muitas horas de voo, uma escala, uma viagem
de carro e mais uma de barco para finalmente chegarmos ao nosso destino.
Estamos todos exaustos. Passo o braço por cima do ombro da minha esposa,
ela me olha e dá um leve sorriso. Renata está tão feliz, essa sensação de
plenitude é maravilhosa e tenho certeza de que ela está sentindo tanto
quanto eu mesmo. Beijo a sua testa e volto a minha atenção para Olívia.
— Você que escolheu fazer essa excursão, cunhada — começo. —
Minha amada esposa e eu poderíamos ter viajado para outro lugar.
Renata põe a mão sobre a boca para abafar a risada, Mirela balança
a cabeça em negação, enquanto entra na casa, a babá do Franklin segue a
minha sogra, o pequeno precisa descansar. Robert está esperando a
explosão e o meu sogro entra na casa gargalhando.
— Eu preparo toda a viagem, cuido de todos os detalhes e é isso o
que ganho em troca? Renata, o seu marido é muito ingrato — reclama ela,
nos dando as costas para entrar na casa.
— Nossa, como é atenciosa, ela não fez tudo isso porque o interesse
maior era dela em fazer essa viagem de férias — finjo cochichar.
— Ingrato! — brada ela entrando na casa.
Gargalhamos.
— Eu também amo você, Livy — grito as suas costas.
— Ty, você não vale nada. Vamos entrar, Dylan, estou louca por um
banho.
Trisha também entra, sendo seguida por seu namorado. Sim, no fim
das contas viemos todos. É uma lua de mel às avessas.
— Pare de cutucar a fera, ela pode transformar sua vida num inferno
— alerta Robert aos risos.
Ele também se diverte com nossas brincadeiras.
— Ela me ama. Desculpa, cara, mas não resisti.
— Eu sei. Vocês adoram ficar se alfinetando. No fundo ela gosta. —
Ele sorri. — Olívia estava doida por essa viagem e a lua de mel de vocês foi
a desculpa perfeita.
— Sim e por isso estamos todos aqui. Agora somos uma família —
digo com fervor.
— Finalmente. Vou lá ajudar com as malas e com o Franklin. Nos
vemos no jantar.
Assim ele segue o seu caminho, restamos a minha linda e amada
esposa e eu.
— A Livy vai colocar pimenta na sua comida — diz Renata aos
risos.
Ela abraça a minha cintura e ficamos de frente um para o outro.
— Ela não faria isso — desdenho. — Está feliz?
— Muito — Os seus olhos brilham. Toco o seu rosto com o
indicador. — Acredito que esse sentimento não vai me deixar tão cedo.
— Prometo trabalhar para mantê-lo intacto.
— Obrigada. Você me faz muito feliz. Amo você, jogador.
Beijo os seus lábios lenta e vagarosamente. Afasto-me antes que
cometa uma loucura e possua o seu corpo diante de todos.
— Tenho uma surpresa para você — aviso.
— E qual é? — pede ansiosa.
— É uma surpresa. — Beijo a sua testa, seu nariz, sua boca. —
Vamos entrar, tomar um banho, comer e dormir um pouco.
— Você é do mau, jogador.
Entramos na casa e vejo que tem cômodos amplos e iluminados,
decorados com uma mobília requintada e elegante, até demais, para um
ambiente rústico de uma casa na praia. Tem uma espaçosa área externa com
campo de futebol, churrasqueira e uma bela piscina. Ainda tem uma sauna e
academia.
— É, devo admitir que a Olívia escolheu bem, aqui podemos nos
instalar e ter bastante conforto — comento assim que entramos no quarto.
— Minha irmã gosta de conforto. Quando papai nos trouxe aqui,
anos atrás, e disse que havia comprado essa casa ela avisou logo que
cuidaria da reforma e de todos os detalhes de decoração. Mamãe sequer
ousou se pronunciar, afinal ela e a Livy tem gostos parecidos.
— E você também não quis opinar em nada?
— Não. Eu também gosto do que ela escolhe — diz, balançando os
ombros.
Após o jantar cada um se recolhe no seu quarto, a viagem tinha sido
bem cansativa. No dia seguinte poderíamos aproveitar as maravilhas do
lugar.

Com mar verde-água, areia branquinha e vegetação de Mata


Atlântica, Angra dos Reis é um paraíso. Na manhã seguinte a nossa
chegada, nós tomamos um café da manhã com comidas típicas do país e
devo dizer que estou amando tudo, a tal da tapioca é uma delícia. Depois
Trisha, Dylan, Renata e eu decidimos dar uma volta pela cidade, enquanto
os demais optaram por ficar e descansar um pouco mais.
Passeamos de barco, conhecemos alguns pontos turísticos e tiramos
muitas fotos. As meninas compram presentes e alguns artigos para
decoração na feira que tem por aqui. O lugar é realmente lindo e prometi,
mentalmente, voltar em breve para podermos aproveitar com mais calma
toda essa tranquilidade. Almoçamos em um restaurante à beira mar,
desfrutamos de pratos regados a frutos do mar, deliciosos.
Tudo está indo muito bem, mas eu sou egoísta e quero ter a minha
mulher só para mim por alguns dias. Assim que voltarmos da nossa lua de
mel começa a rotina intensa dos meus treinos e logo em seguida a nova
temporada de jogos da NFL, bem como a Renata estará voltando das suas
férias. Portanto, temos que aproveitar ao máximo essas semanas de
descanso, um dos motivos que preparei a viagem surpresa.
Era final de tarde quando voltamos para casa exaustos, porém
felizes.
— Como foi o passeio?
— Perfeito, mãe. Tinha me esquecido de como aqui é lindo — fala
meu destino.
Ela está radiante de tanta felicidade. É possível senti-la transbordar
alegria e eu fico feliz junto com ela por saber que tudo isso se deve ao fato
de termos nos casado, estamos comemorando o nosso amor.
— Nossa, eu que nunca tinha viajado para tão longe e já digo que
quero voltar mais vezes. Esse lugar é lindo, passa uma paz toda essa
calmaria, as pessoas são tão calorosas. Esse lugar é muito gostoso e
aconchegante — diz Trisha.
Estou feliz que todos estejam felizes.
— A casa é sua, meu bem, pode vir sempre que quiser — garante
Mirela.
— Quem sabe numa próxima lua de mel… — atiça Olívia.
Dylan engasga com a água que bebia, bato em suas costas. Trisha
fica vermelha, ela não quer se casar agora, está focada em concluir a sua
faculdade. Ela tem o meu respeito por isso, a minha pequena sempre foi
muito ajuizada.
— Calma, amigo. Sem pressão. Pode respirar tranquilo — provoco,
dando um pouco de apoio.
Todos sorrimos.
— Bem, o jantar será servido em poucos minutos.
— Tempo para um banho, mãe? Estou pegajosa — pede Renata.
— Claro, meu bem. Vão tomar banho e quando descer, nós jantamos
— diz Mirela.
— Eu gosto de você assim... — sussurro em seu ouvido, enquanto
subimos as escadas rumo ao segundo andar da casa. — Pegajosa.
— Não me provoque.
Entramos no quarto, deixo as sacolas de compras no chão ao lado da
porta e observo meu destino seguir para o banheiro, tirando as roupas no
caminho, de forma tentadora. Faço o mesmo e me junto a ela no box.
Lavamos um ao outro, trocando carícias e beijos ardentes. Viro o
seu corpo de frente para a parede, ela espalma as mãos nos azulejos e geme
quando a penetro com força e precisão. Não temos muito tempo, mas a
vontade e o desejo não se importam com isso.
30

O sol da manhã entra pela janela do quarto, mas não queremos sair
da cama. Já é o nosso terceiro dia nesse paraíso, é chegada a hora de contar
para Renata que vamos voar em breve.
— Lembra da surpresa?
— Claro que sim.
Renata vira de bruços para me olhar nos olhos, sua curiosidade
voltou com tudo, apoiando as mãos e o queixo em meu peito.
— Esse lugar é lindo, um verdadeiro paraíso. Nossos dias aqui têm
sido maravilhosos...
— Você está enrolando — acusa com um sorriso encantador.
Beijo os seus lábios.
— Vou te roubar para mim pelas próximas semanas, preparei uma
segunda viagem para a nossa lua de mel. Quero ter exclusividade antes que
tenhamos que voltar para a nossa louca rotina, onde só vamos nos ver na
hora de dormir.
— Hum... Se está passando por sua cabeça que vou achar ruim ser
sequestrada por meu amado marido em nossa lua de mel, está muito
enganado — garante. — Agora me conte, para onde vai me levar?
Na verdade, enrolei um pouco sim para contar os meus planos, não
queria passar a impressão errada. Todavia, ela me conhece bem e sempre
estamos em sintonia com os nossos pensamentos. Nós amamos a nossa
família barulhenta, porém ansiamos curtir esse momento só com a presença
um do outro.
— Para longe — faço um pouco mais de suspense.
Ela grunhe, batendo em meu peito.
— Conta logo, Tyler.
— Tão curiosa. — Aperto o seu nariz. — Itália. Mais precisamente
na bela e encantadora Toscana, destino — anuncio.
— A cidade dos vinhos, do romance… do amor. Ótima escolha,
jogador. — Renata monta o meu quadril. — Nunca fui para a Itália e olha
que fiz um tour por alguns países antes de decidir fincar raízes aqui Brasil e
fazer faculdade. Amei a notícia.
Seguro a sua bunda com as mãos, fazendo fricção no ponto certo.
— Bom, assim podemos desfrutar dos prazeres dessa viagem juntos.
Já fui algumas vezes, mas nunca aproveitei de fato. — Ela geme quando
sente a dureza direto em seu sexo. — Ficaremos na fazenda de um amigo,
ele é vinicultor e me ofereceu o lugar como um refúgio para nós
aproveitarmos a nossa lua de mel. Os melhores vinhos saem da sua
vinícola.
Renata dobra o seu corpo, nossas bocas ficam a um sopro de
distância. Os seus olhos entregam o seu desejo e a sua ânsia por mais.
— Mal posso esperar para provar. Quando vamos?
— Hoje à tarde. — Mordo o seu lábio inferior.
— Preciso arrumar as malas — diz, esfregando-se ainda mais em
mim.
— Podemos cuidar disso depois, agora… — Jogo ela na cama,
Renata grita antes soltar uma risada com o susto. — Eu vou devorar você.

— Como assim vocês vão embora? — explode Olívia. — Organizei


nossa viagem com tanto carinho.
Sento-me no sofá ao seu lado e seguro as suas mãos, ela está quase
chorando e eu quase me arrependendo de seguir os meus planos. Por
incrível que pareça, ninguém mais está se importando com o seu surto, se
posso chamar assim, afinal ela não ficou nada contente com a novidade.
— Cunhada, não quero que se sinta ofendida. Mas eu já tinha
programado essa viagem um tempo atrás e devido alguns imprevistos
acabei por deixar para a nossa lua de mel. — Renata ergue uma sobrancelha
na minha direção. Ela sabe que estou inventando isso somente para que
Livy pare de reclamar. — Não falei antes porque quis fazer uma surpresa
para a Renata.
— Não só para ela, poderia ter me contado. Eu teria ajudado de
alguma forma.
— Não precisa se preocupar com nada, já está tudo pronto — digo.
— Olívia, deixe eles em paz. Você queria vir para Angra e aqui
estamos nós, vamos aproveitar nossas férias e deixar que eles curtam as
deles — argumenta Robert.
— Fazer o quê? Quem perde são eles — desdenha.
Tento segurar o riso e beijo sua bochecha com carinho.
— Muito obrigada por tudo. Não fosse por você, nosso casamento
teria sido um fracasso. Você é brilhante, cunhada.
— Também não é para tanto, mamãe e a Trish me ajudaram.
— Ok. Passado o momento “surto da Livy”, vamos nos despedir que
quero curtir o meu marido e a segunda parte da minha lua de mel — fala
Renata, que está abraçada ao pai.
— Façam uma boa viagem, meus filhos. Aproveitem muito, pois a
vida precisa ser vivida — aconselha Mirela. Ela me abraça e beija o meu
rosto. — Cuide da minha filha.
A minha sogra é uma das melhores pessoas que conheci.
Extremamente carinhosa, compreensiva, ótima conselheira. Uma verdadeira
mãe.
— Pode deixar que vou cuidar muito bem dela, fazê-la feliz é a
minha prioridade.
Renata beija o rosto do pai e vem ao meu encontro, ela circula os
braços ao redor da minha cintura. Passo o meu braço por seu ombro e beijo
a sua testa.
— Tenham juízo, crianças.
— Papai, não somos crianças há um bom tempo.
— Manteremos vocês informados com os horários dos voos —
aviso.
— Faça isso, querido. Meu coração de mãe agradece — diz Mirela.
— Boa viagem! E tragam um vinho para mim ou ficarei muito
irritada — decreta Olívia.
— Quero uma garrafa também, sabe como amo vinho — pede
Trisha.
— Traremos algumas garrafas…
— E presente para todos — completa meu destino.
— E Dylan, acho bom cuidar da Trisha — alerto.
— Eu posso me cuidar sozinha — resmunga ela, rolando os
malditos olhos.
Dylan beija o topo da sua cabeça.
— Vai tranquilo, irmão. Ela estará segura comigo.
— Certo… Família, nos vemos em algumas semanas. Arrivederci!
Após nos despedimos de todos com beijos, abraços e pedidos de
presentes, começamos uma longa viagem rumo a nossa próxima parada.

Toscana, Florença - Itália

Chegamos à fazenda na Toscana, há três semanas atrás. A casa é


realmente linda, Renata está apaixonada.
A mistura rústica com uns incrementos de moderno dá o clima ideal
para uma fazenda rodeada por grandes vinhedos. Na prestigiada área de
Chianti, apenas trinta minutos de Florença, que fica a fazenda dos Peroni.
Quando chegamos, encontramos uma cesta recheada de frutas, chocolate e
um cartão nos parabenizando pelo casamento e dando total liberdade para
usufruir da adega e da fazenda por completo. Além de indicar um passeio
pelos vinhedos.
— Minha nossa, não quero mais voltar para casa.
— Estamos aqui há três semanas, destino. Infelizmente a realidade
nos chama.
— É verdade. Amor, eu posso tecer inúmeros elogios para a beleza
desse lugar. Estou apaixonada, encantada, extasiada. Nossa lua de mel está
sendo um sonho. No entanto, eu quero muito voltar para casa, quero
finalmente tomar posse do nosso lar.
Ela me abraça e beija o meu peito. Estamos passeando por entre os
vinhedos, devo dizer que concordo com ela: a imagem que temos diante de
nós é excepcional.
— Mal posso esperar para estrear a nossa cama — sussurro em seu
ouvido.
— Ah sim, estou ansiosa para estrear todos os cantos da casa.
A casa ficou pronta uma semana antes do casamento, mas decidimos
que só iríamos nos instalar depois da lua de mel.
— Enquanto isso, vamos aproveitar a lareira com uma taça vinho,
alguns frios e um sexo bem sujo, que tal? — ela geme.
— Plano perfeito.
Caminhamos de volta por entre os vinhedos e logo adentramos a
casa, os caseiros mantinham tudo em ordem e assim que chegamos à
cozinha, encontramos exatamente o que queríamos.
— Bem, parece que eles adivinharam nossos planos — digo,
pegando uma uva.
— É nossa última noite, estamos em lua de mel, acredito que todos
sabem o que queremos — diz Renata sorrindo.
Ela pega as taças e segue para a sala onde tem uma bela lareira.
Apesar dos dias quentes, especialmente hoje, amanheceu com um
clima perfeito para vinho, fogo e minha mulher. Acendo a lareira, as
chamas crepitam enquanto a observo, Renata vem até onde estou e me serve
uma taça de vinho. Brindamos ao nosso amor, nossa felicidade, sem tirar os
olhos um do outro.
Não precisamos de palavras quando estamos conectados com o
olhar, nossa sintonia é gritante. Deixo a minha taça na mesinha de centro e
faço o mesmo com a dela. Havíamos tirado os casacos, sapatos e meias
assim que entramos. Trago ela para mais perto e passo a abrir os botões da
sua camisa de seda vermelha, tirando-a do seu corpo, Renata arfa a cada
toque meu em sua pele. Tiro o seu sutiã e me ajoelho diante dela, abro a sua
calça jeans, solto um beijo logo abaixo do umbigo, ela segura os meus
cabelos. Tenho notado que ela anda mais desinibida que antes, mais
desejosa, sempre ansiando mais e mais por meu toque.
Após retirar sua calça e calcinha, deito o seu corpo no tapete diante
da lareira. A beijo com ansiedade, é como se fosse a primeira vez, sempre
assim. Nosso fogo pode competir facilmente com as chamas ao lado,
lambendo a madeira até consumi-la por completo. O contraste da sua pele
bronzeada com o calor do fogo é excitante demais. Sinto o meu pau vibrar,
tão ansioso quanto eu mesmo para se perder em seu calor.
Ficando de pé, me livro das minhas próprias roupas, diante do seu
escrutínio. Renata passa a língua por seu lábio assim que tiro a cueca e fico
como vim ao mundo. Seus olhos brilham, então ela faz o que quer: se
ajoelha e abocanha o meu membro. Ter sua boca em mim é como ir do céu
ao inferno em questão de segundos, todo o meu corpo se arrepia quando ela
suga com vontade. Agarro os seus cabelos para guiar os seus movimentos,
ela crava as unhas na minha bunda para que eu vá mais fundo, eu obedeço e
sinto a sua garganta apertar a glande do meu pau.
— Droga, mulher… Assim vou gozar na sua boca. — Afasto-a a
fim de deixá-la respirar e assim poder ter um pouco de autocontrole ou vou
gozar antes do momento certo, que é dentro dela e com ela.
— Mas eu quero isso, jogador. Quero o seu prazer deslizando quente
por minha garganta.
— Puta que o pariu…
Enfio as mãos por entre os fios dos meus cabelos e jogo a cabeça
para trás, quando sinto sua boca me engolir novamente. Renata lambe,
beija, mordisca a cabeça, me provocando e atiçando até que ela me suga
com precisão. Não tem como resistir e acabo explodindo em um orgasmo
que me deixa zonzo. Saio da sua boca e caio de joelhos à sua frente.
— Tudo bem, jogador?
— Você é uma pequena provocadora, me dê só um segundo é isso
terá volta.
Ela beija a minha boca, mordendo o meu lábio inferior, em seguida
o meu pescoço e então a minha orelha.
— Quero você dentro de mim… me come com força, jogador —
geme seu pedido em meu ouvido.
Ela está em chamas, impossível ter algum controle diante da sua
impetuosidade. Se é o que a minha linda e amada esposa quer, é o que ela
terá.
Seguro os seus cabelos pela nuca, afastando o seu rosto do meu
pescoço. Os seus olhos estão vidrados, ela está no limite da excitação.
— Deite de bruços, destino. É a minha vez de ter você.
Ela faz o que peço. Passo as mãos por sua coluna esguia e agarro o
seu bumbum lindo e arrebitado, massageio, então beijo desde o pescoço até
o cóccix. Sempre esfregando o meu corpo no dela.
— Ty…
— Shiu… empine o bumbum para mim, amor.
Seguro a sua cintura com uma mão e com a outra testo o quão
molhada ela está, o meu corpo já está pronto para possuir o seu. Beijo sua
nádega direita e passo a língua no meio das suas pernas. Renata geme,
observo as suas mãos apertando os grossos fios do tapete. Esfrego o meu
pau em sua entrada, ela rebola em busca de mais contato, fico cego de
desejo. Então a penetro e vamos à loucura nos remexendo em sincronia,
ambos em busca de mais contato. Em busca do nosso prazer que não
demorou a chegar. Puxo o seu corpo de encontro ao meu, suas costas
coladas ao meu peito, seguro os seus seios enquanto gememos os resquícios
de luxúria que nos domina.
Deito no chão, trazendo ela comigo. Renata se acomoda, deitando
de lado com uma perna sobre mim, pego uma colcha no sofá ao lado e nos
cubro.
— Obrigada por essa viagem. Foi tudo perfeito, jogador.
— Você que é perfeita. — Beijo a sua testa. — Voltaremos aqui
sempre que quiser.
— Eu vou querer — sussurra sonolenta.
Em poucos segundos ela está adormecida. Amanhã voltamos para
casa e na próxima semana recomeçam as nossas rotinas de trabalho, porém
nossa vida nunca mais será a mesma: agora nós temos um ao outro, para
sempre.
— Descanse, meu amor. Sempre estarei aqui para segurá-la em
meus braços.
Beijo o topo da sua cabeça e me permito derivar para um sono
tranquilo com o meu destino.
31
Renata

Quando voltamos de viagem encontramos uma faixa de recém-


casados no alto da escada, vários balões em formato de coração pendurados
pelo caminho da sala até o quarto, onde o chão estava coberto por pétalas de
flores vermelhas. Mamãe, Livy e Trisha haviam se empenhado bastante
com essa recepção.
Foi bom voltar para casa, para a nossa casa, depois de um mês longe
de toda agitação familiar. O tempo que passamos juntos em nossa bolha de
amor fora maravilhoso, mas nada como voltar para o nosso refúgio e poder
desfrutar da paz e tranquilidade do nosso lar. Agora sim começaria nossa
vida de casados.
Na semana seguinte Tyler retomou os treinos e eu voltei a minha
rotina no escritório, tomávamos café da manhã juntos e só voltamos a nos
ver a noite, quando eu chegava do trabalho ou quando ele ia me buscar.
Criamos uma rotina nova, só nossa. Às vezes almoçamos juntos durante a
semana ou com os amigos, nos finais de semana nos reunimos em nossa
casa, na casa de alguém ou simplesmente curtimos um sossego a dois.
Assim os meses foram se passando e hoje encaro a minha segunda
final do Super Bowl, onde mais uma vez o Tyler está se destacando como o
melhor Quarterback da temporada e dessa vez eu que preparei uma
surpresa para o meu jogador.
Exatamente há quatro semanas eu comecei a notar algumas
mudanças no meu corpo, no meu apetite em relação a comida e a sexo, no
entanto, deixei passar sem querer acreditar que poderia ser verdade. Não
pude me enganar por muito mais tempo, então, no início desta semana
procurei a minha médica e descobri que estou grávida e pelas minhas contas
aconteceu em nossa lua de mel. Eu não poderia ter ficado mais feliz e sabia
que o meu marido também se sentiria da mesma forma.
Nosso primeiro filho, o fruto do nosso amor, estava a caminho.
Aconteceu mais cedo do que esperava, pois, apesar de estar com a minha
medicação em dia, a mesma havia falhado. Inicialmente foi um choque,
mas agora posso dizer que já estou me acostumando com a ideia de ser mãe.
Contei para Olívia, que sugeriu a surpresa de anunciar no telão
durante o intervalo, assim como Tyler havia me pedido em casamento no
ano passado. Para pôr o plano em prática eu tive que conversar com o
Green e com o técnico do time, ambos me parabenizaram e aprovaram a
ideia. Só espero que o Tyler não perca a concentração para os momentos
finais do jogo.
Neste momento estou em uma das salas privadas, perto do gramado,
para contratantes e pessoas autorizadas que não gostam de ficar na agitação
das arquibancadas. Nossa família e amigos próximos estão presentes, as
esposas deles no caso. São poucos os que sabem da novidade, mas estão
aqui, principalmente, para dar apoio ao time e na esperança de comemorar o
final da partida com uma vitória.
— Ansiosa? — indaga Livy, sentada ao meu lado.
— Muito. Será que não vai ser demais para ele? Bem no final do
jogo?
— Você não vai desistir agora, Rê. Ele vai amar e encerrar o jogo
com um belo ponto — afirma totalmente convicta.
— Eu espero.
Impossível não ficar apreensiva, se eles perderem o jogo o Tyler vai
se culpar e eu vou me sentir culpada. Mordo o lábio inferior ao ver o time
saindo de campo.
— Eles estão vencendo, para que o outro time ganhe precisariam de
um milagre. Respire fundo, é agora.
Levanto, me aproximo da parede de vidro e espero. Alguns filmes
são anunciados e mais um monte de propaganda até que o telão fica escuro
e o som de um coração começa a ser ouvido pelos autofalantes. Nos telões
surgem as imagens do meu ultrassom. Quando a Livy sugeriu fazer isso,
pensei que poderia ser exposição demais, porém lembrei do tanto de amor e
carinho que recebemos de suas fãs e entrei de cabeça nessa loucura.

Tyler
Estamos prontos para entrar em campo, esperando apenas os
anúncios finais nos telões.
— Baker — ouço o treinador chamar.
— Senhor?
Franzo o cenho quando o vejo correr em minha direção.
— Olhos no telão — diz ele, apontando para frente.
Viro-me e faço o que ele me disse, ainda sem entender.
— O que tem ali? — pergunta Malcon ao meu lado.
Dou de ombros.
— Não faço a menor ideia.
Então um som estranho começa a ecoar por todo o estádio, continuo
sem entender nada. Olho para o treinador, mas ele me vira novamente de
frente para o telão.
Imagens distorcidas vão surgindo, uma mistura de cores entre preto,
amarelo e vermelho. O som continua ecoando e posso arriscar dizer que se
parecem com batidas de um coração muito frenético por sinal.
— Aquilo é um ultrassom? — indaga Lincoln do meu outro lado.
— Um o quê? — questiono.
— Um exame que as mulheres fazem quando estão grávidas —
explica ele.
— Treinador, por que raios eu devo assistir a isso?
— Apenas continue olhando, filho — pede.
Foco meus olhos nas imagens que de repente somem, então uma
frase aparece no telão branco.

PAPAI, ESTOU CHEGANDO!

Escuto uma comoção dos caras atrás de mim, mas continuo sem
entender muito bem o que se passa. Apesar de sentir o meu coração falhar
uma batida.
JOGADOR, VOCÊ VAI SER PAPAI!

Uma imagem ao vivo do meu destino surge na porra do telão e o


meu coração falha outra batida, ela alisa a barriga e me manda um beijo.
Vejo nossos familiares ao seu redor, pulando e festejando. O estádio vai à
loucura, gritos, aplausos e vaias tomam conta de tudo.
— Wow! Parabéns, cara! — Malcon bate em minhas costas e volto a
realidade.
— Ela… o senhor sabia? Puta que pariu, eu vou ser pai — grito.
O time inteiro pula em cima de mim e começa uma algazarra no
túnel.
— Manda um beijo para ela e vamos acabar com esse jogo para
podermos comemorar em dose dupla, Baker — diz o treinador.
Noto que uma câmera está nos filmando e mostrando no telão. Passo
as mãos nos cabelos.
— Eu queria muito te beijar e te abraçar agora — digo para ela com
os olhos focados na câmera diante de mim. — Eu te amo! Me espera,
destino. Eu te amo, porra.
Os caras voltam a pular em cima de mim, o meu sorriso não poderia
ser maior. Eu vou ser pai. Um filho com a mulher da minha vida.
— Vamos ganhar aquele troféu, temos muito o que comemorar esta
noite, time.
Urramos com as palavras do treinador e com essa emoção
borbulhando em nossas veias entramos em campo.

Todo o time está eufórico com a nossa vitória, segundo ano


consecutivo que ganhamos o Super Bowl, estou orgulhoso do nosso feito.
No entanto, tudo o que eu mais quero é chegar até a minha mulher e enchê-
la de beijos, então saio correndo assim que consigo pular do ombro de
Malcon, corro até chegar à beira do campo, onde Renata já me espera ao
lado do Green, meu agente.
— Ah, meu amor — Ergo-a do chão e beijo os seus lábios, sua
bochecha e o seu pescoço. — Obrigado… Te amo… te amo… te amo!
— Eu te amo mais. — Os seus olhos estão brilhantes.
— É sério mesmo?
— Sim. Pelos meus cálculos foi encomendado durante a nossa
estadia na Itália. — O seu sorriso é o que ilumina os meus dias e noites.
— Na nossa lua de mel? Perfeito. Mas, como?
— Conversamos sobre os detalhes depois. Você gostou de saber?
Uma ruga de preocupação surge em sua testa, beijo-a.
— Melhor do que ganhar o jogo dessa noite — digo a verdade em
meu coração.
Coloco-a no chão, ela segura os meus cabelos e beija a minha boca.
— Parabéns, jogador! Vocês foram demais em campo.
— Vou tentar sair o mais rápido possível. Quero ir embora dessa
agitação, quero curtir vocês.
— Tudo bem. Vai lá curtir a sua vitória, o momento pede isso. —
Leva as nossas mãos entrelaçadas ao seu ventre. — Estaremos te esperando,
sempre.
Ajoelho-me e beijo a sua barriga com reverência. Nossa família está
apenas começando.
32
Tyler

Os últimos meses foram de dúvidas e decisões. Menino ou menina?


Larissa ou Rosie? Lucas ou Henrique? Que cor será o quarto? Parto normal,
cirurgia ou em casa? Desejo ou apenas desculpa para comer algo gostoso?
Foram tantas perguntas, tantos questionamentos e no meio de tudo
isso muito amor pelo ser que iria chegar muito em breve, para alegrar e
iluminar nossas vidas.
Meu destino decidiu que não queria saber o sexo do bebê, sendo
assim o quarto foi decorado com tons de cores neutras. Eu concordei com a
sua decisão, afinal estávamos felizes que seríamos pais, estávamos gratos
por esta benção. Saber se seria menina ou menino era bobagem.
A questão dos nomes também não foi difícil, se for menino irá se
chamar Lucas Baker Mitchell e se for menina Rosie Baker Mitchell. Lucas
em homenagem ao meu avô e Rosie a avó do meu destino. Nossa família
amou as escolhas.
Sobre o parto, após acompanhar Renata em várias consultas e
conversar com especialistas, optamos por um parto humanizado, ela irá dar
à luz em casa. Claro que para isso tivemos que passar por alguns
treinamentos e contratar uma equipe especializada. Todos estão aqui em
casa neste momento.
Estamos no quarto, ela sentada na cama comigo à sua frente. Abraço
sua cabeça, que está enterrada em meu peito, e beijo sua testa. Ela está
vermelha, suada e sentindo dores. Renata usa um top para cobrir os seios e
mais nada, ela está acocorada na cama, suas mãos apertando a minha
camisa sempre que sente uma contração.
Mirela me passa uma garrafa com água para que eu lhe dê, meu
destino bebe um pouco e me puxa para sentar na cama. Sento-me de costas
para ela, do jeito que ela me posicionou, então ela se inclina sobre as
minhas costas e segue fazendo pequenos movimentos com os quadris. Beijo
as suas mãos que estão em meus ombros.
— Respira, destino.
— Dói, jogador — geme, enterrando o rosto em meu pescoço.
— Vai dar tudo certo, estou aqui com você, meu amor.
— Quero levantar.
Aceno, levanto e a ajudo a fazer o mesmo. Sua barriga está enorme
e pesada para ela, que é tão pequena, mas a minha mulher está sendo uma
guerreira. Estamos em trabalho de parto há cinco horas, assim que a bolsa
estourou liguei para a sua médica.
Por sorte eu tive um jogo no último final de semana e esta é minha
semana de folga ou o time teria que se virar sem mim, jamais sairia do lado
da minha mulher.
— A banheira está pronta, senhora Baker. Vamos lá!? — chama a
médica dela, assim que entra no quarto.
Renata acena levemente e olha para mim.
— Não vou sair de perto de você, destino.
Seguimos para o banheiro e nos instalamos. A banheira está cheia,
Renata entra e senta na água morna. Sento-me na borda e jogo água nas
suas costas ao massagear seus músculos. Ela sente outra contração, a
médica vem e verifica a dilatação, dizendo que estamos quase lá. Continuo
a massagear e jogar água em suas costas, ela deita a cabeça para trás e nos
olhamos profundamente.
— Eu te amo — sussurro. Ela consegue sorrir levemente, quase uma
careta. — Só mais um pouco e nosso bebê estará em seus braços, destino.
Mais uma hora se passa, agora Renata está novamente de joelhos,
ela senta devagar sobre o calcanhar e levanta, gira os quadris e geme em
alguns momentos. Sinto como se ela fosse desmaiar a qualquer momento,
ela segura meus braços e faz força. Segundo a sua médica a dilatação está
indo muito bem.
Estou do lado de fora da banheira, de joelhos diante dela, alisando o
seu rosto e passando toda minha energia para ela.
Mais uma contração a atinge e dessa vem com muita mais
intensidade, a médica se aproxima e manda ela recostar o corpo. Ajudo
Renata a deitar a cabeça na almofada que tem na borda da banheira e seguro
as suas mãos no segundo em que tudo começa a mudar. O nosso bebê está
chegando.
— Puxe os joelhos de encontro ao seu peito querida, vamos lá. O
seu bebê está vindo. Ele só precisa da sua ajuda, empurre — a médica não
para de falar e incentivar.
Meu destino faz exatamente tudo que a médica manda, suas
respirações estão curtas e rápidas. Ela puxa as pernas e empurra, então
acontece, Renata solta um grito e a médica a ajuda puxando o bebê. Entro
na banheira, quando o pequeno serzinho é colocado em seu peito. Lágrimas
escorrendo por meu rosto. Não consigo pôr em palavras o sentimento que
me domina.
Encosto a testa na sua e agradeço a Deus por este momento.
33
Oito anos depois...

Era inexplicável o impulso que tomava conta de mim quando estava


perto dela, me perguntava se isso mudaria com o tempo. De alguma forma,
não achava que aconteceria e hoje, após anos de casamento, afirmo que a
amo do mesmo jeito que amei no segundo em que a conheci. Os meus
sentimentos pela Renata são fortes e irão durar por mais vinte, trinta,
quarenta anos... até que a morte nos separe.
Sou grato por tudo o que construímos ao longo dos anos. O nosso
filho hoje está com sete anos de idade, Lucas havia sido o presente que
Deus nos mandou na lua de mel. Hoje ele está na casa dos avós, brincando
com o primo Franklin que é só alguns anos mais velho que ele, são como
irmãos.
Acabei de chegar de viagem, estou louco de saudade, tudo o que
queria era chegar em casa e curtir a minha família. Curtir a minha mulher.
Renata me encontra na porta da entrada e me diz que somos só nós
dois por algumas horas. Sem pensar em mais nada, solto a minha bolsa no
chão e beijo a sua boca, deslizando a língua para dentro em busca de provar
mais uma vez do seu doce e viciante sabor. Estava sedento por ela e louco
de desejo e saudade depois de uma longa semana fora com time.
Esse é meu último ano, decidi me aposentar dos campos para
aproveitar a minha família. Estamos esperando o nosso segundo filho, agora
ela fez questão de saber o sexo e teremos uma menina, nossa Rosie. Renata
está na vigésima oitava semana de gestação e o seu apetite sexual está uma
loucura.
— Como está se sentindo? — indago, enquanto entramos no quarto
e nos livramos das nossas roupas.
Os beijos que trocamos no caminho foram suficientes para tê-la em
erupção, ela se joga na cama e me leva junto, seguro o peso do corpo com
os braços.
— A ponto de explodir, Ty, por favor para de enrolar — implora,
esfregando o seu calor contra o meu corpo.
As suas pernas estão em volta da minha cintura e os seus pés
cravados no meu bumbum a fim de me levar direto para dentro dela, porém
estou me segurando mesmo que por um fio. Jamais permitiria que o nosso
desejo nos cegasse e assim acabar machucando a ela e nossa filha.
— Devagar, destino! Vamos bem devagar — sussurro, possuindo o
seu corpo centímetro a centímetro. — Não vamos extrapolar.
— Tyler, pelo amor de Deus, nossa filha está bem e dormindo.
Agora ou você me toma de uma vez ou me deixa ir tomar um banho frio e
cuidar do meu prazer com os dedos.
— Não me provoca, mulher.
Grudo as nossas bocas em um beijo voraz, combinando com as
investidas em seus grandes lábios. Amo o jeito que engulo o fôlego dela, a
forma como respiramos o mesmo ar. Tem algo decididamente íntimo sobre
isso. É a nossa mais sublime união, em busca de saciar um ao outro.
Sua barriga não atrapalha em nada, assim como da primeira vez, a
bebê ainda não ocupou todo o espaço, nem por isso deixamos de ter
cuidado.
— Como senti saudades de você — geme ela voltando do seu
êxtase.
— De mim ou do meu pau? — brinco.
— Seu bobo. Vamos tomar um banho e ir pegar o Lucas, ele vai
ficar eufórico quando ver que chegou mais cedo — diz, já de pé e entrando
no banheiro.
— Ótima ideia, destino. Também estou com saudade daquele
moleque.
Tomamos banho, nos trocamos e saímos de casa rumo à casa dos
meus sogros.
— Para onde vai, jogador?
— Abrir a porta para você entrar?
— Não vamos de carro, amor, a casa dos meus fica na outra quadra.
— Destino, você já fez esforço suficiente dentro do período de uma
hora. Entra no carro, Renata.
Bufando ela faz o que peço e dou a volta para fazer o mesmo. Dou
partida no carro e sigo o nosso caminho.
— Desnecessário isso.
— Como ele se comportou? — ignoro o seu comentário e pergunto
do Lucas.
Às vezes ele fica muito chateado quando tenho que passar a semana
fora e não pode ir ao jogo. Nos jogos próximos a cidade ele sempre está
presente, vai com o Robert que leva o Franklin ou vai com o avô.
— Você sabe como ele fica, está chateado e dizendo que aguenta
sim viajar com o time e por aí vai. Só não tem dado tanto trabalho porque o
Robert o leva para sair com o Franklin e assim ele esquece um pouco.
Estaciono o carro e saímos, entramos na casa dos meus sogros, que
sempre tem a porta aberta.
— Preciso agradecer ao Robert por ter paciência com ele nesses
momentos. — Abraço-a de lado e beijo a sua testa. — Esse será o meu
último ano, destino.
Ela para de andar e me encara.
— Quando decidiu isso? E por quê?
De onde estamos, conseguimos ouvir a farra no quintal. Tenho
certeza de Bill está na churrasqueira com o Robert, as crianças na piscina e
Olívia junto a mãe bebendo o famoso drink de Mirela.
Levo Renata até o sofá da sala, seguro suas mãos e falo.
— Destino, faço 39 anos esse ano, não estou ficando jovem e quero
poder aproveitar o nascimento da Rosie, bem como o crescimento do Lucas.
Ele está crescendo rápido e precisando de mim cada vez mais, não quero
que ele pense que prefiro os campos a ele. Claro que amo a minha
profissão, mas vocês vêm em primeiro lugar. Já vivi tudo o que tinha para
viver e sou grato com essas conquistas.
— Eu sei o quanto você ama o seu trabalho, jogador. Você é
merecedor de todas as suas conquistas. Se está feliz e seguro da sua decisão,
eu apoio.
— Estou sim. — Aliso a sua barriga. — Quero estar mais presente
que antes.
Renata me puxa para perto e beija meus lábios.
— Amamos você, jogador. Vamos lá encontrar o pequeno jogador.
Rimos. Lucas já disse que será Quarterback, quem sabe eu não seja
o seu treinador no futuro.
Ao chegar no quintal o cenário é exatamente o que pensei. Assim
que me vê Lucas começa a gritar.
— Papai… papai.
Deixo Renata na mesa com sua mãe e irmã e sigo até a borda da
piscina para falar com o meu filho.
— Ei, garotão! Como estão as coisas por aqui? Cuidando bem da
sua mãe e irmã?
— Sim. Ontem mamãe comeu um potão de sorvete, disse para ela
que fazia mal comer tanto assim.
Ele estufa o peito, orgulhoso da sua façanha.
— Isso aí, filho. Tem que cuidar delas.
— Oi, tio Ty!
— Tudo bem com você, Franklin?
— Tudo sim, tio.
— Não fiquem muito tempo na água, lembre-se de comer e beber
algo — alerto.
Em seguida vou para a churrasqueira conversar com os meus sogro
e cunhado. Era mais um domingo em família, estou feliz de ter conseguido
chegar a tempo do almoço.
Semana que vem é o aniversário do meu destino e terei um jogo em
Boston na parte da manhã, espero conseguir chegar a tempo dos parabéns,
que será a noite. Organizamos apenas um encontro com os mais próximos,
uma surpresa para ela e não vai ter graça se eu não chegar a tempo.

À noite, em casa, converso com Lucas sobre a escola e as suas


atividades extras. Ele faz aula de judô e natação, sempre dizendo que quer
manter o condicionamento físico para quando for aceito no time. O meu
filho quer muito ser jogador, assim como eu, não posso colocar em palavras
o orgulho que sinto de ser o seu maior exemplo. Quero passar todas as
minhas experiências para ele, tanto no trabalho quanto na vida, apesar de
saber que ele precisará viver as suas próprias para aprender a superar as
adversidades que surgir.
— Tão pequeno e já mostra ser responsável — comenta Renata ao
meu lado.
— Demais. Um dos motivos que quero estar mais presente no seu
dia a dia e com tantas viagens fica difícil. Quero acompanhar de perto a sua
evolução, não quero que deixe de ser criança por ter esses pensamentos tão
adultos.
— Não precisa se preocupar tanto, jogador. Você é muito presente e
um excelente pai, não é à toa que é o exemplo dele.
Estamos deitados na cama, prontos para dormir, ela alisa os meus
cabelos.
— Obrigada por ser a minha parceira, sem você nada disso seria
possível.
— Você é o melhor presente que o destino poderia ter me dado.
Graças a você nós temos essa família. Eu te amo, jogador.
— Eu te amo muito mais, destino.
34

— Filho, amanhã à tarde papai está de volta. Lembra o que


combinamos?
— Sim. A surpresa da mamãe.
— Isso, garotão. Faça tudo que a tia Trisha pedir.
— O que vocês tanto cochicham aí? — pergunta Renata, vindo da
cozinha.
— Só estou dizendo ao Lucas para cuidar de vocês enquanto eu
estiver fora. — Pisco um olho para ele, que sorri.
— Já está indo? — indaga ela.
— Sim. Vou pegar a estrada com o Dylan, assim que o jogo terminar
nós voltamos — explico.
O jogo será amanhã de manhã e após conversar com o Dylan,
decidimos viajar hoje à noite no meu carro para que tenhamos a liberdade
de voltar o quanto antes amanhã.
— Se cuide, jogador.
Aproximo-me dela, aliso a sua barriga e beijo a sua testa.
— Estarei em casa mais cedo do que imagina. — Puxo Lucas para
perto e bagunço os seus cabelos. — Amo vocês.
Saio de casa e rumo para a casa da minha irmã. Trisha continua
morando na casa que lhe dei aqui no condomínio, ela se casou com o Dylan
assim que se formou, há cinco anos, e hoje está esperando o seu primeiro
filho. Ela e Renata estão com alguns meses de diferença.
Encosto o carro no meio fio e buzino, Dylan sai logo em seguida.
Trisha o acompanha.
— Cuidem-se e voltem cedo para a festa amanhã — alerta ela.
— Não perco por nada — garanto.
Dylan beija a sua boca ao se despedir, desvio o olhar. Não preciso
ver essas coisas, ela ainda é e sempre será a minha irmãzinha.
— Você vai ficar na Renata? — pergunta ele.
— Vou sim.
— Posso te deixar lá, maninha — ofereço.
— Melhor. Vamos lá, linda. Vou me sentir mais tranquilo.
Ela rola os olhos, mania que nunca perde.
— Vocês são exagerados, eu poderia ir caminhando sem problema
algum. — Dylan abre a porta traseira do carro. — Tudo bem, deixa só eu
pegar a minha bolsa.
— Eu pego para você — diz Dylan, então ela entra no carro.
— Dirija com cuidado, pegar estrada a noite é perigoso, Tyler.
— Pode deixar que chegaremos bem, Trish. Ligamos assim que
chegar.
Teremos aproximadamente três horas de viagem e vamos revezar a
direção, o bom é que como o jogo é em Boston ficaremos na casa dos meus
avós.
— Pronto. Podemos ir — avisa Dylan, entrando no carro.
— Trancou tudo, D.?
— Tudo em ordem, linda.
Após deixar Trisha na minha casa, seguimos pela I-90E que é o
caminho mais rápido, assim poderíamos estar descansados na manhã
seguinte. Decidimos sair cedo para evitar pegar muito trânsito na saída de
Manhattan. Ainda não estava escuro, mas logo ficaria.
— Como estão as coisas com a Trisha?
— Indo bem. Ela não teve mais nenhum desejo maluco e eu sou
grato por isso. — Ele dá uma risada sem graça. — Amo a minha mulher e a
vida que carrega dentro dela, mas esses desejos estavam me deixando
insano.
— Qual foi o último pedido? — pergunto.
Sinto-me solidário, ainda bem que a Renata não sentiu os desejos
que a minha irmã disse sentir. O Dylan vinha sofrendo.
— Tapioca. Foi difícil, mas encontrei um restaurante com comidas
típicas do Brasil.
— Pelo menos ela pede comida.
Rimos. Estou verificando a estrada através dos retrovisores quando
o Dylan grita.
— Cuidado, Tyler!

Dylan

Acordo vendo tudo ao contrário, demora alguns segundos até que eu


perceba que estou dentro do carro do Ty e ele se encontra de cabeça para
baixo. Rapidamente me lembro que capotamos a caminho de Boston.
Escuto o barulho de sirenes ao longe, olho para o lado e vejo Tyler
desacordado.
Chamo o seu nome, mas ele não responde.
— Ei, cara. Tudo bem aí? — Viro a cabeça na direção da voz e vejo
um homem agachado, ao lado de minha janela. — Já liguei para a
emergência e tem uma ambulância a caminho, aguenta firme aí.
— Obrigado! Meu cunhado, eu preciso acordar ele.
— Também tentei chamá-lo, mas aparentemente ele está desmaiado.
Melhor não tocar nele enquanto os paramédicos não chegam — fala o
homem muito solicito.
Volto os meus olhos para o Ty e vejo que tem um ferimento na
cabeça, não está sangrando, mesmo assim me preocupo.
O barulho das sirenes se torna quase ensurdecedor de tão alto, logo
me vejo sendo tirado do carro e preso a uma maca. Um colar cervical é
posto em meu pescoço e sou encaminhado para dentro da ambulância.
— Consegue me entender? Qual é o seu nome? Pode me falar de
você, para onde estavam indo, onde mora? Não se mexa, ok!? — o
enfermeiro adverte, quando tento balançar a cabeça.
— Meu nome é Dylan Smith, tenho 31 anos, moro em Manhattan,
sou jogador e estava indo para Boston com o Tyler Baker que é o meu
cunhado e Quarterback do time… Oh, droga! Eu preciso ligar para a minha
esposa, ela… Deus! Ela é irmã do Ty e está grávida, a mulher dele também
está. Cara, que droga! Eu preciso levantar daqui. Cadê o Ty?
Começo a me debater, o desespero tomando conta de mim. Isso não
pode estar acontecendo.
— Vamos com calma, companheiro. — Ele volta a me empurrar
para que eu permaneça deitado. — Seu amigo está sendo retirado do carro e
irá seguir direto para o mesmo hospital que você. Lá irão fazer uma bateria
de exames e vamos contatar a família de vocês. Consegue me passar algum
número para que eu entre em contato?
Após pensar um pouco, acabo lhe dizendo o número de Robert, o
nosso empresário e parente mais próximo. Melhor que ele saiba de tudo
primeiro e assim possa dar a notícia com calma para as meninas.
— Por favor, eu preciso falar com a minha mulher.
— Você vai, assim que fizer os exames. Já estamos chegando na
emergência do hospital.

Robert

— Alô!
— Gostaria de falar com Sr. Robert Moore, empresário dos
senhores Tyler Baker e Dylan Smith.
— Ele mesmo. Com quem eu falo?
Pelo tom de voz e barulho ao fundo está não me parece ser uma boa
ligação, então trato de me afastar de Olívia, muito atenta e curiosa, e entro
no escritório.
— Senhor aqui é do Hospital Mount Sinai, estou ligando para
informar que ambos sofreram um acidente de carro na I-90E sentido
Boston, há mais ou menos uma hora e meia. — Desabo na cadeira do meu
escritório no mesmo instante em que Olívia entra pela porta. — O senhor
Smith passou o seu contato para nós, ele quer muito falar com a esposa e
disse que o senhor seria a pessoa indicada para trazê-la até aqui.
— Meu Deus! Como eles estão?
— O que aconteceu, Robert? — pergunta Olívia, faço um gesto com
a mão pedindo um minuto.
— O senhor Smith passou por uma bateria de exames e passa bem.
O senhor Baker encontra-se em cirurgia no momento, ele teve um
traumatismo craniano grave.
— Robert, o que acontece?
Fico estático com a notícia. Respiro fundo para assumir o quanto
antes as rédeas da situação.
— Chego em poucos minutos. Obrigado.
— Robert…
— Tyler e Dylan sofreram um acidente enquanto iam para Boston
— solto de uma vez, ela vai precisar me ajudar nessa, afinal a sua irmã e
melhor amiga estão grávidas. É uma situação muito delicada.
— Renata…
Imediatamente ela sai correndo e eu corro atrás dela, seguro o seu
braço impedindo que ela saia em disparada para a casa da irmã, que fica a
duas quadras da nossa.
— Calma. Meu bem, vamos precisar avisar aos seus pais primeiro e
depois seguir para a casa da sua irmã. Também tem a Trisha. Preciso da sua
ajuda, Olívia.
— Deus… A Trisha está com ela, Dylan pediu que ficasse lá esta
noite. — Ela respira fundo. — Certo! Vamos cuidar de tudo. Primeiro me
diga como eles estão?
Passo todas as informações que recebi e em seguida vamos até a
casa dos seus pais. Franklin já estava dormindo, mas tivemos que acordá-lo.
Enquanto Olívia contava para os pais o que havia acontecido, eu
liguei para o agente Green e para a assessora Rochelle que cuidariam de
toda parte burocrática, junto comigo. Então seguimos para a casa da Renata.
Seria um momento difícil, mas era preciso que corrêssemos para o hospital
o quanto antes, elas precisariam ser fortes.
35
Trisha

A vida era maravilhosa, me formei na faculdade que tanto queria,


casei com o homem que amo, estou esperando o meu primeiro filho e agora
estou na casa do meu irmão fazendo uma sessão de cinema com a minha
amada e muito grávida cunhada, enquanto o meu sobrinho de sete anos
dorme no sofá ao lado. Ele não aguentou ver o filme até o final.
— Você não acha que os meninos já deveriam ter ligado?
Verifico as horas no meu celular e concordo.
— Sim. A essa hora eles já devem ter chegado em Boston. Vou ligar
para o Dylan, ele prometeu que ligaria assim que chegassem.
Antes que eu consiga apertar o botão verde para chamar, ouvimos a
campainha da casa tocar.
— Quem será? — se pergunta Renata, já de pé seguindo o corredor
na direção da porta.
— Pode ser a Livy, ela disse que estava querendo assistir filmes e
bater papo com a gente — digo.
Após alguns segundos, uma verdadeira comitiva entra na sala de
cinema, me sento mais ereta e espero a bomba. Porque toda família da
Renata na casa dela a essa hora da noite, sem ser em uma festa, só pode ser
sinal de má notícia.
— Pronto, agora que estamos todos aqui — diz, apontando entre
mim e ela. — Será que podem me dizer o que está acontecendo?
— Maninha, é melhor você se sentar — fala Olívia vindo em nossa
direção.
Noto Mirela seguir para a cozinha, acompanhada do marido, em
seguida voltam trazendo uma bandeja com água e dois copos.
— Robert, por que não leva os meninos lá para cima? — sugere
Mirela.
A essa altura eu já estou sentindo todo o meu corpo tremer. Robert
sobe as escadas com Franklin e Lucas, ainda meio sonolento.
— Livy, é o Dylan? Aconteceu alguma coisa? — pergunto aflita.
Ela senta no sofá ao meu lado e segura as minhas mãos. Os seus
olhos estão lacrimosos.
— Mamãe, por favor, fale de uma vez — exige Renata, não sei de
onde ela tira tanto auto controle.
Mirela senta e puxa Renata para fazer o mesmo, então o meu mundo
desaba quando ela começa a falar:
— O carro do Tyler capotou após um caminhão bater nele — ela
narra a situação num tom hesitante.
— Oh meu Deus! Onde eles estão? — grito.
Já não posso controlar as minhas lágrimas, elas descem sem que eu
possa comandar.
— O Dylan está bem, só teve alguns pequenos ferimentos e está em
observação — conta Bill, respiro aliviada.
— E o Ty? E o meu irmão, Livy?
— Ele está passando por uma cirurgia delicada, pois sofreu um
traumatismo craniano. A pancada foi do seu lado do carro. — Ela engole
em seco ao dar a péssima notícia que vinha segurando.
Olho para Renata, ela está sem reação. O meu irmão, meu herói. Ele
não pode… não ouso terminar o meu pensamento. Ele vai ficar bem. Ele é
forte o suficiente para superar tudo.
— Filha, fala com a mamãe — pede Mirela. No entanto a minha
cunhada não esboça qualquer reação. Mirela segura o choro ao chamar o
marido. — Bill…
— Preciosa, fala com o papai. Respira comigo, meu bem. — Ele
respira devagar, noto Renata seguir o seu gesto e voltar a si, então num
rompante ela se levanta.
— Vamos para o hospital, eu quero vê-lo. Ele precisa de mim ao seu
lado.
Ela está frenética de um lado para o outro, pega a sua bolsa e joga
algumas coisas dentro.
— Maninha, você não pode ir assim, precisa se acalmar. Eu falei
com a sua obstetra e ela disse que poderia tomar um calmante — fala
Olívia, lhe estendendo o remédio e depois se vira para mim. — Você
também pode tomar, Trish.
Eu aceito o comprimido, porém quero ir para o hospital ver o meu
marido e saber mais notícias do meu irmão. Não quero ser dopada e ficar
sem saber de nada.
— Eu não preciso de nada, somente do meu marido. Assim como
ele está precisando de mim… Ah... — o seu grito ecoa pela casa, enquanto
ela se encolhe com a mão na barriga.
— Renata, está tudo bem? — pergunto ao ver sua cara de dor.
— Acho que minha Rosie quer vir ao mundo antes do tempo —
geme ela.
Minha sobrinha.
Renata está com oito para nove meses de gestação, com certeza essa
situação a afetou. O meu bebê está calminho, mesmo que está seja uma
situação difícil eu não estou sentido nada. Talvez por eu ainda estar no
quinto mês.

Renata

A minha filha tinha que escolher justo este momento para nascer.
Receber a notícia de que o meu marido está entre a vida e a morte foi o
suficiente para fazer com que eu entrasse em trabalho de parto. Pudera, essa
é uma das coisas que eu jamais gostaria de passar, sequer imaginei passar
por algo assim.
Aliso a minha barriga enquanto o meu pai segue a toda velocidade
para o hospital. A minha mãe está ao meu lado, segurando a minha mão e
dando apoio a cada dor que sinto, Trisha do outro lado, também preocupada
com o marido, o irmão e agora comigo. Olívia foi com o Robert para a casa
da Rochelle, deixar os meninos lá e depois virá ao nosso encontro.
Deus, por que tanta coisa ao mesmo tempo? Sim, o nascimento da
minha pequena Rosie é mais que bem-vindo, porém no estado em que meu
Tyler se encontra… eu quero tanto vê-lo. Quero sentir o seu cheiro, ouvir a
sua voz.
— Ele precisa tanto de mim — gemo baixinho.
— Calma, meu amor. Vai dar tudo certo. — Escuto a minha mãe
dizer. — O Tyler vai ficar bem, assim como você e a Rosie.
Não consigo raciocinar muito bem, as contrações estão vindo cada
vez mais fortes. A minha filha vai nascer antes da data prevista e sem a
presença do pai que a ama tanto. Quanta injustiça.
— Não deixe que nada de mal aconteça com ele meu Deus. Proteja
o meu jogador — grito ao sentir uma pontada forte, fazendo com que eu me
contorça inteira. — Vai nascer, mamãe.
— Chegamos! — grita papai, ao estacionar diante da entrada de
emergência do hospital.
Todos descemos e já vejo um enfermeiro correndo em minha
direção, acompanhado da sua chefe e minha amiga. Olívia havia ligado para
Rachel e informado o meu estado.
— Vamos lá, meu bem. A sala de parto está pronta e por sorte a sua
obstetra está de plantão — diz ela, ajudando-me a sentar na cadeira de
rodas.
— Tem notícias do Ty?
— A cirurgia está quase no final e ele está reagindo bem, fique
tranquila. No momento vamos focar apenas em você e na sua pequena. Está
bem?
— E o Dylan? — pergunta a minha cunhada.
— Ele está num dos quartos…
— Bill, vá com ela, eu fico com a Renata — interrompe mamãe.
— Claro. Venha comigo até a recepção e lá pegamos todas as
informações, filha.
Ela acena.
— Vai dar tudo certo, cunhada. Assim que ver o Dylan eu corro para
a ala da maternidade.
— Fique com ele, Trish. Daqui a pouco a Livy chega e te mantém
informada de tudo. Cuide dele — digo, apertando a sua mão.
— O Ty vai ficar bem, ele é forte. Mais forte do que tudo isso. —
Ela chora e só consigo acompanhar o seu choro.
— Ele vai sim ou eu acabo com ele — sussurro.
Ela sorri levemente e se vai com o meu pai.
— Ok. Não vamos pensar no Tyler agora, ele já está sendo atendido
e logo estará num dos quartos. Vamos cuidar da Rosie que está mais que
ansiosa para conhecer este mundo e dar um “oi” para a mamãe e para o
papai — fala Rachel.
Entramos no elevador e tudo passa a ser um borrão.
Tive sofridas dez horas de trabalho de parto para que só, então, a
Rosie viesse ao mundo, pesando 3kg e com 47 centímetros de
comprimento. Ela nasceu forte e saudável, linda e cheia de cabelos, um
pouco claros como os do pai.
Nossa pequena preciosidade.
Foi somente na quarta noite após o acidente que pude ver o Tyler, os
médicos queriam que eu fizesse o máximo de repouso e mesmo assim um
enfermeiro me levou na cadeira de rodas até a ala do CTI, que ficava alguns
andares acima do meu.
Estava tão longe e tão perto dele.
Tyler passou por uma cirurgia delicada e fora induzido ao coma para
que se recuperasse do inchaço em seu cérebro. O prazo era de 48 horas após
a cirurgia para que tivessem resultados positivos e só então os médicos
tirariam sua sedação, foi assim que aconteceu. Felizmente o inchaço
diminuiu e eles cortaram a medicação ontem à noite e agora só depende
dele para acordar ou… não. Os médicos não aparentam muito otimismo,
mesmo que ele tenha reagido bem nessas primeiras horas. Ignorei o
pessimismo deles. Muita falta de profissionalismo.
Tyler ocupa o quarto sozinho, cortesia do time com os
patrocinadores. Eles estão arcando com todos os custos.
O lugar é austero e frio, nada é permitido além dos aparelhos que o
mantém. O meu quarto em contrapartida estava lotado de presentes para
toda a nossa família. Rosie e Lucas estão sendo mimados e cuidados por
todos que nos rodeiam. Sou grata por essas bênçãos, mas não posso deixar
de ficar deprimida com o fato de meu marido, meu amor, estar passando por
tal sofrimento.
— Obrigada — agradeço ao enfermeiro que acena e se afasta para
me dar espaço, ficando encostado na porta à minha espera.
Ele foi proibido de sair de perto de mim.
Pedi a todos que me deixassem ter esse momento a sós com o meu
amor, preciso conversar com ele. Contar as novidades. Desde que estamos
juntos compartilhamos todos os momentos bons ou ruins, ele precisa saber
que eu estou aqui por ele.
Seguro a sua mão, sinto o calor que vem dele. Mesmo que esteja
ligado a tantos aparelhos e dependendo deles para sobreviver, ele ainda é o
homem mais lindo que já conheci nessa vida. Exceto pela mini cópia que
temos em casa, Lucas é a sua cara. Também tem o seu jeito meigo e com
certeza a garra.
Passa um filme pela minha cabeça, lembrando de tudo o que já
vivemos até hoje. Nos amamos desde o primeiro instante que nos olhamos.
Sorrio com o pensamento que ele sempre teve: foi amor à primeira vista. O
destino nos uniu.
Esse mesmo destino não pode nos separar agora.
— Ei… — Pigarreio para conter as lágrimas. — Nossa pequena
Rosie nasceu, tão linda e tão forte quanto o Lucas quando veio ao mundo.
E… assim como ele, ela também precisa do pai ao seu lado. Volta logo pra
gente, jogador. Parece que faz uma eternidade que você está aí… —
Suspiro. — Sinto sua falta como nunca senti antes.
Encaro a máquina que monitora o seu coração e som do bip parece
tão lento, o seu coração não bate devagar dessa forma. Ele está sempre
acelerado, principalmente quando estamos juntos. Lembro dos nossos
momentos de amor, da nossa lua de mel que fora mágica.
— Eu te amo tanto… — Beijo a sua mão e deixo as minhas
lágrimas caírem. — Volta para mim, jogador. Volta para nós!
Meses se passaram, Rosie já tem o seu primeiro dentinho e Lucas
está sendo o meu parceiro. Ele ajuda a dar banho, a colocar para dormir. O
meu pequeno canta para ela, que cai em sono profundo rapidamente. É o
homenzinho da casa, ele tem sido tão forte e otimista que não me permito
mostrar o quanto sofro com a falta que o Tyler nos faz.
Porém, à noite, quando deito para fingir dormir, eu choro. Choro por
tudo que vivemos, por tudo o que ele está perdendo. De saudade, de
solidão. Esta noite, em especial, choro porque ele não acorda e os médicos
querem que eu assine um termo para que desliguem os seus aparelhos.
Hoje à tarde, quando fui visitá-lo, como faço todos os dias, eles me
chamaram para uma reunião. Fizeram todo um discurso para dizer que o
Tyler não iria acordar mais, que apesar dos bons sinais vitais ele não
demonstra em nenhum momento que vai despertar do coma. Mandei eles a
merda e disse que enquanto eu tiver dinheiro aquelas máquinas continuam
ligadas.
No entanto, a questão não é somente financeira, o time continua
arcando com os custos da internação dele, o problema é que o Ty realmente
não responde e segundo os médicos não adianta manter o seu corpo ali
quando o seu espírito não está mais presente.
— Eu me recuso… o meu marido está sim naquele maldito quarto.
Ele continua lutando para voltar porque ele me ama e ama os nossos filhos.
O Tyler vai voltar para nós. Eu não autorizo. — Foi o que gritei para eles
antes de sair da sala e em seguida do hospital.
A porta do meu quarto se abre, enxugo as lágrimas o mais rápido
que consigo, Lucas vem até mim e deita na cama comigo. Ele enxuga o
meu rosto.
— Não chora, mamãe. Eu tô aqui com você. Nós vamos ficar juntos
para sempre.
Impossível segurar o choro. Puxo o seu corpinho para perto e beijo a
sua testa.
— Vai ficar tudo bem, filho. Vai ficar tudo bem — repito esse
mantra até que o sinto dormir.
Levanto e vou buscar Rosie para que fique perto de nós e assim
derivo para o sono, com dois dos meus grandes amores.
Acordo na manhã seguinte com o toque do meu celular, Rosie já
está acordada e sorrindo para mim.
— Bom dia, meu amorzinho. — Beijo a sua testa.
O meu celular volta a tocar, pego o aparelho e vejo que é a Rachel.
— Renata?
— Oi, Rachel. Bom dia!
— Eu preciso que você venha imediatamente para o hospital.
Sinto o ar me faltar.
— O que aconteceu com o Tyler?
— Querida, só venha para cá o mais rápido possível.
Pulo da cama, enquanto já estou ligando para a minha mãe. Olívia
invade o meu quarto.
— Vai. Eu cuido das crianças — diz ela.
— O que aconteceu, Livy?
Os seus olhos estão cheios de lágrimas.
— Só vai, minha irmã. O Robert vai te levar.
Totalmente no automático, eu troco de roupa, desço às escadas e vou
com Robert para o hospital. Ele também não me diz o que está acontecendo.
Assim que ele para o carro, saio correndo em disparada para os elevadores.
A subida parece mais longa que o normal. Rezo durante todo o
caminho.
Ah, mas se eles fizeram algo com o meu Ty eu processo todos eles.
— O que houve? — pergunto para Rachel, que está parada na
recepção do CTI.
— Vá vê-lo — diz, apontando na direção do quarto do Tyler.
Ela está visivelmente emocionada.
Corro e ao entrar vejo a sua cama vazia e uma enfermeira
arrumando os lençóis. Eu não posso acreditar que ele…
— Oh meu Deus! Você não fez isso comigo, jogador. — Choro. —
Você não pode ter ido embora...
— Juro que não fiz nada, amor. — Giro o meu corpo na direção da
sua voz. — Nem fui a lugar algum, além do banheiro. Estava precisando de
um banho e apesar do grandão aqui... — só então noto o enfermeiro que
empurra a sua cadeira de rodas. — Ter que me ajudar com isso, valeu a
pena. Estou cheiroso e doido para te dar um beijo. Não vai me dar um
abraço, destino?
— Oh meu Deus, Tyler!
Corro para os seus braços e me jogo em seu colo. Ele geme de dor.
— Devagar, meu amor. Estou um pouco entrevado — sussurra com
voz rouca.
— Desculpa. Não consigo acreditar.
Levanto do seu colo e me ajoelho ao seu lado.
— Que deixei o grandão me ajudar?
— Seu bobo! — Enxugo o meu rosto com um lenço que a
enfermeira me oferece.
Estou um poço de calamidade, com o nariz escorrendo e o rosto
todo banhado em lágrimas.
Seguro o rosto do homem que tanto amo e finalmente voltou para
mim. Ele está abatido e mais magro devido aos meses sendo alimentado
apenas por sonda, mas está aqui vivo e respirando sozinho.
— Prometo que deixo você me ajudar da próxima vez. — Ele pisca
um olho.
— Obrigada por voltar para nós, jogador — é só o que consigo
dizer.
Ele alisa o meu rosto e toca os meus lábios com reverência.
— Eu jamais deixaria vocês, meu destino.
EPÍLOGO
Tyler

Dizem que a vida é difícil, acredite, ela não é. Qualquer coisa que
você esteja passando tenha em mente que é exatamente isso: algo
passageiro. Um momento que vai te fazer enxergar as coisas boas da vida.
As coisas que realmente merecem sua atenção.
Eu amava o meu trabalho como jogador de futebol americano, ser
Quarterback fora meu sonho desde a faculdade e conseguir a realização
disso foi maravilhoso. Eu não me imaginava parando de jogar por decisão
própria, porém bastou eu ser pai para saber que a minha prioridade a partir
daquele momento era outra.
Dedicar-me total e exclusivamente a minha família era o que queria
e foi por pouco que eu não perdi isso. Apesar de ter perdido o nascimento e
os primeiros meses de vida da minha filha, hoje sou grato por ter
conseguido vê-la crescer e se tornar a linda mulher que é hoje. Tão
inteligente e sagaz quanto a mãe. Rosie administra a carreira do irmão como
ninguém. Assim como o meu filho Lucas, que hoje é um homem que corre
atrás dos seus sonhos até realizá-los. Os meus filhos são o meu orgulho, o
melhor espelho do amor que existe entre a minha mulher é eu.
E pensar que eu poderia ter perdido tudo isso não me deixa triste,
sou feliz que Deus me deu uma nova chance e vivo um dia de cada vez, ao
lado da minha família. Aproveito cada minuto, cada segundo para dizer o
quanto eu os amo.
Olho para a arquibancada e vejo as mulheres da minha vida, Rosie e
Renata. Aceno para elas, que me mandam beijos de volta.
— Hora do jogo, garotos. Não quero ver ninguém chorando depois,
quero ver bundas sendo chutadas — grito para o grande time à minha
frente.
— Estamos prontos, treinador — avisa meu Quarterback, meu filho.
Hoje sou técnico do time onde fui a estrela um dia e agora o meu
filho está ocupando o meu lugar. Eu não poderia estar mais orgulhoso dele.
Um líder nato.
Lucas me entende apenas com um olhar que diz: vai lá e acaba com
eles, filhão.

FIM
SOBRE A ESCRITORA
Cris Andrade é natural de Pernambuco, onde vive com seu marido e
filha. Sua paixão pelos livros fez com que decidisse arriscar-se no mundo
literário. Apesar de ser nova nesse meio, ela já conseguiu emplacar alguns
Best Sellers no site Amazon.com e desde então vem colecionando
leitores fiéis e romances cada vez mais apaixonantes.

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