Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Vitó ria
2018
A COR E A FORMA NO EXPRESSIONISMO DE WASSILY KANDINSKY
Segundo o historiador Giulio Carlo Argan (1992), a arte alemã do início do século XX –
chamada de Expressionismo – possuía dois centros distintos: um francês, os fauves
(feras) e um alemã o, a Die Brucke (a ponte). Do primeiro tem origem o Cubismo francês
e do segundo deriva o movimento Cavalheiro azul (Blaue Reiter), alemã o. Ambos sã o
gerados no coraçã o do Impressionismo e partem da consciência do esgotamento do
cará ter sensorial da pintura produzida por artistas como Van Gogh, Lautrec e Gauguin.
Nesse contexto de exaustã o, pintores como Emil Nolde, já nã o se satisfaziam em criar
somente “imitando e dando forma à natureza” (CHIPP, 1996, p.143). Para pintores como
Nole era necessá rio a reavaliaçã o dos valores da natureza, acrescida de espiritualidade.
Somente com a introduçã o da espiritualidade seria possível a transformaçã o da arte. Na
Alemanha, esse desejo irresistível e crescente de representaçã o de uma interioridade
atinge artistas como Oskar Kokoschka, Ernest Ludwig Kirchner, Franz Marc Paul Klee e
Wassily Kandinsky, denominados de expressionistas.
2
Para demonstrar de que modo a alma estaria fortemente ligada ao corpo deste homem
Kandinsky descreve em seu texto possíveis “associaçõ es” e afirma que a “cor desperta a
lembrança de outro agente físico que sem dú vida exerce um efeito pungente sobre a
alma” (CHIPP, 1996, p. 152). A primeira associaçã o utilizada pelo pintor é a associaçã o
entre a cor e o paladar. Por exemplo, supõ e que uma cor como o amarelo-limã o
despertaria a sensaçã o de azedo (acre) no corpo pela associaçã o com o limã o. Mas isto
só aconteceria em pessoas altamente sensíveis. Pois nelas o efeito da cor na alma seria
mais direto.
No ano seguinte ao seu texto O Efeito da Cor, Kandinsky escreve Sobre a Questão da
Forma. Neste texto segundo texto sua busca pelo espiritual na arte torna-se ainda mais
intensa. No texto o pintor reconhece a existência daquilo que denomina de Espírito
Criativo (ou Espírito Abstrato). Algo capaz de encontra um caminho para a alma e
provocar um anseio, um impulso interior. A partir da descoberta deste Espírito Abstrato
será preciso buscar uma forma material para este novo valor. O desejo de Kandinsky o é
materializar este valor.
Para Kandinsky é o Espírito Abstrato que move o espírito humano pelo caminho claro
como uma convocaçã o, uma condiçã o interna. Todavia, o “Absoluto”, diria o pintor, nã o
deve ser procurado na forma (materialismo). E embora a forma seja sempre ligada ao
seu tempo, sendo relativa, ela é a expressã o externa do conteú do interno. Ela somente o
meio de expressã o daquilo que Kandinsky chama de “ressonâ ncia interna” (CHIPP, 1996,
p. 156), ela nã o é o conteú do em si.
3
conteú do interno seria vá lida. Ao final, chega-se a conclusã o – a forma (Material) em
geral, nã o é a coisa mais importante, mas sim o conteú do é a coisa mais importante
(Espírito) (CHIPP, 1996, p. 156).
Referências
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna, Sã o Paulo: Companhia das Letras, 1992.