Você está na página 1de 5

A teoria significativa da aprendizagem de David Paul Ausubel

Nossa terceira aula será sobre uma teoria que faz parte da corrente cognitivista, a
Teoria Significativa da Aprendizagem. Teremos como objetivos definir e
identificar as ideias centrais dessa teoria e como ela se aplica no processo de
ensino/ aprendizagem, bem como destacar os fundamentos de um de seus
principais representantes, David Paul Ausubel.

Introdução
Depois de estudar o comportamentalismo, vamos tratar de teorias com
características bem diferentes, que fazem parte da corrente cognitivista. Os mais
famosos e expressivos teóricos cognitivistas para a Educação são David Ausubel
(Teoria Significativa da Aprendizagem) e Jean Piaget (Teoria do Desenvolvimento
do Pensamento Infantil), sobre estes teóricos é possível encontrar vários filmes
disponíveis no YouTube. Veja também, por exemplo, o filme da Coleção Os
Pensadores: "Jean Piaget".
Sobre a Teoria
A Teoria Significativa da Aprendizagem, representada por David Ausubel, está
baseada na aprendizagem que parte da compreensão e contrapõe -se ao ato de
decorar. Para Ausubel, bastaria o professor descobrir o que o aluno já sabe para,
então, desenvolver, a partir do que é conhecido, do que já faz parte da
sua estrutura cognitiva uma nova informação que resultaria em um novo
conhecimento e consequentemente, alteração da estrutura cognitiva do estudante.
Assim, a aprendizagem passa a ser a organização e integração de um novo material
na estrutura cognitiva preexistente. Nas palavras de Ausubel "o fator mais
importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe; descubra
isso e ensine--o de acordo." (AUSUBEL; NOVAK e HANESIAN, 1980, p.8).

Tipos de Aprendizagem
Aprendizagem por recepção x aprendizagem por descoberta
Enquanto na aprendizagem por recepção o aluno recebe o conteúdo pronto (é o
caso da aula expositiva), na qual seu papel é, a partir da exposição do professor,
relacionar o conteúdo dado às ideias preexistentes em sua estrutura cognitiva; na
aprendizagem por descoberta, o estudante desvela um novo caminho relacionado a
algum conceito, princípio ou até uma nova relação que resulte na solução de um
problema que lhe é apresentado.

Aprendizagem mecânica ou repetitiva x aprendizagem significativa


Quanto menos os novos conceitos apresentados aos alunos relacionam-se com
algum conhecimento já estabelecido na estrutura cognitiva prévia, mais próximo da
aprendizagem mecânica ou repetitiva eles estarão. As associações do novo
conhecimento aos já estabelecidos, neste caso, são poucas. Ao decorar uma
fórmula, por exemplo, esta poderá ser rapidamente esquecida, assim que deixar de
usá-la, uma vez que não houve junção em suas estruturas cognitivas, tornando esse
conteúdo sem significado para os alunos. Já no caso da aprendizagem significativa,
as novas ideias, conceitos ou simples aprendizagens estarão relacionados aos
conhecimentos existentes e disponíveis na estrutura cognitiva do aluno, passando a
fazer parte dela. Este é, portanto, o modelo de aprendizagem defendido por David
Ausubel.

David Ausubel defende a necessidade do uso de organizadores prévios para


receberem e facilitarem as novas aprendizagens que serão captadas pel o sujeito.
Aprendizagem significativa é, portanto, tudo que, para o aluno, tenha significado,
ou ainda, tudo o que ele seja capaz de aprender, pois consegue captar sua
importância.
Para que o professor trabalhe um novo conceito, um novo termo, um novo
conhecimento junto ao aluno, é necessário saber como o estudante está recebendo
as novidade, ou seja, precisa saber se é importante ou não que o aluno conheça este
algo novo. Ausubel definiu o conhecimento prévio que pode ser alterado por uma
nova informação como subsunçor. Para tanto, o novo conhecimento tem que
interagir com os conhecimentos preexistentes na estrutura cognitiva do estudante.
Desta forma, constitui-se uma hierarquia conceitual, onde há vários saberes
simples e outros cada vez mais complexos vão se aglutinando e formando novos
saberes.

A aprendizagem significativa da aprendizagem e o papel do professor


Para a Teoria Significativa da Aprendizagem, o papel do professor é programar os
conteúdos que são importantes para o aluno, na sequência em que os assuntos mais
simples antecedem os mais complexos. Em seguida, é, também, o docente quem
organiza e dá a sequência mais adequada do que será trabalhado em sala de aula.
Além disso, o professor trabalha para encontrar caminhos novos, em que haja
instabilidade e desconforto frente ao conhecimento, pois apenas dessa fora é que
haverá possibilidades de novas descobertas.
Para Ausubel, o professor necessita refletir sobre o seu papel e, talvez, parar de dar
aulas mecânicas ou respostas prontas como se fossem verdades absolutas. O
docente, em uma visão significativa, desafia, desconfia, provoca, instiga seus
alunos a não se contentarem com o que sabem, obrigando-os a estar em constante
movimento de refazerem, ampliarem, complementarem, reconstruírem o que
tinham, até então como sabido. O verdadeiro mestre é aquele que não se contenta
com uma resposta, mas é mestre aquele que mostra aos seus alunos o quanto ainda
é possível conhecer.
O professor deve questionar seu aluno, fazê-lo duvidar daquilo que ele tinha
certeza, criar a necessidade de encontrar uma saída diferente para uma situação
dada e não simplesmente mostrar a saída. Quando é o aluno quem encontra a
resposta, ele não mais a esquece, pois é justamente aí que reside o verdadeiro
sentido da aprendizagem. Vamos ilustrar:
"Havia uma professora muito capaz, que sempre dizia aos seus alunos que o
verdadeiro conhecimento é aquele que conseguimos digerir, ou seja, que passa pelo
nosso estômago e que depois de processado, entra em nossa corrente sanguínea e
que, portanto, permanece no corpo, passa a fazer parte do nosso eu e nem nos
damos conta disso."
Essa é uma maneira simples de pôr em prática o que Ausubel pensou ao definir
aprendizagem significativa. O que tem significado para nós, guardamos, não
esquecemos, passa, naturalmente, a fazer parte de nossa existência; já o que não
tem significado, esquecemos justamente por não ter significado.
Portanto, cabe a cada um de nós saber o que desejamos como professores.
Desejamos que nossos alunos tenham condições de criarem, desafiarem e
ampliarem o que sabem. Neste caso, Ausubel e a Teoria da Aprendizagem
Significativa têm muito a colaborar com nosso trabalho. Se, ao contrário,
desejamos outro tipo de aluno, busquemos outro tipo de colaboração.
Proposta de Ausubel para a sala de aula
O professor, após apresentar aos seus alunos as ideias básicas do assunto da aula,
deve passar para as ideias periféricas. É necessário que ele observe os limites
cognitivos individuais de seus alunos, ou seja, cada aluno elabora o conhecimento
de forma diferente, de acordo com suas estruturas mentais, e é justamente por esse
motivo que não é o professor quem decide como será desenvolvida a aula e, sim,
seus alunos. As definições dadas pelo professor ou, melhor dizendo, elaboradas
pelos alunos com o auxílio do professor, têm que ser claras e sempre reformuladas
de inúmeras formas, com o mesmo sentido, para que sejam garantidos os direitos
de todos alcançarem o conhecimento, cada qual, dentro de seus limites e de suas
experiências pessoais, que nunca devem ser descartadas. Vamos ilustrar:
"A professora trabalhou em uma aula sobre profissões. Quando os alunos foram
avaliados, a mesma professora perguntou: ?Quem vende carne?? Uma aluna
respondeu: ?O Seu José?, ao que a professora riscou em vermelho, apontando que
a aluna havia errado a resposta. Na estrutura mental da professora, quem vende
carne é o açougueiro, esta era a resposta esperada como correta. Mas, para a aluna,
quem vende carne é o dono do açougue onde ela sempre faz compras. Então, como
considerar a resposta errada? Talvez a pergunta esteja feita de maneira equivocada,
mas nunca a resposta poderia ter sido considerada incorreta. A criança juntou o
conhecimento dado em sala àquele que ela já tinha em sua estrutura mental, devido
às próprias experiências pessoais."
Algumas condições são importantes para que ocorra a aprendizagem significativa.
Um exemplo disso são os materiais que deverão ser relacionados a outros já
conhecidos do aprendente.
Então, a aprendizagem quando o aluno ainda não tem maturidade, quando não
consegue organizar e relacionar informações com o que ele já sabe; quando há
simples memorização; há tão somente repetição mecânica, não há definitivamente,
aprendizagem significativa.
Por fim, a aprendizagem significativa defendida por Ausubel ocorre sempre de
maneira dinâmica e flexível, com ênfase na participação do estudante em seu
processo de aprendizagem.

Referências
AUSUBEL, David P.; NOVAK, J. E HANESIAN, Helen. Psicologia
educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.
MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
PILÃO, Jussara M. O ensino de psicologia da educação: limites, desafios e
contribuições. Tese de Doutoramento. São Paulo: PUC-SP, 2002.

Você também pode gostar