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VII Seminário de Avaliação do PIBID

III Seminário de avaliação do Programa Residência Pedagógica


24 de fevereiro de 2024

O USO DE ATIVIDADES PRÁTICAS NO ENSINO DE HISTÓRIA COMO


FERRAMENTA DE DESPERTAR INTERESSE: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA

Heloísa Giacomini Benedeti (História, bolsista Pibid, contato:ra129155@uem.br)


Eduardo Paz (História, voluntário(a) Pibid, contato:ra129901@uem.br)
Isadora Rodrigues Quirino (História, bolsista Pibid, contato:ra129781@uem.br)
Luara Lóde Nunes (História, bolsista Pibid, contato: ra129171@uem.br)
Sirlei Maria Siofre (Prof/a da Rede Estadual, Colégio Estadual Alfredo
Moisés Maluf, Supervisora PIBID, contato: sirlei.siofre@escola.pr.gov.br)
Juliano Gualberto Ribeiro (Prof/ da Rede Estadual, Colégio Estadual Alfredo
Moisés Maluf, Supervisor PIBID, contato: juliano.ribeiro@escola.pr.gov.br)
Orientador(a):
Prof. Dr. Ailton José Morelli (Coordenador Pibid de História, Departamento
História/UEM, contato: ajmorelli@uem.br)

Resumo

O presente resumo visa apresentar um relato de experiência dentro do Programa


Institucional de Iniciação à Docência (PIBID) vinculado à Universidade Estadual de
Maringá (UEM) - campus sede, sobre as vivências e aplicações de atividades práticas no
ensino de história em turmas de sexta série dos anos finais ensino fundamental do
Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf, no município de Maringá. As atividades foram
desenvolvidas a partir da observação das aulas de história para propor em conjunto aos
professores supervisores atividades práticas que buscassem despertar o interesse dos
alunos pela disciplina, construindo um conhecimento histórico dotado de sentido por
meio da prática educativa, destacando-se nesse relato as atividades de construção de
cerâmicas por meio do uso de argila dentre os conteúdos trabalhados sobre os povos
mesopotâmicos.

Palavras-chave: PIBID, Ensino de História, Prática.

Introdução

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID,


desenvolvido com o apoio da Coordenação de Apoio de Pessoas de Nível Superior -
CAPES em parceria com a Universidade Estadual de Maringá, campus-sede de
Maringá, vem promovendo aos bolsistas do curso de licenciatura em História a
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participação e o comprometimento ativo dos discentes com as teorias e práticas que


constroem e reconstroem o ensino de história nos anos finais do Ensino Fundamental e
Ensino Médio por meio da observação e ação nos colégios públicos estaduais
participantes do programa no município de Maringá e o debate acerca da prática dentro
da universidade sob a orientação do Professor Dr. Ailton José Morelli.
Nas práticas escolares exercidas pelos bolsistas que avançam para além da
observação em sala de aula no Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf, o PIBID
fornece a possibilidade do primeiro contato com a escola por uma outra perspectiva
através das dinâmicas ali encontradas, transferindo a ótica do ex-aluno da educação
básica para o futuro professor atuante em um ambiente escolar diverso, com suas ações
e limitações marcadas pela criminalidade, pela violência doméstica, vulnerabilidade
social, ou às diferentes demandas escolares solicitadas para a integração de alunos
portadores de deficiências, transtornos e síndromes, entre estes e outros elementos que
derivam das condições socioeconômicas encontradas nos colégios atuantes.
Ao decorrer das observações realizadas por semanas em turmas de sextos anos
durante as aulas de história, nos deparamos com um desinteresse para com as aulas que
não se apresentou reduzido à apenas uma disciplina ou professor, mas expresso
diretamente sobre as marcas de um ensino tradicional enraizadas nos currículos e nas
orientações encaminhadas aos corpos docentes pela Secretaria de Educação do Estado
do Paraná - SEED através do Registro de Classe Online – RCO, disponibilizando
planejamentos pedagógicos prontos, com slides e atividades que não correspondem às
realidades aplicadas.
A alta demanda de conteúdos depositados no ensino de história, a pressa por
aplicá-los diante das más condições de trabalho, e as distrações em sala que ocasionam
a falta de atenção dos alunos combinados a um período inconcebível de horários
reduzidos a 50 minutos de aula por disciplina, tornam inviáveis a aplicação das
demandas em sua totalidade, conteúdos irreais aos alunos, que tão pouco causam
impactos significativos no processo de aprendizagem dos alunos. Diante disso,
pensamos na elaboração de atividades práticas que estivessem acessíveis ao contexto
social e econômico da escola e dos alunos pois “deve-se partir da situação atual, ou seja,
eu parto do existente e busco realizar a transformação [...] É preciso, pois, partir da
situação existente” (DE JESUS; DOS SANTOS; ANDRADE, 2019, p.75 apud
SAVIANI, 1989, p. 32) ressignificando o processo de aprendizagem da história através
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de ferramentas ao nosso alcance; potes, argilas, palitos e pincéis, que ao serem


instrumentalizados, geram o impacto da sistematização pela prática.

Desenvolvimento

A partir de observações nossas e dos professores supervisores foi possível


perceber como o interesse dos alunos se eleva quando a atividade é prática, pensando no
decorrer das atividades propostas e realizadas com as turmas. Perante os conteúdos
ministrados referentes às civilizações mesopotâmicas, pensamos na produção de
cerâmicas através da argila para a construção de elementos cotidianos de cada aluno
e/ou correlacionados às fontes arqueológicas deixadas pelos povos mesopotâmicos,
como as tábuas de escrita cuneiforme, buscando dar sentido a teoria aprendida através
da prática. Construímos esse saber através de:
[...] trabalhar o saber sistematizado transformando-o em saber
significativo de modo que, no processo de transmissão e assimilação,
o aluno seja capaz de realizar conexões relevantes entre as diversas
disciplinas e a realidade contextual à qual ele faz parte, entendendo o
conhecimento como historicamente elaborado. (DE JESUS; DOS
SANTOS; ANDRADE, 2019, p.72)
Mostrou-se pertinente produzirmos nossas atividades em diferentes turmas,
através de diferentes contextos, alunos, professores e visões de mundo, uma prática
dinâmica que pudesse apresentar aos discentes um aprendizado de história através do
lúdico, da brincadeira e da liberdade de criação e reprodução, construindo um sentido
concreto para o ensino de história com as possibilidades que estão ao alcance do
trabalho docente, “ao mesmo tempo em que o professor age segundo suas experiências e
aprendizagens, ele cria e enfrenta desafios cotidianos (pequenos e grandes) e, com base
neles, constrói conhecimentos e saberes, num processo contínuo de fazer e refazer.”
(CALDEIRA; SAIDAN, 2013, p.21).

Resultados e Discussão

As bolsistas, coordenadas respectivamente pela professora Sirlei Maria Siofre e


professor Juliano Gualberto Ribeiro , aplicaram as atividades em turmas de 6° anos em
diferentes meses de atuação, de forma sincronizada aos conteúdos de História Antiga
disponibilizados no Currículo da Rede Estadual Paranaense –CREP/PR expostos nos
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objetos de conhecimento destinados aos sextos anos como “Povos da Antiguidade na


África (egípcios), no Oriente Médio (mesopotâmicos) e nas Américas (pré-
colombianos)” (PARANÁ, 2019, p.20).
Ambas as turmas trabalhadas realizaram atividades sobre a Mesopotâmia e suas
civilizações, a atividade de produção de cerâmicas foi realizada pela aluna Isadora
durante o mês de março de 2023, ainda no primeiro bimestre do ano letivo sob
supervisão da professora Sirlei.
Orientando os alunos à uma das áreas externas do colégio com acesso às mesas e
bancos, além de torneiras e produtos de higiene, os alunos foram encaminhados para o
espaço durante a primeira aula da disciplina levando consigo potes para armazenar água
e realizar o tratamento da argila, palitos para construção dos detalhes, além de sacolas
plásticas para o armazenamento do material juntamente de jornais para proteger as
mesas, e especialmente a argila.
Considerando a liberdade de criação artística dos alunos, junto de seu
desenvolvimento cognitivo e criativo, os alunos criaram diversas cerâmicas ou
reproduzindo artefatos semelhantes às escritas cuneiformes, e até mesmo cavernas e
pequenos bonecos remetendo aos conteúdos previamente trabalhados acerca do homem
pré-histórico. Intermediada pela professora e os bolsistas, a atividade correu durante
uma das duas aulas previstas para o dia. Ao fim das construções cerâmicas, as mesas
foram organizadas pelos alunos com a limpeza das mãos e dos materiais utilizados e se
direcionando para a sala com a professora Sirlei enquanto os pibidianos realizaram a
limpeza do local e armazenaram as produções.
As atividades ministradas pelo professor Juliano e as pibidianas Heloísa e Luara
se deram durante o segundo bimestre do ano letivo de 2023. Solicitada previamente pelo
professor, a argila foi utilizada na produção de placas com escritas cuneiformes e/ou
fenícias com o uso dos artefatos disponíveis ao seu alcance tais como potes, água,
palitos de bambu fornecidos pelo professor supervisor e principalmente, suas próprias
mãos.
Os alunos realizaram suas produções na argila em um espaço amplo do colégio
que permitiu o manuseio do material de forma livre sem afetar o patrimônio da escola.
Em contato direto uns com os outros, os alunos mostraram-se em alguns momentos
desfocados da atividade tanto pela possibilidade de interação com outros colegas quanto
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pela liberdade de ação. Cumprindo o papel de intermediação e participação, as bolsistas


auxiliaram aos que solicitaram orientação.
As agitações e desafios devem ser levados em consideração na execução de
atividades práticas tal qual as teóricas ministradas em sala. Quando terminaram a
atividade os alunos se retiraram para o intervalo e as bolsistas ficaram para organizarem
o local e as placas.

Considerações Finais
Colocar diante dos alunos conteúdos pertencentes ao ensino de história de forma
palpável e prática, como é o caso da produção de escrita e cerâmicas em argila citadas
no resumo, anexam sentidos ao que se aprende através da aproximação do tempo
histórico entre o mundo antigo e contemporâneo ao visualizarem de forma prática que o
primeiro sistema de escrita sistematizado na humanidade foi desenvolvido por homens
que também passaram por um processo de produção similar ao seu em outros contextos
históricos com outros sentidos a lhes motivarem.
Ao longo de todo o PIBID, nós visamos proporcionar um ensino mais criativo,
participativo, lúdico e sensorial diante um vasto e crescente desinteresse pelo ensino de
história por parte dos alunos e pelos currículos direcionados à área. De recursos
limitados pelas condições socioeconômicas dos alunos, o manuseio da argila
proporcionou de forma acessível a todos um contato para além de sala de aula, de forma
prática e cativante, uma experiência que pudesse não somente despertar um interesse
nos alunos, mas também nos professores e bolsistas que enfrentam salas de aula
marcadas pelo desinteresse, pela desatenção e condições adversas que interferem
diretamente no trabalho docente.

Referências

CALDEIRA, Anna Maria Salgueiro; ZAIDAN, Samira. Práxis pedagógica: um desafio


cotidiano. Paidéia, 2013. Disponível em file:///C:/Users/isado/Downloads/2374-%20do
%20Artigo-5216-1-10-20140813.pdf Acesso em 06 out. 2023.
DE JESUS, Lucas A. F.; DOS SANTOS, Juliane; ANDRADE, Luiz Gustavo S. B.
Aspectos gerais da pedagogia histórico-crítica. Educação Profissional e Tecnológica em
Revista-ISSN 2594-4827, v. 3, n. 1, 2019, p.71-81. Disponível em Acesso em 06 out.
2023.
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa /


Paulo Freire. – São Paulo: Paz e Terra, 1996.
PARANÁ. Secretaria de Estado de Educação. Currículo da Rede Estadual Paranaense -
CREP – História, EF. Curitiba: SEED, 2019.

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