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MÓDULO 3 TEMA

A CULTURA DO MOSTEIRO OS ESPAÇOS DO CRISTIANISMO AULA 34 1

A EUROPA DOS REINOS CRISTÃOS – A CHRISTIANITAS

Os povos bárbaros que formaram os reinos


cristãos na Europa ocidental eram de origem
germânica, provenientes de regiões do norte e do
nordeste da Europa e noroeste da Ásia.
Até ao século V estes povos nem sempre
estiveram em conflito com os Romanos,
mantendo relações comerciais junto às fronteiras.
Mas, com a crise política e económica do Império
Romano, estes povos dirigiram-se para sul em
busca de riquezas, solos férteis e climas mais
amenos.
Ocuparam os territórios definidos pelas antigas
estruturas administrativas das províncias romanas
e mantiveram os seus regimes monárquicos e as
suas estruturas económicas baseadas na
agricultura.
A formação dos Reinos Cristãos a partir do século V.
Adotaram o latim como língua oficial,
converteram-se ao Cristianismo e aceitaram a
Igreja Cristã como única autoridade religiosa e
cultural.
Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes10 | 10.º ano
© Raiz Editora, 2021. Todos os direitos reservados.
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A EUROPA DOS REINOS CRISTÃOS – A CHRISTIANITAS

Os povos germânicos tinham uma estrutura


económica assente na agricultura de subsistência,
dominavam as indústrias metalúrgicas (fabrico de
armas e utensílios para a agricultura) e tinham a
monarquia como sistema político e social.
Em síntese, estes povos:
• eram guerreiros, belicosos e bons cavaleiros:
• estavam em constante conflito com povos
vizinhos como forma de conquistar novos
territórios e aumentar o seu poder;
• tinham a guerra como principal ocupação das
chefias militares, em função da qual impunham
o seu poder na sociedade;
• garantiam os privilégios e favores atribuídos
pelo rei, através das suas vitórias e conquistas.
A conversão dos povos bárbaros ao Cristianismo
foi uma forma de melhor integrarem territórios e
populações onde a religião estava muito
São Remígio batizando Clóvis I, Mestre de Saint Giles, c. 1500. A
implantada.
conversão dos povos germânicos ao Cristianismo foi um fator de Paulo Simões Nunes
integração nas populações conquistadas. História da Cultura e das Artes10 | 10.º ano
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A EUROPA DOS REINOS CRISTÃOS – A CHRISTIANITAS

Perante a diversidade cultural dos povos germânicos


(leis distintas, diversas tradições, costumes e religiões),
a Igreja Cristã teve um papel de unificação política,
económica, social e cultural da Europa.
Entre os séculos V e X, a Christianitas converteu-se
O Sermão da numa vasta comunidade de povos vinculados à fé
Montanha,
Carl H. Bloch, c. 1890. cristã.
Influências do Cristianismo:
• o humanismo, de raízes no Helenismo,
desenvolveu o fascínio pela forma, a imagem
visível do espírito;
• a espiritualidade mística dos cultos orientais, a
crença em factos místicos, como o nascimento e a
ressurreição de Jesus Cristo, os milagres, a vida
depois da morte no Reino dos Céus, a devoção
religiosa e a crença nos Santos (os que se
distinguiram pela sua obra admirável em nome de
A Crucificação de Cristo, Andrea Mantegna, c. 1460.
Deus).
Paulo Simões Nunes
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A GEOGRAFIA MONÁSTICA DA EUROPA

Constituindo a mais alta autoridade a atuar junto


das populações, a Igreja Cristã converteu-se num
fator de coesão política, social e cultural de toda a
Europa.
Durante a Idade Média, quer no Ocidente quer no
Oriente cristão, o monaquismo foi o principal
instrumento de cristianização do mundo rural.
A partir dos mosteiros organizaram-se vastas
comunidades religiosas que promoveram
Extensão do Cristianismo em 600.
campanhas de batismo e cristianização dos povos.

Desempenho dos mosteiros:


• evangelizar e doutrinária;
• dirigir os rituais litúrgicos e as obrigações religiosas
(a Eucaristia, celebração da morte e ressurreição
de Jesus Cristo);
• prestar ajuda e proteção às populações;
• eram centros difusores de costumes, de valores e
de cultura (desenvolvimento das artes e letras).
Paulo Simões Nunes
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A GEOGRAFIA MONÁSTICA DA EUROPA


Durante a Idade Média, o monaquismo foi o principal
instrumento de cristianização do mundo rural, onde
se encontrava a maior parte da população.
Os mosteiros situavam-se em locais isolados,
afastados dos aglomerados populacionais (vilas e
aldeias) e eram totalmente autónomos e
autossuficientes.
Os monges viviam em absoluta solidão, recolhimento
e clausura, praticando a ascese e dedicando-se ao
Abadia de Monte Cassino, Itália, fundada por S. Bento de Núrcia, c. 529. trabalho, na realização de tarefas diárias para a
subsistência e manutenção do mosteiro.
S. Bento de Núrsia (480-543) fundou a Ordem
Beneditina e criou a Regra (em 529), segunda a qual os
monges deviam:
• praticar a ascese e a vida contemplativa;
• obedecer aos votos de pobreza, silêncio e castidade;
• dedicar-se ao trabalho, à oração e à meditação;
• assistir os pobres e hospedar os peregrinos;
• promover o ensino e a leitura da Sagradas Escrituras.
S. Bento de Núrcia, Paulo Simões Nunes
Fra Angelico, 1437-1446. História da Cultura e das Artes10 | 10.º ano
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A GEOGRAFIA MONÁSTICA DA EUROPA


Até ao século X o monaquismo expandiu-se por toda
a Europa com a construção de centenas de
mosteiros e abadias, seguindo a Ordem Beneditina.
Em 910, considerando que tinha havido um desvio
em relação à Regra beneditina, foi fundada a Ordem
ABADIA
DE CLUNY
de Cluny (um mosteiro situado na Borgonha,
França), com a implementação de um conjunto de
reformas:
• renovação da pureza litúrgica;
• isolamento absoluto da comunidade monástica;
Abadias de Cluny na Europa no século X. • consagração dos monges a uma vida de total
dedicação a Deus.
A partir do século X a Ordem de Cluny tornou-
-se no maior centro monástico da Cristandade:
• construiu mais de 1500 mosteiros e integrou
cerca de 10 000 monges;
• possuía vastas terras e riquezas e foi
protegida por reis e senhores feudais;
• constituiu um dos mais importantes centros
de poder da Idade Média. Paulo Simões Nunes
Abadia de Cluny. História da Cultura e das Artes10 | 10.º ano
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A GEOGRAFIA MONÁSTICA DA EUROPA

A Abadia e a Igreja de Cluny foram os maiores


complexos monásticos da Cristandade.
Um grande pátio central – o claustro – distribuía as
dependências essenciais a uma clausura monástica:
Igreja de
Cluny • a igreja e a sala do capítulo para as reuniões;
• o refeitório, a cozinha e as despensas;
• as celas dos dormitórios;
• as oficinas, a enfermaria, os estábulos;
• a escola dos noviços, o scriptorium e a livraria.
As suas instalações alojaram papas, reis e príncipes
durante toda a Idade Média.
O pensamento monástico cluniacense regeu-se
exclusivamente pela vida litúrgica (serviços litúrgicos
e orações), desvalorizando o trabalho manual.
A Ordem de Cluny exerceu grande poder e
influência nos meios políticos e teve um papel ativo
na difusão do Românico, o estilo artístico
predominante na época.
Abadia de Cluny, 909-1130. Paulo Simões Nunes
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A GEOGRAFIA MONÁSTICA DA EUROPA


A partir do século XI registam-se várias alterações na
Europa:
• desenvolvimento económico, aumento da
produção e crescimento da população:
• renascimento urbano, fixação das populações nas
Carcassonne, cidade medieval, França, século XI-XII. cidades;
• ressurgimento do comércio.
Simultaneamente, uma vaga de renovação espiritual
percorre a Europa com as evidências seguintes:
• crítica às ligações da Ordem de Cluny com o poder
político;
• crítica à opulência, riquezas e ostentação da Igreja.
Em 1115, São Bernardo funda a Ordem de Cister a
partir da Abadia de Claraval, propondo:
• o retorno às origens da Ordem Beneditina:
recolhimento, oração, humildade, pobreza e
austeridade;
• maior rigor na vida monástica centrada no
trabalho manual.
Abadias de Cister na Europa no século XII. Paulo Simões Nunes
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