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HISTÓRIA GERAL DO BRASIL - CAPÍTULO 6 Liga dos Povos Livres

A Disputa pelo Poder no Início do Primeiro Reinado


● Disputa entre os radicais de Gonçalves Ledo e os moderados de José
Bonifácio. O palco de tal disputa eram a Imprensa e as sociedades secretas
(como a maçonaria).
○ 1° Momento - predomínio de Ledo, por sua proeminência no
movimento do Fico.
■ D. Pedro I é iniciado na maçonaria, sob o pseudônimo asteca de
Guatemozim - sendo alçado como grão-mestre da loja no lugar
de José Bonifácio, refugiado em outra loja maçônica.
○ 2° Momento - predomínio de José Bonifácio.
■ D. Pedro I concordava com a visão moderada e conservadora
de José Bonifácio em detrimento da visão “democrática” e liberal
de Gonçalves Ledo, que desejava impor um juramento prévio do
monarca à Constituição Brasileira que ainda seria elaborada.
■ Jornais da corrente “radical” deixam de circular, a mando de J.
Bonifácio. As lojas maçônicas são suspensas temporariamente.
■ Forte reação popular às medidas autoritárias de José Bonifácio -
surgimento de pasquins.
■ D. Pedro I recua - reabre a Maçonaria e J. Bonifácio demite-se
do Ministério.
■ Forte reação popular à demissão - sob aclamação popular, D.
Pedro I restitui o ministério.
■ Ledo tenta se defender enviando uma representação ao
Imperador, mas sobre ele e seus partidos é instaurada uma
devassa. 3 são deportados para França e G. Ledo foge para
Buenos Aires.
○ Homogeneização ideológica e de educação (Coimbra), após a derrota
da facção mais radical.

● A Assembleia Constituinte de 1823 e a Constituição de 1824.


○ A disputa deixa de ser interna no Congresso e desloca-se para a
relação entre o Executivo e o Congresso.
○ Deputados buscavam frear o poder do monarca, mas este já mostrava
a sua pretensa concentração de poder.
○ Projeto de Constituição de 1823.
■ Monarquia hereditária e representativa, constituída pelos
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
■ Imperador não poderia impedir nem dissolver a reunião da
Assembleia, podendo adiá-la ou prorrogá-la. Teria o poder de
veto suspensivo sobre os projetos aprovados pela mesma (se
fosse aprovado novamente, sua sanção seria automática). Teria
o poder do beneplácito e de perdão ou moderação dos
condenados da Justiça.
■ Garantia da inviolabilidade quanto às opiniões dos deputados e
senadores.
■ Instituição de um Conselho de Estado e o júri.
■ Eleições indiretas, em dois graus (el. de paróquia > el. de
província > deputados e senadores).
● Senadores vitalícios indicados pelo Imperador a partir de
uma lista tríplice de candidatos eleitos em cada
província).
■ Voto masculino, etário (+25 anos), censitário.
■ Liberdades pessoal, religiosa, de trabalho e de Imprensa.
■ Igualdade de todos perante a lei e a inviolabilidade da
propriedade.
■ Escravidão legal, com admissão da emancipação lenta dos
negros.
○ Problemas com a visão progressista, no campo social, de José
Bonifácio.
■ Anticlericalismo - defesa da liberdade de culto.
■ Aversão aos títulos de nobreza e à própria nobreza.
■ Desprezo pelo luxo, desperdício e espírito mercantil.
■ Desenvolvimento do trabalho livre.
■ Confisco de terras incultas, impedimento da concentração
fundiária, promoção da pequena propriedade e combate à
escravidão.
■ Perda das bases de sustentação política - queda.
○ A saída de José Bonifácio intensifica as animosidades entre D. Pedro I
e a Assembleia, que é fechada em 12 de novembro de 1823, sob a
justificativa de ataque ao Executivo e à pessoa do monarca, de forma
que a Assembleia semeava discórdia entre brasileiros e portugueses.

○ Constituição de 1824.
■ Centralização política e administrativa.
■ Concentração de poderes nas mãos do Imperador.
■ 4 Poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador
(Benjamin Constant).
● Moderador - exclusivo do Imperador - chave de toda a
organização política.
● Imperador não poderia ser responsabilizado por seus
atos - sendo inviolável e sagrado.
● Direitos civis contemplados.
● Liberdades de Imprensa e religiosa comprometidas
(Catolicismo como religião oficial).
● Sem referência à escravidão.
● Manutenção do sistema eleitoral.
■ Liberdades individuais garantidas.
● Tortura proibida.
● Cadeias com tratamento humanitário.
● Socorro primário a todos os cidadãos.
● Educação básica a todos os cidadãos.

● Os sinais da crise.
○ Fator inicial: dissolução da Ass. Const. e outorga da Const. de 1824.
○ Confederação do Equador - 1824.
■ Líderes - Frei Caneca e Paes de Andrade.
■ Constituição de 1824 não é aprovado pela Câmara Municipal de
Recife (ato formal, não necessário).
■ 2 de julho - eclosão do movimento - Junta Governativa (Paes de
Andrade + aristocracia rural) - convite para outras províncias a
se unirem.
● CE, PB, RN (duas últimas se juntaram na Rev.
Pernambucana).
■ Objetivos:
● República, federalismo, sistema representativo,
Constituição colombiana, os Poderes Executivo e
Legislativo apenas (com o predomínio deste) e a abolição
do tráfico negreiro para o porto de Recife.
■ Participação ampla: aristocracia rural + homens livres pobres +
escravos.
■ Fim:
● Duração de 6 meses.
● Envolvimento de escravos e o discurso abolicionista
afastaram a elite e facilitaram a repressão do movimento.
● Execução de 17 envolvidos, inclusive Frei Caneca.
■ Resultado: aumento da oposição liberal a D. Pedro I.

○ Reconhecimento Internacional da Independência.


■ Ordem:
● Supostamente primeiramente EUA (1824).
○ Consolidação da Doutrina Monroe.
○ Missão Silvestre-Rabello
● Repúblicas latino-americanas, apenas a partir de 1825.
○ Desconfiança da Monarquia, da dinastia
portuguesa e da questão Cisplatina.
○ Missão Correa da Câmara - incrementos
comerciais, questão da Cisplatina e defesa contra
intervenções luso-hispânicas.
● Inglaterra (1825).
○ Renovação dos tratados de 1810 (15% -
importação inglesa).
○ Comprometimento de abolir o tráfico negreiro, em
breve.
● Portugal (1825).
○ Mediado pela Inglaterra.
○ Taxa de importação - 15%.
○ Indenização de 2 milhões de libras (Inglaterra
concedeu o empréstimo).
○ Reconhecimento da Independência como ato
unilateral português - de modo que D. Pedro I não
precisou renunciar ao trono português.
● Outros Estados Europeus.
○ Após Inglaterra.
○ Sob a promessa da tarifa de 15% (instituída em
1828).
■ Problemáticas:
● D. Pedro I renunciou ao trono português, apenas em
1826, após a morte de seu pai - receio de reunir as
coroas.
● Sua filha leva um golpe e seu irmão, D. Miguel fecha as
Cortes, impondo um governo absolutista. D. Pedro I então
recebe portugueses emigrados e utiliza de recursos
brasileiros para custear a guerra contra seu irmão, em
favor de sua filha.

○ Outras questões:
■ Tratamento privilegiado concedido a lusitanos.
● Gabinete secreto - camarilha (os lobistas do século XIX)
composta por amigos portugueses do Imperador.
■ Questão Cisplatina.
● 1825 - Rebelião.
● 1825 - Invasão de Chiquitos, na Bolívia, para impedir que
Simón Bolivar apoiasse a anexação da Cisplatina por
Buenos Aires.
● Buenos Aires aproveita para anexá-la às Províncias
Unidas do Rio da Prata.
● Guerra da Cisplatina (Argentina vs Brasil) - 1825 a 1828.
○ Aumento dos impostos.
○ Interrompimento do abastecimento - elevação dos
preços de gado bovino e muar do RS ao Centro-
Sul como um todo.
○ Aumento do recrutamento militar.
○ Contratação de tropas mercenárias - mais gastos.
■ Revolta das tropas alemãs e irlandesas
contra os maus tratos e os conflitos diários
com a população.
■ D. Pedro I demite os ministros da Guerra,
Fazenda, Império e Justiça - aumentando o
descontentamento.
● Resultado: Mediação inglesa cria o Uruguai - um Estado
tampão - “Um algodão entre cristais”.
■ Prolongada crise econômico-financeira.
● Aumento do déficit externo - aumento das importações.
● Queda da produção açucareira.
● Baixa nos preços dos produtos primários de exportação
(algodão, café, couro, cacau e tabaco) - concorrência
internacional e recessão da economia mundial.
● Juros elevados.
● Falência do Banco do Brasil (1829) - esvaziado após a
saída de D. João VI.
● Emissão monetária descontrolada - inflação e
desvalorização da moeda.
● 2 empréstimos externos junto à Inglaterra.

● A oposição parlamentar e na imprensa.


○ Agentes políticos mais relevantes nos últimos anos do Primeiro
Reinado.
○ Parlamento reaberto em 1826.
■ Lei de responsabilidade dos ministros, secretários e
conselheiros de Estado (1827).
● Convocação constante como um desafio ao Imperador.
■ Maiores polêmicas se davam na aprovação do Orçamento.
○ Imprensa.
■ Perseguições constantes.
■ Ganharam vigor com a primeira legislatura (1827).
■ Exposição e discussão dos problemas da Corte.
● Não acusavam diretamente o Imperador por ser pessoa
inviolável e sagrada, mas seu aparelho burocrático.
○ Fatores que antecederam a queda:
■ O orgulho (Pv 16.18);
■ Influência da Revolução de 1830;
■ Rumores infundados de que o assassinato do jornalista liberal
Libero Badaró em 1830 foi a mando de D. Pedro I.
■ Rumores de que D. Pedro I fecharia o Congresso -
consequentemente reuniões conspiratórias em sociedades
secretas se avolumam e o povo se mobiliza nas ruas da Capital.
● A Revolução do Sete de Abril.
○ Noite das Garrafadas (1831).
■ 2 facções:
● Pés de cabra - brasileiros.
● Pés de chumbo - portugueses.
■ Estopim: festejo pelos pés de chumbo pelo regresso do
Imperador de sua viagem a MG. Isso causou indignação entre
os brasileiros contrários ao governo, e o confronto entre os dois
grupos ocorreu na noite de 11 de março de 1831. A Noite das
Garrafas tem esse nome numa referência aos objetos usados
pelos revoltosos. Entre paus, garrafas e outros objetos de vidro,
brasileiros e portugueses se enfrentaram nas ruas do Rio de
Janeiro por três dias. Ressalta-se que os brasileiros saíram
vitoriosos do confronto contra os portugueses por estarem em
maior quantidade, e assim houve a continuidade dos protestos a
Dom Pedro.
■ Oposição a D. Pedro I amálgama ao sentimento antilusitano.
■ Um grupo de 23 deputados e um senador enviou uma
representação ao Governo cobrando a punição dos agressores
portugueses.
■ O Imperador instituiu um ministério composto apenas por
brasileiros, instaurou uma devassa para apurar o distúrbio e
ordenou que os brasileiros presos na ocasião fossem soltos.
■ Tais medidas não acalmaram os ânimos e os confrontos se
seguiram.
■ Exército mais próximo da oposição - maus tratos e imagem
distorcida por ser instrumento do despotismo - redução drástica
do efetivo militar naquele ano.
■ D. Pedro I demite o ministério dos brasileiros e institui outro com
aristocratas impopulares que já haviam sido seus ministros.
■ Reação: multidão de 4 mil pessoas no campo de Sant’Anna
(exército + parlamentares + juízes de paz + jornalistas + livres e
escravos) gritando contra D. Pedro I. Ao mesmo tempo,
cidadãos armados andavam na rua como expressão de
insubordinação.
■ Delegação de juízes de paz foi enviada ao palácio da Quinta da
Boa Vista exigindo a reintegração do ministério deposto, mas o
Imperador recusou, dizendo que poderia somente instituir um
novo ministério com brasileiros. Nesse momento, o próprio
Batalhão do Imperador e a Guarda da Honra se voltam
contra D. Pedro I.
■ D. Pedro I abdica em 7 de abril de 1831, dois dias após
destituir o ministério dos brasileiros.
■ Eis a Revolução do Sete de Abril.

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