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Capa
Marcia Nunes
Revisão
Adri Luna
1ª Edição - 2023
Este livro contém cenas de sexo explícito, bem como podem despertar gatilhos relacionados a
abuso sexual e psicológico, e uso excessivo de drogas e álcool. Contém cenas de violências e
palavras de baixo calão.
Sua saúde mental é o mais importante, caso não se sinta confortável com a leitura, pare
imediatamente e nos encontramos em um próximo livro.
Capítulo 01
Gregório (Grego)
Setembro de 2020.
Ir à praia quando tem todo um morro para controlar é quase
impossível. A minha vida é na Rocinha, lá é o meu mundo. O mundo que
mando e desmando.
Praia, minas com os biquínis enfiados na bunda e a orla de
Copacabana pegando fogo. Hoje tirei o dia de folga.
— Uma gelada aí, patrão? — Sentei em uma cadeira me protegendo
em um guarda-sol. — Valeu — agradeci quando ele retornou com o que
pedi.
Eu estava de boa. A minha única intenção era fechar os olhos e ouvir
as ondas, mesmo com a praia cheia. No entanto, os meus planos de manter
os olhos fechados mudaram quando a minha mente parou de funcionar. Por
alguns segundos, os meus olhos pararam na deusa que saia do mar. Parecia
até uma sereia. Desejei ser o sol que beijava o seu corpo, a água que
percorria pela sua pele. Os bicos dos seios duros e o desenho da sua boceta
marcado pelo minúsculo biquíni, me deixaram até com água na boca.
Baixei os óculos de sol para poder admirá-la melhor, aquilo precisava ser
visto sem filtros. Caralho de mulher gostosa! Eu nunca a vi na comunidade
e nem tenho certeza se ela já frequentou alguma, suas atitudes não foram
reveladoras.
O meu telefone tocou, eu vi que era meu subgerente, mas ignorei.
Eram só algumas horas ele poderia cuidar de tudo. Continuei lá, viajando na
gata que agora estava com a traseira empinada para o sol. O deve estava
chamando.
— Alô.
— Grego, cadê você? Tem uns comédias querendo subir o morro.
— Você não consegue resolver essa parada Marcelo? — indaguei
contrariado.
— Resolveria se não fosse problema com o Vidigal que você pediu
para resolver pessoalmente.
— Chego em alguns minutos.
Dei uma última olhada para a mina que refazia o nó do biquíni. Isso
estava me fazendo salivar.
“Espero que seja mesmo urgente”.
— Oi, oi… — A voz adocicada me fez olhar para trás imediatamente.
Era ela, a minha sereia. Estava com a minha carteira nas mãos sacudindo no
ar, enquanto vinha até mim. Parei de repente e ela bateu com tudo contra o
meu corpo, como uma bicicleta sem freio. — Ainda bem que te alcancei —
disse ofegante, com aqueles olhos que pareciam dois caramelos me
encarando.
— Obrigado sereia — Pisquei o olho antes de dar um belo sorriso
para minha gata cor de canela.
Depois desse dia, fui religiosamente todos os dias até a praia de
Copacabana, para que eu pudesse vê-la outra vez. Porém, nunca mais a vi.
***
***
Alice Gonçalves
Acordei, mas precisei forçar os meus olhos a abrirem, filho da puta do
Mateus, ele estava me traindo com a minha melhor amiga, e agora que
merda é essa?
Forcei os meus olhos novamente, minha cabeça estava pesada, minha
vista estava um pouco embaçada.
“Mas que merda de lugar é esse? ” Indaguei quando minha visão foi
ficando nítida.
Lutei para me mexer, mas meu corpo estava pesado até que a porta se
abriu e um homem alto, como muitas tatuagens pelo corpo, entrou.
— Acordou minha sereia? — Sua voz saiu como veludo enquanto me
analisava em cada centímetro.
Sereia? Quem é sereia? Quem é esse homem?
— Não sei do que está falando — pronunciei com dificuldades.
— Relaxa, está tudo bem, você me assustou Bruna, onde você estava
com a cabeça para descer o morro desse jeito, geral sabe que sou ligado na
tua.
— Quem é Bruna? — Ele me olhou confuso e levantou indo até a
porta.
— Qual foi Marcelo, drogaram a mina porra? — Eu o ouvi perguntar.
— Claro que não mano, quem iria fazer um bagulho desse com a
Bruninha.
— Bruninha, o quê? Vaza.
Ele gritou para alguém e voltou, caminhando em minha direção.
— Você pegou a pessoa errada — tentei falar alto, mas sussurrei.
— Shi…. — Colocou o dedo sobre aos meus lábios desenhando e
pressionando os dedos com delicadeza, parecia salivar os fitando. Ele me
olhou da forma que eu sempre desejei ser olhada por Mateus, o meu noivo
que estava pegando a minha melhor amiga. Uma lágrima caiu dos meus
olhos, eu o amava tanto. — Porque está chorando minha sereia? — Beijou
meu rosto enxugando a minha lágrima, poderia parecer loucura, mas
naquele momento eu me senti reconfortada por um estranho e que
aparentemente me manteria presa ali.
— Quem é você?
— Seu futuro, minha sereia — Ele é completamente apaixonado por
essa Bruna e eu senti inveja dela.
Quem é essa Bruna que se parece tanto comigo a ponto de ser
confundida? Meus olhos passearam pelo quarto masculino em um tom azul-
marinho e lá estava uma foto imensa de corpo inteiro, a Bruna, ela é a
minha cópia, pois aquela mulher parada ao pé do morro em um fim de tarde
de braços abertos imitando o Cristo redentor não era eu.
— Gostou da foto? Mandei ampliar, eu durmo e acordo te olhando,
minha sereia, você não sai da minha cabeça desde a primeira vez em que eu
te vi. — Disse orgulhoso.
Meu coração estava destruído, minha alma quebrada, um peso enorme
no coração, eu teria que sair daqui e volta para minha casa, para minha
família, para Mateus? Ainda não tinha certeza, olhei novamente para aquele
homem que agora alisava a minha pele e colocava curativo em minhas
feridas, me tocava delicadamente e eu fechei os meus olhos me permitindo
ser cuidada por ele.
Capítulo 02
Bruna Silva
A comunidade nunca foi o meu lugar, eu não nasci com esse rosto de
anjo e essa pele perfeita para ser mulher de traficante, ficar às vezes, sim,
mas nada, além disso, eu nasci na comunidade, e ela está no meu sangue o
mesmo que eu sacaria se pudesse. Gregório Martins, o dono da Rocinha,
para onde eu me mudei a uma semana com o meu pai, esse filho da mãe
infeliz acha que pode ser meu dono, eu nunca vou me curvar a ele, eu nunca
vou me curvar a periferia.
Já passava das onze da noite, e eu estava pronta para deixar esse lugar
antes de ser entregue como objeto a esse homem, ele é ardiloso, ele vendeu
drogas ao meu pai, ele o endividou, e me pediu em troca da dívida, eu
nunca serei de marginal nenhum.
Eu corria igual a uma louca pelas estradas, o mais rápido que
conseguisse, porém, ainda sem rumo.
— Alice, pare de loucura, entre no carro. — Alguém cortava luz no
carro e me seguia.
Quem é Alice? Me perguntei.
— Alice pare de loucura — dessa vez ouvi uma voz feminina
gritando e parei para olhar sem notar que ainda estava no meio da via e a
Luz forte me acertando foi a última coisa que vi antes de acordar em um
quarto luxuoso de hospital.
— Onde estou? — Abri os olhos com dificuldade.
— Minha princesa, como você está? Consegue me ver? Está me
ouvindo? Sabe quem sou eu? — Uma mulher de meia-idade perguntava em
meio aos soluços.
— Estou bem, senhora — pronunciei com dificuldade.
— Não sabe quem eu sou? Meu Deus, que tragédia — se agarrou
alarmada ao homem ao seu lado que parecia ser seu marido.
— Alice, olhe bem para mim, eu sou o seu pai e essa a sua mãe —
meu corpo gelou, quem diabos é Alice?
— Mateus, que bom chegou, ela não lembra de nada, Mateus — a
mulher falava ainda com histerismo.
— Calma Isabel, ainda não falamos com os médicos.
— Não lembra de nada? — O homem pareceu feliz com a notícia,
embora tivesse tentado disfarçar. — Como está se sentindo? — Se
aproximou me tocando.
Ele era lindo, cheiroso e tinha um sorriso glorioso, pele linda, cabelos
lisos e loiros, um porte atlético e o principal um burguês. Quem quer que
seja Alice, ela é rica e eu desejo que ela esteja morta, mas o quanto sou
parecida com ela?
— Doutor, ela não lembra de ninguém — Isabel disse desesperada,
agora eu sabia o nome dela.
— Vamos fazer exames, aguardem lá fora, por favor.
***
No dia seguinte…
— Ela não teve nada que afetasse a sua memória, pode ser
relacionado a algum trauma, vamos esperar, ela virá a consultas periódicas e
vamos ver se tem evolução, enquanto isso, levem ela para casa e vivam
igual e o mais normal possível — Recomendou o médico.
Eu estava um pouco aflita, temerosa, mas se algo desse errado, eu
apenas fingiria amnésia, eu estava tendo a chance de ter tudo que eu sempre
quis.
Remorso? Eu não sinto nem um pouco, Alice? Que se dane, eu tenho
os pais dela, as coisas dela, o namorado gato dela e o mais importante todo
o dinheiro dela.
Embora tivesse algo de errado nos olhos de Mateus, eu ainda não
sabia o que ele escondia, até uma loira entojada aparecer na clínica me
chamando de amiga. A troca de olhares que eles lançaram os denunciou, eu
sorri com a descoberta. Pobre Alice, traída pelo namorado, com a melhor
amiga.
Rejeitei o abraço falso da cobra, eu seria a pior versão da Alice que
ela já conheceu e sobre o traidor do Mateus veremos se ele me agrada.
— Pai, mãe, me leve para casa — pedi manhosa.
— Claro, minha princesa.
Eu estava ansiosa por todo o caminho, queria saber onde Alice
morava, eu estava em um carro de luxo blindado, me perguntei o porquê de
tanta segurança.
O meu queixo caiu, eu esperei que Alice morasse em uma cobertura
no Leblon, ou em um edifício de luxo em Copacabana, mas não, o destino
me trouxe para uma mansão em Ipanema.
“Puta merda, que lugar é esse? Morri e estou no céu. ”
Eu nunca havia entrado em uma mansão, meus olhos saltaram para
tanto luxo, e tanto empregados, e no tamanho da piscina, e esse jardim,
preciso de um veículo para sair de casa e chegar até o portão principal. Por
dentro tinha mais luxo, eu tentei controlar o meu entusiasmo, mas eu estava
eufórica.
— Esse é o seu quarto, meu amor, lembra dele? — indagou César, o
pai de Alice.
Acenei com a cabeça que girou, cai sentada vendo as fotos da tal
Alice que estavam espalhadas pelo quarto, somos idênticas, e isso só seria
possível se fossemos irmãs gêmeas, e se esse for esse o caso cresci no lar
errado. Senti inveja dela, cercada de luxo enquanto eu? Vivi na
comunidade, comendo restos e tendo que aguentar um velho drogado e
bêbado que me deu em troca de uma dívida.
Essa também é minha casa, esses também são os meus pais.
— Deixaremos vocês dois sozinhos. — Disse Isabel deixando eu e
Mateus no quarto, porém com a porta aberta.
— Alice? Estamos bem? — Indagou Mateus abaixando na minha
frente.
— Não sei? Havíamos brigado?
— Você ficou nervosa, saiu correndo, eu estou com você, Alice,
nossos pais esperam que esse relacionamento dê certo. — Estava estampado
nos seus olhos, esse homem me detesta.
— Certo Mateus, estamos bem. — Ele beijou friamente a minha testa
levantando enquanto suspirou entediado me deixando no quarto.
Que se dane Mateus, eu sou milionária, eu posso ter o que eu quiser,
quem eu quiser na hora que eu quiser.
Andei para conhece o imenso quarto que dá dois das casas do morro,
abrir as gavetas e não! Gargalhei. Ela escreve diário, que fofa.
“Mateus, eu te amo” isso estava escrito por toda a capa, pelo menos
para uma coisa esse troço iria servir, eu iria conhecer a Alice, e assim deixar
a minha nova família feliz quando “minhas memórias” estiverem voltando.
Sai do quarto, a casa é imensa, eu certamente me perderia aqui dentro.
Ouvi vozes alteradas vindo de um quarto e me aproximei da porta.
— Que merda você fez Mateus? Se ela tivesse morrido, a culpa seria
sua. Pare com seus casos e se concentre na sua prima, não temos nada,
Mateus, nada, se aquela menina mimada te deixar vamos para rua,
entendeu?
— Eu não aguento mais ela, eu não suporto essa garota pai, ela vive
no meu pé, ela me sufoca, ela é chata, boba.
— Marque o casamento se não quiser ir morar em uma favela
qualquer.
— Isso não é vida, pai — retrucou
— Experimente uma vida de pobreza e logo beijará os pés daquela
garota — disse irritado.
Então é isso? Um pobre que depende do dinheiro da querida Alice,
não gosta da versão chata e pegajosa, meu primo? Deixarei a sua vida mais
animada.
Isso aqui será divertido. Respirei fundo, até o ar aqui é melhor.
— Alice? — Indagou meu priminho saindo do quarto, me olhando
sempre assustado, é difícil viver quando se deve.
— Sim, meu amor? — falei manhosa
— Deveria repousar, vem vou te levar até o seu quarto.
— Sim, me ajude — envolvi os meus braços em seu pescoço sentindo
aquele cheiro maravilhoso, passei a mão sentindo seu abdômen sarado.
“Priminho teremos muitos momentos de diversão. ”
Capítulo 03
Gregório (Grego)
***
***
Gregório (Grego)
***
Alice Gonçalves
A notícia me pegou de surpresa, eu estava mais sozinha do que antes,
em um lugar desconhecido, com um desconhecido, eu não fazia ideia do
que esperar dele, a não ser a obsessão que ele tem pela Bruna, eu não sabia
mais nada sobre ele, e a minha família? Porque não estão me procurando e
Mateus, eu queria vê-lo.
Capítulo 05
Alice Gonçalves
A noite chegou e após muitas lágrimas fui vencida pelo sono. Sonhei
que Mateus entrava no meu quarto, com um sorriso cínico que ele tem, o
mais lindo que eu já vi. Ele acaricia a minha pele começando pelas minhas
pernas subindo em minhas coxas, que sensação maravilhosa, relaxei na
cama permitindo o seu toque, até senti seus lábios tocando a minha pele, e
uma combustão tomou conta de mim.
— Que delícia, Mateus! — Gemi, achei que tinha feito o sonho, mas
o fiz alto demais.
— Que Mateus porra! — Acordei assustada com os gritos de protesto.
— O que faz aqui? — Me encolhi na cama.
— Nada! — Disse irritado.
— Você, você…. Estava me beijando, me acariciando? — indaguei
indignada.
— Fiz e daí? — Ele deu de ombros e aquilo me irritou até a morte.
— Cínico, tínhamos um acordo, esqueceu?
— Nunca fiz acordo com você, e mesmo que tivesse feito, é você
quem está no meu quarto — Olhei ao redor e voltei a encará-lo.
— Onde fica o meu quanto? — Levantei disposta a ir para lá.
— Só tem um nessa casa, para que eu iria querer mais de um quarto?
— Então durma na sala. — Retruquei.
— Eu? É você quem não quer dormir comigo, durma você na sala. —
Olhei com ódio, eu dormi no sofá?
— Na minha casa tem muitos quartos, inclusive o meu — Disse
irritada.
— Certo Bruna, contanto que a sua casa seja aqui na Rocinha, você
pode ir quando quiser. — Deu de ombros.
— Não, não é. — Disse entredentes.
— Então está decidido, você dorme aqui na minha cama comigo ou
no sofá, e se chamar o nome“ Mateus” novamente corto sua língua fora,
você tem que gemer, o meu nome.
— Por que eu teria que gemer o seu nome?
— Simples — Sentou-se ao meu lado na cama acariciando meu rosto
— Você foi usada para pagar drogas — a sua voz era suave — Esqueceu?
Você é minha. — Uma careta de ódio se formou no meu rosto, quem ele
pensa que é? Dizer que não sou a Bruna já se tornou exaustivo, agora só me
resta conseguir sair daqui.
— Se arruma, vamos ao enterro do teu pai, estou fazendo isso por
você, então vê se agradece.
Levantei irritada, batendo os pés a caminho do banheiro até me
lembrar que não tinha roupas e retornar.
— Não tenho o que vestir.
— Comprei umas paradas para você, está no meu armário.
— Obrigada. — Disse desdenhosa.
***
Bruna Silva
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Alice Gonçalves
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Bruna Silva
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Bruna Silva
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Gregório (Grego)
No dia seguinte…
Acordei, tomei um banho e fui até a sala, fiquei vendo a Bruna
dormindo no sofá apertado de dois lugares, peguei o celular e comprei um
sofá mais espaçoso e confortável, era o máximo que podia fazer, já que meu
orgulho não me deixou ceder a cama para ela.
— E aí Gregório — Marcelo entra sem bater e eu me apresso
cobrindo as pernas de Bruna que estavam descobertas.
— Tira o olho, está olhando o quê? — Disse irritado.
— Nada, olhei normal para casa toda — disse me provocando. —
Tudo certo para festa hoje, é churrasco, o que você acha? O comando da
Vidigal vem.
Me afastei levando ele para a cozinha.
— Sei não, vou levar a carne paro churrasco? — Disse me referindo a
Bruna.
— Vai, e vamos ver no que dá ou para quem dá — Gargalhou me
deixando irritado.
— Vai se foder porra, se tiver de dá é para mim que estou na dela
cercando a um tempo da porra, rolou uns amasso legal ontem — Sorri feito
bobo.
— Sei, amasso. Está feito moleque — Sorriu — Então já é te espero
lá na laje da 15, chamei umas minas também, vai ter mais carne fora a tua
— Zombou cruzando a porta
— Beleza, chego lá mais tarde.
Sentei no chão ao lado do sofá e fiquei vendo ela dormir novamente.
— Bom dia! — Disse quando ela começou a abrir os olhos.
— Oi! — Respondeu se espreguiçando.
Não resistir alisando o seu rosto tirando o cabelo que caiu sobre os
seus olhos e me surpreendi com o seu sorriso me encarando.
— Vamos a uma festa hoje? — Gelei achando que ele tinha nos
escutado.
— Sim, vamos — Levantei desconcertado.
— A legal, eu preciso de uma festa — disse animada. — Na última
festa que fui… — Calou-se mordendo os lábios nervosa.
— Quando foi? — Indaguei curioso.
— No dia em que você me trouxe para cá — disse triste.
— Festa naquele dia? Onde? — Ela estava na casa dela nesta noite,
eu lembro bem.
— Na minha casa — Seus olhos se encheram de lágrimas.
— Ei, relaxa, vem aqui, vamos comer — peguei em sua mão e
sentamos na cadeira.
— Grego, o que faria se descobrisse que a pessoas que viu na praia
não era a Bruna? — Mudou a expressão e me encarou curiosa.
— Existem duas iguais? — Indaguei com um pouco de deboche.
— Talvez — respondeu me fazendo olhar confuso para ela.
O que ela estava tentando me dizer?
— Não sei, isso é possível? — Tentei fazê-la falar mais.
— O que você mais gosta na Bruna? — Estreitei os meus olhos, com
o cenho franzido. — Gosto de vê-la sorrir todas as manhãs, gosto da forma
que ela se joga no sofá, gosto os beijos deliciosos dela, e o ar doce de
menina que me deixa doido de pau duro — ela arregalou os olhos com as
bochechas vermelhas e eu gargalhei.
Caralho na moral, é sério que querem que eu acredite que essa mina
deu para geral? Se eles estivessem dormindo e acordando com ela, eles
iriam duvidar igual, só se a mina for muito atriz.
— Desculpa, ficou com vergonha — Mordi os lábios, sugestivo. —
Mas é verdade, eu estou cada dia mais louco de tesão — Peguei rápido a
mão dela rapidamente esfregando contra o meu pau, para ela sentir o quanto
a desejo.
Ela puxou a mão rápido levantando da mesa, parecia não saber como
agir, andando desconcertada.
— Vou tomar banho — Cruzou rápido a porta.
***
Alice Gonçalves
Gregório (grego)
— Ele o que Bruna? — Olhei para uns dos soldados do Diego que
coçava o queixo.
— Grego — Dizia fraca.
— Que porra foi essa que você colocou na bebida dela, Marcelo? —
Indaguei irado
— Só um doce, era para ela ficar ligada.
— Bruna, Bruna? Caralho, Marcel, o coração dela está muito
acelerado.
— Problema cardíaco? Ela já usou Grego, já estive em uma balada
com ela e ela usou de boa.
Foi aí que minha ficha caiu, ele também já tinha ficado com ela.
Capítulo 11
Gregório (Grego)
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Bruna Silva
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Alice Gonçalves
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***
Alice Gonçalves
Ouvi-lo implorar, me causou angústia, eu queria ficar, mas eu sabia
que não podia, o meu pai nunca iria aceitar essa relação.
Fechei os meus olhos e pedi que ele me beijasse e que me fizesse
dele. Eu nunca imaginei que minha primeira vez seria assim, com alguma
como ele, vivendo uma realidade totalmente diferente da que eu sempre
vivi, com alguém que o meu pai sempre me disse que eu deveria manter
distância.
— Tem certeza? — sussurrou beijando a minha nuca, indo para o meu
pescoço.
— Absoluta — gemi.
Beijei o seu abdômen, em seguida envolvi meus braços em seu
pescoço, ele me tirou do chão, prendi minhas pernas em sua cintura, meu
corpo queimava, mas dessa vez eu iria até o final. Senti a sua intimidade
ereta pressionada contra a minha, que vibrava de vontade de tê-lo em mim.
Ele me deitou na cama sem afobação, beijando a minha pele
delicadamente.
Desceu os beijos baixando a alça do meu vestido, beijando os meus
seios, enquanto a sua mão descia acariciando a minha pele, chegando na
minha virilha, alisando a minha intimidade por cima da calcinha. Gemi
entre os beijos, o que pareceu aumentar o seu tesão, ele gemeu rouco
colocando a sua intimidade ereta e lambuzada para fora encostou a minha
mão e a segurou fazendo movimentos de vai e vem.
— É tudo seu, só seu, nunca mais serei de outra. — Disse em tom de
promessa, esperando que eu lhe dissesse o mesmo.
Ele tirou a minha calcinha e em seguida tirou as suas roupas. Se
posicionou entre as minhas pernas e encostou a sua intimidade na minha
devagar, entrando cuidadoso.
— Que delícia! — Exclamou. — É bem apertado — gemeu.
Seus movimentos foi ganhando ritmo, gritei sentindo minha
virgindade sendo rompida, uma ardência que me incomodou por alguns
segundos.
Ele continuou com os movimentos lentos, e aumentou o ritmo os
poucos me colocando de quatro sobre a cama, segurando firme os meus
cabelos. Desceu uma das mãos estimulando meu ponto de prazer enquanto
seus movimentos estávamos rápido, senti as minhas pernas tremerem, uma
sensação incrível incidiu o meu corpo e eu não queria que aquilo acabasse.
— Mais forte — Gritei sentido a sua intimidade crescer e pulsar
dentro de mim, ele gritou colocando mais força e caiu ofegante ao meu
lado.
— Você é muito gostosa — sorria alisando meu rosto. — Você não
sabe quantas punhetas bati pensando em você, isso é ótimo — Me beijou
uma, duas, três vezes… até que perdia as contas, eu me senti tão bem
quanto ele, e senti medo de admitir que eu não teria forças para ir embora,
que eu não conseguiria deixá-lo.
— Você me esperou muito? — Indaguei.
— Uma eternidade. Preciso que pare de me fazer esperar.
— Acredita que daremos certo? — Eu naquele instante quis acreditar
que sim
— Você me quer? — Indagou enquanto alisava os meus cabelos com
a minha cabeça repousando em seu peito.
— Como nunca achei que fosse possível querer alguém — admiti.
— Então farei de tudo para que você fique comigo.
— Grego, eu não posso viver no seu mundo e você não pode sair
dele.
— Só a morte tira você de mim, minha sereia.
Eu ainda temia que ele descobrisse quem eu era, eu temia pela minha
vida, e a única coisa que eu queria era poder arrastá-lo comigo. Essa seria a
minha proposta, oferecer a ele uma vida ao meu lado fora do morro, se ele
fosse capaz disso eu conseguiria enfrentar tudo por ele.
Capítulo 15
Ícaro Cooper
***
Gregório (Grego)
— Alice, o que você faz para se divertir? — Indaguei a vendo se
arrumar em frente ao espelho.
— Não sei, não faço muita coisa, meu pai… — Interrompi.
— Para Alice, seu pai não te deixou viver — levantei ela
delicadamente pelos ombros, a virando de frente e a beijei na boca,
desejando nunca mais deixá-la.
— Grego, aonde vai me levar?
— Uma boate?
— Parece bom.
— Mas precisa me prometer que volta comigo, vamos descer o
morro.
— Claro que volto — ela afirmou como se a resposta fosse óbvia.
Sorri satisfeito, a beijando novamente.
***
Bruna Silva
***
Bruna Silva
Acordei com uma dor de cabeça, que droga de lugar é esse? Indaguei
para mim encarando o teto. Sentei na cama com a cabeça latejando, que
merda de roupa é essa? Indaguei irritada vendo que minha roupa foi
trocada.
— Bom dia! — Grego entrou no quarto sorrindo como um idiota com
uma bandeja de frutas.
O filho da mãe pegou a mulher errada ou certa vai sabe da cabeça
desse sádico.
— Alice — Arregalei os olhos, ele sabia da Alice, aquilo de certa
forma me fez suspirar aliviada, afinal ele não me queria mais.
— Não sou a Alice Grego, sou a Bruna.
— Para Alice, não vamos começar com isso novamente.
— Você é idiota? Não reconhece a mulher que vem dormindo com
você? — Indaguei irritada.
— Idiota? — Mordeu o lábio inferior nervoso.
— Isso Gregório, idiota. Que droga estou fazendo aqui? Você faz
ideia do quanto desejei a vida da Alice?
— Para! Você está me deixando confuso — Levantou assanhando os
cabelos.
— Comida na cama? Nossa, não imaginei que era romântico —
Gargalhei.
Ele virou para mim me estudando.
— Então você é a Bruna, a vagaba que pegou geral no morro? —
Disse com sarcasmo
— Admito que gosto bastante de sexo e dinheiro, eu tinha tudo isso lá
na casa da Alice, mas dinheiro que sexo admito — Sorri com deboche.
— Que porra! — Ele mudou a atitude de depende. — E a Alice?
— Voltou com Ícaro, o melhor amigo apaixonado, que eu estava
quase chegando aos finalmente.
— Caralho! — Derrubou a bandeja de comida no chão, me
assustando.
— Como era a relação de vocês? Alice queria está aqui? — Me
preocupei de fato, comecei a gostar dela.
— Claro. — Disse como se fosse obvio.
— Não acredito em você.
— Problema seu — ele cruzou a porta e eu desci em seu encalço.
— Me dá o telefone, vou ligar para ela.
Ele virou para mim desconfiado.
— Por que está fazendo isso Alice? Quer ir embora?
Suspirei irritada indo até ele, me sentei na mesa da cozinha o puxando
pela mão, em seguida coloquei sua mão em minha intimidade.
— O que está fazendo? — Teve exatamente a reação que esperei.
— Algo que Alice não faria — olhei fixo em seus olhos.
— Ops! Atrapalho? — Marcelo entrou sorrindo com sarcasmo.
— Um pouco, mas pode participar da brincadeira — Pisquei o olho.
Ele olhou desorientado para Grego que se jogou no sofá.
— Que porra está acontecendo aqui? — Marcelo perguntou confuso.
— Trouxe a mulher errada para casa — Respondeu insatisfeito.
— Bruna? — Marcelo me olhou satisfeito, já que não concluiu o que
queria da última vez.
— Em carne e osso — Sentei a mesa colocando comida no meu prato.
— Você acha que ela vai querer voltar Bruna? — Ele perguntou
angustiado vindo em minha direção.
— Não faço ideia Grego, mas sei que eu quero voltar para a casa dela
e para o Ícaro.
— Ícaro? O cara não era Mateus? — perguntou confuso.
— Mateus é o noivo da Alice, ele come a melhor amiga, só está com
ela por dinheiro, ele é a parte pobre da família, o pai é advogado, eles
vivem na casa da dela, são dois parasitas, mas Alice é apaixonada por ele.
— E Ícaro? — Indagou ansioso.
— Ícaro é o melhor amigo gato da Alice, um fofo, é o filho do
candidato à presidência, ele é apaixonado por ela, e eu me apaixonei por
ele.
— Bem vida ao clube dos amores impossíveis — Sorriu Marcelo.
— Impossível? Só se for para o Gregório, eu já solicitei o exame de
DNA quando eu tiver as provas nas mãos de que somos irmãs, vou fazer a
família me adotar e apagar o meu passado.
— Adotar? — Grego levantou confuso.
— Sim, ela é adotada.
— Que loucura é essa?
— Não sei, só poderei ter alguma teoria quando o exame de DNA
sair. Agora me entrega o telefone, eu vou ligar para ela.
Ele me entregou o aparelho.
O telefone chamou várias vezes e ela não atendeu.
— Atende Alice — Estava nervosa roendo a unha.
— Nada? — Perguntou escorando a cabeça no sofá.
— Nada!
— Ela não atende — Joguei o telefone de lado.
— Vou atrás dela — Levantou apressado.
— E dizer o quê? Acorda Grego — Disse irritada.
***
Gregório (Grego)
No dia seguinte…
— Acorda Bruna! — Disse Ansioso.
— Qual o teu problema grego? — Falou despertando.
— Vai logo, se arruma, vou te deixar na clínica.
— Calma, ainda está cedo — Virou para o outro lado.
— Bruna, levanta Alice já ligou e disse que Ícaro vai acompanhar ela
até a clínica.
— Ícaro? — Saltou rápido da cama. — Me deixa ir.
Desci para comer alguma coisa e encontrei Marcelo na sala.
— Está fazendo o que aqui a essa hora? — indaguei indiferente.
— Hoje é o julgamento do nosso parceiro.
— Estou ligado.
— Vai buscar a Alice? — Olhei torto quando ele me fez a pergunta.
— Marcelo tire esses pensamentos da sua cabeça, arranco seus dois
braços se tocar na Alice — advertir.
— Ela é a chance que precisamos.
— Bota uma bomba no presídio, porra, mas não vem tocar na Alice.
Vi Bruna nos observando do alto da escada.
— Se apressa Bruna. — disse olhando para ela.
— E se for ela? — Marcelo apontou para Bruna.
— Ela o quê?
— Elas são iguais, leva a tua mina para longe e agente usa essa daí.
— Me deixem fora disso.
— Vai ser uns vídeos Bruna. Te fodendo, você gosta!
— Cala a boca, Marcelo — ordenei irritado.
Ela o encarou irritada.
— Nem você, nem ninguém mais tocará em mim, a não ser que eu
realmente queira, não preciso mais me submeter a vocês.
— Quem é rica é Alice, você ainda é uma vadia pobre.
— Isso não é da sua conta, vamos Grego — Cruzou a porta puxando
pelo meu braço.
— Calma, ele não vai tocar na Alice.
— Você confia demais nele — sorriu incrédula.
— Somos amigos de infância — Respondi tentando passar segurança.
Ela estava bem irritada, ela é idêntica à Alice.
— Por que está me olhando assim feito bobo?
— Porque você é idêntica a ela, só estava matando a saúde do rosto
dela.
— Eca! Como você é meloso. Eu esperava outro tipo de pessoa.
— Vamos logo, quero ver a Alice — Subi na moto e ela veio na
garupa.
***
Alice Gonçalves
***
Bruna Silva
Ícaro Cooper
***
Gregório (Grego)
***
Alice Gonçalves
***
Bruna Silva
***
Na manhã seguinte…
— Bom dia, minha linda! — Mateus se aproximou de mim com uma
bandeja de café da manhã, eu estava sem roupas.
— O que aconteceu? — Indaguei cobrindo o meu corpo.
— Não lembra meu amor? Você me implorou para estar dentro de
você, te chupei inteira, você gemia enlouquecida.
— Mentira! — Exclamei.
— Mentira? — Sorriu tornando a me beijar, enquanto eu tentava o
empurrar — Vamos nos casar meu amor, em breve vai estar grávida, meu
tio vai pirar, ele é louco por um neto.
— Você está louco? — indaguei ainda incrédula.
— Estou, louco por você, você me acordava com beijos e caricias,
Alice, achou que eu ficaria como?
— Vamos embora, eu quero ir para casa.
— Iremos, vamos almoçar, sair para andar um pouco pelo jardim,
você gosta dessas coisas — Disse com um sorriso confiante.
— Você não faz ideia do quanto desejei ser sua, receber os seus
beijos, seus abraços, e você? Só me esnobava, fingia interesse por que
Mateus? Pelo dinheiro do meu pai?
— Me perdoe, eu estava fora de mim, eu não tinha notado você, fui
idiota Alice.
— Como eu vou perdoar o homem que acabou de admitir que me
estuprou — Esbravejei.
— Não foi estupro, você sempre quis.
— Mas você me drogou — Gritei
Ele levantou em silêncio, parecia nervoso.
— Eu te amo! — Virou-se ao pronunciar as palavras e se ajoelhou aos
meus pés. — Fica comigo — Implorou.
Desejei muito tê-lo, por que as pessoas só valorizam depois que
perdem?
— Quem é o homem por que você se apaixonou? — Indagou
levantado apressado.
— Eu só desapaixonei Mateus.
— Me deixa tentar Alice — Implorou.
— Me leva para casa — Pedi no mesmo tom.
***
Gregório (Grego)
***
Bruna Silva
— Ouvi o seu pai falar que o médico dará alta a você hoje, mas você
precisa prestar depoimento, eu fico com você se precisar.
— Obrigada! — Pronunciei mais baixo do que gostaria
— Eu estou com ódio, Alice — Uma lagrima caiu dos seus olhos que
estavam vermelhos pela raiva.
— Você ainda me quer? — Indaguei temendo a resposta.
— Que pergunta boba, é claro, eu amo você. Juro Alice que viverei
cada dia da minha vida para te fazer feliz.
As palavras eram acolhedoras, e eu desejei mais uma vez ser a minha
irmã, eu queria esse homem para mim como eu nunca quis ninguém.
Ele levantou o meu rosto e me beijou delicadamente, alisando o me
rosto com carinho me abraçando em seguida.
— Licença — meu pai entrou no quarto limpando a garganta.
— Desculpe senhor — Ícaro se pôs de pé rapidamente com a coluna
reta e os braços para trás, encheu os peitos, parecia um soldado.
— Vamos para casa Alice — Disse pegando a cadeira de rodas.
Já no carro seguimos em silêncio apenas eu, meu pai e a Isabel, Ícaro
nos seguia no carro dele. O silêncio foi interrompido por uma ligação a qual
o meu pai pôs no viva voz enquanto dirigia para a mansão.
— Onde está o seu filho? — Indagou irado atendendo a ligação.
— Não faço ideia onde o Mateus está, ele mandou uma mensagem
dizendo que estaria na casa de campo com Alice. Aliás, como ela está?
— Como você acha que ela está? Seu filho é um irresponsável, mas
estou feliz que ela esteja abrindo os olhos para outras possibilidades —
Disse com deboche.
— Outras possibilidades? — indagou nervoso.
— Estou indo para casa, encontre o seu filho — Disse irritado antes
de encerrar a ligação.
Eu ainda estava arrumando uma forma de falar quem eu era de fato, a
Alice pelo jeito estava de fato com Mateus, eu nem sabia se isso é bom ou
ruim.
Na entrada da mansão vi um dos homens do Grego, ele estava vestido
de gari, mas eu o reconheci, ele certamente está procurando pela Alice.
Entrei na mansão olhando tudo com nostalgia, eu senti falta deste
lugar, da paz que ele me passa, senti falta de me sentir menos sozinha,
principalmente falta do Ícaro, era estranho estar apaixonada, eu o vi
descendo do carro desengonçado vindo em minha direção e isso foi
suficiente para que o meu coração disparasse, o que é isso Bruna? Ele é
rapaz desajeitado e sem o mínimo de experiência com mulheres.
— Bem vida ao lar — Disse ele me abraçando pela cintura.
— Alice, suba e descanse um pouco — Disse o meu pai.
— Sim, eu vou, vai ficar para o almoço? — Indaguei a Ícaro que
confirmou com a cabeça.
Subi e peguei o telefone para ligar para Grego que atendeu às pressas.
— Alice? — Indagou afobado.
— Não, desculpe desapontá-lo, mas é a Bruna — Respondi.
— Como você está? — indagou educadamente, ele me surpreende
todos os dias, é um homem atencioso.
— Como você acha que eu estou? Péssima, foi um pesadelo — Tornei
a chorar.
— Vou me vingar por você Bruna, fica de boa, eu vou cuidar desse
assunto, estou caçando os filhos da puta que não foram presos pelo seu pai.
Mas, e aí? Cadê a Alice? — Indagou preocupado.
— Suspeito que ela esteja com o Mateus, o pai dele recebeu
mensagens onde ele informava ter indo a uma casa de campo com ele.
— Ele a levou a força — Afirmou irritado.
— Não tenho certeza Grego, ela sempre gostou muito dele.
— Caralho! — Exclamou irritado. — Preciso falar com ela.
— Ela precisa aparecer antes. — Ele respirou acelerado do outro lado
da linha até me assustar com barulho de coisas caindo e quebrando em
seguida.
— O que vai fazer? Ela vai voltar e você o que vai fazer?
— Vou contar tudo, talvez eu volte a morar aí com você depois de ser
expulsa dessa casa — Sorri sem humor.
— Alice! — Ouvi meu pai chamar e abri a porta em seguida. — Com
quem estava falando ao telefone? — Indagou quando me viu desligar rápido
o telefone.
— Ninguém! — Não consegui inventar nada rápido.
— Alice, vamos ser sinceros um com outro, o que fazia na
comunidade? Eu te pedi para não frequentar esses lugares. Te dos perigos,
dos marginais que quem moram lá, Alice, eu não queria ter essa conversa
com você agora, eu sei que está devastada, eu estou quebrado, você é a
minha flor preciosa, você não faz ideia do quanto eu estou devastado — ele
chorava compulsivamente.
Me abraçou forte.
— Filha, me responda — Implorou por resposta, mas eu chorava com
ele.
— Pai, o senhor tem outra filha? — indaguei ainda dentro do abraço.
— Do que está falando Alice? — indagou confuso.
— Outra filha igual a mim.
— Como assim outra filha igual a você? — Levantou apertando os
olhos me estudando.
— Conheci alguém parecida comigo, para não dizer igual.
— Não brinque — Andou nervoso de um lado para o outro.
— Eu sou mesmo adotada? — Indaguei curiosa.
— É — afirmou convicto.
Eu estava confusa, ele está mentindo ou sendo sincero?
— Com quantos anos me adotou? — Eu tentava acha brechas ou uma
forma de fazê-lo se contradizer.
— Que pergunta é essa agora, Alice? Eu e sua mãe já conversamos
com você sobre isso, você foi deixada na entrada da mansão ainda bebê, e
era a bebê mais fofa do mundo, me apaixonei por você à primeira vista,
você é a minha princesa, o nosso presente, o que é isso agora Alice?
— César a polícia chegou — Disse Isabel entrando no quarto nos
interrompendo.
— Vamos descer, preciso que preste depoimento, quanto antes
pegarmos aqueles marginais melhor, não vou dormir tranquilo enquanto
eles não estiverem pagando pelo que fizeram a minha princesa — Ele
tornou a chorar.
Acenei positivamente com a cabeça.
Desci as escadas, havia uma comitiva me esperando, até nisso rico
tem privilégios, na sala tinha o oficial de polícia pronto para pegar o meu
depoimento. O escrivão, uma médica sentada logo atrás, água na mesa,
Isabel e César sentaram um de cada lado me deixando no meio, Ícaro estava
mais atrás sentando observando tudo.
— Vamos começar — Disse o oficial. — Sente-se bem Alice? Estou à
sua disposição, vamos no seu tempo, respire, fique tranquila, eu sei que é
um assunto delicado para você — Concluiu.
Alice? Eu não posso prestar depoimento como Alice. Olhei nervosa,
não era assim que as coisas deveriam ser, pensei no Ícaro, no meu pai, e se
eu não for aceita?
— Não me sinto bem — Afirmei levantando apreensiva, minhas mãos
suavam, meu corpo inteiro tremia.
— Calma, Alice, vai ficar tudo bem, querida — garantiu o meu pai.
— Não, eu não me sinto bem, por favor, vamos parar, vamos parar….
Eu quero parar agora… — eu esfregava uma mão na outra, minha
respiração estava pesada.
— Alice, estamos com você, sempre vamos estar com você, ficará
tudo bem — Meu pai tentava me tranquilizar.
— Não tenho certeza — Me referia em dizer a verdade, eu precisava,
mas não com todas aquelas pessoas, ali. — Saiam todos — Pedi sentando
no sofá me abraçando as minhas pernas escondendo minha cabeça entre as
minhas pernas.
O policial saiu junto a médica e os outros profissionais.
— Você também Ícaro — Eu não queria contar daquela forma a ele,
seria apenas nós dois, eu iria implorar para que ele me perdoasse pela
mentira, eu iria implorar para ele me dar uma chance.
— Eu vou dá uma saída, venho em outra hora. — Disse cabisbaixo,
me olhando confuso.
— O que foi Alice? Quer adiar o dia do depoimento? Sei que é difícil
para você falar sobre isso, relembrar, mas filha, tem que ser forte, somos
seus pais, estamos com você, não vamos te jugar se você disser que subiu o
morro porque quis… — Calou-se
— Isabel, para de falar — Voltou a ser repreendida pelo meu pai.
— Eu não sou a Alice — Disse sem mais delongas — Vocês precisam
procurar pela Alice. — Completei antes de correr para o quarto e me trancar
com medo de encará-los.
Capítulo 23
Alice Gonçalves
***
Bruna Silva
***
Alice Gonçalves
***
Bruna Silva
***
Bruna Silva
***
Gregório (Grego)
Eu sabia que depois do que ouvi Diego Iria manda a tropa para subir
o morro, ele queria a minha área, agora é matar ou morrer.
Liguei para Alice, chamou várias vezes, até que no último toque ela
atendeu.
— Grego? — Atendeu ansiosa.
— Como vocês estão, minha sereia?
— Estamos bem, estou com saudades de você — pronunciou
manhosa.
— Vou invadir a sua casa novamente. — disse divertido.
— Vou te esperar, sem calcinha — sussurrou.
— Você quer me deixar louco, Alice? — Sentei pressionando o meu
membro que já dava sinal de ereção.
— Quero! Para você vir logo — Sorriu.
— Vamos fugir, eu vou largar tudo por você.
— Para onde você quer fugir? — falou em um tom cético.
— Estou falando sério Alice, vou passar o meu lugar para alguém,
vamos viver uma vida nova longe daqui.
— Eu vou para onde você quiser ir — Disse enchendo o meu coração
de Alegria.
— Eu vou viver cada segundo para você e o nosso filho, eu preciso
desligar agora Alice — antes que eu desligasse, ela ouviu o som dos
foguetes.
— O que é isso, Grego? — Ela já sabia o que isso significava.
— Fica tranquila, está tudo bem por aqui, vou desligar, dorme
tranquila — encerei a ligação com o fúsil na mão.
— Eles estão subindo Grego.
— Eu sabia que eles viriam, vamos mandar todos para o saco.
Subi na moto descendo o morro, parei na entra da boca para esperar o
cuzão do Diego, se é que ele teve sangue no olho para mim me encarar.
— Por onde eles estão subindo? — indaguei aos gritos.
— Não sei, estou ouvindo os tiros vindo dos fundos.
— Deixa a turma distribuída, eu vou lá.
***
Alice Gonçalves
***
Bruna Silva
***
Bruna Silva
— Alice — A voz do meu pai fez o meu corpo ficar rígido e eu estava
deitada no lugar de Alice.
Fiquei imóvel fingindo estar dormindo.
— Alice, minha querida, eu sei que dói em você, dói em mim
também, eu amo você, Alice. Criei você como uma princesa, eu não
esperava menos para você do que um homem de bem e decente, filha. Eu
não faço para o seu mal, eu também entendo que não queria ficar com o
Mateus, ele não é homem para você, um vagabundo, encostado, eu me
enchi de esperanças achando que você estava com Ícaro. Mas claro que
estou feliz em saber que a sua irmã está feliz, eles formam um belo casal.
Tudo que eu não esperava era que eles resolvessem sair do porão
agora.
— Mas o que é isso? — Apertei bem os olhos quando vi a cômoda se
movendo. — Alice? — Indagou incrédulo e furioso, quando ela saiu.
— Pai? — Ela indagou surpresa.
— Levanta Bruna, deixa de fingir — ordenou. — O que tem aí
dentro?
— Nada pai, é só o porão — Sua voz saiu trêmula.
— Certo — ele a empurrou para o lado e a coisas a seguir, fugiria
totalmente do controle.
Ela me olhou como quem pede ajuda.
— Segue ele! Ele vai matar o seu namorado — falei indo atrás dela
em seguida.
— Mas o que é isso? — Gritou de forma histérica que senti as
paredes tremerem.
— Senhor, calma! — Ele levantou os dois braços em rendição.
Palavra errada, Gregório, nunca se pede calma a uma pessoa fora do
controle.
— Calma? Você sairá daqui direto para o presídio, seu infeliz. Invadiu
a minha casa?
— Pai, ele estava comigo — Alice se agarrou a Grego o que deixou o
nosso pai ainda mais furioso sacando a arma e apontado para Gregório, que
continuou com as duas mãos para cima.
— Senhor, eu não fiz nada com a sua filha, estávamos conversando,
eu queria saber sobre o meu filho, eu amo a sua filha, senhor.
— Seu filho? Que filho? Que amor? Eu vou manter você longe da
minha filha, seu vagabundo, marginal, que atrevimento vim até a minha
casa — esbravejou.
— Para pai, por favor, dê uma chance para ele — Alice suplicou.
— Se afastar Alice, eu matarei esse infeliz, ele invadiu a minha casa e
molestou a minha filha. — Disse o nosso pai pensando nas provas que o
justificaria depois que ele matasse o Grego.
— Me mate! — Disse Grego Calmo. — Vai ser melhor para todos,
não é isso que acha? Então me mate.
— Cala a boca, Grego — Alice ordenou aos gritos.
— Pai, somos pessoas racionais, vamos subir, vamos ouvi-lo, quem
sabe o Gregório não se regenera. — Disse tentando amenizar.
— Passa para trás de mim, Alice — ele sequer me deu atenção,
continuou apontando a arma para Grego
— Se ferir ele eu me mato! — Alice quebrou o porta-retratos de vidro
apertando um pedaço contra a mão apontando para o pescoço, o sangue da
sua mão escorria pelo braço erguido.
— Alice enlouqueceu? Pare já com isso — Grego ordenou com a voz
trêmula.
Ela estava nervosa, suas mãos tremiam.
— Pai! — Segurei em seu braço, temia que Alice fizesse uma
loucura.
— Você está acabando com a nossa família, seu moleque vagabundo.
Eu vi o dedo do meu pai tremer, a arma estava engatilhada, fechei os
olhos para a tragédia. O nosso pai é um homem rígido, arcaico, ele sempre
viveu à frente da lei, tudo que Alice não considerou quando resolveu abrir o
seu coração, embora eu saiba que não se manda no coração.
— Não pai! — O grito foi seguido pelo barulho do tiro, eu me joguei
empurrando Alice que fez o mesmo com o Grego eu queria defendê-la e ela
só pensou nele. — Não! — O grito agora foi de desespero, ele estava lá
baleado, caído, inconsciente na nossa frente. — Gregório, não, não… —
Ela tinha um ar de louca, a pior cena que eu já vi em toda a minha vida.
Grego caído baleado, os gritos de Alice que doeram na alma e um pai
ajoelhado vendo a filha, a princesa que ele criou, toda suja de sangue
gritando por um bandido.
Eu sentir a dor da Alice, mas também vi a agonia nos olhos do meu
pai, a vida na comunidade é uma droga, e a vida que o Grego escolheu é um
caminho sem volta.
— Chamem uma ambulância — ele disse baixo não sei exatamente
para quem seria a ambulância, pois Alice definitivamente precisa de ajuda
médica.
Capítulo 32
Alice Gonçalves
***
Bruna Silva
***
Depois de muito implorar entrei na sala para fala com Marcelo, vê-lo
naquele estado lamentável que deixou satisfeita, eu sentia vontade de rasgar
a cara dele com as minhas unhas. Apertei bem os meus dedos em minhas
mãos vazias, respirei fundo e o encarei.
— Olá! — Disse com um sorriso satisfeito.
Ele levantou os olhos para me encarar, sua expressão era de ódio.
— Veio rir da minha cara vadia? Vou te comer gostoso de novo
quando eu sair daqui? — Riu com escárnio.
— Será que você sai? — Fiz uma expressão pensativa — Mas
enquanto isso não acontece, eu ouvi dizer que vai ter festinha de boas-
vindas para quando você entra, você vai virar comida, tadinho tão machão
— Fiz um biquinho seguido de uma gargalhada. — Tenha uma boa estadia,
e aproveite o banheiro coletivo ouvir dizer que bem animado — Tornei a rir.
— Vadia, eu vou te matar — Gritou irado.
E eu soltei um beijinho antes de cruzar a porta.
Capítulo 33
Alice Gonçalves
***
— Alice, vou colocar roupas para frio, dizem que a Itália nessa época
do ano é bem fria — Bruna dizia arrumando a minha mala.
— Certo, coloque — assenti.
— Alice, por favor, melhore pelo seu filho, pensei em uma forma de
fugir de onde você vai. Eles vão tirar o bebe de você assim que ele nascer,
seja esperta Alice — disse me alertando.
— O que você quer que eu faça Bruna, que lute sozinha? Grego me
deixou! — exclamei.
— Mas um pedaço dele está aí com você, seja forte, arrumarei uma
forma de você fugir. Ícaro falou com um primo, ele é estudante de arte lá na
Itália, ele vai te ajudar, você vai ficar lá com ele, então está tudo certo —
afirmou.
— Sei, qual o nome dele? — pergunta sem interesse real pela
resposta.
— Álvaro, assim que você chegar lá Alice, não entre no convento, ele
estará te esperando na rua de trás. Ícaro desenhou um mapa — disse
abrindo a imagem no celular.
— Ele fez? — perguntei confusa. — Quando ele esteve na Itália?
— HÁ… Alice, não me venha com perguntas bobas.
— Tio! Tio… — Ouvi as súplicas de Mateus e abrimos um pouco a
porta do quarto para ouvir mais, não saímos.
— César, não faz sentido isso, onde vamos morar? — perguntava o
meu tio em tom de desespero.
— Não faço ideia, o que você esperava? Depois de tudo que fez,
sequestrar a minha filha simular um estupro.
— Tio foi o desespero, eu queria que ela me amasse novamente.
— Por favor, irmão — As súplicas vieram do meu tio agora.
— Não vou criar cobra dentro da minha casa — Meu pai pronunciou
irredutível.
— Deixei um apartamento disponível para os dois, pela pouca
consideração que me resta por você irmão, não quero vê-los morando na
rua.
Fechamos a porta voltando para a conversa, aquilo não era
importante, ignoro onde Mateus vai morar.
— Bruna, me ajude a ir até o tumulo dele — Supliquei.
— Claro, nosso pai podia não querer você com ele vivo, mas assim
não tem problema — Deu de ombros falando divertida.
Descemos algumas horas depois, prontas para ir ao cemitério.
— Alice já arrumou as malas? — indagou o meu pai.
— Sim, eu já arrumei — respondi sem encará-lo.
— Aonde estão indo? — Ele perguntou.
Olhei para Bruna, esperando que ela respondesse.
— Estamos indo dá uma última volta juntas, digo antes da viagem —
Deu de ombros.
— Não demorem — ordenou.
Segui todo caminho em lagrimas, ainda era inacreditável, que o meu
pai tivesse o matado, e claro que ninguém iria se importar em investigar a
morte de um traficante. Acredito que a polícia fez até festa para comemorar
menos um.
— Bruna como foi?
— Como foi o quê? — Indagou dando de desentendida, sabendo bem
o que eu queria saber.
— A morte dele, depois que desmaiei lembro ele ainda estava
acordado, pressionando a mão onde a bala atingiu, eu lembro ele me olhava
firme sem desviar os olhos.
— Ele segurou a sua mão e sorriu antes de uma lagrima cair dos olhos
e então os fechou para sempre — Ela disse sem me encarar em um tom
angustiante. — Ele disse que te amava, a voz não saiu, mas li os lábios dele.
Ao final da narrativa eu já estava entre choros e soluços.
— Você veio ao velório?
— Claro, Alice, eu representei você — Ela alisou as minhas mãos,
beijando em seguida.
— Obrigada.
Descemos do carro, me segurei firme a porta para me manter de pé.
— Vem Alice — Ela fez gesto com as mãos e o segurança me
entregou flores. — Vamos deixar o tumulo lindo — disse com um sorriso.
— Eu não consigo Bruna, eu não consigo — Cai de joelhos.
— Força, venha se despedir dele — Me ergueu do chão pelos ombros.
Cheguei ao tumulo não muito distante de onde havíamos estacionado,
me joguei na terra ainda fofa, e disse tudo que eu estava sentindo, ele não ia
embora sem me ouvir.
— Seu idiota, você não tinha autorização para ir sem mim, entendeu?
E agora o que eu faço? Você nem me disse o que fazer — ensopei a terra
com as lagrimas. — Eu queria bater em você Grego, se era para me deixar
porque veio? — Esbravejei.
— Alice, levanta, você está ficando suja de terra.
— Me deixa Bruna, ele vai me ouvir. Desgraçado, você me deixou —
Esmurrei seu tumulo apertando firme a areia que escapava das minhas
mãos.
Levantei os meus olhos que seguiram a imagem de alguém que me
olhava de longe.
— É ele Bruna — Levantai correndo entre os túmulos.
— Alice, chega Alice.
— É ele Bruna, eu vi — Me ajoelhei no chão. — Veio rir Gregório?
Você me deixou aqui — gritei, deixando sair livre todo choro preso dentro
de mim.
— Chega Alice, vamos, tem pessoas nos observando.
Me levantei batendo a areia que cobria os meus joelhos, olhei para o
tumulo mais uma vez, e entrei no carro. A volta foi silenciosa, eu queria
viver o meu luto, sem ouvi chega Alice, ou você precisa sobreviver. A vida
é minha, sou eu quem estou sentindo, é em mim que está doendo.
Chegamos em casa. Meu pai estava sentado na sua poltrona favorita,
disparei um olhar rancoroso, mas ele apenas suspirou e voltou a ler o seu
jornal. Talvez a Itália fosse ótima, perfeita para me desligar por completo.
— Alice — minha mãe me seguiu até o quarto, encarou as malas
prontas sobre a cama. — Minha menina, me abraçou em lagrimas.
— Estou suja mãe, é terra de cemitério — disse fria. — Preciso de um
banho.
— Minha filha — Tornou a me abraçar. — O que estamos fazendo é o
melhor, é para o seu bem.
— Serio? Obrigada. Vou ficar muito bem quando tiver o meu filho
arrancado dos meus braços e voltar a ser uma pretendente com ar virginal e
desejada pelos melhores partidos do Rio de janeiro. Não se preocupe no
final, pessoas morrem, filho são doados como cães e eu volto a ser a Alice
Doce e feliz que cresceu nesta casa com o único objeto fazê-los sorrir e se
sentirem orgulhosos.
— Alice! — Exclamou.
— O quê? Não foi assim a vida inteira, eu grata por ter sido adotada e
me sentido abrigada a ser sempre perfeita. “Nossa a filha do César tem as
melhores médias”, “a filha do César é uma menina encantadora e doce”,
“Alice o que é isso, o seu pai é um juiz, se comporte, não pode dar maus
exemplos”. Parabéns, vocês criaram uma criança cheia de complexos e
medos, que tinha medo do fracasso, que andava na rua sempre com roupas
brancas e alvas, como exemplo da pureza.
— Alice, você está sendo ingrata.
— Me deixe — Caminhei para o banheiro trancando a porta em
seguida, liguei o chuveiro e deixei a água leva todo a terra que resistiam,
grudadas no suor.
Capítulo 34
Bruna Silva
***
Alice Gonçalves
***
Um mês depois…
— Alice não vale espiar… — ele disse trezentas vezes durante o
caminho, depois de ter colocado uma venda nos meus olhos.
— O que tem em mente? — perguntei curiosa, ele estava misterioso a
dias.
— Alice! Não seja curiosa.
O carro estacionou e ele me guiou tirando a venda dos meus olhos.
— O mar? — Sorrir.
— Não, o nosso casamento, eu, você e o mar.
— Nosso casamento? Onde? — Olhei para os lados confusa.
— Você disse sim, não disse? — Me puxou para dentro de um iate
ancorado enfeitado com flore, o palestrante nos esperava, ele me olhava
ansioso e só respirou no momento em que eu disse sim no pequeno altar
montado para ocasião.
Ele me beijou delicadamente enquanto acariciava o meu ventre.
— Eu te amo! Eu morreria e nasceria mil vezes para ficar com você,
eu soube disse desde a primeira vez em que eu te vi — pronunciou olhando
nos meus olhos.
— Desde a primeira vez?
— Sim, desde a primeira vez, foram dois anos procurando por você,
mudar de vida é pouco, eu queria de fato nasceria de novo e te daria uma
vida mais tranquila, próximo da sua família.
— Quem sabe um dia eles nos aceita, enquanto isso vamos vivendo
um dia de cada vez.
— O que pensou na primeira vez em que me viu? — perguntou
curioso.
— Quando abrir os meus olhos, deitada na sua cama, fiquei
apavorada. A porta abriu e um homem lindo, alto, com um olhar
apaixonado, e dono de uma voz suave entrou por ela. Eu estava machucada
e você limpou as minhas feridas. Me chamou de Bruna com tanta ternura e
eu só desejei ser tão amada quanto ela. Você curou as feridas da minha alma
me amando como eu nunca imaginei que um dia eu seria. Percebi existir
muito mais além de amar sozinha.
***
Gregório (Grego)
Um ano depois…
“Bruna Fiquei feliz em saber que você e o Ícaro estão bem, casados e
que terei um sobrinho em breve, o nosso pai deve estar bem feliz, é bom que
esteja aí e cuide dele, ele chega bem mal-humorado de certas audiências,
mas nada que um beijo seu não resolva, há… e você fez bem e ter a sua
própria casa com o Ícaro, eu estou amando essa vida a dois, aliás, agora é
a três, mandei uma foto da Pequena Madu, ela é linda, se parece com o pai.
E sobre o papai chorar todos os dias a minha falta, diga a ele que sou
feliz, e que a razão da minha felicidade é acorda todos os dias ao lado da
minha pequena da joia que ele queria me tirar. E Álvaro há… o que falar
desse homem? Acordo com flores todos os dias, e ele ainda me olha com os
mesmos olhos apaixonados de sempre, embora ele insista em dizer que no
primeiro dia ele só pensou em me devorar (risos), obrigada irmã, a Itália
tem sido o meu refúgio e eu vivo isso graças a você.
Diga ao papai e a mamãe que eu sempre vou amá-los, mas assim
como eles me escolheram um dia escolhi ser feliz com o homem que amo e
com a minha filha que é toda a minha vida. ”
Da sua irmã Alice.
— Não tinha uma foto melhor da Madu? — indaguei a analisando nos
mínimos detalhes, após lê a carta que Alice iria enviar para Bruna.
— Está perfeita, qual o problema com essa foto? — disse tomando
das suas mãos.
— Nessa ela está parecendo com você, mande essa com o olha sexy
do pai — gargalhei quando ela torceu o nariz selando a carta.
Com pouco tempo aqui na Itália os pais da Alice descobriram que
estávamos juntos, senti orgulhoso de vê-la brigando pelo nosso
relacionamento, eu percebi que não foi só eu quem nasceu de novo, Alice
era outra mulher. Sim uma mulher não tinha mais aquele ar de menina, ela
se tornou mãe e esposa, a minha esposa.
É por elas que saio todos os dias para um trabalho duro em um
restaurante de massas. Volto casado mais feliz e com disposição, recebido
com o sorriso amável da minha mulher. Jantamos o que ela se esforça em
fazer todos os dias, em seguida eu a ajudo com os pratos mesmo ela
dizendo que pode fazer sozinha.
Brincamos com a Madu e Alice me conta todo o seu dia, eu escuto
atentamente cada palavra não importa o quão cansado eu esteja, em seguida
vamos para o nosso quarto Alice deita ao meu lado e lê. Ela ama ler
romances e eu amo ouvi-la narrar cada cena, ela fala como se vivesse cada
personagem.
E por fim ela deita em meu braço alisando o meu corpo, às vezes
apenas nos beijamos e desejamos boa noite um ao outro, mas na maioria
das vezes os nossos dias terminam com fogo, o fogo que nunca apaga.
Se eu trocaria isso tudo? Nunca! Ela é mais do que tudo que um dia
eu sonhei.
FIM.
Cena bônus
Bruna Silva
***
Chegamos ao fim, espero de coração que tenham gostado, todos os dias nós
escritores levantamos com o intuito de fazer o melhor para cada um de
você, leitor.
Beijos e obrigada por te chegado até aqui.