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Criado no Brasil
Agradeço a Taianá Paixão que foi uma das pessoas que mais me
apoiou em relação a essa obra. Ela leu os primeiros capítulos, me xingou do
começo ao fim. Obrigada, Tai, por sempre apoiar minhas ideias mais
loucas.
Beijos mil,
Cris Andrade!
01
Renata
8h00 da manhã.
Jogador: Bom dia, destino! Sonhei com você. Tenha um bom dia! Vou
tentar passar na sua casa hoje. O treinador está pegando pesado e ainda
não sei como será meu dia.
12h00.
Jogador: Queria almoçar com você, mas está difícil sair daqui. Sei que nos
vimos ontem, mas estou louco de saudade. Talvez eu viaje amanhã. Quero
te ver antes disso.
14h00.
Jogador: Acabei de sair de uma sessão de fotos. Vou te enviar uma que fiz
exclusivamente para você.
18h00
Jogador: O treino foi puxado. Estou muito cansado, mas nada disso
importa... Quero saber de você. Infelizmente não vou conseguir ir na sua
casa, ainda estou preso aqui. Espero que esteja bem. Me ligue!
18h45min.
Jogador: Te liguei hoje e você não atendeu. Na verdade, acabei de fazer
isso de novo. Estou na porra de um jantar entediante, com a mulher do meu
contratante alisando a minha perna o tempo todo por baixo da mesa e só
consigo pensar em você e nas suas mãos em meu corpo.
Aconteceu alguma coisa? Eu fiz algo de errado?
Se eu fiz, por favor, me diga para que eu possa consertar.
21h00
Jogador: Já vi que não terei respostas suas, então vou fazer do meu jeito.
Eu realmente preciso dormir, pois estou cansado e amanhã tenho que estar
logo cedo no estádio. Até breve, destino!
Quarta-feira
6h30min.
Jogador: Bom dia, destino! Sonhei com você outra vez. Você é o meu
primeiro pensamento quando acordo e o último quando vou dormir,
acredito que seja normal sonhar contigo.
Tenha um bom dia e se puder me mande notícias. Estou realmente
preocupado.
15h00.
Jogador: Renata, eu viajo hoje à noite, me deixa te ver e saber o que
diabos está acontecendo. Falei com o Robert hoje e ele me disse que você
está bem e o seu celular também. Eu sinceramente achei que você ou ele
poderiam ter sido abduzidos por alienígenas.
Olha como estou sendo ridículo. Provavelmente esse está sendo um fora
épico que não estou conseguindo enxergar.
16h00.
Jogador: Droga! Será que dá para atender a porra do celular e me dizer o
que eu fiz de errado? Estávamos bem e do nada você começa a me ignorar
desse jeito. Estou enlouquecendo, daqui a três horas vou entrar na porra de
um avião e só volto na semana que vem. Você tem noção de como isso está
me alucinando? Me dá logo um pé na bunda, caramba!
16h05min.
Jogador: Desculpa! Esse seu silêncio está me deixando confuso. Eu não
quero que me dê um fora, eu quero que me diga que está bem e tão confusa
quanto eu mesmo em relação a nós.
Me dê notícias, por favor.
19h00.
Jogador: No avião! Você sequer está visualizando as minhas mensagens,
mas estou te avisando mesmo assim.
23h30min.
Jogador: Acabei de chegar no hotel.
Ainda sem nenhum sinal seu. Já percebi que estou beirando insanidade por
continuar te enviando mensagens e te ligando, mas eu preciso saber aonde
foi que eu errei.
02h00.
Jogador: Não consigo dormir... Só penso em você aí, mais longe ainda de
mim.
Boa noite, Renata!
Hoje
10h00.
Jogador: Falei com sua mãe e irmã. É, eu liguei para a sua mãe. Ela me
disse que você está bem, até estranhou a minha ligação e perguntou quais
são as minhas intenções. Eu fui o mais sincero que pude, só espero não ter
feito papel de trouxa. Segundo elas, eu devo ser paciente. Acho que mereço
um ponto, pois estou sendo bastante paciente.
Me diga ao menos que está bem.
20h00 (Agora).
Jogador: Neste momento eu estou no bar, com alguns caras do time e só
consigo pensar em você. Quão patético eu sou por me apaixonar logo de
cara por uma mulher fascinante? Essa pergunta não sai da minha cabeça.
Estranhei ele dizer que está vendo coisas. Se bem que com o meu
silêncio idiota, a resposta dele parece apropriada.
Jogador: Acho que imaginei uma conversa com você agora pouco. Isso é
ridículo. Eu vou parar de beber e subir para o meu quarto. Até breve,
destino!
Ouvir Renata dizer que também sente por mim o mesmo que sinto
por ela me deixa sem ar.
Sim, eu sei o quanto isso pode parecer uma maluquice ou sei lá o
que, da minha parte, mas eu gosto dela. Encantei-me por sua beleza assim
que a vi entrar naquele prédio enquanto eu conversava com Alanna, ela
também ser amiga dela foi uma puta coincidência. Nova York é um mundo
e encontrar amigos em comum pode até ser normal, só que eu não acredito
que tenha sido por acaso. Estava escrito: Renata está no meu destino assim
como estou no dela.
Gostei dela e do seu jeito livre de ser, tão espontâneo e natural logo
de cara. Naquele primeiro instante em que conversamos eu sabia que a
queria, sabia que ela viria a ser o meu amor. Sabia que ela era aquela paixão
que iria me derrubar de todas as formas. Já vivi muito nesses meus anos de
futebol, sem contar com a época da faculdade, e sabia que esse momento
chegaria. Só não imaginei que ficaria de quatro tão facilmente ao ponto de
fazer papel de ridículo várias e várias vezes.
Nos últimos dias eu não me reconheci. Correr atrás de uma mulher e
implorar por atenção nunca foi a minha praia e foi só o que fiz. Seria até
mesmo compreensível se ela corresse para o mais longe possível de mim.
— Concordo que poderíamos ter evitado essa distância, mas te
entendo bem — digo, depois da sua declaração.
Encaramo-nos por longos segundos. Ela está nervosa, preocupada.
Eu por outro lado estou bem mais tranquilo, só de tê-la aqui comigo, depois
de todo o silêncio que recebi da sua parte, é maravilhoso e ouvir tudo que
me disse até agora é melhor ainda. Só falta uma coisa que não consigo mais
segurar: o meu tesão. Meu desejo por ela. Estou me segurando desde que a
vi na porta do meu quarto essa madrugada, porém eu não poderia tomar
posse do seu corpo somente para satisfazer o nosso desejo insano.
— Você entende? — pergunta cautelosa.
— Sim. Entendo perfeitamente. — Sorrio um pouco. — Entendo
que agi como um maluco alucinado e posso ter te assustado.
Ela sorri lindamente.
— Não exatamente. Eu me assustei com essa paixão avassaladora
que está nos consumindo — explica.
Seguro o seu rosto com minha a mão esquerda e puxo um pouco os
seus cabelos para trazê-la mais perto de mim. Quero que esteja olhando em
meus olhos quando falar.
— E você acha ruim que estejamos tão envolvidos?
Ela nega e pousa uma mão em meu rosto, repetindo o meu gesto.
Porra! Sua postura ousada e agressiva me deixa duro. Renata não cede, ela
se joga de cabeça em busca do que quer e isso é mais uma coisa nela que
me deixa fascinado.
— Não mais. Eu quero viver toda essa paixão com você. — Sorrio
do seu jeito tímido. — Acho que já podem nos jogar num sanatório e jogar
a chave fora.
Sem mais, ela monta em meu colo e me empurra até que fico
recostado e nos encaixa, o seu calor fica bem em cima do meu pau latejante
e necessitado. Gemo como a porra de um adolescente. Ela tira o vestido
florido que está usando e joga longe, salivo com a visão dos seus seios
presos em um sutiã preto rendado que irá virar trapo quando eu arrancá-lo
do seu corpo.
— Sou totalmente a favor de me trancarem em qualquer lugar com
você — digo.
Em silêncio, Renata agarra a barra da minha camisa e a tira do meu
tronco com a minha ajuda, a peça vai fazer companhia ao seu vestido.
Ficamos cara a cara. Seguro a sua cintura e aperto a sua carne. Tão linda e
sexy! O seu rosto está vermelho, mas não de vergonha e sim de tesão.
Envolvo o seu pescoço com uma mão e com a outra, aperto o seu seio, beijo
o seu colo e mordo ali, deixando a pele quente e avermelhada. Em
contrapartida ela gruda as suas mãos em meus cabelos e puxa pela raiz para
que a olhe.
— Eu quero você, Tyler! Não posso mais aguentar esse desejo me
consumindo.
Desço a peça para que os seus seios fiquem livres e eu possa morder
e sugar até deixar uma bela marca da minha posse.
— O você quer, destino? — pergunto, sem parar de brincar com
seus mamilos.
— Você... Droga... — grita, quando mordo o bico durinho. —
Dentro de mim!
— Isso com certeza vai acontecer, mas só depois que eu te chupar
inteirinha.
— Não acho que vou ser capaz de aguentar por mais tempo. — Ela
puxa os meus cabelos outra vez. Olho feio para ela, que faz um bico lindo.
— Estou na borda desde que nos beijamos na madrugada.
— Eu vou amarrar as suas mãos se continuar a me atrapalhar desse
jeito.
— Você não ousaria!
— Não me teste, meu bem. Estou em uma missão. — Mordo a sua
boca.
— Missão?
Dou o meu sorriso mais malicioso.
— Redescobrir todos os seus pontos de prazer.
— Tyler... Você conheceu todos eles em nossa primeira vez juntos.
— Agora eu irei redescobrir. Fique de quatro, Renata. — Dou um
tapa na sua bunda. — Vou comer sua boceta com a minha boca e depois que
você gozar vou te foder duro com o meu pau.
Ela fecha os olhos e geme.
— Podemos partir para a parte em que me fode com seu pau, pois
acredito que gozei só com suas palavras.
Sua sinceridade faz o tesão turvar a minha visão. Agarro o seu
cabelo e beijo a sua boca, mordo, chupo e lambo todos os cantos. Levanto
do sofá, com ela em meu colo, sem desgrudar nossas bocas, Renata circula
a minha cintura com as pernas e prende os tornozelos firmemente. Com a
outra mão eu aperto sua bunda e nos levo para a cama. Já de pé, diante dela,
eu tiro o seu sutiã e rasgo sua calcinha. Ela geme e se contorce em meus
braços. Toco a sua vagina com um dedo e me delicio ao sentir quão
molhada ela está.
Quebro o nosso contato ao jogá-la na cama.
— Agora!
Ela não questiona, o prazer que estamos sentindo está além dos
nossos limites, mas sei que irei receber o troco e mal posso esperar para tê-
la me torturando com suas mãos e boca. Rapidamente me livro da calça e
cueca, pego uma camisinha na cômoda e jogo no lençol, ao lado do seu
quadril.
Subo na cama e vou traçando um caminho de mordidas, lambidas e
beijos, desde o seu tornozelo até o pescoço. Toda a sua pele fica arrepiada
com as minhas carícias. Renata geme e se contorce embaixo de mim.
— Por favor, Tyler... Eu vou...
— Não sem eu te provar antes.
Desço por sua coluna esguia, saboreando o gosto da sua pele, afasto
mais as suas pernas e lá está o seu mel escorrendo pelas coxas. Não perco
mais tempo, pois também estou no meu limite. Beijo a sua boceta com
vontade, como se eu tivesse passado dias no deserto e dali fosse tirar o
líquido que iria acabar com o meu período de seca. Renata rebola na minha
cara, totalmente ensandecida. Não demora para que esteja gritando e
liberando o seu prazer em minha língua, sugo tudo e faço exatamente o que
prometi: a fodo duro e com força, até que ambos caímos exaustos na cama.
Não posso descrever em palavras o tamanho da minha felicidade por
tê-la aqui comigo.
Tomamos um banho para nos refrescar e depois dormimos
abraçados, saciados e relaxados depois dos dias infernais que passamos.
11
RENATA
Jogador: Saudades!
Renata: Também estou sentindo a sua falta.
Jogador: O que está fazendo?
Renata: Estou indo dormir e a cama está muito fria sem você aqui.
Jogador: Indo dormir sem me dar boa noite? Magoou.
Renata: Seu bobo! Não quis incomodar você aí na concentração.
Jogador: Você não atrapalha. Neste momento estou deitado, sentindo o
mesmo frio que você. O que está vestindo?
Renata: Calcinha e camisa. Aquela que eu roubei de você.
Jogador: Droga! Sabe o que eu queria?
Renata: Não faço a menor ideia.
Jogador: Você. Nua. Na. Minha. Cama.
Renata: Aí?
Jogador: Nem fodendo.
Renata: Mas seria isso que estaríamos fazendo se estivéssemos juntos, não
é?
Jogador: Com certeza eu estaria enterrado bem fundo dentro de você. Mas
jamais com uma plateia em volta.
Renata: Sabe o que eu queria?
Jogador: Me conte!
Renata: Você. Dentro. De. Mim.
Jogador: Vou dormir de pau duro por sua causa, destino!
Renata: Acho justo, pois estou encharcada por sua causa. Sugiro que volte
logo, jogador!
Jogador: Chego em dois dias e uma noite.
Renata: Estarei contando os minutos e esperando ansiosamente.
Manhãs de domingo foram feitas para que a gente durma o que não
pode durante a semana, para que fiquemos de preguiça até tarde.
Não quando você dorme ao lado de Tyler Baker.
Acordei com um excelente sexo de bom dia e depois fomos nadar
nus na piscina. Estar ao lado dele reserva muitas surpresas. O final de
semana estava sendo maravilhoso. Não mexemos em nossas redes sociais,
não atendemos nenhuma ligação – só a minha irmã e logo eu a dispensava.
Parecia que realmente tínhamos fugido para longe de tudo e de todos.
Merecíamos isso!
No sábado, assistimos vários filmes, fizemos o nosso almoço e
pedimos pizza para o jantar. Fizemos amor no sofá, na banheira, sobre a
mesa da cozinha. Batizamos todos os cantos da sua mansão.
O seu quintal é todo fechado, só tendo abertura no teto e para isso
ele precisa acionar apertando alguns botões. Então, graças a essa
privacidade, estamos deitados lado a lado em espreguiçadeiras, ainda nus.
Nunca fui tão desinibida assim, só Tyler consegue esse feito. Tentei entrar
para vestir ao menos uma camisa dele, porém ele disse que não iríamos
precisar de roupas, pois só iria atrapalhar o meio de campo.
— Está com fome?
— Um pouco — digo.
— Vem, vamos comer.
Puxa-me pela mão e entramos na casa.
— Agora eu já posso vestir aquela camisa?
— Que tal um banho quente e depois nos vestimos? — sugere,
prendendo-me em seu corpo.
— Ótima ideia! — Pisco maliciosamente.
Seguimos abraçados pelo corredor, tropeçando nas paredes enquanto
trocamos alguns beijos.
— Ah meus Deus!
Um grito assustado nos chama atenção e quando me viro vejo uma
jovem parada na sala. Consigo ver apenas os seus olhos arregalados, pois
logo ela vira de costas. Rapidamente me escondo atrás do Tyler e ele cobre
sua parte íntima com as mãos.
— Trisha? Você disse que chegaria no meio da semana.
A irmã! Como não pensei nisso? O susto responde. O condomínio é
seguro, mas o Tyler tem fãs por todos os lados, bem que poderia ser uma
delas. A porta da casa estava fechada, Renata! Claro, só alguém com a
chave poderia entrar sem chamar.
— Eu quis fazer uma surpresa. — Ela está cobrindo os olhos com as
mãos, mesmo que esteja de costas para nós. — Assisti ao jogo, imaginei
que estaria para baixo e vim te animar.
Ele pode ter ficado triste, contudo para baixo foi tudo que ele não
ficou esses dias, penso.
Tyler coça a cabeça nervoso.
— Tudo bem! Só me dê um minuto, preciso vestir uma roupa.
— Por favor! — exclama ela aos risos. — E Renata, eu estou
ansiosa para conhecê-la, mas se você puder vestir algo seria bem menos
constrangedor.
— Como... — gaguejo.
— Como eu sei que é você? — Ela advinha os meus
pensamentos. — Simples! As fotos do casal estão espalhadas pelos quatro
cantos do mundo e o meu irmão me falou sobre vocês.
— Eu juro que isso é culpa do seu irmão — Belisco a costela
dele. — Estou tentando vestir uma camisa há horas.
Ela ri alto.
— Tudo bem! Tenho certeza de que não deve ter sido tão ruim
ficarem nus na piscina... — Ela balança uma mão no ar, dispensando o seu
comentário. — Enfim! Vão se trocar, enquanto eu faço o café da manhã.
— Faça isso. Voltamos logo! — fala Tyler.
Ele me joga em seu ombro e corre escada acima, como se eu não
pesasse nada para ele. Quando não vejo mais a sua irmã, dou um tapa na
sua bunda durinha.
— Viu só! Devíamos ter nos vestido quando eu sugeri — resmungo.
Chegamos ao quarto, ele desce o meu corpo rente ao seu e segura o
meu rosto em suas mãos.
— Vai me dizer que foi ruim tudo que fizemos até agora?
— Não foi, mas olha só a forma que a sua irmã nos pegou.
— Culpa dela que não avisou sobre a sua volta antecipada. Relaxe!
Trisha é muito desligada, pense na sua irmã e verá a minha.
— Sério? — pisco assustada.
Duas versões da Olívia é demais para mim.
Tyler me beija rapidamente, então pega a minha mão para que
entremos no banheiro. Ele abre o box e liga o chuveiro.
— Seríssimo. Eu sabia que não devia tê-la deixado muito tempo a
sós com a Olívia, ela transformou a minha irmã maluca em algo bem pior.
Bato em seu ombro.
— Ei, só eu posso ressaltar que a minha irmã é... Você está certo. —
Franzo o cenho. — Se a Trisha já era maluca antes de conviver com a Livy,
com certeza ficou pior depois.
Gargalhamos. De repente Tyler me olha de um jeito sério, como da
outra vez.
— Eu te...
Viro uma estátua quando ele para de falar, claramente segurando o
que iria dizer. Será que... Não. Ainda é cedo para isso.
Decido fingir que não percebi o seu engasgo e sigo a nossa
conversa.
— Vamos tomar logo nosso banho. — Entro embaixo do
chuveiro. — Quero descer e conhecer Trisha de forma mais civilizada.
— É claro.
Acho que pode ser impressão minha, mas senti que ele ficou um
pouco triste.
Tomamos banho em silêncio, Tyler faz questão de me lavar inteira,
porém não tenta nada, apenas me dá banho. Retribuo o seu gesto mesmo a
contragosto por parte dele, que sempre insiste que ele deve me mimar e não
eu a ele. Bobo! Eu amo o carinho que ele tem comigo e sinto prazer em
poder retribuir.
Após o banho, Tyler veste uma cueca e calça de moletom,
permanecendo sem camisa. Eu visto um short e uma regata que havia
levado em minha mochila. Eu preparei uma mochila com algumas roupas e
trouxe comigo para passar o fim de semana aqui com ele, não queria ter que
ficar indo na minha casa só para pegar roupas limpas, que se tornaram
desnecessárias desde que ele chegou.
— Espero que goste de ovos mexidos, cunhada, pois é tudo o que
sei fazer na cozinha.
Olho rapidamente para o Tyler, que sorri de lado ao puxar uma
cadeira para mim.
Cunhada? Sorrio. Ela é mesmo igualzinha a Livy.
— Eu como qualquer coisa, Trisha. — Ela senta ao meu lado.
— É um prazer finalmente te conhecer — diz animada.
— Ahn... O prazer é todo meu e... Sinto muito por você ter nos
pegado daquele jeito.
— Não se preocupe com isso, não é a primeira vez que...
— Trish! — alerta Tyler e ela o ignora.
— Não é a primeira vez que vejo o meu irmão nu. Já vi várias e
várias vezes — fala como se isso fosse uma coisa bem corriqueira.
— Claro que não é.
Bebo um pouco do suco de laranja para descer o bolo preso em
minha garganta.
Eles meio que moram juntos, apesar de viver com os avós em
Boston ela passa as férias e finais de semana aqui, e uma situação como
essa deve ser bem comum. Mesmo que ele não tenha tido uma "namorada
oficial", com certeza trazia mulheres à sua casa. Eu não deveria me
importar com isso, mas sinto uma pontinha de ciúmes me corroendo por
dentro.
Um silêncio ensurdecedor toma conta do ambiente por alguns
segundos, que mais parecem minutos, até que Trisha começa a rir do nada.
Ela ri muito. Chega até mesmo enxugar uma lágrima no canto do olho.
Olho para o Tyler, que balança a cabeça em negação, entretanto tem
um sorrisinho no canto da boca. Sinto que perdi a piada ou que eu seja a
própria.
— Me desculpe... — Ela não para de gargalhar.
— Não ligue para ela — diz Tyler, com um sorriso bobo no rosto.
— Bom, eu também gostaria de dar umas risadas. — A minha frase
sai um pouco azeda, mas eu tenho os meus motivos.
Os irmãos estavam rindo às minhas custas e eu sequer sei o porquê.
— Eu explico. — Trisha praticamente pula sentada em sua cadeira.
— Pode parecer bobagem...
— É uma bobagem! — interrompe Tyler.
— O fato é que eu sempre disse ao Tyler que quando ele tivesse uma
namorada eu testaria ela para saber se gosta mesmo dele. — Os seus olhos
brilham com excitação.
Estreito os olhos em sua direção. Essa conversa não está chegando a
lugar algum.
— Continuo sem entender — resmungo.
— Melhor nem tentar — insiste Tyler.
— Deixe-me explicar melhor... Quando eu disse que já vi o Tyler nu
várias vezes você interpretou que eu falei isso por pegá-lo na mesma
situação de hoje, só que com outras mulheres, certo?
— Vocês praticamente moram juntos, é natural que isso
aconteça — defendo o meu ponto. — Apesar de que na minha opinião ele
deveria ser mais cuidadoso já que essa situação constrangedora acontecera
outras vezes no passado — comento.
Não olho na direção dele, pois sinceramente estou me sentindo um
pouco magoada com tudo isso.
Trisha ri ainda mais.
Humilhada, poderia ser uma palavra legal também, visto que virei
motivo de chacota.
— Você mais do que passou no teste — fala empolgada.
— Que raios de teste é esse?
— Um teste que comprova o seu nível de ciúmes em relação ao meu
maninho. — Como?
— E, daí? Desculpa, Trisha, mas eu continuo sem entender. — Dou
de ombros. — Sentir ciúmes é algo normal quando se gosta de alguém e eu
gosto do seu irmão.
— Exatamente. Agora será que nós podemos comer e deixar esse
assunto de lado? — O tom de voz dele foi um pouco enfezado demais.
Tyler levanta e vai procurar algo nos armários. Ele se irritou com
algo que estou fazendo questão de ignorar. Será?
— Bom, o meu teste deixa claro o quanto você ama o meu irmão —
fala, como se soubesse de tudo que está se passando na minha cabeça.
— Oi? — Engasgo com sua certeza.
Ela realmente lembra a minha irmã em todos os sentidos. Parece que
estou vendo a Livy na minha frente.
— Apenas a ignore, destino. Tudo isso é bobagem da cabeça
fantasiosa da minha querida irmã.
Olho para ele, que não parece ignorar o tal “teste”. Volto-me para
ela.
— E como você chegou a essa conclusão? — pergunto, pois não
consigo entender nada do que ela está falando.
Por causa de um teste – criado por ela – sabemos que eu amo o
Tyler?
Prefiro confiar em mim quanto aos meus sentimentos.
— Logo você terá a resposta, cunhada. — Ela dá tapinhas na minha
mão e se levanta para ir pegar o sanduíche que Tyler acabou de fazer. —
Agora me conte como vocês se conheceram.
Depois de toda essa conversa sem pé nem cabeça começamos a
conversar sobre muitos outros assuntos. Trisha é uma jovem carismática
que me conquistou em poucas horas de conversa. Gostei de cara dela e do
seu jeito maluquinho de ser. Mesmo que o seu teste maluco ainda tenha
ficado martelando em meu cérebro mais maluco ainda.
— Ele pouco se importou com a gente, tudo que queria saber era da
Trisha — comenta Livy.
— Já estava na hora dele tomar alguma atitude — brada Rochelle.
— Pena ter precisado de um empurrão — conclui Raquel.
— Eles sempre precisam — resmungo.
— Sempre. Não fosse eu ter colocado o Lincoln contra a parede
sobre nosso relacionamento ele não teria me pedido em casamento.
— No meu caso eu tive que pressionar o Malcon para que se abrisse
em relação a mim, eu precisava saber se ele me amava ou eu não iria insistir
no nosso namoro com todas aquelas mulheres em volta dele. — Ela faz uma
careta.
— Quando eu coloco o Robert na parede é para montar nele, na
verdade, eu faço ele me espremer contra a parede. — Tinha que ser Olívia a
dizer isso.
Gargalhamos.
— Bem, eu não tenho problemas com o Tyler, a questão está em
mim. — Mordo o lábio inferior. — Eu não consigo dizer que o amo. Não
com palavras — completo.
— E ele já disse que a ama? — investiga Livy.
— Com atitudes ele sempre deixa claro o quanto me ama, todavia,
sinto que tem medo de falar por não saber qual será a minha reação.
— Como assim? — questiona Rochelle.
— Algumas semanas atrás eu poderia surtar, afinal só estamos
saindo há quase dois meses.
— Para se amar não existe tempo exato, simplesmente acontece,
minha querida — pontua Rachel.
— Percebi isso tem poucos dias. Antes eu achava que era somente
uma paixão avassaladora, mas hoje vejo que ambos caminham lado a lado e
eu fui arrebatada pelos dois quando conheci o Tyler.
— Ain... Esses hormônios irritantes — chora Rochelle.
Rimos. No entanto, também me emocionei um pouco.
— Comprei um anel de compromisso para ele, vou me declarar essa
noite.
— Essa mulher tem o meu respeito — diz Rachel, batendo palmas.
— Já sabe, depois vou querer todos os detalhes — avisa Livy.
— Aí dela se não nos contar — ameaça Rachel.
— Domingo temos um churrasco marcado — lembra Rochelle.
— Vocês são piradas!
O nosso carro para na frente da casa do Tyler e eles já estão na
calçada, nos esperando. Mandei uma mensagem para ele avisando que
estávamos a caminho. Dylan ainda não chegou e quando todas nós
descemos do carro, Tyler franze o cenho.
— Onde está a Trish?
Vou ao seu encontro e dou-lhe um selinho, que ele retribui.
— Chegando. Vamos entrar?
— Chegando? — Ergue uma sobrancelha.
Ouvimos um carro estacionando e logo o casal desce dele.
— Ei, galera! — cumprimenta Dylan.
Ele pega a mão da Trisha e eles entrelaçam os dedos enquanto se
aproximam de nós.
Os caras devolvem o cumprimento do jeito deles, porém assim que
notam os dois juntos ficam em silêncio e olham para Tyler, que já me
afastou dos seus braços e os cruzou. A expressão dele é impassível.
— Preciso falar com você, Tyler — fala Dylan.
Tyler acena.
— Vamos entrar.
Ele pega a minha mão e seguimos todos para a sala de jogos. O
lugar está uma bagunça, eles se divertiram bastante por aqui. Todos se
servem de comida e bebida e procuram lugar para se acomodar, enquanto
esperam Dylan falar.
Tyler pega uma cerveja e se apoia na parede de entrada da sala, fico
ao seu lado.
— Não pode ser em particular? — pede Dylan, ele parece estar mais
nervoso do que antes.
— É mesmo necessário? — Tyler ergue uma sobrancelha. Move a
sua mão ao redor da sala. — Todos aqui sabem sobre o que vamos
conversar. Há quanto tempo vocês estão juntos? — Ele não parece irritado,
mas claramente está chateado.
— Dois anos — sussurra Trisha, fechando os olhos.
Tyler olha para ela por longos segundos e mais uma vez só faz
balançar a cabeça. Ele bebe um gole da sua cerveja e continua de pé, ao
contrário de todos os outros. Estou ao seu lado e seguro sua mão livre,
tentando acalmá-lo fazendo um carinho.
— Estou esperando, Dylan. — Volta o seu olhar para o colega de
time. — O que você quer falar comigo?
Dylan coça a cabeça, passa a mão no rosto, então olha para Trisha e
o seu rosto se ilumina.
— Cara, eu amo a sua irmã e quero que todos saibam disso. Quero
que você nos dê sua benção — fala firme.
— Depois de todo esse tempo? Ainda precisam dela? — ironiza
Tyler. — Estive me perguntando se eu receberia o convite do casamento.
— Você sabia? — indaga Trisha.
— E quem não sabia? — O seu tom de voz é amargo.
— Pega leve com eles, jogador — peço.
Sinto que está muito magoado.
— Pegar leve? — Ele me encara, os seus olhos em
chamas. — Eles estão juntos há dois anos, Renata. Dois malditos anos,
pensando que ninguém sabia, inclusive eu. E você ainda quer que eu "pegue
leve"? Não me peça isso, destino.
Nunca o vi tão chateado antes. Dou um aperto em seu ombro.
— Se acalme, por favor — peço.
Ele suspira.
Tyler encara Trisha. Vejo ela se encolher com medo. Ele não está
furioso por ela estar namorando e sim por ter escondido por tanto tempo.
— Você achou mesmo que eu não saberia? Todos aqui nessa sala
sabiam. Eu só não imaginei que já fizesse anos. E quer saber o que mais me
dói? Eu estou chateado por você não ter me contado antes. Não achei que
eu fosse um irmão tão ruim para você, Trisha.
Estou sentindo a sua dor. Eles são tão unidos, tão amigos. Também
não entendo porque ela escondeu dele por tanto tempo, se bem que quando
se ama somos capazes de muitas coisas.
— E você não é... — Ela corre até onde estamos e segura as suas
mãos. — Você é o melhor irmão que alguém poderia ter. Me desculpa,
Ty? — pede ela, com lágrimas escorrendo por sua face.
Tyler enxuga o seu rosto e a puxa para os seus braços, ele não diz
nada. Me dói o coração ver o quanto ele está sofrendo.
— A culpa é toda minha, não briga com ela, cara — Dylan quebra o
silêncio. — Eu fui um covarde por motivos bobos e só agora vejo que nada
importa se eu não estou com ela ao meu lado. Eu pedi para ela não contar,
tinha medo de perdê-la com as merdas que nos cercam na mídia.
Tyler beija o topo da cabeça da irmã, que ainda está agarrada em seu
corpo, ele a afasta o suficiente para que olhe em seus olhos.
— Eu amo você e sempre irei respeitar as suas decisões. Sou o seu
irmão e o meu dever é zelar por seu bem-estar, te dar conselhos. No entanto,
só você pode decidir o rumo que irá seguir, e eu estarei ao seu lado
ajudando a enfrentar todos os obstáculos que surgirem.
— Eu também te amo muito e se não contei antes foi porque não
queria atrapalhar a amizade de vocês.
— Agora isso não importa mais. — Beija a sua cabeça mais uma
vez. — E, Dylan, eu espero não ser o último dá próximo vez. Cuide bem da
minha irmã ou vai se ver comigo.
— Com a gente — fala Malcon e Lincoln que erguem sua cerveja
em concordância.
— Se ela chorar mais vezes que não seja de felicidade eu mesmo me
entrego a vocês — promete Dylan.
Eles apertam as mãos e o clima fica um pouco mais leve depois
disso. As brincadeiras começam e a zoação é sem fim.
Trisha parece ter tirado um peso das costas, entretanto não tira os
olhos do irmão. Essa situação deixará os dois abalados.
O meu jogador está triste. As brincadeiras rolam soltas ao nosso
redor, mas ele que parece alheio a tudo, apenas responde uma ou outra
coisa.
Aliso o seu rosto, sua barba e puxo o seu queixo para cima. Estou
sentada em seu colo, pois ele me colocara ali, melhor lugar para estar. Nos
olhamos por alguns segundos e vejo a tristeza profunda em que se encontra.
— Você quer subir? — pergunto.
Amanhã será outro dia e ele pode sentar e conversar com a irmã
com mais calma. Sem toda a plateia e a raiva do momento. Uma noite de
sono e relaxamento fara bem. Além de tudo já está tarde, sei que a maioria
não irá trabalhar, mas eu vou.
— Podemos ir para o seu apartamento? — pede.
— Claro que sim. — Encosto a minha boca na sua, apenas um
sussurro.
Tyler fecha os olhos e me abraça forte pela cintura.
— Preciso de você! — soluça baixinho.
— Gente, se vocês me dão licença eu vou roubar o meu namorado.
Levanto e puxo a mão dele para que se erga também, ele o faz e me
prende em seus braços.
— Fiquem à vontade, vocês são de casa — profere, sem olhar para
ninguém em especial.
O restante da turma mora um pouco distante e já beberam demais
para dirigir, o melhor é dormir aqui mesmo. Acredito que não seja nenhuma
novidade isso acontecer.
— Cara, eu vou usar e abusar da sua cama e daquela hidromassagem
— alfineta Malcon.
— Nós vamos dormir, meu amor — decreta Rachel.
— Use a minha a cama que dou um jeito de usar o seu carro —
devolve Tyler.
— Pegou pesado — choraminga. — Meu carro não.
Rimos.
— Você vai sair? — pergunta Trisha.
— Vou dormir na Renata, volto de manhã — responde sem olhá-la.
— Ok! Ahn... — Tyler a encara.
— Todos podem ficar, você sabe disso — corta qualquer coisa que
ela fosse falar.
— Nos vemos amanhã, então — sussurra ela.
Dylan beija a sua cabeça e sussurra algo em seu ouvido, fazendo ela
acenar positivamente.
Vou até ela e lhe dou um abraço.
— Dê um tempo para ele. Amanhã vocês conversam a sós.
— Ele está muito magoado. — Os seus olhos se enchem de água.
Seguro o seu rosto e beijo a sua bochecha.
— Tente entender o lado dele também — peço.
Ela acena.
— Obrigada por tudo! Você é a melhor.
— Fiz o que achei certo. Trate de descansar um pouco e juízo. —
Pisco.
Ela sorri timidamente.
— Pode deixar que vou cuidar dela. Obrigado, Renata — fala
Dylan.
— Acho bom cuidar mesmo ou eu faço ela chutar a sua bunda —
ameaço.
Dou um leve sorriso e volto para os braços do meu jogador, que está
nos observando de longe.
— Podemos ir? — indaga com mau humor.
Beijo a sua boca.
— Vamos embora.
— Bom, nós também estamos indo — diz Livy, levantando do sofá.
Despedimo-nos dos outros e saímos os quatro da casa.
— Está tudo bem? — pergunta Robert.
— Está sim, só queremos um pouco mais de privacidade. — Pisco
um olho. Ele sorri. — Querem uma carona?
O meu carro está estacionado logo à nossa frente e vou levá-lo para
casa mesmo. Não custa dar a volta no condomínio para deixá-los na casa
deles.
— Por favor, estou caindo de sono — geme Livy.
19
O meu dia ficou claro que seria uma perda total de tempo ao sair da
cama, assim que pus os meus pés no chão, pela manhã, vi tudo desandar.
Primeiro recebi apenas uma mensagem da minha irmã dizendo que
saíra cedo para passar as férias da faculdade com os nossos avós,
estranhei sua ida repentina para o litoral, porém deixei de lado, afinal ela
sabe o que faz e se estivesse com algum problema me contaria.
Em seguida, a minha assessora, mais uma vez, apareceu na minha
casa com uma desculpa qualquer apenas para se jogar em cima de mim. Já
disse mil vezes para ela que não a vejo dessa forma e juro que só não
demito a Amber por consideração ao meu empresário Robert que é tio dela
e, havia me pedido essa chance, também por pena da garota que pensa que
ao se casar com alguém do time estará feita na vida. Amber precisa de um
pouco mais de amor próprio, pois dormir com metade do time só fará com
que sua reputação role, mais ainda, ladeira abaixo.
Em terceiro, eu me atrasei para uma sessão de fotos porque o pneu
do meu carro furou e, com o maravilhoso trânsito de Nova York, isso foi só
a cereja no topo do bolo. Eu odeio atrasos, principalmente os causados por
mim.
Chegando no prédio onde fica o estúdio de fotografia, eu soube pela
recepcionista que Alanna havia desmarcado nossa sessão por motivos
pessoais, o maldito do meu agente esquecera de me avisar. Eu ainda demito
o Carter por ser tão aéreo em algumas ocasiões.
Toco o meu nariz e respiro fundo para tentar afastar a pontada de
uma possível enxaqueca querendo surgir, para animar um pouco mais o
meu dia de merda.
— Tyler?
Giro o meu corpo para ver quem me chama e dou de cara com a
minha fotógrafa e amiga: Alanna O’Malley. Vou ao seu encontro e
trocamos cumprimentos.
— Acabei de receber o seu recado.
— Como assim? Eu mandei um e-mail para o Green na parte da
manhã.
— Para você ver o nível da competência dele — resmungo.
— Desculpe por isso...
— Não mesmo, você não precisa se desculpar por um erro que não
foi seu.
— Certo! Em todo caso, dá próxima vez eu mando em anexo para
você. Além de mandar uma mensagem direto no seu celular.
— Com certeza será mais seguro.
— Eu realmente preciso ir ao encontro do Charlie, estamos com um
probleminha na sessão dele, é uma tomada externa e impossível de adiar.
Eu mandei outra pessoa no meu lugar e tudo desandou, desculpe mesmo
por isso. — explica-se.
— Sem problemas, Lanna. Não se preocupe comigo — tranquilizo-a
mais uma vez. Sei como é profissional e respeito demais o seu trabalho.
— Tomei a liberdade de desmarcar por ser você e termos essa
flexibilidade um com outro, caso contrário eles teriam que se virar com o
fotógrafo que mandei — bufa irritada
— Já disse para relaxar, minha amiga. Amigos são pra isso e ainda
temos tempo para fazer essas fotos. O que me deixou irritado foi o conjunto
de situações que me ocorreram desde o momento em que sai da minha
cama.
— Um daqueles dias que você se arrepende de levantar? — indaga
sorrindo.
— Com certeza! — A convivência com minha irmã me transformou
numa mulherzinha.
— Será que posso te pedir um favor, e talvez animar um pouco o seu
dia? — Ela tem um sorriso malicioso nos lábios.
— Entendo porque o Charlie é apaixonado por você, esse seu
sorriso faz qualquer um cair aos seus pés. Pode pedir.
Ela dá um tapa em meu ombro.
— Seu bobo! Então, eu marquei de almoçar com uma amiga, será
que você pode fazer companhia para ela? — Estreito os olhos.
— Por acaso ela está encalhada e você está tentando lhe arranjar
um casamento?
— Oh meu Deus, Tyler! Você não existe. — Dou de ombros.
— Nunca se sabe.
— Renata foge de namoros como o diabo foge da cruz, além de que
ela detesta jogadores de futebol, então, você estará seguro em sua
companhia. Ela está imune aos seus encantos.
Ergo uma sobrancelha e sorrio. Ela arregala os olhos com a minha
reação.
— Já te disse que adoro desafios?
— Nem pense em brincar com minha amiga — alerta.
— Jamais faria isso, só quero mostrar que valho a pena.
— Ela nem te conhece, Tyler.
— Mas vai conhecer.
— Você não a conhece.
— Acredito que isso será resolvido em breve. — Pisco um olho e ela
rola os seus.
— Ela é cunhada do seu empresário — argumenta.
— E só fica mais interessante — provoco.
— TYLER! — grita.
Rio um pouco mais.
— Qual é? Você me conhece, Lanna! — Ela suspira, vencida.
— Se não conhecesse jamais pediria algo assim, ainda mais ela
sendo uma amiga tão próxima.
— Agradeço o voto de confiança.
Beijo sua mão, ela sorri.
— Você é um galanteador barato, Baker.
— Assim magoa os meus sentimentos. — Sorrimos. — Pode ficar
tranquila que irei cuidar muito bem da sua amiga.
No minuto seguinte a amiga em questão chama por ela, viro-me e
dou de cara com a mulher que iria mudar o conceito de amor à primeira
vista para mim. Ela vai me fazer acreditar que o amor existe e que eu
estava certo em acreditar no destino.
Ela era o meu destino!
— Estou apaixonado! — sussurro para Alanna, enquanto sua amiga
se aproxima.
— Você me prometeu — adverte ela.
— Confie em mim, ela será minha para sempre.
24
Dias atuais…
Ainda não tínhamos uma data, eu ainda não havia feito o pedido
oficialmente ao meu sogro, mas eu já tinha comprado nossa casa e agora era
chegado o momento de mostrar para ela. Eu estava nervoso, não sabia se
era loucura demais e talvez assim pudesse acabar afastando a Renata de
mim outra vez, mas eu precisava começar a fazer algo para que o nosso
casamento deixasse de ser apenas uma coisa distante.
— Você está nervoso?
— Um pouco.
— Não vai mesmo me dizer para onde está me levando?
— Surpresa é surpresa, então só vem comigo, destino.
— Tudo bem, mas não precisa ficar nervoso — diz, apertando a mão
que nos une, trago ela para meus lábios e beijo o dorso.
Quando voltei do passeio com Trisha, a deixei em casa e segui para
a casa da minha cunhada, para buscar a Renata. Queria lhe mostrar a nossa
casa. Porém, agora que estávamos quase em frente, a ansiedade começara a
tomar conta de mim. Como estamos dentro do condomínio, decidi que
poderíamos caminhar e ela não se opôs.
— Chegamos! — digo, ao parar diante do nosso futuro lar.
Diante de nós tem uma casa de dois andares com pé direito alto, a
grama na calçada parece um tapete e no centro temos um caminho de
pedras que nos leva direto para a porta principal, do lado direito tem a
entrada da garagem que é automática.
— Exatamente onde, nós chegamos? — indaga.
— Vamos entrar e lá dentro eu te falo.
— Ceeeerto.
Tiro as chaves do bolso, subimos pelo caminho de pedras até a
entrada, abro a porta e passamos por um corredor até chegar na sala
espaçosa e completamente vazia.
Renata olha todos os cantos com curiosidade. Lareira, escada para o
segundo andar, onde ficam os quartos, outra sala que pode ser de estar, um
espaço que pode ser um escritório e mais um corredor que leva a cozinha e
o quintal.
— Ok. Não quero que pense que enlouqueci, mas eu comprei essa
casa para quando nos casarmos.
Os seus olhos se voltam para mim e posso ver um leve brilho neles,
ela sorri e eu volto a respirar.
— Comprou. Foi rápido nessa jogada, jogador. Posso ver o restante
dela? — O seu tom de voz tem um pouco de sarcasmo e alegria.
— Ela é sua, fique à vontade para conhecer — falo. Ela não perde
tempo ao começar a explorar. — Soube que estava à venda e decidi dar um
lance ao qual o vendedor aceitou de cara — explico-me.
Subimos as escadas, no segundo andar temos cinco quartos com
suíte, banheiro social e uma varanda.
— E a casa que moramos agora? Achei que fosse sua.
— É da Trish, quando comprei coloquei no nome dela.
— Entendo.
Renata entra no maior quarto da casa e possivelmente o nosso,
analisa todos os cantos. Fico parado ao lado da porta, esperando
ansiosamente.
— Gostou? — pergunto, quando ela sai do banheiro.
— Bem… eu amei. A casa é linda, realmente perfeita, além de
estarmos perto de todos, da minha família e da sua irmã — diz, jogando-se
em meus braços.
Beijo o seu pescoço, inalando o seu cheiro que tanto me acalma.
— Fiquei preocupado que não fosse gostar — confesso.
— Não era só isso, era!? — sonda, já sabendo a resposta.
— Tive medo que corresse para longe de mim outra vez — sussurro
em seu pescoço.
Renata segura o meu rosto em suas mãos para que olhe em seus
olhos.
— Tyler, você não me assustou antes e não me assustaria agora. Já
disse isso mais de mil vezes. Eu amo você e estou muito feliz que vamos
nos casar. Se você me dissesse que tem um jatinho pronto para irmos à
Vegas oficializar o nosso amor eu juro que iria amar.
— Você não está falando sério.
— Em partes, pois sei que mamãe e a Livy ficariam furiosas, mas eu
não me oporia. — Ela tem um lindo sorriso estampado o seu rosto. — Você
sabe disso. Somos malucos, afinal.
— Eu te amo, destino. Te amo tanto. Prometo que seremos felizes
aqui — digo, abraçando-a mais apertado.
— Aqui ou em qualquer lugar, jogador. Só preciso de você comigo
para que isso aconteça. Eu também te amo muito. — Beija os meus lábios
docemente para dar ênfase às suas palavras.
— Como está sua irmã? — pergunto, assim que nós afastamos.
— Bem, aos poucos está se adaptando à nova rotina. Franklin é um
amorzinho de tão calmo e isso facilita muito a vida do casal. Assim podem
se adaptar à nova rotina sem mais estresses.
— Fico feliz por eles. Será que posso te roubar por dois dias? Quero
te levar para um final de semana romântico.
— Faça isso. Eu vou amar.
Renata esteve junto a mãe ajudando Olívia com o bebê, elas
revezavam com a enfermeira, que Olívia fez questão de contratar, e assim já
havia se passado umas semanas desde a chegada do pequeno membro da
família.
— Perfeito.
— Jantar na mamãe hoje, ela insistiu muito — avisa.
— Sem problemas, saímos amanhã de manhã.
Eu sabia porque minha sogra insistiu, ela era minha cúmplice da
vez.
— Você gostou mesmo da casa? — indago.
— Eu amei, Ty. Esse quarto será o nosso — decreta.
— E os outros?
— Dos nossos filhos, um de visitas e o outro vou montar um quarto
de brincar para eles, que no futuro pode ser uma sala de estudos.
O meu coração não poderia transbordar mais de amor por essa
mulher.
— Falando assim eu tenho vontade de começar a encomendar eles
agora mesmo.
Mordisco o seu lábio inferior, ela puxa os meus cabelos e sem
desviar o olhar me beija. Renata beija a minha boca com vontade, o tesão e
a paixão avassaladora que sentimos um pelo outro toma conta de nós.
— Precisamos começar a mobiliar o quanto antes — geme ela.
— Concordo.
— E marcar uma data.
— Por favor.
Estamos nos devorando, quero muito possuir seu corpo e apagar
nosso fogo, porém não será possível fazer isso agora.
— Quero você, jogador.
— Droga! Eu também quero você, destino, mas não temos conforto
algum aqui e não vou deitar você nesse chão.
A casa está precisando de uma boa limpeza, talvez até algumas
reformas em alguns lugares.
— Não precisamos de uma cama, nem de um chão, quando temos
essa parede bem sólida atrás de você.
Ela está ofegante e desejosa, é o suficiente para mim.
Não penso duas vezes quando a giro, prensando o seu corpo na
parede, ajoelho-me aos seus pés e subo as minhas mãos até alcançar a sua
calcinha por baixo do vestido.
— Bom que esteja usando vestido.
— A peça tem suas qualidades — sussurra, olhando-me
embevecida.
Renata odeia usar vestidos.
— Se segure, destino.
27
Após estrear uma das paredes de nosso futuro lar, passamos em casa
para tomar banho, mudar de roupa e assim seguir para a casa dos meus
sogros. Trisha e Dylan, antes sumido, nos acompanharam.
— Gostou da casa, cunhada? — a pergunta da Trisha me chama
atenção e sou obrigado a ignorar a conversa que estou tendo com Bill e
Dylan.
Encaro a minha noiva, que devolve o olhar com um sorriso
cúmplice, e pisco um olho para ela. Estamos reunidos na sala de estar dos
meus futuros sogros bebendo e jogando conversa fora antes do jantar,
Renata está no sofá com sua mãe e minha irmã e eu estou de frente para ela,
do outro lado da sala.
— Eu amei, cada canto. Principalmente o nosso quarto, tem paredes
bem sólidas.
Engasgo com a minha cerveja, atraindo a atenção das outras
mulheres que sorriem com cumplicidade para mim.
Muito atrevida, destino!
— Tudo bem aí, cara? — pergunta Dylan, dando tapas nas minhas
costas.
— Sim. Só uma tosse na hora errada — digo.
Nem pensar em dizer o real motivo na frente do Bill. Que a filha
dele está me provocando ao lembrar de nossa transa antes de vir para a casa
dele.
— Vou pegar mais uma dessa, aceitam? — oferece Bill, erguendo
sua garrafa vazia.
Dylan e eu negamos, então ele sai na direção da cozinha.
— Tudo bem mesmo? — insiste Dylan.
— Sim. E você? Tudo bem com a sua mãe?
— Na mesma. Sabe como ela é.
— Eu sei, mas parece que a Trish ainda não sabe — acuso.
— Você sabe como eu amo sua irmã — aceno em dúvida. — Eu
amo, não duvide disso.
— Só me explica, Dylan. Não deve ficar ensaiando as palavras por
ela ser minha irmã, eu quero o melhor pra Trisha e isso inclui que você seja
completamente sincero com ela. — Apesar disso tudo somos amigos e,
também, estou aqui quando precisar.
— Eu sei, cara, e agradeço demais por sua amizade. Só não quero
que ela pense que farei o mesmo que o meu pai fez com a minha mãe, por
isso tenho medo de falar — confessa.
— Bem, vocês estão juntos há um tempo considerável, acredito que
tenha planos futuros e guardar esse segredo por muito mais tempo não irá
ajudar em nada. Trisha é mais inteligente do que pensa e com certeza já o
conhece bem para saber diferenciar entre você e as atitudes idiotas do seu
pai. Uma coisa eu te garanto, continuar mentindo para ela não é nada
promissor.
— Não estou mentindo.
— Omitir em alguns casos acaba sendo uma mentira, afinal ela
sequer sabe onde a sua mãe mora. Uma mentira leva a outra e logo tudo se
torna uma bola de neve infernal.
— Você está certo, vou conversar com ela hoje. Se estiver tudo bem
quero que ela passe o final de semana comigo.
— Não se preocupe comigo. Trisha é maior de idade e eu confio nas
decisões dela. Só peço que não a machuque.
— Não irei. Você está certo, eu tenho planos futuros e para isso
preciso começar sendo sincero de agora.
Vejo Mirela, minha sogra, levantar e seguir para a cozinha. Em
seguida as meninas se aproximam de nós.
— Sinceridade é bom. Sobre o que estão conversando?
— Muitas coisas, maninha. — Ela cerra os olhos.
— Mais tarde eu te conto, amor. — Dylan beija sua bochecha e ela
se derrete.
Espero mesmo que ele seja sincero, cuide e proteja a minha irmã de
tudo e de todos: inclusive dele mesmo.
— Tudo bem — resmunga, antes de voltar seus olhos para mim. —
Ty, vou passar o final de semana como D.
— Certo. Mas já aviso, domingo à noite quero os dois lá em casa.
— Oi? Toque de recolher agora? — Ela rola os olhos.
— Eu não disse isso, Trish. Você já é adulta, não posso te tratar
como uma criança dando horários ou coisas do tipo. Quero vocês para
montar a árvore de natal, uma tradição nossa, que agora acho justo ser
compartilhada com as pessoas que nos fazem feliz — digo, dando um
selinho na Renata que abre um lindo sorriso.
— Desculpe, maninho — pede, abraçando-me. — Adorei a ideia!
Beijo sua testa.
— Tudo bem, sei que fui um chato no começo.
— Estaremos lá, cunhado.
— Cara, sem essa de apelidos.
— Qual é? É legal.
— Não é não.
Rimos.
— Vamos para a sala de jantar? — chama Renata, circulando a
minha cintura com um braço.
— Acho uma ótima ideia, estou faminto — falo.
É chegada a hora.
Seguimos para a sala de jantar bem na hora que Mirela vinha nos
chamar para avisar que o jantar seria servido. Cada um se acomoda em sua
cadeira, esperei que fizessem isso para falar.
— Não vai sentar, jogador?
— Antes eu tenho uma coisa para dizer.
Renata me olha desconfiada.
— Segura aí, cunhadinho do meu coração. Você não vai começar o
discurso sem a minha presença, sou uma pessoa importante nessa família.
Todos rimos com a chegada, nada silenciosa, de Olívia, ela
realmente é importante. Sua alegria ilumina o ambiente.
— Não consegui segurar ela em casa — fala Robert, com o pequeno
Franklin nos braços e a babá dele ao seu lado.
— Por Deus, nós moramos aqui do lado, não é perigoso sair de casa
por algumas horas, Robert — resmunga Livy, já se acomodando na cadeira
que o pai puxou para ela. — Eu não posso perder esse momento.
Olho para minha sogra que dá de ombros, claramente ela disse para
a filha mais velha as minhas intenções. É melhor assim, pois seria bem
capaz da Livy ficar enchendo o meu saco por ter feito o pedido sem ela
estar presente mais uma vez.
— Sinto que, mais uma vez, serei surpreendida. — Meu destino me
encara com a sobrancelha erguida.
— Bem, se valer de alguma coisa eu também não sei o que vem por
aí, Renata — fala Dylan, após pigarrear.
— Podem me incluir nessa lista — acrescenta Bill.
— Vamos todos nos sentar e deixar o Tyler falar, por favor —
manda Mirela e todos obedecem.
Eu com certeza não estava mais nervoso depois dessa pequena
interrupção, amo essa família barulhenta e espontânea. Robert passa o
pequeno Franklin para a babá que segue para a sala de estar em seguida se
acomoda ao lado da esposa.
Pego a mão da Renata, dando impulso para que se levante, ela faz
me olhando nos olhos em busca de respostas.
— O que está aprontando, jogador?
Pisco um olho para ela e viro de frente para o meu sogro.
— Bill, alguns meses atrás eu lhe pedi a mão da Renata em namoro.
— Ela arfa ao meu lado. — Hoje eu pedi essa pequena reunião de família
para saber se você me concede a honra de ser o seu genro ao me casar com
ela?
— Continua sendo fofo — comenta Livy, faço uma careta. — Ele é
de verdade? — pergunta ela para Trisha, que está sentada do seu outro lado.
— É sim, muito real. Meu maninho é um sonho para qualquer
mulher.
— Devo concordar com você, Trish.
— Eu estou aqui, Olívia. Será que você nunca muda?
— Amor, meus olhos só enxergam você, para de ciúmes besta —
diz. rolando os olhos.
Robert bufa, ele conhece a mulher que tem e sabe quão espontânea
ela é.
— Bem, acho que está na hora de você responder, Bill — lembra
Mirela.
— Estou sentindo um déjà vu — sussurra o meu destino.
— Tenho a mesma sensação, destino.
— Você é um bobo.
Ver seus olhos brilhando me faz o homem mais feliz do mundo.
— Bom, não tenho muito o que dizer. Você tem o meu respeito e a
minha benção, Tyler — fala Bill, apertando a minha mão.
— Obrigado, Bill.
Pego a caixa com as alianças em meu bolso e abro. As mulheres
suspiram quando me ajoelho, porém, os meus olhos estão totalmente
focados em Renata, que chora e sorri ao mesmo tempo.
— Renata, você aceita ser o meu eterno destino?
— Claro que sim, meu jogador.
Levanto e coloco o anel em seu dedo, ela faz o mesmo comigo.
— Eu te amo, destino.
— Eu te amo tanto, tanto, tanto — repete, beijando a minha boca
várias vezes. — Mesmo quando me transforma numa chorona.
— Certo, já chega de chororô. Cunhado, mandou bem, o anel é
lindo. Agora vamos comer, quero aproveitar que o Franklin está calminho
para devorar o jantar da mamãe.
— Livy, você está grávida de novo?
— Não tão cedo, maninha. Apenas vivendo uma fase que mal como
ou faço qualquer coisa sem que ele comece a chorar, querendo mamar, bem
na hora.
Como foi da primeira vez, todos nos sentamos para jantar entre risos
e conversas amenas. Era uma família de verdade. Em breve as reuniões
também passariam a ser em nossa casa.
28
Sete meses depois…
— Feliz?
Estou abraçado a minha esposa, enquanto admiramos os demais
comendo, bebendo e comemorando o nosso enlace.
— Felicidade é pouco para definir o que estou sentindo. Não
consigo colocar em palavras o tanto de amor e alegria que sinto ao ver
todos aqui reunidos, por nós. — Ela gira para ficarmos olho no olho. — Eu
te amo tanto. Obrigada por isso. Obrigada por ser você, jogador. Tão
sincero, espontâneo e guerreiro, afinal não desistiu enquanto não me
convenceu a sair com você.
Dizer sim diante dos nossos amigos e familiares foi algo maior do
que imaginei. Uma sensação surreal, indescritível. Naquele instante
estávamos declarando o nosso amor diante de Deus e de todos os presentes,
estávamos enfim dando o passo mais importante das nossas vidas, um
caminho sem volta para a nossa felicidade.
— Eu te amo, destino. E te agradeço por ter aceitado ser
eternamente minha.
Beijamo-nos lentamente, apenas sentindo o poder do momento
tomar conta de nós.
— Acha que já podemos fazer a nossa saída? — pergunto em seu
ouvido.
— Por favor! Sinto que posso entrar em combustão a qualquer
instante.
Agarro a sua mão e entro na casa sem que nos vejam, subimos as
escadas rumo ao meu antigo quarto. A casa dos meus avós é grande e
decidimos ficar aqui mesmo, amanhã viajamos em lua de mel, da forma que
Olívia havia planejado: vamos todos para Angra dos Reis no Rio de Janeiro.
O que eles não sabem é que só vamos ficar com eles por três dias, depois
irei levar Renata para a Itália e só, então, teremos a nossa merecida lua de
mel. É a surpresa que preparei para a minha esposa. Não canso de repetir
isso. Ela finalmente é toda minha.
Estamos quentes e desejosos depois de duas noites separados, mais
uma exigência da Olívia, agora acobertada por minha irmã e sogra.
Voltamos a nos beijar assim que cruzamos a soleira da porta, agora
com mais fervor, ambos quentes e cheios de desejo e saudade. Não dava
para parar nem se quiséssemos.
Tiro o seu lindo vestido de noiva, amei vê-la caminhar em minha
direção vestindo ele, porém agora o quero longe do seu corpo, então
começo a despi-la entre rápido e devagar. Quero ver a sua pele nua, quero
me lambuzar com o seu sabor e afundar em seu corpo até não lembrar mais
o meu nome e ela precisar fazer isso gemendo ele em meu ouvido.
Eu estou hipnotizado diante da minha linda e amada esposa, só de
lingerie, trago o seu corpo de encontro ao meu.
— Não sei por onde começar — confesso.
— Eu sei.
Ela termina de se despir com o olhar preso ao meu, o meu corpo
vibra em reação aquela provocação dela, então Renata me puxa para mais
perto de si e passa a desatar o nó da gravata, jogando-a longe, logo em
seguida começa a desabotoar os botões da camisa social deixando o meu
torso nu. Ela beija com carinho o ponto onde fica o meu coração. O meu
amor por essa mulher vai além da vida terrena.
Renata se ajoelha e tira a minha calça, cueca, sapatos e meias, com a
minha ajuda. Ergo o seu corpo e volto a beijá-la com volúpia, a jogo na
cama e começo uma exploração beijando as suas pernas, coxas e, então, o
vértice entre elas. Posso ver e sentir o seu prazer tomar conta do seu corpo
quando, mais uma vez, sou surpreendido com ela empurrando-me de costas
e montando em mim.
— Com pressa, destino?
— Você não sabe o quanto… quero você dentro de mim, jogador.
Agora!
Renata monta meu pau e nos encaixamos, um encontro perfeito. A
sensação é de estar entre o céu e o inferno com o seu corpinho miúdo me
dominando completamente. Ela rebola em busca do nosso prazer, estamos
em sintonia, seguro a sua cintura e no, entanto, não preciso guiar os seus
movimentos porque ela sabe exatamente o que fazer para nos levar ao
êxtase supremo. Num inimaginável de tão gostoso, ela acelera e diminui os
movimentos. Aperto a sua bunda causando ainda mais pressão em seu
aperto. Já estou no meu limite e preciso dela comigo.
Toco o seu clitóris e ela explode entre gemidos e sussurros, me
deixo levar junto e assim gozamos pela primeira vez como marido e mulher.
29
Angra dos Reis, Rio de Janeiro - Brasil
O sol da manhã entra pela janela do quarto, mas não queremos sair
da cama. Já é o nosso terceiro dia nesse paraíso, é chegada a hora de contar
para Renata que vamos voar em breve.
— Lembra da surpresa?
— Claro que sim.
Renata vira de bruços para me olhar nos olhos, sua curiosidade
voltou com tudo, apoiando as mãos e o queixo em meu peito.
— Esse lugar é lindo, um verdadeiro paraíso. Nossos dias aqui têm
sido maravilhosos...
— Você está enrolando — acusa com um sorriso encantador.
Beijo os seus lábios.
— Vou te roubar para mim pelas próximas semanas, preparei uma
segunda viagem para a nossa lua de mel. Quero ter exclusividade antes que
tenhamos que voltar para a nossa louca rotina, onde só vamos nos ver na
hora de dormir.
— Hum... Se está passando por sua cabeça que vou achar ruim ser
sequestrada por meu amado marido em nossa lua de mel, está muito
enganado — garante. — Agora me conte, para onde vai me levar?
Na verdade, enrolei um pouco sim para contar os meus planos, não
queria passar a impressão errada. Todavia, ela me conhece bem e sempre
estamos em sintonia com os nossos pensamentos. Nós amamos a nossa
família barulhenta, porém ansiamos curtir esse momento só com a presença
um do outro.
— Para longe — faço um pouco mais de suspense.
Ela grunhe, batendo em meu peito.
— Conta logo, Tyler.
— Tão curiosa. — Aperto o seu nariz. — Itália. Mais precisamente
na bela e encantadora Toscana, destino — anuncio.
— A cidade dos vinhos, do romance… do amor. Ótima escolha,
jogador. — Renata monta o meu quadril. — Nunca fui para a Itália e olha
que fiz um tour por alguns países antes de decidir fincar raízes aqui Brasil e
fazer faculdade. Amei a notícia.
Seguro a sua bunda com as mãos, fazendo fricção no ponto certo.
— Bom, assim podemos desfrutar dos prazeres dessa viagem juntos.
Já fui algumas vezes, mas nunca aproveitei de fato. — Ela geme quando
sente a dureza direto em seu sexo. — Ficaremos na fazenda de um amigo,
ele é vinicultor e me ofereceu o lugar como um refúgio para nós
aproveitarmos a nossa lua de mel. Os melhores vinhos saem da sua
vinícola.
Renata dobra o seu corpo, nossas bocas ficam a um sopro de
distância. Os seus olhos entregam o seu desejo e a sua ânsia por mais.
— Mal posso esperar para provar. Quando vamos?
— Hoje à tarde. — Mordo o seu lábio inferior.
— Preciso arrumar as malas — diz, esfregando-se ainda mais em
mim.
— Podemos cuidar disso depois, agora… — Jogo ela na cama,
Renata grita antes soltar uma risada com o susto. — Eu vou devorar você.
Tyler
Estamos prontos para entrar em campo, esperando apenas os
anúncios finais nos telões.
— Baker — ouço o treinador chamar.
— Senhor?
Franzo o cenho quando o vejo correr em minha direção.
— Olhos no telão — diz ele, apontando para frente.
Viro-me e faço o que ele me disse, ainda sem entender.
— O que tem ali? — pergunta Malcon ao meu lado.
Dou de ombros.
— Não faço a menor ideia.
Então um som estranho começa a ecoar por todo o estádio, continuo
sem entender nada. Olho para o treinador, mas ele me vira novamente de
frente para o telão.
Imagens distorcidas vão surgindo, uma mistura de cores entre preto,
amarelo e vermelho. O som continua ecoando e posso arriscar dizer que se
parecem com batidas de um coração muito frenético por sinal.
— Aquilo é um ultrassom? — indaga Lincoln do meu outro lado.
— Um o quê? — questiono.
— Um exame que as mulheres fazem quando estão grávidas —
explica ele.
— Treinador, por que raios eu devo assistir a isso?
— Apenas continue olhando, filho — pede.
Foco meus olhos nas imagens que de repente somem, então uma
frase aparece no telão branco.
Escuto uma comoção dos caras atrás de mim, mas continuo sem
entender muito bem o que se passa. Apesar de sentir o meu coração falhar
uma batida.
JOGADOR, VOCÊ VAI SER PAPAI!
Dylan
Robert
— Alô!
— Gostaria de falar com Sr. Robert Moore, empresário dos
senhores Tyler Baker e Dylan Smith.
— Ele mesmo. Com quem eu falo?
Pelo tom de voz e barulho ao fundo está não me parece ser uma boa
ligação, então trato de me afastar de Olívia, muito atenta e curiosa, e entro
no escritório.
— Senhor aqui é do Hospital Mount Sinai, estou ligando para
informar que ambos sofreram um acidente de carro na I-90E sentido
Boston, há mais ou menos uma hora e meia. — Desabo na cadeira do meu
escritório no mesmo instante em que Olívia entra pela porta. — O senhor
Smith passou o seu contato para nós, ele quer muito falar com a esposa e
disse que o senhor seria a pessoa indicada para trazê-la até aqui.
— Meu Deus! Como eles estão?
— O que aconteceu, Robert? — pergunta Olívia, faço um gesto com
a mão pedindo um minuto.
— O senhor Smith passou por uma bateria de exames e passa bem.
O senhor Baker encontra-se em cirurgia no momento, ele teve um
traumatismo craniano grave.
— Robert, o que acontece?
Fico estático com a notícia. Respiro fundo para assumir o quanto
antes as rédeas da situação.
— Chego em poucos minutos. Obrigado.
— Robert…
— Tyler e Dylan sofreram um acidente enquanto iam para Boston
— solto de uma vez, ela vai precisar me ajudar nessa, afinal a sua irmã e
melhor amiga estão grávidas. É uma situação muito delicada.
— Renata…
Imediatamente ela sai correndo e eu corro atrás dela, seguro o seu
braço impedindo que ela saia em disparada para a casa da irmã, que fica a
duas quadras da nossa.
— Calma. Meu bem, vamos precisar avisar aos seus pais primeiro e
depois seguir para a casa da sua irmã. Também tem a Trisha. Preciso da sua
ajuda, Olívia.
— Deus… A Trisha está com ela, Dylan pediu que ficasse lá esta
noite. — Ela respira fundo. — Certo! Vamos cuidar de tudo. Primeiro me
diga como eles estão?
Passo todas as informações que recebi e em seguida vamos até a
casa dos seus pais. Franklin já estava dormindo, mas tivemos que acordá-lo.
Enquanto Olívia contava para os pais o que havia acontecido, eu
liguei para o agente Green e para a assessora Rochelle que cuidariam de
toda parte burocrática, junto comigo. Então seguimos para a casa da Renata.
Seria um momento difícil, mas era preciso que corrêssemos para o hospital
o quanto antes, elas precisariam ser fortes.
35
Trisha
Renata
A minha filha tinha que escolher justo este momento para nascer.
Receber a notícia de que o meu marido está entre a vida e a morte foi o
suficiente para fazer com que eu entrasse em trabalho de parto. Pudera, essa
é uma das coisas que eu jamais gostaria de passar, sequer imaginei passar
por algo assim.
Aliso a minha barriga enquanto o meu pai segue a toda velocidade
para o hospital. A minha mãe está ao meu lado, segurando a minha mão e
dando apoio a cada dor que sinto, Trisha do outro lado, também preocupada
com o marido, o irmão e agora comigo. Olívia foi com o Robert para a casa
da Rochelle, deixar os meninos lá e depois virá ao nosso encontro.
Deus, por que tanta coisa ao mesmo tempo? Sim, o nascimento da
minha pequena Rosie é mais que bem-vindo, porém no estado em que meu
Tyler se encontra… eu quero tanto vê-lo. Quero sentir o seu cheiro, ouvir a
sua voz.
— Ele precisa tanto de mim — gemo baixinho.
— Calma, meu amor. Vai dar tudo certo. — Escuto a minha mãe
dizer. — O Tyler vai ficar bem, assim como você e a Rosie.
Não consigo raciocinar muito bem, as contrações estão vindo cada
vez mais fortes. A minha filha vai nascer antes da data prevista e sem a
presença do pai que a ama tanto. Quanta injustiça.
— Não deixe que nada de mal aconteça com ele meu Deus. Proteja
o meu jogador — grito ao sentir uma pontada forte, fazendo com que eu me
contorça inteira. — Vai nascer, mamãe.
— Chegamos! — grita papai, ao estacionar diante da entrada de
emergência do hospital.
Todos descemos e já vejo um enfermeiro correndo em minha
direção, acompanhado da sua chefe e minha amiga. Olívia havia ligado para
Rachel e informado o meu estado.
— Vamos lá, meu bem. A sala de parto está pronta e por sorte a sua
obstetra está de plantão — diz ela, ajudando-me a sentar na cadeira de
rodas.
— Tem notícias do Ty?
— A cirurgia está quase no final e ele está reagindo bem, fique
tranquila. No momento vamos focar apenas em você e na sua pequena. Está
bem?
— E o Dylan? — pergunta a minha cunhada.
— Ele está num dos quartos…
— Bill, vá com ela, eu fico com a Renata — interrompe mamãe.
— Claro. Venha comigo até a recepção e lá pegamos todas as
informações, filha.
Ela acena.
— Vai dar tudo certo, cunhada. Assim que ver o Dylan eu corro para
a ala da maternidade.
— Fique com ele, Trish. Daqui a pouco a Livy chega e te mantém
informada de tudo. Cuide dele — digo, apertando a sua mão.
— O Ty vai ficar bem, ele é forte. Mais forte do que tudo isso. —
Ela chora e só consigo acompanhar o seu choro.
— Ele vai sim ou eu acabo com ele — sussurro.
Ela sorri levemente e se vai com o meu pai.
— Ok. Não vamos pensar no Tyler agora, ele já está sendo atendido
e logo estará num dos quartos. Vamos cuidar da Rosie que está mais que
ansiosa para conhecer este mundo e dar um “oi” para a mamãe e para o
papai — fala Rachel.
Entramos no elevador e tudo passa a ser um borrão.
Tive sofridas dez horas de trabalho de parto para que só, então, a
Rosie viesse ao mundo, pesando 3kg e com 47 centímetros de
comprimento. Ela nasceu forte e saudável, linda e cheia de cabelos, um
pouco claros como os do pai.
Nossa pequena preciosidade.
Foi somente na quarta noite após o acidente que pude ver o Tyler, os
médicos queriam que eu fizesse o máximo de repouso e mesmo assim um
enfermeiro me levou na cadeira de rodas até a ala do CTI, que ficava alguns
andares acima do meu.
Estava tão longe e tão perto dele.
Tyler passou por uma cirurgia delicada e fora induzido ao coma para
que se recuperasse do inchaço em seu cérebro. O prazo era de 48 horas após
a cirurgia para que tivessem resultados positivos e só então os médicos
tirariam sua sedação, foi assim que aconteceu. Felizmente o inchaço
diminuiu e eles cortaram a medicação ontem à noite e agora só depende
dele para acordar ou… não. Os médicos não aparentam muito otimismo,
mesmo que ele tenha reagido bem nessas primeiras horas. Ignorei o
pessimismo deles. Muita falta de profissionalismo.
Tyler ocupa o quarto sozinho, cortesia do time com os
patrocinadores. Eles estão arcando com todos os custos.
O lugar é austero e frio, nada é permitido além dos aparelhos que o
mantém. O meu quarto em contrapartida estava lotado de presentes para
toda a nossa família. Rosie e Lucas estão sendo mimados e cuidados por
todos que nos rodeiam. Sou grata por essas bênçãos, mas não posso deixar
de ficar deprimida com o fato de meu marido, meu amor, estar passando por
tal sofrimento.
— Obrigada — agradeço ao enfermeiro que acena e se afasta para
me dar espaço, ficando encostado na porta à minha espera.
Ele foi proibido de sair de perto de mim.
Pedi a todos que me deixassem ter esse momento a sós com o meu
amor, preciso conversar com ele. Contar as novidades. Desde que estamos
juntos compartilhamos todos os momentos bons ou ruins, ele precisa saber
que eu estou aqui por ele.
Seguro a sua mão, sinto o calor que vem dele. Mesmo que esteja
ligado a tantos aparelhos e dependendo deles para sobreviver, ele ainda é o
homem mais lindo que já conheci nessa vida. Exceto pela mini cópia que
temos em casa, Lucas é a sua cara. Também tem o seu jeito meigo e com
certeza a garra.
Passa um filme pela minha cabeça, lembrando de tudo o que já
vivemos até hoje. Nos amamos desde o primeiro instante que nos olhamos.
Sorrio com o pensamento que ele sempre teve: foi amor à primeira vista. O
destino nos uniu.
Esse mesmo destino não pode nos separar agora.
— Ei… — Pigarreio para conter as lágrimas. — Nossa pequena
Rosie nasceu, tão linda e tão forte quanto o Lucas quando veio ao mundo.
E… assim como ele, ela também precisa do pai ao seu lado. Volta logo pra
gente, jogador. Parece que faz uma eternidade que você está aí… —
Suspiro. — Sinto sua falta como nunca senti antes.
Encaro a máquina que monitora o seu coração e som do bip parece
tão lento, o seu coração não bate devagar dessa forma. Ele está sempre
acelerado, principalmente quando estamos juntos. Lembro dos nossos
momentos de amor, da nossa lua de mel que fora mágica.
— Eu te amo tanto… — Beijo a sua mão e deixo as minhas
lágrimas caírem. — Volta para mim, jogador. Volta para nós!
Meses se passaram, Rosie já tem o seu primeiro dentinho e Lucas
está sendo o meu parceiro. Ele ajuda a dar banho, a colocar para dormir. O
meu pequeno canta para ela, que cai em sono profundo rapidamente. É o
homenzinho da casa, ele tem sido tão forte e otimista que não me permito
mostrar o quanto sofro com a falta que o Tyler nos faz.
Porém, à noite, quando deito para fingir dormir, eu choro. Choro por
tudo que vivemos, por tudo o que ele está perdendo. De saudade, de
solidão. Esta noite, em especial, choro porque ele não acorda e os médicos
querem que eu assine um termo para que desliguem os seus aparelhos.
Hoje à tarde, quando fui visitá-lo, como faço todos os dias, eles me
chamaram para uma reunião. Fizeram todo um discurso para dizer que o
Tyler não iria acordar mais, que apesar dos bons sinais vitais ele não
demonstra em nenhum momento que vai despertar do coma. Mandei eles a
merda e disse que enquanto eu tiver dinheiro aquelas máquinas continuam
ligadas.
No entanto, a questão não é somente financeira, o time continua
arcando com os custos da internação dele, o problema é que o Ty realmente
não responde e segundo os médicos não adianta manter o seu corpo ali
quando o seu espírito não está mais presente.
— Eu me recuso… o meu marido está sim naquele maldito quarto.
Ele continua lutando para voltar porque ele me ama e ama os nossos filhos.
O Tyler vai voltar para nós. Eu não autorizo. — Foi o que gritei para eles
antes de sair da sala e em seguida do hospital.
A porta do meu quarto se abre, enxugo as lágrimas o mais rápido
que consigo, Lucas vem até mim e deita na cama comigo. Ele enxuga o
meu rosto.
— Não chora, mamãe. Eu tô aqui com você. Nós vamos ficar juntos
para sempre.
Impossível segurar o choro. Puxo o seu corpinho para perto e beijo a
sua testa.
— Vai ficar tudo bem, filho. Vai ficar tudo bem — repito esse
mantra até que o sinto dormir.
Levanto e vou buscar Rosie para que fique perto de nós e assim
derivo para o sono, com dois dos meus grandes amores.
Acordo na manhã seguinte com o toque do meu celular, Rosie já
está acordada e sorrindo para mim.
— Bom dia, meu amorzinho. — Beijo a sua testa.
O meu celular volta a tocar, pego o aparelho e vejo que é a Rachel.
— Renata?
— Oi, Rachel. Bom dia!
— Eu preciso que você venha imediatamente para o hospital.
Sinto o ar me faltar.
— O que aconteceu com o Tyler?
— Querida, só venha para cá o mais rápido possível.
Pulo da cama, enquanto já estou ligando para a minha mãe. Olívia
invade o meu quarto.
— Vai. Eu cuido das crianças — diz ela.
— O que aconteceu, Livy?
Os seus olhos estão cheios de lágrimas.
— Só vai, minha irmã. O Robert vai te levar.
Totalmente no automático, eu troco de roupa, desço às escadas e vou
com Robert para o hospital. Ele também não me diz o que está acontecendo.
Assim que ele para o carro, saio correndo em disparada para os elevadores.
A subida parece mais longa que o normal. Rezo durante todo o
caminho.
Ah, mas se eles fizeram algo com o meu Ty eu processo todos eles.
— O que houve? — pergunto para Rachel, que está parada na
recepção do CTI.
— Vá vê-lo — diz, apontando na direção do quarto do Tyler.
Ela está visivelmente emocionada.
Corro e ao entrar vejo a sua cama vazia e uma enfermeira
arrumando os lençóis. Eu não posso acreditar que ele…
— Oh meu Deus! Você não fez isso comigo, jogador. — Choro. —
Você não pode ter ido embora...
— Juro que não fiz nada, amor. — Giro o meu corpo na direção da
sua voz. — Nem fui a lugar algum, além do banheiro. Estava precisando de
um banho e apesar do grandão aqui... — só então noto o enfermeiro que
empurra a sua cadeira de rodas. — Ter que me ajudar com isso, valeu a
pena. Estou cheiroso e doido para te dar um beijo. Não vai me dar um
abraço, destino?
— Oh meu Deus, Tyler!
Corro para os seus braços e me jogo em seu colo. Ele geme de dor.
— Devagar, meu amor. Estou um pouco entrevado — sussurra com
voz rouca.
— Desculpa. Não consigo acreditar.
Levanto do seu colo e me ajoelho ao seu lado.
— Que deixei o grandão me ajudar?
— Seu bobo! — Enxugo o meu rosto com um lenço que a
enfermeira me oferece.
Estou um poço de calamidade, com o nariz escorrendo e o rosto
todo banhado em lágrimas.
Seguro o rosto do homem que tanto amo e finalmente voltou para
mim. Ele está abatido e mais magro devido aos meses sendo alimentado
apenas por sonda, mas está aqui vivo e respirando sozinho.
— Prometo que deixo você me ajudar da próxima vez. — Ele pisca
um olho.
— Obrigada por voltar para nós, jogador — é só o que consigo
dizer.
Ele alisa o meu rosto e toca os meus lábios com reverência.
— Eu jamais deixaria vocês, meu destino.
EPÍLOGO
Tyler
Dizem que a vida é difícil, acredite, ela não é. Qualquer coisa que
você esteja passando tenha em mente que é exatamente isso: algo
passageiro. Um momento que vai te fazer enxergar as coisas boas da vida.
As coisas que realmente merecem sua atenção.
Eu amava o meu trabalho como jogador de futebol americano, ser
Quarterback fora meu sonho desde a faculdade e conseguir a realização
disso foi maravilhoso. Eu não me imaginava parando de jogar por decisão
própria, porém bastou eu ser pai para saber que a minha prioridade a partir
daquele momento era outra.
Dedicar-me total e exclusivamente a minha família era o que queria
e foi por pouco que eu não perdi isso. Apesar de ter perdido o nascimento e
os primeiros meses de vida da minha filha, hoje sou grato por ter
conseguido vê-la crescer e se tornar a linda mulher que é hoje. Tão
inteligente e sagaz quanto a mãe. Rosie administra a carreira do irmão como
ninguém. Assim como o meu filho Lucas, que hoje é um homem que corre
atrás dos seus sonhos até realizá-los. Os meus filhos são o meu orgulho, o
melhor espelho do amor que existe entre a minha mulher é eu.
E pensar que eu poderia ter perdido tudo isso não me deixa triste,
sou feliz que Deus me deu uma nova chance e vivo um dia de cada vez, ao
lado da minha família. Aproveito cada minuto, cada segundo para dizer o
quanto eu os amo.
Olho para a arquibancada e vejo as mulheres da minha vida, Rosie e
Renata. Aceno para elas, que me mandam beijos de volta.
— Hora do jogo, garotos. Não quero ver ninguém chorando depois,
quero ver bundas sendo chutadas — grito para o grande time à minha
frente.
— Estamos prontos, treinador — avisa meu Quarterback, meu filho.
Hoje sou técnico do time onde fui a estrela um dia e agora o meu
filho está ocupando o meu lugar. Eu não poderia estar mais orgulhoso dele.
Um líder nato.
Lucas me entende apenas com um olhar que diz: vai lá e acaba com
eles, filhão.
FIM
SOBRE A ESCRITORA
Cris Andrade é natural de Pernambuco, onde vive com seu marido e
filha. Sua paixão pelos livros fez com que decidisse arriscar-se no mundo
literário. Apesar de ser nova nesse meio, ela já conseguiu emplacar alguns
Best Sellers no site Amazon.com e desde então vem colecionando
leitores fiéis e romances cada vez mais apaixonantes.
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