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2023-2024
Emoção II
Gonçalo A. Oliveira
Imaginem que vos é pedido fazer uma apresentação oral para uma grande
audiência. Esta situação está a gerar muita ansiedade, tristeza e medo.
Implicações:
• Oportunidade de alterar como e se há expressão emocional
• Em vários momentos do processo
• A nossa principal preocupação até agora tem sido perceber como se geram as emoções de acordo com
as diferentes teorias
• De um modo geral:
• Emoções são elicitadas em resposta a um determinado estímulo ou evento.
• Este caso implica a ativação de um objetivo que obriga o individuo a exercer regulação emocional
• Processo de controlo da resposta emocional inicial e espontânea
Regulação emocional
• Pode ser explicita: deliberada e controlada
• Pode ser implícita: mais automática
Mas tem objetivo comum - mudar o estado emocional espontâneo que foi produzido no processo de geração
de emoções
A distinção entre regulação emocional e geração emocional por vezes não é tão clara (Parkinson, 2015):
• Porque um processo de geração emocional implica mudanças comportamentais
• Essas mudanças comportamentais podem alterar a situação
• Alterando a situação, alteram a resposta emocional
• A nossa resposta emocional não é completamente ausente de regulação e a emoção não é
apenas uma reação passiva determinada pelo appraisal
Parece evidente?
• Mas perante esta situação apenas 16% dos participantes usam estratégias de reavaliação (Suri et al. 2015)
Identificação
• Decisão da necessidade de regulação
Seleção
• Decisão da estratégia de regulação
Eysenck & Keane, 2017
Implementação
• O uso da estratégia definida
Podemos também pensar de um modelo linear, como o ilustrado (Gross & Thompson, 2007) com etapas sequenciais
Ou num modelo circular (Gross, 2015) em que as decisões em cada uma das etapas influenciam as restantes
• Ex. consigo alterar a resposta emocional, altero a situação – afetando a identificação e a seleção
Distração
• Modificação dos processos atencionais
• Implica o deslocamento do foco atencional para outra informação, normalmente neutra ou
relativamente menos aversiva
• Leva ao processamento de outro tipo de informação que não a emocional
• Estratégia menos exigente do ponto de vista cognitivo
• Permite um controlo mais inicial da emoção negativa
Reavaliação/Reappraisal:
• Modificação da avaliação da informação emocional de modo a modificar o seu significado
• Mudando o significado, posso mudar a resposta emocional
• Maior exigência de recursos cognitivos
• Efeitos mais prolongados
Fatores cognitivos
• Decisão da seleção da estratégia é influenciada pela sua complexidade
• Preferência por reavaliação se o processo for facilitado
Fatores motivacionais
Quando o objetivo é a regulação a curto prazo:
• Distração para estímulos de alta intensidade emocional
• Reavaliação para estímulos de baixa intensidade emocional
Os dados mostram que usamos as estratégias de forma deliberada com o objetivo de regulação
emocional, mesmo quando os processos associativos vão na direção oposta
• Funções executivas podem reverter a tendência de resposta guiada pelos processos associativos
• Com a repetição dos processos de regulação emocional explicitos num determinado contexto é possível
tornar essa estratégia mais implicita/automática (Braunstein et al. 2017)
• Ao tornar-se mais automática: diminuem os custos associados à sua implementação (menor necessidade
de análise situacional e elaboração da informação)
Psicologia Cognitiva - GO - 2023/2024 14
Regulação emocional: dados clínicos
Na regulação emocional explicita
• Maior dificuldade na regulação emocional em individuos com perturbações da ansiedade e depressivas
• Uso de estratégias maladaptativas como ruminação (pensamento obsessivo sobre o mesmo tema) e supressão
expressiva (ocultar ou inibir resposta emocional) - D'Avanzato et al. (2013)
• Menor uso de estratégias adaptativas como aceitação, resolução de problemas e reavaliação cognitiva- Visted et al.
(2018)
Relembrar que o sistema para ser adaptativo tem de ter flexibilidade de resposta
Dados apontam para uma regulação emocional muito inflexível em pacientes com perturbações afetivas – Aldao et al.
(2015) - Consequências?
Efeitos:
• Redução de sintomas de ansiedade e depressão (Mennin et al., 2015)
• Redução dos sintomas através de regulação emocional e manutenção da alteração 9 meses após o
tratamento (Renna et al. 2018)
Mecanismos:
• Promoção de mudanças na atividade cerebral resultantes da terapia
• A regulação emocional bem-sucedida geralmente envolve:
• aumento da atividade nas áreas pré-frontais (por exemplo, córtex pré-frontal dorsolateral) – melhor
controlo cognitivo
• diminuição da atividade nas áreas límbicas (por exemplo, amígdala) – redução da resposta maladaptativa
a estímulos emocionais
• Este padrão tem sido frequentemente encontrado em pacientes ansiosos e deprimidos após terapia (Messina
et al., 2016).
Richard Lazarus - Lazarus, 1966; Lazarus & Folkman, 1984; Lazarus, 1991
• Muito influente no estudo das emoções e em particular no estudo stress
Appraisal primário:
• Avaliação inicial da situação (positiva, negativa, neutra)
• Se negativa e potencialmente ameaçadora preciso de appraisal secundário
Appraisal secundário:
• Determinar os recursos para lidar com a situação (tenho uma estratégia de coping eficiente? – próximo slide)
• Interage com a avaliação do appraisal primário
• Tenho recursos suficientes para lidar com a situação? A situação é um desafio
• Tenho recursos insuficientes? A situação é uma ameaça
Reappraisal: reinicio do processo; constante reavaliação da situação com base na nova informação
Coping: tentativas cognitivo-comportamentais de gerir exigências externas ou internas que são avaliadas como
excedendo os recursos do individuo (Lazarus & Folkman, 1984)
Estratégias de coping:
• Focadas nas emoções – alteração do estado interno do individuo
• Focadas no problema – alteração das condições da interação individuo-ambiente