endendo que somente ele, o professor, é o detentor do saber
e pode produzir algum conhecimento novo ao aluno. Cabe
ao aluno ouvir, prestar atenção, permanecer quieto e em si#lêncio e repetir, quantas vezes forem necessárias, escrevendo, lendo, até aderir ao que o professor deu como conteúdo. Traduzindo o modelo epistemológico em modelo peda#gógico temos: A P Assim, o professor ensina e o aluno aprende. Nesse mo#delo, nada de novo acontece na sala de aula, e se caracteriza por ser reprodução de ideologia e repetição. Pedagogia Não-Diretiva O professor torna-se um facilitador da aprendizagem, um auxiliar do aluno. O educando já traz um saber e é preci#so apenas organizá-lo ou recheá-lo de conteúdo. O professor deve interagir o mínimo possível, pois acredita que o aluno aprende por si mesmo. A epistemologia que fundamenta essa postura pedagógica é apriorista: 11 S O Apriorismo vem de a priori, o que significa que aquilo que é posto antes vem como condição do que vem depois. Essa epistemologia sustenta a ideia de que o ser humano nasce com o conhecimento já programado na sua herança genética, bastando o mínimo de interferência do meio físico ou social para o seu desenvolvimento. Segundo Becker (2001), o professor que segue essa epis#temologia apriorista renuncia àquilo que seria a característica fundamental da ação docente: a intervenção no processo de aprendizagem do aluno. A P Pedagogia Relacional O professor admite que tudo que o aluno construiu até hoje em sua vida serve de patamar para construir novos co#nhecimentos. Para esse professor, o aluno tem uma história de conhecimento percorrida e é capaz de aprender sempre. A disciplina rígida e a postura autoritária do professor são superadas através da construção de uma disciplina intelec#tual e regras de convivência que permitam criar um ambiente favorável à aprendizagem. O professor acredita que o aluno aprenderá novos co#nhecimentos se ele agir e problematizar sua ação. Para que isso aconteça, torna-se necessário que o aluno aja (assimila#ção) sobre o material que o professor traz para a sala de aula e considera significativo para sua aprendizagem que o aluno responda para si mesmo às perturbações (acomodação) pro#vocadas pela assimilação do material. S O O sujeito constrói seu conhecimento nas dimensões do conteúdo e da forma ou estrutura como condição prévia de assimilação. Nessa tendência, o professor além de ensinar, passa a aprender e o aluno, além de aprender, passa a ensinar. A P d) Maria da Graça Nicoletti Mizukami: tendências pedagó#gicas e processo de ensino e aprendizagem Mizukami (1986) classifica o processo de ensino nas seguintes abordagens: Abordagem tradicional A abordagem tradicional trata-se de uma concepção e uma prática educacional que persiste no tempo, em suas diferentes formas, e que passaram a fornecer um quadro diferencial para todas as demais abordagens que a ela se seguiram. Na concepção tradicional, o ensino é cen#trado no professor. O aluno apenas executa prescrições que lhe são fixadas por autoridades exteriores. A construção do conhecimento parte do pressuposto de que a inteligência seja uma faculdade capaz de acumular/ar#mazenar informações. Aos alunos são apresentados somente os resultados desse processo, para que sejam armazenados. Evidencia-se o caráter cumulativo do conhecimento humano, adquirido pelo indivíduo por meio de transmissão, de onde se supõe o papel importante da educação formal e da instituição escola. Atribui-se ao sujeito um papel insignificante na elabo#ração e aquisição do conhecimento. Ao indivíduo que está “adquirindo” conhecimento compete memorizar definições, anunciando leis, sínteses e resumos que lhes são oferecidos no processo de educação formal. A educação é entendida como instrução, caracterizada como transmissão de conhecimentos e restrita à ação da es#cola. Às vezes, coloca-se que, para que o aluno possa che#gar, e em condições favoráveis, há uma confrontação com o modelo, é indispensável uma intervenção do professor, uma orientação do mestre. Trata-se, pois, da transmissão de ideias selecionadas e organizadas logicamente. No processo de ensino-aprendizagem a ênfase é dada às situações de sala de aula, onde os alunos são “instruídos” e “ensinados” pelo professor. Os conteúdos e as informações têm de ser adquiridos, os modelos imitados. Seus elementos fundamentais são imagens estáticas que progressivamente serão “impressas” nos alunos, cópias de modelos do exterior que serão gravadas nas mentes individuais. Uma das decor#rências do ensino tradicional, já que a aprendizagem consiste em aquisição de informações e demonstrações transmitidas, é a que propicia a formação de reações estereotipadas, de au#tomatismos denominados hábitos, geralmente isolados uns dos outros e aplicáveis, quase sempre, somente às situações idênticas em que foram adquiridos. O aluno que adquiriu o hábito ou que “aprendeu” apresenta, com frequência, com#preensão apenas parcial. Ignoram-se as diferenças individuais. A relação professor-aluno é vertical, sendo que (o pro#fessor) detém o poder decisório quanto a metodologia, con#teúdo, avaliação, forma de interação na aula etc. O professor detém os meios coletivos de expressão. A maior parte dos exercícios de controle e dos de exames se orienta para a rei#teração dos dados e informações anteriormente fornecidos pelos manuais. A metodologia se baseia na aula expositiva e nas de#monstrações do professor a classe, tomada quase como audi#tório. O professor já traz o conteúdo pronto e o aluno se limita exclusivamente a escutá-lo. 17 CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS Abordagem comportamentalista O conhecimento é uma “descoberta” e é nova para o in#divíduo que a faz. O que foi descoberto, porém, já se encon#trava presente na realidade exterior. Os comportamentalistas consideram a experiência ou a experimentação planejada como a base do conhecimento, o conhecimento é o resultado direto da experiência. Aos alunos caberia o controle do processo de aprendiza#gem, um controle científico da educação, o professor teria a responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema de en#sinoaprendizagem, de forma tal que o desempenho do alu#no seja maximizado, considerando-se igualmente fatores tais como economia de tempo, esforços e custos. Nessa abordagem, se incluem tanto a aplicação da tecno#logia educacional e estratégias de ensino, quanto estratégias de reforço no relacionamento professor-aluno. Abordagem Humanista Nesta abordagem é dada a ênfase no papel do sujeito como principal elaborador do conhecimento humano. Da ênfase ao crescimento que dela se resulta, centrado no de#senvolvimento da personalidade do indivíduo na sua capaci#dade de atuar como uma pessoa integrada. O professor em si não transmite o conteúdo, dá assistência sendo facilitador da aprendizagem. O conteúdo advém das próprias experiências do aluno o professor não ensina: apenas cria condições para que os alunos aprendam. Trata-se da educação centrada na pessoa, já que nessa abordagem o ensino será centrado no aluno. A educação tem como finalidade primeira a criação de condições que facilitam a aprendizagem de forma que seja possível seu desenvolvi#mento tanto intelectual como emocional seria a criação de condições nas quais os alunos pudessem tornar-se pessoas de iniciativas, de responsabilidade, autodeterminação que soubessem aplicar-se a aprendizagem no que lhe servirão de solução para seus problemas servindo-se da própria existên#cia. Nesse processo os motivos de aprender deverão ser do próprio aluno. Autodescoberta e autodeterminação são ca#racterísticas desse processo. Cada professor desenvolverá seu próprio repertório de uma forma única, decorrente da base percentual de seu com#portamento. O processo de ensino irá depender do caráter individual do professor, como ele se relaciona com o caráter pessoal do aluno. Assume a função de facilitador da aprendi#zagem e nesse clima entrará em contato com problemas vitais que tenham repercussão na existência do estudante. Isso implica que o professor deva aceitar o aluno tal como é e compreender os sentimentos que ele possui. O aluno deve responsabilizar-se pelos objetivos referentes a aprendizagem que tem significado para eles. As qualidades do professor po#dem ser sintetizadas em autenticidade compreensão empáti#ca, aceitação e confiança no aluno. Não se enfatiza técnica ou método para facilitar a apren#dizagem. Cada educador eficiente deve elaborar a sua forma de facilitar a aprendizagem no que se refere ao que ocorre em sala de aula é a ênfase atribuída a relação pedagógica, a um clima favorável ao desenvolvimento das pessoas que possibilite liberdade para aprender. Abordagem Cognitivista A organização do conhecimento, processamento de in#formações estilos de pensamento ou estilos cognitivos, com#portamentos relativos à tomada de decisões, etc. O conhecimento é considerado como uma construção contínua. A passagem de um estado de desenvolvimento para o seguinte é sempre caracterizada por formação de no#vas estruturas que não existiam anteriormente no indivíduo. O processo educacional, consoante a teoria de desenvol#vimento e conhecimento, tem um papel importante, ao pro#vocar situações que sejam desequilibradoras para o aluno, desequilíbrios esses adequados ao nível de desenvolvimento em que a criança vive intensamente (intelectual e afetiva#mente) cada etapa de seu desenvolvimento. Segundo Piaget, a escola deveria começar ensinando a criança a observar. A verdadeira causa dos fracassos da educa#ção formal, diz, decorre essencialmente do fato de se principiar pela linguagem (acompanhada de desenhos, de ações fictícias, narradas etc.) ao invés do fazer pela ação real e material. Nesta abordagem, o ensino procura desenvolver a inte#ligência priorizando as atividades do sujeito, considerando-o inserido numa situação social. Caberá ao professor criar si#tuações, propiciando condições onde possam se estabelecer reciprocidade intelectual e cooperação ao mesmo tempo moral e racional. Uma das implicações fundamentais para o ensino é a de que a inteligência se constrói a partir da troca do organismo como o meio, por meio das ações do indivíduo. A ação do indivíduo, pois, é centro do processo e o fator social ou edu#cativo constitui uma condição de desenvolvimento. Abordagem Sociocultural Podemos situar Paulo Freire com sua obra, enfatizando aspectos sócio-político-cultural, havendo uma grande preo#cupação com a cultura popular, sendo que tal preocupação vem desde a II Guerra Mundial com um aumento crescente até nossos dias. Toda ação educativa, para que seja válida, deve, necessariamente, ser precedida tanto de uma reflexão sobre o homem como de uma análise do meio de vida desse homem concreto, a quem se quer ajudar para que se eduque. Logo, a escola deve ser um local onde seja possível o crescimento mútuo, do professor e dos alunos, no proces#so de conscientização o que indica uma escola diferente de que se tem atualmente, coma seus currículos e prioridades. A situação de ensino-aprendizagem deverá procurar a supe#ração da relação opressor- oprimido. A estrutura de pensar do oprimido está condicionada pela contradição vivida na situação concreta, existencial em que o oprimido se forma. Nesta situação, a relação professor-aluno é horizontal, sendo que o professor se empenhará numa prática transformadora que procurará desmitificar e questionar, junto com o aluno. Referências BECKER, Fernando. Educação e construção do conhe#cimento. Porto Alegre: Artmed, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Vo#zes, 1982. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abor#dagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. 18 CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS - PRINCIPAIS TEORIAS DA APRENDIZAGEM: INATISMO, COMPORTAMENTALISMO, BEHAVIORISMO, INTERACIONISMO; - TEORIAS COGNITIVAS Principais Teorias de Aprendizagem Segundo Silva, as principais interpretações das ques#tões relativas à natureza da aprendizagem remetem a um passado histórico da filosofia e da psicologia. Diversas cor#rentes de pensamento se desenvolveram, definindo pa#radigmas educacionais como o empirismo, o inatismo ou nativismo, os associacionistas, os teóricos de campo e os teóricos do processamento da informação ou psicologia cognitiva. A corrente do empirismo tem como princípio funda#mental considerar que o ser humano, ao nascer, é como uma “tábula rasa” e tudo deve aprender, desde as capa#cidades sensoriais mais elementares aos comportamentos adaptativos mas complexos. A mente é considerada inerte, e as ideias vão sendo gravadas a partir das percepções. Ba#seado neste pressuposto, a inteligência é concebida como uma faculdade capaz de armazenar e acumular conheci#mento. O inatismo ou nativismo argumenta que a maioria dos traços característicos de um indivíduo é fixado desde o nascimento e que a hereditariedade permite explicar uma grande parte das diferenças individuais físicas e psicológi#cas. As formas de conhecimento estão pré-determinadas no sujeito que aprende. Para os associacionistas, o principal pressuposto con#siste em explicar que o comportamento complexo é a combinação de uma série de condutas simples. Como pre#cursores desta corrente são de pensamento pode-se citar Edward L. Thorndike e B.F. Skinner e suas respectivas teorias do comportamento reflexo ou estímulo-resposta. Para Thorndike apud Pettenger e Gooding, o padrão básico da aprendizagem é uma resposta mecanicista às forças externas. Um estímulo provoca uma resposta. Se a resposta é recompensada, é aprendida. Já para Skinner, a ênfase é dada à questão do controle do comportamento pelos reforços que ocorrem com a res#posta ou após a mesma com o propósito de atingir metas específicas ou definir comportamentos manifestos. As grandes escolas da corrente dos Teóricos de Campo, são representadas, na Gestalt pelos alemães Wertheimer, Koffka e Köhler, e na Fenomenologia, por Combs e Snygg (Pettenger e Gooding). Nestas escolas prevalece a concep#ção de que as pessoas são capazes de pensar, perceber e de responder a uma dada situação, de acordo com as suas percepções e interpretações desta situação. Diferentemen#te das primeiras, em que o comportamento é sequencial, do mais simples ao mais complexo, nesta corrente, o todo ou total é mais que a soma das partes. Na Gestalt, o paradigma de aprendizagem é a solução de problemas e ocorre do total para as partes. Consiste também na organização dos padrões de percepção. Segundo Fialho, na Gestalt há duas maneiras de se aprender a resolver problemas: pelo aprendizado condu#zido ou pelo aprendizado pelo entendimento. Isto significa que conforme a organização da situação de aprendizagem, dirigida (instrucionista) ou autodirigida (ativa), o indiví#duo aprende, entretanto, deve-se promover situações de aprendizagem que sejam suficientemente ricas para que o aprendiz possa fazer escolhas e estabelecer relações entre os elementos de uma situação. Escolher entre as quais para ele, aprendiz, conduza a uma estruturação eficaz de suas percepções e significados. Na Fenomenologia, o todo é compreendido de modo mais detalhado, sem realmente fragmentar as partes. Con#sidera, ainda, entre outras premissas, que a procura de adequação ou auto atualização do indivíduo é a força que motiva todo o comportamento. A aprendizagem, como processo de diferenciação, move-se do grosseiro para o refinado. Os teóricos do Processamento da Informação ou Psi#cologia Cognitiva, de origem mais recente, reúnem diver#sas abordagens. Estes teóricos estudam a mente e a inteli#gência em termos de representações mentais e processos subjacentes ao comportamento observável. Consideram o conhecimento como sistema de tratamento da informação. Segundo Misukami, uma abordagem cognitivista im#plica em estudar cientificamente a aprendizagem com