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alfabetizador

Publicado em NOVA ESCOLA 06 de Setembro | 2018

Blog de Alfabetização

8 mandamentos do
professor alfabetizador
“Todo professor deveria ter a oportunidade de
acompanhar uma turma de alfabetização”
Mara Mansani

Quando a criança está sendo alfabetizada, ela se transforma


enquanto indivíduo. Crédito: Mariana Pekin

Todo professor alfabetizador sabe que ensinar a ler e escrever nos dias de
hoje envolve muitos obstáculos e desafios. São salas lotadas, formações que
nem sempre dão conta da realidade, desvalorização da profissão, entre
tantas outras coisas. Mas, apesar de tudo, a alfabetização é um processo
maravilhoso!

Poder acompanhar e contribuir no processo de aprendizagem das crianças,


eu considero um privilégio. Como é lindo ver as descobertas das crianças, as
hipóteses que elas constróem sobre a representação da escrita, as primeiras
leituras e todo o caminho que elas percorrem rumo à compreensão da base
alfabética. Acho que todo professor deve ter a oportunidade de, em algum
momento de sua carreira, acompanhar uma turma de alfabetização.

Mas alfabetizar tem peso, é uma responsabilidade e exige trabalho árduo.


Quando a criança está sendo alfabetizada, acontece uma espécie de
metamorfose: ela se transforma enquanto indivíduo, pois o processo
empodera, dá autonomia, liberta a criança de algumas dependências, é um
fator fundamental na formação do cidadão, e ainda traz felicidade, tanto para
as crianças que estão aprendendo quanto para o adulto que está ensinando.

Tenho participado de muitos encontros e estudos em que o professor está no


centro dos debates. No dia mundial da Alfabetização, 8 de setembro, faço
uma reflexão: qual o papel do professor alfabetizador? Quais são as
características de um bom alfabetizador?

Há algumas características que eu considero fundamentais ao alfabetizador,


como ser um constante pesquisador; ter clareza do currículo,
compreendendo o que os alunos devem aprender; compreender a avaliação
como processo essencial na aprendizagem dos alunos, etc.

Mas, pensando bem, há outras características e atitudes que são igualmente


importantes, fazem parte do nosso dia a dia, e aparecem menos nos
discursos oficiais. Por isso, listei os oito mandamentos do professor
alfabetizador:

1 Ser meio criança: levar a vida em sala de aula de uma forma mais leve, com
alegria e sem complicações;

2 Entender que a brincadeira e a imaginação são coisas sérias, e são ótimos


instrumentos de aprendizagem;

3 Ser afetuoso, mas também saber identificar e driblar as manhas das crianças;

4 Compreender que a criança tem suas próprias ideias , opiniões e desejos, e


que isso também deve fazer parte do processo de alfabetização;

5 Ser paciente e calmo para compreender que cada um tem seu tempo de
aprendizagem, mas com as devidas intervenções pedagógicas, todos podem
aprender;

6 Ser um bom navegador para saber a hora certa de avançar : seja de maneira
mais lenta, explorando mais profundamente o passo a passo da alfabetização,
ou mais rápido, quando sentir que a turma está pronta;

7 Compreender que, em aula, tudo é pretexto para aprender a ler e escrever ;


8 Ser descentralizador, compreendendo que a autonomia faz parte do
processo de aprendizagem, mas que não se caminha sozinho. O professor
alfabetizador é o orientador dos caminhos.

Essas características e muitas outras não são explicitadas em estudos e


documentos, mas com certeza fazem parte do nosso dia a dia, e compõem o
nosso perfil profissional.

E vocês, professores, se veem nessas características? Sentiram falta de algum


mandamento? Compartilhem nos comentários!

Para meus alunos da Alfabetização de ontem e hoje, o meu mais sincero


agradecimento pela oportunidade de fazer parte desse momento tão
importante em suas vidas.

Um abraço a todos e até semana que vem,

Mara Mansani

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