Você está na página 1de 42

desenvolvimento de

habilidades e competências

desenvolvimento de
habilidades e competências - DHC
Apostila do Aluno
APRESENTAÇÃO

A Fundação de Ação Social – FAS tem como um dos seus objetivos estratégicos a im-
plementação de ações que promovam a auto-sustentação da população em situação de risco
e vulnerabilidade social, de forma a criar oportunidades de geração de trabalho e renda e
melhorar as condições de acesso ou permanência no mercado de trabalho.

Dentre o conjunto de atividades que realiza a oferta de educação profissional, atra-


vés de cursos de qualificação tem sido componente básico para elevar a produtividade e
competitividade do trabalhador, contribuindo ao mesmo tempo para o desenvolvimento
sustentado e para a eqüidade social.

O planejamento e a execução de ação social devem gerar uma visão compartilhada


com todos os envolvidos e delegar uma responsabilidade para a equipe de trabalho, através
da confiança estabelecida pela conquista de um objetivo único.

Só o trabalho integrado promove a cidadania e efetiva as ações sociais de forma com-


pleta atingindo o indivíduo, a família e toda comunidade.

Para garantia da qualidade do processo de qualificação, a FAS, conta com material


didático próprio, de linguagem técnica e acessível.

A metodologia aplicada no material didático está baseada em valores éticos, técnicos


e sociais por meio da estruturação das linhas de aprendizagem:

• Habilidades básicas.
• Habilidades específicas.

A FAS acredita que este processo provoca mudanças comportamentais, onde a qua-
lificação do indivíduo proporciona inserção no mercado de trabalho, capacitando-o para
atender as exigências do mundo moderno.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 5


1 APRESENTAÇÃO..................................................................................................................5
1.1 CLASSES DE COMPETÊNCIAS ..........................................................................................5
1.1.1 Competências sociais e interpessoais..........................................................................5
1.1.2 Valores humanísticos....................................................................................................5
1.1.3 Competências de educação permanente.....................................................................6
1.1.4 Competências sociais e interpessoais ..........................................................................6
1.1.5 Competências científico-tecnológicas..........................................................................6

2 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................7

3 CONCEITUAÇÃO DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES .....................................................8


3.1 COMPETÊNCIAS.............................................................................................................8
3.1.1 Competências Técnicas...............................................................................................8
3.1.2 Competências Comportamentais...............................................................................8
3.2 HABILIDADES ................................................................................................................9
3.2.1 Habilidades Básicas....................................................................................................9
3.2.2 Habilidades Específicas...............................................................................................9
3.2.3 Habilidades de Gestão................................................................................................9

4 FORMAÇÂO PESSOAL.......................................................................................................9

5 RELAÇÔES INTERPESSOAIS...............................................................................................11
5.1 NEGOCIAÇÃO PARA O TRABALHO EM EQUIPE..............................................................11
5.2 JAMAIS SUBESTIME OS PONTOS DE VISTA DOS PARTICIPANTES...................................12
5.3 CHAME A ATENÇÃO UNICAMENTE NAS IDEIAS.............................................................12
5.4 PARTICIPE ATIVAMENTE DO PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO.............................................12
5.5. É PRECISO SABER OUVIR...............................................................................................12
5.6 BUSQUE COOPERAÇÃO POR MEIO DO DIÁLOGO, DA CONVERSAÇÃO..........................13
5.7 DOMINE AS EMOÇÕES FORTES.....................................................................................13
5.8 DESPERTE A CONFIANÇA EM VOCÊ...............................................................................13
5.9 LIDERANÇA – SABER-FAZER, SABER CONVIVER EM GRUPO, FLEXIBILIDADE.................13

6.ÉTICA / ETIQUETA / COMUNICAÇÃO NO TRABALHO........................................................14


6.1 ÉTICA.............................................................................................................................14
6.2 ETIQUETA.......................................................................................................................14
6.2.1 Etiqueta Doméstica....................................................................................................14
6.2.2 Etiqueta Social............................................................................................................14
6.2.3 Etiqueta Profissional...................................................................................................14
6.2.3.2 Postura e Andamento..............................................................................................15
6.2.3.3 Telefone...................................................................................................................15
6.2.3.4 Comunicação...........................................................................................................16
6.2.3.4.1 Regras para uma boa comunicação......................................................................16
6.2.3.4.2 Barreiras na comunicação....................................................................................17

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 7


7 COMPETÊNCIA PROFISSIONAL E PESSOAL........................................................................17
7.1 O QUE É COMPETÊNCIA PROFISSIONAL........................................................................17
7.2 ATRIBUTOS SOLICITADOS PELO MERCADO DE TRABALHO ATUAL.................................17
7.2.1 Esforço constante.......................................................................................................17
7.2.2 Dedicação...................................................................................................................17
7.2.3 Fidelidade...................................................................................................................17
7.2.4 Organização................................................................................................................17
7.2.5 Agilidade e Capricho...................................................................................................17
7.2.6 Discrição.....................................................................................................................18
7.2.7 Cultura........................................................................................................................18
7.2.8 Prudência....................................................................................................................18
7.2.9 Responsabilidade.......................................................................................................18
7.2.10 Iniciativa...................................................................................................................18
7.2.11 Amabilidade.............................................................................................................18
7.3 O QUE É COMPETÊNCIA PESSOAL.................................................................................18
7.4 ENTREVISTA DE EMPREGO.............................................................................................19
7.5.1 Como se comportar numa entrevista.........................................................................19

8 QUALIDADE NO TRABALHO..............................................................................................20
8.1 QUALIDADES MAIS VALORIZADAS PELAS EMPRESAS....................................................21
8.1.1 Para conquistar uma vaga...........................................................................................21
8.1.2 Depois de contratado.................................................................................................21

9 HIGIENE PESSOAL.............................................................................................................21

10 PREVENÇÃO E SEGURANÇA NO TRABALHO...................................................................22


10.1 CORES NA SEGURANÇA DO TRABALHO.......................................................................22

11 EDUCAÇÃO AMBIENTAL..................................................................................................22
11.1 CONSUMO SUSTENTÁVEL............................................................................................23
11.1.1 Água..........................................................................................................................23
11.1.2 Energia elétrica.........................................................................................................23
11.1.3 Lixo...........................................................................................................................23

12 CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS PESSOAIS..........................................................24

REFERÊNCIAS......................................................................................................................26

ANEXOS...............................................................................................................................27

8 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL


1 APRESENTAÇÃO

O mundo do trabalho, como a vida e tudo que nos cerca, tornou-se mais complexo. Vive-
se a cada dia mais inundado de informações. O conhecimento produzido pela humanidade
cresce a passos mais acelerados, o mundo se torna mais especializado e as especializações
são úteis para o mundo do trabalho por menos tempo.
Em complemento às competências e conhecimentos existem múltiplas habilidades a
serem desenvolvidas e estimuladas. Podem-se destacar entre elas: capacidade de comuni-
cação oral e escrita; capacidade para lidar com situações novas e desconhecidas; capacidade
de liderança e de trabalhar em equipe; capacidade de lidar com situações complexas e o
enfrentamento de situações problemas. Nesses novos tempos em que vivemos, o espaço
de formação geral e do desenvolvimento de competências múltiplas se constituem em re-
quisitos de formação essenciais. No entanto, são pouco explorados nos currículos típicos
dos cursos.
Agrupamos essas competências, habilidades e qualidades de âmbito geral e profissional,
mas não específicas de nenhuma carreira ou profissão, que são competências essenciais e
transversais a toda formação profissional.

1.1 CLASSES DE COMPETÊNCIAS

1.1.1 Competências sociais e interpessoais


Preparar pessoas para o convívio social e interpessoal na vida em geral e nas organi-
zações, orientada para os valores humanos, o trabalho em equipe, a comunicação, a solida-
riedade, o respeito mútuo, a criatividade.

1.1.2 Valores humanísticos


Preparar pessoas para a postura reflexiva e analítica, dimensão social e ética que
envolve os aspectos de diversidade de natureza ambiental-ecológica, étnico-racial e cultu-
ral, gêneros, faixas geracionais, classes sociais, religiões, necessidades especiais, escolhas
sexuais, entre outras.
Interpretar as relações entre homem, cultura, natureza e as artes, no contexto tem-
poral e espacial.
Orientar escolhas e decisões em valores e pressupostos metodológicos alinhados com
a democracia, com respeito às culturas autóctones e à biodiversidade.
Reconhecer e valorizar as diversas manifestações artísticas, estéticas e culturais.
Ter postura reflexiva, analítica e visão crítica da conjuntura econômica, social, histórica,
política, ambiental e cultural.
Ter uma sólida formação ética e cultural.
Respeitar os princípios éticos, legais, culturais e humanísticos das diversas áreas de
atuação profissional.
Saber reconhecer os limites éticos envolvidos na pesquisa e na aplicação do conheci-
mento científico e tecnológico.
Pautar-se em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural
e econômica do seu meio.
Compreender as incidências culturais, éticas, educacionais e identificar e analisar as
rápidas mudanças econômicas e sociais em escala global e nacional, que influem no am-
biente empresarial.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 9


Preparar-se para a internacionalização em todos seus aspectos, familiarizando com
culturas diferentes.
Desenvolver e criar mecanismos para a cultura da paz.

1.1.3 Competências de educação permanente


Buscar permanentemente a atualização e o desenvolvimento profissional e novas
formas do saber e do fazer científico ou tecnológico.
Compreender sua formação profissional como processo contínuo, autônomo e
permanente.
Buscar o aprendizado contínuo, tanto na sua formação, quanto na sua prática com
flexibilidade.
Desenvolver práticas de estudos independentes visando uma progressiva autonomia
profissional e intelectual.
Identificar oportunidades e situações que favoreçam a formação profissional e/ou
elaborar projetos empreendedores de formação profissional.
Buscar a mobilidade acadêmica e profissional como formas de integração econômica,
educativa, política e cultural.
Desenvolvimento de autonomia de aprendizagem.

1.1.4 Competências sociais e interpessoais


Dominar comunicação e expressão oral e escrita, interpessoal e intercultural.
Integrar-se nas ações de equipes interdisciplinares e multidisciplinares, interagindo
criativamente nos diferentes contextos organizacionais e sociais.
Reduzir resistências a mudanças, ter capacidade de adaptação às novas situações e
saber enfrentar/lidar com situações em constantes mudanças.
Ser profissional participativo e facilitador das relações interpessoais e intergrupais.
Liderar equipes e redes multidisciplinares.
Demonstrar compromisso, responsabilidade e empatia nas suas interações sociais.
Analisar o contexto social no qual está inserido e contribuir profissionalmente para a
manutenção e transformação deste.
Pautar-se por princípios da ética democrática: responsabilidade social e ambiental,
dignidade humana, direito à vida, justiça, respeito mútuo, participação, responsabilidade,
diálogo e solidariedade.
Estimular a cooperação através da formação de redes nacionais e internacionais, vi-
sando diferentes formas de intercâmbio.
Atuar de forma empreendedora e abrangente no atendimento às demandas sociais.
Exercer a cidadania com espírito de solidariedade.

1.1.5 Competências científico-tecnológicas


Empregar raciocínio lógico, observação, interpretação e análise crítica, ao analisar
dados, informações e solucionar problemas.
Avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidências
científicas.
Tomar decisões fundamentadas visando o uso apropriado, eficácia e custo-efetividade.
Acompanhar e incorporar inovações tecnológicas (informática, comunicação, novos
materiais, biotecnologia) no exercício da profissão.
Desenvolver, programar, orientar, aplicar, planejar, executar, gerenciar e avaliar projetos
e os modelos teóricos e práticos.
10 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL
Aplicar conhecimentos teóricos e metodológicos que garantam a apropriação crítica
do conhecimento disponível, assegurando uma visão abrangente dos diferentes métodos
e técnicas.
Reconhecer e identificar problemas, equacionando soluções, intermediando e coor-
denando os diferentes níveis da tomada de decisão.
Articular teoria, pesquisa e prática social.
Ler, compreender e interpretar os textos, em geral, e especificamente, científico-tecno-
lógicos em idioma pátrio e estrangeiro, bem como produzir textos em língua estrangeira.
Saber comunicar corretamente os projetos e resultados de pesquisa na linguagem
científica, oral e escrita (textos, relatórios, pareceres, internet, etc.) em idioma pátrio e
estrangeiro.
Assimilar criticamente conceitos que permitam a apreensão de teorias e usar tais
conceitos e teorias em análises críticas da realidade e na solução de problemas.
Prestar consultoria, realizar perícias e emitir laudos técnicos e pareceres.
Estabelecer relações entre ciência, tecnologia e sociedade.
Desenvolver e criar mecanismos para o desenvolvimento sustentável nas dimensões
humana, econômica e ambiental.

2 INTRODUÇÃO

O mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, busca profissionais com habili-
dades e competências renovadas. Atualmente busca-se um perfil profissional pautado na
competência e no desenvolvimento de habilidades. Isso se deve ao fato de que o mercado
de trabalho necessita de profissionais atualizados e conscientes de sua realidade.
Segundo Chiavenato (1990), a empregabilidade surgiu devido ao alto índice de desem-
prego. Ela provém, portanto, da diferença entre velocidade das mudanças tecnológicas, as
quais exigem do indivíduo novos conhecimentos e habilidades e a velocidade da reapren-
dizagem.
A empregabilidade1 exige do profissional a busca constante pelo aprimoramento de
seus conhecimentos, sendo esta uma exigência fundamental para se inserir no mercado de
trabalho. Para ser inserido no mercado de trabalho é importante que o profissional tenha
consciência de suas verdadeiras competências e habilidades e que muitas vezes não basta
apenas ter um diploma.
Diante disso, este material vem nos posicionar em relação às mudanças do profissional
nas diversas áreas de atuação, permitindo que este seja inserido no contexto das organiza-
ções atuais e competitivas.
A constante busca por profissionais qualificados é uma realidade atual e cabe ao pro-
fissional, de qualquer área, estar preparado e consciente de sua atuação.
O curso foi estruturado com base no desenvolvimento das habilidades e competências
necessárias para a formação geral do indivíduo quanto à capacitação do profissional.
Com o intuito de desenvolver tais habilidades e competências, o curso associa o ensino à
preparação do aluno para lidar com a informação, mediante processos de apropriação, produção
e, principalmente, aplicação do conhecimento entendido como capacidade de saber-fazer.

1
Entende-se por empregabilidade a busca constante do desenvolvimento das habilidades e competências agregadas por meio de conheci-
mento específico e pela multifuncional idade, as quais tornam o profissional apto à obtenção de trabalho dentro ou fora das empresas. O
termo surgiu na última década, pela necessidade dos trabalhadores de adquirir novos conhecimentos que os habilitassem a acompanhar
as mudanças do mercado de trabalho.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 11


O desenvolvimento de competências é complementar à formação e importante para
a inserção e manutenção do profissional no mercado de trabalho.
Esta apostila foi elaborada com o objetivo de fornecer subsídios para o desenvolvi-
mento do curso.
O curso de desenvolvimento de habilidades e competências possui carga horária de
20 horas/aulas, contemplando os seguintes conteúdos programáticos:
• Formação Pessoal
• Relações Interpessoais
• Ética e Qualidade no Trabalho
• Higiene, Prevenção e Segurança no Trabalho
• Etiqueta Pessoal e Profissional
• Características Empreendedoras Pessoais

3 CONCEITUAÇÃO DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

3.1 COMPETÊNCIAS

“Conjunto de conhecimentos, habilidades, comportamentos e aptidões que possibilitam


maior probabilidade de obtenção de sucesso na execução de determinadas atividades”.
A competência é “portátil”, por si só não é amarrada, tem de ter flexibilidade. Nesta
análise, a ideia de competência é: “como me viro diante de uma situação complexa?” A
pessoa que realmente adquiriu uma competência tem condições de resolver este tipo de
situação com criatividade.

3.1.1 Competências Técnicas


São todas aquelas obtidas por meio da educação formal, treinamentos específicos e
experiências profissionais. São elas:
a) nível de escolaridade;
b) treinamentos e cursos;
c) conhecimentos teóricos essenciais para o pleno desenvolvimento das atribuições,
obtidos por meio de estudos.

3.1.2 Competências Comportamentais


São todas aquelas que possibilitam maior probabilidade de obtenção de sucesso na
execução de determinadas atividades, podendo ser subdivididas em cinco grupos:
a) Intelectuais: competências necessárias para reconhecer e definir problemas, pensar
estrategicamente, fazer modificações no processo de trabalho, atuar preventiva-
mente e generalizar conhecimentos;
b) Comunicativas: competências utilizadas nas formas de expressão e comunicação
com seu grupo, de cooperação em trabalho de equipe, de diálogo, de exercício de
negociação e de comunicação;
c) Sociais: competências necessárias para atitudes e comportamentos, para trans-
ferência de conhecimentos da vida cotidiana para o ambiente de trabalho e vice-
versa;
d) Comportamentais: competências necessárias para demonstrar espírito empreende-
dor e capacidade para inovação, iniciativa, criatividade, vontade de aprender, aber-
tura às mudanças, consciência da qualidade e implicações éticas do seu trabalho;
12 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL
e) Organizacionais: competências necessárias para compreensão do negócio, seus
objetivos, relações com o mercado (conhecimento em negócio, planejamento e
orientação para o cliente).
Quando questionados sobre as competências profissionais necessárias para sobreviver
na nova era, a lista não é pequena: línguas, informática, postura empreendedora, atuação
especialista, visão generalista, atualização permanente, inteligência emocional, flexibilidade,
liderança, espírito de equipe, reciclagem, bom humor, boa aparência, etc. O fato de seguir
novas regras, não faz alguém diferente.
O objetivo deste curso é promover mudanças interiores: intuição, autoconhecimento,
criatividade, humanismo, perspicácia, compreensão, empatia. A questão é desenvolver estes
aspectos de forma que possamos estabelecer níveis de conforto e atuação.
Competências se desenvolvem em um contexto. Aprender, fazendo, o que não se sabe
fazer. (PHILIPPE MEIRIEU).

3.2 HABILIDADES

As habilidades estão relacionadas ao saber-fazer. Assim, identificar variáveis, compre-


ender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar, julgar,
correlacionar e manipular são exemplos de habilidades.

3.2.1 Habilidades Básicas


São aquelas que se referem ao domínio funcional da leitura, da escrita e do cálculo,
no contexto do cotidiano pessoal e profissional.

3.2.2 Habilidades Específicas


São aquelas que podem ser definidas como atitudes, conhecimentos técnicos e com-
petências através de ocupações do mercado de trabalho.

3.2.3 Habilidades de Gestão


São as compreendidas como competências associativas e de empreendimento, fun-
damentais para geração de trabalho e renda.


4 FORMAÇÃO PESSOAL

Para qualquer realização é necessário a busca do equilíbrio. Quando falamos de ma-


rketing pessoal, estamos falando em cultivar atitudes equilibradas em todos os momentos
em que nos relacionamos com outras pessoas.
Equilíbrio pressupõe autocontrole, bom senso e bom gosto. Ou seja, escolha correta
de comportamento, calma e serenidade antes de agir, reagir, falar e calar.
Na busca do equilíbrio é necessário a eliminação gradual dos seus excessos, sem es-
quecer das coisas que lhe faltam.
Se você é muito tímido, abra-se mais para contatos. Sorria mais, descontraia sua fisionomia,
desenvolva um gestual mais descontraído, menos preocupado com o julgamento alheio.
Mas se você é excessivamente exuberante, que fala muito, gesticula de modo abusi-
vo, procure desenvolver o hábito de contenção. Seus gestos mais comedidos trarão mais
confiança.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 13


Procure modular sua voz, trazendo-a para um tom que não fira os ouvidos alheios,
mas que possa ser entendido claramente. A exuberância em excesso também prejudica sua
imagem pessoal, tornando-o deselegante. Neste caso, o uso de roupas adequadas e discre-
tas, sem muitos enfeites e acessórios são fundamentais. O uso de perfumes e maquiagem,
no caso das mulheres, também deve ser moderado. Procure sempre falar na medida certa.
Nem demais, nem de menos.
A curiosidade é outra coisa que precisa ser pilotada com muito critério. Quando bem
conduzida leva ao aprendizado e ao desenvolvimento; é a curiosidade sadia. Bom curioso
é aquele que sempre vai em busca de mais subsídios para resolver questões que lhe são
apresentadas. Nunca diz não para uma tarefa apresentada e muito menos que não sabe.
A gentileza deve estar presente em todos os nossos contatos, sejam eles profissionais
ou pessoais, no entanto, o seu excesso é quase tão incomodo quanto a sua falta. Seja natu-
ralmente elegante e cortês com as outras pessoas. Evite ser insistente.
Aprenda a controlar sua raiva, excessos nesta hora, podem causar danos irremediáveis,
assim como o excesso nas manifestações de alegria.
Segue abaixo, alguns exemplos de excessos cometidos pelas pessoas, no convívio
social e profissional. Porém, eles não são os únicos. Estamos todos na escola da vida para
aprender e evoluir, cabe a cada um de nós identificarmos os pontos passíveis de melhoria
e mudar as atitudes.
Todas as mudanças no ser humano acontecem do pouco para o muito, valorize as
pequenas conquistas diárias.
Atitudes a serem cultivadas:
a) olhar as pessoas nos olhos;
b) pensar positivamente ao seu respeito e a respeito do próximo;
c) ser agradável com as pessoas;
d) tratar todos com educação e gentileza;
e) saber a hora certa de falar e a hora certa de calar;
f) respeitar a opinião dos outros, pois todos possuem pensamentos e valores diferen-
ciados;
g) falar com clareza, firme, objetivamente, sem suspenses e sem dramas. O tom de
voz pesa muito na comunicação;
h) reforçar o ego dos outros. Procurar entusiasmar sempre;
i) ficar atento na comunicação não verbal sua e dos outros;
j) saber ouvir;
k) chamar as pessoas pelo nome;
l) procurar saber o sentido que determinadas palavras têm para os outros;
m) desenvolver a empatia (sentir o sentimento do outro);
n) ser esportivo. Aceitar uma brincadeira. Rir junto;
o) aceitar as críticas. Pense a respeito, não para entristecer-se ou para irritar-se, mas
para ver o que elas têm de verdadeiras. Só depois você pode e deve desprezá-las;
p) ter uma posição discreta sobre as maravilhas e as aberrações; elas existem no mundo;
q) desenvolver automotivação;
r) destacar o que você tiver de positivo;
s) perdoar. Todos estão sujeitos a cometerem falhas;
t) ter claro suas qualidades e seus defeitos. Evolua;
u) ser solidário;
v) ser poroso, tirar proveito dos ensinamentos.

14 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL


Estes cuidados resultam na elegância de comportamento. Pois, a elegância não está
somente no saber se vestir, mas em saber conversar, ser agradável, delicado, educado, saber
receber as pessoas, seja no trabalho ou em casa.
“A construção da personalidade não é uma jornada de prazer, mas uma espécie de
trabalho, e um trabalho que envolve algum sofrimento, o nosso próprio eu é a nossa liber-
dade.” (HELLER, 1998).

5 RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Atualmente as relações interpessoais estão cada vez mais difíceis. Com o estresse que
vivemos, acabamos por ficar mais intolerantes com as pessoas.
Porém, ninguém vive sozinho. Precisamos interagir com as pessoas, na vida social e
na vida profissional.
Nas empresas, hoje em dia o importante não é o conhecimento técnico apenas, mas
o saber se relacionar com o grupo e interagir com a equipe de trabalho. É saber conduzir
conflitos, não se deixando atingir por estes. Reconhecer quando é necessário recuar e como
avançar em certos momentos.
Estamos em constante contato com outras culturas, afinal fazemos parte de um grupo
social, e em alguns momentos é necessário nos aprimorar pela educação e pelo trabalho.
Pode-se dizer que é o processo de formação do indivíduo não só pela alfabetização, mas
também pela iniciação à vida coletiva, por meio do trabalho.
A sociedade como centro das relações entre os homens, caracteriza-se pelas leis, cos-
tumes e crenças. As relações entre os múltiplos grupos que interagem na sociedade formam
sua base cultural.
Na sociedade atual, principalmente nas políticas de recursos das empresas modernas,
os comportamentos rígidos cedem lugar à fluidez nos relacionamentos e à flexibilidade
nas tomadas de decisões. Não se busca um padrão de comportamento, mas a aceitação
de variadas formas de expressão humana, considerando-se que todas elas são humanas e
profissionais.

5.1 NEGOCIAÇÃO PARA O TRABALHO EM EQUIPE

Assim como a família é considerada, desde que o mundo é mundo, a célula da socie-
dade, a equipe pode ser considerada a célula da organização.
O que é negociação?
Pode ser considerada como o princípio de um diálogo. Toda a ação para a negociação con-
siste em procurar obter um acordo ou alguma forma de concordância do parceiro, do outro.
Quando buscamos a verdadeira negociação, devemos manter uma atitude sensata e
madura, desprovida de competição.
Quando ajudamos uma colega a atingir suas metas, estamos, na verdade, ajudando a
própria empresa e adquirindo mais experiência pessoal para enfrentar os futuros desafios.
O sentido de equipe que as empresas necessitam hoje, é a formada por pessoas que
consigam interagir, que tenham habilidades de se relacionar com os membros da equipe,
onde o trabalho seja partilhado, desta forma os resultados aparecerão mais fáceis.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 15


Qualquer negociação tem início na abordagem e na argumentação, etapas intimamente
ligadas. A negociação implica esforço das partes envolvidas, exigindo bastante capacidade
de relacionamento.
Particularmente no ambiente de trabalho, a negociação tem presença marcante como
decorrência natural das relações estabelecidas, nas perspectivas de atingir uma meta comum.
E isso pode ser sentido principalmente, no trabalho em equipe. O sentido de equipe nasce da
integração do indivíduo e organização, evidenciada pela adesão espontânea do trabalhador
aos compromissos e metas da empresa.
O resultado de uma negociação dependerá da capacidade de argumentação dos
interlocutores. Isso implica na abertura de cada um para ouvir e ceder quando as razões
apresentadas pelo parceiro são mais fortes, porque são bem fundamentadas.
Implica também na necessidade de eliminar preconceitos, isto é, opiniões formadas
antecipadamente, muitas vezes por tradição ou acomodação.
Quem pretende trabalhar em equipe, precisa conhecer alguns comportamentos que,
desenvolvidos adequadamente, irão influenciar positivamente num processo de negociação.

5.2 JAMAIS SUBESTIME OS PONTOS DE VISTA DOS PARTICIPANTES

Toda opinião deve ser respeitada. Considerar ideias dos parceiros é fundamental. A
discussão precisa ser encaminhada no sentido de encontrar uma solução que harmonize
opiniões diferentes.

5.3 CHAME A ATENÇÂO UNICAMENTE NAS IDEIAS

Não se pode permitir que os comentários sobre casos ou pessoas entrem nas discussões.
Isso certamente geraria desavenças e desvirtuaria o processo. Devemos sempre valorizar
ideias propostas, não esquecendo que a meta de um processo de negociação é a obtenção
do acordo. É importante resolver os impasses, com objetividade e total concentração no
assunto em discussão.

5.4 PARTICIPE ATIVAMENTE DO PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO

Para que uma negociação chegue a bom termo, todos devem apresentar suas ideias e
propostas. Mas é preciso evitar o binômio “muita discussão e nenhuma conclusão.”
Além disso, as ideias devem ser expostas de forma bastante clara, de modo que todos
entendam os argumentos que são apresentados. Isso é estar preparado para falar.

5.5 É PRECISO SABER OUVIR

Saber ouvir o parceiro é uma questão de respeito. Em determinados momentos, ouvir é


tão importante quanto falar. Sabendo ouvir, além de colhermos fatos, opiniões e sentimentos,
valorizamos as ideias de nossos parceiros, motivando-os a cooperar no processo.

16 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL


5.6 BUSQUE COOPERAÇÃO POR MEIO DO DIÁLOGO, DA CONVERSAÇÃO

Você já sabe da importância do diálogo no processo de negociação. O desafio está em


conseguir desenvolver um diálogo de forma a obter um melhor resultado para nós e para
o nosso parceiro.

5.7 DOMINE AS EMOÇÕES FORTES

Muitas vezes as pessoas se perdem quando encontram obstáculos inesperados. O


inesperado traz quase sempre insegurança e não permite uma atitude que ajude o nosso
parceiro. Desarme seu oponente, apreciando suas ideias e suas críticas. Isso significa ser
maduro e estar preparado para grandes desafios.

5.8 DESPERTE A CONFIANÇA EM VOCÊ

Algumas vezes não confiamos plenamente em nós mesmos, simplesmente porque não
entendemos o que está acontecendo ou o que se passa.

5.9 LIDERANÇA – SABER-FAZER, SABER CONVIVER EM GRUPO, FLEXIBILIDADE

O líder deve, sobretudo, entender e admitir que as pessoas são capazes e têm com-
petências, possuem um potencial criativo, apresentam carências e estão envolvidas com
a organização e seus objetivos, além de estarem sempre ávidas por responsabilidades.
Referimo-nos aqui à competência e habilidade que o líder deve ter em formar equipes, times
e grupos autogerenciáveis.
Um dos principais fatores da liderança é a perfeita comunicação. Neste processo não
pode haver ruídos. Não existe mais ou menos. A compreensão deve ser feita, porém, para
tanto, é necessário que a exposição também seja perfeita, clara, objetiva. Quanto mais
simples, mais compreensível.
Um líder deve dar vazão, permitir a exposição completa daquele que deseja expressar-
se; saber ouvir e ser um bom ouvinte, abandonar os paradigmas e premissas, suas verdades,
limpar sua mente para abstrair a informação do seu interlocutor, compreendendo-a antes
de tudo, sem compará-la com as suas posições sobre o assunto. Desprender-se dos seus
anseios e aspirações, da sua própria liderança, sentir-se feliz ao ser superado, elogiar a mais
óbvia argumentação por estímulo ao discernimento, envolvimento e participação daquele
que a requisita; neutralizar-se para ouvir opiniões sob diversas culturas e credos, refinar o
diálogo, compreender o não verbal: gestos, expressões, posturas e outros.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 17


6.ÉTICA / ETIQUETA / COMUNICAÇÃO NO TRABALHO

6.1 ÉTICA

A origem da palavra ética vem do grego “ethos”, que quer dizer o modo de ser, o cará-
ter. A palavra também foi traduzida para o latim “mos” ou no plural “mores”, que quer dizer
costume, de onde vem a palavra moral. Tanto “ethos” ( caráter) como “mos” ( costume,
moral) indicam um tipo de comportamento propriamente humano, o homem não nasce
com ele, mas adquire com o hábito.
A moral é definida como um conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes,
valores que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social, portanto a moral
é normativa.
Enquanto a ética é definida pela teoria, o conhecimento ou ciência do comportamento
moral de uma sociedade, sendo assim a ética é filosófica e científica.
Para que haja ética é preciso que exista o agente consciente, isto é, aquele que sabe
a diferença entre o bem e o mal.
A ética é constituída por valores e pelas obrigações que formam o conteúdo das con-
dutas morais, isto é, as virtudes, que são realizadas pelo sujeito moral, principal constituinte
da existência ética.

6.2 ETIQUETA

Etiqueta é o conjunto harmonioso de boas maneiras, bons costumes, atitudes, gestos,


palavras, voz, fisionomia e traje.
Pode ser classificada em:

6.2.1 Etiqueta Doméstica


É a arte de lidar com a família e os empregados.

6.2.2 Etiqueta Social


São as regras para convivência em sociedade (festas, recepções comemorações).

6.2.3 Etiqueta Profissional


Comportamento no trabalho (funcionários em relação a superiores, colegas de traba-
lho, subordinados e ao público em geral).
Embora existam as regras de etiqueta, é importante ressaltar que estas são vulneráveis
porque estão diretamente ligadas aos costumes sociais, que são transitórios, influenciados
principalmente pela modernização e condição econômica de uma maneira geral. As regras
de etiqueta se modificam, mas a educação e respeito humano nunca caem de moda.
A adequação do traje de trabalho tem a ver com a atividade, com o local e horário
em que será usado. Se não for um uniforme obrigatório, segue o que se recomenda para o
traje em geral. Este não depende de luxo e nem precisa respeitar hierarquias. No trabalho,
é considerado inadequado para mulheres roupas coladas no corpo, curtas, com decotes ou
em tecidos transparentes ou brilhantes. Deve-se vestir com elegância e discrição.
Quanto a joias e bijuterias no trabalho, é conveniente usar o mínimo em tamanho e
quantidade. Brincos, colares e outros acessórios que sejam discretos.

18 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL


Os sapatos devem ser confortáveis, melhor que sejam delicados e de salto médios,
sempre limpos assim como a bolsa. Nada impede que se use um salto mais alto, desde que
não interfira na postura e no equilíbrio para caminhar.
Para o homem valem recomendações bem parecidas. O uso do paletó e gravata é
praticamente obrigatório em algumas empresas, também conforme o cargo do funcionário.
Se não for o caso de paletó e gravata, uma camisa e calça social ficam muito bem. No mais,
esteja sempre bem vestido, lembrando que o sapato também conta bastante. Vale ressaltar
que o uso do boné é sempre inadequado no ambiente de trabalho, salvo em locais mais
descontraídos, como é o caso de empresas de publicidade e propaganda.
Os jeans podem ser usados, tendo em vista o local de trabalho, se é um ambiente mais
descontraído nada impede, desde que seja discreto, nada de jeans decorado ou rasgado.
Roupas limpas e passadas, sem manchas, rasgos ou falta de botões, é um mandamento
básico.

6.2.3.1 Postura e Andamento


Postura significa: “posição de corpo e atitude”, lembre-se: o corpo fala.
De acordo com a postura do corpo, podemos aparentar segurança, confiança, de-
pressão, timidez, alegria ou tristeza. Devemos prestar atenção como a coluna vertebral e os
ombros são mantidos. Devemos perceber nossa postura. Um andar correto é consequência
de uma postura ajustada. Dessa maneira, podemos afirmar que postura e andamento estão
intimamente ligados.

6.2.3.2 Telefone
Como meio de comunicação dos mais práticos, substituindo muitas vezes cartas e
telegramas, depois que as ligações intercontinentais se tornaram rotineiras, o telefone é
uma necessidade social.
Pode, no entanto, tornar-se inoportuno, na hora do almoço, por exemplo.
Existem pessoas que usam o telefone sem a consideração devida àquele que está
sendo chamado. É de bom senso, após a identificação e troca de cumprimentos, começar
uma conversa, mas de forma objetiva, pois uma conversa longa sem indagar se o locutor está
com tempo disponível é descortesia. Sabendo-se que é nos horários das refeições que se
encontram as pessoas, ao dar este telefonema deve sempre haver a preocupação de não se
prolongar a conversa, e somente ligar se o assunto for muito urgente ou combinar de voltar
a chamar um pouco mais tarde. Nas ligações internacionais, antes de discar é conveniente
olhar o relógio, lembrando a diferença de fuso horário.
Ao telefone, deve-se fazer uso de uma voz clara, procurando pronunciar bem as pa-
lavras, dando uma inflexão amável, facilitando a compreensão da mensagem. Não se usam
expressões: “querida”, “meu bem”, dirigidas a quem não se conhece, hábitos ainda inacei-
táveis em telefonemas comerciais.
Existem desculpas que se tornaram chavões nas ligações telefônicas e já estão desacre-
ditadas. “Ele está em reunião”; perguntar quem está falando para depois dizer que a pessoa
procurada não pode atender, deve ser feito o inverso para não causar constrangimento para
quem telefona, passando a impressão que a pessoa chamada não quis atender.
Quem se despede é sempre quem originou a ligação. Caso a pessoa chamada tenha que
interromper a ligação se desculpa, deixando subentendido que o mais cortês seria aguardar
as despedidas da outra. Toda vez que houver visitas ou clientes e o telefone chamar, deve-se
pedir licença para atender.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 19


Vale ressaltar que no ambiente de trabalho, o telefone deve ser para uso restritamente
profissional, sendo que os assuntos pessoais em situações emergenciais deverão ser breves
e objetivos para não acarretar prejuízos para o desenvolvimento das atividades.

6.2.3.3 Comunicação

A internet tornou-se, nos últimos anos, um componente importante da vida das


pessoas e invadiu, literalmente, o campo do trabalho, com vários segmentos utilizando-a
intensamente. Quem a utiliza menos, recebe e responde e-mails, também a usando como
ferramenta de trabalho. Só que, em algumas empresas e sob o argumento de que atrapalha
as tarefas das pessoas, o acesso à grande rede é bloqueada ou somente parcialmente libe-
rada, com restrição a sites e à navegação, pois muitos trabalhadores fazem mau uso deste
recurso prejudicando o andamento do trabalho.
Os sites de relacionamentos atuais (orkut, facebook, twiter, etc), muitas vezes compro-
metem as pessoas demasiadamente e muitas empresas pesquisam sobre o perfil do novo
funcionário nestes sites antes de contratar. Portanto, é fundamental ter muito cuidado na
hora de participar de comunidades polêmicas.
Nesta era digital, conseguimos nos conectar e estar próximo das pessoas e lugares
distantes em fração de segundos, mas, por vezes, não conseguimos estabelecer laços com
quem está ao nosso lado no dia a dia de nossas vidas. Por isso, precisamos urgentemente
ser educados para o uso efetivo da comunicação.
A comunicação não se constitui apenas da palavra verbalizada. Temos que aprender a
ser artistas, no sentido de captar mensagens, interpretá-las adequadamente e potencializá-
las criativamente.
A comunicação pode ser:
a) verbal: fala, escrita, comunicação oral (entonação de voz, velocidade em que as
palavras são ditas, dicção, audição);
b) não verbal: o corpo fala por meio das expressões dos olhos, da face, das mãos, etc.

6.2.3.4.1 Regras para uma boa comunicação


a) Usar uma linguagem clara.
b) Ser objetivo.
c) Evitar duplo sentido.
d) Ser simples.
e) Não monopolizar a conversa, dividir o falar e o escutar.
f) Aprender a ouvir e aceitar opiniões.
g) Não interromper.
h) Despertar o interesse.
i) Falar alto e modulado, evitando monotonia.
j) Olhar nos olhos.
k) Não usar cacoetes, gírias e palavrões.
l) Ter segurança e conhecimento sobre o assunto que discorrerá.
m) Manter a postura (firme, relaxado e jamais dar as costas).
n) Elogiar as pessoas.
o) Aceitar críticas.
p) Transmitir alegria e entusiasmo.

20 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL


6.2.3.4.2 Barreiras na comunicação
a) Tom de voz.
b) Bloqueio emocional.
c) Tiques – cacoetes.
d) Desinteresse pelo tema.
e) Distância.
f) Desnível cultural.
g) Autossuficiência exagerada.
h) Descrédito.
i) Excesso de palavras.
j) Termos não conhecidos.
k) Conversas paralelas.
l) Pressa – ansiedade.
m) Momento inadequado.
n) Tempo prolongado.

7 COMPETÊNCIA PROFISSIONAL E PESSOAL

Todos podemos adquirir competências profissionais e pessoais para um bom desem-


penho na profissão.

7.1 O QUE É COMPETÊNCIA PROFISSIONAL

a) Escolher uma boa profissão.


b) Fazer cursos extras curriculares e de atualizações.
c) Gostar do que faz.
d) Ser capaz de aceitar desafios.

7.2 ATRIBUTOS SOLICITADOS PELO MERCADO DE TRABALHO ATUAL

7.2.1 Esforço constante


Motivação para fazer sempre o melhor, ambição para estar sempre conquistando o
seu espaço.

7.2.2 Dedicação
Ter amor, carinho e respeito pela profissão.

7.2.3 Fidelidade
Pela empresa, pela profissão, não se deixar corromper.

7.2.4 Organização
Pessoal e profissional.

7.2.5 Agilidade e Capricho


Capacidade para desenvolver um trabalho com precisão, rapidez e perfeição para
a empresa.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 21


7.2.6 Discrição
Para ganhar confiança, mesmo que sem querer ver ou ouvir alguma coisa, permanecer
afastado do assunto.

7.2.7 Cultura
Para poder conversar sobre vários assuntos e relacionar-se bem com a nova equipe, é
de grande importância a leitura e os estudos, pois ajudam no desenvolvimento pessoal.

7.2.8 Prudência
Para agir corretamente e julgar o que fazer diante de determinadas situações pessoais
e profissionais.

7.2.9 Responsabilidade
No cumprimento dos deveres, horários, normas e regulamentos, na realização das
tarefas solicitadas, na hora de aceitar desafios.

7.2.10 Iniciativa
Para colaborar, sugerir, procurar estar sempre ocupado com alguma atividade e não
ficar esperando que alguém lhe passe o trabalho.

7.2.11 Amabilidade
Para cativar as pessoas e cultivar bons relacionamentos, transmitindo boa imagem
profissional e da empresa, desta forma cultivar um ambiente de respeito e saudável.

7.3 O QUE É COMPETÊNCIA PESSOAL

a) Estar motivado todos os dias.


b) Sentir-se feliz, de bem com a vida, buscando sempre a realização pessoal.
c) Acreditar na possibilidade de crescer profissionalmente.
d) Gostar do que faz e se sentir capaz de ser o melhor.
Para manter um estado qualitativo, é preciso estar preparado tecnicamente e pessoal-
mente, tendo uma postura de vida adequada, postura profissional, entusiasmo, informação
e cultura geral.
E tudo se consegue tendo orgulho, respeito e carinho pela profissão.

7.4 SUGESTÕES

- Olhe as pessoas nos olhos.


- Ao cumprimentar, aperte a mão com energia.
- Pense positivamente a seu respeito e a respeito do próximo.
- Atenha-se ao que a pessoa falou especificamente. Não imagine coisas.
- Pergunte quando tiver dúvidas.
- Não espere que as pessoas adivinhem o que você quer, fale.
- Nas discussões orais, não ataque e nem defenda, questione.
- O tom de voz pesa muito na comunicação. Procure falar firme, objetivamente e sem
dramas.
- Reforce o ego do outro. Procure entusiasmá-lo.
22 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL
- Fique atento na comunicação não verbal do outro.
- Deixe que o outro fale. Não o bombardeie com problemas.
- Chame as pessoas pelo nome.
- Procure saber o sentido que determinadas palavras tem para os outros.
- Preste atenção ao que estão falando. Não converse outra conversa simultaneamente.
- Se tiver com pressa, comunique o fato e retire-se.
- Siga a conversação em sequência. Evite detalhes.
- Troque o “não concordo” por “o que você acha?”
- Só cobre o que for negociado.
- Seja objetivo. Elogie ou critique a atitude, nunca a pessoa.
- Evite as comparações. Fale o que tiver que falar, mas não compare.
- Desenvolva a empatia.
- Saiba ser esportivo. Aceite uma brincadeira. Ria junto, questione a validade da mes-
ma e cale-se.
- Cumpra o que prometeu ou avise assim que sentir impossibilidade de fazê-lo.
- Use bem o seu tempo, respeite o tempo do outro, não o distraia e nem o faça esperar
desnecessariamente.
- Aceite as críticas. Pense a respeito, veja o que ela tem de verdadeira e só depois você
deve desprezá-la.
- Tenha uma posição discreta sobre as maravilhas e aberrações.
- Nunca subestime e nem supervalorize seus adversários.
- Mantenha um comportamento diplomático. Não se envolva em bate-bocas, não dê
importância a fofocas. Lembre-se que o tempo modifica as visões dos fatos.
- Saiba guardar segredos, profissionais ou não.
- Lembre-se que o que é óbvio para você, poderá não ser para o outro. Seja explícito,
agilize seu pensamento. Ache soluções, saiba optar. Tenha claro seu objetivo.
- Desenvolva a automotivação.
- Destaque o que você tiver de positivo.
- Perdoe. Todos somos humanos, com falhas humanas.
- Procure observar os jogos que as pessoas fazem.
- Respeite a hierarquia, mas como pessoa humana sinta-se de igual para igual.
- Tenha claro suas qualidades e seus defeitos. Cultive-se, evolua.
- Seja solidário.
- Seja poroso. Tire proveito dos ensinamentos.
- Não culpe os outros, procure sempre soluções e não culpados.
- Reforce o certo.

7.5 ENTREVISTA DE EMPREGO

Para ser chamado para uma entrevista, o seu currículo deve despertar o interesse do
entrevistador, portanto não utilize recursos como cores, desenhos ou outros detalhes.
O currículo adequado é aquele que alia um bom conteúdo a uma apresentação discreta.
Dados obrigatórios em qualquer currículo: nome, data de nascimento, estado civil, telefone
com código de área, e-mail, informações funcionais e acadêmicas.

7.5.1 Como se comportar numa entrevista


Primar pela aparência: mesmo para os cargos mais modestos, a imagem adequada
diz bastante sobre o profissional. Vestir-se discretamente, isso quer dizer, não usar roupas

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 23


muito coladas ao corpo, bermudas, minissaias, miniblusas, bonés, maquiagem carregada,
decotes exagerados, sapatos ou sandálias sujos, e outros.
A higiene deve ser levada a sério.
Entre na sala com uma postura corporal correta, sente-se na cadeira com a coluna
reta, não coloque o cotovelo na mesa, não masque chicletes e não fale cuspindo. Não fique
passando as mãos nos cabelos, pelo rosto ou cruzando as pernas. Evite mexer nos acessórios
(colares, pulseiras, etc) ou outro tique nervoso que você tenha.
A sua entrevista ficará comprometida se não souber se comunicar com clareza e de
forma eficaz. Lembre-se que a comunicação é verbal e não verbal, portanto, às vezes o corpo
fala mais do que as palavras.
Aperto de mão e braços soltos, nunca braços cruzados. Evite se apoiar na mesa do
entrevistador.
Olhe sempre nos olhos do entrevistador.
Se for servido café ou água, aceite, mas se for servido algo para comer, evite, pois
biscoitos soltam farelo e atrapalham a conversação.
Jamais fale mal da empresa anterior.

8 QUALIDADE NO TRABALHO

“Qualidade no atendimento significa o melhor que se pode fazer o padrão mais elevado
de desempenho, a excelência.” (MAXIMILIANO,1997).
Um dos mais importantes fatores que influenciam a qualidade e a produtividade nas
práticas e operações da rotina profissional é a relação entre o homem e seu local de traba-
lho.
O método dos 5’s enfatiza o princípio de que, trabalhando-se em um ambiente limpo,
saudável e organizado, a empresa não só poderá obter ganhos de melhoria referentes aos
aspectos físicos, reduzindo desperdícios, problemas e defeitos causados pela máquina, bem
como também poderá garantir mais conscientização e melhor motivação e participação
positiva por parte dos funcionários nas atividades.
Os 5’s é um movimento que nasceu no Japão no final da década de 60, em razão da
necessidade de recuperação econômica e industrial pós guerra. Era baseada na premissa
de que para se aumentar a qualidade e a produtividade no setor produtivo, era necessário
obter primeiro um ambiente limpo, organizado e que respeitasse o ser humano.
Portanto 5’s vem de 5 palavras japonesas que começam com a letra S e que possuem
a seguinte forma de tradução:

“Qualidade é fazer certo da primeira vez... Sempre!”


Nome – tradução direta Significado prático
SEIRI – Descarte materiais Seleção e descarte de desnecessários
SEITON – Organização e arrumação Arrumação e classificação física sistemática
SEISO – Limpeza Limpeza e procura das causas da sujeira e poeira
SEIKETSU – Asseio e padronização Manutenção dos padrões obtidos nos três primeiros “S”
SHITSUKE – Disciplina Disciplina e controle autônomos

Como uma ferramenta básica para iniciar qualquer atividade de melhoria em qualidade
e produtividade, os 5’s é aplicável em empresas de qualquer porte e de qualquer setor.
24 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL
8.1 QUALIDADES MAIS VALORIZADAS PELAS EMPRESAS

8.1.1 Para conquistar uma vaga


a) O currículo deve ter informações diretas referente ao cargo pretendido.
b) Para quem está há muito tempo fora do mercado, é muito importante buscar cursos
de qualificação.
c) Na hora da entrevista, o candidato deve demonstrar tranquilidade e não exagerar
nas roupas (não devem ser nem muito sociais e nem muito informais).
d) As mulheres não devem abusar da maquiagem e nem dos decotes.

8.1.2 Depois de contratado


a) Tenha jogo de cintura. Saiba lidar com os superiores e com os clientes da melhor
maneira possível, destacando-se pela desenvoltura e educação.
b) Seja ágil.
c) Pontualidade é essencial. Isso é reflexo de responsabilidade. Cumpra seus compro-
missos nos horários corretos.
d) Mostre-se solícito. Tenha acima de tudo disposição para trabalhar, mostre-se pres-
tativo, disposto para ajudar e aprender.
e) Dedicação, disponibilidade, garra, humildade e força de vontade.
f) Tenha bom relacionamento. Faça seu marketing pessoal e destaque-se. Um bom re-
lacionamento com os colegas e com o gestor será um diferencial bem importante.

9 HIGIENE PESSOAL

Além de fundamental para o intercâmbio pessoal, a higiene do corpo também é


importante para a saúde. Inúmeras doenças, principalmente da pele decorrem da falta de
higiene. Manter o corpo asseado e as roupas limpas são o primeiro preceito a ser ensinado
às crianças e jovens, no lar e na escola é um imperativo para os adultos.
O odor do corpo pode afetar o relacionamento social, tanto quanto pessoal, como é
o caso do mau hálito, portanto deve-se sempre estar atento a estas questões.
O cabelo, independente do estilo da pessoa, deve estar sempre limpo, bem cortado
e penteado, tanto para homens como para mulheres. Os cabelos descuidados passam a
impressão de desleixo.
O rosto é nosso cartão de apresentação principal. Contém um grande número de in-
formações de interesse social. Portanto, cuidado com excesso de maquiagem, no caso das
mulheres e os homens, deverão cuidar para manter os cuidados com a barba.
Desde muito cedo os meninos e as meninas devem ser ensinados a cuidar das unhas
dos pés e das mãos. Ter um cortador de unhas em casa é conveniente mesmo para os que
preferem pagar o serviço nas barbearias que oferecem manicuras para limpeza. As meninas e
as mulheres mais que os homens, atentam para o cuidado com as unhas, mas não deveriam
esperar até que a pintura fique em muito mau estado para refazê-las.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 25


10 PREVENÇÃO E SEGURANÇA NO TRABALHO

Em um programa de segurança na empresa, envolvem-se todos os níveis gerenciais


e os empregados. Todas as pessoas devem ter interesse em programas de segurança, mas
podemos concluir que o maior interessado seja o funcionário.
Para tanto, é imprescindível o uso correto dos equipamentos de proteção individual –
EPI , de acordo com a função exercida e as normas de segurança do trabalho.
Caso ocorra um acidente de trabalho, a empresa tem 24 horas para comunicar o ocor-
rido ao órgão competente.
As empresas privadas ou públicas e os órgãos governamentais que possuem emprega-
dos no regime Consolidação das Leis de Trabalho – CLT, são obrigados a organizar e manter
em funcionamento, uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA.

10.1 CORES NA SEGURANÇA DO TRABALHO

a) Vermelho – Indica equipamentos e aparelhos de proteção contra incêndio, portas


de saídas de emergência.
b) Alaranjado – Parte móveis e perigosas das máquinas e equipamentos.
c) Amarelo – Pilastras, vigas, postes, colunas e partes salientes de estrutura e equipa-
mentos em que se possa esbarrar.
d) Verde – Caixa de equipamentos de socorro e urgência.
e) Azul – Advertência localizada nos pontos de partida ou fonte de energia.
f) Púrpura – Perigo de radiações eletromagnéticas e partículas nucleares.
g) Branco – Localização de coletores de resíduos, de bebedouros e áreas destinadas
à armazenagem.
h) Preto – Indica coletores de resíduos em substituição ao branco ou combinado.

11 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

No ambiente urbano das médias e grandes cidades, a escola, além de outros meios de
comunicação é responsável pela educação do indivíduo e consequentemente da sociedade, uma
vez que há o repasse de informações, isso gera um sistema dinâmico e abrangente a todos.
A população está cada vez mais envolvida com as novas tecnologias e com cenários
urbanos perdendo desta maneira, a relação natural que tinha com a terra e suas culturas. Os
cenários, tipo Shopping Center, passam a ser normais na vida dos jovens e os valores rela-
cionados com a natureza não tem mais pontos de referência na atual sociedade moderna.
O relacionamento da humanidade com a natureza, que teve início com um mínimo
de interferências nos ecossistemas,tem hoje culminado numa forte pressão exercida sobre
os recursos naturais.
Atualmente, são comuns a contaminação dos cursos de água, a poluição atmosférica, a
devastação das florestas, a caça indiscriminada e a redução ou mesmo destruição do habitat
faunístico, além de muitas outras formas de agressão ao meio ambiente.
A educação ambiental enfatiza as regularidades, e busca manter o respeito pelos di-
ferentes ecossistemas e culturas humanas da Terra. O dever de reconhecer as similaridades
globais, enquanto se interagem efetivamente com as especificidades locais, é resumido no
seguinte lema: “ Pensar globalmente, agir localmente.”

26 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL


11.1 CONSUMO SUSTENTÁVEL

Consumo sustentável quer dizer saber usar os recursos naturais para satisfazer as
nossas necessidades, sem comprometer as necessidades e aspirações das gerações futuras,
ou seja, saber usar para nunca faltar.
E isso não exige grande esforço, somente mais atenção com o que está ao nosso redor,
no nosso ambiente.
Normalmente, não nos preocupamos com a quantidade de água que usamos para
escovar os dentes, tomar banho, lavar a louça ou o carro.
Por absoluta desatenção esquecemos-nos de apagar a luz quando saímos de um cô-
modo. Nem nos tocamos em relação ao consumo de papel, seja em casa ou no trabalho,
estamos sempre desperdiçando papel. Misturamos o lixo doméstico , quando seria muito
simples separar os restos de comida do papel, da lata, do vidro ou do plástico. Nunca paramos
para pensar que este comportamento displicente vai acarretar sérias e graves dificuldades
para os nossos descendentes.

11.1.1 Água
Hoje, metade da população mundial enfrenta graves problemas de abastecimento de
água. Muitas fontes de água doce estão poluídas ou simplesmente, secaram.
97% da água existente no planeta Terra é salgada (mares e oceanos), 2% formam geleiras
inacessíveis e apenas 1% de água doce para atender 6 bilhões de pessoas. Este pouquinho de
água que nos resta, está ameaçado. Cada um de nós tem uma parcela de responsabilidade
em relação a isso. Mas não podemos resolver tudo, porém podemos dar nossa contribuição
no dia a dia. É necessário fazer um uso racional deste recurso precioso. A água deve ser usada
com responsabilidade. É importante termos consciência de que estamos contribuindo efeti-
vamente para reduzir os riscos de matarmos a nossa fonte de vida: a água.
11.1.2 Energia elétrica
O consumo de energia elétrica aumenta a cada ano no Brasil. Voltamos a questão
do desperdício. E é nesse ponto que entra a nossa contribuição. O consumo residencial e
comercial representa cerca de 42% do consumo total.
No segmento residencial, houve um aumento de uso da eletricidade por incorporação
de novos eletrodomésticos. Será que precisamos de todos eles, realmente?

11.1.3 Lixo
Enquanto a água pode faltar, o lixo sobra. É lixo demais e ele sempre aumenta. Tecni-
camente, é possível recuperar e reutilizar a maior parte dos materiais que na rotina do dia
a dia é jogada fora. Latas de alumínio, vidros e papéis, facilmente coletados, estão sendo
reciclados em larga escala em muitos países, inclusive no Brasil.
Embora seja um processo em crescimento, ainda não é economicamente atrativo para
todos os casos. Assim, nos restam as alternativas: evitar produzir lixo, reaproveitar o que for
possível e reciclar ao máximo. Faça uso delas no seu cotidiano.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 27


12 CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS PESSOAIS

Empreendedorismo designa os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas


origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação.
Empreendedor é o termo utilizado para qualificar, ou especificar, principalmente, aquele
indivíduo que detém uma forma especial, inovadora, de se dedicar às atividades de organi-
zação, administração, execução; principalmente na geração de riquezas, na transformação
de conhecimentos e bens em novos produtos – mercadorias ou serviços; gerando um novo
método com o seu próprio conhecimento. É o profissional inovador que modifica, com sua
forma de agir, qualquer área do conhecimento humano. Também é utilizado – no cenário
econômico – para designar o fundador de uma empresa ou entidade, aquele que construiu
tudo a duras custas, criando o que ainda não existia.
Uma das definições mais aceitas hoje em dia é dada pelo estudioso de empreendedo-
rismo, Robert Hirsch, em seu livro “Empreendedorismo”. Segundo ele, empreendedorismo
é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e o esforço necessários,
assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as
consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal.
A satisfação econômica é resultado de um objetivo alcançado (um novo produto ou
empresa, por exemplo) e não um fim em si mesma
Segundo Leite (2000), nas qualidades pessoais de um empreendedor, entre muitas,
destacam-se:
a) iniciativa;
b) visão;
c) coragem;
d) firmeza;
e) decisão;
f) atitude de respeito humano;
g) capacidade de organização e direção.
Traçar metas, atualizar conhecimentos, ser inteligente, do ponto de vista emocional,
conhecer teorias de administração, de qualidade e gestão, são mudanças decorrentes da
globalização e da revolução da informação. O empreendedor deve focalizar o aprendizado
nos quatros pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a convi-
ver e aprender a ser, e com isso, ser capaz de tomar a decisão certa frente à concorrência
existente. Novas habilidades vêm sendo exigidas dos profissionais para poderem enfrentar
a globalização com responsabilidade, competência e autonomia.
Buscam-se profissionais que desenvolveram novas habilidades e competências, com
coragem de arriscar-se e de aceitar novos valores, descobrindo e transpondo seus limites.
O futuro é cheio de incertezas, por isso, é preciso refletir sobre: habilidades pessoais e pro-
fissionais; criatividade; memória; comunicação; como enfrentar este século. Diferenciar-se
dos demais, revalidar seu diploma pessoal e profissional, rever convicções, incorporar outros
princípios, mudar paradigmas, sobrepor idéias antigas às novas verdades, este é o perfil
do profissional que, trocando informações, dados e conhecimentos, poderá fazer parte do
cenário das organizações que aprendem, das organizações do futuro. São mudanças socio-
culturais e tecnológicas que fazem repensar hábitos e atitudes frente às novas exigências
do mercado.

28 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL


Conquista-se a autonomia profissional quando se é perseverante, determinado,
aprendiz, flexível e quando se tem:
a) positividade;
b) organização;
c) criatividade;
d) inovação;
e) foco.
Essas qualidades ajudam a vencer a competitividade dos tempos modernos. Pela ex-
periência pode-se afirmar que a maioria das pessoas, se estimuladas, podem desenvolver
habilidades empreendedoras. Ouve-se e fala-se que o empreendedor precisa ter visão.
Visão pessoal. Uma visão que vem de dentro. A maioria das pessoas tem pouca noção da
verdadeira visão, dos níveis de significado. Metas e objetivos não são visão. Ser visionário é
imaginar cenários futuros, utilizando-se de imagens mentais. Ter visão é perceber possibili-
dades dentro do que parece ser impossível. É ser alguém que anda, caminha ou viaja para
inspirar pensamentos inovadores.
Esse enfoque se volta à disposição de assumir riscos e nem todas as pessoas têm esta
mesma disposição. Não foi feito para ser empreendedor quem precisa de uma vida regra-
da, horários certos, salário garantido no fim do mês. O empreendedor assume riscos e seu
sucesso está na “capacidade de conviver com eles e sobreviver a eles”.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 29


REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Resiliência. A construção de uma nova pedagogia para uma escola pública
de qualidade. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

APOSTILA de Jogos Cooperativos. Organização: Juliana Assef Pierotti.

ASSIS, Simone Gonçalves de; PESCE, Renata Pires; AVANCI, Joviana Quintes.

BRASIL, MEC. Em Aberto (Currículo: referenciais e tendências). INEP, Brasília, n.º 58, abril/
jun 1993.

COLL, César et al. Os Conteúdos na Reforma: ensino e aprendizagem de conceitos, proce-


dimentos e atitudes. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

COSTA, Antonio Carlos Gomes. Resiliência. Pedagogia da presença. São Paulo: Modus
Faciend,1995.

D’AURIA, Alberto. Resiliência reduz riscos de doenças e melhora a qualidade de vida.


Disponível em:< http://carreiras.empregos.com.br/carreira/administracao/qualidade_de_
vida/030203- resiliencia_alberto_dauria.shtm>. Acesso em: 10 dez 2005.

FRANKL. Um sentido para a vida: psicoterapia e humanismo. São Paulo: Editora Santuário; 1989.

HERSEY, Paul & BLANCHARD, Kenneth H. Psicologia para Administradores. São Paulo: Editora
Pedagógica e Universitária, 1986.

JANTSCH, A. P. e BIANCHETTI, L. (Orgs). Interdisciplinaridade. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.

JORNAL Gazeta do Povo. Publicação 16 de outubro de 2010.

LINKERT, Rensis e LINKERT, Jane. Administração de conflitos: novas abordagens. São Paulo:
Ed. McGrawHill, 1979.

MENEZES, Isabel. Desenvolvimento Pessoal e Social / Programa para o Ensino Secundário.

MORETTO, Vasco P. Construtivismo, a produção do conhecimento em aula. 3. ed. Rio de


Janeiro: DP&A, 2002.

MORIN, Edgar. Sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cotez, 2000.

PERRENOUD, Philipe. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Mé-
dicas, 2000.

PROPOSTA de Objectivos Gerais e Específicos. Documento policopiado, produzido para o


IIE (Instituto de Inovação Educacional), que recolhe contribuições diversas, não individua-
lizadas.

30 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL


SIQUEIRA, Wagner. Aumente sua flexibilidade à mudança. Disponível em:< http://
www.wagnersiqueira.com.br/opiniao/flexmud.htm.> Acesso em: 10 dez 2005.

Wikipédia – Web.

ANEXOS

ANEXO A - RESILIÊNCIA, A NOVA COMPETÊNCIA DO LÍDER DE SUCESSO


(Rosley Sulek Buche Barros)

O termo resiliência com sua origem na Física significa resistência ao choque ou à


propriedade pela qual a energia potencial armazenada num corpo deformado é devolvida
quando cessa a tensão incidente sobre o mesmo. Nas Ciências Humanas, a resiliência passou
a designar a capacidade de resistir flexivelmente à adversidade, utilizando-a para o desen-
volvimento pessoal, profissional e social.
Neste artigo pretende-se apresentar a resiliência como sendo a nova competência de
um líder de sucesso, porque as pessoas resilientes enfrentam os desafios, de forma dife-
renciada, dos que não são, porque projeta para si, o sentido de lutar pela consistência de
seus sentimentos; enfrentam as situações com bom humor, e fazem do amor incondicional
que evidenciam pela vida e pelas pessoas à sua volta, o motor de sua sobrevivência e da
autossuperação.
Palavras-chave: resiliência, competência, liderança.
A vantagem se existe alguma, em estar no fundo do poço é que qualquer movimento
leva-nos para cima. (Frase de DONALD TRUMP).
A resiliência tem agregado um importante valor para se enfrentar os processos de
adversidade.
Resiliência é a capacidade que as pessoas têm de atravessar situações de crise e de
adversidades, podendo estas ser: de cunho empresarial, social, familiar, superando-as e
saindo destas fortalecidos e transformados positivamente.
A ferocidade da globalização, as novas tecnologias, a falta de emprego, de valores éti-
cos e morais acabam por gerar um mal-estar dentro das instituições, bem como diferentes
problemas sociais e de saúde nas pessoas.
O estresse profissional é uma realidade percebida hoje em dia nas mais diversas áreas
e setores do mercado de trabalho e, ao contrário do que muitos podem imaginar, não está
limitado aos profissionais que desempenham altos cargos em grandes empresas. O proble-
ma está presente nos mais distintos níveis hierárquicos, em empresas de todos os portes
e se intensifica à medida que aumentam as responsabilidades, cobranças, pressão laboral,
competitividade, estafante jornada de trabalho, entre outras características muito típicas do
mundo globalizado. Frente a isso, há de se questionar o como manter a qualidade de vida
e o equilíbrio emocional.
A origem da concepção de resiliência se dá desde o princípio da humanidade, pois ex-
pulsados do “paraíso terreno”, Adão e Eva tiveram que demonstrá-la para continuar a viver.
O seu surgimento nas Ciências Humanas é recente. As primeiras pesquisas se dão na Europa,
logo aparece na América do Norte, e recentemente na América Latina. O termo surgiu na
Física e significa a capacidade humana de superar tudo, tirando proveito dos sofrimentos,
inerentes às dificuldades. O profissional resiliente é aquele que se recupera e molda-se a
cada “deformação”, ou seja, obstáculo situacional.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 31


O equilíbrio humano é análogo à estrutura de um prédio, se a pressão for superior à
resistência, aparecerão rachaduras, ou poderia se referir às doenças e lesões, por exemplo.
Em meio as mais diferentes doenças psicossomáticas que se manifestam no sujeito que
não possui resiliência, estão não somente o estresse, mas doenças graves como a gastrite,
a síndrome do pânico, incluindo ainda problemas como vaginites, doenças intestinais, hi-
pertensão arterial, entre outros moléstias.
Durante o ciclo de vida natural, é imperativo o indivíduo desenvolver a resiliência para
conseguir ultrapassar os momentos de transições com ganhos, nas diferentes fases: infância,
adolescência, juventude, fase adulta e senilidade, até mesmo, compreendendo mudanças,
como de solteiro para casado.
A pessoa que possui resiliência desenvolve a competência de reconstruir-se e moldar-se
novamente a cada obstáculo, a cada desafio. Se transpusermos o raciocínio para o cotidia-
no, poderemos observar que, quanto mais resiliente for o sujeito, haverá menos doenças e
perdas e mais desenvolvimento pessoal será alcançado.
Um sujeito submetido a situações de estresse, e que tem a sabedoria para vencer sem
lesões severas, analogicamente falando, sem rachaduras, é um resiliente. Já o profissional
que não possui resiliência é o chamado “homem de vidro”, que se “quebra” ao ser submetido
às pressões e situações estressantes.
A ideia de resiliência pode ser comparada às modificações da forma de uma bexiga
parcialmente inflada, se comprimida, adquirindo as formas mais diversas e retornando ao
estado inicial, após pressões exercidas sobre a mesma. (Dr. ALBERTO D’AURIA, 2005).
A resiliência consiste em equilíbrio entre a tensão e a habilidade de lutar, além do
aprendizado adquirido com entraves, limitações, sofrimentos. Em outras palavras, é atingir
diferente nível de consciência. Toda organização deve se preocupar com a resiliência de seus
profissionais, uma vez que o indivíduo que não possui ou não desenvolve a resiliência, está
passível de sofrer severas consequências, que vão da queda de produtividade ao desenvol-
vimento das mais diversas doenças psicossomáticas.
É comprovada a desigual reação que os seres humanos têm frente ao desemprego,
às mudanças profundas que precisam fazer em suas vidas, e a resiliência tem agregado
um importante valor para se enfrentar os processos de adversidade, deste modo se faz
necessário desenvolver alguns aspectos que tem relação com a resiliência, em meio a eles
se pode enfatizar a autoestima, que é a base da resiliência. Pode-se mencionar, também, a
criatividade, a sensibilidades, o sentimento de aceitação incondicional, o humor, habilidades
sociais desenvolvidas e autoestima, aspectos estes característicos e necessários para o bom
desempenho de um líder, bem como são os pilares fundamentais para o desenvolvimento
da resiliência.
Existem tendências que determinam modos e perspectivas de pensamentos, como é
a tendência que se procura colocar como foco, sobre as deficiências, as adversidades e as
enfermidades.
A liderança precisa ser flexível, resiliente, hábil para adaptar-se rápida e permanente-
mente, com serenidade, à turbulência das crises.
Pessoas dinâmicas atuam em uma elevada celeridade de adaptação à mudança. Con-
vivem com a ambiguidade e a incerteza sem perda do equilíbrio emocional e intelectual, e
sem somatizar sequelas à sua saúde física e psicológica. De fato, até aprendem a emanar
satisfação de participar de um planeta em inalterável transformação. Incorporam ao seu
cotidiano, mentes e corações, o transitório da vida. E se tiverem que retroceder posterior-
mente determinado insucesso, de volta à circunstância anterior, fazem-no com tranquilida-

32 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL


de como componente do processo natural de oscilação da dinâmica das organizações e da
sociedade.
Situações imprevistas e inesperadas proporcionam simultaneamente riscos e oportu-
nidades. Assim um líder resiliente foca as oportunidades mais do que a solução dos antigos
problemas. O líder deve perceber claramente que o futuro das organizações está na explora-
ção adequada das oportunidades, que o foco na solução dos problemas exaure os recursos
da organização na procura pela recuperação do tempo perdido, fazendo-a regressar para
um passado em que as oportunidades se foram, restando somente o legado dos problemas
deixados pelo processo de mudança.
Adotar uma atitude negativa ou de depressão perante a crise bloqueia a capacidade
do líder de tomar decisões e de programar alternativas de ação. Desgasta as suas energias
pessoais e da equipe, com preocupações paralisantes vazias de resultados.
O líder resiliente faz uma reflexão sobre a experiência vivida e aprende com ela,
compartilha as aprendizagens com os demais membros da equipe, dialoga sobre estraté-
gias e alternativas para aplicá-las a situações idênticas no futuro, busca o consenso para a
experiência vivenciada, explorando o maior número de percepções existentes na equipe e
procura identificar em meio as diferentes opiniões o ponto de convergência ou, a mediatriz
comum com o qual todos concordam, sendo competente para integrar e orientar a equipe
na concretização de seus propósitos.
As rupturas na moral e coesão da equipe, nas suas práticas e precedentes, nas nor-
mas e procedimentos confundem as pessoas e as desviam dos objetivos. O líder será capaz
de tomar decisões mais eficazes se desenvolver um intenso sentimento compartilhado em
equipe, pela busca obsessiva de efetivação das prioridades e de preservação da honestidade
e da integridade dos valores essenciais da cultura do trabalho conjunto e solidário.
O líder de sucesso evita a confusão e anormalidades provocadas pelas rupturas, clari-
ficando valores e redefinindo prioridades. Ele não se afasta do propósito comum, ainda que
tenha que andar por percursos não desejados anteriormente. Ao se deparar com obstáculos,
trata de superá-los pela construção do consenso de soluções alternativas. Para uma liderança
de sucesso não se pode perder de vista que a reflexão é o prefácio da ação, desta forma um
líder bem sucedido mantém a serenidade para desfrutar do conforto de diversas alternativas
de solução para a crise, antes de se arremessar a qualquer uma delas.
Tolerância à ambiguidade, abertura à criatividade e à inovação, capacidade de adapta-
ção rápida e permanente à mudança são posturas que muito contribuem para desenvolver
individual e coletivamente a flexibilidade, o foco no que é essencial e não somente no que
é importante, a percepção das oportunidades, a aprendizagem partindo da experiência, a
atitude positiva perante a vida, a aceitação das diferenças, a legitimação da tomada de deci-
são por consenso, a preservação dos valores e a manutenção do propósito comum original.
Como diz Wagner Siqueira (2005)
Não há organização sem pessoas, pessoas se relacionando com outras pessoas para
a consecução de objetivos. As pessoas são uma das características universais das organiza-
ções. Fazem parte da sua natureza. Os maus líderes não compreendem esta peculiaridade.
Comportam-se como os médicos medievais: pretendem tirar as pessoas das organizações
no pressuposto de acabar com os problemas, otimizar lucros e resultados, melhorar a pro-
dutividade, etc. Utilizam-se dos desvios do downsizing, da terceirização, da reengenharia e
da qualidade total, do enxugamento dos quadros, da redução dos níveis organizacionais e
da demissão incentivada como os médicos da idade média – ou seriam curandeiros - pratica-
vam a sangria para curar seus pacientes. Não há organização sem pessoas, assim como não

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 33


há vida humana sem sangue. Matavam os seus pacientes por falta do fluxo da vida, assim
como os maus líderes liquidam o capital humano das organizações, diferencial competitivo
na sociedade do conhecimento.
A história da humanidade nos traz inúmeros exemplos de pessoas cuja resiliência foi
fator essencial para a sustentação da própria vida e do sucesso enquanto líderes e empresá-
rios. Podemos citar os sobreviventes dos campos de concentração de Auschwitz; a missão de
Dalai Lama frente à tragédia que assolou o Tibet quando invadido pela China; o empresário
Walt Disney, que antes do lançamento de Pinóquio, em 1994, padeceu de inúmeras abor-
dagens de sua equipe para desistir da produção do filme, atualmente, um clássico infantil,
considerado como um dos melhores desenhos animados já produzidos em todos os tempos.
[...] As pessoas resilientes enfrentam os desafios, de forma diferenciada, dos que não são,
porque projetam para si, o sentido de lutar pela consistência de seus sentimentos; enfrentam
as situações com bom humor, e fazem do amor incondicional que evidenciam pela vida e
pelas pessoas à sua volta o motor de sua sobrevivência e da autossuperação.
Segundo Cecilia Pinaffi:
Pessoas resilientes conseguem “fazer do limão uma limonada”, “vender lenços enquan-
to todos choram”, rir de suas próprias limitações. Essas pessoas sejam grandes líderes ou
simples cidadãos, conseguem ver na vida muito mais do que trabalhar para pagar contas, para
agradar seus chefes ou acionistas, garantir fama e reconhecimento. Essas pessoas trabalham
por si mesmas, e pela humanidade que criam ao redor de si, ignorando outras criadas por
pessoas cujo único significado da vida se encerra no dia após o outro.
Indivíduos resilientes sonham alto, e os seus sonhos envolvem outras pessoas, que
provavelmente se inspirarão com seus exemplos de humanidade e senso coletivo.

ANEXO B – ORIGEM, DEFINIÇÕES E CONTEXTOS (RESILIÊNCIA)


(Susana M. Rocca)

Há três décadas começaram os primeiros estudos que deram origem ao que atualmente
se conhece como resiliência. O conceito nasceu e começou a desenvolver-se com Michael
Rutter, na Inglaterra e Emmy Werner, nos Estados Unidos, espalhando-se depois pela França,
Países Baixos, Alemanha e Espanha. A visão norte-americana teve uma orientação principal-
mente comportamental, pragmática, e centrada no individual. A visão europeia apresentou
uma visão preferencialmente psicanalítica e assumiu uma perspectiva ética. Mais tarde, o
conceito entrou na América Latina assumindo uma dimensão comunitária, desafiada pelos
problemas do contexto social (SUÁREZ OJEDA, 2004, p. 18).
As psicólogas norte-americanas Emmy Werner e Ruth Smith (1992, 1993), durante 32
anos, realizaram estudos na ilha de Kauai (Hawai), acompanhando 550 pessoas, que tinham
padecido por pobreza extrema. Uma terceira parte delas sofreu também a dissolução do
vínculo parental, alcoolismo, abuso, estresse, etc. Apesar disso, 72 das 201 crianças obser-
vadas desde os dois anos de idade conseguiram superar as situações traumáticas vividas e
desenvolver-se sadiamente. Considerando as que conseguiram ser resilientes mais tarde,
na etapa adulta, houve quase 80% de evoluções positivas no total.
A palavra resiliência é tomada da física dos materiais. É uma força de resistência ao
choque e de recuperação. Significa a capacidade elástica de um material para recobrar sua
forma original depois de ter sido submetido a uma pressão deformadora.

34 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL


Na psicologia, resiliar [résilier] é recuperar-se, ir para a frente depois de uma doença,
um trauma ou um estresse. É vencer as provas e as crises da vida, isto é, resistir a elas pri-
meiro e superá-las depois, para seguir vivendo o melhor possível. [...] Implica que o indivíduo
traumatizado se sobrepõe [rebondit (se desenvolve depois de uma pausa)] e se (re)constitua
(THEIS, 2003, p. 50).
É a capacidade para desenvolver-se bem, para continuar projetando-se no futuro
apesar dos acontecimentos desestabilizadores, de condições de vida difíceis e de traumas
às vezes graves. É a capacidade humana universal de lidar, superar, aprender ou mesmo ser
transformado com a adversidade inevitável da vida. Esta capacidade de proteção permite a
“uma pessoa, um grupo ou uma comunidade impedir, diminuir ou superar os efeitos nocivos
da adversidade” (THEIS, 2003, p. 50). Implica tentar transformar intempéries, momentos
traumáticos e situações difíceis e inevitáveis, em novas perspectivas (ASSIS, 2006, p. 57).
Para o médico e psicanalista Aldo Melillo, é “a capacidade dos seres humanos de superar
os efeitos de uma adversidade à qual estão submetidos e, inclusive, de sair fortalecidos da
situação” (MELILLO, 2004, p. 63).
Os estudos sobre resiliência sugerem uma mudança de paradigma ao propor uma
ótica de observação centrada nas capacidades dos indivíduos e grupos para a superação
das experiências traumáticas, uma perspectiva de esperança. Em lugar de priorizar o enfo-
que dos aspectos negativos, isto é, das fraquezas, sintomas, doenças, carências e meios de
compensá-los, tenta descobrir e promover as forças e capacidades para reagir e superar as
adversidades da vida. Como afirmam Nan Henderson e Mike Milstein, o fundamento do pa-
radigma da resiliência questiona duramente a ideia de que os fatores de risco e as realidades
traumáticas “inevitavelmente condenam as pessoas a contrair psicopatologias ou a perpetuar
ciclos de pobreza, abuso, fracasso escolar ou violência” (HENDERSON, 2003, p. 20).
Mesmo que a formulação do conceito de resiliência seja relativamente nova, as buscas
de superar as adversidades e a obtenção significativa de bons resultados são tentativas do ser
humano e inquietações das religiões de todos os tempos. O primeiro que usou, em sentido
figurado, o termo resiliência, foi o conhecido psicólogo John Bowlby (1992) e definiu-a as-
sim: “recurso moral, qualidade de uma pessoa que não desanima, que não se deixa abater”
(MANCIAUX, 2003, p. 20).
No início dos estudos, alguns autores começaram utilizando o termo invulnerabilidade,
pois se observava que algumas crianças pareciam recuperar-se das adversidades, voltando a
um estado anterior como se não tivessem sido atingidas. Porém, logo se considerou o termo
incorreto, pois o ser humano é, por condição, vulnerável e, sob o ponto de vista psicológico,
nunca fica igual após uma experiência dura de vida. Uma expressão significativa e mais exata
seria a que Grunspun5 propõe ao falar em resiliência como a capacidade humana de “ser
imune psicologicamente” diante da violência de outros ou diante ao estresse provocado por
catástrofes naturais (GRUNSPUN, 2005, p. 1).
A resiliência, conceito já amplamente estudado sob o ponto de vista das capacidades
da pessoa, ampliou-se. No contexto latino-americano, especialmente no CIER, estuda-se
resiliência em projetos sociais e recentemente resiliência comunitária, isto é, a capacidade
de um povo, dos integrantes de uma cidade ou nação de superar coletivamente situações
adversas.
O paradigma da resiliência não é uma técnica nem uma solução mágica. É um saber
interdisciplinar no qual convergem diferentes áreas e setores: ciências humanas, ciências
da saúde, e administração entre outras. [ ...]

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 35


ANEXO C – CARACTERÍSTICAS DA RESILIÊNCIA
(Susana M. Rocca)

A resiliência é uma capacidade que todo ser humano tem, em maior ou menor medida. É
um recurso que é, em parte, inato, mas também se adquire ao longo do tempo, pois a resiliência,
como diz Cyrunlik (1999), “se tece” durante todo o ciclo vital. Pode ir crescendo, ajudada pelas
situações e condições externas, isto é, por um entorno que a favoreça. As atitudes resilientes
podem ser promovidas, com o apoio de pessoas ou instituições (família, igreja, escola, centro
de saúde, organizações ou associações sociais ou políticas, etc.), que se preocupam em moti-
var a ativação das capacidades de superação das dificuldades. Pensa-se na ação preventiva e
na promoção, ou seja, como fomentá-la no ambiente familiar, social, de trabalho e de missão
mediante a educação, das intervenções sociais, das políticas públicas, assim como dos projetos
comunitários civis ou eclesiais.
A resiliência não é uma realidade alcançada para sempre, não é absoluta, mas dinâmica.
Por isso, não se deveria dizer que uma pessoa é resiliente, ou não é resiliente, já que cada um
tem momentos e circunstâncias da vida em que consegue lidar melhor com as dificuldades.
Depende de vários fatores, entre outros o ciclo vital, o apoio externo, a cultura.
Ao observar a resiliência de alguém, percebe-se que certos processos de recuperação
e superação podem ser mais rápidos que outros, dependendo das situações e das pessoas.
Inclusive, alguns traumas que parecem menos graves podem mobilizar outros conflitos an-
teriores ainda não resolvidos, ocasionando o efeito chamado “gatilho”. Por isso, as capaci-
dades de superação dependem de como a pessoa vivenciou e elaborou outras experiências
traumáticas.
As fortalezas ou vulnerabilidades também variam conforme o tipo de problema que
se apresenta, pois a percepção do que pode ser considerado grave ou sofrido é subjetiva.
Daí a importância de ouvir o relato de como cada adversidade é sentida, interpretada e
contada pelo próprio indivíduo, pois “apenas ele próprio pode narrar e avaliar o que lhe
aconteceu” (ASSIS, 2006, p. 2). Além da linguagem verbal, “a narrativa passa também por
outras fontes, [...] como os gestos e os sentidos manifestos e ocultos presentes na interação
humana” (ASSIS, 2006, p. 2).
Considera-se que a superação de algum trauma ou adversidade faz crescer a própria
resiliência, mas mesmo que, para algumas pessoas, determinadas adversidades chegam a
contribuir no amadurecimento como ser humano, na descoberta de um sentido mais profun-
do dado às coisas e a vida, assim como a percepção dos valores e a visão do mundo, contudo,
precisa afirmar-se que as adversidades “isoladamente são insuficientes para promovê-la”
(ASSIS, 2006, p. 57).
As capacidades resilientes dos seres humanos e dos grupos, por mais promovidas e
desenvolvidas que estejam, não são ilimitadas. Todo ser humano tem um limite pessoal para
lidar com a adversidade. Conforme as afirmações do psicanalista Claude de Tychey, citando
Bourguignon, “diante de sucessos massivamente destruidores ‘não há imunidade ao estres-
se, porém só diferentes modelos de resposta melhor ou pior adaptados’ [...] mas, mesmo
conseguindo reagir ‘essa sobrevivência tem um preço’” (LECOMTE, 2003, p. 191).
Para potencializar a resiliência de um grupo ou de uma pessoa, é preciso descobrir
os chamados pilares de resiliência, isto é, os recursos próprios da pessoa, e os fatores de
proteção do meio circundante, ou seja, as capacidades que há na família, no ambiente ou
na instituição educativa, social, política ou religiosa. Esse processo de fortalecimento e
capacitação é conhecido hoje como emponderamento (empowerment) e preocupa-se em

36 FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL


“identificar os recursos, revelá-los a quem os possui – que frequentemente não sabe que
os possui – e ajudá-lo a aplicá-los” (HENDERSON, 2003, p. 20).
A resiliência é considerada como o resultado final de “processos de proteção” que não
eliminam os riscos experimentados, mas encorajam o indivíduo a lidar efetivamente com
a situação sofrida e a sair fortalecido dela. Os processos de proteção têm quatro funções
principais: reduzir o impacto dos riscos experimentados, alterando a exposição da pessoa à
situação adversa; reduzir as reações negativas em cadeia que seguem a exposição do indivíduo
à situação de risco; estabelecer e manter a autoestima e a autoeficácia pelo estabelecimento
de relações de apego seguras e o cumprimento de tarefas com sucesso; criar oportunidade
para reverter os efeitos de estresse (RUTTER, 1987 apud ASSIS, 2006, p. 63).

ANEXO D – MODELO DE CURRÍCULO

Nome Fones
Data de Nascimento Celular
Endereço Recado
E-mail

Objetivo:
Procuro oportunidade de trabalho na área de______________________________________
__________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

Formação:
Ensino ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Superior

Instituições: ________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

Cursos e carga horária: _______________________________________________________


__________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

Experiências Profissionais: ___________________________________________________


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

Informações Pessoais: (nacionalidade, idade, estado civil, número de filhos, vícios) _____
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 37


ELABORAÇÃO

DIRETORIA DE GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA


Ana Maria Taques Ghignone

COORDENAÇÃO DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL


Eloá Cecy Barroso Serpa

EQUIPE
Andrea Bini
Cleusa de Fátima dos Santos
Elisangela Stupp
Gustavo Ghesti
Maria Helena B. da Silveira Chromiec
Odete de Fátima Cordeiro Muller

REVISÃO ORTOGRÁFICA
Maria Amelia Kalluf

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL 39


FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL
Rua Eduardo Sprada, 4.520
Campo Comprido - CEP: 81270010
Curitiba - Paraná - Brasil
Fone: (41) 3350 3500 / 3250 7900
www.fas.curitiba.pr.gov.br

Você também pode gostar