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Copyright © 2023 Adriana Luna

Todos os direitos reservados.

Capa
Marcia Nunes

Revisão
Adri Luna

Texto em conformidade com as normas do novo acordo ortográfico da


língua portuguesa (Decreto Legislativo Nº 54 de 1995).

1ª Edição - 2023

Todos os direitos reservados.


Proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por
qualquer meio, mecânico ou eletrônico, incluindo fotocópia e gravação,
sem a expressa permissão da autora. A violação dos direitos autorais é
crime estabelecido na lei Nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código
Penal.
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__
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos são mera
coincidência.
Dedico este livro a todos que já tiveram um amor não correspondido. Aos
que amaram por dois, para só então descobrir nos braços de outro o que é
amor de verdade. Aos românticos incuráveis que ainda não encontraram
um amor, mas não perdem a esperança de vive-lo.
Nota da autora — Aviso de gatilhos

Este livro contém cenas de sexo explícito, bem como podem despertar gatilhos relacionados a
abuso sexual e psicológico, e uso excessivo de drogas e álcool. Contém cenas de violências e
palavras de baixo calão.
Sua saúde mental é o mais importante, caso não se sinta confortável com a leitura, pare
imediatamente e nos encontramos em um próximo livro.
Capítulo 01
Gregório (Grego)

Setembro de 2020.
Ir à praia quando tem todo um morro para controlar é quase
impossível. A minha vida é na Rocinha, lá é o meu mundo. O mundo que
mando e desmando.
Praia, minas com os biquínis enfiados na bunda e a orla de
Copacabana pegando fogo. Hoje tirei o dia de folga.
— Uma gelada aí, patrão? — Sentei em uma cadeira me protegendo
em um guarda-sol. — Valeu — agradeci quando ele retornou com o que
pedi.
Eu estava de boa. A minha única intenção era fechar os olhos e ouvir
as ondas, mesmo com a praia cheia. No entanto, os meus planos de manter
os olhos fechados mudaram quando a minha mente parou de funcionar. Por
alguns segundos, os meus olhos pararam na deusa que saia do mar. Parecia
até uma sereia. Desejei ser o sol que beijava o seu corpo, a água que
percorria pela sua pele. Os bicos dos seios duros e o desenho da sua boceta
marcado pelo minúsculo biquíni, me deixaram até com água na boca.
Baixei os óculos de sol para poder admirá-la melhor, aquilo precisava ser
visto sem filtros. Caralho de mulher gostosa! Eu nunca a vi na comunidade
e nem tenho certeza se ela já frequentou alguma, suas atitudes não foram
reveladoras.
O meu telefone tocou, eu vi que era meu subgerente, mas ignorei.
Eram só algumas horas ele poderia cuidar de tudo. Continuei lá, viajando na
gata que agora estava com a traseira empinada para o sol. O deve estava
chamando.
— Alô.
— Grego, cadê você? Tem uns comédias querendo subir o morro.
— Você não consegue resolver essa parada Marcelo? — indaguei
contrariado.
— Resolveria se não fosse problema com o Vidigal que você pediu
para resolver pessoalmente.
— Chego em alguns minutos.
Dei uma última olhada para a mina que refazia o nó do biquíni. Isso
estava me fazendo salivar.
“Espero que seja mesmo urgente”.
— Oi, oi… — A voz adocicada me fez olhar para trás imediatamente.
Era ela, a minha sereia. Estava com a minha carteira nas mãos sacudindo no
ar, enquanto vinha até mim. Parei de repente e ela bateu com tudo contra o
meu corpo, como uma bicicleta sem freio. — Ainda bem que te alcancei —
disse ofegante, com aqueles olhos que pareciam dois caramelos me
encarando.
— Obrigado sereia — Pisquei o olho antes de dar um belo sorriso
para minha gata cor de canela.
Depois desse dia, fui religiosamente todos os dias até a praia de
Copacabana, para que eu pudesse vê-la outra vez. Porém, nunca mais a vi.

***

Novembro de 2022 dias atuais…

— Acharam a Bruna? — indaguei impaciente.


— Ainda não chefe.
— Como ela desceu o morro a essa hora da noite e ninguém passou o
rádio, porra? Quem era os foguetes que estavam na saída? Quem ajudou?
— gritei
— Relaxa, Grego. Geral está procurando por ela.
— Me acompanhe Marcelo. Vamos descer o morro.
— Já é parceiro — disse entrando no carro.
— Onde está o drogado do Júlio? — perguntei pelo pai da Bruna,
logo que assumir a direção do carro.
— Sei não. O cara sumiu depois que entregou a mina para você.
Rodamos por vários bairros, em busca dela, até que a encontramos.
Ela vagava pelas ruas, sozinha.
— Ali, ali… — Apontei
— É ela. — confirmou Marcelo.
— Pega o clorofórmio — ordenei. A última coisa que eu queria era
um escândalo na rua, e eu sei que ela faria. Seria assim até ela entender que
eu a quero para caralho. — Bruna — gritei, saindo do carro.
Ela nem sequer olhou para trás, apenas ainda corria como louca pelas
ruas, até tropeçar e cair de cara no chão.
— Não machuca ela — ordenei para Marcelo que se aproximava dela.
Ela não teve chance de reação, ele logo colocou o clorofórmio no seu
rosto. Bruna apagou em segundos. Peguei-a nos meus braços, vendo o
sangue escorrer pela sua pele fina machucada pelo tombo no asfalto.
— Entra, chefe. — Marcelo abriu a porta traseira do carro.
Eu me sentei com ela em meu colo. Acariciei os seus cabelos e sua
pele durante o caminho. Era macia e os cabelos sedosos. Ela nem imagina o
quanto eu a procurei por longos meses.

***

Alice Gonçalves
Acordei, mas precisei forçar os meus olhos a abrirem, filho da puta do
Mateus, ele estava me traindo com a minha melhor amiga, e agora que
merda é essa?
Forcei os meus olhos novamente, minha cabeça estava pesada, minha
vista estava um pouco embaçada.
“Mas que merda de lugar é esse? ” Indaguei quando minha visão foi
ficando nítida.
Lutei para me mexer, mas meu corpo estava pesado até que a porta se
abriu e um homem alto, como muitas tatuagens pelo corpo, entrou.
— Acordou minha sereia? — Sua voz saiu como veludo enquanto me
analisava em cada centímetro.
Sereia? Quem é sereia? Quem é esse homem?
— Não sei do que está falando — pronunciei com dificuldades.
— Relaxa, está tudo bem, você me assustou Bruna, onde você estava
com a cabeça para descer o morro desse jeito, geral sabe que sou ligado na
tua.
— Quem é Bruna? — Ele me olhou confuso e levantou indo até a
porta.
— Qual foi Marcelo, drogaram a mina porra? — Eu o ouvi perguntar.
— Claro que não mano, quem iria fazer um bagulho desse com a
Bruninha.
— Bruninha, o quê? Vaza.
Ele gritou para alguém e voltou, caminhando em minha direção.
— Você pegou a pessoa errada — tentei falar alto, mas sussurrei.
— Shi…. — Colocou o dedo sobre aos meus lábios desenhando e
pressionando os dedos com delicadeza, parecia salivar os fitando. Ele me
olhou da forma que eu sempre desejei ser olhada por Mateus, o meu noivo
que estava pegando a minha melhor amiga. Uma lágrima caiu dos meus
olhos, eu o amava tanto. — Porque está chorando minha sereia? — Beijou
meu rosto enxugando a minha lágrima, poderia parecer loucura, mas
naquele momento eu me senti reconfortada por um estranho e que
aparentemente me manteria presa ali.
— Quem é você?
— Seu futuro, minha sereia — Ele é completamente apaixonado por
essa Bruna e eu senti inveja dela.
Quem é essa Bruna que se parece tanto comigo a ponto de ser
confundida? Meus olhos passearam pelo quarto masculino em um tom azul-
marinho e lá estava uma foto imensa de corpo inteiro, a Bruna, ela é a
minha cópia, pois aquela mulher parada ao pé do morro em um fim de tarde
de braços abertos imitando o Cristo redentor não era eu.
— Gostou da foto? Mandei ampliar, eu durmo e acordo te olhando,
minha sereia, você não sai da minha cabeça desde a primeira vez em que eu
te vi. — Disse orgulhoso.
Meu coração estava destruído, minha alma quebrada, um peso enorme
no coração, eu teria que sair daqui e volta para minha casa, para minha
família, para Mateus? Ainda não tinha certeza, olhei novamente para aquele
homem que agora alisava a minha pele e colocava curativo em minhas
feridas, me tocava delicadamente e eu fechei os meus olhos me permitindo
ser cuidada por ele.
Capítulo 02
Bruna Silva

A comunidade nunca foi o meu lugar, eu não nasci com esse rosto de
anjo e essa pele perfeita para ser mulher de traficante, ficar às vezes, sim,
mas nada, além disso, eu nasci na comunidade, e ela está no meu sangue o
mesmo que eu sacaria se pudesse. Gregório Martins, o dono da Rocinha,
para onde eu me mudei a uma semana com o meu pai, esse filho da mãe
infeliz acha que pode ser meu dono, eu nunca vou me curvar a ele, eu nunca
vou me curvar a periferia.
Já passava das onze da noite, e eu estava pronta para deixar esse lugar
antes de ser entregue como objeto a esse homem, ele é ardiloso, ele vendeu
drogas ao meu pai, ele o endividou, e me pediu em troca da dívida, eu
nunca serei de marginal nenhum.
Eu corria igual a uma louca pelas estradas, o mais rápido que
conseguisse, porém, ainda sem rumo.
— Alice, pare de loucura, entre no carro. — Alguém cortava luz no
carro e me seguia.
Quem é Alice? Me perguntei.
— Alice pare de loucura — dessa vez ouvi uma voz feminina
gritando e parei para olhar sem notar que ainda estava no meio da via e a
Luz forte me acertando foi a última coisa que vi antes de acordar em um
quarto luxuoso de hospital.
— Onde estou? — Abri os olhos com dificuldade.
— Minha princesa, como você está? Consegue me ver? Está me
ouvindo? Sabe quem sou eu? — Uma mulher de meia-idade perguntava em
meio aos soluços.
— Estou bem, senhora — pronunciei com dificuldade.
— Não sabe quem eu sou? Meu Deus, que tragédia — se agarrou
alarmada ao homem ao seu lado que parecia ser seu marido.
— Alice, olhe bem para mim, eu sou o seu pai e essa a sua mãe —
meu corpo gelou, quem diabos é Alice?
— Mateus, que bom chegou, ela não lembra de nada, Mateus — a
mulher falava ainda com histerismo.
— Calma Isabel, ainda não falamos com os médicos.
— Não lembra de nada? — O homem pareceu feliz com a notícia,
embora tivesse tentado disfarçar. — Como está se sentindo? — Se
aproximou me tocando.
Ele era lindo, cheiroso e tinha um sorriso glorioso, pele linda, cabelos
lisos e loiros, um porte atlético e o principal um burguês. Quem quer que
seja Alice, ela é rica e eu desejo que ela esteja morta, mas o quanto sou
parecida com ela?
— Doutor, ela não lembra de ninguém — Isabel disse desesperada,
agora eu sabia o nome dela.
— Vamos fazer exames, aguardem lá fora, por favor.

***

No dia seguinte…
— Ela não teve nada que afetasse a sua memória, pode ser
relacionado a algum trauma, vamos esperar, ela virá a consultas periódicas e
vamos ver se tem evolução, enquanto isso, levem ela para casa e vivam
igual e o mais normal possível — Recomendou o médico.
Eu estava um pouco aflita, temerosa, mas se algo desse errado, eu
apenas fingiria amnésia, eu estava tendo a chance de ter tudo que eu sempre
quis.
Remorso? Eu não sinto nem um pouco, Alice? Que se dane, eu tenho
os pais dela, as coisas dela, o namorado gato dela e o mais importante todo
o dinheiro dela.
Embora tivesse algo de errado nos olhos de Mateus, eu ainda não
sabia o que ele escondia, até uma loira entojada aparecer na clínica me
chamando de amiga. A troca de olhares que eles lançaram os denunciou, eu
sorri com a descoberta. Pobre Alice, traída pelo namorado, com a melhor
amiga.
Rejeitei o abraço falso da cobra, eu seria a pior versão da Alice que
ela já conheceu e sobre o traidor do Mateus veremos se ele me agrada.
— Pai, mãe, me leve para casa — pedi manhosa.
— Claro, minha princesa.
Eu estava ansiosa por todo o caminho, queria saber onde Alice
morava, eu estava em um carro de luxo blindado, me perguntei o porquê de
tanta segurança.
O meu queixo caiu, eu esperei que Alice morasse em uma cobertura
no Leblon, ou em um edifício de luxo em Copacabana, mas não, o destino
me trouxe para uma mansão em Ipanema.
“Puta merda, que lugar é esse? Morri e estou no céu. ”
Eu nunca havia entrado em uma mansão, meus olhos saltaram para
tanto luxo, e tanto empregados, e no tamanho da piscina, e esse jardim,
preciso de um veículo para sair de casa e chegar até o portão principal. Por
dentro tinha mais luxo, eu tentei controlar o meu entusiasmo, mas eu estava
eufórica.
— Esse é o seu quarto, meu amor, lembra dele? — indagou César, o
pai de Alice.
Acenei com a cabeça que girou, cai sentada vendo as fotos da tal
Alice que estavam espalhadas pelo quarto, somos idênticas, e isso só seria
possível se fossemos irmãs gêmeas, e se esse for esse o caso cresci no lar
errado. Senti inveja dela, cercada de luxo enquanto eu? Vivi na
comunidade, comendo restos e tendo que aguentar um velho drogado e
bêbado que me deu em troca de uma dívida.
Essa também é minha casa, esses também são os meus pais.
— Deixaremos vocês dois sozinhos. — Disse Isabel deixando eu e
Mateus no quarto, porém com a porta aberta.
— Alice? Estamos bem? — Indagou Mateus abaixando na minha
frente.
— Não sei? Havíamos brigado?
— Você ficou nervosa, saiu correndo, eu estou com você, Alice,
nossos pais esperam que esse relacionamento dê certo. — Estava estampado
nos seus olhos, esse homem me detesta.
— Certo Mateus, estamos bem. — Ele beijou friamente a minha testa
levantando enquanto suspirou entediado me deixando no quarto.
Que se dane Mateus, eu sou milionária, eu posso ter o que eu quiser,
quem eu quiser na hora que eu quiser.
Andei para conhece o imenso quarto que dá dois das casas do morro,
abrir as gavetas e não! Gargalhei. Ela escreve diário, que fofa.
“Mateus, eu te amo” isso estava escrito por toda a capa, pelo menos
para uma coisa esse troço iria servir, eu iria conhecer a Alice, e assim deixar
a minha nova família feliz quando “minhas memórias” estiverem voltando.
Sai do quarto, a casa é imensa, eu certamente me perderia aqui dentro.
Ouvi vozes alteradas vindo de um quarto e me aproximei da porta.
— Que merda você fez Mateus? Se ela tivesse morrido, a culpa seria
sua. Pare com seus casos e se concentre na sua prima, não temos nada,
Mateus, nada, se aquela menina mimada te deixar vamos para rua,
entendeu?
— Eu não aguento mais ela, eu não suporto essa garota pai, ela vive
no meu pé, ela me sufoca, ela é chata, boba.
— Marque o casamento se não quiser ir morar em uma favela
qualquer.
— Isso não é vida, pai — retrucou
— Experimente uma vida de pobreza e logo beijará os pés daquela
garota — disse irritado.
Então é isso? Um pobre que depende do dinheiro da querida Alice,
não gosta da versão chata e pegajosa, meu primo? Deixarei a sua vida mais
animada.
Isso aqui será divertido. Respirei fundo, até o ar aqui é melhor.
— Alice? — Indagou meu priminho saindo do quarto, me olhando
sempre assustado, é difícil viver quando se deve.
— Sim, meu amor? — falei manhosa
— Deveria repousar, vem vou te levar até o seu quarto.
— Sim, me ajude — envolvi os meus braços em seu pescoço sentindo
aquele cheiro maravilhoso, passei a mão sentindo seu abdômen sarado.
“Priminho teremos muitos momentos de diversão. ”
Capítulo 03
Gregório (Grego)

Velei o sono da minha sereia, eu estava literalmente babando por ela,


ainda ria incrédulo, desejei muito esse momento.
— Grego, chega aí. — Marcelo como sempre corta o meu barato.
— Fala mano. — disse saindo do quarto com ele.
— Você vai passa a noite toda aí babando na mina, porra?
— E daí? Você está incomodado com o quê? Fica na tua, faz o teu sai
da minha cola.
— Tem umas paradas para resolver, come logo a mina para essa
fissura acaba.
— Quem manda nessa bagaça sou eu, está maluco? Está doido porra,
respeita a mina está ligado, a mina é minha, parceiro.
— Está geral falando que você pegou uma mina rodada, ela estava no
Vidigal, antes de vir para Rocinha, até Diego já pegou a mina. — disse em
um tom de alerta…
— Que porra você está falando? Ela veio do Vidigal?
— Estou falando para você, a mina veio de lá, ela vivia em sampa,
sabe Deus o que ela aprontou por lá, se liga Grego para você não sair como
otário.
— Fica suave, vou saber dessas paradas que tu está me dizendo.
Eu estava ansioso, não ia esperar o dia seguinte te para ligar para
Diego.
— Fala Gregório — Disse com sorriso na voz.
— Mano deixa eu mandar a real para você, sabe a Bruna, cabelos
escuros, pele bronzeada, olhos castanhos, um sorriso doce, uma voz
tranquila?
— Caralho Grego, você está falando de uma mulher ou uma freira —
Gargalhou. — Porra, Bruna, deve ser a que tem um pai drogado, uns
peitinhos firmes, bunda bem durinha…
— Diego, ela está comigo, tá ligado? — Ele tornou a gargalhar.
— Você vai assumir a vagaba? — Aquelas palavras me incomodaram,
mas eu queria ouvir mais.
— Vagaba por quê?
— A mina dava sem seleção, Grego, e vivia arrotando que queria um
playboy para tirar ela da comunidade, aquilo não é mulher para você não
mano, se ela está aí alguma coisa ela quer, botei para correr daqui, tá
ligado? Não respeitava as fiéis dos comparsas.
— Entendi, beleza, mas ainda assim ela está aqui comigo, então
segura a onda beleza.
— Relaxa aí Grego se você assumir a mina geral vai respeitar, você é
dos nossos, parceiro, se você tiver problema entra em contato que geral
resolve isso aí beleza.
— Então, tranquilo, fica na paz, Diego — Encerrei a ligação e
Marcelo ainda me encarava.
— O que foi? Desapontado? Se apaixonasse por uma miragem porra,
tipo aquela sereia que canta só para deixar os caras babado, mas é mó chave
de cadeia.
Bruna havia chegado aqui na comunidade a uma semana, não tive
tempo para conhecê-la, eu apenas a reconheci e a quis, eu sempre quis
desde o dia da praia, sou pirado na mina, então meu ouvido se fechou para
os comentários, pelo menos naquele momento.
Voltei para o quarto, ela estava bem machucada e eu cuidava disso,
sua pele dourada me deixava louco, e macia nunca toquei uma pele tão fina
e frágil.

***

No dia seguinte, eu estava sentado à mesa quando a vi descendo,


vestida com minha camisa, que porra ela é muito sexy.
— Desculpe, não tinha outras roupas, espero que já se incomode —
fiquei em silêncio a observado, ela é muito fina e educada. — Sua casa é
bem confortável, é bem grande, eu já vi as casas algumas vezes da orla, eu
achei que fossem menores. — Olhei confuso para ela, que merda, ela bateu
forte a cabeça.
— Está com fome? — Apontei para a mesa.
— Hum… eu não como muito pela manhã. — Torceu o nariz, olhou
ao redor e tornou a falar.
— Alice, muito prazer. — Estendeu a mão em minha direção.
— Gregório, o prazer é meu — respondi estudando-a.
— Então, quando voltarei para a minha casa? Não pense que sou mal-
agradecida, pelo contrário, estou grata por ter me ajudado, não lembro bem
do que aconteceu a noite, eu estava desnorteada. — Seus olhos enchem de
lágrima e eu continuo a olhar em silêncio. — Eles estavam juntos, no
jardim da minha casa. — Sorriu com amargura, cheguei a uma conclusão,
ela usa drogas, ela não é normal.
— Ok, Alice, onde você mora? E quem você pegou no jardim da sua
casa? — Perguntei interessado.
— Mateus, o meu noivo, e a minha melhor amiga. O que ela tem que
eu não tenho? — Fala sério, porra a mina está chorando por outro na minha
frente.
— Alice, deixa eu te dizer uma coisa, vem aqui. — Fiz sinal com o
dedo batendo na cadeira ao meu lado em seguida.
— Mateus é um babaca, você é linda para caralho e se ele não quer eu
quero, é só você querer também, entendeu? — Meus olhos passearam pelas
imensas pernas e não resistir tocando.
— O que está fazendo? — Sobressaltou rápido se afastando.
— Eu não agrado você? Posso não ser um playboy, mas tenho muito
dinheiro, posso te dar tudo que você quiser.
— Eu só quero ir para casa — cruzou os braços carrancuda.
— Que casa Bruna? — Indaguei irritado trazendo-a para a realidade.
— Teu pai invadiu um barraco, agora está na rua, está devendo droga, e eu
estou a fim de matar aquele velho que só arruma problema, tá ligada? Só
não apaguei o coroa por consideração a você — ela me olhou assustada
diante da minha reação alterada. — Deixa eu te mandar a real, geral está
dizendo que você é uma vadia, mas gosto de você para caralho. Vou te dar
moral, você vai ficar aqui na minha casa, me diz o que você quer, se você
quer ficar pulando de comunidade em comunidade ou se você, quer ficar
aqui comigo.
Ela parecia analisar tudo que eu estava falando, seu olhar estava
agoniado com a boca contorcida, eu não fazia ideia do que se passava na
cabeça dela e que viajem é essa de Alice ou Mateus, mas não esperei esse
tempo todo para nada.
— E aí Bruna? Decide e me fala.
— Quem é meu pai? Vai deixá-lo na rua? — Ela indagou.
Eu tentava achar resposta para essa loucura da cabeça dela, e só droga
me vinha a mente, caralho a mina tão linda, ela não parece ser usuária de
droga.
— Quer que eu ajude seu pai? Ele me vendeu você por droga. —
Mandei a real para ela
Ela parecia confusa, e até um pouco assustada.
— Se eu não quiser ficar? Vai me manter a força aqui? — Estreitou os
olhos me encarando.
Não vou negar que essa era a minha intenção, mas preferi deixá-la em
dúvida.
— Posso te dar motivos para querer ficar? — Me aproximei menos do
que eu gostaria, mas valia a pena tentar.
Capítulo 04
Alice Gonçalves

Ele se aproximou o suficiente para me deixar desconfortável, tocando


no meu rosto suavemente, fitando bem os meus olhos.
Eu não sou quem ele pensa que sou, mas, parece que ele não acredita
em nada que falo, eu lembrei do meu pai. Eu não deveria estar aqui!
— E se não existir motivos para me fazer ficar? — indaguei.
Ele se aproximou ainda mais passando as mãos pela minha cintura.
Uma onda de calor incendiou o meu corpo, e cada pelo meu se arrepiou,
não era só pelo toque, mas a sua voz, o seu cheiro é o seu olhar me
penetrava sem a mínima autorização.
— Você ainda não me deixou tentar — sussurrou.
Mordi os lábios, nervosa, Mateus é o meu primeiro e único e nunca
ficamos tão próximos.
— Eu não sou a Bruna — tornei a dizer.
A afirmação foi, mas para mim do que para ele, eu parecia ter
esquecido disso por alguns segundos.
— E se foi você a pessoa que procurei todo esse tempo?
— Procurou? — Minha voz soou surpresa.
— Muito — respondeu, baixo e provocante, ele é um homem lindo,
embora tenha um estilo bem diferente do que estou acostumada a ver.
Ele desenhou os meus lábios com o dedo polegar de uma forma
gostosa, enquanto a outra mão segurava bem os meus cabelos segurando o
meu rosto próximo ao dele.
— Quero te beijar — parecia pedir permissão.
— Mas eu não quero.
Eu queria ter dito com firmeza, mas minha voz saiu fraca e falha e
isso foi o suficiente para ele achar que poderia encostar os seus lábios nos
meus, me forçando a abrir a boca e receber a sua língua que pedia por
espaço e procurava a minha. A minha língua ganhou vida brincando com a
dele, ele mordeu levemente o meu lábio inferior e eu gemi, sentindo suas
mãos apertando a minha cintura.
“Eu preciso parar, sim, eu preciso”.
— Tudo bem, posso ficar por uns dias — Afirmei meio zonza.
Ainda não acredito que disse isso, mas eu disse o fazendo sorrir
satisfeito, embora eu soubesse que eu não teria muita opção a não ser
aceitar.
— Onde esteve todo esse tempo que te procurei Bruna? — Ele me
olhava como quem ver algo especial, e eu estava de fato gostando daquilo,
até minha mente voltar a si e eu olhar tudo ao meu redor.
“Onde eu estou? ”
— Onde eu estou? — indaguei alto dessa vez.
Andei apressada até a janela, a casa ficava no alto do morro e eu
conseguia ver várias ruas, de fato uma localização privilegiada na
comunidade.
— Na Rocinha, minha sereia.
Pensei nos meus pais, eles devem estar desesperados, me procurando,
imaginei notícias em todos os canais, meus pais fariam isso com certeza,
mobilizaram até a CIA se fosse preciso.
— Posso ver o noticiário? — indaguei despretensiosamente.
— Quer ver repórter agora? Você ainda nem comeu minha sereia,
venha se sentar aqui. — Pronuncio carinhosamente me apontando a cadeira
ao seu lado, era impossível resistir atendê-lo com essa voz adocicada e
envolvente.
— Você fez tudo isso? — indaguei surpresa pela quantidade de coisas
sobre a mesa.
— Não, pedi para um avião passar na padaria antes de você acordar.
— Obrigada por ser atencioso. — Ele parecia achar graça nas minhas
palavras, como se eu falasse coisas de outro mundo, e eu estava apenas
sendo educada.
— O que você faz? Você trabalha? — indaguei e ouvi uma gargalhada
alta em seguida.
— Claro, minha sereia, eu cuido de tudo aqui no morro, você será a
primeira dama. — Disse divertido.
“Traficante” foi essa palavra que gritou na minha cabeça. Que merda,
Alice, onde você se meteu? Minha única solução era descobrir onde Bruna
estava e resolver essa questão, ele deve ter notícias da filha.
— Quando posso ver o meu pai? — Ele era a minha esperança para
ter pistas da Bruna.
— Vou mandar os moleques procurar por ele — pegou o telefone
mandando um áudio — Marcelo passa um rádio para geral, manda eles
achar o Júlio, a Bruna quer ver ele. — Ordenou.
— Vamos ter algumas regras, já que vou ficar aqui por um tempo —
tive a ousadia de falar.
Ele largou o garfo com um pedaço de bolo no prato para me encarar
com os olhos estreitos.
— Que regras Bruna? — Franziu o cenho e me encarou.
— Cada um dorme no seu quarto, e você só toca em mim se eu
permitir. — Disse firme.
— Você quer colocar regra na minha casa sereia? — Sorriu enquanto
me encarava com os cotovelos sobre a mesa, apoiado a cabeça no dorso das
mãos.
— Eu nunca estive sozinha em uma casa, com um homem, então
tenho as minhas regras.
— Estou doido para quebrar essas regras e mais, estou doido para te
ver implorando para que eu as quebre — sorriu cinicamente.
— É até isso acontecer, espero que você aceite o que pedi.
— Não tenho que obrigar ninguém a nada, minha sereia, mulher
nunca foi problema, está ligada? Estou amarradão na tua, mas se você não
quer está tranquilo.
— Grego sobe aqui na 15, tem problema irmão. — A voz veio do
rádio que estava sobre a mesa.
— Qual foi Marcelo? — Ele levantou em alerta
— Chega aqui irmão, a notícia não é boa não.
— Estou indo agora. — Ele saiu apressado sem se despedir.

***

Gregório (Grego)

— Qual foi Marcelo? Caralho! — Olhei com espanto vendo o velho


esticado no chão próximo a boca. — Quem fez isso? Porra, a Bruna vai
surrar.
— Sei não, mas acho que ele exagerou nas drogas, fora as garrafas de
álcool. Foi tarde esse mano aí. Você vai trazer a mina aqui?
— Claro que vou porra é o pai dela.
— Pai, um caralho, o velho vendeu ela. — Ele retrucou.
— Ela pediu por ele hoje de manhã, vou voltar lá e falar com ela.
Eu não sabia exatamente que tipo de relacionamento eles costumavam
ter, mas perde um pai, não deve ser bom independente do caráter dele.
Cheguei em casa e ela parecia decepcionada vendo a televisão.
— Qual o problema, minha linda?
— Não, nenhum. — pronunciou com a voz partida.
— Então Bruna, encontramos teu pai, só que a parada é a seguinte,
você está ligada que ele vinha usando drogas demais, não tem coração que
aguente isso não Bruna, para tudo tem um limite e ele excedeu, tá ligada?
— Eu não tinha o menor jeito de dar notícia ruim normalmente eu só
executo e mando levar, mas ela sacou o que eu queria dizer e sentou com os
olhos marejados.
— Ele morreu? Foi isso? — Seus olhos ainda tinham lagrimas de
quando eu entrei.
— Ele exagerou Bruna.
— E agora? O que eu vou fazer? — Sobressaltou assustada do sofá.
— Você tem a mim. — Abri os braços.
— Mas o problema é exatamente esse.
— Eu sou o problema? Achou que ele ia te ajudar? — Sorri
incrédulo.
— Me deixe pensar, me deixe pensar — Repetiu andando de um lado
para o outro.
— Bruna, eu sei que você não quer estar aqui, mas relaxa, vamos ver
no que dá beleza, você nem tem para onde ir, aquele velho nem te protegia,
eu quero fazer isso por você.
— Vamos enterrar ele. — Ela agiu como se não estivesse ouvindo nada que
eu dizia.
— A essa hora já devem ter chamado o IML, você quer que eu te leve
lá?
— Não, só me leve ao velório.
Eu estava confuso, não sei bem o que ela está sentindo, ela não
esbanjou uma reação normal.
— Preciso subir Grego — saiu apressada entrando no quarto.

***

Alice Gonçalves
A notícia me pegou de surpresa, eu estava mais sozinha do que antes,
em um lugar desconhecido, com um desconhecido, eu não fazia ideia do
que esperar dele, a não ser a obsessão que ele tem pela Bruna, eu não sabia
mais nada sobre ele, e a minha família? Porque não estão me procurando e
Mateus, eu queria vê-lo.
Capítulo 05
Alice Gonçalves

A noite chegou e após muitas lágrimas fui vencida pelo sono. Sonhei
que Mateus entrava no meu quarto, com um sorriso cínico que ele tem, o
mais lindo que eu já vi. Ele acaricia a minha pele começando pelas minhas
pernas subindo em minhas coxas, que sensação maravilhosa, relaxei na
cama permitindo o seu toque, até senti seus lábios tocando a minha pele, e
uma combustão tomou conta de mim.
— Que delícia, Mateus! — Gemi, achei que tinha feito o sonho, mas
o fiz alto demais.
— Que Mateus porra! — Acordei assustada com os gritos de protesto.
— O que faz aqui? — Me encolhi na cama.
— Nada! — Disse irritado.
— Você, você…. Estava me beijando, me acariciando? — indaguei
indignada.
— Fiz e daí? — Ele deu de ombros e aquilo me irritou até a morte.
— Cínico, tínhamos um acordo, esqueceu?
— Nunca fiz acordo com você, e mesmo que tivesse feito, é você
quem está no meu quarto — Olhei ao redor e voltei a encará-lo.
— Onde fica o meu quanto? — Levantei disposta a ir para lá.
— Só tem um nessa casa, para que eu iria querer mais de um quarto?
— Então durma na sala. — Retruquei.
— Eu? É você quem não quer dormir comigo, durma você na sala. —
Olhei com ódio, eu dormi no sofá?
— Na minha casa tem muitos quartos, inclusive o meu — Disse
irritada.
— Certo Bruna, contanto que a sua casa seja aqui na Rocinha, você
pode ir quando quiser. — Deu de ombros.
— Não, não é. — Disse entredentes.
— Então está decidido, você dorme aqui na minha cama comigo ou
no sofá, e se chamar o nome“ Mateus” novamente corto sua língua fora,
você tem que gemer, o meu nome.
— Por que eu teria que gemer o seu nome?
— Simples — Sentou-se ao meu lado na cama acariciando meu rosto
— Você foi usada para pagar drogas — a sua voz era suave — Esqueceu?
Você é minha. — Uma careta de ódio se formou no meu rosto, quem ele
pensa que é? Dizer que não sou a Bruna já se tornou exaustivo, agora só me
resta conseguir sair daqui.
— Se arruma, vamos ao enterro do teu pai, estou fazendo isso por
você, então vê se agradece.
Levantei irritada, batendo os pés a caminho do banheiro até me
lembrar que não tinha roupas e retornar.
— Não tenho o que vestir.
— Comprei umas paradas para você, está no meu armário.
— Obrigada. — Disse desdenhosa.

***

Bruna Silva

Sonhei a noite toda com a delícia do Mateus, que homem


maravilhoso, só preciso conferir se ele corresponde aos meus mais loucos
sonhos eróticos,
Não resistir indo até o quarto dele, que dormia esparramado com uma
camiseta e cueca box. Que delícia! Umedeci os lábios, imaginando tudo
aquilo para mim.
Deitei ao seu lado, caminhei com meu dedo indicador pelo seu braço
até chega no seu rosto desenhando suas sobrancelhas graças.
— Que porra, Alice, você me assustou — Sobressaltou alarmado.
— Sustei? Nunca te fiz surpresas matinais? — Sorri com cinismo.
— Saia! Se seus pais te pegam aqui, eles matam você e eu.
— Sério? Está proibido de avançar o sinal minha delícia? —
pronunciei colocando suas mãos sobre os meus seios e gemendo gostoso
para ele que puxou a mão rapidamente como quem leva um choque elétrico.
— Está louca?
— Que merda, Mateus achei que você fosse homem, até sonhei com
você bem aqui, me fazendo ter orgasmos múltiplos, me fodendo gostoso.
— Enlouqueceu Alice? Por que está falando igual a uma vadia?
— Você não gosta das vadias priminho? — Fiz bico pegando a sua
mão e levando até a minha intimidade úmida por cima da calcinha. — Você
só precisa afastar para o lado. — Disse com malícia.
— Você está louca! — Levantou rápido da cama com a ereção visível.
Não iria demorar muito para ter esse mauricinho entojado uivando feito um
lobo na minha cama.
— Vou descer para tomar café da manhã, ou prefere tomar um banho
comigo? — Umedeci os lábios a fim de provocá-lo. Eu estava achando tudo
bem divertido.
— Desça, eu desço em seguida.
— Que pena! — Dei de ombros sorrindo, saindo do quarto em
seguida.
— Bom dia, minha querida. — disse Isabel vindo ao meu encontro.
— Como a minha princesa está se sentindo?
— Me sinto bem.
“ Bem até demais”.
— Mandei fazer tudo que você gosta. — Me levou até a mesa. —
Paula veio te visitar, estávamos conversando.
Sim, “a melhor amiga de Alice”.
— Bom dia, Paula, não te esperava tão cedo — desdenhei.
— Claro que viria, amiga, você não deve estar bem.
— Engano seu, eu estou ótima, nunca estive melhor. — Girei de
braços abertos para ela que me olhou como uma cobra pronta para dá um
bote e eu claro gargalhei, ela não faz iria com quem está se metendo.
— Bom dia! — A voz de Mateus tirou totalmente o seu foco de mim.
Eles estão visivelmente envolvidos, ele está bem interessado nela,
mas a julgar por essas roupas e todo esse cuidado excessivo dos pais, Alice
vive numa redoma de vidro, o que certamente a tornou numa menina
mimada e chata.
— Venha Mateus, sente ao lado da Alice — Izabel o trouxe para o
meu lado. — Fico feliz em vê-los assim bem. — Continuou.
— Sim, nunca estivemos melhor. — Envolvi os meus braços aos dele,
trazendo o seu rosto para que ele me encarece e eu pudesse sela seus lábios
com delicadeza, e vi os olhos da “minha” amiga queimar de ciúmes.
Minha mão desceu de encontro a sua intimidade, o fazendo quase
pular da cadeira. Nosso ele é muito chato! Ele me olhou atravessado.
— O quê? — Uma mulher não pode querer transar com o noivo?
Mateus arrumou a postura quando viu o pai da Alice se aproximar, ele
ficou tenso, suas mãos suaram.
— Bom dia, tio. — Disse nervoso.
Ele o encarou atravessado e em seguida para a Paula. Ele sabia, é
claro.
— Paizinho bom dia. — Disse manhosa e ele abriu um extenso
sorriso para mim, seus olhos brilhavam. Ele se aproximou e beijou minha
testa com muito carinho, eu senti ainda mais inveja da Alice, eu nunca tive
nada disso.
Capítulo 06
Gregório (Grego)

— Vamos nessa Bruna, eu não tenho o dia todo — Disse ainda


irritado.
Estou dando a maior moral para mina e ela fica sonhando com outro
cara.
— Já estou indo — gritou, saindo em seguida com um vestido curto,
que eu mesmo comprei sem saber que ficaria tão justo, mordi os lábios em
reprovação. Que porra quando foi que me tornei ciumento?
— Vai assim? É o velório do teu pai, coloca outra coisa — Ordenei
sentando no sofá
— Que outra coisa, Grego? Vamos rápido — Puxou o meu braço e
não resistir a puxando de volta me agarrando na sua cintura.
— Estou amarradão em você Bruna — Disse em agonia, e ela desviou
o olhar — O que esse Mateus tem que eu não tenho? — Vi o semblante
apaixonado da mina e logo me arrependi da pergunta. — Deixa para lá,
vamos nessa — A arrastei cruzando a porta.
Chegamos ao velório, só tinha eu, ela, Marcelo e uns chegados. Ela
olhou curiosa para o homem deitado no caixão, eu queria ver a tristeza em
seus olhos, mas não encontrei ainda estava decifrando ela, me apaixonei
pelo que imaginei, e nem sei bem o que eu realmente gostaria que fosse.
Os olhares para ela me incomodaram, ninguém estava me respeitando
nessa porra, envolvi sua cintura em meus braços e fiquei assim até o último
punhado de areia ser jogado sobre o caixão.
— Vou deixar a Bruna em casa e desço para a boca — informei a
Marcelo.
— Beleza, vai lá seguro a onda por aqui.
— Está de boa? — Ela confirmou com a cabeça — Vou precisar
resolver umas coisas agora de manhã, se quiser pode dá uma volta pela
comunidade, conhecer a vizinhança.
Ela entrou em casa se jogando no sofá e eu desci para a boca.
— E aí, como vocês estão? A parada é séria? — Marcelo brincava
com a fumaça do cigarro.
— Ainda não sei, estou conhecendo ela, ela não parece ser o que
estão falando não — Afirmei e ele gargalhou
— Mulher é tudo fingida.
— Então está suave mano, deixa eu conhecer a mina — falei irritado.
— Você que sabe, se eu tivesse no teu lugar já tinha comido, se geral
comeu, você está perdendo moral Grego.
— Quem sabe que eu não comi? Só tu porra.
— Minha boca está lacrada, mas se você colocar a cabeça ali agora
todo mundo está falando de você.
Fiz o que ele disse, me aproximando do quartinho.
— Então ela é gostosa, ela veio do Vidigal. — Disse um dos caras
— Grego vai comer e joga fora, ela dá para qualquer um. — Os
comentários estavam cada dia mais me incomodando.
— Qual dos é a comentários? — Entrei falando irado. — Não quero
ouvir meu nome na boca de geral com esses comentários não, o pai dela me
deu ela em troca de dívida, a mina agora é minha, quem tiver achando ruim
vem falar comigo.
— Então grego está suave.
— Espero que esteja mesmo, a próxima vez que eu ouvir meu nome,
não vou aliviar não.
Marcelo me encarava com um ar de riso, ele estava se divertindo, ele
sabe o quanto procurei por ela, e o quanto sou fissurado nela.
— Então vamos focar no trabalho, vou nas docas hoje receber as
drogas do Paraguai — Ele disse se pondo de pé.
— Quem vai com você?
— Vou levar cinco comigo.
— Acha suficiente? — Achei pouco, mas confio nele.
— Já separei a propina do policial lá.
— Você confia no cara? — Marcelo tinha os contatos com os
corruptos.
— Sim, foi indicação.
— Beleza, então, vou dá uma volta e subir.

***

Alice Gonçalves

Mesmo ele me dizendo que eu poderia descer, eu preferia ficar em


casa, embora eu precisasse dar uma volta e tentar achar uma forma de sair
daqui.
— Bruna — Me assustei deixando o copo cair no chão — Ei, fica
parada — Ordenou vindo rápido em minha direção e me pegou no colo.
— Não seja exagerado, foi só um copo — disse me sacudindo
tentando me soltar.
— Não queria que se machucasse. — Sorriu.
Que sorriso lindo, sacudi a cabeça rápido, afastando qualquer
pensamento indevido.
— Bruna, onde você morava antes de ir para o Vidigal? — Ele
indagou lá da cozinha varrendo os cacos de vidro.
— Eu… — Não fazia ideia do que responder — Ipanema? — Não
sabia ao certo o que deveria dizer para deixá-lo satisfeito.
— Ipanema? — Sorriu vindo em minha direção — Gosta de praia,
minha sereia?
— Sim, eu gosto. — Confirmei, embora eu tenha passado um tempo
fora do país e tenha deixado de ir à praia por um período.
— Estou ligado que você gosta. — Mordeu os lábios encarando a
marca do meu biquíni, ele encurtou a distância entre nós afastando a alça do
vestido — Posso ver a marca toda?
— O quê? — Saltei — Claro que não — Ele gargalhou
— Você é sempre santinha assim ou só faz isso comigo? — Ele
parecia estar afirmando e não perguntando.
— A quanto tempo você me conhece? — Indaguei dando uns passos
para trás
— Hum… — Fez uma expressão pensativa — A uns anos eu te vi
rápido, após esse dia não te vi mais, até você aparecer aqui na Rocinha, e
não me dá bola, ainda estou procurando aquela tua cara abusada de quem
tem o rei na barriga.
— Qual minha expressão agora? — Ele voltou a encurtar a distância
entre nós, eu recuei caindo sentada sofá, ele inclinou-se para mim, nossos
rostos estavam próximos e o seu hálito com aroma doce tomou conta da
minha mente. — Agora sua expressão é de uma virgem que está doida para
foder comigo — Arregalei os meus olhos, nunca ouvi nada parecido.
— Eu… eu? — Gaguejei.
— Sim, quem mais? Se só tem eu e você aqui, aliás deveria me fazer
parar de sofrer, você não imagina quantas eu já comi pensando estava
fazendo com você. — Eu ficava mais chocada a cada segundo. O empurrei
para longe, minha respiração ganhou um ritmo apressado. Mas antes que eu
conseguisse me recompor, já estava ele novamente me encurralando em
seus braços, mas dessa vez com mais ousadia, subindo as mãos pela minha
coxa, apertando com firmeza. Subiu mais um pouco afastando o elástico da
calcinha, senti um tremor por todo meu corpo. O coração bateu a mil por
hora, e algo latejando bem no meio das minhas pernas, ele atacou meus
lábios em um beijo inesperado, porém correspondido, eu estava louca,
sugando a sua língua indecentemente, e desejando que ele me tocasse até
que esse fogo que me queimava sessasse.
Capítulo 07
Gregório (Grego)

Ela estava totalmente entregue, gemendo gostoso no meu ouvido, a


penetrei com um dos meus dedos e ela arqueou as costas, soltando grito
fino, chupava minha língua me deixando enlouquecido, eu não estava mais
aguentando abri minha calça encostando minha intimidade na dela.
— O que está fazendo? — Ela parecia sair de um transe me
empurrando para longe.
— Qual foi Bruna, você estava curtindo também — abracei ela
novamente tentando beijá-la.
— Para, não — se afastou se encolhendo no sofá.
— Porra Bruna, qual foi? Está de onda para o meu lado? — gritei
irado esmurrando a mesa.
Eu não queria, mas fiquei com ódio, ela deu para geral e estava me
rejeitando, logo eu que estava dando moral para ela.
— Eu não quero! — Disse um pouco irritada.
— Não quer por quê?
— Porque não Grego!
— Mentirosa do caralho, você estava todo excitada — retruquei
irado.
— Você não é nada meu, não vou per… — calou-se
— Não vai o quê? — indaguei alto.
— Só acontece se você me forçar — gritou.
— É isso que você quer? Que eu te mostre quem manda aqui? —
Zerei a distância entre nós segurando firme os seus cabelos.
— Mas saiba que se me força eu me mato em seguida — Suas
palavras foram iguais à bala atingindo bem no meio do meu peito.
Eu estava irado, minha respiração pesada e a encarava com ódio.
— Eu não preciso força ninguém, não tá ligada? A hora que eu quiser
ter mulher na minha cama eu tenho — soltei ela e deixei ela sozinha em
casa.
Desci para boca onde Marcelo ainda estava, ele sacudiu a cabeça
negativamente quando me viu irritado.
— Qual foi Grego? — indagou me entregando uma fileira de pó.
— Quero isso não — empurrei para o lado, enchendo meu copo de
bebida.
— Fica suave aí mano, vou chamar uma mina para você aliviar a
tensão.
— Não estou a fim de pegar ninguém, não Marcelo.
— Vai ficar esperando a Bruna parar de faze cu doce?
— Marcelo, me faz uma parada, quero saber tudo dela, você tem
contatos em São Paulo, investiga sobre ela.
— Beleza, se isso vai te deixar mais tranquilo, faço de boa.
— Pelo jeito que falam dela, ela já teria cedido, mas também no dia
que ela abrir para mim parceiro, ela vai ver quem vai ficar correndo atrás de
quem — Falei em tom de promessa.
— Sei não em Gregório, tu nem comeu e já está fissurado na mina.
— Vou fazer o quê? Ela é gostosa para caralho.

***

Bruna Silva

— E aí a memória amiga? — indagou a loira enjoada.


— Está com medo que eu me lembre do que Paula?
— Medo? Quero que fique boa logo — Seu tom era falso, como Alice
nunca percebeu isso?
— Vou ficar, muito obrigada pela preocupação — forcei um sorriso.
Espere pacientemente o dia de pagar por ser uma vadia fura olho.
— Vai para casa agora, Paula? — Mateus se aproximou entrando na
conversa.
— Em cinco minutos.
— Posso te deixar em casa, você não veio de carro — Sugeriu me
mostrando o porquê ela não veio de carro.
— Aí vai ser ótimo, eu acompanho vocês. — disse animada os vendo
trocar olhares.
— Fique em casa e descanse. — Disse Mateus, como se eu fosse uma
menina doente, e facilmente manipulada por ele.
— Pensei que poderíamos parar em um motel e terminar o que
começamos hoje pela manhã, quando você ficou todo animado brincando
com os meus peitos — Minha voz exalava luxúria pronunciada como um
gemido, ele olhou nervoso para a vadia fura olho que ouviu a confissão
surpresa.
— Pare com isso, Alice, está parecendo uma vadia — disse
entredentes.
— Vadia? — Repeti manhosa.
Eu ainda teria esse homem ajoelhado me chupando com um cão
dominado.
— Desculpe! — Retrocedeu.
Eu gostava daquele jogo, os dois interesseiros lambendo meus pés por
dinheiro.
— Tudo bem Mateus a leve — disse como uma menina fofa e tímida,
seu olhar confuso só revelaram a confusão mental que causo nele.
— Eu não demoro — disse entrando no carro com ela.
“ Claro que não só o tempo de uma rapidinha no carro”.
Sorri para ele doce e angelical.
— Não demora amor, vamos assistir a um filme no meu quarto, um
que te deixe bem animado — Sorrir como uma diaba agora os deixando
sozinhos.
Estou pouco me lixando para esses dois. Eu ainda queria conhecer
mais sobre a minha irmãzinha, aliás, um teste de DNA é o meu próximo
passo, se de fato formos irmãs e esses os meus pais biológicos, não tenho
porque não procurar pela Alice já que ficarei no lugar que me pertence.
Pensei várias vezes que ela poderia ter acidentalmente ido parar nas mãos
do Grego, coitada! Ele é um doente sádico que achou que me manteria em
cativeiro.
Peguei a escova da Alice, e cabelo dos seus pais, levarei até um
laboratório assim que possível.
Eu passei dias lendo o diário dela por várias vezes, ela é
extremamente apaixonada pelo Mateus, isso está me deixando receosa para
me envolver com ele, devo confessar que passei a me simpatizar por ela.
César é o nome do pai dela, ele é um juiz respeitado que já julgou
muitos traficantes, e deu ordem de prisão, com certeza se o Grego soubesse
que tem nas mãos a arma para ter tudo que quer desse juiz ele faria um bom
uso além de fodê-la.
— Filha! — César me chamou me tirando dos meus pensamentos.
— Sim, paizinho — Sentei ao seu lado, Alice havia deixado o
telefone celular no quarto e eu vi vários vídeos dela com os pais e a forma
que ela os tratava.
— Quero conversar sobre você e o Mateus, o que aconteceu
exatamente? O que te fez sair pelas ruas daquela maneira?
— Nada pai, tivemos uma discussão boba — Sorri.
— Alice, não o defenda, e principalmente não case com ele se ele te
feriu.
— Não se preocupe, paizinho ele está sob análise, se não for o que
quero eu o deixarei, prometo — O beijei no rosto.

***

Eu estava no quarto do Mateus quando ele chegou quatro horas


depois com um sorriso satisfeito, de quem comeu muito.
— Você me assustou Alice — Disse acendendo as luzes.
— Oi, primo — Disse manhosa.
— O que faz no meu quarto? Já te disse que o seu pai não quer você
aqui — sua voz soou nervosa.
Alice era virgem, eu não tinha a menor dúvida disso, talvez não
porque ela quisesse ser, mas porque esse filho da mãe não tem interesse
sexual nela.
— Meu pai não me quer aqui? Ou você não me quer aqui? — Sorrir
com sarcasmo
— Você está impulsiva esses dias, Alice.
— É você que é fraco, Mateus, que está me vendo escorrer de desejo
e continua me rejeitando. — Abri bem minhas pernas, o fazendo encarar
minha intimidade. — Como você não quer, me vejo no direito de procurar
quem queira — vasculhei nas coisas de Alice e vim que tinha uma
mauricinho na dela, então virei o meu celular mostrando a foto para ele. —
Um encontro talvez e eu resolva meu problema.
Ele arrancou o telefone das minhas mãos irritado jogando longe.
Além de tudo, ele é autoritário e mandão. Sorrir desdenhosa.
— Pare de agir como uma puta Alice — Vociferou.
— Puta? É normal que eu sinta desejos e mais normal ainda querer
satisfazê-lo com quem estiver disposto a me dar prazer.
— É isso que você quer Alice, que eu te foda igual uma Puta —
Segurou meus cabelos com brutalidade e eu gemi o deixando louco.
Ele beijou o meu pescoço descendo para os meus seios, eu gemi
deixando ele louco empinei bem minha bunda roçando nele.
— Para Mateus, não é isso que quero — Disse quando o vi arfar
enlouquecido.
— Como assim? — Estava ofegante e desnorteado.
— Sabe o que eu quero? — Joguei ele na cama
— O quê?
— Te ver comendo a Paula — Sussurrei o fazendo sobressaltar da
cama, me olhando com raiva.
— De que merda está falando? — indagou irado.
— Ou isso, ou terminamos — Fui direta.
— Está louca, Alice? — Andou nervoso de um lado para o outro —
Eu e a Paula não temos nada.
— Claro que não tem, você só come ela — Dei de ombros.
— Pare de falar loucuras.
— É pegar ou largar Mateus. Leve ela para um Motel e coma gostoso,
eu quero ver.
— Está louca — Tornou a gritar.
— É já vi que vamos terminar, Mateus. — Disse indo em direção a
porta.
— Espera Alice, eu acho que ela não vai querer. — Disse sedento
rápido demais.
Zerei a distância entre nós, o envolvendo com meus braços pelo seu
pescoço.
— Ela não precisa saber bobo — sussurrei.
Cruzei a porta com um sorriso satisfeito, ela teria o que merece e ele
também, se minha irmãzinha fofa não sabe se vingar farei isso por ela.
Capítulo 08
Gregório (Grego)

Alguns dias depois…

— E aí Marcelo, descobriu alguma coisa sobre a Bruna? — Indaguei


ansioso.
— Nada, só tem um jeito Grego, coloca ela na frente dos caras que
ela pegou, tá ligado?
— Na frente? — indaguei confuso
— Uma festa sei lá — Deu de ombros.
— De que isso iria servir? Para servir de chacota? Nem sei mais o que
pensar, porra, eu gosto dela, mas estou ficando incomodado, com os
comentários. E fora que ela não sede porra, qual o problema comigo? Ela
abriu as pernas por muito menos para os envolvidos do Vidigal.
— Na moral, Grego, eu te propus isso, não foi para saber do número
do RG dela não, é para desmascarar ela, para ver se essa pose de virgem se
desmonta. — Ele me olhava como se eu fosse de outro planeta e eu já
estava acreditando na hipótese depois de recusar fodas por conta da Bruna
que está se fodendo para mim.
— Marca a festa, chama umas gatas, quero mostrar para ela que tenho
opção, tá ligado? — Ele balançou a cabeça negativamente.
— Na moral, grego amarra essa mina na cama e chupa ela todinha,
quero ver ela não se abrir inteira para você — Gargalhou. — Está
parecendo adolescente, porra.
— Ei qual foi? Respeita ela.
— Não sou eu quem falto com respeito, não Grego a mina que é uma
vagaba.
— Marcelo, na moral, mano, eu já te disse que gosto dela. — Alertei.
— E eu já te disse para você parar de trata ela como se fosse de
cristal, mulher gosta disse não Grego, por isso ela faz o que quer contigo.
— Organiza a festa, beleza, para ontem — Virei as costas indo para
casa.

***

Chegando em casa a encontrei vendo televisão, me sentei ao lado dela


que olhava fixamente para tela.
— Filme de romance, não sabia que gostava dessas coisas — Falei
com sorriso na voz.
— Toda mulher gosta — Respondeu sem me encarar.
— Sério? — Achava graça nas suas expressões apaixonadas
encarando a tela.
— Hum rum — Disse seguida de um suspiro.
Quero poder enxergar nela o que todos dizem, mas como? A mina é
fofa, diferente de todas que eu já peguei.
— Vou dar uma festa no morro amanhã, chamei uns chegados do
Vidigal, você estava morando lá, certo?
— Hum rum — Parecia não estar me ouvindo vidrada na tela.
— O que você mais sente falta Bruna? — Indaguei desligando a TV e
puxando seu rosto para que ela me encarasse.
— O quê? Estou assistindo — Resmungou tentando pegar o controle
das minhas mãos.
— Você está me deixando confuso, me diga do que sente falta, o que
posso fazer para te deixar mais à vontade, para você me considerar uma
opção, para você me enxergar como homem.
Eu queria estar com raiva dela, derrubar tudo pela casa, bater os pés
com força no chão feito criança birrenta, eu queria que ela me notasse.
— Começa me chamando pelo meu nome — Pediu
— Bruna? — Perguntei confuso.
— Não Alice — Sorriu pronunciando o nome que ela diz ser o dela.
— E Bruna? De quem é esse nome?
— Não sei, da minha sósia talvez — Tornou a sorrir.
— Sósia? — Sorrir com a possibilidade isso explicaria tudo. — Onde
ela estaria agora? — Indaguei
— Talvez ela esteja na minha casa, só isso explicaria o motivo de
ninguém estar me procurando.
De onde ela tirava essas histórias? Me apaixonei por uma mina louca?
— Beleza, então Alice, me fala sobre você — Ela cruzou as pernas se
sentando de frente para mim com um sorriso que fodeu com a minha vida
por completo. Eu estava feio um idiota ouvindo suas histórias que para mim
eram loucuras e delírios, talvez abstinência de drogas, embora ela não
parece usá-las
— Gosto de comer sushi, de ver filmes, de não fazer nada deitada na
minha cama, de ficar horas vendo os vídeos do Ma… — Calou-se
Eu sabia que palavra viria depois, o filho da puta do Mateus. Odeio
esse cara.
— Beleza, gosta de Balada? Sair para dançar?
— Sair? Boate? Não tem medo que eu não volte e saia gritando que
você me sequestrou? — Sorriu
— Faria isso? — indaguei olhando fundo nos seus olhos.
— Sim, na primeira oportunidade que eu tivesse — foi sincera,
respondendo sem delongas.
— Então vamos curtir uma balada em casa — Descartei todas as
chances de levá-la para fora do morro, eu a queria aqui comigo por mais
egoísta que parecesse.
— Para começar Alice — Ela levantou os olhos surpresa quando a
chamei pelo nome que ela me pediu. — Quero muito te beijar.
— Você sempre quer — Sorriu meiga — Mas gostei que me chamou
de Alice.
— Sim, eu sempre quero, como um louco desesperado, como se
dependesse deles para viver Alice — Desenhava a sua boca com a minha
mente, olhando fixo para seus lábios, e ela os mordia timidamente.
— Quando foi a primeira vez que me viu? — Indagou, me fazendo
viajar no tempo, encostei a cabeça no sofá e fechei os olhos, lhe dando
informações com riqueza de detalhes.
— Eu estava em Ipanema, em um dia aleatório. Eu pretendia fechar
os olhos e curti as ondas, mas antes que eu os fechasse, vi uma sereia sair
da água. Os seus cabelos cumpridos, um biquíni minúsculo na cor branca,
coisa que nunca mais deixarei você usar — Sorrir. — Fiquei lá te olhando,
você estava sozinha, precisei vir para comunidade e esqueci minha carteira,
você correu atrás de mim esbarrando no meu peito, levantou esses olhos cor
de caramelo e lindos e disse: o senhor esqueceu a carteira — Abrir os olhos
e ela parecia ter escutado uma história de terror, com os olhos arregalados,
eu consegui ouvir o seu coração fora do ritmo.
— Como assim? — Parecia confusa
— O que Bruna? O que você está entendendo?
— Essa pessoa que você falou, essa pessoa sou eu — Parecia surpresa
com a descoberta.
— Sim, é você, sempre foi você, desde a primeira vez em que eu te
vi, eu te quis, te procurei, e te guardei aqui, desde a primeira vez em que eu
te vi — Pressionei meu peito igual um adolescente apaixonado. — Sou
apaixonado por você, Bruna e pode rir de mim, por parecer uma criança me
declarando para você.
Capítulo 09
Alice Gonçalves

Meu coração estava acelerado, eu encarava aqueles olhos castanhos,


que me olhavam docemente, e sempre fui eu, eu estava com a mente a mil,
sou eu a pessoa por quem ele é apaixonado, mas logo lembrei do Mateus e
do quanto eu queria que ele me disse todo isso.
— No que está pensando? — Indagou tocando meus lábios,
acelerando ainda mais meus batimentos cardíacos.
— Estou pensando em como despertei tudo isso em você sem termos
nada? — Sim, eu estava curiosa, eu sempre achei que ele tivesse algo com a
Bruna.
— Me explique você Alice o que me fez? Que droga me deu para que
eu te veja em todos os lugares e em todas as mulheres — Fechei os olhos
ouvindo a sua confissão e tudo que eu definitivamente não preciso agora é
me apaixonar por um traficante. O meu pai vai surtar, ele me mandaria para
um convento e ele para a prisão de segurança máxima, talvez ele torture ele,
e me obrigue a fazer votos de castidade.
— Eu não posso retribuir os seus sentimentos, mas veja pelo lado
bom, nós somos bem parecidas, eu diria idênticas, então quem sabe — Dei
de ombros com ele ainda olhando fixo os meus olhos.
— Contanto que a pessoa aqui na minha frente seja a Bruna, eu topo.
— Topa o quê? Indaguei confusa.
— Se Alice não pode ficar comigo, mas a Bruna pode, então nunca
mais me peça para chama você de Alice, entendeu Bruna? — Puxou a
minha nuca, rápido trazendo meu rosto para próximo do dele, beijando a
minha boca com paixão e loucura e eu queria muito me entregar a esse
momento, esquecendo quem sou de fato, esquecendo o meu nome, os meus
pais, e o Mateus.
Fechei os olhos retribuindo os beijos, ele beijava meu pescoço
apertando meus seios, eu gemia excitada, sentindo meu corpo em brasa
viva, eu nunca fui tocada dessa forma, muito menos beijada com tanta
paixão.
— Quero você, seja minha Bruna, só minha, eu quero pegar na sua
mão e mandar arrancar a língua de quem queira te difamar, eu quero que
você me aceite e eu vou te aceitar com tudo que você carrega, é só diz que
me quer.
Como eu diria algo ao contrário enquanto meu corpo queimava em
combustão. Minha mente não raciocinava mais.
— Eu quero, quero, quero — Disse ofegante entre gemidos, sem
sequer saber o que eu estava de fato afirmando querer.
— Caralho você vai me foder Bruna — Baixou as alças da minha
blusa abocanhando meus seios, e aquilo era bom demais, que sensação
maravilhosa, eu queria mais e mais, até sentir a sua mão novamente na
minha intimidade.
— Para Grego — implorei sem forças enquanto ele acariciava minha
intimidade. Meu corpo todo tremia, que sensação maravilhosa, mas eu
precisava parar. — Para Grego — O empurrei levantando e me
recompondo.
Ele deitou no sofá fechando os olhos enquanto pressionava a própria
intimidade com força.
— Porra, você vai acabar comigo Bruna. — Disse angustiado. —
Porque me empurrou, você disse que queria — Pronunciou desapontado.
— Não sabia que era isso — Levantei indo para o quanto e me
trancando.

***

Bruna Silva

— Alice… Alice… — Ouvi sussurros bem distantes enquanto


dormia, até sentir algo me acariciando subindo lentamente pelas minhas
coxas.
Sobressaltei a cama assustada.
— Você me assustou garoto — Disse ofegante.
— Assustei? Não é você que gosta de me acordar assim? — Mateus
sorriu com malícia.
— Sim, gosto de acordá-lo assim, mas no caso dele ele nunca morou
em uma comunidade e teve que se defender de homens tentando molestá-lo.
— Sai, Mateus, não estou com saco para você hoje — Levantei
rápido enquanto ele me olhou confuso — O que é? Tenho que ser sempre
fofa com você? Me poupe, vá procurar o que fazer — O empurrei para fora
do quarto.
Garoto chato, mimado, nem quero pensar em como Alice é, tenho que
encontrá-la e dar aulas, assim ela vai acabar em uma relação tóxica e
submissa.
Desci, comi rápido e fui direto para a clínica fazer o DNA, era a única
coisa que estava me segurando de ir procurar pela Alice, não iria deixá-la
com o Grego, se é que ela de fato está lá no meu lugar.
Eu havia combinado com Mateus sobre o seu encontro com a Paula e
ele vem tentado a me desencorajar de fazer isso diariamente, me bajulando
com pura falsidade, sinto de longe a raiva que ele está sentindo de mim.
Pedi que o motorista me deixasse no shopping e fui ao restaurante
mais caro, o que eu nunca tive acesso. Em seguida fui as melhores lojas, eu
sempre tive bom gosto, só não tinha dinheiro e nem lugar para onde ir, e me
vestir assim. Lembrei das vezes que dormi com aqueles marginais por
dinheiro e senti ânsia de vômito, essa é a minha vida, privada de mim por
algum motivo, mas agora eu estava no meu lugar com os meus pais, eu
sentia isso.
Eu andava pelo shopping paquerando os mauricinhos que me
correspondiam, que sonho, eu quero todos.
— Perdida Alice? — Uma voz grossa e rouca ecoou próxima a mim
me fazendo virar de imediato.
“Uau! Que delícia é essa? ”, indaguei em meus pensamentos.
— Talvez eu esteja pode me ajudar? — Falei manhosa e ele sorriu
sexy.
— Acabei de ver Mateus com Paula.
— Sério? Onde?
— Em uma cafeteria aqui perto — Respondeu
— O que está fazendo agora? — Indaguei com um sorriso maroto.
— Nada demais.
— Vamos à cafeteria juntos — eu sugeri.
— Mateus não vai gostar de nos ver juntos — Disse sem graça, então
estreitei meus olhos puxando da mente de onde eu o conhecia.
— Ícaro? — Indaguei lembrando que ele já foi citado no diário da
Alice, o amigo de infância apaixonado por ela.
— O quê? Não me reconheceu? — Parecia desapontado
— Um pequeno lapso de memória, mas que já passou — Sorri me
agarrando ao seu braço e ele estufou o peito satisfeito.
— No meu carro ou no seu? — Indagou
— No seu, peço para o meu motorista nos seguir.
— Cento, então vamos — Abriu gentilmente a porta para mim.
Gente, Alice é trouxa? Que homem fofo e olhe que eu nem gosto de
tanta fofura.
— Tem certeza que quer ir comigo? — Me encarou rapidamente
tirando os olhos da estrada.
— Sim, toda certeza do mundo.
— Mateus não vai gostar — tornou a alertar.
— E? Está preocupado com ele? — Franzi o cenho.
— Estou preocupado com você. Vocês brigaram? — Indagou
confuso.
— Não, estamos bem, mas nada me impede de ficar melhor ainda
com você — desviei o olhar como uma menina tímida.
Ele mordeu o lábio inferior, sorrindo sem graça em seguida.
— Alice, não brinca comigo — Pediu sorrindo sem graça.
E eu levei a sério o pedido que me fez, ele parecia ser um bom rapaz.
— Desculpe Ícaro, não queria te deixar desconfortável.
— Tudo bem — Coçou a cabeça. — Chegamos.
Estacionou o carro e lá estava ele, meu noivinho alisando as mãos de
outra. Traíra safado. Ícaro me olhou preocupado.
— Quer mesmo entrar?
— Só não quero que se sinta usado caso entre comigo.
— Pode me usar a vontade. — Disse sugestivo,
E então o menino tímido se revelou um belo de um homem sexy me
olhando com luxúria.
— Então farei com muito prazer.
Capítulo 10
Bruna Silva

— Não vamos falar com eles? — indagou confuso, me vendo sentar


em outra mesa.
— Claro que vamos, mas antes vamos conversa, faz tempo que não
vejo você, estou com saudades — Disse sorrindo.
— Sério? — Sorriu bobo.
Como é fofo. Apoiei meus cotovelos na mesa e fiquei o analisando. Já
quero!
— O que seus pais fazem? — indaguei bem interessada.
— Esqueceu Alice? Meu pai é político, ele governa a nossa cidade, e
pretende se candidatar à presidência, seu pai vai nos ajudar nisso, quem
sabe ele não aceite o cargo de ministro de segurança.
— Pois é, quem sabe — Sorrir para ele, de fato bem encantada e o
pior sem entender o que eu de fato estava sentindo, ele é só um menino
bobo.
— Alice? — Me assustei com a voz de Mateus atrás de mim, não o
ouvi se aproximar.
— O que foi Mateus? Você me assustou pela segunda vez hoje —
disse irritada
— Assustei porque estava entretida demais com Ícaro — Parecia
irritado.
Virei para encará-la minha melhor amiga.
— Oi, Paula — cumprimentei de boca cheia, voltando minha atenção
para ele em seguida — Sentem conosco, nos façam companhia.
— Vamos para casa — Puxou o meu braço e eu vi o Ícaro recuar —
Irei em seguida, estou com Ícaro não está vendo? — Me olhou surpreso
sem reação.
Como Alice é boba, pensei no quanto ela já magoou o pobre coitado.
— O que você disse? — Mateus parecia incrédulo. — O que ouviu,
vou ficar, pode ir com a Paula, vocês já estavam aqui, não estavam? —
Disse desdenhosa.
— Levanta — Ordenou dessa vez irado, e não é como se eu não
soubesse lidar com o tipo de pessoa tóxica que ele é.
— Se eu não levantar, fará o quê? — Desafiei o vendo bufar.
— Mateus, só estamos conversando — Disse Ícaro temeroso e
Mateus lhe queimou com os olhos.
— Cala a boca, não se enxerga, ridículo, vive atrás da Alice —
pronunciou irado.
— Sério? Vive atrás de mim? — Sorri o encarando. — Vai na frente
Mateus, aliás, continuem o que estavam fazendo. — Disse sem querer
provocá-lo, eu de fato queria ficar ali com Ícaro e conhecê-lo melhor.

***

Gregório (Grego)
No dia seguinte…
Acordei, tomei um banho e fui até a sala, fiquei vendo a Bruna
dormindo no sofá apertado de dois lugares, peguei o celular e comprei um
sofá mais espaçoso e confortável, era o máximo que podia fazer, já que meu
orgulho não me deixou ceder a cama para ela.
— E aí Gregório — Marcelo entra sem bater e eu me apresso
cobrindo as pernas de Bruna que estavam descobertas.
— Tira o olho, está olhando o quê? — Disse irritado.
— Nada, olhei normal para casa toda — disse me provocando. —
Tudo certo para festa hoje, é churrasco, o que você acha? O comando da
Vidigal vem.
Me afastei levando ele para a cozinha.
— Sei não, vou levar a carne paro churrasco? — Disse me referindo a
Bruna.
— Vai, e vamos ver no que dá ou para quem dá — Gargalhou me
deixando irritado.
— Vai se foder porra, se tiver de dá é para mim que estou na dela
cercando a um tempo da porra, rolou uns amasso legal ontem — Sorri feito
bobo.
— Sei, amasso. Está feito moleque — Sorriu — Então já é te espero
lá na laje da 15, chamei umas minas também, vai ter mais carne fora a tua
— Zombou cruzando a porta
— Beleza, chego lá mais tarde.
Sentei no chão ao lado do sofá e fiquei vendo ela dormir novamente.
— Bom dia! — Disse quando ela começou a abrir os olhos.
— Oi! — Respondeu se espreguiçando.
Não resistir alisando o seu rosto tirando o cabelo que caiu sobre os
seus olhos e me surpreendi com o seu sorriso me encarando.
— Vamos a uma festa hoje? — Gelei achando que ele tinha nos
escutado.
— Sim, vamos — Levantei desconcertado.
— A legal, eu preciso de uma festa — disse animada. — Na última
festa que fui… — Calou-se mordendo os lábios nervosa.
— Quando foi? — Indaguei curioso.
— No dia em que você me trouxe para cá — disse triste.
— Festa naquele dia? Onde? — Ela estava na casa dela nesta noite,
eu lembro bem.
— Na minha casa — Seus olhos se encheram de lágrimas.
— Ei, relaxa, vem aqui, vamos comer — peguei em sua mão e
sentamos na cadeira.
— Grego, o que faria se descobrisse que a pessoas que viu na praia
não era a Bruna? — Mudou a expressão e me encarou curiosa.
— Existem duas iguais? — Indaguei com um pouco de deboche.
— Talvez — respondeu me fazendo olhar confuso para ela.
O que ela estava tentando me dizer?
— Não sei, isso é possível? — Tentei fazê-la falar mais.
— O que você mais gosta na Bruna? — Estreitei os meus olhos, com
o cenho franzido. — Gosto de vê-la sorrir todas as manhãs, gosto da forma
que ela se joga no sofá, gosto os beijos deliciosos dela, e o ar doce de
menina que me deixa doido de pau duro — ela arregalou os olhos com as
bochechas vermelhas e eu gargalhei.
Caralho na moral, é sério que querem que eu acredite que essa mina
deu para geral? Se eles estivessem dormindo e acordando com ela, eles
iriam duvidar igual, só se a mina for muito atriz.
— Desculpa, ficou com vergonha — Mordi os lábios, sugestivo. —
Mas é verdade, eu estou cada dia mais louco de tesão — Peguei rápido a
mão dela rapidamente esfregando contra o meu pau, para ela sentir o quanto
a desejo.
Ela puxou a mão rápido levantando da mesa, parecia não saber como
agir, andando desconcertada.
— Vou tomar banho — Cruzou rápido a porta.

***

Alice Gonçalves

— Calma Alice! — Me abanei algumas vezes tirando a roupa e


entrando rápido no chuveiro, aliviando o calor que percorria o meu corpo.
Quando eu sair, ele estava na porta me esperando.
— O que foi? Por que está na porta? — Andei rápido para o quarto,
me desviando do seu olhar terrível que me deixa tonta. Tranquei a porta em
seguida.
No início da tarde eu já estava pronta para a tal festa, Gregório
parecia nervoso, me encarando de uma forma diferente.
— Qual problema? — Indaguei confusa com a sua expressão.
— Nada, estou suave, vamos? — Pegou minha mão como se
fossemos namorados. — Suba! — Disse em cima de uma moto
— Vamos nisso? — Indaguei.
O meu pai me mataria se eu subisse em uma moto.
— Não vamos de carro — sorrir zombando.
— Vem Bruna, é bem perto.
— Vamos caminhando então — dei de ombros.
— Sobre Bruna — Disse em tom de ordem dessa vez e eu não quis
contrariar.
Me agarrei a sua cintura com muito medo.
Quando chegamos eu parecia ser a atração da festa, todos me olharam
de um jeito que me deixou desconfortável.
— Por que estão me olhando assim Grego? — indaguei
desconcertada
— Assim como? Você é a mulher do chefe, lógico que vai chamar
atenção — Justificou.

— E aí Grego. — Um homem se aproximou cumprimentando ele. —


Bruninha, está gata em — falou como se fossemos íntimos.
— Bruninha, é um caralho, porra — Grego vociferei irado.
— Relaxa, desculpa Grego, foi mal — Levantou as mãos em
rendição.
— Me arrependi dessa porra — ele disse se aproximando de Marcelo.
— Deixa a mina circular Grego, fica só de olho — falou baixo, porém
não inaudível — Quer beber o que Bruna? — Indagou com um sorriso
irônico.
— Uma soda — Respondi rápido.
— Toma aí — Voltou com a bebida.
As horas foram se passando e eu senti minha cabeça girar, Grego
estava distante, me encarava como quem me estudava, que droga de festa é
essa, porque todos me olhavam assim, como se eu fosse uma qualquer.
— Vai devagar na bebida Bruna — Um homem se aproximou de mim
— Eu não estou bebendo, é só soda — respondi.
— Tão chapada? Gregório está te analisando, geral está falando que
te levou para cama, ele está bem desconfiado — meu sangue gelou.
— Eu? — Indaguei em um misto de confusão e raiva.
— Sim, pô, você é uma menina responsa, agente já se pegou, mas eu
não te acho vagaba, quem nunca ficou por dinheiro, quando tu se livrar dele
aparece por lá — Arregalei os meus olhos quando senti ele me apalpar.
— O que pensa que está fazendo? — procurei forças para gritar, mas
os meus movimentos estavam lentos, eu queria me esquivar. Ele estava me
apalpando.
— Grego! — Tentei chamá-lo em voz alta. — Grego! — Ele pareceu
me notar vindo em minha direção — Grego, me tira daqui. — Implorei
sentindo a cabeça pesar ainda mais. — Esses homens, esse homem, minha
mão não me obedecia mais — Ele, ele… — Tentei dizer.

Gregório (grego)

— Ele o que Bruna? — Olhei para uns dos soldados do Diego que
coçava o queixo.
— Grego — Dizia fraca.
— Que porra foi essa que você colocou na bebida dela, Marcelo? —
Indaguei irado
— Só um doce, era para ela ficar ligada.
— Bruna, Bruna? Caralho, Marcel, o coração dela está muito
acelerado.
— Problema cardíaco? Ela já usou Grego, já estive em uma balada
com ela e ela usou de boa.
Foi aí que minha ficha caiu, ele também já tinha ficado com ela.
Capítulo 11
Gregório (Grego)

Levantei com tudo socando a cara daquele filho da puta, traíra.


— Qual foi irmão? — Tentou se defender dos golpes com os braços.
— Irmão um caralho, porra — Pronunciei irado.
— É só uma vagabunda Gregório — Gritou — geral já pegou essa
mina, você está sendo chacota.
— Cala a porra da boca — Acertei um murro na boca dele.
— Grego, a Bruna não está bem, tem que socorrer ela — Ouvi um
dos meus soldados me alertando me fazendo parar e respirar sentando no
chão, filho da puta comeu a mina sabendo que eu estava na dela, que
amizade é essa?
Virei a minha atenção para ela, eu estava com ódio dela também,
fingida do caralho, se morresse agora eu nem ia ligar.
— Leva ela para o posto da comunidade — Ordenei dando as costas
fingindo não me importar. — Quero ouvir algum comentário e eu meto
bala, não vou considerar ninguém, todo mundo calado e esquecendo essa
merda toda porra.
Voltei para casa irado, eu queria sair matando geral. Que mina
fingida, mas eu não nadei tanto para morrer na praia, ela dorme na minha
casa, come da minha comida, nada será igual, a vida de princesa acabou se
ela fode com geral porque não vai comigo também?
Encarei o sofá com raiva, ela vai dormir no chão se não quiser ir para
a minha cama agora.
No fim da tarde um dos meus soldados trouxe ela, virei as costas para
não encarar a cara dela fingida.
— Deixa ela aí e vaza — Ordenei irado.
— Ela tem problemas cardíacos, quase morreu por conta da parada lá
do Marcelo — Informou.
— Que se exploda tá ligado? Ele não disse que ela já tinha usado
quando estava com ele, então… não tenho nada a ver com essas coisas não,
agora vaza, vaza ligeiro.
— Grego? — Cerrei o punho ouvindo a voz dela, respirei tentando
me controlar.
— Fala! — Disse em um tom irritado.
— Preciso ir para casa — Disse com uma voz fraca.
— Faz o que você quiser, se você quer dormi na rua, dorme, se quiser,
vira prostituta, vira tá ligada? — Disse sem dar a mínima.
— Hum… vou dormir um pouco, eu não estou bem Grego — Sua voz
saiu fraca e sofrida, nem parecia me ouvir.
— Beleza, relaxa aí na casa do otário aqui — Pronunciei ainda irado.
O telefone tocou várias vezes, o filho da puta do Marcelo me ligando.
“ Somos irmãos, Grego, vai joga tudo fora por uma boceta? ”
Joguei longe o telefone após ver a mensagem.
A Bruna dormiu o dia todo, eu chequei algumas vezes se ela ainda
estava viva. Ela respirava então estava de boa. No dia seguinte levantei
ouvindo ela vomitar no banheiro, era a reação da parada que ele tomou no
dia anterior.
— Eu devia ter deixado para morrer na rua. Você é uma mina muito
fingida. — Disse quando ela saiu do banheiro já havia tomado banho e
estava vestida.
— Preciso ir embora — Repetiu a mesma coisa do dia anterior.
— Você vai Bruna, vai para o raio que a parta, vai para o inferno, para
o puteiro, mas antes você vai me dar o que quero, você está me enrolando
se fazendo de boa menina faz muito tempo.
Zerei a distância entre nós a puxando pela cintura, ela ainda estava
fraca, mas eu não me importei, comecei a beijá-la e tirar as minhas roupas
em seguida às dela.
— Para Grego — Pediu sem forças para se soltar.
— Parar porque Bruna? Qual o problema comigo? Você gosta disso,
de ser tratada feito puta, qual o teu problema é dinheiro, foi isso que eu não
te dei? — Peguei o malote de joguei nela que caiu no chão quando a soltei.
— Para grego — Chorava sem forças no chão, me deitei sobre ele
segurando suas mãos sobre a sua cabeça e a beijava com brutalidade
enquanto ela se debatia e gritava ainda com os movimentos lentos. Ela ficou
imóvel de repente, me fazendo parar também.
Que porra estou fazendo? sentei me encostando na parede coas duas
mãos na cabeça.
— Vaza Bruna — Pronunciei baixo, com uma pressão enorme sobre o
meu peito, eu ainda gostava muito dela e gostava para caralho, a mina jogou
feitiço em mim.
— Não consigo levantar, e eu não sei sair daqui. — Sua voz saiu
embargada, e isso me fodeu, eu não tinha direitos sobre ela, ela pode ficar
com o que ela quiser.
Levantei contrariado, voltando até ela, que se encolheu quando eu me
aproximei.
— Vem, levanta — A tirei do chão sentando ela no sofá, vesti as
minhas roupas e coloquei as dela. — O que está sentindo? — Indaguei me
referindo a sua saúde.
— Pânico — Disse uma única palavra, deixando as lágrimas caírem
livremente.
— Eu não deveria ter feito o que fiz, me desculpe — Fui sincero,
embora eu ainda estivesse com raiva.
— Fui levada para uma festa onde fui molestada, drogada, humilhada,
acabei de ser quase estuprada, como queria que eu estivesse me sentindo, eu
estou me sentindo suja.
Engoli seco as suas palavras.
— Por que não me disse que havia ficado com o meu amigo? — Eu
respirava tentando manter a calma.
— Porque eu não fiquei.
— Mais saiu com ele Bruna foram para baile juntos — Argumentei
— A Bruna poder ter ido, eu não. — Disse firme.
— Beleza! E quem está comigo agora? — Indaguei cético, só me
cabia rir dessa palhaçada toda.
— Alice Gonçalves, tenho vinte e dois anos. Moradora de Ipanema,
número quatrocentos e quarto. Sou filha única de Isabel e César Gonçalves,
noiva do único primo chamado Mateus de vinte e cinco anos. E sim fui eu a
pessoa que você viu sair das águas do Leblon e que correu com a sua
carteira nas mãos, mas não sou a Bruna, a pessoa que você viu foi Alice.
Outro detalhe, Gregório, eu não gosto de ser tratada como Puta e o único
motivo de não ter sido sua nem foi o que eu ainda sinto pelo Mateus, mas é
porque sou virgem e eu sinto medo.
Capítulo 12
Gregório (Grego)

— Você está brincando comigo? — indaguei em um misto de raiva e


esperança.
— Você acha que estou em condições de brincar Grego? Você acha
que depois de tudo acabou de acontecer eu abriria a boca para contar
piadas? É você quem me levou na brincadeira desde o dia em que cheguei
aqui, se você que estar com raiva de alguém, não sou eu.
— Você pode me provar o que está me dizendo?
— Eu não sou uma pessoa pública e parei de usar as redes sociais
devido à profissão do meu pai.
— Sério? — Sorrir incrédulo — Qual a profissão do seu pai? César
de quê? Gonçalves?
— Eu já disse Grego não somos famosos, não sou uma figura pública.
— Onde o seu pai trabalha Alice? — Ela me olhou surpresa quando a
chamei pelo nome que ela diz ser o dela.
— Não posso falar — respondeu me fazendo sorrir novamente.
— Certo, descansa, fica de boa aí — Levantei do sofá.
— Vou poder ir embora? — Meu coração parou nessa pergunta, eu
não queria que ela fosse.
— Não! — Fui firme.
— Mas você havia dito. Me mandou ir.
— Tem um jeito de você provar que é Alice — afirmei sem encará-la.
— Como? — Indagou ansiosa.
— Você me disse que é virgem, acho que você não pode manipular
esse fato — Não tive coragem de virar e encará-la, eu parecia forçar a barra
de outra forma dessa vez.
— Quer me fazer mulher? — Parecia não acreditar nas minhas
palavras.
— Você me disse que isso era a única coisa que te impediu de ser
minha — A lembrei me virando para ela dessa vez.
— Achei que você fosse diferente, aliás, olhando todo um contexto,
seria loucura da minha parte achar isso.
— Se essa é a única prova que tem, considere me provar. Sendo as
coisas como me disse que são os seus pais deveriam estar procurando por
você com placas até no espaço.
— Estariam, mas tenho grandes desconfianças de que Bruna esteja lá.
— A claro, porque não pensei nisso, a Bruna deve estar fodendo
muito com o Mateus, considerando que ela é uma vadia — Disse em tom de
zombaria, mas ela levantou os olhos assustada.
— Com o Mateus? — Pareceu enciumada.
— Vai fazer essa cara de ciúmes, porra quer me foder?
— Me desculpe — Mordeu o lábio.
Eu não confiava em ninguém e agora nem o Marcelo eu tinha mais
para trocar ideia.
— Vou descer nas bocas, Alice, fica de boa por aí.
Marcelo ere o meu gerente, eu já esperava encontrar com ele dando
um de arrependido.
— Grego? Chega aí mano.
— Qual foi? — Indaguei irritado.
— Vai deixar nossa amizade por uma vagabunda?
— Não, mas você sabia que eu estava afim dela e levou ela para
cama, a culpa é tua porra.
— Não comi ela não Grego, a mina é cheia de resenha, faz doce a não
ser por muito dinheiro — Disse sugestivamente como quem me diz o que
eu tivesse que fazer.
— Beleza, Marcelo senta aí — Ordenei e ele fez.
— Estamos de boa? — Indagou.
— Consegue para mim, informações sobre Alice, Isabel e César
Gonçalves.
— Qual foi a da família? — Indagou curioso.
— A mina que está lá em casa disse que esse é o nome dela. — Ele
gargalhou
— Você vai cair nessa? — Continuou rindo.
— É você quem vai me responder, rezar moleque para ser realmente
como ela disse, tá ligado? Só assim para eu voltar a olha para tua cara de
boa novamente.
— E qual diferença faz, não era a Bruna que você queria?
— Era a Bruna que achei que eu queria, mas a mina que está lá em
casa não tem nada a ver com o que vocês falam, eu sinto cheiro de
vagabundas de longe.
— E se não for a Bruna? Vai soltar ela?
— Se não for a Bruna vou amarrar ela a mim para sempre — Sorrir.
— Gregório, se não for a Bruna, é mais quinhentos, ela tem família, é
sequestro — Mordi o lábio, nervos ele tinha razão.

***

Bruna Silva

— Alice, o que está pretendendo agindo assim feito uma qualquer? —


Mateus cruzou a porta irado, batendo com força em seguida.
— O que você me viu fazendo exatamente Mateus?
— O Ícaro — Disse sem delongas.
— Ah… eu e ele somos amigos de infância.
— Amigos? Ele se declarou para você e eu ouvi, você é a minha
noiva Alice — Jogou na minha cara.
— Sim, você é, por enquanto — disse calma o provocando.
— Por enquanto? — Indagou furioso.
— Você deveria estar me bajulando Mateus e não gritando comigo,
ainda mais eu sabendo que você está pegando a minha “melhor” amiga —
Fiz aspas com os dedos.
— Você é ridícula e ainda ficou doida, antes ainda tinha aquele ar
fofo e recatado…
— O mesmo que você disse não suportar — dei de ombros.
— Você não pode terminar comigo — Disse Implorando dessa vez.
— Podemos conversa sobre isso outra hora, Mateus? — Finalizei o
batom em frente ao espelho.
— Aonde está indo? — Perguntou curioso.
— Vou dá uma volta — Disse cruzando a porta.
Meu telefone tocou várias vezes na bolsa, eu não havia notado
enquanto falava com Mateus, estão retornei a chamada.
— Ícaro?
— Onde você está? Esqueceu que sairemos hoje?
— Já estou no carro — Ouvi um sorriso contido.
Eu estava agindo igual a uma adolescente, estava gostando da
companhia do Ícaro, era a primeira vez eu não me senti um apenas carne.
Ele não olhava o meu decote, ele estava sempre com os olhos fixo nos
meus, e sorria com qualquer bobagem que eu falasse, e mesmo que a minha
vontade em ser dele fosse grande, eu queria que ele me visse como a doce
Alice, eu desejei se a Alice dele.
Estacionei no restaurante combinado, e quando entrei lá estava ele
todo fofo, e aparentemente nervoso. Ele sorriu lindamente quando me viu
entrar, os seus olhos brilharam. Eram o brilho de quem estava tendo uma
oportunidade, a qual nunca foi dada. Li as dezenas de diário da Alice e cada
vez que eu avançava uma página eu sentia ódio de Mateus, e nojo de vê-la
descrevê-lo com tanta idolatria. Ele se quer passava o dia dos namorados
com ela, ao contrário do homem sentado ali me esperando, que sempre foi o
estepe, o bom amigo, o que a ouvia.
— Você está linda — Levantou puxando a cadeira para mim.
— Obrigada!
— Não entendi o porquê do convite — Mordeu o lábio inferior me
olhando nervoso.
Nunca tive ninguém que me olhasse dessa forma, era algo novo para
mim.
— Eu senti vontade de estar perto de você, mas não quero que pense
coisas erradas sobre mim — eu estava me acostumando em fingir ser fofa,
às vezes acho que sempre fui, só não tive a oportunidade de explorar esse
meu lado já que o faço com perfeição.
— Tudo bem, só tenho medo de prejudicar o seu relacionamento com
o Mateus.
— Que relacionamento? O que só existe para mim? — Ele levantou
os olhos surpresos, não esperava ouvir isso.
— Para Alice, você está me deixando… — calou-se — Você sabe que
gosto de você — As palavras saíram sofridas.
— Podemos ir para outro lugar? — Ele tornou a me olhar confuso e
surpreso.
— Claro, para onde que ir?
— Não seu ainda, vamos no seu carro — eu estava louca para ficar a
sós com ele e com medo de deixar ele assustado com meu jeito atirado, pela
primeira vez eu não quis ser essa pessoa.
O que é isso, Bruna? sorri de mim mesma.
— Pronto, estamos no carro para onde que ir? — Ele indagou me
encarando.
Lembrei que ele e Alice iam a uma praça para ela chorar as mágoas
do Mateus, sugeri o mesmo lugar e ele pareceu não curtir a ideia, mas deu
partida no carro.
— Vocês brigaram? — Indagou.
— Não, estamos bem — ele torceu os lábios e o mordia nervoso.
Eu senti medo de que ele soubesse que eu não sou Alice, sentir medo
de não ter os seus olhos amáveis e respeitadores sobre mim, eu quis poder
apagar todos os homens com quem me deitei e voltar a ser virgem como
Alice só para ficar com ele.
— Chegamos — ele estacionou o carro.
Correu para o dando volta no carro e abriu a porta para mim, estendeu
as mãos me olhando carinhosamente
É Bruna você acabou de mergulhar em um mar sem fundo, e só
afunda cada vez mais e mais e esse mar está cravado nesses olhos azuis
lindos como o mar parado e perigoso como o mar aberto em noite de
tempestade.
— Ícaro, ainda seremos amigos se eu fizer algo que quero muito? —
Mordi os lábios nervosa como nunca tivesse tomado iniciativa com um
homem.
— O que quer fazer? — Parecia confuso.
Zerei a distância entre nós passando as suas mãos em volta da minha
cintura. Ele ficou tenso e com a respiração acelerada, umedecia os lábios
hipnotizado em meus olhos, correndo o olhar para a minha boca que o
convidou para um beijo no exato momento em que mordi o meu lábio
inferior sorrido sugestivamente.
— O que está esperando para me beijar Ícaro? Ainda terei que esperar
muito para você entender que estou ansiosa por esse beijo desde do nosso
encontro no shopping.
Suas mãos subiram rapidamente se agarrando aos meus cabelos,
nossos rostos colaram uns nos outros e eu senti a sua boca ainda tímida
tocar a minha, passei minha língua em seus lábios e senti o seu corpo
tremer.
— Me beija sem medo Ícaro — fiquei de ponta de pé e envolvi os
meus braços em volta do seu pescoço, me atracando como uma felina
faminta, o fazendo arfa entre os beijos que me surpreenderam.
Capítulo 13
Bruna Silva

Ele parou o beijo de repente sorrindo timidamente depois que sua


mão desceu da minha cintura e repousou sobre a minha bunda.
— Desculpe Alice — Mordeu os lábios sorrindo sem graça.
— Desculpar pelo quê? — Sorri com ele.
— Você sabe, baixei minha mão — Suas bochechas ficaram rosadas,
ele a respeita muito e isso é algo que preciso considerar nas minhas
investidas.
— Sem problemas, eu estava tão entretida no beijo que nem senti,
quero dizer, senti, mas… — Calei e sorrir feito boba novamente. — Quis
dizer que não tem problema.
— Alice, por quê? — Coçou a cabeça, torcendo os lábios.
Eu queria dizer que me apaixonei à primeira vista, mas como se Alice
já o viu muitas vezes.
— Você acredita em amor a segunda vista, talvez terceira, ou quarta
á.…. Perdi as contas.
— Para ser bem sincero, Alice, não — Baixou os olhos
— Vou terminar com o Mateus — Disse rápido, literalmente
esquecendo quem eu sou.
— Por mim? — Indagou baixo.
— Não exatamente Ícaro, é por mim, e todo esse relacionamento
toxico em que vivo com ele. Ele não me ama Ícaro, ele me trai com a Paula,
ele… — Fui surpreendida por um beijo, mais ousado dessa vez, ele me deu
leves mordidas nos lábios, suas mãos seguraram firme a minha cintura
apertando a minha pele.
— O que somos agora? — Indagou no final do beijo.
— Amigos com benefícios? — Não sabia o que ele queria ouvir.
— Amigos com benefícios, então, até você me promover a seu
namorado.
— Vai me apresentar aos seus pais? — Nunca tive um namorado, eu
estava animada com a ideia.
— Você já os conhece Alice — Bagunçou o meu cabelo sorrindo em
seguida.
— Como namorada — Justifiquei.
— Sim — Sorriu. — Nem acredito — sorria sem parar feito bobo.
— Você gosta tanto assim de mim?
— Mais do que imagina — o abracei e ele me beijou no topo da
cabeça. — Vou te deixar em casa — Me disse animado abrindo a porta do
carro.
Confirmei com a cabeça, era a primeira vez que o meu encontro não
terminava na cama.

***

Chegamos na casa da Alice perto das quatro da tarde, o carro do


César já estava estacionado em frente à casa, ele trabalha muito, então não o
vejo com tanta frequência.
— Vou voltar daqui. — Disse Mateus me deixando na porta.
— De jeito nenhum, vamos entrar — Puxei-o.
As cabeças se voltaram para nos ver entrar. Mateus me queimou viva,
mas pior foi o olhar cínico do seu pai.
— Sobrinha, veio com o amigo? — Sorriu sem humor.
— Sim, Mateus veio comigo, passamos a tarde juntos — todos
levantaram os olhos para nos olhar.
— Filha — Isabel torceu o nariz olhando em seguida para Mateus.
— Ícaro, o seu pai já mandou blindar o seu carro? — César
perguntou.
Gente que tipo de pergunta é essa?
— Sim, senhor, meu carro é blindado — Respondeu de cabeça baixa.
— Certo, não quero Alice andando em carros comuns. Sente-se. —
Disse em um tom rígido. — Como estão os seus pais?
— Estamos todos bem, senhor.
— Você é um bom garoto Ícaro, eu gosto de você.
Mateus pensou em levantar mais foi impedido pelo pai.
— Sente-se aqui sobrinha ao lado do seu noivo.
— Vou subir, estou cansada, até logo Ícaro — acenei com a mão e
sorrir boba.
Minutos depois, Mateus entrou no quarto.
— Que show foi aquele? — Indagou irritado.
— Qual?
— O Ícaro.
— Estamos ficando — afirmei com um sorris cínico.
— Ficando? — Ele me olhou como alguém possuído.
— Você tem a Paula, do que está reclamando?
Ele discou o telefone colocando no viva voz.
— Paula, passarei na sua casa, vamos ao local de sempre.
Eu o olhei pelo reflexo do espelho e sorri satisfeita, Paula merecia
essa Humilhação e Alice merecia essa vingança.
— Vamos, vou dá a você o que me pediu, mas depois não venha
chorando Alice — Disse convencido.
Chorando? indaguei para mim sorrindo, se alguém vai chorar, não
serei eu.
— Vá, eu chego em seguida, deixe uma chave na recepção do hotel,
eu não demoro.

***

Cheguei ao hotel e fui ao quarto indicado, entrei silenciosamente.


Como ele é podre, ele sabia que eu estaria aqui e ainda assim peguei a vadia
de quatro chupando ele.
Me sentei, eles estavam bem entretidos, nem me notaram.
O filho da puta é gostoso, pensei se eu deveria ficar com ele, vê-lo
correndo atrás da Alice me deixaria realizada.
Os olhos do Mateus se abriram, ele me encarou com luxúria. Que
pervertido, acha que pode ter as duas na cama?
— Precisei ver o que você tinha que ele não encontrava em mim
Paula — falei em alto e bom som.
Ela se cobriu envergonhada e olhou para Mateus em seguida.
— O que foi querida, está com o que é meu por direito e acha que eu
não posso bisbilhotar?
— Ridícula, Louca — Ela gritou.
— Mostrando a sua verdadeira face Paula? — Sorri. — Eu não vim
discutir, eu vim participar — Gargalhei encurtando a distância.
— Participar? — Indagou olhando para Mateus.
— Vi o quanto se empenhou no boquete Paula, eu poderia te dá umas
aulas, você é fraca.
Mateus ainda me encarava com luxúria e eu gostava disso.
— Mateus não vai fazer nada? — Cobrou por atitude.
— Apenas curte Paula — Se tocou se achando o máximo, o maior dos
galãs. — Quer continuar Alice? — Ele indagou sugestivo.
— Tudo bem para você querida? — Essa era a hora dela mostrar o
quando estava envolvida com esse bastardo.
— Não vou ficar e assistir a isso — Levantou irritada pegando as
roupas jogadas no chão.
— Vem Alice — Ele estava possuído pelo tesão.
— Não Mateus é você quem vai se ajoelhar e me convencer a não
terminar o noivado com você.
Ele dobrou os joelhos, aquilo estava lhe excitando.
— Mateus! — Ela exclamou irada.
Ele levantou o meu vestido sem nenhum pudor, eu já estava sem
calcinha, então ele apenas caiu de boca. E que boca.
Eu estava gostando, ele tinha talento, mas a graça acabou quando
Paula saiu do quarto.
— Para moleque — o empurrei com o pé.
— Parar por quê? Você estava gostando — Disse confuso.
— Sim, mas perdeu a graça, ela foi embora.
Ele me puxou pelos cabelos, juntando nossos rostos.
— Quem é você? — Indagou com os nossos rostos colados.
— Não está vendo? Sou Alice — respondi com ironia.
— Não, Alice nunca agiria assim, o que fez agora, o que vem fazendo
com o Ícaro, quem é você porra?
— Alice. Acha que eu não sou ela? Pode provar? Não né, então se
cuida Mateus que prevejo um futuro pobre para você.
— Vadia do caralho, você não vai fazer isso comigo.
— O que eu vou fazer? Terminar o que nunca existi? Mateus, Paula
também é rica, casa com ela.

***

Alice Gonçalves

Grego já tinha saído a horas, eu ficava angustiada aqui sozinha,


mesmo que ele aqui tirasse minha paz, e o resto do juízo que eu ainda
achava que tinha.
Me peguei várias vezes imaginando o que seria se ele soubesse sobre
o meu pai. A porta se abriu de repente e ele entrou com mais dois homens
carregando um sofá.
— Podem deixar aí e levar o outro — Ordenou.
O sofá era enorme, eu entendi as suas intenções, e até achei fofa a sua
atitude.
— E aí o que achou? — Perguntou orgulhoso.
— Lindo, espaçoso. Será bem útil.
— Sim, vai ser útil — Se jogou no sofá me chamando para sentar ao
seu lado. — Alice, em que seu pai trabalha? — indagou.
— Por que quer saber sobre o meu pai?
— Porque quero entender você.
— Acredita em mim? — indaguei.
— Me prove — zerou a distância entre nós, me jogando no sofá e me
beijando com paixão.
— Não estou pronta.
— Sou apaixonado por você e mesmo que você seja Bruna e já tenha
ficado com toda a comunidade, eu ainda iria querer você, porque eu me
apaixonei por você desde o primeiro segundo em que eu te vi, eu quero que
você seja só minha, entendeu Alice? Só minha.
Intensificou os beijos desenhando meu corpo. O seu toque era bom,
seus beijos eram mágicos, e eu perdia todos os sentidos quando ele puxava
os meus cabelos e mordia minha pele, chupando meus seios, o centro das
minhas pernas pulsava, e eu só desejava que ele me tocasse mais
intimamente eu queria que esse calor acabasse.
Ele subiu as mãos pelas minhas coxas chegando até a minha
intimidade, que pegava fogo, massageou por cima da calcinha.
— Estou louco, Alice, eu preciso ter você — Disse entre mordidas em
meu corpo.
— Não posso Grego — Disse ofegante até senti ele me penetrando
com um dos dedos. — Gregório — Foi quase uma súplica. Até senti um
mais um dedo.
— Vou abrindo o caminho, não se preocupe — Sorriu com malícia.
Desceu os beijos pelo meu corpo, beijou a minha virilha enquanto
afundava os dedos em minha coxa.
— Grego, não estou pronta — Tornei a dizer e ele se jogou ao meu
lado ofegante e um tanto contrariado.
— Vou esperar minha sereia — Disse me abraçando. — Só não
demora, eu não sinto mais prazer em ninguém que não seja você — Sorri
com a declaração, eu não lembro de ter alguém tão apaixonado por mim.
— Não temos um futuro juntos, meu pai, ele vai surtar, o meu carro é
blindado, meu telefone é monitorado, eu tenho quatro seguranças.
— Onde eles estavam no dia em que eu te encontrei? — Ele estava
me analisando, buscando verdade nas minhas palavras.
— Eu já te disse, ninguém esperou pela mina atitude desesperada,
Mateus nunca imaginou que eu descobriria.
— Quem é ela?
— Minha melhor amiga.
— Quero acreditar em você, Alice, juro que quero, mas isso também
significa que você vai embora, que vou perder você, para um mauricinho
que nem te ama.
Ele tinha razão, sobre tudo, sobre o Mateus, e sobre nunca podermos
ficar juntos.
— Você é o mais perto de aventura que eu já cheguei.
— Mimadinha — Sorriu.
— Grego, se a Bruna voltasse?
— É você que eu quero.
— O meu pai nunca iria aceitar.
— Então viva aqui como Bruna para sempre, não precisa voltar, eu
protejo você, cuido de você, você ainda não viu o quanto eu já fiz por você?
Não vê que o que sinto é verdadeiro.
— Está me pedindo para renunciar tudo que sou? Você mudaria sua
vida por mim, deixaria tudo isso Grego? Deixaria de ser traficante?
Eu nunca tinha perguntando o porquê ele estava nessa vida, com
certeza existia uma história por trás de tudo isso.
— Você acha que é assim sereia? Que resolvo sair e no outro dia
estou trabalhando em uma empresa? Sou fichado e procurado, eu tenho
sangue nas mãos, Alice, você estaria condenada a essa vida comigo, e é por
isso que eu te peço para ser a minha Bruna.
Gregório (Grego)

Meu telefone alertou uma mensagem do Marcelo, me sentei para ler.


“Gregório, solta a mina, a parada é séria ela é filha de juiz, o
mesmo que a gente está planejando passar”.
Capítulo 14
Gregório (Grego)

Sobressaltei alarmado, que porra é essa? Eu ainda julguei ser delírio


da cabeça dela, que ela estava vivendo outra realidade.
— O que foi? — Indagou confusa.
— Nada, vou precisar descer — Sai apressado.
Encontrei com Marcelo que me esperava ansioso.
— Se livra dela, Grego, ou usa ela para fazer o que a gente está
planejando.
— Está maluco, porra? Quer que eu mate o pai dela?
— Podemos atraí-lo.
— Não, esquece essa parada — Ordenei.
— Ele está perseguindo nossos parceiros, o próximo somos nós, já
tivemos prejuízo das ordens que ele deu para manda o BOPE para cá mano.
— Não Marcelo.
— Não o que Grego, você sabe que o substituto dele é um corrupto, é
dos nossos.
— Esquece essa parada — Tornei a ordenar.
— Qual foi Grego? Uma boceta é mais importante que a operação?
— Quem manda sou eu, não sou Marcelo? Para de me questionar e
faz o que eu disse, porra — ele ficou em silêncio insatisfeito. — Responde
porra tá ligado ou não tá caralho?
— Estou ligado, Grego.
— Beleza, então irmão, já é, fica suave aí que no demais eu resolvo.
— Vai deixar ela na tua casa? — Perguntou contrariado.
— Vou, ela é a Bruna para todos os efeitos, você tem foto da Alice?
— Claro que não, o velho protege demais ela, só descobri porque tem
outro dono de boca de olho nele e já vem investigando o velhote.
— Eles sabem da Alice? — Perguntei preocupado.
— Acredito que não, eles moram em um condomínio com segurança
máxima.
— Perfeito, me arruma o endereço.
— Quer para quê? Vai levar ela na tua garupa para casa? — Disse
com ironia — Chegue lá e se apresente ao pai dela — Gargalhou.
— Vai se foder porra — Respondi irado.
— Você não pode manter ela presa, ainda mais sendo ela quem é
Grego, mas pode usar a garota para os nossos planos — voltou a sugerir
com malícia.
— Mato quem tocar nela, e isso vale para qualquer um — vociferei.
Eu sabia que não poderia mantê-la aqui, mas também não tinha forças
para deixá-la ir e a única coisa que quero é que ela me queira, mesmo que
eu não saiba como tê-la comigo.

***

— Alice — Entrei em casa a procurando.


— Estou aqui — ouvi a sua voz, vindo do meu quarto.
Cruzei a porta a abraçando, e a beijando, me agarrei ao seu corpo, a
beijei com paixão, procurando fôlego para não parar o beijo.
— Fique comigo — implorei. — Queira ficar comigo — Disse entre
os beijos.
— Eu nunca senti tanta vontade de estar com alguém, mas não posso
ficar aqui e deixar a minha família, não para sempre.
— Seja minha — implorei.

***

Alice Gonçalves
Ouvi-lo implorar, me causou angústia, eu queria ficar, mas eu sabia
que não podia, o meu pai nunca iria aceitar essa relação.
Fechei os meus olhos e pedi que ele me beijasse e que me fizesse
dele. Eu nunca imaginei que minha primeira vez seria assim, com alguma
como ele, vivendo uma realidade totalmente diferente da que eu sempre
vivi, com alguém que o meu pai sempre me disse que eu deveria manter
distância.
— Tem certeza? — sussurrou beijando a minha nuca, indo para o meu
pescoço.
— Absoluta — gemi.
Beijei o seu abdômen, em seguida envolvi meus braços em seu
pescoço, ele me tirou do chão, prendi minhas pernas em sua cintura, meu
corpo queimava, mas dessa vez eu iria até o final. Senti a sua intimidade
ereta pressionada contra a minha, que vibrava de vontade de tê-lo em mim.
Ele me deitou na cama sem afobação, beijando a minha pele
delicadamente.
Desceu os beijos baixando a alça do meu vestido, beijando os meus
seios, enquanto a sua mão descia acariciando a minha pele, chegando na
minha virilha, alisando a minha intimidade por cima da calcinha. Gemi
entre os beijos, o que pareceu aumentar o seu tesão, ele gemeu rouco
colocando a sua intimidade ereta e lambuzada para fora encostou a minha
mão e a segurou fazendo movimentos de vai e vem.
— É tudo seu, só seu, nunca mais serei de outra. — Disse em tom de
promessa, esperando que eu lhe dissesse o mesmo.
Ele tirou a minha calcinha e em seguida tirou as suas roupas. Se
posicionou entre as minhas pernas e encostou a sua intimidade na minha
devagar, entrando cuidadoso.
— Que delícia! — Exclamou. — É bem apertado — gemeu.
Seus movimentos foi ganhando ritmo, gritei sentindo minha
virgindade sendo rompida, uma ardência que me incomodou por alguns
segundos.
Ele continuou com os movimentos lentos, e aumentou o ritmo os
poucos me colocando de quatro sobre a cama, segurando firme os meus
cabelos. Desceu uma das mãos estimulando meu ponto de prazer enquanto
seus movimentos estávamos rápido, senti as minhas pernas tremerem, uma
sensação incrível incidiu o meu corpo e eu não queria que aquilo acabasse.
— Mais forte — Gritei sentido a sua intimidade crescer e pulsar
dentro de mim, ele gritou colocando mais força e caiu ofegante ao meu
lado.
— Você é muito gostosa — sorria alisando meu rosto. — Você não
sabe quantas punhetas bati pensando em você, isso é ótimo — Me beijou
uma, duas, três vezes… até que perdia as contas, eu me senti tão bem
quanto ele, e senti medo de admitir que eu não teria forças para ir embora,
que eu não conseguiria deixá-lo.
— Você me esperou muito? — Indaguei.
— Uma eternidade. Preciso que pare de me fazer esperar.
— Acredita que daremos certo? — Eu naquele instante quis acreditar
que sim
— Você me quer? — Indagou enquanto alisava os meus cabelos com
a minha cabeça repousando em seu peito.
— Como nunca achei que fosse possível querer alguém — admiti.
— Então farei de tudo para que você fique comigo.
— Grego, eu não posso viver no seu mundo e você não pode sair
dele.
— Só a morte tira você de mim, minha sereia.
Eu ainda temia que ele descobrisse quem eu era, eu temia pela minha
vida, e a única coisa que eu queria era poder arrastá-lo comigo. Essa seria a
minha proposta, oferecer a ele uma vida ao meu lado fora do morro, se ele
fosse capaz disso eu conseguiria enfrentar tudo por ele.
Capítulo 15
Ícaro Cooper

— Aonde vai tão animado? — Indagou minha mãe cruzando a porta


do meu quarto.
— Encontrar a Alice — Sorri animado.
— Alice? Gonçalves? — Perguntou infeliz.
— Conhece outra mãe?
— Ela é noiva, do primo, continua correndo atrás dela? — Sua
expressão era de preocupação.
— Não é como pensa mãe, estamos saindo, logo o fim do noivado vai
ser anunciado, nos beijamos e ela disse que vai ficar comigo — Ela me
olhou de cenho franzido.
— Todo mundo sabe como funciona aquele noivado, filho, ela é
apaixonada, obcecada por ele.
— Mãe, eu estou feliz só por esta com ela, por ela está tentando, por
ela me dando uma chance, o seu filho está feliz mãe, como nunca foi e está
de saída, não quero me atrasar.
— Que cara preocupada é essa? — perguntou meu pai me vendo
descer com a minha mãe em meu encalço.
— Vou sair com Alice pai — disse animado.
— Que maravilha! — Exclamou feliz por mim.
— Pai, preciso do carro blindado — Pedi já que o outro que eu
costumava andar não é.
— Me deixa adivinhar… Exigência do césar.
— Exatamente.
— Pegue o carro. — Disse satisfeito.
— Valeu pai — Sai animado.
Em poucos minutos eu estava na mansão dos Gonçalves.
— O que faz aqui? — Fui abordado por Mateus.
— Vim buscar Alice, vamos sair.
— Hum… entendi, aceitou ser amante da minha noiva.
— Somos amigos.
— Claro que são, Ícaro você já reparou como ela está estranha e nem
parece ser ela.
— Para mim ela é a mesma — respondi.
— Não, eu andei olhando bem e ela não parece ser ela — falou
pensativo.
— E quem seria?
— Não sei, ainda estou tentando descobrir.
Gargalhei.
— Ícaro? Por que não avisou que havia chegado? Vamos embora?
Ela abriu a porta do carro entrando sozinha sem me esperar abrir e me
aguardou sorrindo, de fato ela estava agindo estranho.
— Aonde quer ir Alice?
— Você está me levando a um encontro e não pensou em nada?
— Tenho receio de escolher e não te agradar.
— Escolha, fique à vontade.
— O que acha de um baile no morro?
— No morro? — Ela me olhou assustada.
— Estou brincado, seu pai me mataria, mas podemos ir a uma boate,
o que acha?
— Perfeito! — Confirmou satisfeita.

***

Gregório (Grego)
— Alice, o que você faz para se divertir? — Indaguei a vendo se
arrumar em frente ao espelho.
— Não sei, não faço muita coisa, meu pai… — Interrompi.
— Para Alice, seu pai não te deixou viver — levantei ela
delicadamente pelos ombros, a virando de frente e a beijei na boca,
desejando nunca mais deixá-la.
— Grego, aonde vai me levar?
— Uma boate?
— Parece bom.
— Mas precisa me prometer que volta comigo, vamos descer o
morro.
— Claro que volto — ela afirmou como se a resposta fosse óbvia.
Sorri satisfeito, a beijando novamente.
***

Bruna Silva

Chegamos a uma boate badalada, eu já tinha ouvido falar, mas nunca


havia vindo, me esforcei para não desmontar o quanto fiquei impressionada.
— Gostou? Não conte ao seu pai que te trouxe aqui.
— Não se preocupe — Virei para ele me pendurando em seu pescoço
e o beijando.
— Alice, fique um pouco distante — se afastou alguns centímetros
ele era bem certinho, e respeita muito Alice, era fofo, mas eu já estava
queimando lá em baixo.
— Distante por quê? — Colei os nossos corpos e tonei a beijá-lo.
— Alice, eu sou homem, se continuar eu…—Tornei a beijá-lo o
impedindo de fala e senti a sua ereção. Ele está me deixando loca.
— Vem, o chamei para subir para a área VIP.
O camarote era privativo e eu pedi umas bebidas.
— Vai beber? — Indagou confuso.
— Só hoje, um pouco, deixe eu me sentir normalmente só hoje.
Vamos dançar — O puxei.
Depois de várias doses de tequila, eu estava bem animada, e beijando
colada ao seu corpo.
— Alice… — Gemeu esfregando a sua intimidade em mim.
— Quero você Ícaro — Eu não estava mais raciocinando, eu só queria
senti-lo.
— Vou ao banheiro — Se afastou de repente.
— Que saco Ícaro — protestei o vendo se afastar.
Fiquei olhando para a pista de dança esperando Ícaro voltar e ele
voltou animado me abraçando por trás e beijando a minha nuca, me virei
para ele colocando as suas mãos na minha bunda e ele apertou com
vontade.
— O que fez com o meu namorado no banheiro? — indaguei em um
tom divertido em seu ouvido.
— Namorado? — Indagou incrédulo.
— Você não quer?
— É tudo que eu mais quero — Tornou a me beijar e eu queria deixá-
lo mais soltinho.
— Então me beija com mais vontade, me toca — peguei a sua mão a
guiando pelo meu corpo.
— Alice, você ainda é virgem? — Engasguei com a própria saliva me
afastando.
— Mateus vou rápido ao banheiro — Fugi depressa da resposta
entrando ofegante no banheiro.
Eu precisava ir mais devagar com o Ícaro, molhei o meu pescoço,
minha nuca. Tudo queimava em mim, eu o queria dentro de mim.
Levantei os olhos e a vi ali retocando o batom e o pior estávamos
usando vestidos iguais.
— Alice? — Indaguei surpresa.
— Bruna? — Me olhou tão surpresa quanto eu e o fato dela saber o
meu no confirma que ela realmente está com o Grego.
— Está com o Grego? — Me preocupei.
— Sim estou.
— Ele machucou você? Vem vou te ajudar a fugir, onde ele estar
agora? — A puxei alarmada.
— Bruna está tudo bem, ele não me machucou, estou bem —
Garantiu com um sorriso.
— Garota, eu estive preocupada com você, no primeiro minuto eu
queria que você estivesse morta — Sorrir da minha revelação. — Mas daí
pensei, olha bem, somos idênticas, somos irmãs gêmeas, mandei as nossas
amostras para o laboratório.
— Bruna, eu não deveria te contar assim, mas o seu pai morreu.
— Aquele velho drogado. Foi tarde, ele não é o meu pai, o meu pai é
o césar — Afirmei satisfeita.
— Tenho certeza que o meu pai vai amar ter mais uma filha, mas sou
adotada Bruna, meus pais nunca me esconderam isso, mas não se preocupe,
eles vão te receber na nossa casa, ainda mais você sendo a minha irmã
gêmea.
— Como assim adotada Alice? — Meu chão se abriu e me engoliu.
— Bruna não se preocupe, vamos ficar juntas — Entendi porque
Mateus está tão desconfiado, Alice tem a voz, mas fofa do que eu um dia
conseguiria ter.
— Alice, você quer voltar? — Esperei que ela dissesse não.
— Claro, eu sinto falta dos meus pais, aliás com quem você veio
Bruna? Com Mateus?
— Mateus? Alice me poupe, pare de ser idiota, eu vi o seu noivo
sendo chupado pela melhor amiga, tenha um mínimo de amor-próprio —
Respondi irritada.
— Qual será o nosso próximo passo? — Ela indagou.
Pelo menos isso era bom, ela iria fazer o que eu mandasse.
— Volta com o Grego, espera o resultado do exame sair e
conversamos com os seus pais.
Eu estava arrasada, eu sou adulta, eles não iriam me aceitar.
— Bruna, não se preocupe, eu não vou deixar você — Ele pareceu ler
a minha mente, e eu confiava nela, foi a primeira vez que confiei em
alguém em toda a minha vida, eu não queira machucar a Alice, embora meu
instinto de sobrevivência me pedisse para sumir com ela.
— Vou pegar o exame em três dias, nos encontramos e resolveremos
isso, volte com o Grego, já percebi que está caidinha por ele. Nunca
imaginei que Grego gostaria de uma virgem — falei com ironia.
— Certo, nos encontramos então.
Sai primeiro do banheiro vi Ícaro me procura do da área VIP, andei
apressada até ele, mas senti meu braço ser puxado e eu respirei algo que me
deixou sonolenta.
— Alice, você me prometeu que voltaria comigo — Ouvi a voz
distante antes de apagar.
Capítulo 16
Alice Gonçalves

— Bruna? — Sai procurando por ela pela boate.


— Alice, onde você estava? — Virei de imediato sendo beijada sem
aviso.
— Ícaro, por que me beijou? — Empurrei ele limpando a boca em
seguida.
— Como assim? Você acabou de dizer que somos namorados,
estávamos indo além de beijos — arregalei os olhos o encarando.
— Mas que beijos? — Sorri de nervoso.
Andei feito louca pela boate, olhando por todos os lados e não vi nem
a Bruna e nem o Grego, e fiquei sem entender o que aconteceu, Bruna não
iria com Grego a não ser que ele tivesse nos confundido novamente.
— Vamos para casa Ícaro — Andei apressada para a saída da boate.
Como assim namorados? Que loucura foi essa?
— Me espera Alice — Ele correu para me alcançando.
Segui pensativa na volta, mal tinha coragem de encarar o Ícaro, nem
em mil anos eu ficaria com o meu melhor amigo.
— Alice, qual foi o problema, eu fiz algo que não gostou, me
desculpe, eu fui rápido demais, o que foi? — Ele estava muito angustiado, e
eu nem sabia se a Bruna realmente gosta dele e tudo que eu pensava agora
era em não magoar o meu único amigo.
— Não, você não fez nada de errado, Ícaro, sou eu quem não estou
me sentindo bem, sei lá as coisas ficaram confusas de repente — tentei ser
convincente.
Ele estacionou o carro em frente à minha casa, olhei de forma
estranha, eu nunca havia ficado tanto tempo longe de casa.
— Entregue. — Disse cabisbaixo.
— Ícaro, me desculpe, podemos no ver amanhã? — Indaguei o vendo
suspirar decepcionado.
— Vai querer mesmo me ver amanhã? — indagou inseguro.
— Claro, por que não iria querer? — Sai rápido do carro e entrei em
casa apressada, mas desacelerei quando cruzei a porta da sala. Minha casa,
respirei fundo o ar, sentido o cheiro do meu lar, era bom estar em casa,
embora eu não quisesse ter voltado agora.
— Mãezinha, paizinho — Corri para abraçar os meus pais. Dei um
abraço longo e apertado de saudade.
— Eu estava preocupado meu amor — Pronunciou o meu pai
carinhosamente — Onde está o Ícaro?
— Estou bem como pode ver — Girei de braços abertos. — Ícaro já
foi, ele me deixou na porta e foi embora.
— Ele deveria ter entrado, gosto de conversa com ele — Disse ele
informando que aprova o que está acontecendo.
— Vou subir, tomar um banho e dormi — me despedi subindo as
pressas entrando no meu quarto, cheio de sacolas de compras espalhadas,
muitas, varias, não sei como Bruna conseguiu comprar tantas coisas.
— Se divertiu? — Sobressaltei assustada quando Mateus entrou no
meu quarto, algo que ele nunca fez. Olhe bem para ele e já não era a mesma
coisa, me senti livre em não sentir o meu coração pular loucamente e quase
sair pela boca, como sempre acontecia quando eu olhava para ele.
— Sim, me divertir — Respondi de forma singela.
— Que bom! — Sorriu com ironia. — Vamos dá uma volta pelo
jardim o que acha?
— Já está bem tarde, Mateus quero dormir — Me admirei comigo
mesma, eu aceitaria fácil qualquer tipo de convite vindo dele.
— Sono? — Debochou. — Se divertiu com o amiguinho?
— Sim muito — confirmei.
Ele diminui o espaço entre nós, aproximando meu rosto do dele.
— Não brinque comigo, Alice. — disse entredentes.
— Pare! Se afaste, você está me assustando, o que deu em você?
Ficou louco? — Me apressei em ir para longe dele.
Ele me olhou confuso, parecia notar a diferença, claro com certeza eu
e Bruna somos diferentes.
Ele tornou a zerar a distância entre nós segurando meu rosto contra do
dele.
— Você está com um cheiro diferente — disse cheirando os meus
cabelos como um animal.
— Diferente como? — Dei um passo para trás e ele tornou a me
puxar, pela cintura dessa vez.
— Alice? — Sorriu com satisfação. — Que porra! — Exclamou.
— O que deu em você? — Meus momentos de confusão se
arrastaram por segundos e logo entendi, ele havia notado a troca, mas
continuei me fingido de desentendida.
— Nada, minha linda, venha sentar — Mudou o tom. — Você está
linda, quer que eu saia? Se sente desconfortável comigo aqui no seu quarto?
— Que pergunta louca é essa, Mateus?
— Sua memória Alice, ela voltou — Disse parecendo aliviado. — As
coisas vão voltar ao normal agora — Suspirou com alívio.
— O que estava anormal Mateus?
— Você e toda aquela conversa de me deixar.
— Ah… é isso? — Talvez eu ainda queira. — Vamos conversa
amanhã Mateus — O empurrei para fora do meu quarto.
Me joguei na cama em seguida e tudo que eu queria era estar com
Grego, em seus braços largos, dentro daquele calor, beijada pelos seus
lábios, eu precisava voltar a comunidade amanhã.
Me virei e revirei na cama durante horas até ser vencida pelo sono.

***

Bruna Silva
Acordei com uma dor de cabeça, que droga de lugar é esse? Indaguei
para mim encarando o teto. Sentei na cama com a cabeça latejando, que
merda de roupa é essa? Indaguei irritada vendo que minha roupa foi
trocada.
— Bom dia! — Grego entrou no quarto sorrindo como um idiota com
uma bandeja de frutas.
O filho da mãe pegou a mulher errada ou certa vai sabe da cabeça
desse sádico.
— Alice — Arregalei os olhos, ele sabia da Alice, aquilo de certa
forma me fez suspirar aliviada, afinal ele não me queria mais.
— Não sou a Alice Grego, sou a Bruna.
— Para Alice, não vamos começar com isso novamente.
— Você é idiota? Não reconhece a mulher que vem dormindo com
você? — Indaguei irritada.
— Idiota? — Mordeu o lábio inferior nervoso.
— Isso Gregório, idiota. Que droga estou fazendo aqui? Você faz
ideia do quanto desejei a vida da Alice?
— Para! Você está me deixando confuso — Levantou assanhando os
cabelos.
— Comida na cama? Nossa, não imaginei que era romântico —
Gargalhei.
Ele virou para mim me estudando.
— Então você é a Bruna, a vagaba que pegou geral no morro? —
Disse com sarcasmo
— Admito que gosto bastante de sexo e dinheiro, eu tinha tudo isso lá
na casa da Alice, mas dinheiro que sexo admito — Sorri com deboche.
— Que porra! — Ele mudou a atitude de depende. — E a Alice?
— Voltou com Ícaro, o melhor amigo apaixonado, que eu estava
quase chegando aos finalmente.
— Caralho! — Derrubou a bandeja de comida no chão, me
assustando.
— Como era a relação de vocês? Alice queria está aqui? — Me
preocupei de fato, comecei a gostar dela.
— Claro. — Disse como se fosse obvio.
— Não acredito em você.
— Problema seu — ele cruzou a porta e eu desci em seu encalço.
— Me dá o telefone, vou ligar para ela.
Ele virou para mim desconfiado.
— Por que está fazendo isso Alice? Quer ir embora?
Suspirei irritada indo até ele, me sentei na mesa da cozinha o puxando
pela mão, em seguida coloquei sua mão em minha intimidade.
— O que está fazendo? — Teve exatamente a reação que esperei.
— Algo que Alice não faria — olhei fixo em seus olhos.
— Ops! Atrapalho? — Marcelo entrou sorrindo com sarcasmo.
— Um pouco, mas pode participar da brincadeira — Pisquei o olho.
Ele olhou desorientado para Grego que se jogou no sofá.
— Que porra está acontecendo aqui? — Marcelo perguntou confuso.
— Trouxe a mulher errada para casa — Respondeu insatisfeito.
— Bruna? — Marcelo me olhou satisfeito, já que não concluiu o que
queria da última vez.
— Em carne e osso — Sentei a mesa colocando comida no meu prato.
— Você acha que ela vai querer voltar Bruna? — Ele perguntou
angustiado vindo em minha direção.
— Não faço ideia Grego, mas sei que eu quero voltar para a casa dela
e para o Ícaro.
— Ícaro? O cara não era Mateus? — perguntou confuso.
— Mateus é o noivo da Alice, ele come a melhor amiga, só está com
ela por dinheiro, ele é a parte pobre da família, o pai é advogado, eles
vivem na casa da dela, são dois parasitas, mas Alice é apaixonada por ele.
— E Ícaro? — Indagou ansioso.
— Ícaro é o melhor amigo gato da Alice, um fofo, é o filho do
candidato à presidência, ele é apaixonado por ela, e eu me apaixonei por
ele.
— Bem vida ao clube dos amores impossíveis — Sorriu Marcelo.
— Impossível? Só se for para o Gregório, eu já solicitei o exame de
DNA quando eu tiver as provas nas mãos de que somos irmãs, vou fazer a
família me adotar e apagar o meu passado.
— Adotar? — Grego levantou confuso.
— Sim, ela é adotada.
— Que loucura é essa?
— Não sei, só poderei ter alguma teoria quando o exame de DNA
sair. Agora me entrega o telefone, eu vou ligar para ela.
Ele me entregou o aparelho.
O telefone chamou várias vezes e ela não atendeu.
— Atende Alice — Estava nervosa roendo a unha.
— Nada? — Perguntou escorando a cabeça no sofá.
— Nada!
— Ela não atende — Joguei o telefone de lado.
— Vou atrás dela — Levantou apressado.
— E dizer o quê? Acorda Grego — Disse irritada.

***

Gregório (Grego)

Estava furioso pensando em muitas coisas quando o telefone me


chamou para a realidade.
— Alice? — Atendi rápido.
— Grego? — A sua voz me trouxe paz.
— Quero ver você — o meu tom era de desespero.
— Não sei como fazer isso, tem os seguranças e o Mat… — calou-se.
— Que porra, Alice, Mateus? — Indaguei incrédulo.
— Ele está no meu pé — Justificou.
— Vou matar esse playboy, Alice — Vociferei.
— Para Grego, ele é o meu… — Fez uma pausa. — Meu primo —
suspirei aliviado com a classificação que ela deu a ele.
— Preciso ver você, como faremos agora? Você ainda quer me ver?
— Não sei se será possível, não sei como fazer isso.
— Porra Alice! É isso então? — Meu coração estava quase parando.
— Grego, eu preciso te dizer algo — Sentei na calçada esperando ela
dizer que não nos veríamos mais.
— Eu te amo! — Sussurrou.
Meu coração voltou a bater e me permitir respirar deitando no chão,
sentido a garganta doer com o choro preso. Eu não podia chorar, porra.
— Eu também te amo — Repeti em um sussurro.
— Então diz a Bruna que vamos destrocar.
Capítulo 17
Alice Gonçalves

— Quem você ama Alice? — indagou Mateus cruzando a porta do


meu quarto.
— Ninguém, você ouviu errado — Virei as costas.
— O Ícaro? — Insistiu
— Já disse que você ouviu errado.
— Alice, eu fiz tudo que me pediu, levei a Paula ao hotel, deixe você
se vingar dela, agora me dê uma chance — Implorou beijando as minhas
mãos.
— Você está diferente — Olhou me estudando.
— Impressão sua, Mateus.
Ele mordeu os lábios se aproximando. O que diabos ele fará?
— Me beija — Sussurrou me beijando em seguida sem autorização, o
nosso primeiro beijo, e eu lembrei o quanto sonhei com ele.
— Alice — A voz da minha mãe o fez me solta rápido se
recompondo.
— Oi, mãe — Gritei e ela abriu a porta.
— Mateus? — Parecia insatisfeita encontrando com ele no meu
quarto.
— Eu já estava de saída, senhora — passou por ela apressado.
— O que faziam aqui? — Perguntou de cenho franzido.
— Nada, a porta estava destrancada, mãe, está tudo bem — Tentei
tranquilizá-la.
— Acho melhor adiantar esse casamento, vou conversa com o seu pai
sobre isso — arregalei os olhos.
— Não tem pressa, mãe.
— O que foi? Você deveria ter ficado feliz, era tudo que mais queria.
— Estou em dúvida ultimamente.
— Duvida? — Me olhou surpresa.
— Talvez, seja melhor esperar um pouco mais. Mãe, quando me
adotou existia pensou que poderia existir outra de mim? — Ela me olhou
confusa coma mudança repentina de conversa e ainda mais sendo sobre esse
tema.
— Por que essa curiosidade agora? — Sentou na cama.
— Não sei, imaginei e se eu tivesse uma irmã e ela fosse gêmea.
— Que conversa Alice — Sorriu.
— E se mãe, já imaginou alguém igual a mim por aí.
— Não nunca imaginei — Levantou da cama.
— E se existisse, a senhora iria gostar de ter outra filha, falo de deixá-
la viver aqui.
— Se isso fosse possível, ela teria uma família igual você tem a sua
— respondeu como se fosse obvio.
— E se ela não tivesse — Insisti.
— Alice, ela não seria a nossa filha, você é a nossa filha.
— Mãe, mas seria a minha irmã, se vocês me amam poderiam amá-la
também.
— Alice de onde está tirando esse assunto pelo amor de Deus filha.
Resolvi mudar de assunto, agora eu só queria troca de lugar
novamente com a Bruna.
— Deixa para lá mãe, às vezes sinto falta de uma irmã.
— Que coisa, Alice, você nunca disse isso nem na adolescência.
— Senhorita, o senhor Ícaro está lá em baixo — Fui informada pela
funcionária da casa.
— Estou descendo.
— O que está acontecendo entre vocês dois? É por causa dele que
você quer prolongar o noivado com o Mateus.
— Mãe, assim que eu tiver respostas para tudo isso converso com a
senhora, agora vou atender o Ícaro — Desci apressada.
— Ainda está atrás da Alice Ícaro? — Vejo Mateus confrontando
Ícaro.
— Oi! — Acenei descendo a escada — Ele abriu um imenso sorriso
quando me viu descer, esquecendo totalmente que Mateus o meu “noivo”
estava ali, ao lado dele.
— Você está linda — Disse me encarando como se nada mais
existisse ao redor.
— Obrigada.
— Que porra é essa, Alice — Protestou Mateus.
— Mateus, que linguaja é esse? — Indaguei, ele sempre foi muito
educado.
— Agora está se fazendo de santa de novo? Passou dias arreganhando
as pernas para mim.
— Mateus! — Exclamei irritada.
— Vamos Alice — Ícaro me puxou pela mão, deixando Mateus ainda
mais irritado.
— Eu nem me arrumei para sair Ícaro, podemos ficar por aqui?
— Vamos fazer o que você quiser.
Nos afastamos da casa, sentando em um banco no jardim.
— Fiz algo que não gostou? — Tornou a perguntar.
— Por que está me perguntando isso novamente? — perguntei
curiosa.
— Pelo que aconteceu na boate, você sabe, fomos um pouco além dos
beijos — admitiu envergonhado.
— Além de beijos como? — Eu estava curiosa.
— Alice, você vem me dizendo que gosta de mim, que vai terminar
com o Mateus, eu estou ficando ansioso, está estranho, eu chego aqui e fico
como se eu estivesse entrando entre vocês — Disse angustiado.
— Ícaro, o que você achou de mim nesses dias?
— Você estava diferente, mais leve, divertida, sexy, provocante, e o
melhor interessada em mim.
— Achei que gostasse de mim como sempre fui.
— Claro Alice, mas amei a sua nova versão, eu passei a amar uma
mulher diferente.
Gargalhei.
— Gostou da versão ousada — Continuei rindo.
— Eu também gosto de você assim fofa — Sorriu divertido.
— Hum rum, sei! — Disse divertida.
Eu não tinha o direito de desfazer a mentira, ou tinha, não sei. Mas
preferi esperar que a Bruna fizesse isso.
— Ícaro, você já se apaixonou por alguém que seus pais nunca
aceitariam? — Indaguei colocando a cabeça em seu colo.
— Por que a pergunta? Seus pais gostam de mim.
— Eu sei, eles gostam muito de você, quem seria louco de não gostar
de você — Ainda não consigo vê-lo em amasso de tão certinho que ele é.
— Se os meus pais não aprovam, eu não insistiria, sei o quanto eles
são chatos e vai me irritar muito. Além disso, a candidatura do meu pai está
em cima, ele só não aceitaria se a pessoa em questão fosse alguém sem
classe, sem uma estrutura familiar, esse seriam os principais motivos, não
conheço ninguém com essas características.
Pensei na Bruna com pesar, eu precisava fazer os meus pais aceitar
ela, aí, sim, seria fácil ela fica com Ícaro.
Conversamos por horas como bons amigos que somos, e agora meu
cunhado, ele só não sabe disso ainda.
— Preciso subir, já está anoitecendo — Disse me pondo de pé.
— Claro, te deixo na porta.
Mateus olhava pela janela, ele estava irritado, não sei se ele sente
ciúmes ou medo da pobreza, mas não é como se meu pai fosse fazer isso
com o próprio irmão e deixá-lo em uma situação difícil.
Cruzei a porta sendo seguida pelos seus olhos que me fuzilaram, subi
sem dizer uma palavra, eu nem lembro de ter gostado dele.
Entrei no meu quarto me trancando, liguei novamente para o telefone
do Grego que atendeu de imediato.
— Alice? — Disse atendendo.
— Quem mais séria? — Falei em um sorriso.
— Estou com saudades — Falou fofo do outro lado da linha, sim, ele
falou fofo, como isso poderia estar acontecendo, eu nunca imaginei que
alguém como ele pudesse ser assim.
— Eu também — Respondi.
— Bruna disse que vai à clínica onde fez o exame de DNA, vocês
podem destrocar lá.
— Quando? — Indaguei ansiosa.
— Amanhã. Só uma lua separa você de mim — Disse sorrindo.
— Então vou fechar os olhos agora para que ela se vá com pressa.
— Até amanhã, Alice.
Capítulo 18
Gregório (Grego)

No dia seguinte…
— Acorda Bruna! — Disse Ansioso.
— Qual o teu problema grego? — Falou despertando.
— Vai logo, se arruma, vou te deixar na clínica.
— Calma, ainda está cedo — Virou para o outro lado.
— Bruna, levanta Alice já ligou e disse que Ícaro vai acompanhar ela
até a clínica.
— Ícaro? — Saltou rápido da cama. — Me deixa ir.
Desci para comer alguma coisa e encontrei Marcelo na sala.
— Está fazendo o que aqui a essa hora? — indaguei indiferente.
— Hoje é o julgamento do nosso parceiro.
— Estou ligado.
— Vai buscar a Alice? — Olhei torto quando ele me fez a pergunta.
— Marcelo tire esses pensamentos da sua cabeça, arranco seus dois
braços se tocar na Alice — advertir.
— Ela é a chance que precisamos.
— Bota uma bomba no presídio, porra, mas não vem tocar na Alice.
Vi Bruna nos observando do alto da escada.
— Se apressa Bruna. — disse olhando para ela.
— E se for ela? — Marcelo apontou para Bruna.
— Ela o quê?
— Elas são iguais, leva a tua mina para longe e agente usa essa daí.
— Me deixem fora disso.
— Vai ser uns vídeos Bruna. Te fodendo, você gosta!
— Cala a boca, Marcelo — ordenei irritado.
Ela o encarou irritada.
— Nem você, nem ninguém mais tocará em mim, a não ser que eu
realmente queira, não preciso mais me submeter a vocês.
— Quem é rica é Alice, você ainda é uma vadia pobre.
— Isso não é da sua conta, vamos Grego — Cruzou a porta puxando
pelo meu braço.
— Calma, ele não vai tocar na Alice.
— Você confia demais nele — sorriu incrédula.
— Somos amigos de infância — Respondi tentando passar segurança.
Ela estava bem irritada, ela é idêntica à Alice.
— Por que está me olhando assim feito bobo?
— Porque você é idêntica a ela, só estava matando a saúde do rosto
dela.
— Eca! Como você é meloso. Eu esperava outro tipo de pessoa.
— Vamos logo, quero ver a Alice — Subi na moto e ela veio na
garupa.

***

Alice Gonçalves

Acordei ansiosa, me arrumei e coloquei uma roupa igual na mochila


para a Bruna vestir, os seguranças hoje irão no meu pé, o meu pai fará um
julgamento importante.
— Vai sair com Ícaro? — Indagou Mateus entrando no meu quarto.
— Sim, vou sair com ele — respondi naturalmente.
Ele me olhou furioso.
— O que preciso fazer para que você me aceite novamente? —
indagou me abraçando.
Me virei para encará-lo.
— Mateus, você não faz ideia do quanto amei você, eu ainda te
amava mesmo depois do que vi.
— E o que mudou?
— Me apaixonei por outra pessoa — fui direta.
— Ícaro? Vocês sempre foram amigos, você nunca teve interesse
nele.
Eu queria dizer que não era o Ícaro, mas nenhuma das duas verdades
poderiam ser ditas.
— Sim, é o Ícaro — Respondi.
— Eu mato aquele filho da mãe — Andou transtornado pelo meu
quarto. — Vem aqui Alice, eu vou te mostrar uma coisa — Me puxou
segurando forte o meu braço descendo pelas escadas.
— O que está fazendo? Me solta Mateus — Gritei.
Ele tampou a minha com força me jogando no carro.
— Para Mateus, abre o carro — Ordenei.
— Não! Eu vou fazer você lembrar de tudo que sente por mim —
Parecia louco falando.
— Está me sequestrando? O meu pai vai surtar Mateus, ele vai matar
você.
— Não vai ser um sequestro, Alice, não seja dramática, vamos sair,
conversa, curtir um pouco — Tomou a minha bolsa.
— Mateus, eu tenho um compromisso, pare o carro — Tornei a
ordenar.
Ele me levou a casa de campo da nossa família e de lá mandou uma
mensagem dizendo que havíamos ido passar um final de semana.
— Me leva de volta Mateus.
— Só passaremos um tempo juntos, Alice, é só isso que quero, um
final de semana com você.

***
Bruna Silva

— Alice está demorando Grego — Disse aflita.


— Liga para ela — Ele pediu e eu fiz prontamente.
— Só dá desligado. Vou entrar na clínica e pegar o resultado dos
exames — Informei.
— Vou com você — me acompanhou.
Peguei os resultados e me sentei esperando que ela aparecesse.
— Fiquei de abrir com ela — Disse aflita olhando o relógio.
— Ela não vem — ele afirmou tentando se convencer das próprias
palavras. Vi o desespero na cara dele, arrasado encostando a cabeça na
cadeira.
— Ela gosta de você, Grego ela vem — Afirmei.
— Abre logo, quero saber o que tem aí, como foi que você fez? —
Tentou mudar o foco dos pensamentos.
— Então peguei o DNA da Alice, meu e dos pais dela, até então eu
achava que eu pudesse ser filha deles também, mas Alice disse que ela foi
adotada, meu pai dizia a mesma coisa, porém eu e a minha mãe éramos
idênticas — Sorrir.
— E se vocês só forem parecidas?
— Se esse for o caso, tudo bem. Mas sinto que somo irmãs, eu me
senti nas emoções dela lendo os diários, temos uma conexão Grego, depois
dela parei de me sentir só, eu sei que se ela ainda não chegou foi por algum
motivo.
— Só espero que ela não tenha se arrependido de ficar comigo, juro
Bruna, que eu a traria força.
— Pare de falar bobagem, eu vi tudo que ela escreveu sobre Mateus
naquele diário, se ela disse que gosta de você, ela realmente gosta.
— Abre logo, estou curioso — Disse tentando branda a voz.
— Está bem, vou abrir — rasgando o envelope.
— E aí? — Ele estava mais ansioso do que eu.
— Não acredito — Gargalhei dando vários pulos pela clínica.
— O que tem aí? — Puxou da minha mão. — Não estou entendendo
me explica — Pediu impaciente.
— Aqui diz que eu e Alice somos irmãs gêmeas, temos o DNA cem
por cento iguais e mais grego, aqui diz que o Juiz é o nosso pai — gritei
eufórica.
— Como assim? E a mãe? — Perguntou confuso.
— Não faço ideia grego foi uma pulada de cerca — Gargalhei. —
Mas sou rica — Dei ênfase a última palavra.
— Caralho, se vocês são filhas do Juiz e Alice acha que é adotada, ela
vai ficar em choque quando souber disso — Disse preocupado.
— Ela sobrevive Grego, não se preocupe, mas agora sei que a porta
para a mansão Gonçalves está mais que aberta. Está escancarada.
— Você vai lá mostra a ele? — Indagou.
— Não, eu vou mostra a Alice primeiro, assim que ela chegar.
Ficamos horas esperando e nada.
— Caralho Bruna ela não vem — Andava de um lado para o outro
impaciente. — Liga, liga de novo, liga. — Pediu impaciente.
Peguei o telefone e voltei a discar.
— Nada, está desligado.
— Ela não vem Bruna, ela mentiu. — Eu não queria pensar que foi
esse o caso, algo tinha acontecido.
— Aconteceu alguma coisa Grego — afirmei.
— Aconteceu que eu só um sou um idiota, um babaca.
— Vamos embora, eu volto a ligar do morro — O puxei para fora da
clínica, eu estava até com dó dele.
***

Ícaro Cooper

— Alice? — Indaguei vendo ela subir na garupa da moto de um cara


estranho.
Parece um traficante.
— Alice! — Gritei com a moto já em movimento.
Com certeza é um sequestro, ele estava bem alterado e ela estava com
uma cara apreensiva, preciso avisar aos pais dela.
Capítulo 19
Ícaro Cooper

Liguei para a mansão Gonçalves.


— O César? — Indaguei assim que a funcionaria atendeu.
— Está em uma audiência agora — desliguei rapidamente.
Claro a audiência! Volta para o carro depressa e fui até o fórum.
— Preciso falar com o juiz César. — Disse atarantado, com a
respiração acelerada.
— Ele está em uma audiência, em uma hora ele ficará livre e poderá
lhe atender — informou a funcionária da recepção.
— Em que sala? — indaguei despretensioso.
— A sala quatro — informou sem esperar a ação desesperada
correndo em direção a sala de audiência e abrindo bruscamente a porta, e
fui contido pelos polícias.
— Me soltem, me soltem — gritei me debatendo.
César levantou assustando.
— Ícaro? — Fez gesto para me soltarem.
— Senhor Alice foi sequestrada — a minha voz saiu ofegante.
— Como assim? — Arregalou os olhos assustados. — A seção está
adiada — levantou apressado, vindo na minha direção.
— Eu vi, ele era de alguma comunidade.
O vi pegar o celular e checar mensagens, ele leu com calma, e ligou
várias vezes para Mateus que estava com o telefone desligado igual ao de
Alice.
— Nenhum dos dois atendem, me descreva ele, como é o homem que
viu com ela — ordenou.
— Tirei uma foto — Informei tirando o telefone do bolso e o
mostrando.
— Rocinha. — Disse baixo, saindo apressado do fórum.
— O que vai fazer, senhor? — Indaguei o alcançando.
— Vá para casa, assim que eu a trouxe de volta comunico — Disse
com a expressão endurecida. — Mandem subir a Rocinha, estão com a
Alice e tragam o Grego separado dela, quero ter uma conversa com ele —
Ele desligou o telefone apressado — Vá Ícaro, eu resolvo daqui.
— Quem é Grego? — Indaguei.
— O homem da foto, o dono da Rocinha, ele mexeu com a pessoa
errada — Entrou no carro e saiu cantando pneu.

***

Gregório (Grego)

— Nada da Alice atender? — indaguei aflito.


— Só dá desligado, Grego. — Disse desapontada.
Esmurrei a mesa irado.
— Ela mentiu Bruna — Vociferei.
— Alice não é esse tipo de pessoa Grego.
O barulho de fogos informando invasão soou.
— Que porra é isso? — indaguei pegando a arma. — Fica por aí
Bruna, vou ver qual é a da parada.
— É a polícia? — indagou assustada.
— Fica quieta aí beleza — Sai de casa, os soldados estavam todos
bem armados em seus postos.
— Qual foi? É o Bope? — Indaguei.
— Não! Segurança privada, bem armada Grego — informou.
— Privada? — Indaguei curioso. — Que porcaria eles querem?
— Eles estão gritando por você chefe.
— Mete bala em geral. Onde está Marcelo?
— Subiu — Informou
Os homens estão cada vez mais próximos. Ouvia os tiros se
aproximando.
— Eles cercaram o morro Grego, disseram que param de atirar se
você descer — Disse um avião ofegante.
— Quantos de cada lado?
— Cinco dos nossos, eles estão zerados.
Respirei fundo.
— Encontra com Marcelo e manda ele ficar ligado, e tomar conta do
morro caso alguma coisa aconteça, não vou deixa mais ninguém dos nossos
partir.
Desci apressado, e vi os filhos da puta tocando terror, nossas armas
eram de exército, mas as deles não ficavam para trás e eles entraram com
ordem de matar geral, estavam torturando até gente de bem.
— Qual foi aí comédia? Está me procurando? — indaguei.
Lógico que meus soldados me cercaram, eles são leais.
— Está suave — Disse me aproximando dos filhos da puta que
pararam de atirar.
— Cadê a Alice? — Indagou chutando a minhas pernas me fazendo
cair no chão de joelhos.
Os meus soldados apontaram a arma prestes a atirar e eu levantei a
mão os impedindo.
— Ela não está aqui — Respondi em um tom confuso.
— Mentira, temos fotos dela, na sua moto, onde ela está — Gritou
chutando o meu rosto.
— Eu também gostaria de saber — Respondi me levantando do chão.
— Vem me acompanha — Várias armas estavam apontadas para
minha cabeça, e vários dos meus rendidos.
Desci o morro sem reagir, não queria que mais dos meus morresse.
— Entra, filho da puta — Me jogou na mala do carro.
Fui todo o percurso pensando onde Alice estaria. Minutos depois a
mala foi aberta e fui puxado de dentro e jogado em um galpão aos pés de
um homem.
— Onde está Alice? — Indagou para eles.
— Vasculhamos o morro, ela não está lá.
— Amarrem ele — Ordenou.
Levantei a minha cabeça para encarar o tal homem. O pai da Alice,
que bela maneira de entrar para a família Grego.
Fui amarrado pelos braços e pendurado.
— Onde está a minha filha? Abre a porra da boca.
— Não sei onde a Alice está — Disse entredentes.
Ele me deu um soco no estômago.
— O que é isso aqui? — Mostrou uma foto minha com a Bruna.
— Essa não é Alice — respondi sendo sincero,
Ele me deu outros tantos golpes pelo corpo.
O som de mensagem do meu celular ecoou no galpão vazio, ele pegou
o telefone do meu bolso.
“Não, Marcelo, não! ” Arregalei os olhos ouvindo a voz de Bruna.
Que porra, Marcelo está fazendo?
“Me solta, não, não” Ela gritava. O juiz olhou apavorado.
— Filho da puta, mandem toca fogo naquele lugar, tragam a minha
filha — gritou desesperado.
O telefone tocou em seguida e ele atendeu colocando no viva voz.
— Solta o meu parceiro tá ligado? Se você não quiser ver geral
comendo essa puta aqui.
Ele olhava organizado para a tela e ao fundo eu ouvia os gritos da
Bruna.
“Não, não, não me toca, sai de cima de mim” ela gritava.
— Deixa eu te mostrar quantos vão comer a putinha.
O juiz apertava forte o aparelho em sua mão. Ele estava em choque
olhando a tela.
— Me mostra o meu amigo, porra — Ordenou e ele virou a câmera
para mim. — Ele está ferido?
Desta vez eu conseguia ver as imagens.
Ele puxou Bruna pelos cabelos, lhe dando tapas em seguida.
— Gosta de torturar? — indagou Marcelo ao pai de Alice.
— Para com isso, Marcelo — ordenei. — Não toca nela, porra.
O homem que respirava acelerado me encarou sem entender.
— O que vocês querem com a minha filha? Que tipo de ameaça
pretendiam fazer — Indagou entredentes?
Fiquei em silêncio encarando até receber novos socos.
— Eu amo a sua filha. — Disse sem encará-lo, ouvindo uma
gargalhada em seguida.
— Você o quê? — Gritou levantando a minha cabeça pelos cabelos.
— Eu amo a Alice — Repeti.
— Quem você pensa que é para dizer que ama a minha filha?
Bandidinho de merda — Cuspiu nos meus pés.
— Liga para o amiguinho bandido, manda ele trazer a minha filha —
Ordenou.
— Ele não vai soltar, eu o conheço.
— A é? Ele não vai? Bate nesse filho da puta, mata esse desgraçado,
arranca os olhos para nunca mais ele olhar para mulher decente.
— Eu amo a Alice — Tornei a falar.
— Que amor? Deixando os seus amigos bandidos abusarem dela,
porra — Ele estava descontrolado. — Mandem tocar fogo em tudo, e
tragam a minha filha — vociferou.
— Aquela que está lá não é Alice — silabei.
Capítulo 20
Gregório (Grego)

— O que você está falando? Como não é a Alice? — Me encarou


com ódio, ele não iria acreditar em nada que eu dissesse.
— Me responda o senhor, como podem existir duas pessoas
idênticas? — Indaguei sem delongas.
— Não fale besteiras, não existem duas pessoas iguais — Esbravejou.
— O que estão esperando? Tragam a Alice — Ordenou aos gritos olhando
para os homens fortemente armados no galpão. — Se alguma coisa
acontecer a ela, eu mato você, mas antes arranco a sua pele, seu vagabundo,
acha que pode tocar na minha filha e sair vivo? Acredita que vou te deixar
vivo?
E eu vi as minhas chances de ter a Alice irem pelo ralo, não era como
se eu um dia sonhasse com a sua aprovação, mas eu não queria ser odiado
por algo desse tipo. Eu nunca contra Alice a mulher que eu amo, a minha
mulher.
— Como conheceu a minha filha? Se é que isso é verdade — Riu sem
humor.
— Ficamos juntos, nos amamos.
— Não fale idiotices, minha filha nunca olharia para alguém da sua
laia, nunca — Enfatizou.
O telefone tocou novamente, o deixando nervoso e atendendo
apressado.
— Desgraçado, eu vou matar você! — Gritou ao atender o telefone.
— Vai? — Marcelo gargalhou. — Puta gostosa, dá uma olhada —
Disse ainda em meio a um sorriso diabólico.
Eu não fazia ideia do que ele estava vendo, mas ele se jogou no chão
em lagrimas desesperadas, suas mãos tremiam e apertavam forte o aparelho.
— Alice, estão indo te buscar — Pronunciou com angústia, e eu ouvia
os gritos desesperados da Bruna ao fundo.
— Marcelo, larga ela porra! — Gritei implorando, era a única coisa
que eu podia fazer ali amarrado, implorar pelo bom senso que ele nunca
teve.
— Relaxa aí Grego, ela gosta, esse velho vai te solta querendo ou
não está ligado, vou mandar geral foder com essa vadia, eu já disse a ele,
vai ficar assistindo? — Gargalhou.
— Grego! — Os gritos dela eram de desespero, e eu comecei a tentar
me soltar desesperando, puxava com força, e gritava de frustração.
— Larga ela porra! — Tornei a grita em desespero dessa vez. — Vou
te matar Marcelo. Caralho, eu te disse para não tocar nela, porra.
Não era a Alice, mais ainda assim era uma mulher e que ele não tinha
o direito de tocá-la. O ódio me corroeu por dentro, eu iria deforma a cara
desse filho da puta.
O juiz me olhava confuso, mas ainda com ódio.
— Me solta, você quer que eles estuprem ela caralho? — Gritei
tentando me soltar novamente.
— Não confio em você, não confio em marginal, acha que caio em
teatro de bandido?
— Ele não está mentido, ele vai violentar ela, e você vai ser o culpado
— Gritei tentando soltar o meu braço pela milésima vez, o sangue escorria
por ele, e eu já estava cansado de tentar.
— Chefe não fazemos ideia de onde eles estão — Dizia a mensagem
de voz que ele não fazia questão de ouvir no viva voz.
— Me deixa ir, porra — implorei dessa vez, ele precisava me deixar
ir.
Ele abriu uma bolsa e colocou uma pulseira eletrônica no meu pé.
— Vamos — Disse soltando as correntes de vez me fazendo cair com
tudo no chão. — Se você tentar alguma coisa, eu acabo com você. Entendeu
seu bandidinho de merda? — Disse enquanto me arrasta e me joga no carro.
— Precisa saber onde estar a Alice — Ela estava sumida também.
— Cala a boca, cala a boca! — Ele estava cego, nada que eu dissesse
iria fazer ele enxergar a verdade, Bruna precisava de ajuda, mas Alice
também.
— Por favor, senhor, aquela lá em cima não é Alice — falei tentando
convencê-lo.
— Faz o que mandei, vai até a minha filha, me mostre onde ela está,
só faz o que mandei entendeu?
— Vou subir — Disse saindo apressado do carro quando ele
estacionou ao pé do morro.
Eu iria ajudar a Bruna primeiro e depois procurar pela Alice.
— Chefe? — Um dos meus soldados me viu, e veio em minha
direção alarmado. — O morro está tomado, tem homem para todo lado.
— A moto, me dê a moto — Disse em tom de ordem, recebendo a
moto de imediato.
Eu não sei de onde estava conseguindo forças para me manter firme.
Pilotei rápido, pela comunidade que tinha focos de incêndio em alguns
locais, cheguei ao local onde eu sabia que Marcelo estava, chutando a porta
com tudo os assustando eles apontaram as armas para mim e relaxaram
quando viram que era eu.
— Abaixa é o Grego — Ordenou ele.
Bruna estava seminua acuada no canto da parede, a visão dela assim
me deixou em choque.
— Filho da puta do caralho, eu te disse para não tocar nela, porra —
Gritei enquanto corri em direção a ela que estava com marcas roxas e
arranhões pelo copo.
— Está suave Grego, ela gostou — Cerrei os punhos levantando com
o ódio.
— Filho da puta, eu vou matar você, porra — Parti para cima dele o
esmurrando, ele caiu no chão e não se defendeu e os outro tentaram me
segurar.
O som do grito de Bruna me fez voltar a mim, ela era mais importante
agora.
— Bruna! — Exclamei indo até ela que se esfregava e chorava, eu
estava em choque olhando para ela — Vou te tirar daqui. — Olhei para eles
— Quem mais? Quem mais? — Eles ficaram em silêncio, me deixando com
mais ódio. — Eu dei uma ordem, porra, eu dei uma ordem, caralho, bando
de cuzão, filhos da puta — Gritei transtornado.
— Me tira daqui, Grego. — Implorou em lagrimas.
— Todo mundo com as mãos na cabeça — A ordem veio
acompanhada de chutes.
— Atira caralho — Ordenou Marcelo que começou a trocar tiros com
a polícia.
Me joguei no chão protegendo Bruna dos tiros.
— Anda abaixada — disse baixo.
— A garota está aqui! — Ouvir algum deles informa.
— Foge Grego! — Ela disse em um tom desesperado. — Eu vou ficar
bem, eles vão me levar — Gritou ao meu ouvido.
Sai rápido da casa e fui perseguido, eu ainda estava com a pulseira
presa ao meu pé, mas consegui despistá-los e entrar em uma casa qualquer,
ninguém me entregaria, não sou odiado na comunidade.
— Me ajuda a tirar isso — Ordenei ao único homem da casa.
Na comunidade tirar pulseira não era problema, eu ouvia os gritos do
lado de fora, e aqui as crianças estavam escondidas em baixo da cama, uma
cena lamentável.

***

Alice Gonçalves

— Mateus, vamos embora — Implorei.


— Só vamos embora Alice quando você reconhecer que me ama.
— Meus pais devem estar loucos de preocupação — Afirmei tentando
colocar juízo em sua cabeça.
— Vou ligar para o tio, não se preocupe, fiz esse suco para você tome
— Disse me entregando.
— O que tem aí? — Perguntei preocupada, já fui drogada uma vez.
— Nada, meu amor, não tem nada, eu nunca machucaria você, Alice,
pelo contrário, vamos nos entender — Se aproximou segurando a minha
nuca me beijando. — Me beija Alice, você me deixou louco da última vez,
não quer terminar o que começou?
— Do que está falando? — Indaguei.
— Me chupa — Disse tomado pela luxúria. — Estamos sozinhos
agora, me beija Alice, você me deixou louco de tesão esses dias. — Disse
entre gemidos — Vem, sente como estou — colocou mina mãos em sua
intimidade.
— Para com isso Mateus — Puxei a minha mão de volta, ele suspirou
nervoso.
— Bebe — Ordenou dessa vez batendo o copo na mesa.
— Não! — Exclamei.
— Não tem nada aí, Alice, eu não preciso drogar você, deixe de ser
boba, eu te trouxe para passar algumas horas agradáveis, eu quero provar
que te amo.

***

Bruna Silva

Senti alguém me pegar nos braços após me cobrir com um casaco, me


senti segura, deixando o cansaço me vencer permitindo que meus olhos se
fechassem.
— Alice… Filha… — Meus olhos estavam semiabertos e eu podia
ver o desespero dele, do meu pai, me perguntei se ele estaria assim se
soubesse que eu não sou a Alice.
— Eles fugiram senhor — Foi informado pelo homem que me
carregava — Pegamos só os peixes menores.
— Coloque ela na ambulância — Ordenou.
Ele foi ao meu lado segurando e beijando as minhas mãos, eu chorei
compulsivamente, filhos da puta, esfreguei a minha pele sem força para tal
ato.
— O que eles fizeram a você? — Chorava alisando meu rosto.
— Eu senti tanto a sua falta — Disse me lembrando que nunca tive
um pai amoroso.
— Eu estou aqui, meu amor, vai ficar tudo bem — garantiu me
passando segurança.
Chegamos ao hospital, era o melhor da cidade, eu podia ver os
olhares preocupados dos médicos. Ter dinheiro é outro nível, as pessoas
param a te olhar como se você fosse lixo.
— Faça todos os exames necessários, pelo estado dela já deve saber
quais são os exames — Pediu com a voz embargada.
— Pai! — Exclamei em lagrimas.
— Me perdoa Alice — Ele chorava sem controle.
— Filha! — Os gritos de Isabel ecoaram pelo hospital. — Não! Não!
— Se jogou no chão.
— Pare Isabel, precisa da força ela, chega — ele ordenou.
Meu coração doeu imaginando que ninguém estaria assim por mim,
pela Bruna.
— Vamos, senhorita, o profissional do IML já está aqui para fazer os
exames.
— Não! Não, a culpa é sua, sua — batia nele devastada.
Fechei os meus olhos me sentido violada novamente, eu sabia o que
havia acontecido, não precisava de exames para comprovar o que minha
alma quebrada gritava.
Tempos depois retornei para o quarto privado tanto luxo, nada daquilo
conseguiu preenche o vazio, eu me senti um lixo, e fazia tempo que não me
sentia assim.
— A polícia está chegando, Alice, vão pegar o seu depoimento —
Disse o meu pai. — Não se preocupe, eu vou caçá-los.
Me virei para o outro lado fechando os olhos, eu só queria poder
sumir, esse era o meu único desejo.
Capítulo 21
Alice Gonçalves

Comecei a me sentir com sono, meus olhos estavam pesados.


— Alice, Alice — ouvi a voz distante. — Vamos ter um filho, o que
acha? — Senti as suas mãos acariciando o meu corpo, ele beijava o meu
pescoço, os meus movimentos estavam lentos, meus braços pesados.
— Para Mateus — Tentei empurrá-lo.
— Para porque Alice? Você também queria — Justificou. — Vamos
curtir esse dia, você ainda é virgem, não é? — Ele tocava a minha virilha e
eu tentava apertar as minhas pernas com força.
— Eu não quero! — Disse com a voz arrastada.
— Não vai doer meu amor! — Me beijou na boca, eu senti os seus
dedos me tocarem.
— Mateus, por favor — Implorei.
Meus olhos pesavam muito, e eu me rendi ao sono.

***

Na manhã seguinte…
— Bom dia, minha linda! — Mateus se aproximou de mim com uma
bandeja de café da manhã, eu estava sem roupas.
— O que aconteceu? — Indaguei cobrindo o meu corpo.
— Não lembra meu amor? Você me implorou para estar dentro de
você, te chupei inteira, você gemia enlouquecida.
— Mentira! — Exclamei.
— Mentira? — Sorriu tornando a me beijar, enquanto eu tentava o
empurrar — Vamos nos casar meu amor, em breve vai estar grávida, meu
tio vai pirar, ele é louco por um neto.
— Você está louco? — indaguei ainda incrédula.
— Estou, louco por você, você me acordava com beijos e caricias,
Alice, achou que eu ficaria como?
— Vamos embora, eu quero ir para casa.
— Iremos, vamos almoçar, sair para andar um pouco pelo jardim,
você gosta dessas coisas — Disse com um sorriso confiante.
— Você não faz ideia do quanto desejei ser sua, receber os seus
beijos, seus abraços, e você? Só me esnobava, fingia interesse por que
Mateus? Pelo dinheiro do meu pai?
— Me perdoe, eu estava fora de mim, eu não tinha notado você, fui
idiota Alice.
— Como eu vou perdoar o homem que acabou de admitir que me
estuprou — Esbravejei.
— Não foi estupro, você sempre quis.
— Mas você me drogou — Gritei
Ele levantou em silêncio, parecia nervoso.
— Eu te amo! — Virou-se ao pronunciar as palavras e se ajoelhou aos
meus pés. — Fica comigo — Implorou.
Desejei muito tê-lo, por que as pessoas só valorizam depois que
perdem?
— Quem é o homem por que você se apaixonou? — Indagou
levantado apressado.
— Eu só desapaixonei Mateus.
— Me deixa tentar Alice — Implorou.
— Me leva para casa — Pedi no mesmo tom.

***

Gregório (Grego)

— Grego, parece que acabou — Disse o homem me acordando.


— Acabou por hoje, eles vão querer me foder — Disse levantando.
— Valeu aí.
Voltei para minha casa, que estava toda revirada, os meus chegados e
funcionários, vieram me ajudar a arrumar tudo.
— Vê se tem escuta. Vasculha o bagulho direito.
— Pode deixar chefe.
Subi no meu quarto, e claro, aqueles filhos da puta levaram o quadro,
nãos era a Alice na foto, mas eles não sabiam disso. As coisas só iriam pior.
Desci apressado.
— Convoca geral, preciso de homem com coragem para fechar a
favela, vamos pegar as armas pesadas, quem tentar subir apaga, vigilância
redobrada, em todos os cantos, não quero surpresa não, e quem achar
Marcelo traz ele aqui, enquanto isso, cobra vai assumir a gerência.
— Eu chefe? — indagou incrédulo.
— Você mesmo, confio em você para as paradas. Manda alguém ir ao
hospital, eu quero notícias da Bruna — Ordenei.
— Beleza, vou resolver isso agora chefe — cruzou a porta
imediatamente.
— Manda outro para a porta da mansão de Alice, se ela aparecer eu
quero saber imediatamente — Tornei a ordenar.

***

Bruna Silva

— Como assim envolvida com marginal? — Ouvi os cochichos entre


Isabel e o meu pai.
— Uma foto enorme, no quarto em frente a cama — sussurrou.
— Que tipo de foto? — Perguntou com medo da resposta.
— No pé do morro imitando o Cristo. — disse enojado.
— Meu Deus! César, o que deu na nossa filha? — Chorava de cabeça
baixa.
— Não vamos perturbá-la quando ela acordar, ela já teve uma
péssima experiência — Ele respirava rápido passando as mãos pelos poucos
cabelos que lhe restavam.
— Pai — chamei baixinho, ele se virou em lagrimas.
— Minha menina, minha princesa.
— Quantos foram? — Indagou ela
— Isabel! — Ele exclamou a repreendendo. — Não fale sobre isso.
Fiquei tranquila, eu resolverei tudo.
— Agradeço, mas acho que isso não tem mais volta — encolhi os
ombros.
Ele esmurrou a mesa de apoio.
— Onde está o Mateus? Ele já deveria ter vindo.
— O telefone dele está desligado, ele passou a noite fora. — Disse
irritado, afinal ele sabia bem sobre o caso dele com Paula.
— Aquele moleque — resmungou ela.
Se eu estava aqui, onde está Alice? Ela havia combinado de me
encontrar, onde ela poderia estar?
— Alice? — Ícaro cruzou a porta vindo em minha direção apressado.
— Você está bem?
— Bem, é a única coisa que ele não está Ícaro. — respondeu o meu
pai.
Ele beijou as minhas mãos várias vezes, eu estava feliz em vê-lo,
muito feliz por sinal. Mas eu queria que ele, aliás não só ele, que todos aqui,
estivesse se importando com a Bruna, me bateu uma dor enorme no peito,
eu ainda era sozinha, ninguém aqui estava se importando comigo de fato, e
nem estariam aqui se soubesse que a verdadeira Alice ainda está sumida.
Ícaro sentou na cama, puxando meu corpo para perto do dele, ele não
se importou que os pais da Alice estavam ali, ele apenas me abraçou e
chorou enquanto enxugou as minhas lagrimas aflitas, alisando as marcas de
agressão espalhadas pelo meu corpo.
— Vamos Isabel, vamos tomar um café. — Disse o meu pai levando a
Isabel junto.
— Você sabe o que aconteceu comigo? — indaguei esperando sua
pior reação.
— Não fale sobre isso, está doendo muito Alice, eu estou quebrado.
Chorei enquanto ele alisava o meu rosto com carinho.
— Eu queria poder apagar tudo isso, te fazer esquecer — Beijou
minhas marcas tocando os meus arranhões. — Eu te amo! — Eu desejava
muito esse homem, mas não é para mim essa declaração.
Capítulo 22
Bruna Silva

— Ouvi o seu pai falar que o médico dará alta a você hoje, mas você
precisa prestar depoimento, eu fico com você se precisar.
— Obrigada! — Pronunciei mais baixo do que gostaria
— Eu estou com ódio, Alice — Uma lagrima caiu dos seus olhos que
estavam vermelhos pela raiva.
— Você ainda me quer? — Indaguei temendo a resposta.
— Que pergunta boba, é claro, eu amo você. Juro Alice que viverei
cada dia da minha vida para te fazer feliz.
As palavras eram acolhedoras, e eu desejei mais uma vez ser a minha
irmã, eu queria esse homem para mim como eu nunca quis ninguém.
Ele levantou o meu rosto e me beijou delicadamente, alisando o me
rosto com carinho me abraçando em seguida.
— Licença — meu pai entrou no quarto limpando a garganta.
— Desculpe senhor — Ícaro se pôs de pé rapidamente com a coluna
reta e os braços para trás, encheu os peitos, parecia um soldado.
— Vamos para casa Alice — Disse pegando a cadeira de rodas.
Já no carro seguimos em silêncio apenas eu, meu pai e a Isabel, Ícaro
nos seguia no carro dele. O silêncio foi interrompido por uma ligação a qual
o meu pai pôs no viva voz enquanto dirigia para a mansão.
— Onde está o seu filho? — Indagou irado atendendo a ligação.
— Não faço ideia onde o Mateus está, ele mandou uma mensagem
dizendo que estaria na casa de campo com Alice. Aliás, como ela está?
— Como você acha que ela está? Seu filho é um irresponsável, mas
estou feliz que ela esteja abrindo os olhos para outras possibilidades —
Disse com deboche.
— Outras possibilidades? — indagou nervoso.
— Estou indo para casa, encontre o seu filho — Disse irritado antes
de encerrar a ligação.
Eu ainda estava arrumando uma forma de falar quem eu era de fato, a
Alice pelo jeito estava de fato com Mateus, eu nem sabia se isso é bom ou
ruim.
Na entrada da mansão vi um dos homens do Grego, ele estava vestido
de gari, mas eu o reconheci, ele certamente está procurando pela Alice.
Entrei na mansão olhando tudo com nostalgia, eu senti falta deste
lugar, da paz que ele me passa, senti falta de me sentir menos sozinha,
principalmente falta do Ícaro, era estranho estar apaixonada, eu o vi
descendo do carro desengonçado vindo em minha direção e isso foi
suficiente para que o meu coração disparasse, o que é isso Bruna? Ele é
rapaz desajeitado e sem o mínimo de experiência com mulheres.
— Bem vida ao lar — Disse ele me abraçando pela cintura.
— Alice, suba e descanse um pouco — Disse o meu pai.
— Sim, eu vou, vai ficar para o almoço? — Indaguei a Ícaro que
confirmou com a cabeça.
Subi e peguei o telefone para ligar para Grego que atendeu às pressas.
— Alice? — Indagou afobado.
— Não, desculpe desapontá-lo, mas é a Bruna — Respondi.
— Como você está? — indagou educadamente, ele me surpreende
todos os dias, é um homem atencioso.
— Como você acha que eu estou? Péssima, foi um pesadelo — Tornei
a chorar.
— Vou me vingar por você Bruna, fica de boa, eu vou cuidar desse
assunto, estou caçando os filhos da puta que não foram presos pelo seu pai.
Mas, e aí? Cadê a Alice? — Indagou preocupado.
— Suspeito que ela esteja com o Mateus, o pai dele recebeu
mensagens onde ele informava ter indo a uma casa de campo com ele.
— Ele a levou a força — Afirmou irritado.
— Não tenho certeza Grego, ela sempre gostou muito dele.
— Caralho! — Exclamou irritado. — Preciso falar com ela.
— Ela precisa aparecer antes. — Ele respirou acelerado do outro lado
da linha até me assustar com barulho de coisas caindo e quebrando em
seguida.
— O que vai fazer? Ela vai voltar e você o que vai fazer?
— Vou contar tudo, talvez eu volte a morar aí com você depois de ser
expulsa dessa casa — Sorri sem humor.
— Alice! — Ouvi meu pai chamar e abri a porta em seguida. — Com
quem estava falando ao telefone? — Indagou quando me viu desligar rápido
o telefone.
— Ninguém! — Não consegui inventar nada rápido.
— Alice, vamos ser sinceros um com outro, o que fazia na
comunidade? Eu te pedi para não frequentar esses lugares. Te dos perigos,
dos marginais que quem moram lá, Alice, eu não queria ter essa conversa
com você agora, eu sei que está devastada, eu estou quebrado, você é a
minha flor preciosa, você não faz ideia do quanto eu estou devastado — ele
chorava compulsivamente.
Me abraçou forte.
— Filha, me responda — Implorou por resposta, mas eu chorava com
ele.
— Pai, o senhor tem outra filha? — indaguei ainda dentro do abraço.
— Do que está falando Alice? — indagou confuso.
— Outra filha igual a mim.
— Como assim outra filha igual a você? — Levantou apertando os
olhos me estudando.
— Conheci alguém parecida comigo, para não dizer igual.
— Não brinque — Andou nervoso de um lado para o outro.
— Eu sou mesmo adotada? — Indaguei curiosa.
— É — afirmou convicto.
Eu estava confusa, ele está mentindo ou sendo sincero?
— Com quantos anos me adotou? — Eu tentava acha brechas ou uma
forma de fazê-lo se contradizer.
— Que pergunta é essa agora, Alice? Eu e sua mãe já conversamos
com você sobre isso, você foi deixada na entrada da mansão ainda bebê, e
era a bebê mais fofa do mundo, me apaixonei por você à primeira vista,
você é a minha princesa, o nosso presente, o que é isso agora Alice?
— César a polícia chegou — Disse Isabel entrando no quarto nos
interrompendo.
— Vamos descer, preciso que preste depoimento, quanto antes
pegarmos aqueles marginais melhor, não vou dormir tranquilo enquanto
eles não estiverem pagando pelo que fizeram a minha princesa — Ele
tornou a chorar.
Acenei positivamente com a cabeça.
Desci as escadas, havia uma comitiva me esperando, até nisso rico
tem privilégios, na sala tinha o oficial de polícia pronto para pegar o meu
depoimento. O escrivão, uma médica sentada logo atrás, água na mesa,
Isabel e César sentaram um de cada lado me deixando no meio, Ícaro estava
mais atrás sentando observando tudo.
— Vamos começar — Disse o oficial. — Sente-se bem Alice? Estou à
sua disposição, vamos no seu tempo, respire, fique tranquila, eu sei que é
um assunto delicado para você — Concluiu.
Alice? Eu não posso prestar depoimento como Alice. Olhei nervosa,
não era assim que as coisas deveriam ser, pensei no Ícaro, no meu pai, e se
eu não for aceita?
— Não me sinto bem — Afirmei levantando apreensiva, minhas mãos
suavam, meu corpo inteiro tremia.
— Calma, Alice, vai ficar tudo bem, querida — garantiu o meu pai.
— Não, eu não me sinto bem, por favor, vamos parar, vamos parar….
Eu quero parar agora… — eu esfregava uma mão na outra, minha
respiração estava pesada.
— Alice, estamos com você, sempre vamos estar com você, ficará
tudo bem — Meu pai tentava me tranquilizar.
— Não tenho certeza — Me referia em dizer a verdade, eu precisava,
mas não com todas aquelas pessoas, ali. — Saiam todos — Pedi sentando
no sofá me abraçando as minhas pernas escondendo minha cabeça entre as
minhas pernas.
O policial saiu junto a médica e os outros profissionais.
— Você também Ícaro — Eu não queria contar daquela forma a ele,
seria apenas nós dois, eu iria implorar para que ele me perdoasse pela
mentira, eu iria implorar para ele me dar uma chance.
— Eu vou dá uma saída, venho em outra hora. — Disse cabisbaixo,
me olhando confuso.
— O que foi Alice? Quer adiar o dia do depoimento? Sei que é difícil
para você falar sobre isso, relembrar, mas filha, tem que ser forte, somos
seus pais, estamos com você, não vamos te jugar se você disser que subiu o
morro porque quis… — Calou-se
— Isabel, para de falar — Voltou a ser repreendida pelo meu pai.
— Eu não sou a Alice — Disse sem mais delongas — Vocês precisam
procurar pela Alice. — Completei antes de correr para o quarto e me trancar
com medo de encará-los.
Capítulo 23
Alice Gonçalves

— Como assim? Alice está aqui comigo pai — Mateus pronunciou


confuso ao telefone, ele estava na varanda mais eu conseguia vê-lo pela
imensa janela de vidro que separa os dois cômodos.
Ele virou e me olhou, em confusão, encerrando a ligação, andou
apressado com os olhos apertados me estudando.
— Quem está lá na nossa casa, Alice? — Sentou do meu lado
cobrando por respostas.
— Quem está o quê? Ficou louco? — Levantei me afastando
rapidamente.
Ele puxou o meu braço com força me fazendo cair sentada no sofá,
encontrando os seus olhos exigentes por respostas.
— Alice, quem está lá? — Indagou irado com o rosto junto ao meu.
— Não sei! — Tentei levantar novamente, mais ele segurou a minha
cintura, me forçando a permanecer sentada.
— Para de mentir, Alice — esbravejou. — Vamos voltar — Me
puxou pelo braço pegando a única mochila que ele havia trazido e jogou na
mala do carro, e literalmente me jogou no banco de carona em seguida, eu
estava até satisfeita, voltar era tudo que eu queria.
Ele arrancou o carro com tudo cantando pneu, a poeira subiu cobrindo
a visão por alguns instantes, mas nem assim ele diminuiu a velocidade.
— Dirija de vagar Mateus, por que está correndo? — Disse tentando
conter o medo e ainda assim fazê-lo ir mais devagar.
— Foi ela? — indagou irado.
— Ela o quê? — grite, eu estava confusa.
— Ela, porra, a que esteve lá na casa naqueles dias, a que ficou dando
mole para o Ícaro, e disse que ia terminar o noivado comigo, não era você,
Alice.
— Por que acha que eu não faria isso? Você me deu motivos para não
querer mais o noivado — falei firme.
— Não, eu não acho que você faria isso, você me ama Alice, sempre
me amou — afirmou convencido.
— Então essa é a sua raiva? Ter sido rejeitado.
— Rejeitado? — Gargalhou. — Você estava toda oferecida, aliás não
era você — Concluiu.
— Dirija de vagar Mateus — Tornei a pedir. — Por que a pressa? —
Indaguei.
— Para desmascara vocês duas, aliás Alice, agora que eu sei de tudo
isso, eu sei que você me ama, tudo dará certo, nós vamos nos casar.
— Sim, vai dar certo — confirmei apreensiva.
Ele continuou dirigindo rápido, eu me segurava forte ao banco.
— Por favor, Mateus, dirija mais devagar — Implorei.
— Seu pai acha que eu te abandonei, Alice, que você foi sequestrada
por aqueles marginais e eu te abandonei, ele precisa saber que lá tem uma
impostora, que eu me importo com você, que eu sempre me importei, eu te
trouxe aqui para reatarmos o nosso, amor.
— Sequestro? Quem foi sequestrada? — perguntei aflita.
— A garota que está no seu lugar, ela foi violentada.
— A Bruna? Ela está bem? Meu Deus, Mateus, como ela está? —
indaguei aflita.
— Bruna, esse é o nome dela? — Sorriu debochado.
— Mateus, por favor dirija mais devagar, me deixa assumir o volante,
você não parece bem — Implorei novamente.
— Alice, pare, você está me atrapalhando, me deixe prestar atenção
na estrada.
Virei o rosto para outra direção e fechei os olhos orando para que eu
chegasse viva em casa.

***
Bruna Silva

— Alice abre a porta — Meu pai batia forte na porta. — Eu quero a


chave da porta — Ordenou.
Me encolhi na cama esperando pelo pior.
— Alice, filha por favor — Pediu impaciente.
— Alice do que está falando, filha, estou preocupada, César, vou
chamar a médica lá em baixo — Ela fala igual a uma louca andando de um
lado para o outro.
— Chega Isabel! — Meu pai gritou nos assustando.
— Alice olha para mim — suplicou.
— Desculpa, eu não sou a Alice — repeti.
— O que significa isso? Por que está fazendo isso? Que nos
enlouquecer Alice? — Indagou Aflito.
— Eu e Alice somos irmãs gêmeas, fizemos o teste de DNA, ele ficou
na comunidade, mas ele existe, nosso DNA é idêntico, claro né — forcei
um sorriso.
Ele sentou na cama passando a mão no rosto, ele não acreditava uma
grama no que eu estava falando.
— Descansa, eu vou adiar o depoimento — Levantou indo em
direção a saída e fechou a porta em seguida.
Abafei o meu grito entre os travesseiros.
— Alice? Posso entrar? — indagou Ícaro ainda da porta.
— Entra! — Respondi de cara amarrada.
— Esta chateada? — Veio em minha direção sentando ao pé da cama.
— Tranca a porta — Pedi.
— Seus pais não vão gostar se encontrarem a porta fechada.
— Você é sempre assim? — indaguei
— Assim como? — perguntou coçando a cabeça.
— Certinho demais.
— Quero que o seu pai me considere uma opção e ele é bem rígido,
eu sou louco por você, desde criança, você não imagina o quanto estou feliz
por você, está me dando uma chance — Disse com satisfação.
— Ícaro, se eu não fosse a Alice? — perguntei olhando bem nos seus
olhos.
— Não fale bobagens, você é a minha boneca.
Ele me abraçou com carinho, puxando o meu corpo para que eu
deitasse em seu colo, alisou os meus cabelos ainda acariciando a minha
pele.
— Eu gosto da sua mudança Alice, eu gosto que sorria mais, e que
tenha beijos quentes e uma pegada gostosa, eu nunca vou te jugar por essas
coisas contanto que você dê apenas para mim, que beije só a mim.
— Eu nunca tive ninguém que me quisesse só para ele. — disse
sentando de pernas cruzadas, o encarando.
— Eu te quero só para mim, toda para mim — Trouxe o meu rosto
para perto do dele me beijando, os meus lábios ainda machucados com
muito cuidado, e3mi baixinho sentindo uma dor fina me incomodar.
— Desculpe — deu um selinho no canto da minha boca, alisando com
carinho em seguida.
Ficamos deitados um tempo, eu contava histórias aleatórias, algumas
eu havia vivido, ele considerou fantasia, afinal onde uma menina rica teria
vivido tantas desventuras em comunidade.
— Como consegue criar essas histórias? — Tocou na ponta do meu
nariz sorrindo.
— Ícaro, posso te falar uma coisa? — Segurei seu rosto entre as
minhas mãos.
— Claro diga — Encostou a testa na minha.
— Não! — Os gritos acompanhados de um choro desesperado nos fez
levanta assustados e correr para ver o que estava acontecendo.
O meu pai me encarou com os olhos arregalados, meu corpo gelou,
perdi as forças nas minhas pernas.
— Alice? — Gritei — Alice? Onde está Alice? — Gritei
desesperada, eu não sabia quando todo esse amor cresceu, mas eu amava
muito aquela garota.
Capítulo 24
Bruna Silva

— Alice? — indagou Ícaro, confuso, olhando para mim.


— César me leve ao hospital — Isabel gritava e agora nenhuma dos
dois estavam sem importando com a minha presença ou se questionando
quem eu era, saíram às pressas para o hospital.
Eu estava sem chão, olhei para Ícaro que me olhou frio se afastando.
— Quem é você? — indagou dando passos para trás.
— Eu? Ninguém, vá para o hospital, a mulher que você ama está lá, é
uma pena que a idiota que gosta de você esteja aqui.
— Não me venha se fazer de vítima, quem é você? O que fez a Alice?
— Suas palavras entraram como navalhas.
— O que eu fiz a Alice? — Sorri de nervoso.
Ele saiu às pressas ligando para o meu pai, eu fiquei na dúvida do que
faria a segui desci indo em direção a saída da casa.
— A senhorita não pode sair — disse os grandalhões fechando a saída
da mansão.
— Como não posso sair? — indaguei alterada.
— Espere o senhor César voltar — pronuncio sem se quer me encarar.
Subi às pressas e liguei para Grego que atendeu prontamente.
— Alice? — indagou ansioso.
— Não, sou a Bruna — Suspirei.
— Tem notícias da Alice? — indagou ansioso.
— Grego — pronunciei com a voz embargada.
— O que foi porra? Fala logo Bruna — gritou ao telefone.
— Alice sofreu um acidente, todos foram para lá agora.
— Acidente? Onde ela está? Onde ela está Bruna? — Gritava
nervoso.
— Eu não sei em qual hospital, eles me prenderam aqui, não posso
sair da mansão, eu não sei o que vai acontecer comigo.
— Bruna, descobre onde ela está — implorou com a voz embargada.
— Sim, eu vou descobrir — encerrei a ligação.

***

Alice Gonçalves

— Filha! Filha! — Eu ouvi gritos distantes, forcei abrir os meus olhos


com dificuldade.
— Mãe, pai? — falei com dificuldade.
— Minha menina, o que aconteceu com você, onde você estava? —
Minha mãe perguntou entre soluços.
— Com o Mateus, eu estava com ele.
— Onde está aquele infeliz — Gritou o meu pai.
— Rapaz que estava com ela está sendo atendido no quarto ao lado —
respondeu uma enfermeira que estava no quarto. — Vou chamar o médico
para vir ver a senhorita.
— Eu vou matar aquele infeliz. — Disse o meu pai irado.
— Acordou? — indagou o médico entrando antes que meu pai
cruzasse a porta.
— Sim, ela acordou — minha mãe disse apressada.
— Não se preocupem, ela está fora de perigo, o que me preocupou foi
o bebê que ela está esperando, mas ele está fora de perigo assim como ela.
— O quê? — Perguntei em choque.
— Grávida? — Indagou o meu pai sentando sem acreditar.
— O rapaz ao lado é o noivo, não é? — O médico perguntou
percebendo que a notícia não só pegou a todos de surpresa, mas era
indesejada.
— Quando ela terá alta? — perguntou ainda atônito.
— Ainda hoje, já cuidamos dos machucados, ela está bem, a
preocupação era com a criança, ainda é um feto, na verdade, perto de
completar quatro semanas.
— Já que ela está bem, providencie a alta agora mesmo — meu pai
ordenou.
— Farei isso agora mesmo — respondeu cruzando a porta.
— Quem é o Pai Alice? E quem é aquela garota lá em casa, o que
você andou aprontando? — Gritou comigo de uma forma que eu nunca
tinha o visto gritar.
— César, se acalma — Minha mãe pediu ainda chorando.
— Se acalma Isabel? Você sabe como tem sido os nossos dias Alice?
Para você está escondida com o Mateus por aí brincando de fazer filhos —
ele gritava irado.
E se ele estava assim achando que o filho era de Mateus, eu nem
queria pensar quando soubesse a verdade.
— A Bruna é minha irmã gêmea — respondi sem delonga.
Ele riu, afinal respondi como se fosse obvio.
— Onde a encontrou? — perguntou ainda irritado.
— Na verdade, não fui eu quem a encontrei. No dia do acidente de
carros trocamos de lugar acidentalmente fui parar no morro da Rocinha.
— Morro da Rocinha? — Ele colocou as duas mãos na cabeça,
sentando no sofá, afrouxou a gravata. — Quem é o pai da criança? —
indagou ainda com as mãos na cabeça sem me encarar.
— O Mateus é claro — afirmou a minha mão. — Vamos providenciar
esse casamento urgente.
Me calei por medo, meu pai estava quase tendo uma síncope.
— Posso entrar? — Mateus cruzou a porta com o braço engessado.
— Seu irresponsável, o que estava pensando, queria se matar e levar a
Alice junto?
— Claro que não tio foi um acidente, como você está Alice? — Se
aproximou pegando a minha mão.
— Gravida, ela está gravida — repetiu a minha mãe irritada.
— Gravida? — Ele olhou confuso dentro dos meus olhos.
Ele esperou por alguma resposta minha, mas baixei os olhos e ele
claro aproveitou.
— Meu amor, vamos ser pais? — Selou os meus lábios.
Eu queria gritar, mas o meu pai suspirou, ele parecia aliviado, ele
parecia estar ouvindo música, fechando os olhos e deixando a respiração
sair.
— Está vendo César, está tudo bem, eles vão se casar e pronto —
minha mãe tentava a todo custo acalmar o meu pai alisando suas costas
como quem acalenta uma criança que acabou de levar um baque e ainda se
recupera do arranhão.
— A senhorita Alice está liberada — Disse o médico cruzando a
porta do quarto.
— Ainda tem muito que explicar Alice, você e a garota que está lá em
casa — Disse o meu pai.
— A garota vai embora, César. — disse minha mãe sem delongas.
— Ela acabou de passar por um trauma Isabel, e por minha culpa, eles
fizeram aquilo com ela achando que era a Alice. — disse com pesar.
— O que aconteceu a Bruna? — indaguei Ansiosa.
— Vamos chegar em casa, conversamos lá — meu pai seguiu o resto
do caminho em silêncio.
Eu estava com o corpo todo arranhado, Mateus conseguiu sair mais
ferido que eu, nos chocamos com uma árvore, eu usava cinto ele também, a
única parte do corpo que doida muito era a minha barriga e agora eu já sei o
porquê.
Assim que entrei em casa a minha primeira visão foi a da Bruna
sentada na escada agarrada as suas pernas, chorei quando a vi machucada e
corri sem sua direção a abraçando.
— O que aconteceu, quem machucou você? — indaguei entre
soluços.
— Eu estou bem agora. — Disse também em lagrimas.
— O que aconteceu Bruna?
— Pergunto o mesmo, quer me matar do coração garota? — Sorri
tornando a abraçá-la.
— Acho que você nos deve explicações, Alice — pronunciou Mateus.
— A você? — Bruna gargalhou pronunciando as palavras. — Não
devemos nada a você garoto.
Mateus a olhou com ódio.
— As duas sentem-se aqui — o meu pai apontou para o sofá.
Fomos de mãos dadas, sentando de cabeça baixa, grudadas uma na
outra.
— Me expliquem o que é isso? — Sentou na cadeira em nossa frente.
— Explica o quê? Somos irmãs gêmeas — Bruna deu de ombros
falando o que era obvio.
— Isso eu já percebi. Quem são os seus pais, Bruna? — Ele
perguntou sério.
— A minha mãe morreu, o meu pai está aqui na minha frente —
respondeu sem delongas.
— Não é porque vocês são gêmeas que eu tenho duas filhas —
respondeu com ironia.
— Pai! — O repreendi apertando a mãos de Bruna, que suava.
— Mas é, é o meu pai sim! E da Alice também, eu fiz o teste de DNA
— olhei em choque para ela e meu pai fez o mesmo de cenho franzido.
— Não invente garota, eu não tenho filhos biológicos — riu nervoso.
— O senhor não sabia que tinha, mas tem eu e a Alice, e não me
pergunte como porque eu sem menos que o senhor — tornou a dar de
ombros, olhei bem para minha mãe que tinha a mãos na boca em choque.
— Não brinque garota — ele disse nervoso levantando andando
agoniado pela sala.
— Se não acredita, realize um DNA.
As palavras da Bruna eram bem confiantes e até eu acreditei, olhei
chocada para os meus pais, mas ele parecia saber tanto quanto eu.
Capítulo 25
Alice Gonçalves

— Como isso é possível, pai? — Olhei incrédula.


— Está falando sério, garota? — Ele a encarou com dúvidas.
— Como assim se ela está falando sério César? — O tom magoado da
minha mãe partiu o meu coração.
— Isabel, se acalme — pediu respirando nervoso. — Vamos refazer o
exame de DNA — Disse saindo da sala.
— César? Existem chances? — Minha mãe estava alterada.
— Claro que existe, eu não faria se não existisse — ele respondeu
irritado sumindo no topo da escada.
Ela nos olhou irritada subindo em seu encalço.
— O que foi isso, Bruna? — A encarei.
— A verdade, no dia em que busquei o resultado eu te esperei para
abrir e você não foi então descobrir, que ele é o nosso pai.
— A mamãe vai ficar louca de raiva — sentei encostando a cabeça no
sofá.
— Quem já deve estar louco é o Grego — levante a cabeça rápido
quando ela pronunciou o nome dele.
— Preciso falar com ele — Sobressaltei apressada.
— Sim, liga para ele — ela me encorajou.
Subimos apressada para o meu quarto e eu liguei para ele que não
esperou nem o segundo toque.
— Alice? Alice? Agora é você, eu reconheço a sua respiração. —
Disse com um sorriso na voz e ouvi um suspiro de alívio em seguida.
— Sim, sou eu — confirmei em meio a sorrisos também, como sinto
falta dele.
— Eu quero te ver, vem me ver, sai daí agora eu vou descer o morro e
te encontro, eu preciso de você. — Disse desesperado
— Eu não posso sair agora, meu pai está irritado, ele nos proibiu de
sair.
— Caralho, Alice, vamos fugir, se casa comigo, vamos para longe, eu
e você.
Fiquei em silêncio, fugir nunca esteve em meus planos e casar com
ele seria quase impossível.
— Fala alguma coisa Alice — implorou.
— Eu não posso fugir — pronunciei baixo.
— Eu vou aí ver você — Ele encerrou a ligação rápido antes que eu
conseguisse responder.
— Ele disse que vem aqui — Olhei para Bruna Perplexa.
— Então vamos dá um jeito dele invadir o seu quarto — sorriu
sapeca.
— Bruna, se ele tentar vai prender ele — afirmei com medo.
— Não seja boba, aquilo ali é moleque esperto. Vem, toma um banho
e fica linda, cheirosa, vocês são tão fofos — ela estava eufórica enquanto eu
estava com medo.
Bruna me empurrou até o banheiro.
— Vai Alice não demora — gritou do outro lado da porta.
Minutos depois sai enrolada da toalha e já tinha um vestido sobre a
cama.
— É muito curto não acha? — indaguei
— De forma nenhuma, está ótimo. Ei! Aonde está indo? — indagou
quando me viu indo colocar as roupas de baixo.
— Vou pegar a calcinha — respondi como se fosse obvio.
— Não vai precisar — Gargalhou.
— Bruna! — Arregalei os olhos.
— Ah, Alice, pensa que eu não sei que já rolou — Tornou a
gargalhar.
Minhas bochechas esquentaram e eu sentei na cama envergonhada.
— E você e o Ícaro? — Sua expressão mudou com a pergunta.
— Aquele idiota — retrucou.
— Você precisa ser você mesma com ele, ele gosta de você, ele me
disse.
— Gosta? O que ele disse? — perguntou animada.
— Ele me disse que estava apaixonado, pelos meus beijos quentes, e
jeito ousado e das nossas pegadas mais picantes — gargalhei no fim da
frase.
— Jura? — Deu pulinho na minha frente.
— Juro, acho que vamos ter duas noites quentes nessa casa —
Gargalhei.
— Nossa, o César vai pirar se descobrir.
— Ele toma remédio para dormir e a mamãe vive cansada, o meu tio
fica ouvindo opera até tarde, mas não ouve nada ao redor, só resta o Mateus
— Revirei os olhos.
— O que aconteceu entre você dois? — Ela perguntou preocupada.
— Nada, ele me dopou uma noite e disse que tivemos algo, mas ele
achava que eu ainda era vigem, se ele tivesse feito algo teria descoberto que
eu não era e surtado lá na hora, mas ainda não sei da reação dele em relação
à gravidez.
— Gravidez? — Arregalou os olhos.
— Sim, um filho do Grego — deitei na cama suspirando.
— Mana do céu, você é louca? Aquele homem vai pirar, agora você
está lascada nem que você queria aquele homem larga do seu pé, e o nosso
pai?
— O que tem ele?
— Disse o que disso tudo?
— Ele acha que é do Mateus, aliás ele quer achar que é do Mateus.
Mas me diz uma coisa como você está? — Torci os lábios.
— Vai passar, eu vou superar, eu quero focar agora no Ícaro, eu gosto
dele.
— Eu vou ligar para ele — peguei o telefone colocando no viva voz.
— Alice? — falou ansioso assim que atendeu.
— Sim, sou eu.
— Como você está? Eu ia ao hospital mais o seu pai achou melhor te
ver outro dia.
— Tudo bem! Eu estou bem.
— Estou com saudades de você, queria te ver — Bruna revirou os
olhos.
— Vem aqui, vou te esperar hoje à noite.
— Hoje à noite? Os seus pais não vão gostar.
— Eles não precisam saber Ícaro, só vem estar bem? Agora preciso
desligar — Encerrei antes que ele respondesse.
Bruna mordeu o lábio se jogando na cama ao meu lado.
— Precisa me arrumar um quarto — Ela disse seria.
— Deixa eu te mostrar uma coisa — Puxei ela pelo braço afastando a
minha cômoda da parede.
— O que é isso? — perguntou quando viu a pequena porta que estava
por trás dela.
— Vem — chamei ele para entrar pela portinha que nos levou a uma
escada.
Desci e destranquei a porta e ela entrou impressionada com o local.
— Uau, Alice, que lugar incrível. — Disse tocando em tudo com
curiosidade.
O lugar era pequeno, e escuro, já que não tinha janelas, mas tinha
ventiladores e um colchão, uns livros empilhados e uma tv.
— Que lugar é esse?
— É o sótão, ninguém vem aqui, a escada era para estar desativada, o
meu quarto era um anexo do sótão para guardar coisas que precisavam
tomar um ar, meu pai reformou e ampliou ele.
— Que incrível — olhava admirada.
— Acha que o Grego vai gostar?
— Ele não quer saber onde vai estar com tanto que você esteja.
— Então aproveita o meu quarto com Ícaro, tranca bem a porta,
qualquer coisa esconde os dois aqui. — Disse divertida.
— Você está bem safadinha em Alice.
— Aproveita, abre o coração, ele vai te amar assim como eu te amo.
— Vem aqui, minha menina linda — me abraçou.
— Eu sempre sonhei em ter uma irmã — falei no abraço.
— E eu sempre sonhei em ter alguém que se preocupasse comigo,
agora eu tenho você — Bruna Disse em outro abraço.
Subimos em seguida tirei o roupão que estava vestindo e coloquei o
vestido que ela escolheu, o dia já estava caindo e eu ansiosa para saber se
ele realmente viria.
— Eu vou distrair os seguranças, liga para ele.
— Ok, eu vou ligar — antes que eu ligasse, ouvi barulhos em baixo
da minha varanda.
Corri para a varanda e não vi nada, olhei e Bruna já tinha saído do
quarto.
— Procurando por alguém Alice? — Ele me virou rápido pelo braço,
passando a mão pelo meu pescoço, me puxou para perto do seu corpo pela
cintura e me beijou de uma forma que eu nunca fui beijada antes.
— Saudades de você, minha sereia. — Disse entre as buscas por ar
em meios aos beijos de tirar o folego.
Trouxe o meu corpo ainda mais para perto com as duas mãos na
minha bunda, esfregando a sua ereção, levou a sua mão por baixo do meu
vestido.
— Caralho, sem calcinha, Alice? — Gemeu.
— Eu estava esperando por você. — Disse com um tom sugestivo
com seu rosto dentro das minhas mãos.
— Que recepção deliciosa — Sussurrou me penetrando com um dos
seus dedos.
Gemi, arqueando as costas, ele me colocou de costas para ele abrindo
as minhas pernas e entrou em mim sem aviso, puxando os meus cabelos e
beijando o meu pescoço.
— Que saudade! — Gemeu em meu ouvido. — Vou te foder com
forçar Alice.
Empinei a minha bunda recebendo um tapa, meu corpo entrou em
combustão, eu me virei me agarrando ao seu pescoço, ele deitou no chão da
minha varanda e eu sentei com vontade rebolando gostoso nele, coloquei os
meus seios em sua boca.
— Não faz baralho — sussurrei controlando a vontade de gritar pelo
seu nome e arrancar as roupas que ele ainda vestia.
— Eu vou gozar Alice — Avisou gemendo em meu ouvido. Me deitei
ao seu lado com a respiração ofegante, seu líquido escorria pelas minhas
pernas.
Ele me olhou com um sorriso lindo.
— Saudade do caralho de você. — disse me beijando novamente.
— Eu tenho um presente para você — Sorri colocando a sua mão
sobre o meu ventre.
— O que significa isso? — Olhou confuso.
— O presente, está aqui dentro e ele vai te chamar de papai.
Capítulo 26
Gregório (Grego)

— Você está falando sério? — Deitei a minha cabeça no chão,


tapando os olhos, limpando as lagrimas.
— Não gostou? — Sua voz era preocupada.
— Meu amor, a única coisa que eu não gosto nisso tudo é não saber
uma fórmula para ficar com você — a beijei com paixão.
Ela fechou os olhos deitando sobre o meu braço e ficou em silêncio.
— Vem aqui — Puxou-me do chão empurrando a cômoda do quarto.
— Esconderijo? — Sorri.
— Vamos passar a noite lá, aliás, já sabe como vai sair daqui? Porque
para conseguir entrar não deve ter sido fácil.
— Não foi mesmo.
Descemos por uma escada sem iluminação até chegar em um
quartinho escuro.
— Porque me trouxe aqui? — perguntei me jogando no colchão
enquanto ela acendia uma lamparina.
— Marquei com o Ícaro aqui em casa, vou deixar que a Bruna use o
meu quarto.
— Entendi — a puxei para ela sentar ao meu lado.
— Preciso tomar um banho. — disse indo até uma porta, eu não fazia
ideia que aqui também tinha banheiro.
— Aqui tem banheiro?
— Bem precário, ninguém usa essa parte da casa, quer morar aqui
comigo? — Indagou.
Gargalhei imaginando como seria.
— Louca!
Em minutos ela estava de vota sentando ao meu lado.
— Os seus pais já sabem?
— Sim, eles preferem acreditar que é do Mateus, eu não sei o que
fazer, meu pai me manda para o convento se eu disse que esse filho é seu e
que quero ficar com você — Foi sincera.
— Eu não sou o sonho de nenhum pai — sorri sem humor.
— O que aconteceu com o seu rosto? — indagou alisando os
machucados.
— Não foi nada, não se preocupe.
— Foi no dia que a Bruna… — calou-se.
— Alice, isso ainda está travado na minha garganta, eu não quero
falar sobre isso, eu só quero ter sentimentos bons ao seu lado, e passar boas
energias para o nosso filho.
Eu estava tão preocupado quanto feliz, não fazia ideia do que fazer
para ficar com ela.
— O que os seus pais disseram? Que decisão tomaram sobre o bebê?
Ela virou o rosto, eu conseguia ouvir os batimentos do seu coração
acelerados.
— Fala Alice — pedi ansioso.
— Querem que eu me case com o Mateus — sua voz saiu tão baixa
quanto o sussurro.
Cerei os punhos, meus dentes trincaram, eu queria exterminar o
Mateus da face da terra, mas me contive, não queria assustá-la.
Ela tocou nos meus músculos tensos, alisou o meu rosto o
desenhando com o dedo indicador.
— Vamos fugir — pronunciou séria.
Eu estava disposto a ir ao fim do mundo com ela, era só ela dizer sim
e me acompanhar.
— Eu te amo, minha sereia.
— Mude de vida Grego — pediu com angústia.
Mudar de vida? pensei de coração partido.
— Dessa vida só se sai morto, Alice. — Disse com pesar.
Senti uma lágrima molhar o meu peito, me senti egoísta, o que eu
estava fazendo com ela? A arrastando para essa merda que é a minha vida.
— Dê um jeito de sair vivo — falou em tom de ordem, beijando a
minha boca.

***

Bruna Silva

— Alice? — Olhei em direção a ele de imediato.


Ele estava tão fofo com uma bermuda larga, e uma camisa esportiva,
um tênis despojado.
— Onde está a Alice? — indagou reconhecendo as marcas no meu
rosto.
— Podemos conversar? — Ele virou as costas. — Eu sei que não sou
perfeitinha como Alice, mas eu talvez seja alguém que você goste se você
se der uma oportunidade de me conhecer.
Ele parou no meio do caminho hesitando.
— Você sabe por quantos anos eu nutri sentimentos pela Alice? —
Voltou irado com o dedo erguido apontando para mim.
— O que eu sei é quantos anos você tentou sem sucesso.
Ele suspirou reconhecendo.
— Desculpe não ser a Alice, não tive a intenção de te enganar, e nem
a intenção de me apaixonar por você.
— Pois é você não é.
— Podemos entrar? — Indaguei andando para o interior da mansão,
ele resistiu por alguns segundos, mas me seguiu.
— Aonde está indo?
— Para o quarto, vamos conversa mais à vontade.
— Não! — Parou.
— Ícaro, quer que o meu pai acorde? — Sussurrei.
— Pai? Quem é você afinal? — Indagou confuso.
— Eu sou Bruna, irmã gêmea da Alice.
— Isso parece loucura — Sorriu passando as mãos no cabelo.
Entramos no quarto e eu tranquei a porta.
— Onde está Alice agora?
— Alice, Alice, que chato você — murmurei. — Senta aqui —
ordenei apontando para a cadeira.
Ele suspirou, mas fez o que eu pedi.
— O que tem para me dizer?
— Dizer? Nada. Eu já disse tudo que eu tinha para dizer, já pedi
desculpas por não ter dito quem eu era desde o início, eu não fazia ideia que
eu iria gostar de você, você é chato metódico.
— Metódico? Eu?
— Sim, você — afirmei com as mãos na cintura.
— Eu vou embora — tentou levantar, mas eu o segurei.
— Espera. Fecha os olhos — pedi, mas os fiz com as minhas próprias
mãos já que ele não fez.
Segurei a suas mãos guiando pelo meu corpo, sentei em seu colo de
frente para ele, sua respiração ficou ofegante.
— Essa sou eu, a mulher que mexe com todos os seus sentidos —
desenhei os seus lábios com o meu dedo indicador e ele gemeu baixinho, eu
sou a mesma que te fez rir todos aqueles dias, e que te beijou apaixonada.
Ele umedeceu os lábios deixando as mãos ganharem vida, passou o
dedo polegar em meus lábios me olhando nos olhos e em seguida encarou
os meus seios em um decote generoso. Ele levantou rápido me colocando
na cama, seus beijos eram tranquilos, porém intensos, até que ficaram
exigentes e suas mãos ficaram apressadas.
Minha respiração ficou ofegante, eu estava soando com o coração
acelerado, mas foi impossível não lembrar daqueles homens me tocando.
— Para Ícaro — me pus de pé ainda ofegante.
— Qual o problema?
— Nada.
— Beleza, eu vou indo então. — Disse frio.
Me joguei no chão caindo de bunda.
— Vá e nunca mais volte — Disse com a voz embargada.
Ele parou já da porta para me encarar.
— Estou casada de homens, feito você, Ícaro.
— O que eu te fiz? Eu te chamei para conversa no jardim, mas você
quis vir para o quarto, eu quis ir embora, mas você sentou no meu colo e
usou as minhas mãos para moldar o seu corpo, o que você queria que eu
fizesse?
— Quando você ainda achou que eu fosse Alice, eu fiz a mesma
coisa, porém você me tocou com carinho, me beijou suave, e teve medo de
não se conter, mas agora que não é ela que é só qualquer, você vem todo
afobado.
— Você está sendo injusta.
— Vai embora Ícaro.
— Mas que porra Bruna, eu não te agarrei porque te acho uma
qualquer, só que eu estou com raiva por você mentir, eu estou com raiva de
ter sido enganado, eu estou com ódio porque eu estou louco por você. —
Disse sentando ao meu lado e selando os meus lábios com volúpia e paixão.
Capítulo 27
Ícaro Cooper

Eu fique inseguro de como a tocaria, considerando o que ela viveu


recentemente, eu estava apaixonado por ela mesmo que eu ainda visse Alice
quando a olhava.
— Você não precisa fazer nada se não quiser. — Disse, retrocedendo
a minha postura fria e impropria para o momento.
— Me desculpe, é logico que eu quero, eu só não imaginei que eu me
sentiria desconfortável.
Sentei ao lado dela no chão puxando o seu corpo para deitar cobre o
meu peito.
— É tudo tão louco! Achei que estava com uma e, na verdade, estava
com outra.
— É muito louco, sim, olhar para você e ver que eu estou apaixonada,
eu nunca senti isso por alguém antes.
Voltei a alisar as marcas em seu corpo, ela me olhou nos olhos com
um sorriso travesso.
— Alice deixou o quarto para nós dois hoje — seu olhar era sugestivo
repleto de luxúria.
— E onde ela está?
— Ela está fazendo algo que deveríamos estar fazendo também —
sentou no meu colo de frente para mim, baixando as alças do vestido,
revelando os seus seios medianos e empinados. Eu os encarava com luxúria,
colocando as minhas duas mãos em cada um deles levando cada um na
boca, faminto, ela gemeu baixo no meu ouvido esfregando a sua parte
íntima, a minha levei a minha mão até o centro das suas pernas.
— Sem calcinha? — Sorrir sentindo sua intimidade encharcada.
— Gosto de ficar à vontade em casa — Sorriu com malícia e se
apossou da minha boca em um beijo cheio de luxúria.
Suas mãos foram rápidas tirando a minha camisa e desabotoando a
minha calça, todos os pelos do meu corpo ficou eriçado, ela passou a língua
no lóbulo do meu ouvido, sussurrando sacanagens.
Ela era um furacão fora de controle, eu não conseguia controlar a
minha respiração.
— Vem — Puxou-me para a cama sem me dá a menor chance de
ataque, uma leoa faminta e eu sou a sua presa.
— O que está fazendo? — perguntei confuso quando ela amarrou a
minhas mãos a cama.
— Eu vou fazer o que eu quiser com você hoje — seu olhar era de
pura sacanagem.
— Faça! — Dei total permissão.
Ela desceu a língua pelo meu corpo chegando até a minha intimidade,
gemi baixo quando senti sua boca quente me engolindo por inteiro.
— Caralho, Bruna — Me contorci enlouquecido a fim de jogá-la na
cama enquanto ela ditava o ritmo frenética engolindo tudo.
Eu não iria aguentar muito tempo e ela sentiu, colocou a camisinha e
sentou gostoso.
— Me solta — implorei louco para apertar aquela bunda saliente.
Ela colocou o peito na minha boca enquanto rebolava.
— Vou gozar — anunciou sentindo as suas pernas tremerem.
Ela jogou o copo sobre o meu soltando.
— E aí? Gostou? — Se jogou ao meu lado deitando de frente para a
cama, apoiando os cotovelos na cama e a cabeça dentro das suas mãos.
— Você foi perfeita — Alisei o seu rosto selando a sua boca.
Ela sorriu com satisfação deitando a cabeça no meu peito.
— Você vai ficar aqui? Os pais da Alice vão te adotar — indaguei
fazendo aspas com o dedo, já que ela era bem grandinha para ser adotada.
— O César é meu pai. E da Alice também, claro.
— Seu pai? Alice é adotada — Olhei confuso para ela que sorriu.
— Sim, ela é adotada, mas eu descobrir que ele é o nosso pai, fiz
DNA por conta própria.
— A Isabel vai surtar.
— Sim, ela já surtou, mas ela ama muito a Alice, logo tudo ficará
bem.
— Quem é o cara que a Alice está?
— Grego? O dono do morro da Rocinha — falou tranquila.
— E você fala isso assim? — Sobressaltei da cama.
— Ele é ótimo, ama muito a Alice, não precisa se preocupar,
inclusive Alice está grávida dele, e César acha que a criança é do Mateus.
— E mesmo que não seja dele, vai continuar sendo, César nunca vai
admitir que Alice fique com um traficante — balancei a cabeça
negativamente. — Fora de cogitação, ele nunca aprovará isso.
— O bebê já está na barriga e os dois apaixonados — deu de ombros.
— Um bandido! — Exclamei.

***
Bruna Silva

No dia seguinte, Ícaro acabou ajudando Grego a sair da casa,


escondido no carro dele, depois que Alice implorou com olha fofo e meigo.
Agora estamos na clínica coletando sangue para um novo exame de
DNA.
— Eu não vou aceitar isso, César — cochichava Isabel enquanto eu e
Alice andávamos atrás deles. — Me explique como? Quem é a mãe?
Eu tinha quase toda certeza que a minha mãe era de fato a minha mãe
biológica, que por falta de sorte minha, resolveu entregar uma e ficar com a
outra.
— Você tem fotos da sua mãe Bruna? — Ele indagou me olhando
pelo retrovisor enquanto seguíamos para a mansão.
— Sim, eu tenho — respondi baixo sobre os olhares irritados de
Isabel. — Ela morreu quando eu tinha doze anos — informei a vendo
suspirar aliviada.
— Me mostre, eu quero ver — pediu ansioso.
Tirei o telefone da bolsa e mostrei a fotos bem antiga da minha mãe,
Isabel tomou o telefone das minhas mãos para olhar a foto, os seus olhos
encheram de lagrimas encarando a imagem na tela.
— César, como foi capaz de dormir com a empregada da nossa casa?
— Virou a tela para ele, que encarou a foto surpreso.
— Isabel, eu… eu… — Calou-se procurando por resposta.
— Você o quê? Éramos recém-casados César e quando colocaram a
Alice na nossa porta julguei ser presente de Deus já que eu não poderia te
dar filhos.
— Mãe! — Alice pronunciou triste diante das palavras dura da
mulher.
Ela não virou o rosto para encará-la e eu senti a dor da minha irmã.
— Pare Isabel, não vê o que está fazendo com a Alice — gritou
assustando a todos no carro.
Ela permaneceu imóvel olhando para frente enquanto Alice chorava
atrás do carro, afinal essa mulher que está berrando por ciúmes de uma
traição de mil anos atrás é a única mãe que Alice conhece e ama.
Ele estacionou o carro e Isabel desceu apressada batendo a porta em
seguida, eu estava morrendo de pena da Alice.
— Alice, isso vai passar, ela está chateada comigo e está descontando
em você para me magoar, a sua mãe ama você.
Quanto a mim? Ele me olhou de lado, suspirou em seguida, sim, de
fato eu sou enorme, será bem difícil para os dois engolirem.
Capítulo 28
Alice Gonçalves.

Dois dias depois…


Eu estava deitada na grama do jardim da casa, a música no volume
máximo nos fones de ouvido.
— Alice precisamos conversa — revirei os olhos quando a música
parou de repente e eu ouvi a voz irritante de Mateus.
— O que você quer? — Coloquei-me de pé irritada.
— Quem é o pai da criança? — Me olhou irritado e ansioso pela
resposta.
— Não é da sua conta — virei as costas, mas fui puxada por ele de
volta pelo braço.
— Claro que é da mina conta, Alice você me traiu e ainda
engravidou, é melhor você tirar a criança, não assumirei filho de outro. —
Disse passando as mãos no cabelo, respirando rápido.
— O quê? — indaguei perplexa. — E quem disse que espero que
você assuma o meu filho, ele tem pai, vamos criar juntos o nosso filho —
falei debochada com as mãos na cintura.
— Se ele fosse alguém que você soubesse que poderia estar, não
estaria segurando essa mentira, você sabe que depende de mim para ter esse
filho.
— Depender de você? Não dependo de você para nada, Mateus, acho
que você bateu forte a cabeça naquele acidente — dei as costas novamente
entrando na mansão.
— Direi ao seu pai, Alice, descobrirei quem é ele e conto ao seu pai.
— Disse em tom de ameaça.
— Diga! Mas diga a ele também que você estava comendo a minha
melhor amiga no carro no nosso jardim. Diga que você só quer se casar
comigo para não perder essa vida boa que tem na nossa casa — voltei a
andar irritada em direção a entrada da mansão, mas ele me seguiu.
— Isso foi tudo ideia da putinha da sua irmã, ela encheu a sua cabeça
contra mim Alice, você não percebe isso? — Ele me abraçou com força.
— Para Mateus eu vi, eu presenciei você dois se pegando, eu te
amava, eu sofri, você tem ideia do quanto você me fez sofrer? Eu não te
trair, eu fiquei com o Grego quando eu já não sentia mais nada por você.
— Grego? — Ele repetiu o nome, aí me dei conta do que falei. —
Está falando do marginal do morro?
— Isso não é da sua conta — dei as costas apressada.
— Seu pai vai adorar saber disso, Alice — voltou a me ameaçar.
— Uma hora ele vai precisar saber. — Disse desdenhosa.
— Você perdeu a cabeça, Alice? Um marginal, traficante. Perdeu a
cabeça Alice.?
— Cuide da sua vida, Mateus — bradejei andando apressada me
livrando dele.
Me joguei na cama, depois de ver Bruna na piscina.
— Alice! Bruna! — Ouvi os gritos do meu pai e desci apressada.
Bruna chegou na sala no mesmo instante que eu.
— Venham aqui! — Ele abriu os braços nos chamando. — Minhas
meninas. — disse em lagrimas.
— Pai! — Bruna estava feliz em ser reconhecida e eu estava feliz por
ela.
— Eu não sabia da sua existência Bruna — justificou.
— Eu sei pai — ela tornou a abraçá-lo.
— Vou compensar você por todos esses anos — Senti a culpa em seu
tom de voz.
Pude ver a expressão feliz da Bruna, em contrapartida, a da minha
mãe estava deplorável, ela virou as costas subindo para o quarto e eu sub
rápido a seguindo.
— Mãe — abri a porta vagarosamente, ela sentou na ponta da cama.
— Entra Alice. — Disse com a voz embargada.
Entrei e me deitei com a cabeça no seu colo.
— Ainda posso ser a sua filha? — indaguei encolhendo o meu corpo.
— Você é a minha menina, eu amo você, mas agora é impossível te
ver e não lembrar da traição do seu pai.
— Sinto muito — pronunciei baixinho.
— Você me dá um tempo? — pediu beijando a minha testa e
acariciando os meus cabelos.
Acenei positivamente com a cabeça em lagrimas, eu sei o quanto a
minha mãe ama o meu pai e o quanto essa notícia a magoou.

***

Gregório (Grego)

Estava a noites sem dormi, meu único pensamento era em arruma


uma estratégia de ficar com Alice, eu ligada todos os dias para ela,
passávamos horas no telefone, mas nada disso é suficiente, eu a quero
comigo.
— Grego, achei o Marcelo — Um saldado entrou na minha casa
informando.
— Onde ele está? — Fui em sua direção ansioso.
— Viram ele rondando a mansão da tua namora.
— Você está de sacanagem comigo? — indaguei irado.
— Não. Ele está planejando alguma coisa, não sei para qual das duas.
— Eu mato ele. Tragam ele aqui, eu quero ele aqui, vou acerta as
costas com aquele filho da puta estuprador, ele está achando que vai toca
terror na minha comunidade.
— Ele disse que foi por você Grego.
— Por mim, um caralho, se ele queria ameaçar o coroa, ele fizesse
está ligado, mas daí estuprar a mina não, ele vacilou irmão, vacilou feio. Se
ele tocar na Alice eu corto as duas mãos dele e fico vendo ele sagrar até
morrer, estou te mandando real, ninguém mexe com a minha sereia. Fica de
olho irmão, quem trouxer ele aqui eu vou dá um bônus, um valor alto para
caralho, espalha aí para o comando todo.
— A galera está comentando que você vai larga a vida louca para
cortar reto lá com a mina, tem malandro de olho na tua cadeira Grego, disse
que você está todo sentimental e que está fácil te manda para a gaveta.
— Quem mandou a ideia para você? — Me sentei fazendo gente para
ele sentar também.
— O comentário está vindo do Vidigal.
— Do Diego? Você tem certeza?
Peguei o telefone na hora ligando para ele, só no tom da voz dele iria
sacar a parada.
— Fala Diego, tranquilo por aí mano? — Falei assim que ele atendeu.
— Qual foi Grego? Problemas por aí? — Ele já atendeu na defensiva.
— Aqui? Aqui está suave mano, o morro está seguro, estou firme na
linha de frente.
— Então já é Grego, eu estava achando que você ia aposentar a fúsil.
— Você achou isso? Está querendo a cadeira Diego? — Meu tom foi
de deboche, eu já estava sacando a dele.
— Qual foi parceiro, estamos juntos, estou fechado contigo.
— Ei! Diego, trouxe notícia para você parceiro, o Grego vai ser pai.
— Reconheci a voz de quem entrou falando e ele desligou o telefone
rápido.
— Levanta o comando, manda geral, fica de toque de recolhe, manda
suspender as aulas nas escolas, teremos guerra na comunidade parceiro,
quem tiver fora do morro não entra mais hoje.
Capítulo 29
Gregório (Grego)

Eu sabia que depois do que ouvi Diego Iria manda a tropa para subir
o morro, ele queria a minha área, agora é matar ou morrer.
Liguei para Alice, chamou várias vezes, até que no último toque ela
atendeu.
— Grego? — Atendeu ansiosa.
— Como vocês estão, minha sereia?
— Estamos bem, estou com saudades de você — pronunciou
manhosa.
— Vou invadir a sua casa novamente. — disse divertido.
— Vou te esperar, sem calcinha — sussurrou.
— Você quer me deixar louco, Alice? — Sentei pressionando o meu
membro que já dava sinal de ereção.
— Quero! Para você vir logo — Sorriu.
— Vamos fugir, eu vou largar tudo por você.
— Para onde você quer fugir? — falou em um tom cético.
— Estou falando sério Alice, vou passar o meu lugar para alguém,
vamos viver uma vida nova longe daqui.
— Eu vou para onde você quiser ir — Disse enchendo o meu coração
de Alegria.
— Eu vou viver cada segundo para você e o nosso filho, eu preciso
desligar agora Alice — antes que eu desligasse, ela ouviu o som dos
foguetes.
— O que é isso, Grego? — Ela já sabia o que isso significava.
— Fica tranquila, está tudo bem por aqui, vou desligar, dorme
tranquila — encerei a ligação com o fúsil na mão.
— Eles estão subindo Grego.
— Eu sabia que eles viriam, vamos mandar todos para o saco.
Subi na moto descendo o morro, parei na entra da boca para esperar o
cuzão do Diego, se é que ele teve sangue no olho para mim me encarar.
— Por onde eles estão subindo? — indaguei aos gritos.
— Não sei, estou ouvindo os tiros vindo dos fundos.
— Deixa a turma distribuída, eu vou lá.

***

Alice Gonçalves

Desci para encontra com Bruna na sala, ela estava vidrada na


televisão.
— Está tendo confronto entre comunidade da Rocinha, minha prima
ligou e disse que eu não passasse nem perto — ouvi uma funcionária fala
para outra.
— Bruna, está tendo confronto na Rocinha? — perguntei ansiosa.
— Por que está preocupada? São bandidos Alice de sorte morre uns
trinta, gente ruim a menos não acha? Estou errado tio? — Gelei vendo
Mateus descer com o meu pai, pronunciando as palavras com deboche.
Os olhos do meu pai me queimaram viva, ele acabou de ligar os fatos.
— Alice, está envolvida com esse marginal? — indagou me
estudando.
— Quem? — perguntei.
— O Gregório. — disse pausadamente. — Lucia — Gritou para a
funcionária
— Sim senhor.
— Traga a foto que eu deixei no depósito — ordenou
Ela voltou com o imenso quadro da foto da Bruna que Grego tinha em
frente à sua cama.
— Quem está na foto? — indagou aos gritos.
— Por que isso agora, pai? — perguntei nervosa.
— Vamos aproveita que iniciamos o assunto — ele falou colocando a
foto sobre a mesa.
— Sou eu! A pessoa da foto sou eu — Bruna assumiu.
— O que você tinha com esse marginal Bruna? — perguntou de
forma rígida.
Ela me olhou de soslaio.
— Tivemos um rolo — tomou para si a culpa.
Mas o meu pai me conhece muito bem, eu estava suando, mordia o
lábio sem parar, e sem duvidar ele conseguia ouvir o meu coração
acelerado.
Ele virou o rosto para me encarar.
— Ele disse que te amava Alice — Me encarou cobrando respostas.
— Disse quando? — perguntei curiosa.
— No dia que o seu pai quase matou ele em um galpão quando achou
que ele tinha te sequestrado. Está explicado tio, ela deu a ele porque quis,
mas eu estou disposto a casar com você ainda Alice e assumir esse filho de
outro que você espera.
— Filho de outro? — Meu pai me olhou confuso.
Eu olhava para Mateus com ódio.
— Sim, diz a ele Alice quem é o pai, porque para mim você ainda era
virgem. — Disse debochando.
— Seu desgraçado, filho da mãe — Parti para cima dele com toda a
minha raiva. — Odeio você sabia? Odeio você Mateus, eu juro que estive
cega todos esses anos. Você se acha melhor que ele? Você não passa de um
babaca sangue suga, você não é digno nem de lamber o chão que ele pisa.
— Cala a boca, Alice — gritou o meu pai. — Está louca? Esta se
ouvindo falar? Eu não criei você para se envolver com marginal Alice,
enlouqueceu? Você esqueceu quem eu sou? O que você quer que eu faça
agora que diga que sou sogro de um traficante investigado, Alice? — Ele
falou com decepção. — Me diga que o Mateus está enganado.
Fiquei em silêncio deixando as lagrimas caírem livre pelo meu rosto.
O meu pai sentou no degrau da escada com as duas mãos no rosto e
ouvi um grito de desespero sair livre do seu peito.
— César? — Minha mãe desceu com a cara inchada de sono. — O
que está acontecendo aqui? — Me olhou com angústia.
— Me desculpe mãe! — Torpecei indo até ele caindo de bunda no
chão.
— Levanta Alice — Bruna puxou pelo meu ombro.
— A sua filha Isabel, ela vai dá à luz ao herdeiro do tráfico — Mateus
tornou a falar com deboche.
Ela me olhou incrédula, esperou que eu desmentisse, mas o meu
silêncio foi suficiente para que ela desabasse em lagrima ao lado do meu
pai.
— Vamos mandá-la para outro país, César — pronunciou como
alguém que tem uma grande ideia.
— Mãe! — Minha voz como uma súplica.
— Você pode dar essa criança, Alice, daremos para a adoção filha —
olhei sem reconhecer a minha própria mãe.
— Eu não vou dá o meu filho — gritei.
— Fique com o filho, Alice, você só tem uma opção, aceitar o
Mateus, organize esse casamento Isabel — meu pai levantou da escada
enxugando as lagrimas. — Eu não vou perder você para ele, Alice, eu não
vou ver a minha filha envolvida com esse tipo de gente — ele me puxou
pelo braço me levando até a frente da TV, aumentou o volume no máximo.
Estava mostrando ao vivo o confronto, cada tiro que eu ouvia eu me
perguntava se ele estava bem.
— Pai! — exclamei como quem sente dor.
— É essa vida que você quer Alice? Essa é a vida que você quer para
o seu filho? Olhe para sua irmã, ela foi violentada por vários daqueles que
adam com ele. São todos iguais, Alice não existe bandido bom, não existe
bandido regenerado, um dia eles acordam e resolve que é dia de espancar a
esposa, no outro eles mandam os filhos foguetear as drogas, seu filho com
cinco anos já vai saber atirar, é isso que você quer para sai vida Alice? Não
existe nada de romântico nisso, se você não tem juízo, eu farei você ter a
força. Quero esse bandido morto. — disse aos gritos
Capítulo 30
Alice Gonçalves

— Não, pai — me ajoelhei aos seus pés me agarrando as suas penas.


— Volte a si Alice — gritou transtornado. — Quer jogar a sua vida
fora?
— Isso é tudo culpa dessa daí, foi você que levou a Alice para aquele
fim de mundo — a minha mãe avançou para cima de Bruna.
— Eu? Se tem um culpado aqui é Mateus, que estava fodendo com a
ex melhor amiga da Alice no carro no jardim de casa — despejou de uma
vez.
— Mateus? — Minha mãe colocou a mão na boca, horrorizada.
— Cala a sua boca, sua vadia, tudo isso é sua culpa — Mateus falou
irado com o dedo no rosto de Alice que não baixou.
— Minha cabeça vai explodir — Meu pai sentou no sofá
desabotoando os botões da camisa. — Me falta ar Isabel — buscava folego.
— Alice pegue os remédios do seu pai — Minha mãe pediu.
Eu olhava para o meu e para a TV, a repórter anunciou vários corpos.
Era errado amar esse homem?
— Está vendo isso, Alice, o seu príncipe é das trevas — Mateus
ironizou.
Corri para buscar os remédios e voltei apressada. O meu mundo
estava desmoronando e eu não sabia mais que rumo eu deveria seguir.
— Não vou me casar com o Mateus — meu pai já estava mais calmo,
então achei que seria a hora de continuar a conversa.
— Vamos providenciar uma passagem só de ida para você, não para
ter o bebê e sim para ficar lá enquanto esse bandido estiver vivo, nunca vou
aceitar Alice, nunca entendeu? Eu não vou permitir nunca, fora dos
princípios morais, fora de tudo que eu te ensinei — ele me olhava
decepcionado, e ele tinha razão, Grego é um bandido, ele é assassino, ele
mesmo já me disse que carregava sangue de inocentes nas mãos, mas ele
não era nada disso quando estava comigo.
— Mãe! — Clamei a abraçando.
— O seu pai tem razão, Alice — pronunciou se livrando dos meus
braços.
— Você vai agora Alice — Completou o meu pai com o telefone nas
mãos. — Quero os celulares na mesa, das duas — ele ordenou aos gritos e
nós duas obedecemos. — Desliguem os telefones da casa — ordenou aos
empregados desta vez.
Subi apressada para o meu quarto, me trancando em seguida.
— Alice me deixa entrar — levantei e abri a porta para Bruna a
abraçando em seguida.
— O que faço agora — Supliquei pela solução.
— Não tem nada para fazer agora Alice, faça o que o papai disse, vá
ter o bebê em segurança.
— Bruna! — Exclamei incrédula.
— Não tem o que se fazer, Alice, neste exato momento, está tendo
confronto entre os morros, a vida na comunidade é assim. Acho o Grego
fofo, juro que acho, eu fugi dele quando ele tentou me prender a força, ele é
gente boa, mas… tudo que o nosso pai disse é verdade Alice, e eu não sei se
ele é capaz de mudar de vida.
— Eu o amo — pronunciei abraçada aos travesseiros na cama.
Ela torceu os lábios sem me responder nada, sentou do meu lado e
permaneceu ali acariciando os meus cabelos.

***

Bruna Silva

Adormeci ao lado de Alice, eu estava triste por ela.


— Senhora… Bruna — a governanta da casa chamava da porta.
Fui até a porta ver o que ela queria.
— Sim?
— O senhor Ícaro está lá em baixo.
— Avise que desço em alguns minutos — olhei para Alice que ainda
dormia um sono agitado, havia sido assim a noite toda.
Fui ao meu quarto, tomei um banho rápido, passei pela última vez no
quarto de Alice e desci. Ícaro olhava o relógio, balançava a perna
impaciente, levantou os olhos e sorriu quando me viu descer.
— Você demorou. — Disse vindo ao meu encontro.
— Desculpe, eu ainda passei no quarto da Alice antes de descer.
— Ela está bem? — indagou com preocupação.
— Não, as coisas não estão nada bem, ouvi o meu pai falar que vai
mandá-la para um convento para ter o bebê e isso não é nada bom.
— Podemos conversa no caminho? — Me puxou apressado.
— E aonde estamos indo? — perguntei confusa.
— Meus pais querem te conhecer — Disse naturalmente.
— E você me avisa assim em cima da hora? Nem estou com uma
roupa apropriada — me analisei dos pés à cabeça.
— Claro que está. Você está linda como sempre — Vamos.
— Aonde estão indo? — Meu pai surgiu na escada.
— Senhor, estou indo apresentar a Bruna aos meus pais — Disse
nervoso com as mãos suando.
— Diga aos seus pais que marcaremos algo aqui também já que
vamos nos tornar parentes, mandarei uns seguranças seguindo o carro, pelo
andar das coisas nãos é seguro Bruna por aí.
— Certo senhor.
— Tchau, pai! — Acenei com a mão antes de cruzar a porta.
— Ele não parece bem.
— Ninguém está bem nessa casa, Ícaro.
— Você também está nervosa — tocou as minhas mãos que estavam
juntas e eu as esfregava.
— Sim, eu nunca fui apresentada como namorada de alguém, então,
eu estou nervosa — arqueei as sobrancelhas.
— Devo confessar que você não faz o tipo que os meus pais
gostariam para mim, mas eles vão te aceitar por conta do seu pai, então
relaxa.
— Nossa! Fiquei mais tranquila agora — forcei um sorriso.
Estacionamos em frente a imensa mansão de paredes brancas e portas
de vidro, um ambiente totalmente claro, uma piscina quase olímpica um
pouco afastada da entrada.
— Gostou da casa? — Me senti boba, ainda me impressiono com o
luxo e ele notou o meu deslumbre.
— Sim, é bonita — tentei soar natural
— Não teremos menos que isso — respondeu me puxando para os
fundos da casa.
— Onde está me levando? — perguntei confusa.
— Você está muito tensa.
Ele entrou em uma pequena casa que ainda conseguia ser maior que
todas que eu já morei.
— Que lugar é esse? — Perguntei vendo quadros espalhados pelo
local.
— Que lindo! — Um em especial me chamou a atenção. — É Alice?
— Indaguei apontando para o imenso quadro.
— Sim, é Alice — confirmou um pouco envergonhado.
Sorri enciumada.
— Aqui — Me puxou para o andar de cima — Esse é o meu ateliê, eu
gosto de pintura, embora meu pai não me deixe seguir carreira profissional,
eu serei político igual a ele. — Ele abriu outra porta que revelou um quarto
imenso e meus olhos não acreditavam no que estava vendo.
— Ícaro! — Disse boquiaberta.
— Gostou?
Meus olhos percorreram todo o local que tinha as paredes pintadas
com imagens do morro e do cristo e em outra parede uma imagem minha
cobrindo toda a parede.
— Esse é o nosso cantinho. Coloquei a comunidade ali para você
saber que eu não me importo de onde você veio e sim onde você está agora
— apontou para o próprio peito. — Parece loucura, mas eu te amo Bruna, e
eu não quero que você pense que te amo por quer você é parecida com
Alice e sim por que você é tudo que eu sempre quis, linda, extrovertida e
me deixa à vontade para ser eu. E não menos importante, é gostosa para
caralho e fode gosto como de ninguém. — Disse com um sorriso tímido.
— Você me ama? — De tudo que foi dito foi só o que de fato eu ouvi.
— Muito — Me puxou pela nuca me beijando com desejo, me
deitando delicadamente na cama, ficando por cima de mim me beijando e
explorando o meu corpo. — Vou te ajudar a relaxar — desceu os beijos até
a minha intimidade, mordendo ainda por cima da calcinha, tirando-a em
seguida penetrando com um dos dedos. Me fodeu com a sua língua, eu não
lembrava da vez que alguém se concentrava em me dar prazer.
Gemi alto, achei que fosse permitido.
— Mais baixo, vão nos ouvir. — Disse enfiando a língua em minha
boca em seguida e voltou a da total atenção a minha intimidade, chupando
gostoso, eu queria gritar. Mordi a mão para abafar os gemidos, ele colocou
para fora a sua ereção entrando com tudo e tivemos um orgasmo em
pouquíssimo tempo, foi impossível segurar.
— Nossa! — Exclamei animada quando ele deitou ao meu lado.
— Gostou? — Parecia surpreso.
— Você foi magnifico. — Disse o abraçando.
— Às vezes me sinto inseguro, penso que você pode me achar fraco
— Gargalhou.
— Por que acha isso? — Perguntei um tanto desconfortável, desde
que comecei a ficar com ele senti medo de ser julgada, talvez eu fosse
diferente de todas que ele já se relacionou.
— Porque eu nunca estive com uma mulher tão gostosa e que fodesse
tão bem, preciso estar altura e te dá prazer igual ao que você me
proporciona.
Sorrir com a sua resposta. Ícaro é um home incrível.
— Vamos nos recompor, os meus pais estão nos esperando — me
tirou da cama ainda me beijando.
Minutos depois estávamos entrando na casa. Os seus pais levantaram
os olhos quando cruzamos as portas, eles me encaram por cima dos ombros,
eu me senti um tanto deslocada, mas lembrei de quem sou filha. Não
importa o meu passado, hoje eu sou alguém na sociedade, espetei o ar com
o nariz os olhando de cima, eu não aceitaria ser tratada com menos respeito
do que eu mereço.
— Pai, mãe, essa é Bruna, ela é a gêmea da Alice.
— Sente-se Bruna — A mãe disse com uma voz arrogante. Ela me
analisava dos pés à cabeça. — Então, você morava em uma comunidade?
— Sim, por muitos anos.
— Estudou? — Perguntou com um ar superior.
— Sim, até o ensino médio — ela suspirou torcendo o nariz.
— Mãe, pare! — Ícaro alertou irritado.
— Eu já percebi que o meu filho gosta de você Bruna, você sabe qual
será o futuro dele? — indagou o pai dessa vez.
— Ele me disse que mesmo amando arte, fará como o senhor e
seguirá a carreira política — respondi com sinceridade, algo que eles não
estão acostumados.
Ele coçou a garganta com desconforto.
— Exato, no próximo ano ele vai ser candidato a deputado.
Considerando que você é filha de um amigo de infância, eu cogitei aceitar
esta relação, mas você precisa aprender a ser uma dama e estar à altura do
meu filho, ele precisa de alguém que o acompanhe em debates e que os
ajude na política, fui claro?
— Cristalino — forcei um sorriso.
Olhei para Ícaro que me olhava apreensivo. Eu queria mandar todo
mundo para o inferno, mas eu amava esse homem, e o mínimo que eu
poderia fazer por hoje, era sair na paz com os pais dele e lhe dá uma relação
tranquila. Eu estava disposta a ser a dama que eles queriam que eu fosse
sem esquecer de ser a mulher que ele gosta na cama.
— Começaremos com aulas sobre política, arrume uma faculdade que
goste e faça, é indiferente a sua formação. Marque um jantar com o seu pai
será importante já que seremos parentes.
Nossa! Como os ricos combinam.
— Por hoje é isso, Bruna vocês têm a minha benção para namorar.
Suspirei aliviada depois de ver que Ícaro também o fez.
— Passei? — Perguntei já no jardim.
— Ainda está em análise, só foi aceita pelo seu pai, mas nem isso será
suficiente se não chegar aos padrões que eles esperam.
— Entendi! — Torci os lábios. — Mas o que você quer exatamente
Ícaro?
— Nada além de você. Tenha certeza que reconheci o esforço que fez
para não dá resposta que os meus pais, eles mereciam.
— Vou para casa, quero ver a Alice — falei preocupada.
— Vou te levar lá.
Na saída eu vi a moto do grego, suspirei nervosa, olhando os
seguranças nos seguindo.
— Corta luz Ícaro — pedi
— Por quê? — Perguntou confuso.
— É o Grego na moto — ele olhou pelo retrovisor.
— Droga! O que ele quer? — indagou irritado.
— Não sei, mas quero descobrir, despistas os seguranças.
— Bruna, o seu pai vai ficar irritado. — Disse reprovando a ideia.
— Eu vou ficar muito mais, faz o que mandei, para no posto, vou ao
banheiro.
Ele fez o que eu pedi. Entrei no banheiro feminino.
— Grego? — Eu já sabia que ele estaria lá.
— Bruna — Falou próximo à pequena janela, já no banheiro.
— Que merda, você está machucado — falei alarmada.
— Preciso que me ajude com a Alice.
— As coisas não estão boas lá em casa Grego, nosso pai descobriu
tudo, sobre o bebê, sobre você, Alice está de dar pena, ela está confusa, ela
não quer machucar os pais e também não, quer se desligar de você. Nossos
telefones foram confiscados.
— Pede ajuda ao playboy de novo, preciso falar com ela Bruna.
— Falar para quê? Grego, o nosso pai nunca vai aceitar, ele está
mandando ela para um convento.
Ele caiu de joelho no chão implorando.
— Tudo bem, vou implorar a Ícaro que nos ajude, mas que seja para
se despedir Grego.
— Eu vou largar tudo Bruna, eu vou morrer e nascer de novo, eu vou
ficar com ela e o meu filho.
Capítulo 31
Gregório (Grego)

Cheguei ao quarto de Alice com a ajuda de Bruna, ela parecia dopada,


a levei para o porão e passei horas ao seu lado, ela não acordava.
Bruna ficou no quarto fingindo ser Alice enquanto estávamos lá. Eu
já estava impaciente esperando ela acordar andando de um lado para o
outro.
— Grego? — A voz fraca me alarmou e fui até ela apressado.
— Sim, sou eu — Ela esticou as mãos para me tocar e sorriu em
seguida.
— Você está aqui mesmo? — Uma lagrima caiu dos seus olhos.
— Sim, eu estou, o que você tomou Alice? — perguntei preocupado.
— Um calmante — respondeu ainda atordoada. — Senti medo Grego,
medo de te perder e, ao mesmo tempo, eu desejei não estar passando por
isso — tornou a chorar me abraçando.
Me sentir um filho da puta, eu nunca parei para pensar em tudo que
isso traria para ela.
— Me perdoa Alice, eu fui egoísta com você — apertei ainda mais o
abraço, aparando suas lagrimas que caiam rápido pelo seu rosto.
— Eu não sei o que fazer, Grego. — Disse com a voz embargada.
— Eu quero viver com você Alice, quero ser o pai do nosso filho,
mas eu vou aceitar as suas escolhas, mesmo implorando que a sua escolha
seja eu.
Ela ficou em silêncio chorando e eu fiquei em silêncio ao lado dela.
— Meu pai vai me manda para um convento, eu tenho medo que ele
tire o nosso filho de mim.
— Alice, você ainda me quer? — Tremi a resposta, mas o silêncio foi
ainda pior.
Dúvida, foi que ela me passou e eu não estava disposto a perder ela,
mesmo não sabendo se eu conseguiria viver diferente do que vivo hoje.
— Alice, eu vou te seguir para onde você for, e se o nosso filho sair
dos seus braços depois do parto eu vou atrás dele, eu vou ser a sua sombra
Alice, eu juro a você.
— Eu não quero viver escondida pelo resto da vida Grego.
— Eu vou te dar orgulho, minha sereia.
Me deitei ao lado dela, imaginando o que eu faria daqui para frente.

***
Bruna Silva

— Alice — A voz do meu pai fez o meu corpo ficar rígido e eu estava
deitada no lugar de Alice.
Fiquei imóvel fingindo estar dormindo.
— Alice, minha querida, eu sei que dói em você, dói em mim
também, eu amo você, Alice. Criei você como uma princesa, eu não
esperava menos para você do que um homem de bem e decente, filha. Eu
não faço para o seu mal, eu também entendo que não queria ficar com o
Mateus, ele não é homem para você, um vagabundo, encostado, eu me
enchi de esperanças achando que você estava com Ícaro. Mas claro que
estou feliz em saber que a sua irmã está feliz, eles formam um belo casal.
Tudo que eu não esperava era que eles resolvessem sair do porão
agora.
— Mas o que é isso? — Apertei bem os olhos quando vi a cômoda se
movendo. — Alice? — Indagou incrédulo e furioso, quando ela saiu.
— Pai? — Ela indagou surpresa.
— Levanta Bruna, deixa de fingir — ordenou. — O que tem aí
dentro?
— Nada pai, é só o porão — Sua voz saiu trêmula.
— Certo — ele a empurrou para o lado e a coisas a seguir, fugiria
totalmente do controle.
Ela me olhou como quem pede ajuda.
— Segue ele! Ele vai matar o seu namorado — falei indo atrás dela
em seguida.
— Mas o que é isso? — Gritou de forma histérica que senti as
paredes tremerem.
— Senhor, calma! — Ele levantou os dois braços em rendição.
Palavra errada, Gregório, nunca se pede calma a uma pessoa fora do
controle.
— Calma? Você sairá daqui direto para o presídio, seu infeliz. Invadiu
a minha casa?
— Pai, ele estava comigo — Alice se agarrou a Grego o que deixou o
nosso pai ainda mais furioso sacando a arma e apontado para Gregório, que
continuou com as duas mãos para cima.
— Senhor, eu não fiz nada com a sua filha, estávamos conversando,
eu queria saber sobre o meu filho, eu amo a sua filha, senhor.
— Seu filho? Que filho? Que amor? Eu vou manter você longe da
minha filha, seu vagabundo, marginal, que atrevimento vim até a minha
casa — esbravejou.
— Para pai, por favor, dê uma chance para ele — Alice suplicou.
— Se afastar Alice, eu matarei esse infeliz, ele invadiu a minha casa e
molestou a minha filha. — Disse o nosso pai pensando nas provas que o
justificaria depois que ele matasse o Grego.
— Me mate! — Disse Grego Calmo. — Vai ser melhor para todos,
não é isso que acha? Então me mate.
— Cala a boca, Grego — Alice ordenou aos gritos.
— Pai, somos pessoas racionais, vamos subir, vamos ouvi-lo, quem
sabe o Gregório não se regenera. — Disse tentando amenizar.
— Passa para trás de mim, Alice — ele sequer me deu atenção,
continuou apontando a arma para Grego
— Se ferir ele eu me mato! — Alice quebrou o porta-retratos de vidro
apertando um pedaço contra a mão apontando para o pescoço, o sangue da
sua mão escorria pelo braço erguido.
— Alice enlouqueceu? Pare já com isso — Grego ordenou com a voz
trêmula.
Ela estava nervosa, suas mãos tremiam.
— Pai! — Segurei em seu braço, temia que Alice fizesse uma
loucura.
— Você está acabando com a nossa família, seu moleque vagabundo.
Eu vi o dedo do meu pai tremer, a arma estava engatilhada, fechei os
olhos para a tragédia. O nosso pai é um homem rígido, arcaico, ele sempre
viveu à frente da lei, tudo que Alice não considerou quando resolveu abrir o
seu coração, embora eu saiba que não se manda no coração.
— Não pai! — O grito foi seguido pelo barulho do tiro, eu me joguei
empurrando Alice que fez o mesmo com o Grego eu queria defendê-la e ela
só pensou nele. — Não! — O grito agora foi de desespero, ele estava lá
baleado, caído, inconsciente na nossa frente. — Gregório, não, não… —
Ela tinha um ar de louca, a pior cena que eu já vi em toda a minha vida.
Grego caído baleado, os gritos de Alice que doeram na alma e um pai
ajoelhado vendo a filha, a princesa que ele criou, toda suja de sangue
gritando por um bandido.
Eu sentir a dor da Alice, mas também vi a agonia nos olhos do meu
pai, a vida na comunidade é uma droga, e a vida que o Grego escolheu é um
caminho sem volta.
— Chamem uma ambulância — ele disse baixo não sei exatamente
para quem seria a ambulância, pois Alice definitivamente precisa de ajuda
médica.
Capítulo 32
Alice Gonçalves

Grego? Grego? Corri em sua direção a ele


— Grego… Aí não, é por aqui! — Exclamei agitada quando o vi ir em
direção à escuridão. — É aqui entendeu? Vem pega a minha mão — eu a
estiquei esperando que ele me alcançasse, mas o vi sendo levado para o
escuro, seus olhos saiam lágrima de sangue. Os meus pés não andavam
para outro caminho que não fosse da imensa luz branca o lado oposto, até
na morte estamos em lados opostos.
— Alice… Alice… — novamente ouço as vozes distantes, quero
saber quantas vezes passarei perto de morrer e voltarei.
Bip… bip… bip… O som estava cada vez mais perto, abrir os meus
olhos enxergando ainda embaçado, esfreguei os meus olhos até que se
tornasse nítida a imagem.
— Grego? — indaguei assustada.
— Caralho, Alice, você quer me matar do coração — Bruna soltou o
ar dos pulmões em alívio.
Olhei as paredes brancas ao redor e sorrir sem humor.
— Hospital novamente — conclui.
— Menina, o seu coração parou, entendeu?
— Cadê o Grego? — Ela ficou em silêncio. — Para, Bruna, onde ele
está?
— Morto! — Meu pai cruzou a porta com um olhar frio e uma
expressão dura.
— Acabou Alice, chega! Volte ao seu juízo.
Eu queria gritar, eu queria bater no meu peito até rasgar, mas deixei
que uma única lágrima caísse dos meus olhos, eu a enxuguei encarando o
nada.
— Eu deveria ter ido junto, porque não me matou também —
sussurrei.
— Chega Alice, chega! — Disse irado.
— Me mande para longe, eu quero ir embora.
— Você vai, terá a criança Alice, e voltará para o Brasil — O olhei
incrédula.
— Não vai tirar o meu filho de mim — afirmei entredentes.
— Então aceite se casar Alice, vou lhe arrumar um bom casamento.
— Me mande para longe — virei o rosto.
— Certo, se prefere — disse duramente.
— Saia — Pedi no mesmo tom.
Arranquei todos os fios que faziam a leitura da merda do meu
coração.
— Para Alice, o que está fazendo? — Bruna tentou me impedir.
— Me tira daqui. — Supliquei.
— Vou chamar o médico — Disse a minha mãe entrando no quarto e
se alarmando com a cena.
— Pare Alice — Ele ordenou rígido, mas uma vez. — Vou buscar o
médico para você.
— Onde ele está Bruna? Me fale a verdade — Supliquei.
— Entregamos o corpo aos amigos Alice, eles devem estar velando
ele agora.
— Quero ver, eu preciso ver — tentei levantar, mas fui impedida por
ela.
— Alice, ele se foi, cuide do pedacinho dele que está em você — foi
rígida.
— Não, não, não… — repeti inúmeras vezes.
— Ela acordou, está bem nervosa — Meus pais cruzaram a porta
novamente.
— Assassino, foi você, você o matou pai — cuspi as palavras com
ódio e encarei o seu olhar triste magoado.
— Vou aplicar um calmante, ela acordará mais tranquila — Garantiu
o médico.
— Pode me dá um que eu nunca mais acorde? — Disse tranquila
dessa vez, esperando receber a substância que me faria sentir minutos de
alívio e por sorte eu sonharia com ele novamente, e com ainda mais sorte eu
voltaria para as duas entradas e correria para tirá-lo do escuro para onde ele
foi levado. Senti os meus olhos pesarem, e adormeci novamente.
— Alice, não venha — procurei a voz que me alertava. — Fique onde
está Alice — Sim, é a voz dele.
— Grego?
— Não venha, viva e cuide do nosso filho.
— Onde você está? — Procurei em desespero caindo em um buraco
escuro. — Grego? — Gritei o seu nome.
— Saia Alice, eu preciso que você viva e me tire daqui eu vou sair
daqui por você, pelo nosso filho.
Eu não o vi, a imensidão negra o cobria, sua voz era angustiada,
deixando o meu coração atormentado.
— Eu vou esperar por você — meu grito ecoou pelo imenso buraco
negro.
— E eu vou te encontrar — garantiu com a voz mais tranquila dessa
vez.

***
Bruna Silva

— Grego, eu vou encontrar você, me espere — Alice dizia


inconsciente.
— Vamos mandá-la para Itália, para o convento, e vamos resolver a
questão da criança — o meu pai combinava com Isabel, ignorando por
completo a minha presença e o desespero de Alice.
A conversa foi interrompida pelo telefone do meu pai, que tocou
insistentemente, enquanto ele rejeitou duas ou três vezes.
— Sim, fale! — Atendeu irritado. — Prenderam? — Ele sorriu
satisfeito dessa vez. — Estou indo aí agora.
— O que aconteceu, quem foi preso? — Isabel indagou curiosa.
— Marcelo, o gerente do Grego — Arregalei os meus olhos surpresa.
— Quer ir? — Disse eufórica.
— Não!
— Por favor, pai — Implorei, ele respirou fundo.
— Certo venha comigo, fique com a Alice Isabel.
Entramos no carro, eu estava nervosa em poder confrontar Marcelo,
mas eu precisava disso.
— Tem certeza? — Indagou pegando as minhas mãos.
— Sim, eu tenho. — Disse o encarando.
— Você é corajosa, é forte, deveria estudar direito, o que acha? —
Sorriu para mim. Ainda conseguia sorrir em meio a tantos acontecimentos.
— Sabe que os pais do Ícaro querem que eu estude? — Sorri olhando
para a janela.
— Não se diminua Bruna, você é incrível da forma que é, estude para
melhores oportunidades e não para caber no mundo de alguém.
— Você tem toda razão, pai.
— Se ele também te amar, lutará para estar com você independente de
qualquer coisa, inclusive ele deveria seguir os próprios sonhos, ele é um
artista incrível.
— Já viu os quadros dele? — perguntei curiosa.
— São os mesmo que você admira pendurados na nossa sala —
Sorriu revelando.
— Mas lá está assinado como I.A — Disse sem entender.
— Um pseudônimo, os pais não gostam que ele pinte, mesmo tendo
cedido um espaço para tal prática — explicou.
I.A, martelou as letras até sorrir desapontada com a conclusão de
Ícaro e Alice.
Chegamos a delegacia e eu desci apressada assim que o meu pai
estacionou.
— Onde ele está? — Meu pai perguntou assim que entrou.
— Sendo interrogado — respondeu o funcionário.
— Vou assistir — Me pegou pela mão segurando firme e alisou com
dedo polegar em forma de me trazer conforto.
Me senti pronta para enfrentar todo mundo, os pais do Ícaro, o
Marcel. Sorri com o coração aquecido.

***

Depois de muito implorar entrei na sala para fala com Marcelo, vê-lo
naquele estado lamentável que deixou satisfeita, eu sentia vontade de rasgar
a cara dele com as minhas unhas. Apertei bem os meus dedos em minhas
mãos vazias, respirei fundo e o encarei.
— Olá! — Disse com um sorriso satisfeito.
Ele levantou os olhos para me encarar, sua expressão era de ódio.
— Veio rir da minha cara vadia? Vou te comer gostoso de novo
quando eu sair daqui? — Riu com escárnio.
— Será que você sai? — Fiz uma expressão pensativa — Mas
enquanto isso não acontece, eu ouvi dizer que vai ter festinha de boas-
vindas para quando você entra, você vai virar comida, tadinho tão machão
— Fiz um biquinho seguido de uma gargalhada. — Tenha uma boa estadia,
e aproveite o banheiro coletivo ouvir dizer que bem animado — Tornei a rir.
— Vadia, eu vou te matar — Gritou irado.
E eu soltei um beijinho antes de cruzar a porta.
Capítulo 33
Alice Gonçalves

Alguns dias depois…


Eu estava viva, mas ainda assim eu não tinha mais vida, as pessoas
falavam ao meu redor, a única coisa que eu ouvia eram ruídos e planos que
envolviam a minha vida.
— Você viaja amanhã, Alice, não será ruim, a Itália é linda — dizia a
minha mãe.
— Pai, mas se o grego não está mais aqui, por que ela precisa ir? —
Bruna tentou argumentar.
— Será melhor para ela, fica longe disso tudo, esquecerá mais rápido.
Planos e planos, eu não fazia a menor questão de onde eu estaria.

***

— Alice, vou colocar roupas para frio, dizem que a Itália nessa época
do ano é bem fria — Bruna dizia arrumando a minha mala.
— Certo, coloque — assenti.
— Alice, por favor, melhore pelo seu filho, pensei em uma forma de
fugir de onde você vai. Eles vão tirar o bebe de você assim que ele nascer,
seja esperta Alice — disse me alertando.
— O que você quer que eu faça Bruna, que lute sozinha? Grego me
deixou! — exclamei.
— Mas um pedaço dele está aí com você, seja forte, arrumarei uma
forma de você fugir. Ícaro falou com um primo, ele é estudante de arte lá na
Itália, ele vai te ajudar, você vai ficar lá com ele, então está tudo certo —
afirmou.
— Sei, qual o nome dele? — pergunta sem interesse real pela
resposta.
— Álvaro, assim que você chegar lá Alice, não entre no convento, ele
estará te esperando na rua de trás. Ícaro desenhou um mapa — disse
abrindo a imagem no celular.
— Ele fez? — perguntei confusa. — Quando ele esteve na Itália?
— HÁ… Alice, não me venha com perguntas bobas.
— Tio! Tio… — Ouvi as súplicas de Mateus e abrimos um pouco a
porta do quarto para ouvir mais, não saímos.
— César, não faz sentido isso, onde vamos morar? — perguntava o
meu tio em tom de desespero.
— Não faço ideia, o que você esperava? Depois de tudo que fez,
sequestrar a minha filha simular um estupro.
— Tio foi o desespero, eu queria que ela me amasse novamente.
— Por favor, irmão — As súplicas vieram do meu tio agora.
— Não vou criar cobra dentro da minha casa — Meu pai pronunciou
irredutível.
— Deixei um apartamento disponível para os dois, pela pouca
consideração que me resta por você irmão, não quero vê-los morando na
rua.
Fechamos a porta voltando para a conversa, aquilo não era
importante, ignoro onde Mateus vai morar.
— Bruna, me ajude a ir até o tumulo dele — Supliquei.
— Claro, nosso pai podia não querer você com ele vivo, mas assim
não tem problema — Deu de ombros falando divertida.
Descemos algumas horas depois, prontas para ir ao cemitério.
— Alice já arrumou as malas? — indagou o meu pai.
— Sim, eu já arrumei — respondi sem encará-lo.
— Aonde estão indo? — Ele perguntou.
Olhei para Bruna, esperando que ela respondesse.
— Estamos indo dá uma última volta juntas, digo antes da viagem —
Deu de ombros.
— Não demorem — ordenou.
Segui todo caminho em lagrimas, ainda era inacreditável, que o meu
pai tivesse o matado, e claro que ninguém iria se importar em investigar a
morte de um traficante. Acredito que a polícia fez até festa para comemorar
menos um.
— Bruna como foi?
— Como foi o quê? — Indagou dando de desentendida, sabendo bem
o que eu queria saber.
— A morte dele, depois que desmaiei lembro ele ainda estava
acordado, pressionando a mão onde a bala atingiu, eu lembro ele me olhava
firme sem desviar os olhos.
— Ele segurou a sua mão e sorriu antes de uma lagrima cair dos olhos
e então os fechou para sempre — Ela disse sem me encarar em um tom
angustiante. — Ele disse que te amava, a voz não saiu, mas li os lábios dele.
Ao final da narrativa eu já estava entre choros e soluços.
— Você veio ao velório?
— Claro, Alice, eu representei você — Ela alisou as minhas mãos,
beijando em seguida.
— Obrigada.
Descemos do carro, me segurei firme a porta para me manter de pé.
— Vem Alice — Ela fez gesto com as mãos e o segurança me
entregou flores. — Vamos deixar o tumulo lindo — disse com um sorriso.
— Eu não consigo Bruna, eu não consigo — Cai de joelhos.
— Força, venha se despedir dele — Me ergueu do chão pelos ombros.
Cheguei ao tumulo não muito distante de onde havíamos estacionado,
me joguei na terra ainda fofa, e disse tudo que eu estava sentindo, ele não ia
embora sem me ouvir.
— Seu idiota, você não tinha autorização para ir sem mim, entendeu?
E agora o que eu faço? Você nem me disse o que fazer — ensopei a terra
com as lagrimas. — Eu queria bater em você Grego, se era para me deixar
porque veio? — Esbravejei.
— Alice, levanta, você está ficando suja de terra.
— Me deixa Bruna, ele vai me ouvir. Desgraçado, você me deixou —
Esmurrei seu tumulo apertando firme a areia que escapava das minhas
mãos.
Levantei os meus olhos que seguiram a imagem de alguém que me
olhava de longe.
— É ele Bruna — Levantai correndo entre os túmulos.
— Alice, chega Alice.
— É ele Bruna, eu vi — Me ajoelhei no chão. — Veio rir Gregório?
Você me deixou aqui — gritei, deixando sair livre todo choro preso dentro
de mim.
— Chega Alice, vamos, tem pessoas nos observando.
Me levantei batendo a areia que cobria os meus joelhos, olhei para o
tumulo mais uma vez, e entrei no carro. A volta foi silenciosa, eu queria
viver o meu luto, sem ouvi chega Alice, ou você precisa sobreviver. A vida
é minha, sou eu quem estou sentindo, é em mim que está doendo.
Chegamos em casa. Meu pai estava sentado na sua poltrona favorita,
disparei um olhar rancoroso, mas ele apenas suspirou e voltou a ler o seu
jornal. Talvez a Itália fosse ótima, perfeita para me desligar por completo.
— Alice — minha mãe me seguiu até o quarto, encarou as malas
prontas sobre a cama. — Minha menina, me abraçou em lagrimas.
— Estou suja mãe, é terra de cemitério — disse fria. — Preciso de um
banho.
— Minha filha — Tornou a me abraçar. — O que estamos fazendo é o
melhor, é para o seu bem.
— Serio? Obrigada. Vou ficar muito bem quando tiver o meu filho
arrancado dos meus braços e voltar a ser uma pretendente com ar virginal e
desejada pelos melhores partidos do Rio de janeiro. Não se preocupe no
final, pessoas morrem, filho são doados como cães e eu volto a ser a Alice
Doce e feliz que cresceu nesta casa com o único objeto fazê-los sorrir e se
sentirem orgulhosos.
— Alice! — Exclamou.
— O quê? Não foi assim a vida inteira, eu grata por ter sido adotada e
me sentido abrigada a ser sempre perfeita. “Nossa a filha do César tem as
melhores médias”, “a filha do César é uma menina encantadora e doce”,
“Alice o que é isso, o seu pai é um juiz, se comporte, não pode dar maus
exemplos”. Parabéns, vocês criaram uma criança cheia de complexos e
medos, que tinha medo do fracasso, que andava na rua sempre com roupas
brancas e alvas, como exemplo da pureza.
— Alice, você está sendo ingrata.
— Me deixe — Caminhei para o banheiro trancando a porta em
seguida, liguei o chuveiro e deixei a água leva todo a terra que resistiam,
grudadas no suor.
Capítulo 34
Bruna Silva

— Não esqueça o que eu te disse Alice, Álvaro estará te esperando,


assim que chegar a Itália, não entre no convento, aquilo ali é uma prisão de
segurança máxima.
— Certo, eu já entendi.
— Não dê notícias até o bebê nascer e você se sentir segura. Eu te
amo! — A abracei forte, eu não fazia ideia de quando a veria novamente,
então eu queria gravar o seu cheiro em mim, e decorar esse abraço.
— Vamos Alice, o voou já vai sair — disse o meu pai frio como
alguém quem decreta a sentença de alguém.
Isabel chorava sem consolo vendo o avião decolar.
— Ela vai ficar bem Isabel, Alice é forte — disse o que ela se dizia,
por dentro tentando se convencer.
Ela me olhou com menos ódio que as outras vezes, embora que ainda
indiferente, mas para mim nãos fazia a menor diferença.
E lá estava Ícaro distante, enxugando as lágrimas.
— Você é covarde. Por que não foi se despedir? — indaguei me
aproximando.
— Não consigo me despedir — Ele ainda enxugava as lagrimas.
— Devo ficar com ciúmes? — Olhei com manhosa.
— Claro que não — Me abraçou me beijando em seguida. — Vou te
deixar em casa.
Caminhamos de mãos dadas pelo aeroporto até chegar ao
estacionamento.
— O que é isso? — perguntei quando entrei no carro e vi um objeto
embalado.
— Abre é para você — disse sorrindo.
— Sério? — Abri rápido com ansiedade.
— O que não gostou? — Sorriu com a minha expressão.
— Ícaro, você não é romântico! — Exclamei.
— Jura? Pensei que fosse me chamar de cafona.
“ Case comigo” I.B, Estava escrito na tela em letras cursivas e
corações desenhados ao redor.
— Sério? Quer se casar comigo?
— Achei que você quisesse também — Me olhou confuso.
— Ícaro! — Exclamei — E você me pede assim, dirigindo? —
Embrulhei o papel rasgado sobre o quadro novamente.
— O quê? — Deu de ombros.
— Siga para o Hotel mais próximo, eu quero uma banheira cheia com
chandon brut rosê.
— Sério?
— vamos entrar na banheira e secá-la, chupado cada gota que tiver
sobre a nossa pele — disse tomada pela luxúria.
Ele gargalhou mordendo dando a volta no carro fazendo o que eu
havia pedido.
— Caralho, Bruna, você vai me deixa louco — Freou o carro
bruscamente no acostamento, tomando os meus lábios com volúpia e
paixão, arfamos entre os beijos.
— Prometo te deixa ainda mais louco todos os dias da nossa vida, no
nascer de cada manhã e no caiu do dia. — Agora levanta os vidros, vamos
aquecer antes de chegar ao hotel, sinto que não consigo esperar. — disse me
sentando em seu colo depois de ter colocado para fora a sua ereção.

***

Alice Gonçalves

Itália, aqui é o lugar onde ficarei recruza? Sorri vendo a belíssima


arquitetura do local, eu nunca havia visitado o lugar antes.
— É Alice, talvez você se acostume com o ar doce e o cheiro de pão
vindo das diversas pizzarias espalhadas pelo local.
— Senhorita, vamos! — Um carro chegou para me buscar no
aeroporto, eu deveria correr, fugir? O que eu deveria fazer agora? — Temos
ótimas praias na Itália Alice. — Sorriu em seguida.
— Praias? — indaguei confusa.
— Sim, a senhorita é una bellissima sirena — Tornou a sorrir depois
de me chamar de sereia em Italiano.
— Qual o destino? Para a masmorra? — indaguei com ironia.
— O senhor Álvaro pediu que viesse buscá-la, entre antes que o seu
verdadeiro motorista e guarda-costas notem que a senhorita não chegará
conforme combinado.
Entrei no carro imediatamente, conforme Bruna me instruiu a fazer.
— Mas, Bruna me disse que eu o encontraria próximo ao convento.
— Ele achou arriscado, a senhorita poderia não conseguir fugir —
disse me olhando pelo retrovisor.
— Claro tem toda razão.
Agora pela primeira vez me bateu a curiosidade de conhecer o rosto
do homem que se prontificou a me ajudar.
— Ainda está longe? — indaguei ansiosa.
— Um pouco, vamos para uma pequena vila, é um lugar lindo e bem
agradável à senhorita gostará.
— Sei — disse desconfiada olhando ao redor.
Ele estacionou o carro em uma casa pequena modesta, porém fofa,
uma arquitetura rústica e repleta de flore roxas ao redor.
— Gostou? São pulsatillas — Disse se referindo as flores, espalhas ao
longo de toda pequena vila.
— Sim, são lindas — Respondi as tocando.
— Elas contrastam melhor com branco, deveria se vestir de braço,
preto lhe deixa com um ar fúnebre — Sorriu novamente de forma
simpática. — Vamos entre o senhor Álvaro precisou sair, mas não demora.
Entrei curiosa, a casa era fofa e bem aconchegante, duas poltronas
próximas à lareira, não tinha TV, ou qualquer outro aparelho, de fato era
uma vila rústica.
Procurei por vestígio de tintas ou quadro pintados que revelassem a
personalidade do artista, mas não tinha nada disso.
— Me siga, vou mostra o seu quarto — Eu o segui subindo os poucos
degraus que me levaram para o andar de cima.
— Mas só existe um quarto — falei confusa.
— Sim, só tem um, mas o senhor disse que dormiria no sofá que a
senhorita poderia ficar com a cama, ele nunca colocaria uma gestante para
dormir no sofá. Bom, agora preciso ir, aprecie a vista.
Cruzou a porta descendo rapidamente as escadas. Fui até a pequena
varanda onde só cabiam duas pessoas em pé, tudo ali era extremamente fofo
e um tanto minimalista.
Voltei para o quarto, deitei na cama esticando as pernas. Suspirei
aliviada, o lugar era tranquilo, me passava segurança.
— Bom, eu ainda não sei se aí dentro está uma menina ou um
menino, mas eu já o amo infinitamente. A partir de hoje esse será o nosso
lar, embora ainda seja provisório, ainda não tenho certeza se ficaremos aqui,
mas prometo que tudo ficará bem e que acordaremos e dormir juntos todos
os dias — pronunciei acariciando o meu ventre.
Não sei exatamente quando, mas adormeci. Acordei já com a lua me
saudando pela janela, girei os meus olhos pelo pequeno quarto que agora
estava escuro e vi alguém sentado poltrona no canto do quarto me
observando dormi.
— Álvaro? — indaguei sentando na cama, limpando os olhos e
ligando o pequeno abajur que não fez muita diferença.
— Sim! — Disse uma única sílaba. Ele levantou siando do escuro do
quarto, se aproximando da luz fraca do abajur sobre a mesa de apoio.
— Me desculpe, eu acabei dormindo…
— Shi… — Arregalei os olhos quando ele desenhou os meus lábios
os pressionando com vontade. — Achei que esse dia não chegaria minha
sereia — Meu coração parou, ele me impediu de sobressaltar da cama
segurando firme a minha cintura conta o colchão. — Que saudade — Me
beijou cheio de desejo.
— Grego? Mas como? — indaguei incrédula, sentindo os meus lábios
tremer.
— Álvaro, Grego morreu, minha sereia, eu sou um novo homem para
você — disse em beijos apaixonados.
Capítulo 35
Alice Gonçalves

— Como pôde fazer isso comigo Gregório? — indaguei depois de


uma longa seção de beijos, carícias e amor.
— Álvaro — tornou a me corrigir com um sorriso travesso.
— Eu mato você, faz ideia do quanto eu sofri? — Bati em seu peito
histérica até cair no choro escondendo o rosto nos travesseiros.
— Ei! Achei que ficaria feliz em me ver — Levantou o meu rosto
delicadamente, tirando as mãos que o cobria.
— Estou chorando de felicidade, e de raiva! — Tornei a bater nele.
— Foi a única forma de ficar com você minha sereia, todos
precisavam acreditar que eu estava morto, inclusive você tinha que parecer
verdade Alice — Sorriu mordendo o lábio. — Me perdoa — pediu de fofar
fofa.
— Como foi isso? Como conseguiu?
— O tiro bateu de raspão, mas sangrei muito, o que complicou muito
o quadro clinico, Bruna comprou as pessoas da ambulância, ela fez tudo, ele
se encarregou do meu velório, dos atores que choraram a minha morte —
Sorriu. — Ícaro comprou essa casa e aqui estamos nós, Álvaro e Alice
Gonçalves.
Me joguei na cama sorrindo sem parar com lagrimas de felicidade que
fluíam livremente.
— E agora o que faremos? — indaguei ainda com o rosto enterrada
entre as almofadas, completamente eufórica.
— Não temos muito o que fazer, a cidade é pequena, não temos sinal
de TV, e poucos são os que optaram por sinal de internet, ouvir dizer que a
pessoa vem viver o resto da velhice aqui, mas não acredito nessa história,
elas consideram morar aqui para outras coisas.
— O quê? — indaguei e ele me puxou para a pequena varanda que,
como imaginei, cabem apenas duas pessoas.
— Olha a quantidade de crianças brincando nas calçadas —
sussurrou.
Me virei para encará-lo.
— O que está sugerindo? Devo lembrá-lo que já existe um bebê aqui?
— Arqueei as sobrancelhas enquanto alisava o meu ventre.
— Devo lembrá-la que a prática leva a perfeição? Uma gestação só
dura nove meses — me abraçou depositando beijos pelo meu rosto.
— Mas o que faremos de agora em diante? — Tornei a pergunta,
estávamos falando de realidade.
— Vive os nossos sonhos — respondeu colocando a mão no bolso.
Ele encostou um dos joelhos vagarosamente no chão enquanto sorria
bobo, meu coração podia ser ouvido a metro de distância, eu estampava o
mesmo sorriso bobo, com as duas mãos na boca ainda incrédula pelo que
estava prestes a acontecer.
— Grego, lembre-se que sou cardíaca.
Ele abriu a mãos após tirá-la do bolso.
— Te dou o meu coração inteiro para você, ele baterá por você, e só
para você — Abriu a caixa que revelou duas alianças e nas duas tinha uma
delicada pedra cravada em formato de coração. — Case se comigo —
Mordeu o lábio enquanto sorria encantadoramente.
Tive uma crise de riso no momento mais improprio, o momento mais
lindo e mais feliz da minha vida.
— Você está me pedindo em casamento? — Dei saltinhos de alegria.
— Estou esperando um, sim, meu joelho já está queimando — disse
divertido.
— Sim? Com certeza.
— Você sabe o que isso significa Alice? Seremos eu você e nosso
filho, os seus pais talvez nunca nos aceite. Está disposta? — indagou ainda
de joelho beijando o dorso das minhas mãos.
Me ajoelhei em sua frente, e o beijei.
— Eu nunca quis tanto alguém, eu nunca desejei tanto uma vida ao
lado de alguém.
Seu sorriso era o mais lindo e sincero, eu ria nervosa enquanto
lagrimas caíram dos seus olhos.
— Enfim, noivos — Me levantou do chão, alisando meu rosto
delicadamente e me beijando em seguida com muita paixão. As suas mãos
dedilhavam as minhas curvas, seus dedos se entrelaçaram em meus cabelos,
segurando meu rosto firme conta o dele.
Me deitou na cama com delicadeza, tirou o meu vestido olhando para
o meu corpo como se nunca o tivesse visto, me olhando com a pouca luz
que vinha do abajur.
Voltou a me tocar com sutileza, desenhou meus lábios de forma sexy,
descendo o dedo indicador contornando os meus seios, os chupando em
seguida, arrancando gemidos ainda contidos.
— Eu ficaria dentro de você por toda a noite só para compensar o
tempo perdido — sussurrou se pondo entre as minhas pernas.
— O que te impede? — Sorri alisando o seu rosto enquanto senti ele
entrando em mim, ainda sem afobação, afogando os dedos em minhas
coxas.
O beijo foi ganhando ritmo ao mesmo tempo, em que seus
movimentos dentro de mim aceleravam, estamos tomados pelo desejo,
cravei as minhas unhas em suas costas, quando senti que estava bem perto,
e anunciei para que chegássemos juntos ao ápice.

***

Um mês depois…
— Alice não vale espiar… — ele disse trezentas vezes durante o
caminho, depois de ter colocado uma venda nos meus olhos.
— O que tem em mente? — perguntei curiosa, ele estava misterioso a
dias.
— Alice! Não seja curiosa.
O carro estacionou e ele me guiou tirando a venda dos meus olhos.
— O mar? — Sorrir.
— Não, o nosso casamento, eu, você e o mar.
— Nosso casamento? Onde? — Olhei para os lados confusa.
— Você disse sim, não disse? — Me puxou para dentro de um iate
ancorado enfeitado com flore, o palestrante nos esperava, ele me olhava
ansioso e só respirou no momento em que eu disse sim no pequeno altar
montado para ocasião.
Ele me beijou delicadamente enquanto acariciava o meu ventre.
— Eu te amo! Eu morreria e nasceria mil vezes para ficar com você,
eu soube disse desde a primeira vez em que eu te vi — pronunciou olhando
nos meus olhos.
— Desde a primeira vez?
— Sim, desde a primeira vez, foram dois anos procurando por você,
mudar de vida é pouco, eu queria de fato nasceria de novo e te daria uma
vida mais tranquila, próximo da sua família.
— Quem sabe um dia eles nos aceita, enquanto isso vamos vivendo
um dia de cada vez.
— O que pensou na primeira vez em que me viu? — perguntou
curioso.
— Quando abrir os meus olhos, deitada na sua cama, fiquei
apavorada. A porta abriu e um homem lindo, alto, com um olhar
apaixonado, e dono de uma voz suave entrou por ela. Eu estava machucada
e você limpou as minhas feridas. Me chamou de Bruna com tanta ternura e
eu só desejei ser tão amada quanto ela. Você curou as feridas da minha alma
me amando como eu nunca imaginei que um dia eu seria. Percebi existir
muito mais além de amar sozinha.

***

Gregório (Grego)
Um ano depois…
“Bruna Fiquei feliz em saber que você e o Ícaro estão bem, casados e
que terei um sobrinho em breve, o nosso pai deve estar bem feliz, é bom que
esteja aí e cuide dele, ele chega bem mal-humorado de certas audiências,
mas nada que um beijo seu não resolva, há… e você fez bem e ter a sua
própria casa com o Ícaro, eu estou amando essa vida a dois, aliás, agora é
a três, mandei uma foto da Pequena Madu, ela é linda, se parece com o pai.
E sobre o papai chorar todos os dias a minha falta, diga a ele que sou
feliz, e que a razão da minha felicidade é acorda todos os dias ao lado da
minha pequena da joia que ele queria me tirar. E Álvaro há… o que falar
desse homem? Acordo com flores todos os dias, e ele ainda me olha com os
mesmos olhos apaixonados de sempre, embora ele insista em dizer que no
primeiro dia ele só pensou em me devorar (risos), obrigada irmã, a Itália
tem sido o meu refúgio e eu vivo isso graças a você.
Diga ao papai e a mamãe que eu sempre vou amá-los, mas assim
como eles me escolheram um dia escolhi ser feliz com o homem que amo e
com a minha filha que é toda a minha vida. ”
Da sua irmã Alice.
— Não tinha uma foto melhor da Madu? — indaguei a analisando nos
mínimos detalhes, após lê a carta que Alice iria enviar para Bruna.
— Está perfeita, qual o problema com essa foto? — disse tomando
das suas mãos.
— Nessa ela está parecendo com você, mande essa com o olha sexy
do pai — gargalhei quando ela torceu o nariz selando a carta.
Com pouco tempo aqui na Itália os pais da Alice descobriram que
estávamos juntos, senti orgulhoso de vê-la brigando pelo nosso
relacionamento, eu percebi que não foi só eu quem nasceu de novo, Alice
era outra mulher. Sim uma mulher não tinha mais aquele ar de menina, ela
se tornou mãe e esposa, a minha esposa.
É por elas que saio todos os dias para um trabalho duro em um
restaurante de massas. Volto casado mais feliz e com disposição, recebido
com o sorriso amável da minha mulher. Jantamos o que ela se esforça em
fazer todos os dias, em seguida eu a ajudo com os pratos mesmo ela
dizendo que pode fazer sozinha.
Brincamos com a Madu e Alice me conta todo o seu dia, eu escuto
atentamente cada palavra não importa o quão cansado eu esteja, em seguida
vamos para o nosso quarto Alice deita ao meu lado e lê. Ela ama ler
romances e eu amo ouvi-la narrar cada cena, ela fala como se vivesse cada
personagem.
E por fim ela deita em meu braço alisando o meu corpo, às vezes
apenas nos beijamos e desejamos boa noite um ao outro, mas na maioria
das vezes os nossos dias terminam com fogo, o fogo que nunca apaga.
Se eu trocaria isso tudo? Nunca! Ela é mais do que tudo que um dia
eu sonhei.

FIM.
Cena bônus
Bruna Silva

— Bruna, o que você vai fazer? — Ícaro indagou irritado.


— Para Ícaro, eu só preciso alinhar tudo e ajudar a Alice.
— No morro? — retrucou.
— Fica calado e sobre logo.
— Com o carro? — perguntou amedrontado.
— Claro, Ícaro, vai, antes que os seguranças do meu pai nos encontre.
Ele suspirou balançando a cabeça negativamente, mas fez o que eu
pedi.
— Vocês são loucas — reprovou.
— Ela ama aquele homem, e eu vou ajudar. Abaixa o vidro —
ordenei.
— É a Bruna abre passagem — Ouvi as ordens vindo do rádio,
certamente me via de longe com binóculos, os saldados em sua maioria são
novatos.
— Era aqui que você morava? — Ícaro olhava tudo com atenção e
torcendo o nariz em determinados momentos.
— Sim, era aqui — Eu não tinha orgulho, mas pronunciei orgulhosa,
afinal eu sair daqui, sim.
— Nossa! — Exclamou.
Sorri incrédula.
— Como pode um futuro político não conhecer a periferia — Era um
tanto irônico.
— Não queria seguir essa área, mas se for impossível de escapar eu
iria governa pelos pobres também.
— Hum… estou orgulhosa de você — Bati em seu ombro.
— Está? — Tirou o olho da estrada e me olhou sorrindo com
satisfação.
— É aqui pode parar.
Assim que ele estacionou em frente à casa de Gregório, desci rápido.
— Como ele está? — indaguei entrando às pressas.
— Bem, o médico que você mandou é bom. E aí estão acreditando na
morte dele? — Um dos seus soldados perguntou aflito.
— Sim, estão, a essa hora o corpo está sendo velado, o meu pai pediu
fotos. A novela está toda armada, não se preocupem.
— Alice? — Grego gemeu da cama quando me viu.
— Que Alice o que moleque sou eu a Bruna — disse em um tom
divertido.
— E a Alice? — Indagou com a voz baixa tentando levantar.
— Bom Alice está no hospital depois do coração dá uma falhada, mas
ela está bem agora. Quanto a você Gregório, a vida está te dando uma nova
chance, você está sendo velado, e enterrado em poucos minutos, seja bem-
vindo a vida Álvaro, te desejo uma boa vida na Itália, uma vida feliz, cuide
bem da minha irmã e do meu sobrinho. É uma nova chance, faça todo esse
esforço valer a pena, mereça o amor dela nessa vida que eu estou te
oferecendo, e sejam felizes.
— E em quantas vidas eu tenho que voltar para te agradecer? —
indagou com um sorriso.
— Terá que pagar toda a dívida nessa, amando incondicionalmente e
fazendo a minha irmã feliz.

***

Chegamos ao fim, espero de coração que tenham gostado, todos os dias nós
escritores levantamos com o intuito de fazer o melhor para cada um de
você, leitor.
Beijos e obrigada por te chegado até aqui.

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