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CENTRO DE ENSINO URBANO SANTOS

MATERIA: CORRESPONSABILIDADE E EMPREENDEDORISMO SOCIAL


PROFESSOR: DANIEL HENRIQUE PAULINO DE ARRUDA

O que é empreendedorismo social?

Imagine você poder empreender, criando um negócio que trará lucros e benefícios a você e
também ajudar a sanar problemas sociais que você conhece e convive?
Quem faz o empreendedorismo social tem exatamente este propósito. Gostamos de pensar
que as pessoas que se engajam neste tipo de empreendedorismo já enxergam além de suas
necessidades pessoais, e por isso enveredam por este caminho.
Houve um pesquisador, chamado Maslow, que criou uma representação em forma de pirâmide
para explicar a motivação das pessoas quando fazem algo.

A primeira motivação é sobrevivência. Trabalhar para comer, ter um teto, por exemplo.
A segunda motivação, quando as necessidades básicas estão sanadas, é ter um pouco mais
de segurança: trabalhar para ter um plano de saúde, um estudo melhor, morar num lugar mais
seguro…
A terceira motivação, quando a qualidade de vida melhora, é investir seu tempo em momentos
com amigos, família, a pessoa que ama.
Percebe que as necessidades vão deixando de ser palpáveis (comida, roupa, um teto em cima
da cabeça) e vão se tornando necessidades não palpáveis (estudo, qualidade de vida,
relacionamentos, amor)?
Já a quarta motivação para o indivíduo crescer é a satisfação pessoal: saber que é capaz de
fazer coisas incríveis, e ser reconhecido por isto. Se diplomar em algo, dar cursos, palestras,
ensinar e orientar outras pessoas com a experiência e conhecimentos que tem, ou empreender
e ser bem sucedido.
Já a quinta motivação para o indivíduo crescer é o que o leva ao empreendedorismo social: é
a busca da satisfação do espírito, ou da alma, com conquistas que não se medem: ser ético,
exercitar a criatividade, entender o outro apesar de toda e qualquer diferença, ajudar o próximo
para que esse também possa ser pleno, realizado e feliz.
Ou seja, quem opta pelo empreendedorismo social tem consciência de que precisa ter um
negócio que sustente suas necessidades (todas, palpáveis e não palpáveis), mas faz dele um
meio de ajudar outras pessoas a melhorarem suas vidas.
O empreendedorismo social traz o sucesso e reconhecimento para o empreendedor, mas
também gera valor para pessoas ou comunidades, ajudando a resolver situações que tenham
a ver com:
• Moradia
• Saúde
• Educação
• Oportunidade de trabalho
• Desigualdade social
• Meio ambiente
• Minorias
• Direitos humanos (prostituição infantil, trabalho escravo etc)

O que o empreendedorismo social não é?


É bom termos claro que o empreendedorismo social não é assistencialismo, não é instituição
beneficente, nem ONG (organização não governamental), nem Oscip (organização da
sociedade civil de interesse público).
Estes tipos de organização captam recursos para funcionar através de doações de pessoas
físicas, jurídicas e editais públicos. Entretanto, quem as gerencia não visa lucro para si, mas
somente a arrecadação de recursos para a manutenção dos projetos ali desenvolvidos.

Como funciona o empreendedorismo social


Empreendedorismo social visa lucro, sim. O empreendedor social abre caminhos para a
solução de problemas crônicos sociais e o lucro com sua empresa mantém a iniciativa
funcionando, auto-sustentável, sem depender de doações do governo e de particulares.
Ou como eu amo dizer: o empreendedor social empresta a vara, ensina a cavar a minhoca e
a pescar.
Empreendedorismo social características
No empreendedorismo social, criam-se produtos e/ou serviços visando:
• Valorizar características culturais, sociais, de nicho, que sejam particulares e tenham
pouca visibilidade;
• Treinar e/ou ensinar pessoas que tenham: pouca ou nenhuma oportunidade de sair
de realidades limitantes e/ou escassez de recursos, pouco ou nenhum acesso a
educação e cultura, pouca ou nenhuma oportunidade de entrar no mercado de
trabalho e ampliar os limites de seu mundo/realidade social;
• Empregar ou direcionar essas pessoas para o mercado de trabalho;
• Viabilizar a divulgação e comercialização de produções culturais características de
comunidades com pouca visibilidade para um público consumidor;
• Gerar valor, melhorando a condição social, autoestima e desbravamento do potencial
cultural, criativo e empreendedor em comunidades e pessoas que estão “invisíveis”
na sociedade;
• Dar oportunidade para mudança de realidade nestas comunidades e para estas
pessoas envolvidas, através do trabalho desenvolvido.

Veja exemplos e ideias de empreendedorismo social no Brasil e no mundo.

Clube da preta: numa iniciativa super bacana, o Clube da Preta é o primeiro clube de
assinaturas de moda Afro do Brasil. Quem assina recebe um box mensalmente, com produtos
de vestuário, artes e acessórios, selecionados por uma curadoria do Clube.
Todos os produtos são feitos por microempreendedores negros, de periferia, e o intuito é
difundir a cultura negra e incentivar o afroempreendedorismo, promovendo o empoderamento
econômico desta comunidade.
Agência Orquestra Digital: A Orquestra Digital surgiu da inquietação de Denise Veiga, gaúcha
radicada no Rio de Janeiro, ao conhecer um projeto Entre Lugares de teatro, na comunidade
da Maré. Voltado para jovens de 16 a 20 anos, convivia com a dificuldade destes jovens
continuarem no projeto, por serem arrimo de família e precisarem trabalhar em horários
rígidos.
Associou-se ao projeto Entre Lugares, inicialmente, dando aulas para os jovens sobre
Marketing Digital, para que pudessem ter opções de trabalho com horários flexíveis. Desta
forma, os empreendedores sociais poderiam continuar aprimorando o lado criativo e intelectual
(no projeto de Teatro), cuidando de seus filhos (pois muitos eram pais adolescentes) e tendo
uma fonte de renda alinhada com o século XXI.
Após a inclusão bem sucedida de uma das alunas numa agência de propaganda, criou a
Agência Orquestra Digital, que oferece serviços de Marketing Digital para empresas. Alguns
dos jovens do projeto inicial trabalham na Agência, e uma porcentagem da renda obtida com
a prestação de serviços é destinada a manter funcionando as oficinas dentro das comunidades
do Rio de Janeiro.

Gerando Falcões – Esse empreendedorismo social no Brasil surgiu da idealização de Eduardo


Lyra (empreendedor social) para mudar a realidade das favelas e periferias de São Paulo, de
onde veio. A Gerando Falcões é uma organização social que desde 2013 vem mudando a
realidade de crianças, adolescentes, jovens e adultos, inclusive vindos do regime
penitenciário.
Oferece formação profissional para jovens e adultos, e proporciona espaço para esporte e
cultura para crianças e adolescentes, mudando a realidade destas pessoas, e as chances de
mudarem suas vidas e seu entorno.
Hoje a Gerando Falcões trabalha com música, tênis, futebol, coral, boxe, dança, pintura, teatro,
departamento de Qualificação Profissional e muito mais. Trabalha também com empresas
parceiras oferecendo empregos para os jovens que participam do projeto.

Terra Nova – Neste exemplo de empreendedorismo social no Brasil, a empresa trabalha


na mediação de conflitos na regularização de ocupações irregulares, viabilizando o
entendimento entre os proprietários de áreas invadidas e as famílias carentes. Desta forma,
conseguem acordos favoráveis para ambas as partes, os proprietários são indenizados de
forma justa e essas famílias conseguem tornar-se legalmente proprietárias de onde habitam.
Atuam desde 2001, e já receberam inúmeros prêmios, como o World Habitat Awards, de 2008.
Conta com uma equipe multidisciplinar para a resolução de conflitos, e já beneficiou mais de
60.000 pessoas.

TOMS Shoes – Neste outro exemplo de empreendedorismo social você compra uma
alpargatas ou um sapato super moderno da marca, e ajuda a calçar uma criança de baixa
renda. Esta é a proposta da TOMS Shoes, criada pelo americano Blake Mycoskie.
Trabalhando com comunidades carentes, a TOMS Shoes já impactou mais de 60 milhões de
pessoas.

Banco Pérola – Inspirado na iniciativa de Muhammad Yunu, de Bangladesh (um grande


exemplo do que é um empreendedor social), o Banco Pérola atua desde 2008 oferecendo
microcrédito acessível para microempreendedores nas cidades de Sorocaba e Votorantim.
Desta forma, ajuda a pessoas de baixa renda a saírem da informalidade, expandirem seus
pequenos negócios e terem um futuro mais digno.

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