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RESUMO
Autistas não verbais conseguem em grande parte dos casos, compreender sentimentos
e responder a estímulos sem necessariamente que a fala seja o meio de comunicação
prioritário. Percebe-se que muitas vezes se investe tempo na busca da emissão do som
e pouco no mais importante: fazer-se entender e ser entendido. Quem talvez não saiba
se comunicar seja o emissor, por vezes o terapeuta e não a pessoa autista. Este é um
relato de caso narrado por um pai atípico de dois filhos, ambos autistas, profissional de
saúde, que ensinou sinais e códigos não verbais para ser compreendido por sua filha
(TEA, nível II e não verbal).
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Autismo: avanços e desafios
INTRODUÇÃO
RELATO DE CASO
Sophia, hoje, 2021, com 10 anos, foi diagnosticada aos 4 anos como pessoa autis-
ta. As características peculiares a condição autista, associado a ausência da fala, foram
importantes no diagnóstico precoce e para que se pudesse ter direito as legislações ou po-
líticas públicas de acesso e inclusão escolar, bem como a condutas terapêuticas ofertadas
pelo sistema único de saúde (SUS).
Medicamentos estabilizadores de humor, antipsicóticos, antiepiléticos, (...) foram re-
ceitados e alguns ainda administrados, na busca de um comportamento menos agressivo
ou que busque menos episódios que causem danos físicos a si ou aos outros. Esse pro-
ceder, interferiu na fala? Sempre nos passou pela mente se a busca pela segurança ou do
comportamento não selou um destino. Inclusive, nas tantas consultas, essa foi sempre uma
preocupação: se a cura de um comportamento, não do autismo, passaria pelo veneno.
O segundo temor estaria em se insistir sempre nas condutas terapêuticas da fonoau-
diologia ou abraçar uma alternativa na linguagem brasileira de sinais ou nos PECs (Picture
Exchange Communication System) que pudessem trazer a verdadeira vontade da criança e
não aquela que suponho ser. Capacitismo parental não é algo que se deva ser estimulado
em alguém que se espera que consiga viver sozinha na nossa ausência.
Cada profissional buscado apresentou seu pensamento e suas considerações, mas foi
necessário fugir a sugestão apresentada para uma alternativa hibrida, onde não se desistiria
das sessões, mas que ensinaria um novo “idioma” a Sophia.
Importante: Não é um nome fictício, ela é minha filha!
Ficou decidido que um conjunto de códigos fosse criado para situações ligadas carinho
(tristeza e satisfação) e segurança na aprovação ou reprovação de comportamentos: surgiu
o alfabeto da Sophia.
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Autismo: avanços e desafios
Gestos e expressões faciais foram colocados e repetidamente feitos (e falados) para
que a associação do gesto se tornasse algo natural e rapidamente compreendido.
Escolhemos as seguintes frases:
EU PRECISO DE CARINHO
• Demonstrar que quero muito que ela ofereça alguma forma de empatia ou carinho
(abraço, atenção, ...).
ISTO É PERIGOSO!
Os gestos foram assimilados e repassados a todos que tinham certo contato com
ela para que facilitasse as situações ligadas ao comportamento e atenção. Terapeutas e
professores que aceitaram a sugestão de comunicação sempre nos ofereciam feedback de
quanto a técnica permitia que ela tivesse melhor aproveitamento.
A técnica foi associada recentemente a sinais da linguagem brasileira de sinais (LIBRAS)
para facilitar o entendimento dos demais profissionais ligados a comunidade escolar para
que se fizesse entender sobre acesso a banheiro, alimentação, bem como comprimentos
básicos como “oi”, “bom dia”, “boa noite” (...)
O melhor feedback se deu ao coloca-la para dormir e ter como resposta não solicitada,
um “boa noite” em LIBRAS.
DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. Fernandes FDM. Sugestões de procedimentos terapêuticos de linguagem em distúrbios do
espectro autístico. In: Limongi S, organizadora. Procedimentos terapêuticos em linguagem.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003. p. 55-66.
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Autismo: avanços e desafios