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O sentido visual desenvolve-se na criança de forma muito rápida, iniciando por uma visão turva
que se torna cada vez mais nítida. Os mobiles propostos nas atividades sensoriais não apelam
apenas ao estímulo estético, mas sobretudo a desenvolver na criança a partir dos poucos dias
de vida experiências que lhe permitirão focar a atenção, concentrar-se e desenvolver
progressivamente as suas percepções visuais.
O ponto de interesse dos mobiles é não apenas os contrastes de forma e de cores, mas
também o movimento e inércia numa interessante dinâmica. Em muitas culturas indígenas as
crianças são deitadas debaixo das árvores de forma a que os reflexos das folhas e os seus
movimentos atuem como mobiles naturais.
A criança possui ao nascer um sistema imaturo que se irá desenvolver à medida em que o
córtex cerebral receba estímulos apropriados e mais ou menos simétricos a ambos os olhos.
Desde o momento do parto e durante a primeira infância irão gerar-se alterações qualitativas
e quantitativas em quase todas as estruturas oculares, mais acentuadas nos primeiros anos de
vida. Isto é, muitas características oculares do recém-nascido e da criança são muito
diferentes. As principais fases do desenvolvimento visual nas crianças durante os primeiros 12
meses são:
Todas as crianças são diferentes, mas a melhor forma de saber quando substituir um mobile
por outro será observar a criança. Ela exprime com movimentos dos braços e das pernas,
sorrisos e atenção visual o seu interesse por cada um dos estímulos que lhe ofereçamos. Se,
depois de cerca de duas semanas, observarmos que um mobile já não lhe interessa,
substituímo-lo por outro. Assim, a exposição aos mobiles é flexível porque o seu interesse
muda em pouco tempo.
Seguidamente propomos uma serie sequenciada por dificuldade, desde o primeiro mobile
centrado no contraste de cor (preto e branco) e na refração da luz, a outros mobiles que
incluem estímulos sonoros e tácteis:
Munari
O primeiro tem o nome de Bruno Munari, autor do desenho a preto e branco com figuras
geométricas que respeitam as dimensões de uma esfera transparente de vidro que o
completo, projetando a luz. O contraste de cores e o reflexo da esfera de vidro estimular o
interesse do bebé. Além do desenho de Munari, a combinação de branco, preto e o
estímulo transparente oferecem muitas combinações interessantes para bebés com entre 2
e 3 semanas. Nas primeiras semanas de vida o bebé desenvolve progressivamente a sua
visão. Os contrastes a preto e branco ajudam-no nesse desenvolvimento.
O desenho de Munari tem dimensões estipuladas, mas podemos oferecer ao bebé
combinações semelhantes a partir de outras figuras, despojadas de adornos e detalhes
desnecessários:
Octaedros
A quarta proposta consiste num mobile com 4 figuras em movimento, chamado “Bailarinos”.
Em geral, são feitos em materiais brilhantes e muito leves, para que se movam facilmente.
São adequados a partir das 10 semanas.
O movimento pode ser sugerido (bolas forradas com tecidos que simulem bailarinos, golfinhos
em diferentes posições, etc.) ou com desenho abstrato assimétrico como os das imagens. Na
imagem da direita, o movimento vem do desequilíbrio entre o extremo esquerdo com duas
esferas e o direito com figuras regulares.
A partir dos 3 meses, com a visão mais nítida, os bebés podem interessar-se por: figuras iguais
de cores diferentes ou figuras diferentes com a mesma cor, objetos naturais, fitas coloridas de
diferentes cores, etc. as alternativas são variadas!
Por fim, podemos criar mobiles em que a criança possa tocar (tácteis) ou escutar (sonoros),
em que podemos pendurar:
• Uma bola Pikler (em material natural, pequena, com formas que a criança pode
agarrar), num elástico flexível;
• Aros de materiais diversos (madeira, vime, metal, acrílico), onde podemos pôr fitas
coloridas, lãs grossas, guizos, etc.
• Bolas macias, pompons, CD’s velhos, etc.