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Tutoria UC7 – problema 5 Manoella Evelyn 1

Normalmente, o intestino delgado e cólon absorvem


99% do líquido ingerido por via oral e das secreções do
trato gastrointestinal — na quantidade total de cerca
A diarreia é caracterizada pela evacuação frequente de de 9 a 10 L por dia. Assim, mesmo pequenas reduções
fezes líquidas, acompanhadas de uma perda excessiva na absorção ou incrementos na secreção de água pelo
de líquidos e eletrólitos, principalmente sódio e intestino podem resultar em água suficiente para
potássio. causar uma diarreia.

COMPLICAÇÕES Vários mecanismos básicos causam a maioria das


Complicações podem aparecer com diarreia de diarreias clinicamente importantes. As três mais
qualquer etiologia. Perdas de líquidos com comuns são: aumento da carga osmótica, aumento da
desidratação secundária, perda de eletrólitos (sódio, secreção e/ou diminuição da absorção e diminuição do
potássio, magnésio, cloreto) e mesmo choque podem tempo de contato ou da área de superfície. Em muitos
ocorrer. Choque pode aparecer rapidamente em distúrbios, há mais de um mecanismo agindo. Por
pacientes com diarreia mais intensa (p. ex., pacientes exemplo, a diarreia na doença inflamatória intestinal
com cólera) ou muito jovens, muito idosos ou decorre da inflamação da mucosa, exsudação no lúmen
debilitados. A perda de bicarbonato pode resultar em e múltiplos secretagogos e toxinas bacterianas que
acidose metabólica. Hipopotassemia pode ocorrer em afetam a função do enterócito.
diarreias crônicas e/ou mais intensas ou ainda se as
CLASSIFICAÇÃO PELO MECANISMO
fezes contiverem excesso de muco. Hipomagnesemia
FISIOPATOLOGICO
após diarreias mais intensas pode causar tetania.
A diarreia ocorre quando há desequilíbrio entre
CAUSAS absorção e secreção de fluidos pelo intestino devido a
uma enterotoxina ou lesão que acarrete uma
• Trânsito excessivamente rápido dos conteúdos
diminuição da absorção, mediada por agressão direta
intestinais através do intestino delgado
pelo micro-organismo ou citotoxina. Podemos
• Digestão enzimática diminuída de alimentos classificar as diarreias pelo seu mecanismo
fisiopatológico:
• Absorção diminuída de líquidos e nutrientes

• Secreção aumentada de líquidos no TGI OSMÓTICA


Diarreia aparece quando substâncias hidrossolúveis
• Infecção viral (norovírus, rotavírus)
não absorvíveis permanecem na luz intestinal e retêm
• Infecção bacteriana (Salmonella, Campylobacter ou água. Esses solutos incluem polietilenoglicol, sais de
Shigella spp.; Escherichia coli; Clostridioides difficile) magnésio (hidróxido e sulfato) e fosfato de sódio,
usados como laxantes. Diarreia osmótica ocorre nos
• Infecção parasitária (Giardia spp., Entamoeba casos de intolerância a carboidratos (p. ex.,
histolytica e Cryptosporidia spp.) intolerância à lactose, causada por deficiência de
lactase). A ingestão de grande quantidade de hexitóis
• Intoxicação alimentar (Staphylococci, Bacillus cereus,
(p. ex., sorbitol, manitol, xilitol) ou xaropes de milho
Clostridium perfringens)
ricos em frutose, usados como substitutos do açúcar
• Fármacos (laxantes, antiácidos contendo magnésio, em doces e gomas de mascar, causa diarreia osmótica
cafeína, fármacos antineoplásicos, muitos antibióticos, porque são pouco absorvíveis. Lactulose, usada como
colchicina, quinino/quinidina, análogos da laxativo, causa diarreia por um mecanismo similar.
prostaglandina, excipientes (p. ex., lactose) em elixires) Ingestão exacerbada de determinados gêneros
alimentícios pode causar diarreia osmótica.
ETIOLOGIA
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Exemplos: lactulose, manitol, induzida por magnésio INFLAMATÓRIA


(antiácidos), disabsorção de carboidratos e uso de
Alteração na absorção da mucosa por alteração
antibióticos, diarreias que acompanham a síndrome do
inflamatória, que lesiona e leva a morte dos
esvaziamento rápido e após a ingestão de lactose na
enterócitos, e não consegue absorver ou transportar
presença de uma deficiência de lactase.
açúcares, aminoácidos ou eletrólitos, ocorre a diarreia.
Causada pela presença no trato intestinal de solutos Exemplos: Colites, tuberculose, doença inflamatória
osmoticamente ativos que são pouco absorvidos intestinal;
porque as vilosidades irão ser prejudicadas. A água vai
sair das células p tentar dissolver e não consegue voltar
ESTEATORREIA
depois.
Quadros em que há uma disabsorção de lipídios
secundária a má absorção ou má digestão.
SECRETÓRIA

Resultado da secreção ativa de eletrólitos e água pelo Exemplos: Insuficiência exócrina do pâncreas,
epitélio intestinal. Há distúrbio no transporte isquemia mesentérica.
hidroeletrolíticos na mucosa intestinal, geralmente
causado por uma toxina, droga ou patologias FUNCIONAL
intestinais e sistêmicas. A hipermotilidade intestinal está associada a outros
mecanismos de diarreia, mas como uma causa primária
 Causadas por exotoxinas bacterianas, vírus, secreção
não é comum e é um diagnóstico de exclusão.
de hormônio intestinal aumentada.
As diarreias agudas estão mais associadas a
 Não são aliviadas pelo jejum
gastroenterites virais, como o rotavírus, bacterianas,
Exemplos: Cólera, coli enterotoxigênica, Clostridium como E. coli, Shigella, Campylobacter, Cólera, ou
difficile, Shigella, Salmonela; IECA, furosemida, cafeína, parasitarias, helmintos e protozoários.
fluoxetina; Venenos; Doença celíaca, doença
Já as diarreias crônicas, estão mais associadas a
inflamatória intestinal;
parasitoses não tratadas, doença inflamatória
É o resultado da presença de substâncias (p. ex., intestinal e intolerâncias alimentares à lactose ou
toxinas bacterianas) que aumentam a secreção de íons glúten, por exemplo.
de cloreto e água no lúmen intestinal. Esse tipo de
Obs.: Atenção para os pacientes que estão fazendo uso
diarreia não é interrompido com o jejum.
de antibiótico e desenvolvem quadro diarreico! A
microbiota bacteriana normal pode ter sido destruída,
EXSUDATIVA permitindo a proliferação do Clostridium Difficile,
Estão sempre associadas à lesão na mucosa, o que leva causando uma colite pseudomembranosa na mucosa
ao extravasamento de muco, sangue e proteínas intestinal
plasmáticas com um acúmulo de líquido de eletrólitos
e água no intestino CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM AS DEJEÇÕES E
FREQUENCIA
Exemplos: diarreias associadas à colite ulcerativa
De acordo com as características das dejeções e
crônica e enterite por radiação
frequência por dia, podemos classificar como alta ou
baixa e se possui características inflamatórias:
MOTORA
Resulta de alterações motoras que levam ao trânsito • Alta: poucas dejeções ao dia, fezes volumosas,
intestinal acelerado ou por redução da área absortiva, presença de restos alimentares e ausência de muco.
ação do sistema nervoso entérico. Geralmente acompanhada de cólicas abdominais.

Exemplos: em caso de nervosismo. • Baixa: múltiplas dejeções ao dia, pouco volumosas,


sem restos alimentares e com presença de muco, pus
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e pode conter sangue. Geralmente acompanhadas de viagens, possivelmente envolvendo comida


urgência e tenesmo. contaminada ou um surto com uma fonte pontual.

• Não-inflamatória: fezes aquosas, volumosas, sem A diarreia sanguinolenta aguda com ou sem
sangue muco ou pus, geralmente sem febre. instabilidade hemodinâmica em uma pessoa saudável
sugere uma infecção enteroinvasiva. O sangramento
• Inflamatória: evacuações frequentes, pequeno diverticular e a colite isquêmica também se
volume, com muco ou pus, algumas com sangue. É manifestam com diarreia sanguinolenta aguda.
comum febre, toxemia, dor abdominal intensa, Episódios recorrentes de diarreia sanguinolenta em
tenesmo e leucocitose associada. uma pessoa mais jovem sugerem doença inflamatória
Quando acompanhada de náuseas, vômitos e dor intestinal.
abdominal difusa, a diarreia aguda compõe a síndrome Na ausência do uso de laxantes, a diarreia volumosa (p.
de gastroenterite aguda, uma condição habitualmente ex., volume diário das fezes > 1 L/dia) sugere
causada por infecções virais ou intoxicação alimentar. fortemente um tumor endócrino como etiologia para
Nos casos em que há sangue concomitante, se constitui os pacientes com anatomia GI normal. Uma história de
como um quadro de disenteria e está mais associada a gotas de óleo nas fezes, principalmente se associado à
infecções por bactérias, como Shigella e Salmonella. perda ponderal, sugere má absorção.

A diarreia que ocorre consistentemente depois da


A diarreia segundo a origem é classificada em alta com
ingestão de determinados alimentos (p. ex., alimentos
volume grande evacuado contendo restos alimentares,
gordurosos) sugere intolerância alimentar. O uso
baixa frequência, cessa após jejum, esteatorréia e
recente de antimicrobianos deve aumentar a suspeita
distensão abdominal e; baixa contendo volume
de diarreia associada aos antibióticos, inclusive a por
pequeno de fezes, não cessa após jejum, eliminação de
Clostridioides difficile.
muco pode ocorrer, frequência grande.
Diarreia com fezes verde ou laranja sugere absorção
SINAIS DE ALERTA
prejudicada de sais biliares.
Alguns achados levantam a suspeita de uma etiologia
Os sintomas podem ajudar a identificar as partes
orgânica ou mais grave da diarreia:
afetadas do intestino. Em geral, nas doenças do
• Sangue ou pus nas fezes intestino delgado, as fezes são volumosas e aquosas ou
gordurosas. Nas doenças colônicas, as evacuações são
• Febre frequentes, algumas vezes em pequeno volume e
possivelmente acompanhadas de sangue, muco, pus e
• Sinais de desidratação
desconforto abdominal.
• Diarreia crônica
EXAMES
• Perda ponderal
Diarreia aguda (< 4 dias) tipicamente não requer
• Taquicardia, hipotensão e letargia (significando qualquer exame. Exceções são os pacientes com sinais
desidratação) de desidratação, diarreia com sangue, febre, dor forte,
hipotensão ou características tóxicas — em particular
• Vômito bilioso os muito jovens ou muito idosos. Esses pacientes
devem fazer hemograma e dosar eletrólitos, ureia e
• Sensibilidade e/ou distensão abdominal sensível
creatinina. Amostras de fezes devem ser coletadas
extrema
para microscopia, coprocultura e, se houver história de
• Petéquias e/ou palidez uso recente de antibióticos, pesquisa de toxina de C.
difficile.
INTERPRETAÇÃO DOS AC HADOS
Diarreia crônica (> 4 semanas) requer avaliação, do
A diarreia aquosa aguda em uma pessoa saudável mesmo modo que os quadros de duração mais curtas
tende a ser de etiologia infecciosa, especialmente em
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(1 a 3 semanas) nos pacientes imunodeprimidos ou Diarreia secretória é o resultado da presença de


estado geral muito comprometido. A avaliação substâncias (p. ex., toxinas bacterianas) que aumentam
diagnóstica deve ser orientada pela anamnese e pelo a secreção de íons de cloreto e água no lúmen
exame físico quando possível. Se essa abordagem não intestinal. Esse tipo de diarreia não é interrompido com
fechar o diagnóstico ou indicar a direção, é necessário o jejum.
fazer uma abordagem mais ampla. Os testes iniciais
devem incluir sangue oculto nas fezes, gordura, Diarreia inflamatória está associada a condições que
provocam inflamação ou ulceração da mucosa
eletrólitos (para calcular o intervalo osmótico nas
fezes) e antígeno de Giardia ou teste de reação em intestinal (p. ex., doença de Crohn, colite ulcerativa). O
cadeia da polimerase; hemograma completo com extravasamento de plasma, proteínas séricas, sangue e
diferencial; sorologia celíaca; hormônio muco aumenta o bolo fecal e o conteúdo de líquidos.
tireoestimulante (TSH) e tiroxina livre (T4); e Má absorção é o resultado de mecanismos osmóticos
calprotectina ou lactoferrina fecal (para rastrear ou secretórios ou situações que diminuem a superfície
doença inflamatória intestinal [DII]). de absorção intestinal. Condições como insuficiência
pancreática e síndrome do intestino curto e situações
TRATAMENTO
que aumentam a velocidade do trânsito intestinal
• Reposição hidroeletrolítica para corrigir desidratação causam diminuição da absorção e diarreia.

• Possivelmente, antidiarreicos para diarreia não


ETIOLOGIA
sanguinolenta em pacientes sem toxicidade sistêmica
As causas e o significado da diarreia diferem,
Diarreia intensa necessita de reposição dependendo de ser aguda (< 2 semanas) ou crônica (>
hidroeletrolítica para corrigir desidratação, distúrbio 2 semanas). As formas agudas são a maioria dos casos.
eletrolítico e acidose. Soluções por via parenteral
contendo cloreto de sódio, cloreto de potássio e Diarreia aguda é geralmente causada por:
glicose são geralmente necessárias. Solução de
 Gastrenterite
hidratação oral contendo glicose e eletrólitos deve ser
dada nos casos de diarreia não intensa e quando  Uso de antibióticos
náuseas e vômitos forem mínimos (Reidratação oral:
Soluções). Líquidos orais e parenterais são às vezes  Alergia alimentar
administrados simultaneamente quando água e
 Intoxicação alimentar
eletrólitos têm de ser repostos em grandes
quantidades (p. ex., na cólera). A maioria das gastrenterites é provocada por vírus;
entretanto, qualquer agente patogênico entérico pode
OBS.: DIARREIA EM CIRANÇAS causar diarreia aguda.

Diarreia crônica é geralmente causada por:


FISIOPATOLOGIA
Os mecanismos da diarreia podem ser:  Fatores dietéticos

• Osmótico  Infecção

• Secretório  Doença celíaca

• Inflamatório  Doença inflamatória intestinal

• Malabsortivos A diarreia crônica também pode ser causada por


disfunções anatômicas e por aquelas que interferem na
Diarreia osmótica resulta da presença de solutos não absorção ou na digestão.
absorvíveis no trato GI, como no caso da intolerância à
lactose. A diarreia é interrompida com a retirada do
alimento causador, por 2 a 3 dias.
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• Giardíase, quando a diarreia durar 14 dias ou mais, se


identificarem cistos ou trofozoítos nas fezes ou no
aspirado intestinal.

• Zinco: deve ser administrado, uma vez ao dia,


durante 10 a 14 dias:

• Até seis (6) meses de idade: 10mg/dia.

• Maiores de seis (6) meses de idade: 20mg/dia.

Obs.: ANTIDIARREICOS E ANTIEMÉTICOS NÃO DEVEM


SER USADOS.

Desidratação é depleção significativa da água do corpo


e, em geral, de eletrólitos. Sinais e sintomas incluem
sede, letargia, mucosa seca, oligúria e, à medida que o
grau de desidratação progride, taquicardia, hipotensão
e choque. O diagnóstico baseia-se em história e exame
físico. O tratamento é com reposição de líquidos e
eletrólitos orais ou IV.

FISIOPATOLOGIA

Todos os tipos de perdas líquidas incluem os eletrólitos


em concentrações variáveis, de maneira que toda
perda de líquidos é sempre acompanhada por algum
grau de perda de eletrólitos. [A quantidade exata e o
tipo da perda de eletrólitos variam de acordo com a
causa (p. ex., quantidades significativas de bicarbonato
(HCO3-) podem ser perdidas com a diarreia, mas não
com vômitos). Mas os líquidos perdidos sempre
contém uma menor concentração de sódio do que a do
plasma. Assim, na ausência de qualquer reposição de
líquidos, o sódio sérico aumenta (hipernatremia).

USO DE MEDICAMENTOS EM PACIENTES COM A hipernatremia faz a água alternar do espaço


DIARREIA intracelular e intersticial para o espaço intravascular,
ajudando, pelo menos temporariamente, a manter o
• Antibióticos: devem ser usados somente para casos
volume vascular. Com a reposição de líquidos
de diarreia com sangue (disenteria) e
hipotônicos (p. ex., com água pura), o sódio sérico pode
comprometimento do estado geral ou em casos de
se normalizar, mas também pode diminuir
cólera grave. Em outras condições, os antibióticos são
(hiponatremia). A hiponatremia resulta do
ineficazes e não devem ser prescritos.
deslocamento de líquido do espaço intravascular para
• Antiparasitários: devem ser usados somente para: o interstício, às custas do volume vascular.

• Amebíase, quando o tratamento de disenteria por CLASSIFICAÇÃO DEPENDENDO DA TAXA DE PERDA


Shigella sp fracassar, ou em casos em que se identifi DE ÁGUA
cam nas fezes trofozoítos de Entamoeba histolytica
englobando hemácias.
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Dependendo da taxa de perda de água em relação aos líquido extracelular gera um gradiente osmótico com
eletrólitos, a desidratação pode ser classificada em três conseqüente movimentação de água do espaço
tipos: extracelular para o espaço intracelular, o que agrava o
déficit extracelular, acentuando os sinais e sintomas da
ISOTÔNICA desidratação.
É o tipo mais comum da desidratação, principalmente
SINAIS E SINTOMAS
em crianças, e caracteriza-se por uma perda
proporcional de água e sódio por meio de vômitos e
diarreias.

Caracterizada por sódio sérico entre 135 mEq/l e


150mEq/l. Há uma depleção de sódio e água, com uma
perda proporcional à concentração do fluido
extracelular. Não há, portanto, gradiente osmótico
entre os compartimentos intra e extracelular, sendo
este o tipo mais freqüente de desidratação.

HIPERTÔNICA

Segundo tipo mais recorrente. Acontece quando a


proporção de água perdida é maior que a de sódio.
Acomete mais pessoas com diabetes, e representa
aproximadamente 10% a 20% de todos os casos
pediátricos de desidratação com diarreia. Febres
prolongadas, sudorese intensa, baixa administração de
água, hiperglicemia, dietas sem reposição correta e
diarreias intensas são as causas desse tipo.

Caracterizada por sódio sérico maior que 150 mEq/l. Há


depleção de sódio e água, porém com uma perda CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A MAGN ITUDE DO
proporcional maior de água. Há, portanto, gradiente DÉFICIT DE ÁGUA
osmótico, sendo que a maior tonicidade do meio
A desidratação pode ser classificada de acordo com a
extracelular leva à desidratação celular com graves
magnitude do déficit de água, estimada através de
sintomas secundários, principalmente ao
sinais clínicos e pela perda ponderal, em leve ou de 1º
comprometimento do sistema nervoso central.
grau (perdas de até 5% do peso), moderada ou de 2º
grau (de 5 a 10%) e grave ou de 3º grau (>10%). Por
HIPOTÔNICA outro lado, o nível sérico do sódio resultante dessas
Bastante incomum em adultos e idosos, mas perdas, determinará a sua classificação em
representa de 10% a 15% dos casos pediátricos de desidratação isotônica, hipotônica e hipertônica.
desidratação com diarreia. Neste caso, ocorre perda
maior de sódio do que de água. As alterações TRATAMENTO
gastrointestinais ou renais, má nutrição, uso de Independentemente da etiologia da desidratação, que
diuréticos sem reposição adequada de sais são alguns pode ser muito variável, os princípios gerais de
dos fatores que podem desencadear a desidratação tratamento são os mesmos, devendo-se levar em
hipotônica. consideração o grau das perdas de água (gravidade) e
o nível de sódio (tipo de desidratação), não se
Caracterizada por sódio sérico menor que 130 mEq/l.
esquecendo de que outros distúrbios eletrolíticos e
Há uma depleção de sódio e água, porém com uma
metabólicos poderão estar presentes, merecendo
perda proporcional excessiva de sódio em relação à
perda hídrica. A conseqüente hipotonicidade do
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atenção especial o equilíbrio ácido-base e os níveis de adquirida pela ingestão de água proveniente da rede
potássio. pública, com falhas no sistema de tratamento, ou
águas superficiais não tratadas ou insuficientemente
De um modo geral, a desidratação leve e moderada ratadas (só por cloração). Também é descrita a
pode ser tratada através da via oral (terapia de transmissão envolvendo atividades sexuais, resultante
reidratação oral, TRO), reservando-se a via parenteral do contato oro-anal. Infecção por protozoários que
para os casos mais graves, para a correção dos atinge, principalmente, a porção superior do intestino
distúrbios eletrolíticos severos e para aqueles com
delgado. A maioria das infecções é assintomática e
vômitos incoercíveis ou com perdas continuadas muito ocorre tanto em adultos quanto em crianças. A
intensas (>100 ml/kg/h). infecção sintomática pode apresentar-se através de
A terapia de reidratação endovenosa consiste em três diarreia, acompanhada de dor abdominal.
fases com objetivos terapêuticos distintos: fase de
reparação ou expansão, fase de manutenção e fase de
reposição.

FASE DE REPARAÇÃO OU EXPANSÃO


É a primeira fase do tratamento, objetivando o
restabelecimento rápido dos níveis normais de água e
eletrólitos.

FASE DE MANUTENÇÃO
Essa fase tem por objetivo repor as perdas fisiológicas
normais de água e eletrólitos da criança.

FASE DE REPOSIÇÃO

Essa fase visa à reposição das perdas anormais


continuadas de água e eletrólitos.

• Os nematelmintos mais comuns são: Ascaris


(“lombriga”), Tricuris, ancilostomídeos (Ancylostoma e
Necator) que podem causar o popular “amarelão” e
oxiurus (Enterobius vermicularis)

• Os platelmintos mais comuns são: Tênias (Taenia


solium – do porco; T. saginata – do boi)

• Os protozoários mais comuns são: Giardia lamblia e


as amebas (Entamoeba histolytica)

GIARDÍASE

É doença de distribuição mundial. Epidemias podem


ocorrer, principalmente, em instituições fechadas que CRIPTOSPORIDÍASE
atendam crianças pequenas, sendo o grupo mais
acometido entre oito meses e 10 a 12 anos. A Giardia é O Cryptosporidium parvum é uma importante causa de
reconhecida como um dos causadores “diarreia dos doença diarreica aguda em indivíduos
viajantes” em zonas endêmicas. A infecção pode ser imunocompetentes, embora seja comum em pacientes
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com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e com perda de dois a três litros de fezes aquosas,45 má
outras doenças imunodepressoras, conduzindo-os a absorção, desidratação e desnutrição significantes, que
diarreia crônica. pode culminar com o óbito quando não se consegue o
controle das perdas fecais. Os sintomas dependem da
O uso rotineiro de cloro na água de beber é variação no estado imunológico, do estado nutricional
relativamente ineficaz para matar os oocistos, forma e da terapia realizada. Também é possível ocorrer a
infectante desse protozoário. Foi detectada uma cura espontânea.
soroprevalência de 95% aos dois anos de vida no
Nordeste do Brasil. Bezerros são fonte de infecção O diagnóstico é confirmado pela identificação de
humana e, por isso, o consumo de leite de vaca não oocistos nas fezes, sendo necessário três ou mais
pasteurizado pode causar infecção. amostras fecais porque a excreção de oocistos é
variável ao longo de um dia e entre os dias.48 A
No hospedeiro imunocompetente, a replicação do aspiração do fluído duodenal ou escovação do
parasita ocorre principalmente na borda apical do intestino delgado podem ser realizados se o paciente
enterócito, no jejuno baixo e íleo, local de aderência do submeter-se a uma endoscopia digestiva alta,
Cryptosporidium parvum, podendo-se observar atrofia especialmente quando a biópsia intestinal é contra-
vilositária variável (leve a grave) no ponto de contato. indicada. O método mais efetivo e usado para
Quando grande quantidade desse protozoário está identificar os oocistos nas amostras de fezes é a
presente nos intestinos delgado e grosso, é possível coloração álcool ácido resistente, que dá cor vermelha
causar redução na superfície intestinal disponível para
aos oocistos. Outras técnicas de coloração incluem
a absorção; mas não existe evidência direta que Giemsa, PAS e tricrômio, que colorem os oocistos ou
comprove essa hipótese. Também pode ocorrer agem como coloração negativa. Vários métodos
invasão da mucosa intestinal. recentes têm sido propostos, porém a coloração de
A diarreia poderia ser devido à má absorção por atrofia fixação ácida permanece a técnica de escolha. Sangue
das vilosidades, com consequente redução da área de e leucócitos são encontrados raramente na diarréia por
absorção e da atividade das dissacaridases. Cryptosporidium parvum.

A gravidade e a duração do quadro clínico são


influenciadas pelo estado imune do hospedeiro.38
Após período de incubação de aproximadamente uma
semana, o indivíduo começa a apresentar diarreia
aquosa, de odor fétido, sem muco ou sangue.

No hospedeiro imunocompetente, causa uma diarreia


profusa e aquosa, às vezes com muco, que é
autolimitada, durando de dez a 14 dias, mas pode
permanecer por mais de um mês. Há queixas
frequentes de dor abdominal tipo cólica, flatulência,
náuseas e vômitos, acompanhados por sintomas gerais
como anorexia, mialgia, cefaleia, astenia e
indisposição; a febre, se presente, é baixa. A
alimentação pode exacerbar a diarreia e a dor
abdominal. Raramente é grave e prolongada,
associando-se, nesses casos, com perda de peso
importante. Em geral, ocorre recuperação espontânea
e parece desenvolver-se imunidade permanente, pois
não têm sido registrados casos de infecções
recorrentes.

No paciente imunocomprometido, é comum AMEBÍASE


manifestar-se como uma doença grave, prolongada,
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A ingestão de cistos viáveis de Entamoeba histolytica


causa a infecção, mas o trofozoíto é a forma que
promove a invasão da mucosa intestinal, e assim, a
doença por esse parasita. Adultos e crianças são
igualmente susceptíveis à infecção, que atinge dez a
12% da população mundial, mas apenas cerca de 10%
dos infectados apresentam sintomatologia.

Os trofozoítos amebianos invadem a mucosa colônica


e alcançam a submucosa, na qual se multiplicam e
provocam lesões necróticas, formando uma úlcera.
Esta pode ser puntiforme ou progredir através da
lâmina própria para a muscular da mucosa,
estendendo-se lateralmente sob a mucosa de
aparência normal, caracterizando a úlcera em "botão
de camisa".

Os indivíduos, na sua maioria portadores


assintomáticos. Outros podem apresentar sintomas
discretos, caracterizados por diarreia leve, com fezes
líquidas, acompanhada por náuseas e cólicas
esporádicas.

A amebíase é diagnosticada pela presença de


trofozoítos hematófagos (contêm eritrócitos no seu
interior) ou cistos, através de exame a fresco das fezes
diarreicas ou após fixação e coloração pelo iodo ou
tricrômio. O exame direto deve ser feito
imediatamente ou até trinta minutos após a
eliminação das fezes, pois os trofozoítos morrem
rapidamente no meio externo. A emissão de cistos
pode ser intermitente, recomendando-se então,
exame de, no mínimo, três amostras de fezes. Os cistos
de E. histolytica patogênica e E. dispar - espécie não
patogênica - não podem ser distinguidos
microscopicamente. Por isso, o diagnóstico da colite
amebiana deve ser realizado através do achado de
trofozoítos hematófagos, que caracterizam a invasão
mucosa. A presença exclusiva de cistos nas fezes não é
diagnóstica, pois o indivíduo pode ser um portador
TRICURÍASE
assintomático de cistos.
É causada pelo Trichuris trichiura, parasita comum em
A cultura para amebas é um método mais sensível, regiões quentes e úmidas, onde as chuvas ocorrem
permitindo a diferenciação entre as formas patogênica durante todo o ano. A transmissão ocorre a partir da
e não patogênica, mas não é facilmente disponível.19 ingestão de ovos embrionados. As larvas amadurecem
Os testes hematológicos e bioquímicos raramente são no intestino delgado e migram para o cólon proximal.
úteis. É importante lembrar que a invasão por E. Nas infecções graves, os vermes podem ser
histolytica não causa eosinofilia. encontrados do íleo terminal ao reto, tornando a
mucosa edematosa, friável e com facilidade de
sangramentos. As alterações da mucosa são
encontradas apenas no local de aderência do parasita
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e consistem de petéquias ou hemorragia subepitelial, frequentemente fêmeas adultas e ovos. A infecção


destruição celular e infiltração superficial com acontece diretamente principalmente do ânus para a
eosinófilos, linfócitos e células plasmáticas. Trichuras cavidade oral, através dos dedos, principalmente nas
trichiura provoca reação de hiper-sensibilidade crianças, doentes mentais e adultos com precários
imediata na mucosa colônica, que pode estar envolvida hábitos de higiene. De forma indireta por meio de ovos
na patogênese da síndrome disentérica por esse presentes na poeira ou alimentos. É uma das
parasita. helmintíases mais frequentes na infância, mais
incidente na idade escolar. Em geral, afeta mais de um
Dependendo da carga de parasitas, a infecção pode ser membro na família, o que tem repercussões no seu
assintomática ou associada com diarreia, em geral controle, que deve ser dirigido a pessoas que vivem no
crônica, disenteria ou retardo de crescimento. Se a mesmo domicílio. Não provoca quadros graves, porém
infecção é exclusivamente luminar, não há sintomas.
causa repercussões no estado de humor dos infectados
Se a carga de parasitas é pequena, o indivíduo pode pela irritabilidade ocasionada pelo prurido, levando a
apresentar desconforto e distensão abdominal, baixo rendimento, em escolares.
náusea, flatulência e diarreia. Quando a carga de
parasitas é moderada, desenvolve-se um quadro de
colite crônica com dor abdominal baixa, diarreia,
distensão abdominal, anorexia e perda de peso. A
disenteria é comum e clássica nas crianças com intensa
carga parasitária. A diarreia é profusa, sanguinolenta,
com muco e pus, acompanhada por anorexia, perda de
peso, dor epigástrica, cólicas, vômitos, flatulência,
tenesmo, urgência e prolapso retal, característico
dessa síndrome; as crianças são frequentemente
stunted e de baixo peso, anêmicas e malnutridas. O
diagnóstico é feito por intermédio do exame das fezes,
direto ou de amostras conservadas em solução salina,
a partir do achado de parasitas adultos ou ovos.

ANCILOSTOMOSE OU AMARELÃO

É uma infecção intestinal causada por nematódeos,


que pode apresentar-se assintomática, em caso de
infecções leves. Em crianças com parasitismo intenso,
pode ocorrer hipoproteinemia (queda na quantidade
de proteína sanguínea) e atraso no desenvolvimento
físico e mental. Com frequência, dependendo da
OXIURÍASE intensidade da infecção, acarreta anemia por redução
de ferro. A transmissão acontece por meio de contato,
É infestação intestinal causada por helmintos. Tem
geralmente pelos pés, com os ovos que estão nas fezes
como característica principal, coceira retal
são depositados no solo. Não se transmite de pessoa a
frequentemente noturna, o que causa irritabilidade,
pessoa, porém os indivíduos infectados contaminam o
desassossego, desconforto e sono intranquilo. As
solo durante vários anos, quando não são
escoriações provocadas pelo ato de coçar podem
adequadamente tratados. Predomina nas áreas rurais,
resultar em infecções secundárias no local, com
estando associada a áreas sem saneamento e cujas
congestão na região anal, ocasionando inflamação com
populações têm como hábito andar descalças.
pontos hemorrágicos, onde se encontram
Tutoria UC7 – problema 5 Manoella Evelyn 12

espontânea nas fezes de proglotes do verme. Em


alguns casos, podem causar retardo no crescimento e
no desenvolvimento das crianças, e baixa
produtividade no adulto. É adquirida através de carne
de boi ou de porco mal cozida, que contém as larvas.
Quando o homem ingere, acidentalmente, os ovos de
T. solium, adquire a cisticercose.

Cisticercose:

ASCARIDÍASE

Causada por um helminto, habitualmente, não causa


sintomatologia, mas pode manifestar-se por dor
abdominal, diarreia, náuseas e anorexia. Quando há
grande número de vermes, pode ocorrer quadro de
obstrução intestinal. A contaminação ocorre por meio
da ingestão dos ovos infectantes do parasita,
procedentes do solo, água ou alimentos contaminados
com fezes humanas.

Teníase:

TENÍASE/CISTICERCOSE

É provocada pela presença da forma adulta da Taenia


solium ou da Taenia saginata, no intestino delgado do
homem. A cisticercose é causada pela larva da Taenia
solium nos tecidos. É uma parasitose intestinal que
pode causar dores abdominais, náuseas, debilidade,
perda de peso, flatulência, diarreia ou constipação. A
infestação pode ser percebida pela eliminação (junto do objetivo anterior)

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