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APOSTILA

CLÍNICA 1
INFECTOLOGIA
DERMATOLOGIA
GASTROLOGIA
DIARREIA

Eliminação de fezes amolecidas, de consistência líquida,


ANATOMIA
geralmente acompanhada de:
- I. Delgado: duodeno (retroperitoneal), jejuno (entrada
(a) Aumento do nº evacuações diárias (>3x dia)
no peritônio) e íleo. Formado por pregas de forma
(b) Aumento da massa fecal (>200g/dia)
semilunar, circular ou espiral (dobras da mucosa e
submucosa). Presença de vilosidades (parte absortiva) e Incontinência fecal → diferenciar das diarreias,
criptas, onde estão as glândulas de Lieberkuhn (parte perguntando ao paciente com que frequência ele
secretora). tem perda involuntária de fezes. Se for SEMPRE,
provável incapacidade de retê-las (incontinência).
Epitélio cilíndrico simples, que contém:
DURAÇÃO
• Enterócitos: microvilosidades
• Céls. Caliciformes: secretoras de muco Aguda <2 semanas
• Céls. Neuroendócrinas: ao lado dos enterócitos Protraída ou persistente 2-4 semanas
na região da cripta. Crônica >4 semanas
• Céls. Tronco: nas criptas; regeneração do
epitélio. ORIGEM
• Célula de Paneth: neutrófilo especializado em
defender as céls. tronco, secreta defensinas DIARREIA ALTA
Perda mais volumosa.
(antimicrobiano). I.D
Evacuações menores e
- IgA: secretada pelo LB do sistema MALT. DIARREIA BAIXA mais frequentes, com
I.G tenesmo e urgência fecal
Absorção de nutrientes, eletrólitos e fluidos!
(irritação retal)
- I. Grosso: cólon. Epitélio cilíndrico simples, contém
enterócitos com pouca microvilosidades e criptas com FISIOPATOLOGIA
gl. tubulares profundas. NÃO tem vilosidades. Absorção
de eletrólitos e fluidos, moldar as fezes e controle da Subs. osmoticamente ativa e não
evacuação. absorvível no epitélio, retendo
água intraluminal, na tentativa de
ABSORÇÃO E SECREÇÃO DE FLUIDOS equilibrar a osm. Cessa
completamente em jejum (NÃO
10L (2L dieta + 8L suco digestivo): I.D absorve a maior
HÁ NOTURNO!). Eletrólitos
parte (8,5L), I.G absorve a maior parte restante e cerca
diminuídos nas fezes (GAP Osm
de 100-200ml é eliminado nas fezes. Fecal >).
OSMÓTICA
O líquido é absorvido por gradiente osmótico, junto
com os eletrólitos (Na+, Cl-), sendo a força gerada pela Ex: sais de Mg+2 e PO4, sorbitol,
manitol, glicerina, lactulose;
bomba NaK-ATPase da m. basolateral. A absorção de
deficiência de lactase (diarreia
Na+ é:
dos carboidratos),enteropatias
(1) Nutriente-dependente, acompanhando a (lesão da borda em escova dos
glicose, galactose e aa. enterócitos); diarreia dos
(2) Nutriente-independente antibióticos (diminui a flora).
Fatores (toxinas, drogas,
Somatostatina, noradrenalina, encefalina, hormônios) estimula a secreção
neuropeptídio Y, GC e mineralocorticoides (+) a ou inibe a absorção. NÃO cessa
ABSORÇÃO. com jejum (noturno), eletrólitos
SECRETÓRIA
altos nas fezes (GAP Osm Fecal
As substâncias SECRETAGOGAS são: serotonina, NÃO INVASIVA
<).
acetilcolina, VIP (Peptídeo Vasoativo Intestinal),
substância P, mediadores inflamatórios (histamina, PGs, Ex: laxantes, bactérias tóxicas
citocinas, leucotrienos). (cólera), VIPoma, diarreia dos
ácidos biliares (provoca secreção isquemia, doença inflamatória intestinal, etc. São leves,
de Cl- e H2O, melhora com o cursando com 3-7
quelante colestiramina), diarreia evacuações diárias e perda de <1L
dos ác. graxos (má absorção ou de líquido nas fezes (exceto cólera).
supercrescimento bacteriano).
Decorre da liberação de Síndrome de Gastroenterite Aguda: náuseas + vômitos
mediadores inflamatórios devido + dor abdominal difusa + diarreia aguda. Infecções virais
lesão direta na mucosa (enterite, (Norovirus, Rotavirus) ou intoxicações alimentares
colite, enterocolite), estimulando (ingestão de toxinas pré-formadas presentes em
a secreção e o peristaltismo. alimentos mal preparados ou “estragados”,
Infecciosa ou não (ex: doença previamente contaminados por algum micro-organismo
INVASIVA OU inflamatória). → S. aureus).
INFLAMATÓRIA
O marco é a presença de sangue,
pus e muco nas fezes (disenteria).
O exame que confirma é o EAF
(elementos anormais nas fezes).
A lactoferrina fecal (marcador de
+ leucocitária) está alta!
Marcado pela presença de
diarreia + esteatorreia (origem
SEMPRE no I.D).
Inflamatória → cólon (dor FIE)
Envolve mecanismo secretório
colônico (diarreia dos ácidos Não inflamatória → delgado (dor periumbilical, SGA).
SÍNDROME Não precisa de exames etiológicos, TTO não específico
graxos), osmótico da má
DISABSORTIVA (hidratação + antidiarreicos), autolimitado.
absorção de carboidratos
(deficiência 2º de lactase) e a
própria massa lipídica fecal.

Ex: doença celíaca, doença de


Whipple, doença de Crohn,
estrongiloidíase, linfoma, etc.
Causada pela hipermotilidade
intestinal.

FUNCIONAL Ex: Síndrome do Intestino Irritável


(pseudodiarreia) e diarreia
diabética (neuropatia
autonômica).

Duração < 2 semanas, etiologia infecciosa! O restante é


decorrente do uso de medicações, ingestão de toxinas,
Microrganismos vivos que ajudam a restabelecer a
microbiota intestinal (dificultando a proliferação de
enteropatógenos). Risco adverso baixo.

Ex: Saccharomyces boulardii (Floratil)

❖ ANTIMICROBIANOS

Alguns pacientes devem receber ATB empírica!

Ex: Fluoroquinolonas, como Ciprofloxacina ou


Levofloxacina.

TRATAMENTO ❖ OSMÓTICA
❖ DIETA Acúmulo de solutos não absorvidos no lúmen,
impedindo a absorção de líquido. Os sintomas
Natural que a tolerância a alimentos com fibras e
desaparecem no estado de jejum (após uma
gorduras esteja diminuída. Refeições leves e de fácil
noite de sono) e reaparecem após uma refeição.
digestão (sopas, chás, torradas, frutas). Quadros
onde o paciente mantém a ingestão de água, sal e Causas:
carboidratos dificilmente levam à desidratação. Em
- Uso de laxativos à base de magnésio, fosfato ou
lactentes, o aleitamento materno NÃO deve ser
sulfato.
interrompido.
- Intolerância à lactose (pH fecal < 5,5)
❖ HIDRATAÇÃO - Ingestão de quantidades expressivas de sorbitol,
presente em certos doces e gomas de mascar
Preferir a reidratação oral, sendo a intravenosa (Ringer
- Uso de lactulose ou manitol oral
Lactato*) reservada à casos graves ou intolerantes a
terapia oral. GAP OSM FECAL > 75-125
*Lactato → HCO3- no fígado → corrige ou previne ❖ SECRETÓRIA
acidose (soro alcalinizante). O soro fisiológico (NaCl
Causada por substâncias secretagogas.
0,9%), contém muito Cl- e, em excesso pode causar
acidose metabólica hiperclorêmica (soro acidificante). GAP OSM FECAL NORMAL (=50)
❖ ANTIDIARREICOS ✓ Síndrome do Cólera Pancreático (VIPoma)
(S. da Diarreia Aquosa Hipocalêmica-Hipoclorídrica)
Cogitar uso somente em casos de diarreias agudas não
inflamatórias (delgado). Contraindicado para diarreias Excesso de VIP devido TU das ilhotas pancreáticas,
invasivas!!! (aumenta a chance de síndrome hemolítica- determinando uma hipersecreção intestinal de H2O e
urêmica e o megacólon tóxico). eletrólitos, diarreia volumosa (secretora). O VIP age de
maneira similar a cólera (aumenta AMPc intracelular). A
Ex: Racecadotril, Loperamida (Imosec), Subsalicilato de
perda excessiva de K+ e HCO3- pode causar hipocalemia
Bismuto, etc.
e acidose metabólica.
❖ PROBIÓTICOS
TTO: Octreotide (inibe secreção intestinal).
✓ Síndrome Carcinoide Uma retossigmoidoscopia ou uma colonoscopia são
indicadas para os pacientes com suspeita de doença
Produção de serotonina e outros mediadores por TU
inflamatória ou neoplasia intestinal.
carcinoide (céls. neuroendócrinas). Diarreia secretória +
rubor facial + taquicardia + broncoespasmo, etc. Sinais e sintomas de má absorção intestinal:
dosar o autoanticorpo anti-transglutaminase
✓ Carcinoma Medular da Tireoide
tecidual IgA (anti-TGT IgA – para screening
Hipersecreção causada pelo excesso de calcitonina. de doença celíaca), realizando-se uma biópsia
duodenojejunal por EDA nos casos positivos.
❖ DISABSORTIVA (COM ESTEATORREIA)

O mecanismo é decorrente da má absorção


de carboidratos e ácidos graxos que, por efeito
osmótico ou secretório colônico, induzem diarreia.
Retrovírus: RNA → DNA (transcriptase reversa).
Perda ponderal + deficiências de múltiplos nutrientes
Estrutura:
(ferro, ácido fólico, vit. B12
e lipossolúveis ADEK). • Virion → partícula propriamente dita
• Glicoproteínas gp41 + gp120 → ligantes do
Fezes oleosas, grudam ou boiam no vaso, malcheirosas.
vírus
Esteatorreia: medido quantitativo (>6-7 g/24h de
• Envoltório lipoproteico do hospedeiro com
gordura, coleta de fezes em 72h após dieta contendo
MHC (histocompatibilidade)
100 g de gordura) ou qualitativo (teste do Sudam III).
• Capsídeo → envelope interno com antígeno
❖ INVASIVA OU INFLAMATÓRIA P24, RNA viral, T.R.

Doenças inflamatórias ou infecciosas que HIV-1: M (Major – maioria dos casos), N, P, O.


acometem o delgado ou o cólon, inibindo a
HIV-2: A-G (oeste africano)
absorção (lesão da mucosa) e estimulando a
secreção (mediadores). Febre + dor abdominal + perda - Transmissão via mucosa/submucosa: células de
ponderal + disenteria. langerhans* (dendríticas) + macrófagos* (APCs) → LT*
(helper) monta a R.I. adaptativa → (+) LB e LTCD8.
Ex: amebíase, doença inflamatória intestinal, enterite
eosinofílica, colite colágena, enterite actínica. *Todos expressam CD4, logo são alvos do vírus!
❖ FUNCIONAL - Alta variabilidade genética: consequência
da baixa fdelidade da T.R, que “de propósito” comete
Redução da consistência das fezes e aumento na
um excesso de erros ao transcrever o RNA em DNA. Alta
frequência de evacuação diária. Não ocorre no período
velocidade de replicação + mutações → escape.
noturno! A maioria alterna
diarreia com constipação e apresenta episódios REPLICAÇÃO VIRAL
frequentes de cólica abdominal (pseudodiarreia -
<200g/dia). Gp120 + CD4 da célula hospedeira → exposição do sítio
correceptor (CCR5 ou CXCR4) → mudança
INVESTIGAÇÃO conformacional, exposição da Gp41 que penetra a
Hemograma, bioquímica, exame de fezes completo com célula → fusão do e. externo do vírus e membrana da
célula → inoculação do capsídeo viral → T.R age sobre
parasitológico (3 amostras) + pesquisa de antígenos
Giardia e Ameba + EAF + gordura fecal. o RNA viral formando o DNA pró-viral no citoplasma →
integrase (integra o DNA viral ao genoma humano) →
A dosagem dos eletrólitos fecais (cálculo do gap usa a maquinaria enzimática do hospedeiro para
osmolar fecal) e a determinação do pH fecal podem ser produzir proteínas virais.
úteis.
OBS: para que haja a infecção é preciso que as céls. da
Nos imunodeprimidos, pesquisar agentes oportunistas R.I estejam ATIVADAS (estímulo antigênico).
como: Cryptosporidium parvum,
DOENÇAS AUMENTO DA CARGA VIRAL
Isospora belli, Microsporidia e
OPORTUNISTAS QUEDA DO CD4
Mycobacterium avium.
Investigar com exame? Depende da história
DESTRUIÇÃO SE DA DE MANEIRA: epidemiológica do paciente!

Direta: replicação viral (citopático) • Exame: CARGA VIRAL (RNA)!


Indireta: mediada pelo sistema imune (LTCD8, NK, TTO logo após o diagnóstico independente em qual fase
anticorpos anti-HIV) o indivíduo está!
Anergia: exaustão celular (disfunção qualitativa) A viremia inicial não é fator prognóstico. A partir de 6M-
1A, quando a carga viral entrar em equilíbrio com a R.I
Apoptose: morte celular programada
do hospedeiro = SET POINT (quanto maior, pior
prognóstico).

II. FASE ASSINTOMÁTICA

- Apresenta latência (infecção até o início dos sintomas)


clínica (sem manifestações, mantêm-se a competência
imunológica, duração média de 10 anos), NÃO
virológica (replicação persistente)!!!

• Redução do MHC I – diminui LCTD8 → Linfadenopatia generalizada progressiva (2 ou +


• Aumento de NK defeituosas cadeias extrainguinais, elástico, >1cm, >3 meses)
• Ineficácia dos anti-HIV: os principais alvos dos III. FASE SINTOMÁTICA
Ac são as proteínas do envelope (gp120, gp41),
que usam de mecanismos de escape: ❖ Fase Sintomática Precoce (Fase B)
(1) Variabilidade, mudança dos epítopos
antigênicos CD4 200-500
(2) Glicosilação, bloqueio da ligação Ac e Ag
 Candidíase oral
(3) Mudanças conformacionais, que escondem
 Leucoplasia pilosa oral
as Gps
 Herpes-zoster
• “Santuários imunológicos” – os elementos do
 CA cervical in situ
SI são fisicamente impedidos de entrarem (ex:
 TB pulmonar
micróglia, que expressa CD4), sendo locais de
reservatório do vírus.

HISTÓRIA NATURAL ❖ AIDS


I. Contágio e viremia. Até aproximadamente 1 CD4 < 200
mês ocorre a SOROCONVERSÃO (formação de
anti-HIV).  SÍNDROME CONSUMPTIVA: perda involuntária
de mais de 10% do peso, associada a diarreia
Síndrome Retroviral Aguda → sintomas brandos (similar crônica (2 ou +/dia > 1mês) ou fadiga crônica e
a viroses) ou exuberantes. febre >1mês.
 Cripto/Isosporidíase intestinal crônica (>1M)
• Febre/Rash
 Micoses disseminadas (histo, coccidio)
(maculopapular/ face, tronco, palmoplantar / 3
 Pneumonia P. jirovecii
dias)
 PAC bacteriana recorrente (2 ou + em 1 ano)
• Úlceras mucosas
 Herpes com úlceras mucocutâneas (>1mês) ou
• Adenomegalia
visceral
• Faringite/mialgia
 Neurotoxoplasmose
• Infecções oportunistas (Candidíase oral ocorre
 Sarcoma de Kaposi
na fase aguda do HIV, em
 Linfoma primário (SNC) ou não Hodgkin B
imunocomprometidos).
 Infecção disseminada por micobactérias não
• GALT (tecido associado a mucosa intestinal) é
alvo inicial. M. tuberculosis
 Carcinoma invasivo de colo uterino
 Retinite por CMV
 Candidíase (esôfago e traqueobrônquica)
 Cripto. Extrapulmonar
 TB extrapulmonar
 Reativação de Chagas

*Doenças definidoras de AIDS!

Não progressores: infecção >10A, sem TARV com CD4


estável, CV baixa.

Controladores de elite: assintomáticos, CD4 normal, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS


controle espontâneo na ausência de TARV.
Qualquer infecção (oportunista ou não) potencializa a
NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA replicação → transativação heteróloga do HIV.
CDC: AIDS CD4<200 x Brasil: AIDS CD4<350

Independente do estágio, é preciso notificar.


Antigamente só notificava quem tinha AIDS ou era
gestante HIV+.

TRANSMISSÃO

• Via sexual (todas as formas)


- Anal receptivo: mucosa retal é mais frágil
(suscetível à traumas) e mais fina (mais próximo
da submucosa).
• Injeção de drogas ilícitas endovenosas
(parenteral) PNEUMO-AIDS
• Transmissão vertical: intraparto, intraútero,
aleitamento materno. ❖ Tuberculose

A infecção por hemotransfusão ou transplante de - PPD (teste tuberculínico), positivo após 3 semanas.
órgãos é raríssima atualmente (gamaglobulinas Pode ocorrer falso-positivo em pessoas
hiperimunes e fatores de coagulação não transmitem!). imunodeprimidas (não há células o suficiente para
reagir). PRINCIPAL CAUSA DE ÓBITO!
Fatores que aumentam a transmissão:
HIV+ sem sinais de TB: fazer Prova Tuberculínica!
▪ Menstruação
▪ Pico de viremia da fonte Assintomático + >5mm (primo-infecção): RIPE por 6m +
▪ Uso de duchas e “objetos” TARV 2-8sem depois (risco de Síndrome de
▪ Anticoncepcionais orais: modificam o epitélio Reconstituição Imune)! Tratar mesmo que latente.
vaginal. • CD4<50 – TARV após 2 semanas
▪ DSTs: promovem inflamação, concentrando as • CD4>50 ou meningite TB – TARV após 8
células TCD4 ativas. Ulcerativas (sífilis) é pior. semanas
Fatores que diminuem a transmissão: TB ANTES DA AIDS – quadro típico, com acometimento
▪ TARV (terapia retroviral) em ápices e cavernas.
▪ Circuncisão peniana (prepúcio predispõe mais TB PÓS AIDS – infiltrado reticulo nodular “tiro de
infecções, TCD4...) cartucheira”, difuso, não forma cavernas pois não há
resposta celular suficiente. =
❖ Pneumocistose (P. jiroveci) Lesões únicas (3) e cutânea: TARV
❖ Micobacterioses atípicas
Lesões múltiplas ou viscerais: quimioterápico
- Presença no ambiente (solo e água).
❖ ANGIOMATOSE BACILAR
- Complexo MAC: Mycobacterium Avium Complex. ❖ DERMATITE SEBORREICA
❖ FOLICULITE
INFECÇÕES FÚNGICAS
❖ FARMACODERMIAS
Acometimento sistêmico, sintomas e exames não ❖ MOLUSCO CONTAGIOSO
específicos. TTO – anfotericina B EV + Itraconazol VO ❖ TUBERCULOSE

❖ Paracoccidioidomicose GASTROINTESTINAL

- DOENÇA DEFINIDORA DE AIDS!!! CD<200 ocorre ORAL - “Aids está próxima”


reativação dos focos teciduais latentes. Manifestações Candidíase oral: exsudato branco, removível, indolor,
sistêmicas com predomínio pulmonar. com base eritematosa, palato mole e gengival,
queilite angular (lesão no canto da boca).
❖ Criptococose Leucoplasia pilosa: branco não exsudativo/removível,
❖ Histoplasmose borda lateral da língua e mucosa bucal adj. +EBV.
Úlceras aftosas: induzida pela R.I ao HIV, dolorosa,
OBS: Aspergilose (causado por neutropenia ou uso de
orofaringe posterior, TTO com talidomida
GC) e Candidíase NÃO são típicos em pulmões de
(anestésico)
pacientes com AIDS.
ESÔFAGO
NEURO-AIDS Dor retroesternal + Odinofagia. Mandatório EDA!
Candidíase: 1º causa de odinofagia. Vômitos e
❖ Meningite (Cryptococcus neoformans) sensação de dor retroesternal. Associada a monolíase
❖ Lesão focal (Toxoplasma gondii) oral (sapinho).
CMV (2º): Causa lesões por todo o corpo e úlceras
Refratário ao TTO? Linfoma 1º de SNC... (biópsia). esofágicas do tipo puntiforme e profunda, podendo
❖ Lesão multifocal (Leucoencefalopatia) perfurar. Disfagia.
Herpes (3º): úlceras superficiais e extensas.
❖ Lesão difusa (Demência)
Úlceras idiopáticas ou aftosas
DERMATOLÓGICAS ESTÔMAGO
Tumores: linfoma gástrico (indolor) ou S.K (em todo o
❖ HERPES-ZOSTER TGI – lesões enegrecidas ou sangrantes).
- Não é necessário queda brusca da imunidade para INTESTINO
DIARREIA AGUDA CAUSAS
ocorrer, logo, pode ser o 1º sinal da diminuição de CD4
Idiopática
(=500).
E. coli
❖ SARCOMA DE KAPOSI Salmonella
Até 3 semanas de
Campylobacter jejuni
- Associação do HIV + HHV8. As lesões podem aparecer evolução
Vírus entéricos
em qualquer local e acometer mucosas e vísceras. (rota/adenovírus)
Acomete mais pele, linfonodos, TGI e pulmões. C. difficile
Angioproliferativa, nas fases iniciais não há Shigella
transformação sarcomatosa verdadeira. Citocinas pró-
inflamatórias estimulam células vasculares imaturas
“transformadas” pelo HHV8 (células fusiformes). DIAGNÓSTICO → coprocultura e parasitológico de
fezes.
- Aparece 1º em regiões expostas ao sol (ponta do nariz)
ou após traumas locais. Lesões vermelho-violáceas TTO → Salmonella/Shigella usar ciprofloxacino.
(vinhosas) com halo equimótico. Pode acometer Parasitoses usar albenzadol empírico ou específico para
vísceras (TGI ou respiratório). Por isso, é obrigatório cada tipo.
realizar broncoscopia, endoscopia e colonoscopia em
pacientes com manifestação cutânea.
DIARREIA CRÔNICA CAUSAS  Isosporidíase: sintomas similares, regiões
Idiopática/HIV tropicais, diagnóstico por oocistos (maiores!)
Cryptosporidium* no exame de fezes. TTO com SMX-TMP.
TTO: nitazoxanida
CMV INFECÇÕES VIRAIS
Pode perfurar!
 Colite por CMV
TTO: ganciclovir
 Enteropatia induzida pelo HIV: diarreia crônica
Mycrosporidium*
sem nenhum agente etiológico além do HIV.
Isosporíase
TTO: sulfametoxazol- Resposta imunoinflamatória → lesão da
Acima de 3 mucosa do TGI, atrofia e redução de mitoses
trimetoprima
semanas (estado hiporregenerativo), perda das enzimas
Complexo M. avium
As atípicas podem causar digestivas na borda em escova → deficiência de
infartos mesentéricos por lactase → síndrome de má absorção.
aumento ganglionar e lesões no
OCULAR
lúmen.
TTO: quinolona + macrolídeo + ❖ CMV OCULAR
etambutol
Giardíase e Amebíase - Geralmente CD4<50, diminuição da ACV.
TTO: metronizadol Oftalmoscopia pode mostrar exsudato.
*Normalmente simbióticos no intestino
imunocompetente. - Outras: toxo/sífilis ocular (retinite), micobacterioses,
uveíte anterior.
>200CELS → medicações, s. do intestino irritável,
doença inflamatória intestinal, giardíase e parasitas RENAL
(estrongilo), etc. Nefropatia pelo vírus → glomeruloesclerose,
<20CELS → microsporídio, C. parvum, Isospora belli, diagnosticada por proteinúria >24hrs, USG e biópsia.
CMV, complexo M. avium, M. tuberculosis,
histoplasmose, linfoma.

INFECÇÕES BACTERIANAS

 Salmonelose não tifoide


 Disenteria aguda: Shigella (bacteremia) ou
Campylobacter. Dor abdominal forte do tipo
cólica, febre, diarreia sanguinolenta

DIAG: Hemo/Coprocultura.

INFECÇÕES POR PROTOZOÁRIOS

Causam DIARREIA CRÔNICA!

 Criptosporidíase: CD4<300, diarreia grave, dor


abdominal, náuseas e vômitos. Pode se
estender para a árvore biliar! DIAG – oocistos
no exame de fezes. TTO de suporte, TARV
melhora!
 Microsporidíase: sintomas semelhantes, porém HEMATOLÓGICO
o parasita é intracelular, sendo de difícil
Pancitopenias, anemias e infiltração medular.
diagnóstico por exame convencional
(necessita-se de ME das fezes ou biópsia). Pode CARDÍACAS
se tornar extraintestinal (olho, fígado, SNC).
Cardites que podem levar a ICC grave. Aterosclerose!
HEPÁTICO V. Janela Imunológica: infecção-produção de
anticorpos. 29 DIAS.
Hepatites virais: B (aumenta cronificação), C (maior VI. Western Blot: antígenos virais mais
chance de infecção). tardiamente (depois do ELISA), só que de
H. Granulomatosas: micobactérias e fúngicas. maneira mais específica.

H. Medicamentosa: toxicidade por remédios (TARV TEMPO PARA O MARCADOR DIAGNÓSTICO


inibidor da DNA-polimerase mitocondrial), impede o PCR carga viral HIV 19 dias
metabolismo oxidativo de lipídios → esteatose. Antígeno p24 (4º ger) 24 dias
Anticorpos IgM – ELISA 29 dias
PANCREÁTICO Westernblot 35 dias

Medicamentosa: Pentamidina e ddI.


D. DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO
Infeccioso: CMV (pancreatite aguda), histoplasmose
(fúngica). 2 TR (ELISA) + 1 CONFIRMATÓRIO (WB)

DIAGNÓSTICO

A. TESTES DE TRIAGEM

- Inicialmente utilizados quando se pede sorologia de


HIV. Altamente sensíveis, pouco específicos. Ou seja:

Se (+) pode ser negativo (falso positivo)

Se (-) realmente é negativo!

- Não podem ser usados isoladamente para o


diagnóstico, mas são importantes para EXCLUIR a
doença. Ex: ELISA, quimiluminescência, eletroquimio...

B. TESTES CONFIRMATÓRIOS

- Alta especificidade, baixa sensibilidade! Não devem ser


usados na triagem sorológica, pois pode dar falso
negativo. Mas, se (+) REALMENTE são positivos! Ex:
Western blot, immunoblot, imunofluorescência
indireta. I. Diagnóstico por (2) Testes Rápidos: devido
a modernidade e melhora dos testes, pode
C. JANELA IMUNOLÓGICA
ser realizado com fins diagnósticos, desde
que sejam testes diferentes! >18M, pois
I. Período de eclipse: não há possibilidade
antes os Ac maternos podem falsear.
alguma de diagnóstico da infecção (sem
marcadores na circulação). 7 DIAS! 1º tipo de TR

II. Detecção quantitativa de carga viral do -/- 2º +/-


tipo ou
de TR
-/+ +/+
HIV: PCR (reação de cadeira de polimerase), Amostra negativa 3º tipo de TR Amostra reagente
12 DIAS. Não é teste de triagem nem de para HIV (WesterBlot) para HIV

confirmação (caro, inviável). Seria útil para


a infecção AGUDA, onde as sorologias (-).
III. Detecção de antígeno p24: proteína do 3º TR (-)
capsídeo viral, exame mais moderno de Negativo 3º TR (+) Positivo
detecção (ELISA 4º geração). 17 DIAS. (investigar
soroconversão)
IV. Detecção de anticorpos IgM: testes de
triagem são os que mais precocemente
ESQUEMA
detectam anticorpos.
MENOR 18M

<12M: Sorologia anti-HIV (+) NÃO garante o


diagnóstico! O anticorpo pode estar vindo da mãe.
Realizar TM carga viral RNA (mais caro). (+) se >5000
cópias.

MAIOR 18M

Visando encurtar a janela imunológica (período inicial


em que o vírus está presente, mas os anticorpos ainda
não estão formados):

(1) TESTE MOLECULAR – CONFIRMA, PCR, detecta


a CV, fragmentos específicos de ácidos
nucleicos do HIV são amplificados por reações
bioquímicas, revelando a presença do vírus
através da identificação de seu genoma.
Específico (descarta os falsos-positivos,
confirma os verdadeiros-positivos).
(2) ELISA 4º GERAÇÃO – TRIAGEM, imunoensaio,
detecta anti-HIV de todas as classes e antígenos
virais (p24) – maior janela diagnóstica!
Sensível (falso-positivo).

- Positivos em até 10 dias após a infecção.


TRATAMENTO
OBS: em paciente com RI boa, pode haver Ac (+) e vírus
(-) → realizar exame Western Blot (alta especificidade, TARV – terapia antirretroviral
uso de proteínas virais nativas, eletroforese por peso OBJETIVO: CV indetectável (<50 cópias) nos 1º-6º
molecular e carga elétrica) = controlador de elite. meses de TTO. Esse controle resulta no aumento da
Imunoblot – similar ao W.B, usa proteínas virais imunidade (nº de CD4).
recombinantes/sintéticas. Síndrome da Reconstituição Imune – CD4 sobe de
FX 1: 2 Testes Rápidos maneira abrupta, fazendo lesão orgânica nos tecidos.
FX 2: 1 TR + 1 Teste Salivar Melhora imunológica com piora clínica após TARV.
FX 3: (mais usado): IE 4º geração + TM  Assintomático e estáveis → UBS
FX 4: IE 3º geração (só anti-HIV) + TM
 Crianças, gestantes, coinfectados (TB,
FX 5: IE 3º geração + Teste Sorológico
hepatites), sintomáticos ou manejo mais
(WB, IB)
complexo da TARV → Serviço de Atendimento
Especializado (SAE)

I. Avaliação Complementar Inicial

- Exames laboratoriais que vão delinear o estado geral e


fazer um screening das comorbidades e do status
imunológico!
Testes de
H. Virais:

Anti-HAV

Anti-HCV

HBs Ag

Anti-HBcT

Anti-HBs

- Todo HIV+ deve ser submetido a uma avaliação de risco III. Prevenção Positiva
cardiovascular (escore de Framingham) e função
- Aconselhamento sobre medidas que (1) reduzem a
neurocognitiva (memória, lentificação psicomotora,
aquisição de outras comorbidades, como DSTs e
atenção). A frequência da consulta depende do estado
hepatites. (2) impedir a transmissão para outros. (3)
clínico do paciente!
estimular vida saudável.
• 7-15 dias: após início ou troca do TARV
IV. Imunizações
• Mensalmente: até que haja adaptação ao TARV.
Depois → 6 em 6 meses. - Adultos e adolescentes que não apresentam AIDS
podem receber TODAS as imunizações. Qualquer vacina
irá produzir uma transativação heteróloga por HIV –
aumento transitório da CV nos próximos 30 dias.

TUBERCULOSE
Vacina contra Hepatite B
Deve ser pesquisada em todas as consultas! Presença deve ser feita em dose
DOBRADA e com uma
de 1 ou + manifestações cardinais: febre, tosse, perda dose EXTRA
ponderal e sudorese noturna.

Exclusão da TB ativa: sem critérios clínicos, radiológicos


e escarro (BAAR) negativos.
- Crianças expostas verticalmente, mas não infectadas,
Assintomáticos: fazer Prova Tuberculínica (pesquisa de
recebem todas as vacinas até os 18M → depois segue
contato prévio com BK) periodicamente ou quando
o calendário normal dos não expostos. EXCETO as
ocorrer reconstituição imune (aumento de CD4 em
vacinas antivaricela e VIP – devem ser ministradas as
resposta ao TARV)!
crianças não infectadas que convivem com HIV+
• PT > 5mm = Infecção latente por TB, tratar com (proteção do adulto!).
isoniazida por 9 meses.
- BCG e Hepatite B devem ser dadas nas primeiras 12
• PT < 5mm: repetir anualmente o exame.
horas. Crianças HIV+ devem dosar anti-HBs 30-60 dias
após ultima dose.
II. Rastreio de CA não relacionadas à AIDS
V. Ações Preventivas
- O uso de TARV diminuiu a incidência neoplasias
 uso correto da TARV, mantendo CV
oportunistas como SK e Linfomas não Hodgkin.
indetectável
 preservativos nas relações sem intenção
reprodutiva
 profilaxia pré ou pós-exposição pela parceria
sorodiferente
 TARV adequada na gestação e em parto nas
gestantes soropositivas
 não amamentação por gestantes soropositivas Análogo de Nucleosídeo
 uso de drogas ARV pelo RN verticalmente (sem fosfato)
exposto Tenofovir (TDF) – 1º
Nefrotoxicidade
VI. Síndrome da Reconstituição Imune
Abacavir (ABC) – 2º
- Com a melhora abrupta da competência imunológica, Pesquisar HLA-B*5701
desencadeia-se uma resposta inflamatória paradoxal Hipersensibilidade fatal
que lesiona os órgãos e tecidos.
**ITRNt – Inibidor de T.R
Zidovudina (AZT) – 3º
Análogo de Nucleotídeo
Mielotoxicidade
Lipoatrofia

Didanosina (ddI) – 4º
Pancreatite
VII. Genotipagem Viral Neuropatia
- A genotipagem no pré-tratamento só está indicada em
Eficaz para coinfecções HIV-HBV
casos de: gestantes, crianças e adolescentes HIV+,
coinfecção HIV-TB, infecção com parceiros em uso atual Dolutegravir (DTG)
ou prévio de TARV. Potência
Segurança
VIII. Início da Terapia Antirretroviral Alta barreira genética

C.I – anticonvulsivantes
Inibidor de Integrase
(Gardenal, CBZ),
gestantes, coinfectados
com TB.

Gestantes → Raltegravir
(RAL)

Efavirenz (EFV)
ITRNN – Inibidor de T.R
+ SEGURO
Não Análogo de
Nucleosídeo
Nevirapina (NVP)

Ritonavir (r)
Inibidores de Protease
Potencializa os efeitos
Drogas de “resgate”, só
do IP.
compõe o TTO em casos
de falhas terapêuticas.
Atazanavir/r (ATV/r)
Muito tóxicos (TGI,
metabólico)
Darunavir (DVR/r)

MINISTÉRIO DA SAÚDE 2017


Falha virológica: trocar TARV e Genotipagem.
*ITRN – Inibidor de
Lamivudina (3TC)
Transcriptase Reversa
Causas de falha terapêutica: • Úlcera genital (pode aparecer também em
língua/boca), geralmente única – fundo limpo,
• Baixa potência do esquema
base, infiltrada com bordas elevadas, indolor e
• Fatores farmacológicos
de regressão espontânea, localizada em sulco
• Resistência viral, “Pseudofalha”
balanoprepucial/glande ou no colo uterino =
Cancro duro!
• Diagnóstico diferencial: Cancro Mole e Herpes
• As lesões são contagiantes!!!
• Doenças causadas por vírus, bactérias, fungos e
protozoários
• Transmitem-se, principalmente, por contato
sexual

SINAIS E SINTOMAS:

• ÚLCERAS
o Herpes genital (principalmente em
SÍFILIS SECUNDÁRIA
imunossuprimidos)
o Cancro mole (DOR! Pode ter “sinal do • Aproximadamente 3 semanas ou 6 meses após
beijo” como lesão secundária) inoculação
o Linfogranuloma venéreo (aumento • Linfadenopatia generalizada
importante do gânglio inguinal, com • Febre e lesões cutaneomucosas disseminadas,
rubor e grande elevação que tende a inclusive em palmas da mão e planta dos pés =
ganglionar) Roséola sifilítica – exantema morbiliforme não
o Donovanose pruriginoso
o Sífilis (cancro duro – bordas infiltradas • Diagnóstico diferencial: erupções por drogas,
e SEM DOR) Sarampo, Rubéola, Pitiríase Rósea
• CORRIMENTOS VAGINAIS OU URETRAL
o Tricomoníase
o Vaginose bacteriana
o Candidíase
o Gonorreia
o Clamídia
• VERRUGAS
o Condiloma acuminado (Herpes 6 e 11)
❖ SÍFILIS
• Treponema pallidum – bactéria gram negativa
• O Treponema se multiplica no local da
inoculação e se dissemina pelas correntes • Podem surgir, posteriormente, lesões
sanguínea e linfática – por isso há infecção fetal papulosas palmoplantares, placas mucosas,
via hematogênica transplacentária adenopatia generalizada, alopecia em clareira
• Recente (até 1 ano após infecção) x Tardia • Diagnóstico diferencial: Candidose, Líquen
(após 1 ano da infecção) Plano e Leucoplasias

FORMAS DE APRESENTAÇÃO

SÍFILIS PRIMÁRIA

• Aproximadamente 3 semanas após a


inoculação
• Pápulas vegetantes perianais (Condilomas o Formas:
planos) também podem surgir posteriormente ▪ Meningovascular
• Diagnóstico diferencial: Condilomas ▪ Meningite aguda
acuminados ▪ Paralisia espástica de Erb
▪ Goma do cérebro ou da medula
▪ Crise epileptiforme
▪ Atrofia de nervo óptico
▪ Lesão do VII par craniano
▪ Paralisia geral
▪ Tabes dorsallis – perda da
sensibilidade epicrítica,
propriocepção e alteração
• “Colar de Vênus” na mulher – lesões
motora por lesão das raízes
hipocrômicas em torno do pescoço
posteriores e do funículo
• As lesões são contagiantes!
posterior da medula e tronco
SÍFILIS TERCIÁRIA encefálico

• SÍFILIS tardia cutânea Perturbação da marcha – Marcha Talonante,


• Manifestações de 2 a 40 anos Sinal de Romberg, mal perfurante plantar,
• Acometimento sistêmico: cardiovasculares, alterações de reflexos
ósseo, gomas sifilíticas, Tabes dorsallis • Diagnóstico:
• As lesões gomosas devem ser diferenciadas de o Testes sorológicos
TB, PCM, Leishmaniose, Hanseníase e ▪ Treponêmicos (FTA-Abs) – muito
neoplasias específico!
• O estado de latência pode durar muitos anos e - Detectam Ac para Treponema pallidum
as bactérias que ficarem no organismo podem - Reagem após mais ou menos 3 semanas
ficar inativos ou serem eliminados pela cura da infecção – antes dos não treponêmicos
biológica da infecção, e, quando reativados, ▪ Não treponêmicos (VDLR, testes
podem desencadear o quadro tardio, na qual há rápidos) – não é específico, uma vez
diminuição da imunidade humoral celular, que pode ser positivo para Chagas, por
favorecendo reinfecções exemplo, mas estão presentes na Sífilis
o Sífilis Latente Recente (anticorpo Anti-cardiolipina)
▪ Sem manifestações visíveis,
mas pode haver queixas de - Qualitativos x Quantitativos
cefaleia discreta, - Titulação que abaixa gradativamente –
polimicroadenopatia e controle de cura: 1/32 → 1/16 → 1/8 (no
alopecia. primeiro mês após o tratamento) → PARA
o Sífilis Latente Tardia UM TRATAMENTO SATISFATÓRIO,
▪ Ausência de sinais clínicos em PRECONIZA-SE QUE HAJA REDUÇÃO DE 2
um tempo de duração superior TÍTULOS!
a 1 ano. • Efeito Prozona: falso-negativo por grande
• Neurossífilis produção de anticorpos, principalmente na
o Comum em pacientes com HIV em sífilis secundária
tratamento irregular ou sem
tratamento
o Cefaleia, rigidez de nuca, paralisia de
nervos cranianos
externa ou em torno do ânus, podendo
ser extensas e múltiplas
o Complicação: bubão cancroso (adenite
inguinal) que evolui para liquefação e
fistulização

• Exame de LCR
o Contagem de células > 10 linfócitos/µL
o Dosagem de proteínas > 40 mg%
o Pesquisa direta – em cancro e lesões
primárias e secundárias, não é muito • Diagnóstico diferencial: Sífilis, Herpes Simples,
utilizada em casos latentes ou tardios Linfogranuloma venéreo (diferencial da adenite
▪ Campo escuro inguinal)
▪ Imunofluorescência direta
• Diagnóstico:
o Clínico!
o Bacterioscopia – pesquisa de bacilo da
borda da lesão em esfregaço
o Histopatológico
o Cultura
o Aconselhável: sorologia para HIV, Sífilis
e Hepatites B e C
• Tratamento:
o Azitromicina VO – dose única
o Ciprofloxacino ou Ceftriaxona
• Tratamento: o Drenagem da adenite é contraindicada,
Penicilina G Benzatina (2.400.000 UI) - pois prolonga o tempo de evolução –
Benzetacil realizar, se necessário, punção.
o Primária, secundária, latente recente →
dose única ❖ LINFOGRANULOMA VENÉREO
o Terciária, latente tardia → 3 doses • Chlamydia trachomatis – bactéria gram
o Neurossífilis → Penicilina Cristalina por negativa
14 dias • Infecção primariamente do tecido linfático
o Lesão inicial: pápula/vesícula que evolui
❖ CANCRO MOLE para exulceração, no pênis/qualquer
• Haemophilus ducreyi – bacilo gram negativo ponto da genitália feminina – passa
• Sem envolvimento sistêmico – não penetra na despercebida (indolor) – lesão de
corrente sanguínea inoculação, isto é, altamente
• Tempo de incubação: 3 a 5 dias, podendo contagiosa.
chegar a 2 semanas (importante para o Após 2-4 semanas: adenopatia inguinal
diagnóstico diferencial com a Sífilis) muito dolorosa, geralmente unilateral
• Lesão: – na mulher, o local da adenopatia
o Pápula-pústula, que se transforma em depende do local da lesão inicial
úlcera de base mole, solapada e “suja”, ▪ Fistulização em “bico de
geralmente localizada na genitália regador” (poroadenite
inguinal) – diversos pontos
fistulizando, pois são diversos ❖ DONOVANOSE – GRANULOMA INGUINAL
gânglios • Klebsiella granulomatis – bactéria gram
▪ Edema por destruição de negativa
linfonodos e obstrução do • Doença crônica progressiva
linfático • O agente se multiplica em citoplasma de
• Disseminação da bactéria para a corrente macrófagos (corpúsculos de Donovan),
sanguínea, causando sintomas gerais – FASE produzindo lesões em pele, genitais e mucosas
SISTÊMICA de regiões genitais
• Complicação: fibrose vaginal e retal • Período de Incubação: 3 a 90 dias
• Diagnóstico diferencial: Cancro mole (presença • Prevalência no NE do Brasil
concomitante do cancro + adenoma), Sífilis • Formas:
(sem caráter inflamatório agudo); adenopatia o Genitais e perigenitais
de TB, PCM e Esporotricose ▪ Ulcerosas com bordas
• Diagnóstico: hipertróficas x Ulcerosas com
o Bacterioscopia bordas planas
o Sorologia ▪ Ulcerovegetantes (mais
o Cultivo ou Biópsia freqüente)
• Tratamento: ▪ Vegetantes
o Doxiciclina por 21 dias ▪ Elefantisíacas
o Eritromicina ou Sulfametazol + o Extragenitais
Trimetoprim o Sistêmicas
• Lesão:
❖ HERPES GENITAL o Inicial: nodular, única ou múltipla,
• Herpes viridae – TIPO 2, TIPO 1 É LABIAL! subcutânea e que ulcera (bordas planas
• As práticas sexuais permitem que haja qualquer ou hipertróficas), cuja ulceração
um dos dois em ambos os locais vegetante cresce lentamente, é friável
• Período de Incubação: 3 a 14 dias, sem relação e “espelhada” (parte contaminada
linear entre a exposição ao vírus e a ativação da contamina a parte não contaminada)
lesão o Diagnóstico diferencial: Cancro mole,
• Pródromos: prurido, ardência e parestesia Sífilis secundária, Condiloma
• Lesão: acuminado, Carcinoma Espinocelular
o Vesículas próximas e convalescentes (por ser uma “ferida que nunca
que podem evoluir com ulceração cicatriza”), PCM
dolorosa – com prurido e ardência • Diagnóstico:
o Na mulher, pode haver vulvovaginite o Biópsia com histopatológico
dolorosa + cistite + uretrite (Corpúsculos de Donovan em
o Adenomegalia satélite – pequena e esfregaço)
dolorosa. • Tratamento:
• Diagnóstico o Doxiciclina
o Clínico! o Azitromicina ou Ciprofloxacino
o Cultura
o Citologia
o Sorológicos ❖ CANDIDÍASE
o Biópsia • Candida albicans - fungo
• Tratamento • Não é uma IST, visto que a Cândida é
o Aciclovir ou Valaciclovir constituinte da microbiota vaginal, mas
algumas mulheres estão mais propensas a ▪ Teste das aminas com odor
desenvolver a doença fétido (reação com KOH)
o Estresse ▪ Exame bacterioscópico a
o Sistema imunológico fresco com > 20% das células
o Uso de contraceptivos hormonais epiteliais recobertas por
o Agentes irritantes/roupas íntimas cocobacilos (clue cells)
sintéticas • Tratamento:
o Obesidade o Metronidazol – mais efetivo nas
o Diabetes bactérias anaeróbicas que se associam
o Uso intenso e prolongado de à G. vaginallis
antibióticos o Ampicilina
• Manifestações: prurido vulvovaginal, ardência,
hiperemia e edema vulvar, leucorreia ❖ TRICOMONÍASE
(corrimento branco leitoso, grumoso, de • Trichomonas vaginallis – protozoário
aspecto de leite coalhado, sem odor • Parasita com afinidade especifica para o epitélio
característico) urogenital (vulvovaginal e cervical/uretra), e
o Ph vaginal < 4,5 e presença de pseudo- após colonizá-lo, lança toxinas que facilita a
hifas penetração intercelular e o processo
o Diagnóstico diferencial: Gonorreia, inflamatório, reduzindo a quantidade de
Tricomonas, Micoplasma, Clamídia lactobacilos, o que eleva o pH normal. Pode
• Diagnóstico: haver erosão do epitélio em casos mais graves.
o Exame direto em KOH • Corrimento abundante, amarelo-esverdeado,
o Cultura bolhoso e fétido, acompanhado por prurido
• Tratamento: e/ou irritação vulvar
o Fluconazol o Dor no ato sexual
o Pode ocasionar dor pélvica
❖ VAGINOSE BACTERIANA o Disúria e polaciúria
• Gardnella vaginalis - bactéria • Hiperemia da mucosa – COLPITE DIFUSA,
• Alteração da microbiota bacteriana, “aspecto em framboesa”
principalmente a diminuição de lactobacilos,
desencadeia o aumento do pH e possibilita a • Diagnóstico:
proliferação de bactérias de meios menos o Exame direto - observação da
ácidos e anaeróbias, as quais formam aminas motilidade flagelar do parasito em
aromáticas, responsáveis pela produção do lâmina à exame fresco
cheiro fétido (“peixe podre”), que se torna mais o Cultura
acentuado quando entra em contato com o o Medida do pH vaginal para diagnóstico
sêmen e ao final da menstruação (alcalinização diferencial com Candidíase
da vagina). o Teste de Whiff (KOH) com liberação de
• Corrimento vaginal branco-acizentado, às odor fétido (putrecina/cadaverina)
vezes bolhoso e fétido. • Tratamento:
• Diagnóstico: o Metronidazol
o Critério de Amsel: pelo menos três dos
testes dão positivos
▪ pH vaginal > 4,5 – fita reagente ❖ GONORREIA
(oposto à Candidíase)
Causa a Doença Inflamatória Pélvica
▪ Aspecto do corrimento é
homogêneo de cor variada
(branca, acizentada, amarela)
• Neisseria gonorrhoeae – bactéria diplococo o Em homens: corrimento mucoide
gram negativa anaeróbica facultativa discreto, descarga uretral do pênis e
• Período de Incubação: 2 a 5 dias após a inflamação
exposição à bactéria • Diagnóstico:
• A maioria dos casos, principalmente nas o Anatomopatológico
mulheres, é assintomática. Mas podem o Histopatológico
manifestar-se uretrites e o Imunofluorescência direta
epididimite/endocervicite e salpingite.
o “Mela cueca” – corrimento após 48h • Tratamento:
da infecção o Ciprofloxacino + Metronidazol
o No homem, o quadro tem início com
prurido e eritema no meato urinário,
seguido por corrimento uretral claro,
que se torna purulento (amarelado) +
disúria, polaciúria → edema peniano,
epididimite
o Na mulher, o quadro inicia-se com
endocervicite, podendo ocorrer
uretrite com exsudato purulento ou
mucopurulento + disúria, polaciúria →
dor em baixo ventre e salpingite
• Diagnóstico:
o Exame microscópico direto da secreção
uretral ❖ CONDILOMA CUMINADO
o PCR • Papilomavírus humano – HPV
• Tratamento: • Período de Incubação: 2 semanas a 8 meses
o Ciprofloxacino + Azitromicina • Vírus DNA de dupla hélice e multiplicam-se
apenas em queratócitos
❖ CLAMÍDIA • Relacionado com o desenvolvimento de câncer
do colo uterino e peniano
Causa a Doença Inflamatória Pélvica
o Subtipos de maior risco carcinogênico:
• Chlamydia trachomatis – bactéria gram 16 e 18
negativa o Subtipos de menor risco carcinogênico:
o Mesmo agente do LINFOGRANULOMA 6 e 11
VENÉREO, mas causa corrimento, por • O preservativo masculino não protege – o
isso é denominada Uretrite Não atrito é que transmite
Gonocócica • Pápulas vegetantes, róseas ou acastanhadas,
• Na maioria das vezes, não apresenta sintomas, isoladas ou agrupadas, não corneificadas na
mas quando eles se manifestam: mucosa da glande, na vulva, no ânus e na vagina
o Em mulheres: cistite, alteração do – em “couve-flor”, maiores em pacientes
corrimento vaginal, dores abdominais imunossuprimidos
→ dor pélvica, dispaurenia (dor o Crescem mais rápido durante a
durante a relação sexual), sangramento gravidez
ocasional entre as menstruações. Ao • Fases de apresentação:
chegar ao útero, pode causar a Doença o Subclínica – áreas brancas após
Inflamatória Pélvica aplicação de ácido acético
o Latente – assintomática
o Clínica – verrugas + lesões pré- ❖ HTLV
malignas • Família Retroviridae
▪ Subtipos 16, 18, 33, 45 • Transmissão sexual, placentária, aleitamento
• Diagnóstico: materno e com contato sanguíneo
o Clínico: uso do ácido acético 5% • Período de Incubação: 20 a 3 anos
o Histopatológico – biópsia das lesões • Crônica e incurável
• Tratamento: • Associação com HIV freqüente!
o Ácido tricloroacético • Subtipos: HTLV1 (TCD4+) e HTLV2 (TCD8+)
o Pedofilina • Vírus que infectam os Linfócitos T e causam
o Crioterapia várias doenças
o Laser/Eletrocauterização o Leucemia das células T (fatal) – núcleos
o Cirurgia – menor chance de recidiva com aspecto de Flower cells
o Vacinas o Linfomas cutâneos
▪ Bivalente: 16 e 18 o Mielopatia associada ao HTLV
(oncogênicos) (paraparesia espástica tropical –
▪ Tetravalente: 6, 11, 16, 18, 33 GRAVE!)
• Diagnóstico:
OUTRAS DOENÇAS RELACIONADAS
o Clínica de mielopatia
❖ CITOMEGALOVÍRUS o Sorologia para HTLV
• Cytomegalovirus – família Herpesviridae 5 o Diferencial: esclerose múltipla,
(HVH 5) mielopatia vascular, esclerose lateral,
• Transmissão por fluidos, principalmente saliva e deficiência de vitamina B12
urina, que contenham o vírus, incluindo a via • Tratamento:
transplacentária e pelo canal do parto o Fisioterapias e sintomático –
o Prevalência no número de infecções corticoides
congênitas – mais freqüente no final da
gestação ❖ MOLUSCO CONTAGIOSO
• Geralmente assintomática • Infestação/Contaminação
o Sintomas, quando se manifestam são • Não é contagioso
linforreticulares, do SNC com ou sem • Comum em crianças
lesões oculares e auditivas
o Quadro de mononucleose-like: febre, ❖ ECTOPARASITAS
astenia, sudorese, • Piolhos/Chatos – Ptiríase genital por Phtirus
hepatoesplenomegalia, púbis/Phtirus captis
linfoadenopatia cervical, dor de • Escabiose (sarna) – acomete abdome, região
garganta e secreção amigdaliana. inframamária, interdigital, genital
o No RN: retardo mental, cegueira,
surdez, paralisia cerebral, epilepsia
• Doença definidora da SIDA
• Diagnóstico:
PARACOCCIDIOIDOMICOSE
o Cultura
o PCR *Micose profunda
o Sorologias – IgM no RN
INTRODUÇÃO
• Tratamento:
o Ganciclovir Blastose sul-americana, doença crônica ou
subaguda, granulomatosa, causada por fungo
dimórfico, Paracoccidioides brasiliensis.
P. brasiliensis vive no solo ou em vegetais, FORMA TEGUMENTAR
infectando homem por aspiração, ingestão ou
Lesões da mucosa bucal situam-se em qualquer
inoculação, sem infecção direta doente-sadio. Infecção
região, com predileção pelas gengivas; bochechas,
predominante de meio rural, entre 20-40 anos de idade,
assoalho, palato e língua.
msexo masculino - 9:1.
Quadro clínico característico: erosão + pontilhado
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
hemorrágico (estomatite moriforme); evolução p/
Múltiplos aspectos clínicos, pelas possibilidades de ulcerovegetantes, passando para faringe, laringe, septo.
locais de infecção e disseminação (linfática e
No início, não há comprometimento de linfonodos
hematogênica).
regionais, mas no decorrer da evolução, tornam-se
Lesão inicial → ponto de inoculação (pulmões, aumentados e, eventualmente, supurativos.
mucosa bucofaríngea, intestinal, anal).
Lesões cutâneas polimorfas e normalmente ocorrem
Inalação → porta de entrada vias aéreas e pulmões, por disseminação hematogênica (linfonodos já
canais mais frequentes de inoculação e localização comprometidos). Coexistência de lesões em vários
inicial da moléstia. estágios (eritematopapulosas, papulovegetantes,
úlcerocrostosos).
Inoculação na mucosa bucal → limpeza dos dentes
ou mastigação com folhas de vegetais. Na superfície das lesões, pode-se perceber ponteado
hemorrágico escuro (granulação moriforme).
Inoculação pela pele → ferimentos com vegetais ou
materiais do solo contaminado. Perianal → limpeza anal Completa-se quadro com MEG: emagrecimento, às
com folhas vegetais. vezes com caquexia.

No ponto de inoculação → parasita se multiplica e FORMA LINFÁTICA


se propaga por continuidade para tecidos
Localização primitiva ou aparentemente primitiva,
circunvizinhos, via linfática e hematogênica.
secundária à lesão tegumentar e/ou visceral; linfonodos
INFECÇÃO E DOENÇA do pescoço e submandibulares mais acometidos,
partindo de tumefatos, dolorosos para amolecidos,
Entrada do fungo pela primeira vez no organismo
aderentes, fistulizantes e ulcerados.
gera infecção, que pode passar despercebida, regredir
espontaneamente, permanecer em latência ou gerar FORMAS VISCERAIS
doença. Isso depende de virulência do fungo e estado
Pulmonar: acometimento comum (50-80%);
imunológico.
sintomas como febre, dor torácica, tosse, dispneia e
Na doença, há dois subtipos, agudo/subagudo e expectoração presentes em formas extensas. Diagnose:
crônico. radiológica, lesões miliares, nodulares, infiltrativas,
pneumônicas, cavitárias e fibrosas.
➢ Agudo/subagudo - linfadenopatias; estado geral
pouco alterado (podendo involuir) ou MEGe TGI: esôfago-reto (intestino delgado/colo),
eventual comprometimento visceral. estenoses e perfurações. Dores abdominais, contínuas
➢ Crônico: adultos, comprometimento progressivo ou em cólicas, acompanhadas de náuseas, vômitos,
obstipação ou diarreia, + sinais gerais. Aumento de
de EG.
linfonodos (massas volumosas).
○ Unifocal - um único órgão/sistema; imunidade
pouco deprimida, anticorpos presentes em Pode haver: obstrução intestinal total/parcial,
níveis moderados síndrome ictérica, quadro de abdome agudo.
○ Multifocal - múltiplos órgãos/sistemas,
Ossos: osteólise, sem reação perifocal, atingindo
depressão variável de imunidade humoral e clavículas, costelas e úmero, com simetria. Lesões
celular articulares por contiguidade ou disseminação
Diversos aspectos clínicos classificados em: hematogênica.
tegumentar, linfonodular, viscerais, e misto.
Linfonodos: tumefação e dilatação, além de Doença cardíaca ou renal e idosos > 65a são
irregularidades dos vasos linfáticos. contraindicações para uso. Administração endovenosa
→ paciente internado inicialmente.
Outros órgãos: TGU, músculos, globo ocular e
coração, em formas graves e/ou terminais. Efeitos adversos: hipertermia, inapetência, náuseas e
flebite na veia. Durante TTO, pode haver anemia,
Suprarrenais: acometimento frequente; síndrome de
elevação de ureia, alterações cardíacas
Addison-astenia-hipotensão-melanodermia, devendo a
(hiperpotassemia).
função da suprarrenal ser avaliada nas formas
disseminadas. ❖ Sulfas
Todas são ativas, utilizando sulfametoxazol-
SN: quadro multiforme, com sintomatologia
trimetoprima na dose inicial de ataque e, decorridos 30
tumoral, ou meningite, meningoencefalite,
dias, dose menor por tempo indeterminado, até
meningorradiculite subaguda/crônica. Achado:
cicatrização das lesões, regressão radiológica de quadro
presença de fungo no líquor; sugestivos → alteração
pulmonar e melhor acentuada de reações sorológicas.
proteica, aumento de gamaglobulina acima de 20%,
pleocitose, hipoglicorraquia e reação de fixação de PROGNOSE E EVOLUÇÃO
complemento positiva.
Prognose depende de quadro inicial da moléstia; há
PARACOCCIDIOIDOMICOSE E AIDS melhora de EG com o TTO, e lesões cutâneas cicatrizam
em algumas semanas.
Associação é reportada, com manifestações
variadas. predomínio do quadro de infecção Regressão dos linfonodos é mais lenta e melhora
aguda/subaguda, com lesões cutâneas e ósseas, radiológica de quadro pulmonar ocorre em alguns
adenopatia generalizada, hepatoesplenomegalia e meses.
eventual associação com tuberculose.
Acompanhamento sorológico é imprescindível, e
DIAGNOSE LABORATORIAL títulos sorológicos devem cair e atingir níveis baixos ou
não reagentes. Aumento → recidiva.
Exame direto: achado do parasita no exame
micológico direto, de lesões cutâneas, pus e, Após cura clínica, radiológica e sorológica, paciente
eventualmente, escarro. deve ficar sob controle, já que podem ocorrer recidivas.
Cultura (fungo dimórfico, leveduriforme ou LEISHMANIOSE CUTÂNEA
cerebriforme), histopatologia (parasita com dupla
parede, com brotamento simples ou múltiplo). Doença causada por protozoários do gênero
Leishmania, transmitida ao homem pela picada de
TRATAMENTO
mosquitos flebotomíneos.
Sulfas, anfotericina B e imidazólicos (cetoconazol,
Agente da leishmaniose tegumentar americana é
itraconazol, fluconazol).
Leishmania braziliensis, possuindo forma (1)
❖ IMIDAZÓLICOS promastigota flagelada, nucleada, localiza-se no tubo
Atualmente, medicamentos eletivos para maioria digestivo do mosquito e (2) amastigota aflagelada,
dos doentes. Itraconazol é mais eficaz, tolerância desenvolve-se no interior dos leucócitos
superior, devendo ser utilizado por 12 a 24 meses, mononucleares.
consoante à evolução clínica, sorológica e radiológica, LTA apresenta diversos reservatórios animais,
quando há comprometimento pulmonar. servindo como hospedeiros, adoecendo ou não.
❖ ANFOTERICINA B Flebotomíneo adquire forma amastigota destes seres
que, então, transforma-se em seu sistema digestivo,
Fungicida de alta eficácia, mas com utilização
armazenando-se nas glândulas salivares.
limitada por dificuldade de administração e toxicidade.
Constitui indicação eletiva nas formas graves e em Fêmea se alimenta do sangue humano, inocula
doentes com hepatopatias. formas promastigotas, internalizadas por macrófagos,
perdendo flagelo (amastigotas); rompem dos
macrófagos após divisão binária e infectam novas Com o tempo, doença vai destruindo cartilagem
células, disseminando infecção para outros tecidos. nasal, provocando desabamento do nariz → nariz de
anta ou nariz de tapir.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Período de incubação de 1-3 meses; lesão inicial


aparece apenas no ponto de inoculação, geralmente em
áreas expostas da pele, passando então por fases
evolutivas.

Fase inicial: pápula eritematosa que vira lesão


papulocrostosa, papulovesiculosa ou pustulosa.

DIAGNÓSTICO

Exame direto: raspado da lesão, corado por Giemsa


ou Leishman, observa-se formas amastigotas no interior
dos mononucleares.

Histopatologia: granuloma linfo-histiocitário, mas


Lesão ulcerada: dias ou semanas depois, lesão quanto menor recente é a infecção, mais difícil torna-se
adquire aspecto ulceroso: bordos elevados e bem observar o agente.
definidos (“moldura de quadro”), com centro
Cultura: NNN, sendo positiva em apenas 40% dos
granulado, de cor vermelho-viva e com secreção serosa.
casos.

Sorologia: imunofluorescência indireta e ELISA,


sendo que sensibilidade gira em torno de 75%, e o teste
pode ter reação cruzada com outras leishmanioses com
a doença de Chagas.

Reação de Montenegro: importante valor


diagnóstico, consiste na inoculação de solução de
promastigotas mortas no antebraço, surgimento de
pápula > 5mm indica teste positivo.
Lesão vegetante: lesões podem evoluir para
cicatrização espontânea ou para formação de placas *Pacientes curados de LTA mantêm-se Montenegro (+)
vegetantes, verrucosas que cronificam e crescem por tempo indeterminado; imunodeprimidos têm M (-).
lentamente.
TRATAMENTO

Antimonial pentavalente, geralmente glucantime,


via intramuscular ou intravenosa, durante 10-30 dias.

Outras opções: anfotericina B, venosa; pentamidina,


venosa.

Eletrocirurgia, criocirurgia e cirurgia corretiva podem


Lesões de mucosa: aparecem precocemente,
ser métodos adjuvantes nos casos mais graves e com
embora seja mais comum ocorrerem 1-2 anos após
destruição nasal.
surgimento da pápula de inoculação. Acometem
principalmente nariz, com eritema, edema e discreta LEISHMANIOSE TEGUMENTAR DIFUSA
infiltração de septo nasal, asas do nariz e mucosa,
evoluindo para infiltração e lesão ulcerovegetante. Leishmania amazonensis, predominante do
Amazonas, Maranhão, Pernambuco e Bahia, forma na
Orofaringe pode ser acometida com lesões no qual há lesões elevadas queloideanas múltiplas e
palato, gengiva, laringe e faringe. Lesões geralmente infiltração e ulceração na mucosa nasal, sem rotura do
por disseminação hematogênica. septo.
Diagnóstico é fácil, pela riqueza de parasitas. • Multiorgânica (pulmão, ossos, etc).
TTO difícil, não havendo eficácia absoluta com os Esporotricose subcutânea
antimoniais, anfotericina B ou pentamidina. Lesões
As lesões localizam-se nos membros superiores e, em
tendem a recidivar após término da terapia.
ordem decrescente de frequência,
nos membros inferiores, face e tronco.

LINFOCUTÂNEA
FIXA
Ocorre em indivíduos previamente sensibilizados pelo
agente.
MUCOSA
É rara. A lesão ulcerada torna-se granulomatosa ou
papilomatosa.
DISSEMINADA
ESPOROTRICOSE Consiste em nódulos subcutâneos, usualmente sólidos,
distribuídos pelo tegumento.
É doença causada pelo fungo dimórfico Sporothrix
schenckii que, usualmente e inoculado por ocasião de Esporotricose sistêmica
um traumatismo, determina micose subcutânea,
porém, ocasionalmente, propágulos do fungo podem FORMA PULMONAR ASSINTOMÁTICA
ser inalados causando a forma sistêmica da micose. Pode ter curso progressivo, manifestando-se por
Trata-se de um fungo saprófito na natureza, vive no solo duas modalidades, ambas simulando TB: doença
ou em associação a produtos vegetais. No pus ou nos cavitária crônica ou linfadenomegalias
tecidos, seus elementos são muito escassos e hilares maciças.
pequenos, de difícil visualização, mesmo em colorações FORMA OSTEOARTICULAR
próprias.
Costuma se apresentar como artrite. Pode resultar de
PATOGENIA inoculação por fragmento de madeira ou de
A imunidade celular é normal em pacientes com a disseminação hematogênica.
infecção restrita a pele (> populações desnutridas). Nas
formas sistêmicas e disseminadas, associa-se ao OUTRAS FORMAS
alcoolismo ou a doenças subjacentes (DPOC, diabetes, Lesões do sistema geniturinário, sistema nervoso ou
sarcoidose, aids, neoplasias hematológicas ou multiorgânicas tem sido relatadas com menor
linforreticulares) ou ao uso de drogas que interferem na frequência, sempre com sintomas e sinais inespecíficos.
imunidade celular e/ou na atividade mieloperoxidasica
do neutrófilo.
DIAGNÓSTICO
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Mesmo em regiões onde o S. schenckii
De acordo com o modo de penetração do fungo no não costuma ser visualizado ao microscópio é
organismo, a esporotricose pode ser subcutânea ou conveniente que, no diagnostico micológico, sejam
sistêmica. feitos o exame direto do espécime e o cultivo para
isolamento e identificação.
A subcutânea pode estar na forma:
Quando possível, a imunofluorescência
• Linfocutânea direta ou a técnica imunoenzimática favorecem a
• Fixa visualização do fungo.
• Mucosa
• Disseminada A soro micologia é útil nas formas sistêmicas da micose.
Tem sido usada dupla difusão em gel de ágar, técnicas
A sistêmica pode ser: de precipitação e de aglutinação, e reação de fixação do
complemento.
• Pulmonar assintomática unifocal ou multifocal
TRATAMENTO o Aumento da resistência aos agentes
Nas formas subcutâneas, o tratamento usualmente e antifúngicos, como anfo B e derivados
feito com o uso de iodeto de potássio. azólicos

Nas formas pulmonares, a anfotericina B pode ou não Células muriformes, corpos escleróticos /fumagoides/de
ser associada a lobectomia nas formas cavitárias. Nas Medlar, Coper penies.
demais, o itraconazol (200 a 400 mg diários).
São encontrados no solo, plantas e resíduos.

Quadro clínico

As lesões costumam situar-se em áreas expostas do


corpo e são quase sempre unilaterais. São mais
frequentes em MMII que em MMSS, face e tronco.

Pode ser em nódulo, pápula ou ulceração. Após anos,


apresentam-se sob dois tipos fundamentais: nodular ou
CROMOBLASTOMICOSE tumoral OU em placa lisa ou vegetante.

Micose crônica, granulomatosa e supurativa da pele e As lesões tumorais são comuns em MMII e são
TCS causada pela implantação traumática por variedade representadas por nódulos fibrosos que surgem em
de fungos demáceos de parede melanizada, que forma áreas contíguas, podendo ser isolados ou agrupados
corpos escleróticos no tecido. Fungo demáceo = fungo com superfície lisa ou verruciformes. Podem ulcerar-se,
com parede negra (sinônimos). de onde emergem massas de superfície verruciformes
com aspecto
Epidemiologia de couve-flor!!!
Sempre terá história de trauma (trabalhador As lesões em placas são mais comuns em MMSS, face e
braçal/rural/chifrada de boi, curral, N e NE do Brasil e tronco. Originam-se de pequenas áreas de pele
seus trabalhadores de babaçu/sentado em cima do infiltrada que se estendem por meses ou anos. Resultam
cavalo e trauma na área genital). Deve ter uma fissura de aglomerados compactos de vegetações
para ter mais chance de infecção! papilomatosas, as vezes cobertas por crostas. Podem
É um grupo de micoses causadas por 7 espécies de regredir na parte central ou em setores, deixando pele
fungos demácios, de forma globosa nos tecidos, de lisa cicatricial limitada parcialmente por lesão semilunar
paredes espessas e fuliginosas, que se reproduzem por infiltrada (forma tuberculoide) ou lesão infiltrada e
septação. Seu elemento característico, corpo ulcerada de crescimento centrífugo (forma sifiloide).
muriforme, apresenta septos em 2 planos. As placas podem ser constituídas de área infiltrada
É significativa sua associação a pacientes HLA-A29. A coberta de crostas micáceas (subtipo psoriasiforme).
maioria dos doentes é imunocompetente. Na placa infiltrada, podem surgir elevações esparsas
Presume-se que inoculações repetidas sejam com secreção de pus no ápice (subtipo micetomatoide).
necessárias para que se instale a doença. A lesão inicial Áreas de extensão → DD com psoríase, estrófulo,
permanece circunscrita por algum tempo. Em meses, ectima.
dissemina-se por contiguidade e, após anos, pode
ocupar áreas extensas. As lesões a distância podem
resultar de autoinoculação, por via linfática ou
hematogênica (raro). Não há transmissão homem a
homem.

Agentes etiológicos

Fungos que apresentam na parede celular melanina

o Patogenicidade e virulência
EVOLUÇÃO – CARRION: OBS: Fungos têm característica de formar granuloma. E
fazem também transeliminação epidérmica!
• Nodular
• Tumoral
• Cicatricial
• Placa TUBERCULOSE CUTÂNEA
• Verrucosa Doença endêmica em nosso meio, predominando
Coça e a pele reage com hipertrofia com crostículas nas áreas urbanas e de baixa renda, onde existem
hemáticas (black dots). aglomerados de pessoas habitando ou trabalhando.

❖ Diagnóstico ● LÚPUS VULGAR


 Exame micológico direto e cultura dos black Forma crônica da TB cutânea, ocorrendo em adultos
dots (eliminação transepitelial do fungo) → PPD reatores, como um tipo de TB pós-primária por
corpos fumagoides – corpos arredondados, disseminação de foco tuberculoso interno.
acastanhados, com ou sem adaptação. Lesões preferencialmente na face, região malar,
 Cultura de crescimento em torno de 4 sem dorso do nariz, mento e pavilhão auricular, embora
colônia escura e filamentosa (fiapos de algodão possa surgir em membros e troncos.
saindo da cultura) que não permite o
diagnóstico do gênero. Lesão inicial: mácula, pápula ou nódulo, de cor
 Anatomopatológico vermelho-acastanhada, e consistência mole. Lesões se
 Diagnóstico com biópsia profunda juntam e formam placas infiltradas, circulares.
(hipoderme). DIagnóstico confirmado por histopatologia
 Histopatológico: presença dos demáceos (granuloma caseoso), associada ao exame
formando os corpos escleróticos na lâmina. São bacteriológico (baciloscopia (-), cultura (+)).
estruturas arredondas com parede
negra/acastanhada (estrutura primordial dos ● TUBERCULOSE VERRUCOSA
demáceos) coalescem para formá-la. Forma de Tb cutânea por inoculação de indivíduo
previamente sensibilizado, comum em indivíduos que
trabalhavam em laboratórios; pode ocorrer em
fazendeiros ou açougueiros.

Lesões papulares iniciais evoluem lentamente para


placas verrucosas excêntricas, podendo ocorrer atrofia
central. Predominam no dorso das mãos, dedos ou pés.

Histopatológico: hiperqueratose e hiperplasia


epidérmica, com granulomas na derme e cultura.
Baciloscopia geralmente é negativa.
BLACK DOTS

❖ Tratamento
Pode haver ainda: escrofuloderma, cancro
Melhores chances de cura de lesões pequenas e
tuberculoso, reação ao BCG, eritema nodoso.
localizadas < 5 cm.

• Itraconazol + crioterapia e termoterapia – 6


meses a vários anos.
• Anfotericina B, 5 fluorocitosina, cetoconazol,
terbinafina (às vezes associada ao cetoconazol
por potencializar seu efeito).

Lesões menores: exérese cirúrgica, eletrocauterização e


laser de CO2.
proliferando e, em seguida, atingem a corrente
sanguínea, sendo semeados para diversos órgãos e
1/3 da população mundial é infectada pelo sistemas, nos quais também começam a se proliferar.
Mycobacterium, muitas vezes sem causar doença
(infecção latente). Contudo, 10% desenvolvem a Surgimento da imunidade
doença ativa (5% infecção primária nos 2 primeiros Após 2-10 semanas (quadro insidioso), a imunidade
anos e 5% no resto da vida). celular específica se desenvolve plenamente,
O Mycobacterium tuberculosis é uma bactéria que faz permitindo uma defesa eficaz contra o M. tuberculosis.
parte de um complexo de bactérias – o COMPLEXO M. O que acontece a partir de agora? Os linfocitos T helper
tuberculosis: dentro desse complexo temos outras 2 CD4+ do tipo Th1 específicos contra os antígenos
bactérias que são principais – M. bovis e M. africanum. bacilares se proliferam (“memória imunológica”) e
tornam-se capazes de ativar os macrófagos, pela
Existe também o COMPLEXO das Micobactérias não TB liberação de interleucinas (p. ex. : IL-2).
(MNTB), são doenças que tem o curso mais lento 90-
120 dias e que são transitórias na superfície corpórea, Os macrófagos então se acumulam em volta do foco de
no ambiente (regiões úmidas). São elas: M. avium, M. infecção primária e nos focos de disseminação
kansasii e M. fortuitum, M. leprae (diagnóstico linfonodal e hematogênica. Em 95% dos casos, a
diferencial) - são os 4 principais causando doenças. M. infecção tuberculosa será efetivamente controlada em
abscessus causa uma síndrome semelhante à TB todos esses focos, permanecendo o paciente
Pulmonar, mas é de crescimento mais lento e são mais absolutamente assintomático.
difíceis de tratar. A reunião de macrófagos circundados por um infiltrado
TRANSMISSÃO E INFECTIVIDADE de linfócitos compõe o granuloma (FOCO
PRIMÁRIO/NÓDULO DE GHON) – reação inflamatória
Pacientes com TB ativa ou casos de infecção latente que representa a hipersensibilidade tipo IV. O
(investiga-se o escarro, pois não se sabe se a infecção granuloma pode conter em seu interior as chamadas
ativou), ocorre por transmissão inalatória do bacilo células gigantes de Langhans – formadas pela fusão de
através do indivíduo doente - nem todas as partículas vários macrófagos ativados.
conseguem atingir os bronquíolos e os alvéolos, apenas
partículas de um tamanho específico (núcleos de Wells) No centro da reação granulomatosa surge uma área de
ou relação bacilo-PO2. necrose “sólida” do tipo caseosa “queijo”, e define o
granuloma caseoso. Tal aspecto é secundário à
• Multibacilíferos (forma cavitária da doença) presença de lipídios degradados da parede
são definidos pela presença de baciloscopia micobacteriana (com o ácido micólico). Geralmente ele
positiva no escarro (BAAR). Estes são os é único, e se localiza no terço médio (lobo superior e
principais responsáveis pela transmissão da porção superior do lobo inferior).
tuberculose!
• Paucibacilíferos (formas não cavitárias) são Quando esses mecanismos de defesa não conseguem
definidos por BAAR negativo, mas com cultura frear a infecção, tem-se a FASE PRIMÁRIA (até 2 anos).
positiva. Além disso, o foco nos linfonodos satélites também
pode crescer, levando à adenopatia hilar e/ou
mediastinal.
PATOGÊNESE
A TB é uma doença silenciosa, que pode ser detectada
Instalação da Primoinfecção por testes imunológicos, o mais comum é o TESTE
TUBERCULÍNICO.
Os bacilos se instalam nos alvéolos, sendo inicialmente
fagocitado pelos macrófagos que não são capazes de Mecanismo da doença
destruí-los, tendo uma alta proliferação bacilar
(pequeno foco pneumônico - imperceptível no RX). Batalha: Bacilo x hospedeiro. A lesão tecidual é
decorrente da resposta imunológica do hospedeiro, e
Como ainda não tem imunidade específica, a não de um efeito direto do bacilo, que é desprovido de
proliferação bacilar é alta. Os bacilos são drenados para toxinas de alto poder lesivo.
linfonodos hilares e mediastinais, onde continuam se
# Caverna Tuberculosa - Baciloscopia direta - BAAR (rede básica) – se suspeitar,
pedir primeiro baciloscopia (+ rápido);
É quando os bacilos se proliferam no cáseo (pela baixa
[ ] de O2), tendo a chance de ocorrer liquefação da - Cultura de escarro (mais demorada, em média 1
necrose caseosa - onde o bacilo poderá se multiplicar no semana) - tratar o paciente se o escarro for positivo;
meio extracelular!!!
Pergunta: No paciente que faz TB Pleural, encontra-se
Patologia bacilo no escarro? Resposta: Se o foco inicial for a
Pleura, o paciente não tosse e não se encontra bacilo.
- Lesão proliferativa: Granulomas caseosos - TB;
Mas se o paciente fizer uma pneumonia tuberculosa
- Lesão exsudativa: Pneumonia tuberculosa; iremos encontrar. Nas formas extrapulmonares, em
geral, não se encontra o bacilo no escarro – teremos
- Lesão mista; que nos guiar pelo padrão do líquido ou do material.
Evolução da TB: O bacilo pode ser eliminado após ser
TB PÓS PRIMÁRIA/TB DE REATIVAÇÃO/TB
inalado através da expectoração (reflexo de tosse), não
SECUNDÁRIA
causando doença; pode ter rápida progressão da
doença (TB primária); pode ser inalado e tornar-se uma Paciente já teve contato com o bacilo de Koch, este
infecção latente (somente causar doença a partir do ficou sem causar lesão ou sem causar doença por muito
momento que a imunidade der abertura); doença tempo. Chamamos de infecção latente reativada ou
permanecer inativa como latente e depois causar ativada, que seria um foco primário que o paciente
infecção pós-primária, podendo ocorrer em qualquer conseguiu combater, a imunidade foi capaz de frear a
lugar (pulmão ou extrapulmonar). infecção, fez fibrose (com ou sem calcificação) e curou
a TB inicialmente.
TB PRIMÁRIA
A tuberculose pós-primária pode ocorrer por:
Defesa ineficaz, lesão parenquimatosa, disseminação
do material caseoso. É uma infecção não controlada, (1) Reativação de um foco latente;
que pode disseminar para outras áreas do parênquima
(2) Reinfecção – inalação de um novo inóculo bacilar;
e/ou via linfática e hematogênica. Quando esse material
dissemina, pode surgir pneumonia tuberculosa ou até Os focos intersticiais (focos de Simon) que se
mesmo acometimento de outros espaços (espaço disseminaram pelo parênquima pulmonar durante a
pleural, meninges, interstício). primoinfecção contêm o bacilo na forma latente. Queda
da imunidade causam ativação dos bacilos. Os
É mais comum em crianças, adolescentes (2-12 anos) e
segmentos dos lobos superiores são os mais
portadores de HIV com CD4 baixo. Pequena
acometidos:
consolidação pneumônica, lobos médios e inferiores,
parece mais uma pneumonia. Acontece a drenagem do (1) Maior tensão de O2 nos alvéolos da porção superior;
material liquefeito da necrose caseosa para um
brônquio, podendo fazer o abscesso pulmonar, (2) Menor drenagem linfática desses segmentos.
semelhante à pneumonia bacteriana, ou drenar para um Como a “memória imunológica” já está desenvolvida, a
vaso sanguíneo gerando um quadro miliar (vários focos reação granulomatosa se instala rapidamente. Uma
de infecção disseminados no pulmão). resposta mista, com componente proliferativo e
exsudativo, toma o tecido pulmonar afetado. Suas
possíveis consequências:
DIAGNÓSTICO
(1) Surgimento da “caverna tuberculosa” – um local
- História clínica (principal); rico em O2 onde o bacilo se multiplica;
- Contato com portador de TB (privados de liberdade, (2) Disseminação broncogênica – grande carga bacilar
asilos, ambientes de muita aglomeração); atingindo outros lobos e segmentos, determinando
infiltrados pneumônicos;
- Prova tuberculínica (pode ser feita na rede básica; se
alteração > 10mm é positivo); (3) Transmissão da infecção – bacilo viável sendo
expelido (tosse, espirro, etc);
- Imagem radiológica (associada à clínica);
Iniciar tratamento se: 2 baciloscopias + ou 1 Se o indivíduo tosse há menos de 2 semanas é aguda,
baciloscopia + e RX sugestivo/clínica sugestiva. se tosse há mais de 2 semanas é crônica. Porém, TB
pode simular pneumonia! Então sempre que o paciente
IMUNOSSUPRIMIDOS
tiver tosse, pedir coleta de escarro (> crônica).
Podem apresentar manifestação atípica da TB – AIDS,
# BACILOSCOPIA
silicose, nefropatias graves, neoplasias, drogas
imunossupressoras, idosos. Outras micobactérias (não TB) podem dar falso positivo

TB EXTRAPULMONAR # CULTURA DE ESCARRO

Pode acontecer na infecção primária e na pós primária, Padrão ouro, consegue-se ver até 100 bacilos por ml –
são pobres em bacilos (paucibacilares), não é frequente porém demorado. Quando indicar a cultura? pacientes
a associação com a forma pulmonar. suspeitos, indígenas, crianças, profissionais de saúde,
moradores de rua, institucionalizados, casos suspeitos
Os mais comuns são TB Pleural e TB Ganglionar, às
de TB em que o escarro foi negativo e para identificar as
vezes o paciente chega com linfonodomegalia e
bactérias não TB.
suspeita-se de linfoma, leucemia e na verdade é TB
ganglionar – comum na região mediastinal, mas pode # EXAME DE IMAGEM
ocorrer em outros locais (inguinal, peritoneal, etc).
- RX de tórax - método de escolha;
A Forma Ganglionar é mais comum em crianças e - TC de tórax - reservada para os casos suspeitos em
pacientes co-infectados de HIV. Existem ainda outras que o RX está normal ou para se fazer diagnóstico
formas: meníngea, óssea (Mal de Pott – principalmente diferencial;
coluna vertebral), genitourinária, pericárdica, oftálmica,
ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA
cutânea.
R= Rifampicina
PROVA TUBERCULÍNICA (PT) OU “PPD” H= Isoniazida
Z= Pirazinamida
A prova tuberculínica (teste de Mantoux), também
E= Etambutol
chamada de “PPD”, identifica os indivíduos infectados
pelo bacilo de Koch, seja “infecção latente” (ILTB) ou
Esquema – COXIP
“infecção-doença” (TB).

Na realidade, o PPD (tuberculina) é uma fração proteica


purificada a partir da cultura de BK, que contém os
principais antígenos do M. tuberculosis. Pessoas
infectadas pelo BK desenvolvem, após 2-10 semanas,
uma memória imunológica pela seleção de linfócitos T
helper (CD4+) específicos contra o BK. A partir desse
momento, ao injetarmos o PPD na derme do paciente,
surge uma lesão indurada e eritematosa cerca de 48-
72h após a injeção.

O que aconteceu? Os linfócitos T helper específicos


contra o BK determinaram uma reação tipo IV REAÇÕES ADVERSAS
(hipersensibilidade tardia) naquele local. - Hepatopatia (principal) – pode ter hepatite fulminante
ESTRATÉGIA DIAGNÓSTICA por drogas do esquema;

- Suspeita clínica; - Queixas gástricas (mais comum) e epigastralgia que


- Escarro – baciloscopia; melhora com introdução de bromoprida, diarreia;
- Cultura de escarro;
- Urticária ou pele em uma coloração avermelhada;
- Prova Tuberculínica;
- RX de tórax; - Confusão mental (melhora com o decorrer do
tratamento);
- Problemas com memória e dificuldades de QUADRO CLÍNICO
aprendizado;
❖ RESPOSTA IMUNOLÓGICA
- Sonolência excessiva/insônia (bem raro);
Surgimento de resposta com predomínio Th1
geralmente é capaz de conter processo infeccioso,
determinando formas assintomáticas ou
DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA oligossintomáticas.
Forma sistêmica da infecção causada por Leishmania Nesse caso, há produção de IL-12, IFN-gama e TNF-alfa,
chagasi, transmitida por mosquitos flebotomíneos que que ativam maccrófagos, aumentando poder
se contaminam ao picar o homem ou outros mamíferos microbicida e destruindo formas amastigotas
infectados. intracelulares. Em outros casos, tendência à secreção de
Principal característica do protozoário é dimorfismo, (1) IL-10, que não estimula eliminação eficaz de formas
amastigota aflagelada, arredondada, parasito amastigotas, permitindo multiplicação desenfreada do
intracelular obrigatório; e (2) promastigota, flagelada, parasita. Como resultado, há hiperplasia reativa de
alongada e móvel. baço, fígado, medula óssea, gerando
hepatoesplenomegalia e ocupação medular com
EPIDEMIOLOGIA pancitopenia.
Doença endêmica da região tropical e subtropical do Liberação de níveis elevados de citocinas explica febre e
Globo, e Brasil é um dos 4 países que respondem por síndrome consumptiva. Proliferação parasitária também
90% da carga global da doença. gera hiperativação de linfócitos B, com resposta
humoral exagerada, determinando
Minas Gerais e estados do Nordeste são os maiores
hipergamaglobulinemia policlonal → em alguns casos
responsáveis. Doença predomina no meio periurbano
há inversão albumina/globulina.
(regiões periféricas das cidades, na medida que
avançam sobre matas). ❖ FORMA OLIGOSSINTOMÁTICA
CICLO EVOLUTIVO E TRANSMISSÃO Forma mais comum da doença, sinais e sintomas
constituídos por febrícula, tosse seca, adinamia,
Doença transmitida por picada de mosquito
diarreia, sudorese e discreta hepatomegalia. 60-70%
flebotomíneo fêmea, hematófoga, alimentando-se
evolui com resolução espontânea do quadro em 3-6
durante crepúsculo ou noite. Lutzomyia
meses (“virose prolongada”), e o restante progride para
longipalpis/cruzi (palha, birigui).
o calazar clássico.
Cães são principal reservatório da leishmaniose, e
❖ FORMA AGUDA
mosquito contém formas promastigotas em seu
aparelho digestivo; no repasto sanguíneo, material é Manifesta-se com febre alta, calafrios,
regurgitado, inoculando parasitas na derme do diarreia/disenteria, esplenomegalia até 5cm de RCE.
hospedeiro. Tendência do hemograma para pancitopenia, não há
eosinofilia. Pancitopenia → Hg < 10g/dl, leucometria
Na derme, protozoário é internalizado por macrófagos
entre 2000-4000/mm³, plaquetometria <
e perdem flagelo, sendo amastigotas. Após divisão
200.000/mm³.
binária, acumulam-se no citoplasma do macrófago
(rompimento). Infectam novos macrófagos e caminham
pela corrente sanguínea.
❖ FORMA CRÔNICA (CALAZAR CLÁSSICO)
Alcançam órgãos do sistema reticuloendotelial, como
fígado, baço, medula óssea, onde encontram Predomina em crianças < 10 anos e em pacientes
macrófagos, mantendo ciclo proliferativo celular. imunodeprimidos, como AIDS e transplantados. Curso
prolongado e insidioso. Febre persistente, com 2 a 3
Ao picar homem/animal infectado, flebotomíneo ingere picos diários, em torno de 38-38,5 ºC, ou intermitente e
monócitos contendo formas amastigotas ativas, irregular, com períodos de apirexia durando dias a
liberada no intestino do inseto, que evoluem p/ semanas.
promastigota.
Paciente pode relatar tosse seca, mal-estar, astenia, ECG pode apresentar alterações significativas de
sintomas gastrintestinais, e há típica perda ponderal repolarização ventricular como achatamento ou
que pode levar ao estado de caquexia. Exame físico: inversão de onda T e aumento de intervalo QT. Segunda
palidez cutaneomucosa, desnutrição, cabelos escolha: anfotericina B (desoxicolato), nefrotóxica.
quebradiços, pele de coloração pardacenta ou cera
CRITÉRIOS DE CURA
vermelha, abdome volumoso (hepatoesplenomegalia).
Clínicos, com desaparecimento de febre (5º dia),
Pancitopenia evolui com gravidade, provocando
redução de hepatoesplenomegalia (primeiras semanas),
astenia, dispneia e insuficiência cardíaca, infecções
melhora de parâmetros hematológicos (2º semana).
bacterianas e sepse, epistaxe e gengivorragia.
Ganho ponderal, retorno do apetite e melhora do
Laboratório revela: estado geral são bem visíveis. Acompanhamento nos 3,
6 e 12 meses após tratamento e, se na última avaliação
➢ Pancitopenia em grau variada, explicada pela permanecer estável, é considerado curado.
ocupação medular e pelo hiperesplenismo
Aparecimento de eosinofilia é sinal de bom prognóstico.
➢ VHS elevado Provas sorológicas não são indicadas no
acompanhamento do paciente.
➢ Hipoalbuminemia + hipergamaglobulinemia

➢ Discreta elevação de aminotransferases


DIAGNÓSTICO CARACTERÍSTICAS GERAIS

Deve ser considerado em todo paciente com febre O cenário epidemiológico do Brasil, com a circulação
prolongada e esplenomegalia, principalmente em simultânea dos quatro sorotipos de dengue (DENV1,
crianças 3cm, TAP>60% plaquetometria>40.000/mm³. DENV2, DENV3 e DENV4) e dos vírus chikungunya e
Cultura realizada em meios apropriados, como NNN Zika, é um desafio para a assistência e para a vigilância.
(Novy, Mc-Neal, Nicolle), Schneider e LIT. São doenças com sinais clínicos similares, dificultando
Pesquisa de anticorpos específicos pode ser utilizada, já a suspeita inicial e, consequentemente, impactando as
que apresenta sensibilidade elevada, mas a especificada notificações, as quais, até o momento, superestimam a
é limitada (Chagas, TB, hanseníase); resultado (+) deve dengue e subestimam as demais.
ser confirmado por pesquisa direta do parasita.
AGENTE ETIOLÓGICO
Exames sorológicos tendem a permanecer (+) por longo
período, mesmo após a cura. Reação de Montenegro é A dengue é causada por um vírus RNA, arbovírus do
teste de memória imunológica dependente de Th1, e é gênero Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae.
sempre negativo durante fase ativa da doença. Após Até o ano de 2016, são conhecidos quatro sorotipos:
resolução do quadro, torna-se positivo. DENV 1, DENV 2, DENV 3 e DENV 4. O CHIKV possui
TRATAMENTO genoma de RNA positivo de fita simples, pertencente ao
gênero Alphavirus da família Togaviridae.
Internados para início de terapia, com solicitação de
exames como ureia e creatinina, amilase sérica, O Zika, por sua vez, é causado por um RNA vírus, do
eletrólitos, aminotransferases, eletrocardiograma e RX gênero Flavivirus e pertence à família Flaviviridae. Até
de tórax. o momento, são conhecidas e descritas duas linhagens
do vírus: uma africana e outra asiática.
Antimoniais pentavalentes são primeira escolha, de uso
intravenoso ou intramuscular, usados entre 20-30 dias MODO DE TRANSMISSÃO
consecutivos. Glucantime.
A principal forma de transmissão de dengue,
Efeitos colaterais são vistos em até 30% dos pacientes,
chikungunya e Zika se faz pela picada de fêmeas
mas raramente justificam suspensão da droga. Mais
comuns: artralgia, mialgia, dor abdominal, náuseas e infectadas de A. aegypti no ciclo homem – A. aegypti –
vômitos, pancreatite aguda, anemia, leucopenia, homem.
trombocitopenia, hematúria.
Em todos os três foram registrados casos de títulos de IgG sobem rapidamente, com
transmissão vertical (gestante-bebê). Na chikungunya, aumento menos marcado de IgM.
a transmissão pode acontecer no momento do parto de
gestantes virêmicas, muitas vezes provocando infeção VETORES
neonatal grave. Na Zika, a transmissão vertical pode Os insetos vetores são culicídeos pertencentes ao
gerar malformações e diferentes manifestações clínicas gênero Aedes. A espécie A. aegypti é a mais importante
no feto, incluindo aborto. Essas doenças também na transmissão de dengue, chikungunya e Zika no Brasil,
podem ser transmitidas por via transfusional. e pode ser transmissora do vírus da febre amarela em
PERÍODO DE INCUBAÇÃO E TRANSMISSIBILIDADE áreas urbanas.

A transmissão compreende dois ciclos: um intrínseco, O Aedes albopictus é o vetor de manutenção da dengue
que sucede no ser humano, e outro extrínseco, no vetor. na Ásia. Embora já esteja presente nas Américas, até o
O período de incubação intrínseco da dengue ocorre, momento, o A. albopictus não foi associado à
em média, de 5 a 6 dias, e varia de 4 a 10 dias. Após transmissão dessas doenças nessa região.
esse período, inicia-se o período de viremia (geralmente, Enquanto o A. aegypti está distribuído em regiões
de um dia antes do aparecimento da febre até tropicais e subtropicais, o A. albopictus também pode
o 6º dia da doença). O vetor pode se infectar ao picar ser encontrado em latitudes temperadas.
uma pessoa virêmica, iniciando o período de incuba-
ção extrínseco, que varia de 8 a 12 dias. DENGUE
Patogenia
O período de incubação intrínseco do chikungunya
Após serem inoculados através da picada do mosquito,
acontece, em média, de 3 a 7 dias (podendo variar de
os vírus fazem uma primeira replicação em células
1 a 12 dias), e o extrínseco dura, em média, 10 dias.
musculares estriadas, lisas e fibroblastos, bem
O período de viremia no homem pode perdurar por até
como linfonodos locais. Após isso, tem início viremia,
10 dias e, geralmente, inicia-se 2 dias antes da
disseminando-se por todo o organismo. Ele pode
apresentação dos sintomas.
circular livres, no plasma ou no interior de monócitos e
Estima-se que o período de incubação intrínseco do macrófagos. Possui tropismo por essas células
Zika seja de 2 a 7 dias, em média, e o período de fagocitárias, que são seus maiores sítios de replicação
incubação extrínseco seja semelhante ao de dengue,
variando de 8 a 12 dias. Depois do período de incubação
extrínseco, o mosquito permanece infectante até o final
da sua vida (6 a 8 semanas), sendo capaz de transmitir
o vírus para um hospedeiro suscetível, a exemplo
do homem.

SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADE

A imunidade é permanente para um mesmo sorotipo


(homóloga). A imunidade cruzada (heteróloga) existe
temporariamente, por 2 a 3 meses. A fisiopatogenia da
resposta imunológica à infecção aguda por dengue
pode ser:

• Primária – pessoas nunca expostas ao


flavivírus, títulos de Ac sobem lentamente.

• Secundária – pessoas com infecção aguda,


com história de contato prévio com o flavivírus,
Os sintomas gerais (febre e mal-estar) surgem após
período de incubação de 2 a 7 dias, coincidindo com
SÃO SINAIS DE ALARME:
a viremia! A leucopenia e a discreta e transitória
depressão medular que se apresentam nesses • Dor abdominal intensa e contínua;
casos, também, relacionam-se aos altos teores de • Vômitos persistentes;
citocinas macrofágicas. As mialgias são • Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural,
consequentes, em parte, à multiplicação viral no derrame pericárdico);
próprio tecido muscular e são acometidos, inclusive • Hipotensão postural e/ou lipotímia;
músculos oculomotores, sendo responsáveis pela • Hepatomegalia maior que 2 cm abaixo do
cefaleia retroorbitária. rebordo costal;
A febre, nas formas indiferenciadas e clássica, é • Sangramento de mucosa;
autolimitada e o desaparecimento da doença • Aumento progressivo do hematócrito.
coincide com o aparecimento de vigorosa resposta FASE DE RECUPERAÇÃO
imune. Tem como base fisiopatológica uma
resposta imune anômala envolvendo leucócitos, Após as 24-48 horas da fase crítica, uma reabsorção
citocinas e imunocomplexos, causando aumento na gradual do fluido que se havia extravasado para o
permeabilidade dos vasos por má função vascular compartimento extravascular ocorrerá nas 48-72 horas
endotelial (mas sem destruição do endotélio); seguintes. Há uma melhora do estado geral.
extravasamento de líquidos para o interstício,
É importante estar atento às possíveis complicações
causando queda de tensão arterial; e manifestações
relacionadas a hiper-hidratação.
hemorrágicas associadas à trombocitopenia.
Exames
Consequentemente ocorre hemoconcentração
ESPECÍFICOS
com redução da volemia, má perfusão tissular,
• Pesquisa IgM por testes sorológicos;
hipóxia e acidose lática.
• Pesquisa de vírus;
Manifestações clínicas • Pesquisa genoma do vírus por PCR;
• Pesquisa Ag NS1;
A infecção pode ser assintomática ou sintomática.
• Imuno-histoquímica para Ag virais.
Três fases clínicas podem ocorrer: febril, crítica e de
recuperação. INESPECÍFICOS
Hematócrito, contagem de plaquetas e dosagem de
FASE FEBRIL
albumina: diagnóstico e acompanhamento – sinais de
A primeira manifestação é a febre de 2 a 7 dias de alarme ou gravidade e pacientes em situações especiais.
duração, geralmente alta (39 a 40ºC), de início
PROVA DO LAÇO
abrupto, associada à cefaleia, astenia, mialgia,
artralgia e dor retroorbitária. Há exantema em Deve ser realizada na triagem em todo paciente com
metade dos pacientes, de característica suspeita de dengue e que não presente sangramento
máculopapular, atingindo face, tronco e membros espontâneo! Desenhar um quadrado com 2,5 cm de
de forma aditiva, sem poupar regiões lado no antebraço e contar o número de petéquias
palmoplantares. formadas dentro dele. É positiva se 20 ou mais em
adultos ou 10 ou mais em crianças. Se positivar antes
FASE CRÍTICA
do tempo, deve ser interrompida.
Após a fase febril, grande parte dos pacientes
Definição de caso
recupera-se gradativamente, com melhora do
estado geral e retorno do apetite. A fase crítica SUSPEITO
pode se apresentar em alguns pacientes, Indivíduo que resida em área onde se registram casos
podendo evoluir para as formas graves. Tem início de dengue, ou que tenha viajado nos últimos 14 dias
com a defervescência da febre, entre o 4º e o 7º dia para áreas com ocorrência de transmissão, que
do início da doença, acompanhada do surgimento apresente febre de 2 a 7 dias, com duas ou mais das
dos sinais de alerta e/ou gravidade. seguintes manifestações:
• Náuseas e/ou vômitos; induzido (prova do laço positiva) OU com condições
• Exantema; clínicas especiais e/ou risco social ou comorbidades.
• Mialgia e/ou artralgia;
Conduta: solicitar exames complementares
• Cefaleia com dor retro-orbital;
(hemograma completo obrigatório para todos), manter
• Petéquias;
em acompanhamento e observação até resultado,
• Prova do laço positiva; condutas conforme grupo A até resultado.
• Leucopenia.
Conforme resultado:
CASO SUSPEITO COM SINAIS DE ALARME
• Hematócrito normal: ambulatorial com retorno
No período de defervescência da febre, apresenta um ou diário, retorno para reclassificação até 48h após
mais dos sinais de alarme. defervescência da febre ou imediata ao
CASO SUSPEITO DE DENGUE GRAVE aparecimento de sinais de alerta.
• Surgimento de sinais de alarme: grupo C.
Todo caso de dengue que apresenta uma ou mais das
condições abaixo: GRUPO C

• Choque Caso suspeito na presença de algum sinal de alarme.


• Sangramento grave Conduta: reposição volêmica imediata, com 10ml/kg
• Comprometimento grave de órgãos – dano na primeira hora e permanência em acompanhamento
hepático importante (AST/ALT>1000), do SNC em leito de internação até estabilização por, no mínimo,
(alteração de consciência), do coração (miocardite), 48h. Realizar exames complementares obrigatório –
etc. hemograma completo, dosagem de albumina sé-
CASO CONFIRMADO rica e transaminases.

Todo caso suspeito confirmado laboratorialmente – Recomenda-se RX de tórax (PA,


NS1 teste rápido ou NS1 ELISA, isolamento viral ou PCR perfil e incidência de Laurell) e USG de abdome (mais
(amostras até o 5º dia de início dos sintomas). sensível para derrames cavitários).
Sem melhora do hematócrito ou sinais hemodinâmicos:
Estadiamento clínico e conduta repetir fase de expansão até 3 vezes. Reavaliação
GRUPO A clínica em 1 hora e de hematócrito em 2 horas.

Caso suspeito de dengue sem sinais de alarme, sem GRUPO D


comorbidades, grupo de risco ou condições clínicas Caso suspeito de dengue na presença de sinais de
especiais. choque, sangramento grave ou disfunção grave de
Conduta: exames laboratoriais complementares a órgãos.
critério. Prescrever dipirona ou paracetamol. Não Sinais de choque:
utilizar salicilatos ou AINEs. Orientar repouso e
prescrever dieta e hidratação oral: 60 ml/kg/dia, sendo • Taquicardia;
1/3 com solução salina e no início com volume maior • Extremidades distais frias;
(em 4 a 6 horas). Para os 2/3 restantes, orientar • Pulso fraco e filiforme;
ingestão de líquidos caseiros (distribuir nos outros • Enchimento capilar lento (> 2s);
períodos). • PA convergente (<20 mmHg);
• Taquipneia;
Manter a hidratação durante todo o período febril e
• Oligúria (< 1,5ml/kg/h);
por até 24-48 horas após a defervescência da febre! O
• Hipotensão arterial (fase tardia);
aleitamento materno dever ser
• Cianose (fase tardia).
mantido e estimulado.
Conduta: reposição volêmica com fase de expansão
GRUPO B
rápida parenteral, com solução salina isotônica de
Caso suspeito de dengue sem sinais de alarme, MAS 20ml/kg em 20 minutos. Caso necessário, repetir por
com sangramento espontâneo de pele (petéquias) OU até 3 vezes. Reavaliação clínica a cada 15-30 minutos
e de hematócrito em 2 horas. Estes pacientes INESPECÍFICOS: Alterações laboratoriais da fase aguda
necessitam ser continuamente monitorados. são inespecíficas, a mais comum sendo leucopenia com
linfopenia
inferior a 1000 células. A plaquetopenia inferior a 100
Estes pacientes devem permanecer em
mil células é rara. VHS e PCR costumam estar elevadas
acompanhamento em leito de UTI até estabilização
e permanecer assim por algumas semanas. Pode haver
(mínimo 48 horas), e após estabilização permanecer em
ainda discreta elevação de enzimas hepáticas,
leito de internação.
creatinina e CPK.
Exames de confirmação são obrigatórios, porém não
Na fase crônica, é importante avaliar o paciente antes
essenciais para conduta.
da introdução do metotrexato e da hidroxicloroquina.
Em caso de resposta inadequada – persistência do Nessa fase, os seguintes exames são necessários:
choque, deve-se avaliar: AgHBs, HBsAg, anti-HCV, anti-HIV, anti-CMV,
toxoplasmose e raio x de tórax, entre outros.
• Hematócrito em ascensão após reposição volêmica
adequada: utilizar expansores plasmáticos ZYKA
(albumina)
• Hematócrito em queda e choque persistente: Exames (específicos):
investigar hemorragias e avaliar coagulação. • Isolamento viral;
• Hemorragia: transfundir concentrado
• Detecção de RNA por PCR;
de hemácias (10-15ml/kg/dia)
• Sorologia IgM;
• Coagulopatias: avaliar necessidade
• Teste rápido imunocromatográfico IgM/IgG
de uso de plasma fresco (10ml/kg), vit. K EV e
(triagem)
crioprecipitado.
DIFERENÇAS CLÍNICAS
Considerar transfusão de plaquetas se sangramento
persistente não controlado. Tratar com diminuição • Febre
importante da infusão de líquido, uso de diuréticos e
o D: alta (superior a 38ºC), 4 a 7 dias
drogas inotrópicas, quando necessário.
o Z: sem febre ou subfebril (menor ou
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES: GRUPOS C E D igual 38ºC), 1 a 2 dias subfebril
o C: alta (superior a 38ºC), 2 a 3 dias
Oferecer O2 em todas as situações de choque.
Pacientes dos grupos C e D podem apresentar edema • Rash cutâneo
subcutâneo generalizado e derrames cavitários. o D: a partir do 4º dia (30 a 50%)
o Z: 1º ou 2º dia (90 a 100%)
CHIKUNGUNYA o C: entre 2 e 5 dias (50%)
O diagnóstico específico é importante em regiões de
epidemias por outros arbovírus, em idosos e em
pacientes cuja conduta terapêutica deve ser
diferenciada.

ESPECÍFICOS

• Pesquisa de vírus (CHIKV);


• Pesquisa de genoma de vírus por PCR;
• Pesquisa de IgM por testes sorológicos;
• Demonstração de soroconversão (positividade ou
aumento de 4x) nos títulos de IgG
entre as amostras da fase aguda (8 dias) e
convalescente (13 a 45 do início do quadro ou 10-
14 dias da coleta da amostra de fase aguda).
• Avitaminose C (escorbuto) causa alteração nas
paredes dos vasos.
São manchas resultantes do extravasamento de sangue • Pode ocorrer em doenças sistêmicas, por lesões
na pele. Puntiformes ou até 1 cm de tamanho, vasculares: HAS, arteriosclerose, nefropatia
denominam-se petéquias; até 4 cm, equimoses; e as com uremia, hemocromatose e DM.
maiores, hematomas. Podem estar associadas a outros • Púrpura de Henoch-Schönlein (reumática) é
sintomas, como sangramento de mucosas. síndrome de hipersensibilidade vascular por
Os mecanismos patogênicos são 6: infecções.
• Púrpuras pigmentosas crônicas
1. Alterações plaquetária: diminuição do nº de • Hematoma paroxítico noturno
plaquetas ou anomalias qualitativas.
2. Distúrbios de coagulação: deficiência ou POR PERDA DE APOIO TECIDUAL
alteração dos fatores de coagulação ou • Afecções congênitas ou hereditárias do
presença conectivo
de substâncias que impedem a coagulação ou
• Síndrome de Cushing
estimulam a fibrinólise.
• Púrpura senil
3. Alterações vasculares: lesões das paredes dos
vasos ou aumento da permeabilidade capilar. POR DESPROTEINEMIAS
4. Perda do apoio tecidual: defeitos ou alterações
• Púrpura hiperglobulinêmica
do tecido conectivo da derme, pela
• Púrpura por macroglobulinemia
perda do suporte, há ruptura dos vasos.
5. Disproteinemias: por anormalidades das
proteínas plasmáticas.
6. Psicogênicas. Abordagem biológica: identificar o animal
POR ALTERAÇÕES PLAQUETÁRIAS Abordagem fisiopatológica: conhecer as atividades e
efeitos sistêmicos do veneno
• Trombocitopênicas: anemia de fanconi,
púrpura neonatal, púrpura trombocitopênica TOXISÍNDROMES
idiopática (PTI), púrpura infeciosa, púrpura
neoplásica, púrpura por drogas-toxinas- • Inflamatório
irradiações, púrpuras em doenças autoimunes, • Hemorrágico
púrpura pós-transfusão. • Coagulante
• Por anomalias plaquetárias: tromboastênica e • SNA-S / SNA-P
trombocitêmica. • Neurotóxicos
• Miotóxicos
POR DISTÚRBIOS DE COAGULAÇÃO

• Síndrome de kasabach-merrit ACIDENTE BOTRÓPICO


• Doença hepática
• Doença renal ❖ Atividade local: extensão e intensidade dos efeitos
• Deficiência de vitamina k do veneno botrópico – progressão do edema ao
• Coagulação IV disseminada longo do tempo
• Púrpura fulminans ❖ Soroterapia: (marcação no pct)
• Edema contido no local – leve
VASCULARES • Edema que ultrapassa o segmento da
• Telangiectasia hemorrágica hereditária picada – moderado
• A púrpura simples compreende equimoses ou • Edema que ultrapassa dois segmentos da
hematomas. A púrpura hipostática (dermatite picada – grave
ocre) por petéquias e equimose que confluem ❖ Edema pode fazer compressão do feixe
deixando áreas de pigmentação acastanhada, vasculonervoso, produzindo síndrome
hemossiderótica
compartimental (fasciotomia até que o edema
tenha redução sem sinal de infecção)
❖ Local da picada como fator de risco para gravidade
❖ Atividade coagulante (componente que simula a ACIDENTES CROTÁLICOS
trombina e consome os fatores de coagulação,
retirando-os da corrente sanguínea, o que Crotoxina é uma neurotoxina pré-sináptica que inibe a
desencadeia hemorragia) + hemorrágica liberação de Ach nas terminações nervosas motoras,
resultando em bloqueio neuromuscular e consequente
(secundária) = sangramento gengival, no local da
paralisia motora e respiratória
picada, quadros de hematomas/equimoses,
hematúria, etc. ❖ No local da picada não há sinais inflamatórios,
❖ Conduta: às vezes edema discreto
• Tempo de coagulação – auxilia no diagnóstico ❖ Ptose palpebral bilateral nas primeiras horas
(acima de 30min: incoagulável; entre 15-30min: após a picada!!! (“fácies de bêbado”/ fácies
alterações) miastênica)
• Coagulograma (tempo de protrombina, tempo ❖ Principal causa de morte nesses acidentes:
de promboplastina parcial ativada) IRA!!!!
• Dosagem de fibrinogênio ❖ Pode ter anisocoria, alteração em nervos
• Dosagem de plaquetas (pode fazer cranianos (III, IV, VII)
plaquetopenia) ❖ Dor muscular – crotamina se liga no músculo
• Hemograma (VAI dar leucocitose pelo trauma) estriado esquelético, liberando a mioglobina
• Bioquímica (ureia, creatinina, Na, K, CK, DHL) após lise da célula, que faz deposição renal
❖ Alteração da coagulação – demora para
❖ Botrópicos: toxina que faz vasodilatação coagular
(captopril), principalmente da artéria renal – chance ❖ Mioglobinúria (cor de coca cola – mioglobina
de fazer IRA. No crotálico, a IRA é por deposição da na urina)
crotalina! ❖ Tempo de coagulação alterado em até 40%
❖ Aumento de CK (enzimas musculares liberadas)
❖ Tratamento = TGO e HDL
• Manter a calma ❖ Leucocitose com aumento de neutrófilos, sem
• Repouso plaquetopenia
• Elevação do membro de 30 a 45° ❖ Aumento de ureia, creatinina, ácido úrico,
• Hidratação (3l/24h) potássio, fósforo
• Analgesia ❖ Queda de cálcio
• Antibioticoterapia ❖ Baixa mortalidade – deixa sequelas
• Profilaxia antitetânica (somente sem
histórico da vacina) ESCORPIÃO
• Soroterapia especifica o mais rápido ❖ Veneno: proteínas de baixo peso molecular com
possível (antibotrópico) ação e sítios específicos em canais de sódio
• Curativo diário com despolarização das membranas celulares
excitáveis, liberação de catecolaminas e Ach –
❖ Tratamento específico manifestações simpáticas e parassimpáticas
• De acordo com a gravidade do caso características.
= para crianças e adultos ❖ Pode causar atividades motoras como
= para gestantes fasciculações, mioclonias, hiperreflexia, etc.
= reação alérgica ❖ Náuseas e vômitos: primeiro sinal – passa com
Olhar manual do MS – classificação quanto à gravidade soroterapia específica
e orientação terapêutica
❖ Disautonomia aguda – tempestade • Casos graves: 8 ampolas de SAE ou SAAr
catecolamínica: liberação de mediadores da
resposta inflamatória ARANEÍSMO
❖ Dor sempre presente, em diversas intensidades
❖ Manifestações sistêmicas
❖ Leve: dor, eritema, sudorese local
• Loxoscelismo – aranha marrom (mais
❖ Moderada: alterações locais e sistêmicas,
comum no MS)
agitação sonolência, sudorese, náuseas,
❖ Manifestações locais, neuromuscular, dor
vômitos, hipertensão arterial, taquicardia,
• Foneuterismo – aranha-armadeira
taquipneia, etc.
• Lactrodectismo – viúva-negra
❖ Grave: vômitos profusos, sialorreia, sudorese
profusa, agitação, tremores, espasmos LOXOSCELISMO
musculares, bradicardia, bradipineia, etc.
❖ Aranha pequena com hábitos noturnos
❖ Conduta: ❖ Momento da picada não dói – percebida
• Analgésicos – moderada: opioides; intensa: somente após depois de 12 a 24h
infiltração ❖ Nas primeiras 6h: semelhança com picada de
• Manifestações sistêmicas exigem inseto – sinal inflamatório
soroterapia ❖ Nas primeiras 24/48h: lesão característica –
placa marmórea com ou sem hemólise
Adultos com quadro local: tratar sintomas intravascular (no local da picada, com áreas de
• Compressas mornas, analgésicos palidez e equimose, trombose de vasos)
sistêmicos comuns (dipirona), opioides ❖ Anemia hemolítica – colúria
(tramadol), infiltração anestésica ❖ Quando a lesão progride de placa marmórea
(lidocaína; até 3x, na quarta faz soro) passa para → necrose → lesão seca →
• Manter em observação por, no mínimo, de formação de ulceras → cicatrização
2 a 3 horas para avaliar melhor a dor ❖ Tratamento:
• Analgesia
Crianças < 14 anos e idosos (alterações • Curativos locais
cardiopulmonares – SARA) • Debridamento cirúrgico
• Tratamento sintomático • Plástica reparadora
• Manter em observação por 3 horas para ❖ Quadro cutâneo: não realiza soro – exceção:
avaliar aparecimento de manifestações precocemente/antes de formar necrose administra
sistêmicas 5 ampolas
• Dor pode ser intensa e provocar náusea e ❖ Quadro de anemia hemolítica: faz soro – 10
aumento da pressão ampolas em qualquer fase
• Agitação desproporcional a dor ❖ Corticosteroides (controverso após 24h) e
• Sudorese profusa antibióticos (infecção secundária)
• Hipertensão, taquicardia ❖ Desbridamento/cirurgia plástica
• Arritmia cárdica/ miocardite ❖ Câmera hiperbárica (oxigênio a 100%) – evita
• Hipotensão evolução para necrose e úlcera + diminui infecção
• Bradicardia
• IAM LAGARTAS
• Edema agudo pulmonar ❖ Identificar qual o tipo de lagarta que causou o
• Choque acidente
❖ Peluda/”pom-pom”: benigno – queima ao encostar
❖ Tratamento específico: ❖ Espiculadas: pode ser Lonomia – contém toxina que
• Casos moderados: 4 ampolas de SAE ou simula a trombina (mais grave)
SAAr ❖ Ambos os tipos produzem sinal inflamatório
LONOMIA - Manchas de até 1,5cm, cor castanho-claro ou escuro,
superfície rugosa, em áreas fotoexpostas. Há hiperplasia
• Coloração marrom com espículas verdes
de melanócitos e alterações degenerativas do colágeno.
pelas quais a toxina é inoculada
• Lesão extensa
• Quadro de coagulação seguido de
sangramento

COLEÓPTEROS – BESOUROS
Potó, Fogo-Selvagem ❖ QUERATOSE ACTÍNICA

❖ Besouros do gênero Paederus - Lesão pré-maligna mais frequente, surge em áreas foto
❖ Dermatite linear expostas.
❖ Liberação de substancia caustica ao pressionar o - Acomete idosos ou adultos de pele clara
besouro (pederina), promovendo dermatite
Clínica: máculo-pápulas eritematosas recobertas por
vesicante (“sinal do beijo” – lesão em espelho,
escamas secas e aderidas. Superfície áspera de cor
como no cancro mole)
amarelada e castanho-escuro (0,5 a 1cm). Áreas de
❖ Vesículas menores, ardor e prurido intensos
maior exposição (orelha, nariz e couro cabeludo).
❖ Conduta: corticoide + ATB
Contato com carcinogênios (alcatrão, arsênico e
radioterapia).
Atividade Família

Megalopygidae
Saturniidae (“lagartas
(“lagartas
espinhudas”)
cabeludas”)

Podalia, Automeris Lonomia

Local

Processo
inflamatório
+ + + DD: queratose seborreica (acastanhada)
agudo

Sistêmica

Coagulopatia
de consumo,
- - +
hemorragia

TTO: crioterapia com N líquido; curetagem +


eletrocoagulação; terapia fotodinâmica.

- Mais comum: não melanoma, CBC e CEC (baixa ❖ DOENÇA DE BOWEN


letalidade). - Carcinoma espinocelular in situ (intraepidérmico).
LESÕES PRÉ-MALIGNAS Clínica: área escamosa ou crostosa, avermelhada, com
aumento gradual e pouco infiltrativa.
❖ MELANOSE SOLAR, ACTÍNICA OU LENTIGO SENIL
DD: Queratose actínica, LES, psoríase, dermatofitose.
TTO: excisão com margens de segurança, imiquimod Variantes (Baixo risco x Alto risco)
(quimioterápico tópico), terapia fotodinâmica.
• Superficial
Outras formas da doença: eritroplasia de Queyrat. • Nodular
• Micronodular
• Infiltrativo
• Esclerosante
• Basoescamoso

- Pode ser localmente invasivo e destrutivo, cresce


segundo o trajeto de menor resistência (contorna a
cartilagem, mas não a perfura).

❖ ERITROPLASIA - Fenômeno de “iceberg” na região das pálpebras,


orelha, nariz e couro cabeludo.
- CEC intraepitelial na mucosa, pode tornar-se invasivo e
corresponde à doença de Bowen da pele. TTO: cirurgia excisional e cirurgia micrográfica de Mohs;
criocirurgia; radioterapia; curetagem +
Clínica: lesão única na glande ou prepúcio, mucosa eletrocoagulação.
genital feminina e bucal. Placa bem delimitada,
vermelho-brilhante, aveludada, granulosa e sem
infiltração que se alarga.

❖ DOENÇA DE PAGET

- Localizada geralmente nas aréolas mamárias e, menos


frequente, extramamárias. Aparência eczematosa com
presença de células anrmais na epiderme (célula de
Paget). Lesão bem demarcada, com secreção, crostas e
prurido. ❖ CARCINOMA ESPINOCELULAR

- Origem na camada espinhosa da epiderme, é o 2º mais


frequente TU maligno. Também conhecido como
carcinoma de células escamosas.

- Mais frequente em >50A, pele clara e transplantados


(imunocomprometidos). Pode surgir de cicatriz de
queimaduras.

- Gera mais metástases! Quanto mais indiferenciado,


maior o risco de recidiva e disseminação.
TUMORES EPITELIAIS MALIGNOS
CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA DE BRODERS
(CARCINOMAS) Grau 1 <25% de células
indiferenciadas
❖ CARCINOMA BASOCELULAR Grau 2 <50%
Grau 3 <75%
- “O mais benigno dos TU malignos” Grau 4 >75%

- Incapaz de gerar metástase, é o mais frequente.


• Espessura tumoral (Breslow) – até 2mm (melhor • Lentigo maligno (in situ) e lentigo maligno
prognóstico). melanoma (invasivo) – melhor prognóstico,
• Espessura anatômica (Clark). crescimento radial lento!
• Estadiamento (TNM) é obrigatório (TC de crânio e • Melanoma extensivo superficial (+ comum)
região cervical com contraste). • Melanoma nodular (sem aparente crescimento
radial, prognóstico ruim)

Melanoma acral (palmas, plantas e dedos; sem relação


com UV)

ABCDE

Espessura até 2mm e sem


ESTÁGIO 1
ulceração
ESTÁGIO 2 Espessura >2mm
Sobrevida em 10 A, menor
ESTÁGIO 3
se linfonodos acometidos
ESTÁGIO 4 Metástases

Prevenção: fotoproteção, avaliação dermatológica 1x


ano, acompanhamento dermatoscópico.

Após melanoma: a cada 4 meses por 3 anos e a cada 12


❖ MELANOMA meses nos anos subsequentes. RX tórax e DHI anual.

- Menos frequente, pior prognóstico, maior letalidade.

- Aparência de “pinta”, queimaduras solares aumentam - Doenças causada por acarinos gêneros Sarcoptes
o risco, origina-se dos melanócitos, quanto mais scabiei (espécie-específicos: variante hominis
profundo e espesso, maiores as chances de metástase parasita o homem)
(linfonodo, SNC, fígado, pulmão)
- Qualquer variedade de Sarcoptes pode albergar-se
Formas: e produzir alteraçaos transitórias na pele do
homem, sem obrigatoriamente parasitá-la →
originando sarnas zoógenas
Escabiose Humana Observam-se lesões de escoriação com impetiginização
secundária
Doença contagiosa produzida pelo Sarcoptes scabiei
var. hominis → produz uma dermatose pruriginosa Complicação → evolução para glomerulonefrite;
predominantemente noturna. No saco escrotal e pênis →nódulos eritematosos
Contágio direto e geralmente se faz no leito; típicos, muito pruriginosos, persistindo depois do tto.
(pseudolinfoma) → uso de corticoide local de alta
É endêmica com surtos epidêmicos por contato físico potência (3 a 4 vezes/dia, massageando) até o
desaparecimento.
Parasita é exclusivo da pele humana
Em geral há mais de um caso no ambiente residencial ou Escabiose Crostosa (Sarna Crostosa)
familiar. Apresenta-se com formação de crostas estratificadas,
Etiopatogenia que podem chegar a centímetros de espessura

Sarcoptes scabiei var. hominis → é um acarino de Estão localizadas, preferentemente, nas eminências
pequenas dimensões. ósseas, podendo, inclusive, comprometer unhas, face,
cabeça e regiões palmoplantares.
- A escabiose é produzida exclusivamente pela fêmea
Ocorre em indivíduos de hábitos higiênicos precários,
fecundada (macho morre após a cópula).
neuropatas, deficientes mentais e imunodeprimidos;
- Ela penetra na epiderme fazendo um túneo subcórneo pctes com HTLV; pessoas privadas de liberdade.
→ progressão noturna de 2 a 3 mm/dia; seu ciclo vital
Nesse caso é astronômica a quantidade de parasitas!!
15-30 dias durante o qual elimina cerca de 40-50 ovos.
Ciclo biológico (do ovo ao adulto) dura, em média, 15 Diagnóstico Diferencial: psoríase, doença de Darier,
dias. farmacodermia, dermatite seborreica e eczemas.
- Período de incubação: 3 a 4 semanas → aparece Diagnóstico
erupção pruriginosa, ou então de 1 ou 2 dias, nos casos
de reinfecção dos pctes que se alergizarem. - O diagnóstico é clínico!!!

- O ácaro resiste fora do hospedeiro por, no máximo, - Prurido noturno


alguns dias
- Túneis simetricamente dispostos
- O prurido ocorre por 2 mecanismos:
- Achado do Sarcoptes na eminência acarina → ao
a) Alérgico (eosinofilia sanguínea → às vezes elevada, dermatoscópio: achado de pequenas estruturas
principalmente na escabiose crostosa). Aumento de IgM triangulares (asa delta) e enegrecidas (porção
e IgE (mecanismo imunoalérgico) pigmentada anterior do ácaro) + pequeno segmento
linear encontrado na base do triângulo (túnel
b) Progressão do parasita, a qual se faz em escabiótico preenchido com ovos e fezes do parasita)
consequência do calor do leito.
Tratamento
Lesão Típica
- Fazer um levantamento de todos os habitantes da casa
Túnel escabiótico (5-15 mm), cor acinzentada clara ou e avaliar os que estão de fato acometidos (*na dúvida
da cor da pele, em geral, sinuoso, tendo na extremidade melhor tratar todos → evita-se um novo ciclo
migrante uma pequena vesícula (eminência acarina → epidemiológico familiar)
onde se encontra o parasita);
-Todos os medicamentos causam dermatite por irritante
Localizam-se nos dedos, nas pregas interdigitais, nos primário que será responsável pela manutenção do
punhos, nos cotovelos, nos mamilos (sobretudo nas prurido
mulheres), nas pregas axilares, na genitália, nas nádegas
e no hipogástrico. - Casos de prurido excessivo → Corticoides de uso local
aplicados 2 a 3 vezes/dia
**Lesões ponfosas urticariformes (essas não são
papulocrostosas) de natureza alérgica podem ocorrer -Infecção secundária → deve ser tratada conforme a
em áreas em que não há túneis (região escapular e extensão do processo (ATB local ou sistêmico)
abdominal). (*infecções bacterianas em função do prurido)
* Não há necessidade de ferver roupas pessoais, cama -Podem surgir escoriações e leões vesicopapulosas,
ou toalhas → basta lavá-las até após o 2º. Dia de tto. urticariformes e até impetiginização secundária
-Nos casos de até após 1 semana de tto persistirem as
lesões → repetir o tto, de preferência com outro
escabicida. Tais reações pode se relacionar com os efeitos
- A medicação deve ser administrada por 2 a 3 noites farmacológicos da droga, predisposição, distúrbios
seguidas e repetida 1x uma semana após enzimáticos ou imunológicos e interações
medicamentosas.
- No adulto: do pescoço para baixo, no corpo inteiro;
❖ SÍNDROMES CUTÂNEAS RELACIONADAS ÀS
- Nas crianças até 10 anos: aplica-se inclusive no couro DROGAS
cabeludo
ERUPÇÃO FIXA
Escabicidas tópicos:
Eritema fixo de recidiva sempre no mesmo local. Prurido
✓ Permetrina: muito efeita e de baixa toxicidade;
e sensação de queimação. Esmaece de maneira gradual
✓ Monossulfeto de tetraetiltiuram
(Monossulfiram): solução preparada no ficando castanho.
momento do uso. Pode causar efeito antabuse Locais: palmas, plantas e mucosas.
(vaso dilatação periférica, tontura, mal-estar,
sensação de morte). Drogas: analgésicos-antipiréticos (dipirona, AAS,
✓ Benzoato de benzila: principais efeitos adversos tetraciclinas, anovulatórios, barbitúricos, sulfas);
são irritação primária, xerose e prurido. antineoplásicas (dacarbazina).
✓ Lindano (gama-hexacloro-ciclo-hexano):
neurotóxico, sobretudo para RN; seu uso tem EXANTEMA AGUDO
sido associado ao aumento de tumores
Eritema disseminado, às vezes urticado + prurido +
cerebrais em crianças → No BR:
comercialização proibida sintomas gerais (febre).
✓ Enxofre: na forma de precipitado em vaselina Drogas: sulfas + trimetoprima; diuréticos;
líquida ou pasta d’água, por 3 noites antidiabéticos; ATB (penicilina, amoxi, etc);
consecutivas. É efetivo e seguro, embora
neuropsiquiátricas (carbamazepina); analgésicos;
cosmeticamente pouco aceitável.
antipiréticos; AINEs.
Tratamento sistêmico
DD: exantemas infecciosos (sarampo, rubéola).
✓ Ivermectina → agente antiparasitário de amplo ERITEMA MULTIFORME E NODOSO
espectro (usado tb em demais
ectoparasitoses): dose 0,2 mg/kg Lesões em alvo > em mãos. Eritema oval com halo
(administrado com cautela a pctes em uso de hipocrômico ao redor.
substâncias que atuam no SNC)
Drogas:
-Dose única ou repetida após 10 dias → uso em formas
especiais de escabiose (crostosa, pacientes HIV/AIDS,  E. Polimorfo – barbitúricos; sulfonamidas;
imunodeprimidos) **risco de resistência se uso penicilina; tetraciclinas; antineoplásicos;
indiscriminado nas formas clássicas. metotrexato, etc.
 E. Nodoso – anovulatórios; iodetos; salicilatos;
* Não ocorre involução espontânea → é uma doença
penicilina, etc.
crônica com eventual infecção bacteriana (devido ao
prurido). URTICÁRIA
Sarnas Zoógenas Forma aguda + sintomas gerais (hipotensão, edema de
glote → choque anafilático). Ocorre por mecanismos
- Decorrentes do contato do homem com animais com
escabiose → esses parasitas são exclusivos de seus imunológicos e não imunológicos (produzidas por
animas, não se implantam no homem, no entanto substâncias capazes de liberar histamina dos
migram para a pele e provocando prurido (que não é mastócitos diretamente, sem mediação de citocinas –
noturno). morfina, codeína, polimixina B).
Drogas: soros, penicilina, estreptomicina, procaína, ACNEIFORMES
opiáceos, AINEs, tranquilizantes, etc.
Lesões papulopustulosas de caráter monomorfo, sem
VASCULITES comedões, em locais não próprios da acne vulgar.

Drogas: analgésicos, AINEs, ATB, sulfa, CMZ, cloroquina, Drogas: fluoretos, corticoides, androgênios, etc.
corticoides, insulina, etc.
FOTOSSENSIBILIDADE
ERITRODERMIA
Classificam-se em:
Drogas: derivados mercuriais e arsenicais, sais de ouro,
 Fototóxicas – exagero na resposta à exposição
lítio, bismuto, etc.
solar, com eritema, edema e até bolhas, dose-
ERUPÇÕES ECZEMATOSAS dependentes, surgem na primeira exposição à
droga.
Ocorre > por medicamentos tópicos.
Ex: AINEs, psoralênicos, antiarrítmicos
Drogas: b-bloq, metildopa, sulfas, ATB, anestésicos, (amiodarona), clorpromazina.
formol, etc.  Fotoalérgicas – eczematoso, surgem após a
exposição prévia a droga que possibilitou a
PÚRPURA
sensibilização.
Diversos mecanismos: Ex: mais comum em drogas tópicas, porém,
entre as sistêmicas – prometazina, sulfas,
 Plaquetopenia imunológica – droga atua como griseofulvina, etc.
hapteno que se liga às plaquetas.
 Plaquetopenia não alérgica – depressão “Recaída de UV” – reativação do eritema solar. Ocorre
medular produzida por citostáticos. quando o metotrexato é administrado 1-3d após
 Plaquetopenia por excesso de agregação – irradiação UV, quando o eritema está esmaecendo.
droga produziu lesões endoteliais (ex: ❖ FLUSHING “Vermelhidão”
bleomicina).
 Alterações da coagulação – excesso de Eritema temporário da face, pescoço, tórax, orelhas e
anticoagulantes. epigastro.
 Pigmentar progressivo – quinina, CMZ, BDZ Drogas: paracetamol, acetilcisteína, amiodarona,
(mecanismo imune). amitriptilina, amilodipina, anfotericina-B, AAS, atropina,
 Corticoterapia prolongada – fragilização dos captopril, ceftriaxona, corticoide, furosemida,
vasos. verapamil, etc.
Drogas: barbitúricos, carbamatos, iodetos, sulfas,  LES medicamentoso (hidralazina)
diuréticos, corticoides, antidiabéticos.
 Erupção dermatomiosite-símile
ERUPÇÕES VESICOBOLHOSAS (antineoplásico)
 Reação esclerodermia-símile (bleomicina)
Bolhas, às vezes hemorrágicas, em regiões palmares,  Alopecias, hipertricose e hirsutismo
plantares, genitais, podo/quirodáctilos. (antineoplásicos, anticoagulantes cumarínicos,
Drogas: brometos, iodetos, mercuriais, AAS, captopril, anti-HAS, b-bloq, androgênios)
AINEs, talidomida.  Alterações ungueais – coloração, onicólise,
linhas de beau, hiperplasia, foliculites.
PÊNFIGO  Alterações pigmentares
Similar ao P.F em face, couro cabeludo e tronco Hiperpigmentação – clorpromazina,
(raramente mucosas). anticoncepcionais, antimaláricos, amiodarona,
antidepressivos.
Drogas: d-penicilamina, captopril, piroxicam,  Porfiria (estrogênios, barbitúricos)
propranolol, rifampicina.  Pseudolinfomas (difenil-hidantoína)
Dermatite por IgA: vancomicina, lítio,
furosemida, diclofenaco.
❖ SÍNDROME DE STEVENS-JOHNSON

Drogas: sulfas, anticonvulsivantes, AINEs, ATB. Com


frequência, infecção prévia precede o quadro.

Clínica: acometimento cutaneomucoso múltiplo,


precedida por sinais prodrômicos de infecção (febre,
cefaleia, coriza). > em lábios, boca, língua e mucosa oral
❖ SÍNDROME DA PELE ESCALDADA (SSSS)
→ bolhas hemorrágicas ou purulentas que se rompem,
deixando áreas erosivas e crostosas. Lesões oculares Afecção causada pela exotoxina do S. aureus. Não existe
(conjuntivite serosa, uveíte, lesão da córnea). As lesões obrigatoriamente história de reação às drogas! Há
cutâneas são do tipo eritema polimorfo, desde sempre infecção estafilocócica na pele ou mucosa ou
maculopápulas até púrpuras e bolhas. bacteriemia; sendo maior em crianças.

Sistêmico; bronquites, pneumonites, hematúria, Clínica: erupção periorificial da face, que progride para
necrose tubular aguda. exantema escarlatiniforme e atinge pescoço, axila e
inguinocrurais. Bolhas flácidas, soltando retalhos
TTO: hospitalização em CTI, limpeza e assepsia das
epidérmicos.
lesões. Manutenção do equilíbrio hídrico e eletrolítico,
ATB preventivo, restringir ao máximo o uso de
medicamentos, principalmente analgésicos e
antitérmicos.

❖ SÍNDROME DA ERUPÇÃO CUTÂNEA COM


❖ NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA (NET) EOSINOFILIA (DRESS)

Ou Síndrome de Lyell, é afecção bolhosa grave, fatal, Alterações no metabolismo da droga, em particular,
desencadeada por drogas e infecções. Não é dose- sulfas e anticonvulsivantes, reagem cruzadamente.
dependente, é possível que haja um defeito genético na Origem multifatorial.
metabolização da droga que precipite o efeito Clínica: exantema morbiliforme, que se torna
citotóxico nos queratinócitos. edematoso, acompanhado de acentuação folicular,
Drogas: sulfonamidas, AINEs, derivados da pirazolona, vesículas, pústulas, lesões purpúricas → eritrodermia.
dipirona, anticonvulsivos, cefalosporinas, corticoides, LAB: linfocitose com linfócitos atípicos e eosinofilia.
antineoplásicos.

Clínica: precedida pela fase prodrômica, que


acompanha inflamação das mucosas. Eritema nas
grandes pregas tegumentares, seguido por necrose
explosiva da pele → bolhas hemorrágicas com
desprendimento de extensos retalhos epidérmicos →
ASPECTO DE GRANDE QUEIMADO!

A morte ocorre por sepse ou CIVID.


Tem alta infectividade e baixa patogenicidade e
virulência, evolução lenta e insidiosa.

Incubação → 2-5 anos


❖ REAÇÕES A ANTINEOPLÁSICOS
• Eritema acral ou Síndrome eritrodisestésica A maioria da população tem imunidade celular
palmoplantar (SEPP) (resistência contra o BH), avaliada pelo teste de
Disestesia > em palmas e plantas, dor e Mitsuda-Hayashi → injeção intradérmica de suspensão
queimação em conjunção com edema e de bacilos mortos pelo calor.
eritema, simétrico.
• Maior resistência (Mitsuda +): doente
paucibacilar, ausência de bacilos, não
• Memória de radiação
contagiantes
O agente quimioterápico induz uma reação
• Menor resistência (Mitsuda -): doente
inflamatória em uma área previamente
multibacilar, altos bacilos e contagiantes
irradiada.
Após infecção, a evolução pode:
• Exacerbação de radiação
O agente aumenta a toxicidade da radioterapia 1. Resistência natural que leva a cura
e pode manifestar-se em outros órgãos. 2. Manifestação subclínica que pode regredir ou
Dermatite aguda, com eritema, vesículas, tornar-se indeterminada (MHI)
erosões, etc. 3. MHI pode curar ou evoluir para:
✓ HANSENÍASE TUBERCULOIDE POLAR (DT),
PAUCIBACILAR – alta resistência, boa
resposta imunocelular, sem replicação viral
ou eliminação. Surge o granuloma
Transmissão: vias de eliminação do bacilo são áreas tuberculoide e o anti-PGL1 é baixo
superiores, de pele, mucosa erosadas, urina, fezes, suor, ✓ HANSENÍASE VIRCHOWIANA
leite materno, secreções vaginais e esperma. (LEPROMATOSA) POLAR (VD),
MULTIBACILAR – baixa resistência, alta
Multiplicam-se no SNP e na pele, podendo atingir
multiplicação nos macrófagos e
órgãos e sistemas, EXCETO SNC!
disseminação nos tecidos, forma grave e
❖ ETIOLOGIA contagiosa; altos títulos de anti-PGL1
✓ DIMORFO/BORDERLINE (DD),
Doença infectocontagiosa, de evolução crônica,
MULTIBACILAR – quando o grau de
causada pela bactéria Mycobacterium leprae.
resistência for intermediário entre as
Os bacilos de Hansen podem estar isolados ou formas.
aglomerados compactos “globias”, onde estão unidos ❖ CLASSIFICAÇÃO
por material gelatinoso (gleia) e dispostos semelhante • MULTIBACILRES – baciloscopia de raspado
a cigarros organizados em um maço. intradérmico positiva e >6 lesões de pele.
Ex: dimorfo, virchowianos
É um bacilo gram (+) e álcool-ácido resistente, que pode
• PAUCIBACILARES – baciloscopia negativa e até 5
se multiplicar em camundongos, tatus e macacos.
lesões de pele.
Presença do glicopeptídeofenocólico-1 (PGL-1) na PC, Ex: indeterminada, tuberculoide
trissacarídeo que serve de aceptor de laminina a-2 da
célula de Schwann do SNP → NEUROTROPISMO! ❖ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

❖ TRANSMISSÃO E EVOLUÇÃO LESÕES NEURAIS

O M. leprae é eliminado pelas secreções nasais da - Tropismo por nervos periféricos, podendo ser
orofaringe (1º lugar – via respiratória) e por soluções de ramusculares (filetes nervosos) até nervos superficiais e
continuidade da pele (2º lugar – áreas erosadas da troncos nervosos profundos
pele).
- Alterações essencialmente sensitivas, sendo a perda
térmica > dolorosa > tátil

- Espessamento dos nervos e dor à palpação

- A percussão ocorre parestesia e irradiação no território


correspondente (Sinal de Tinel)

- Pode haver acometimento motor, levando a paresia ou ✓ Hanseníase Tuberculoide


paralisia, fraqueza muscular, amiotrofias, retrações
tendíneas e fixações articulares (garras) - Placas bem delimitadas, róseo-eritematosa ou
eritemato-acastanhada, contornos reg ou irregulares
- Acometimento autonômico pode levar a distúrbios formando lesões anulares.
vasculares e sudorese.
- Lesão única ou em pequeno nº e assimétrica.
- Na face, o mais acometido é o V e VII
- Intenso comprometimento neural, precoce e
- MMSS: ulnar e mediano (m. intrínseca da mão/garra) > assimétrico. Pode alterar a sudorese, vasomotor e
radial (mão caída). Se ambos acometidos → “mão alopecia.
simiesca”, desaparecimento das pregas palmares.
- Cura espontânea, deixando área de atrofia.
- MMII: n. fibular (m. anterolateral/dorsiflexão – “pé
caído”) e tibial posterior (m. intrínsecos do pé – “dedo “Lesões tuberculoides em raquete” – nervos
em garra”) → lesão responsável da úlcera plantar (mal espessados que emergem das placas.
perfurante plantar).
- Baciloscopia negativa! Mitsuda (+)
Tuberculoides: lesão neural precoce, agressivas e
Histopatológico = granuloma de células epitelioide com
assimétricas. Os granulomas destroem as fibras
céls. gigantes e linfócitos.
nervosas → necrose caseosa (abscesso de nervo).

Virchowianos: lesões extensas, simétricas e pouco


intensas. Sem reações, as fibras são lentamente
comprimidas pelo infiltrado histiocitário com bacilos.

Dimorfos: lesão extensa e intensa, destruição pelos


granulomas.

LESÕES CUTÂNEAS
✓ Hanseníase Virchowiana
✓ Hanseníase Indeterminada
Polimorfismo das lesões. Início com manchas discretas,
- Máculas hipocrômicas ou eritemato-hipocrômicas com
hipocrômicas, múltiplas e sem limites, distribuição
eritema marginal ou difuso.
simétrica.
- Áreas circunscritas mal delimitadas, com distúrbios da
- Tornam-se eritemato-vinhosas, ferruginosas e
sensibilidade, sudorese e vasomotor.
espessadas. Pode haver lesões sólidas (pápulas,
Nº de lesões pequenas + alterações sensitivas altas: nódulos, placas). Em geral, poupa região axilar, inguinal,
resistência a doença → cura ou evolui para perineais e coluna.
tuberculoide.
- Infiltração perianexial: alopecia do supercílio →
Nº alto de lesões + alt. sensitiva baixa: resistência baixa madarose. Quando há muitas lesões na face (nódulos)
→ evolução para dimorfa ou virchowiana. + conservação do cabelo → fácies leonina.

- Baciloscopia negativa! Histopatológico com infiltrado - Baciloscopia positiva! Mitsuda negativo.


perianexial inespecífico ou pequeno em torno dos
Histopatológico = granuloma macrofágico monótono
filetes nervosos.
com poucos linfócitos e nº bacilos.
Os infiltrados podem acometer as seguintes áreas:
nariz, mucosa oral, laringe, olhos, linfonodos, fígado,
baço e suprarrenal, testículos, medula óssea, ossos e
músculos.

❖ ESTADOS REACIONAIS

Apesar de ser uma moléstia crônica, pode ser


interrompida em algumas ocasiões por fenômenos
agudos ou subagudos → “reações”. Há 2 tipos:
Há duas variedades individualizadas:
• TIPO 1 (REVERSAS) – ocorrem em pacientes
• Variedade Histoide com algum grau de imunidade celular (DT e
• Lepra de Lúcio – forma MB com infiltração, DD).
eritema e alopecia difusa da pele, sem pápulas • TIPO 2 (ERITEMA NODOSO HANSÊNICO) –
ou nódulos. Não há deformidades “lepra mediada por imunocomplexos (ac, ag,
bonita” (América Central, México). complemento), ocorre no DV e DD, com bacilos
*Fenômeno de Lúcio → vasculite leucocitoclástica pelo
comprometimento do endotélio por bacilos (ERITEMA
fragmentados ou granulosos.
NECROSANTE)
REAÇÃO TIPO 1

- Ocorre durante, antes ou após o tratamento em


virtude de antígenos liberados pela destruição bacilar
com diminuição (reação de degradação) ou aumento da
imunidade celular (reação reversa).

- Reação de hipersensibilidade do tipo tardio (tipo IV),


com aumento da imunidade celular e das citocinas IL-2,
IL-12, INF-y e TNF-a → resposta TH1.

- Mais comum em pacientes DD. Pode atingir também


✓ Hanseníase Dimorfa os DT, mas quase nunca os DV.
- Intermediário e mais frequente, manifestações - Fatores precipitantes: gravidez, infecções, vacinações,
semelhantes a forma DT ou DV ou intermediária (DD). cirurgias, estresse, etc.
DT: tuberculoides numerosos, acomete troncos levando Surgimento de novas lesões do tipo
a incapacidade, bacilo -, Mitsuda + eritematoedematosas. Após a involução, as lesões se
DV: placas e nódulos pardos, numerosos, difuso, bacilo tornam descamativas (não ocorre nas recidivas) não
+ havendo acometimento sistêmico (só nervos).

DD: lesões bizarras “em alvo” ou anulares, que podem Nos DD as lesões são mais edematosas > em extremidades e
nº de nervos.
confluir dando um aspecto “esburacado” “faveolar”
“queijo suíço”. Área central hipocrômica, borda interna Mitsuda (+) >6mm nos DT
delimitada e deprimida, externa espessada, Mitsuda (-) ou <6mm nos DD
eritematopigmentada.
Nas reações reversas o início é abrupto, aparece durante
a PQT ou nos 6 meses após alta, enquanto nas recidivas
ocorre insidiosamente (pacientes com TTO irregular).
Observar a resposta à corticoterapia!!!
REAÇÃO TIPO 2 – ERITEMA NODOSO HANSÊNICO 2. Após 20-40s, halo eritematoso (eritema reflexo
secundário), ocorre por estímulo das
- Ocorre em formas MB: DV ou DD.
terminações nervosas dos vasos → reflexo
- Reação mediada por anticorpos (TH2), em que há antidrômico → vasodilatação.
formação de imunocomplexos extravasculares (tipo III). 3. Após 1-3min, surge pápula urticada decorrente
Ocorre devido a destruição dos bacilos com exposição da transudação de líquido.
de antígenos e estímulo à produção de anticorpos!
Resposta hansênica: não há o eritema reflexo
- O ENH é a 1º manifestação. Discretas no início, a secundário (fase 2), por lesão das terminações nervosas
reação aumenta progressivamente de intensidade. São → REAÇÃO DE HISTAMINA INCOMPLETA!
esporádicas ou periódicas (surtos – “mal reacional”) e
Indicação para lesões hipocrômicas ou para público cujo
desaparecem com a eliminação dos antígenos.
teste de sensibilidade se torna inviável (crianças, estado
- Quando há volta do ENH 2 anos após a negativação emocional, entendimento).
baciloscópica, pode estar ocorrendo uma reexposição a
OBS: prova de histamina completa + anestesia cutânea
antígenos ou reaparecimento de bacilos → REICIDIVA.
→ lesão neurológica radicular ou central (ex:
ENH: placas e nódulos eritematosos que podem ulcerar siringomielia).
(necrosante), comprometimento do estado geral
• Teste de Pilocarpina
(febre, dor, linfonodomegalia), etc.
Os ramúsculos nervosos íntegros, quando estimulados
LAB: pode ocorrer leucocitose com desvio a esquerda,
pelo nitrato de pilocarpina provocam sudorese. É
aumento do VHS, PCR, aparecimento de autoanticorpos
injetado via intradérmica, formando uma pápula de
(FAN), bilirrubinas, transaminases, hematúria e
0,5cm. Observa-se com lupa o aparecimento de gotas
proteinúria.
de suor (5min). Pode ser sensibilizada usando tinta de
Os imunocomplexos formados fixam o complemento e iodo + amido (pontos azuis). Na hanseníase ocorre
estimulam a quimiotaxia dos PMNs, cujas enzimas anidrose ou hipoidrose.
lesam tecidos e parede vascular (trombos e vasculites)
• Reação de Mitsuda
→ TIPO 2 NECROSANTE! (TNF-a).
A imunidade celular específica ao M. leprae pode estar
Histopatológico: infiltrado histiocitário (macrófagos
alterada. O teste é uma reação que avalia a integridade
inativos) com células de Virchow (histiócitos
desta imunidade, específica do indivíduo, ao bacilo de
vacuolados com lipídeos), bacilos granulosos,
Hansen.
neutrófilos, vasculites.
Utiliza-se o antígeno de Mitsuda, preparado a partir de
❖ DIANÓSTICO COMPLEMENTAR
lepromas triturados e filtrados, em que os bacilos são
PROVAS CLÍNICAS mortos por autoclavagem. Existe o Ag H (humano) e A
(armadillo – tatus).
• Pesquisa de Sensibilidade
Após injeção ID do Ag, pode ocorrer reação local em 48-
A hipoestesia surge após meses. 72h. Após 30d, pode surgir uma 2º reação (tardia ou de
• Teste de Histamina Mitsuda), com aparecimento de nódulo (pode ou não
ulcerar).
Revela a integridade dos ramúsculos nervosos da
pele, identifica a lesão mais precocemente que a Intensidade:
hipoestesia térmica. Colocar gota de solução de • Positiva + 3 a 5mm
cloridrato de histamina na pele e perfura-la com
• Positiva ++ 5 a 10mm
agulha.
• Positiva +++ acima de 10mm
Resposta fisiológica: Reação de Lewis
As reações positivas (indivíduo não ficará doente ou, se
1. Após 20s, eritema (ação direta da histamina ficar, terá DT) ocorrem nas formas com algum grau de
sobre os vasos cutâneos) imunidade cel. específica ao bacilo; e as negativas (se
adoecer, terá DV) quando essa imunidade está ausente.
❖ EXAMES LABORATORIAIS ▪ MB
• Bacterioscopia 2. Esquemas terapêuticos:
• Índices Bacilares (Ridley) ▪ PB:
• Histopatológico
Dapsona 100mg/dia (automedicada) +
DI (INFILTRADO INESPECÍFICO), DT (GRANULOMA Rifampicina 600mg/mês (supervisionada)
TUBERCULOIDE), DV (GRANULOMA MACROFÁGICO COM ALTO Nº
DE BACILOS EM SEU INTERIOR), DD (AMBOS). - 6 MESES

• PCR - Recidiva – repetir TTO


• Sorológicos
- Mudança para forma MB – mudar TTO
TRATAMENTO
▪ MB:
• DAPSONA
Dapsona 100mg/dia (automedicada) +
Grupo das sulfonas (DDS), bacteriostática. Tem-se Clofazimina 50mg/dia (automedicada) e
aumentando a resistência do bacilo ao medicamento. 300mg/mês (supervisionada) + Rifampicina
600mg/mês (supervisionada)
Efeitos Colaterais:
- 24 MESES
o Anemia Hemolítica – efeito mais comum,
leve, ao decorrer do TTO tende a estabilizar. - Recidiva: repetir TTO

o NOVOS MEDICAMENTOS
o Meta-Hemoglobinemia – acrocianose, usar
vit. B. O ideal seria que todos foram bactericidas. Drogas que
andam sendo ensaiadas para futuro TTO:
o SÍNDROME DA SULFONA: reação de fluorquinolonas, claritromicina, minociclina,
sensibilidade que raramente ocorre nas 6 imunoterapia com BCG.
primeiras semanas do TTO. Eritrodermia
ESQUEMAS ALTERNATIVOS
esfoliativa, febre, anemia,
hepatoesplenomegalia, púrpura. ▪ SEM DAPSONA
rifampicina + clofazimina
• CLOFAZIMINA ▪ SEM RIFAMPICINA
clofazimina + dapsona
Ação bacteriostática e anti-inflamatória (usada no TTO
▪ SEM AMBOS
de reações tipo 2).
Clofazimina
Efeitos Colaterais: coloração cinza-azulado na pele, que
desaparece cerca de 1A após a suspensão. Pode haver o REATIVAÇÃO E RECIDIVA
aspecto ictioide (xerose), urticária, prurido. Efeitos mais
Reativação – ocorrência de novas lesões durante o TTO.
sérios: TGI (dor, náusea, diarreia até obstrução intestinal
Reavaliação da terapia.
por depósito de cristais do medicamento na parede o
ID) Recidiva – aparecimento de sinais de atividade clínica
após a alta por cura. Reiniciar TTO.
• RIFAMPICINA

Efeito bactericida! Atua inibindo a RNA polimerase


dependente de DNA. Reações eritêmato-urticariformes-
bolhosas-purpúricas, inclusive SÍNDROME DE STEVENS-
JOHNSON. Raras: trombocitopenia, hepatite, influenza- Infecções fúngicas da epiderme (camadas semi
like, IRA. queratinizadas ou superfície) e anexos (pelos e unhas).

o ESQUEMA TERAPÊUTICO DA OMS CLASSIFICAÇÃO


Multidroga/Poliquimioterapia (MDT/PQT) • Dermatofitoses: afecções produzidas por
1. Divisão dos doentes em: dermatófitos.
▪ PB
o Queratina: fonte de subsistência Fase Miceliar (estruturas alongadas) → FF
o Parasitam epiderme, pelos e unhas Leveduriforme (levedura, estruturas arredondadas)
• Comensais: fungos sem afinidade micológica
ou clínica. Característica principal: máculas hipocrômicas, róseas
o Sem poder queratolítico: vivem sobre a ou acastanhadas, principalmente na axila, tronco e
pele dorso. São áreas seborreicas. Na criança é muito
o Interstícios da camada córnea ou ao comum na face e dorso.
redor dos pelos
o Não geram reação: sem manifestações • Descamação fina (sinal de Zileri – é a semiótica
subjetivas ou hipersensibilidade clássica para fazer diagnóstico. Fazer o
Ex: pitiríase versicolor, tinha negra e estiramento da borda da lesão. Se esfarelar é
P.V)
piedras
• Sinal da unha – diagnóstico de P.V se esfarelar
o Em pcts imunocomprometidos podem
se tornar patógenos, levando a
fungemia e acometimento de órgãos Outros diagnósticos:
internos • Luz de Wood – confirmatório, revelando
fluorescência rósea-dourada, sendo importante
• Leveduras do gênero Candida: infecções também para determinar a extensão das lesões
cutaneomucosas • Exame micológico direto – encontro dos
o Pele e seus apêndices e mucosas esporos ou levedura e pseudohifas em raspados
• Dermatomicoses: fungos filamentosos e da borda da lesão
leviduriformes (geralmente geofílicos) • Técnica de Porto – fita durex. Cultivo em óleo
o Pele, unhas e pelos de oliva ou outra substância gordurosa – 1 a 2
sem., T de 37 graus C, cor branco-amarelada
PITIRÍASE VERSICOLOR (CERATOFITOSE) • Exame histopatológicos com a coloração azul
de algodão vê-se pseudohifas, bolas de boliche
• Doença do ”pano branco” (geralmente em paciente
obeso, com sebogênese aumentada)
❖ Tratamento da P.V
• É um termo errado pois não são só máculas
• Poucas lesões → TTO tópico
hipocrômicas, pode ser amarelado, avermelhado;
mas a lesão que predomina é hipocrômica! • Muitas lesões → TTO tópico e oral
• Afecção comum da camada córnea
• Etiologia: Malassezia furfur, M. pachydermatitis, M. Tópico: Tioconazol, isoconazol, bifonazol. Sulfeto de
sympodialis. Se (xampu 2,5%). Hipossulfito de Na e Terbinafina.
• Malassezia spp. está na microbiota normal da pele. Sempre usar xampu de cetoconazol quando no tronco
É um fungo dimórfico e lipofílico
(couro cabeludo é reservatório).
• Ocorrência universal e maior prevalência nas
regiões de clima quente e úmido Sistêmico: Itraconazol, Fluoconazol, mas Cetoconazol
• Menos comum em crianças e idosos (levedura 200mg/d por 10 dias é a primeira escolha! (tropismo
lipofílica) pelo folículo). Haverá hipopigmentação residual.
• Fatores predisponentes: má nutrição, hiperidroses e
imunossupressão. FOLICULITE PITIROSPÓRICA
• Assintomática, evidenciada por exposição solar –
• Colonização da Malassezia spp. no folículo
manchas discrômicas “versicolor”
sebáceo
• Cultivada em meio contendo substância gordurosa:
• Pápulas ou pústulas eritematosas,
bile de boi e óleo de oliva para fazer cultura em
discretamente pruriginosas na região dorsal
laboratório para fazer o diagnóstico
• Diagnóstico – exame micológico direto
• Imunidade celular e humoral: ação em LT
• Ocorre na maioria dos casos hipopigmentação →
DERMATOFITOSES
inibição da tirosinase (produção de melanina) ou
ação tóxica dos ácidos dicarboxílicos (ácido • São infecções fúngicas superficiais dos tecidos
azelaico) cutâneos queratinizados causadas por
dermatófitos:
o Microspurum microabscessos), o quérion, causado por zoo
o Tricophyton ou geofílicos.
o Epidermophyton - Podem ocorrer mícides: pápulas foliculares
• Habitat: antropofílicos, zoofílicos ou geofílicos na pele (tronco) por hipersensibilidade.
• Dermatofitose: Tinha/Tinea (couro cabeludo,
pé, corpo). - Confirmação DX: achado do parasito no
• Não existe Microspurum na unha! material (clarificação pela potassa).
• Epidermophyton só unha e pele o FAVOSA: essencialmente crônica, causada
pelo T. schöleinii em microendemias rurais e
Mecanismos que dificultam penetração: interioranas. Mais grave delas – lesões
cicatriciais no couro cabeludo com eventual
• Descamação normal da pele: eliminação dos
dermatófitos alopecia definitiva (ataque do folículo piloso).
• Ácidos graxos: ação antifúngica. Casos típicos com lesões pequenas,
• Soro humano: transferrina insaturada e crateriformes em torno do óstio folicular. São
macroglobulina alfa 2 – inibidores de patognomônicos do favo clássico.
desenvolvimento (impedem ação da
- Ao contrário das tonsurantes, se adquirida na
queratinase deles).
infância, raramente se cura espontaneamente
• Imunidade celular: responsável pele defesa.
o Imunidade humoral se desenvolve, mas na puberdade.
não tem muito valor.
❖ TINHA DE BARBA
❖ Apresentações Clínicas  TIPO INFLAMATÓRIO: lesões inflamatória,
1) T. microspóricas: “placa cinzenta”, borda exsudativas e supurativas. Circunscritas,
descamativa, única, agente principal é o M. lembram quérion.
canis. Diagnóstico diferencial: psoríase,  TIPO HERPES CIRCINADO: lesões anulares,
dermatite seborreica e alopecia areata. eritêmato-pápulo-vésico-escamosas nas
2) T. tricofíticas: múltiplas áreas de alopecia. bordas. Com crescimento, há tendência de cura
na parte central.
Variantes da infecção Endothrix  TIPO SICOSIFORME: clinicamente idêntico à
foliculite bacteriana. Pústulas foliculares com
1) Pontos negros: difusa, mal delimitada, T. posterior associação à formação de crostas.
tonsurons.
2) Kerion celsi: placa ou tumoração inflamatória,
dolorosa. Evolução: alopecia cicatricial ❖ TINHA DO CORPO
permanente. Usa antifúngico e corticoide.  Glabrosa ou da pele glabra. Agentes mais
Diagnóstico diferencial: celulite/antraz. É uma frequentes: T. rubrum, M. canis e T.
reação inflamatória secundária aquele fungo. mentagrophytes.
3) Favosa: rara, T. schoenleinii. Evolução: alopécia • FORMA VESICULOSA
cicatricial. Diagnóstico diferencial: escabiose  • FORMA ANULAR
crostosa.  • FORMA EM PLACAS

❖ TINHA DO PÉ / DA MÃO
❖ TINHA DO COURO CABELUDO
 Agentes mais frequentes: T. rubrum, T.
 Diversos dermatófitos, comum em crianças,
mentagrophytes e E. floccosum.
rara em adultos.
• FORMA INTERTRIGINOSA
 Contato com indivíduos infectados, animais
 • TIPO VESÍCULO-BOLHOSO
doentes/portadores (cães e gatos) ou terra.
 • TIPO ESCAMOSO
 Dividida em:
o TONSURANTES: placas de tonsura – cotos
❖ TINHA CRURAL
pilosos e descamação (única ou múltipla).  Localização inguinal (tinha inguinal), comum no
Evolução crônica. Existe forma aguda (intensa homem e rara na mulher.
reação inflamatória com placa eleva única, bem  Lesões eritêmato-escamosas com bordas
delimitada, dolorosa, com pústulas e nítidas com ocasionais pequenas vesículas.
As antigas tornam-se escuras ou liquenificadas, • Saprófita do TGI, boca, pele e vias respiratórias
pelo prurido. e pavilhão auricular
• Cândida = fungo oportunista
❖ TINHA DE ORELHA • Saprófito → patogênico. Alterações do
 Mais em crianças, na orelha externa e conduto hospedeiro (umidade aumentada, baixa
auditivo (eventual). Rara em adultos. imunidade, doenças sistêmicas, desnutrição,
 Placas ligeiramente eritêmato-descamativas, antibióticos).
sobretudo por M. canis. DX: micológico. • Principais espécies patogênicas: C. albicans
(principal!), C. glabrata, tropicalis, etc.
❖ TINHA DE UNHA / ONICOMICOSE • Candidíase oral: placas esbranquiçadas
 Tinha de unha é infecção da lâmina ungueal removíveis.
por dermatófito e onicomicose é infecção • DD: leucoplasia oral, mas nesta a placa é dura!
da unha por dermatófito ou outros fungos • Onicomicose: evento secundário à cândida
(ex.: leveduras de Candida). • Paroníquia: edema e eritema ao redor da unha
 Acometimento inicial: subungueal distal • Granuloma glúteo infantil: corticoide aplicado
e/ou lateral ou subungueal proximal e em cima de candidíase cutânea começa a piorar
superficial. Ambos podem evoluir para a lesão, pois não mata o fungo e este começa a
comprometimento total da unha. penetrar na pele, atingindo as vezes a TCSC.
 Comprometimento de uma ou várias
unhas: em aidéticos, é frequente.
 Gêneros mais frequentes: Trichophyton e ❖ Diagnóstico
Epidermophyton. • Exame direto: pseudohifas. São mais
o DD: psoríase, líquen plano e esparramadas e menos grossas que as
onicopatias congênitas e Malassezias.
traumáticas. E. micológico é • Cultura: colônicas brancacentas, cremosas
indispensável para o DX. (nata de leite).
TRATAMENTO • Histopatologia: metenamina prata.
• Análise molecular: PCR.
❖ DROGAS TÓPICAS
 GRUPO 1: pouco uso atual, menos ativas e
mais irritantes – AAS, ácido benzoico, etc. ❖ ANTIFÚNGICOS:
 GRUPO 2: mais efetivos e com melhor • Tópico: nistatina (candidose oral esofagiana e
tolerância – derivados imidazólicos intestinal – não é absorvida, eliminada
(isoconazol, tioconazol, econazol, inalterada) e imidazólicos.
bifonazol, etc). • Sistêmico: fluconazol (1ª escolha), itraconazol
Outros: ciclopiroxolamina, terbinafina (oral, vulvovaginal e balanoprepucial) e
e amorolfina (também efetivos) ketoconazol (menos eficaz e tolerável que
itraconazol).
❖ DROGAS SISTÊMICAS
 Griseofulvina (antibiótico) COMENSAIS

DERMOTOFÍTIDES OU MÍCEDES ❖ TINHA NEGRA


 Dermatomicose rara: manchas castanhas
• Não é micose, mas uma reação à distância ao escuras ou pretas nas palmas das mãos ou
dermatófito (hipersensibilidade) bordas dos dedos.
• Diagnóstico: microscopia direta Dermatófitos =  Cladosporium werneckii: fungo
hifas hialinas septadas. Lâmpada de Wood – filamentoso preto.
fluorescência esverdeada. Cultura = Ágar  DX: exame direto revela hifas escuras
Sabouraud. septada – não confundir com melanoma.
 Regride com antifúngicos tópicos.
❖ CANDIDÍASE MUCOCUTÂNEA ❖ PIEDRA PRETA
• Infecção aguda ou crônica da pele, unhas e  Nódulos pretos que envolvem e são
mucosas causadas por leveduras do gênero aderentes à haste dos cabelos (barba e
Cândida bigode eventualmente).
 Piedraia bortai: fungo filamentoso preto.  Actinomicetoma – quadro mais inflamatório e
Áreas tropicais e Brasil (Amazônia). supurativo.
 TTO: corte dos cabelos e uso de  Eumicetoma – mais crônico e fibrótico.
antifúngicos tópicos.
❖ TRICOSPORONOSE - Edema e eritema – fistulização. Dor discreta, invasão
 Vários quadros clínicos causado pela levedura do TCSC, deformidade e limitação funcional.
Trichosporom beigelii: saprofitários (piedra
- Lesões iniciais são elevações mamelonadas → nódulos
branca) até processos sistêmicos graves em
imunodeprimidos. → fístulas (interior com o grão no qual está o agente).
 PIEDRA BRANCA: concreções de cor branca a - Fase tardia: comprometimento ósseo – osteosclerose
castanha-clara em hastes pilosas de pelos + osteólise. Resolução: amputação.
pubianos, genitais, axilares, barbar, bigode e
couro cabeludo, de consistência cremosa, na ❖ Diagnóstico
porção distal da haste e de fácil
remoção mecânica. Tratada com corte dos - Exame direto dos grãos
pelos comprometidos e antifúngicos tópicos. - Cultura de ágar Sabouraud.
 T. GÊNITO-INGUINAL: erupção eritêmato-
escamosa pruriginosa. No pênis, pode assumir - Exame AP.
disposição em faixa unilateral, quase sempre à
esquerda. Costuma acometer pelo e pode estar ❖ Tratamento
associado com tinha inguinal e candidose. - Fibrose impede a chegada das drogas em
concentrações adequadas.

• Anfotericina B – M. grisea e M. micetomatis.


PARACOCCIDIOIDOMICOSE - Relatos de melhora com uso de cetoconazol 400mg/d
e itraconazol 400mg/d.
- Outro resumo.
Derivados triazólicos: voriconazol e posoconazol.
ESPOROTRICOSE
TTO cirúrgico: sempre que possível fazer a exérese total
- Outro resumo.
da lesão com margens, até mesmo o subcutâneo.
MICETOMAS
CROMOBLASTOMICOSE
- Infecção crônica da pele e TCSC causada pela
Ver no resumo de PLECT!
inoculação direta do agente.
LOBOMICOSE/ MICOSE DE JORGE LOBO/ LACAZIOSE
- Geralmente por trauma: trabalhador rural.
- Micose profunda, crônica, granulomatosa, causada
TRÍADE DO MICETOMA: aumento do volume do
pela Lacazia loboi.
membro ou região acometida + fístulas + drenagem de
grãos. - Implantação traumática do fungo no tecido cutâneo e
TCS.
- Agentes: actinomicetos (bactérias) ou fungos.
- Lesões nodulares queloidianos (menos exuberante,
Subdivisão dos micetomas: micetomas actinomicóticos
mas que com a evolução vão confluindo e aumentando
(actinomicetoma) e eumicóticos (eumicetoma).
de tamanho e extensão), raramente disseminada.
- Não existe comprometimento do estado geral. É
- NÃO tem registro de lesões em mucosas, acomete
destruição local!!!
mais as orelhas e membros.
- Principal agente no Brasil: Madurella grisea.
- É patognomônico no Brasil esses casos virem da
❖ Quadro clínico Amazônia!

- Crônico, fibrosante. Localização: pés (70-80%), mãos, - Os nódulos podem confluir dando aspecto vegetante.
pernas e joelhos.
Diagnóstico diferencial: dermofibrosarcoma - C. neoformans, levedura gemulante encapsulada,
protuberans – neoplasia da derme. encontrada em pássaros cujos dejetos disseminam a
levedura.
❖ Diagnóstico
- Infecção por inalação, lesão inicial pulmonar, atingindo
Exame micológico direto: estruturas arredondadas em
outros órgãos, como SNC. Lesão cutânea associada a
formato de limão e fazendo gemulação única
meningite.
(raramento dupla).
Histopatológico: dois tipos de reações – gelatinoso e
- É o único fungo que NÃO cresce em meio de cultura!
granulomatoso (menor nº de parasitas).
- Capacidade de transeliminação.

❖ Tratamento
São dermatites caracterizadas por eritema, edema,
- Difícil, sucesso é melhor em lesões pequenas e bem infiltração, vesiculação, secreção, formação de crostas,
localizadas. escamas e liquenificação. Essas lesões se sucedem ou
- Exérese cirúrgica, criocirurgia. se associam, formando os aspectos multiformes dos
eczemas. São acompanhadas de prurido, de intensidade
• Itraconazol – segura em longo prazo. variável. A síndrome eczematosa pode ser
Problemas: cápsulas, absorção errática, aguda, subaguda ou crônica a depender de sua
interação medicamentosa. apresentação. Quando ocorre eritema, edema,
• Terbinafina – em regiões específicas, não vesiculação e secreção, é agudo. Se o eritema e o edema
interage com P450, poder antifibrótico. são menos intensos e predomina secreção com
formação de crostas, ele é subagudo. O eczema de
MECANISMO DE AÇÃO DOS AZOIS – inibição da síntese
evolução prolongada, com liquenificação, é crônico.
de ergosterol (síntese da MP).
Ex: Cetoconazol, Fluconazol, Itraconazol... Pode ser:
• Voriconazol – indicado para casos refratários, • ECZEMA DE CONTATO (origem exógena)
bloqueia mais intensamente a síntese de o Por irritação primária
ergosterol dos fungos filamentosos (fungicida). o Alérgica (sensibilização prévia, reação
Droga cara de difícil acesso. de hipersensibilidade tipo IV)
o Fototóxica (se torna tóxico ao sol)
Terapia Antifúngica Fotodinâmica (PDT) – c composto
o Fotoalérgica
fotossensibilizador é ativado por exposição à luz
• ECZEMA ATÓPICO
(produção de EROs contra a célula alvo).
o Atópico: indivíduo cujo limiar de
HISTOPLASMOSE (DOENÇA DE DARLING) reatividade é anômalo, reagindo a
estímulos usualmente não antigênicos.
- Levedura dimórfica (Histoplasma capsulatum),
o CRITÉRIOS MAIORES
saprófito da terra e excremento de pássaros.
▪ Prurido
- Adquirida por inalação (1º - infecção pulmonar). ▪ Topografia: áreas de flexura
Quadro cutâneo → eritema nodoso, ulcera na mucosa ▪ Cronicidade/recidivas
oral, faríngea, língua, genital ou retal. Raramente = o CRITÉRIOS MENORES
papulo-pústulas, abscessos, nódulos, fístulas, ▪ Histórico familiar
ulcerações e lesões verrucosas. ▪ Positividade nos testes
o Infantil, pré-puberal e adulto
 Pesquisa direta nas lesões, no escarro, na urina,
• ECZEMA NUMULAR (anel)
LCR, etc.
o Causa desconhecida e/ou multifatorial,
 Teste intradérmico com histoplasmina associação com infecção bacteriana
CRIPTOCOCOSE (TORULOSE) o Topografia errática
o Desaparece sem deixar cicatriz
• ECZEMA DE ESTASE Dieta: ricas em calorias e gorduras de origem animal e
o Estase venosa MMII – edema e carboidratos refinados. O consumo aumenta a
dermatite ocre microbiota anaeróbica colônica, que metabolizariam
• ECZEMA DISIDRÓTICO sais biliares do bolo fecal em carcinogênios. Obesidade,
o Lesões vesiculosas em palmas e plantas hiperinsulinemia (aumento de IGF-1, crescimento da
o Fatores: infecções fúngicas, mucosa).
bacterianas, endotantes, atopia,
Tabagismo e etilismo: mecanismos desconhecidos.
emocionais.
DII: lesão precursora é a displasia intestinal resultante
do constante processo de inflamação-regeneração.
Maioria: adenocarcinoma derivado do epitélio glandular DM 2 e Acromegalia: desordens endócrinas que
do cólon (criptas). aumentam a incidência (IGF-1, redução do gene PPAR).
❖ FATORES DE RISCO Ureterossigmoidostomia (TTO CA bexiga),
Colecistectomia e S. bovis (endocardite infecciosa).
História familiar: síndromes de polipose, síndrome de
Lynch (CA Colorretal Hereditário)*, pólipo ❖ FATORES PROTETORES
adenomatoso >1 cm ou adenoma colônico com
histologia Dieta: consumo de frutas e vegetais (acelera o trânsito
intestinal, reduz o contato dos carcinogênios com o
avançada (viloso ou túbulo viloso), etc.
epitélio); peixe e ômega 3, suplementação de Ca+2,
alguns minerais, etc.

Exercícios: controle da obesidade.

AINES: aumento da apoptose e inibição da COX-2


(impede o crescimento de células tumorais).

❖ PREVENÇÃO E RASTREAMENTO

Para CA esporádico, risco intermediário, rastrear a partir


dos 50 anos:

• Colonoscopia a cada 10 anos OU


*é necessário cumprir todos os requisitos acima
• Colonoscopia virtual (TC) a cada 5 anos OU
*Mutação autossômica dominante sobre genes reguladores do DNA, • Retrossigmoidoscopia a cada 5 anos
desenvolvimento de CA precoce > em cólon D ou ceco, TU sincrônicos (2
pontos distintos ao mesmo tempo) e metacrônicos (reicidivante após
ressecção do 1º foco), NÃO há desenvolvimento de pólipos precursores, o
Alternativas aos exames de imagem:
adenocarcinoma se origina no PLANO.
• Pesquisa de sangue oculto nas fezes com
• S. LYNCH I – predisposição para CA colorretal guáiaco, realizado a cada ano OU
• S. LYNCH II – CA colorretal + ginecológico (endométrio e ovário),
comum manchas café-com-leite na pele • Pesquisa de sangue oculto nas fezes através de
imunoquímico, realizado a cada ano OU
• Teste de DNA de uma amostra de fezes,
a cada 5 anos aproximadamente.

Se (+) → colonoscopia!

Rastreamento em indivíduos com HFam (+) – se o


parente tiver desenvolvido a doença
<60 anos ou se houver 2 parentes de 1º grau
acometidos:

• Colonoscopia aos 40 anos ou em uma idade


Esporádico: mais comum, se origina de um pólipo
<10 anos à idade em que o parente
adenoma-carcinoma.
mais jovem teve o diagnóstico
• Repetir a cada 5 anos!!! ✓ emagrecimento
✓ obstrução mecânica
*Se o diagnóstico do parente for >60anos, o método de
rastreamento segue igual ao da população geral. ✓ perfuração intestinal com sinais de peritonite
✓ fístulas
✓ ascite carcinomatosa
❖ PATOLOGIA E PATOGENIA ✓ sinais de metástase hepática

Os adenocarcinomas podem ser de 2 tipos: CA CÓLON E (Descendente, Sigmoide)

(1) Lesão polipoide – maior em cólon D e ceco Constipação progressiva ou alternada com
(2) Lesões anulares constritivas – maior em cólon hiperdefecação ou diarreia, ocorrendo devido ao fato do
E, sigmoide e reto; sintomas obstrutivos. cólon E ser de menor calibre e conter fezes semissólidas,
em vez de líquidas.
Iniciam-se como lesões epiteliais intramucosas,
geralmente surgindo a partir de pólipos adenomatosos. CA CÓLON D (Ascendente, Ceco)
Enquanto crescem, penetram na
Predomina sangue oculto nas fezes e a anemia
submucosa, invadem os linfáticos e ganham
ferropriva. Muitos apresentam perda ponderal e alguns,
acesso aos linfonodos e tecidos vizinhos, assim como
febre de origem indeterminada. Raramente causam
aos órgãos à distância!
obstrução do fluxo, devido ao maior calibre do cólon e
OBS: a mucosa do cólon não possui vasos linfáticos, por conter fezes líquidas!
então o TU só é invasivo quando alcança a submucosa
CA RETAL
(ultrapassa a muscular da mucosa).
Hematoquezia de pequeno volume, persistente ou
O carcinoma de cólon pode disseminar-se:
intermitente. Constipação, tenesmo, urgência fecal e
• Através da parede do intestino até a gordura eliminação de muco.
pericolônica e mesentério
❖ DIAGNÓSTICO
• Através dos linfáticos para os linfonodos
regionais Deve-se suspeitar de CA colorretal em todo paciente
• Através da veia porta para o fígado (especialmente idoso) que desenvolva sangramento
• Para toda a cavidade peritoneal, para os retal, dor abdominal, modificação
pulmões e ossos dos hábitos intestinais, emagrecimento e
• Podem invadir diretamente anemia ferropriva.
a vagina, a próstata, a bexiga, os ureteres e os TOQUE RETAL – permite diagnóstico ou indício de CA
ossos da pelve retal!
A velocidade de crescimento é muito lenta quando LABORATORIAL – identificação de anemia ou alterações
comparada as outras neoplasias malignas. de enzimas hepáticas (metástase).
o Sequência adenoma-carcinoma – mutação dos
genes reguladores APC e P-53 ou dos genes de
reparação do DNA, que geram instabilidade de Os exames confirmatórios são:
microssatélites no DNA, levando a mutações.
(1) Retossigmoidoscopia flexível
(2) Clister opaco (enema baritado), com duplo
❖ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
contraste – sinal da “maçã mordida”, TU
As principais manifestações do CA de cólon são: avançado
(3) Colonoscopia – o melhor e mais completo,
✓ sangramento (oculto ou exteriorizado) avalia com precisão TU sincrônicos e pólipos
✓ dor abdominal adenomatosos
✓ alteração do hábito intestinal (constipação ou
diarreia) ❖ HISTÓRIA NATURAL E ESTADIAMENTO
✓ presença de massa abdominal palpável

Sinais e sintomas mais raros:


O estadiamento clínico do TU de cólon (utiliza apenas (1) Consulta médica e dosagem de CEA a cada 3-6
exames complementares) não costuma ser confiável. meses por 2 anos e depois a cada 6 meses até
5 anos.
A TC de abdome contrastada pode revelar metástase
(2) Colonoscopia após 1 ano. Repetir em 3 anos e,
hepática e acometimento nodal à distância. O
depois, 5 anos.
estadiamento T e o estadiamento N só podem ser
(3) Retossigmoidoscopia flexível nos pacientes
determinados com precisão após a cirurgia
submetidos à ressecção abdominal baixa para
(estadiamento patológico).
Ca de reto. Feito após 1 mês da cirurgia e
No TU retal, o estadiamento clínico é mais confiável, repetido a cada 3 meses nos 2 primeiros anos.
sendo o toque retal capaz de distinguir se é superficial (4) Considerar TC de tórax, abdome
ou não – os invasivos superficiais são móveis enquanto e pelve anualmente nos pacientes com alto
os que invadem profundamente a parede retal são fixos risco de recorrência (tumor indiferenciado
e aderentes. ou com invasão de linfáticos/veias).

Na prática, só se utiliza o CEA (antígeno


carcinoembrionário) em pacientes já diagnosticados
para CA colorretal, como marcador prognóstico antes
da cirurgia e para o controle de cura pós-operatório. Doenças intestinais crônicas: Retocolite Ulcerativa
(RCU) e Doença de Crohn (DC). Devem ser
❖ TRATAMENTO
diferenciadas de outras doenças inflamatórias:
TTO cirúrgico curativo – excisão do segmento apendicite, diverticulite, vasculite, infecções, etc.
acometido, com ampla margem de segurança +
Possíveis fatores ambientais: infecção por
ressecção dos linfáticos regionais e suprimento
micobactérias atípicas, dietas com alto teor de açúcar e
vascular. Podem ser realizados via laparoscópica ou
gordura poli-insaturada (ocidental), etc.
laparotômica (aberta).
Distúrbio na regulação da imunidade da mucosa
Conceitos Anatômicos:
intestinal → processo inflamatório espontâneo
• Margem anal – transição entre a pele do direcionado a microbiota fisiológica.
períneo e do ânus *Obs: o fumo protege contra RCU e está mais associado a DC.
• Esfíncter anal superior – coincide com a linha
pectínea, 3cm proximal à margem anal ANATOMOPATOLOGIA
• Mesorreto – tecido gorduroso que envolve o ❖ RCU
reto e contém a maior parte de sua drenagem
linfática (1) Doença EXCLUSIVA do cólon
• Canal anal anatômico – se estende da margem (2) EXCLUSIVA da mucosa
anal, tem 3 cm. Apresenta epitélio escamoso, (3) É tipicamente “ascendente” e uniforme (sem
sendo a sua CA maligna o epidermoide áreas de mucosa normal entremeada)
• Reto – 3º vértebra sacral até a linha anorretal
(pectínea). Ou seja, é uma doença intestinal caracterizada pelo
surgimento inexplicado (idiopático) de lesões
A terapia adjuvante é realizada após a inflamatórias que ascendem de maneira uniforme
cirurgia de ressecção tumoral, visando exterminar (homogênea) pela mucosa do cólon!
possíveis micro metástases remanescentes. Com isto,
ocorre redução nas recidivas e A extensão é variável: pode restringir à mucosa retal
aumento do potencial de cura! (proctite), sigmoide (proctossigmoidite), flexura
esplênica (colite esquerda) ou além da flexura
❖ SEGUIMENTO PÓS-OPERATÓRIO (pancolite).
O risco de recidiva é maior nos 2 primeiros anos após a *Colite extensa pode ser usado em casos que atinge até o cólon
cirurgia. O seguimento pós-operatório é descrito transverso, reservando pancolite para lesões além da flexura
abaixo: esplênica.
Ileíte de refluxo: pancolite que acomete a porção distal (a) Extensão lateral de forma linear e retilínea,
do I.D, causando uma inflamação superficial (NÃO o “pedras de calçamento”.
lesiona!). O que pode lesionar é uma colite grave (b) Aprofundamento através das camadas do
(material tóxico do cólon passar para o íleo). intestino, formação de fístulas.

MACROSCOPIA DA MUCOSA DO CÓLON: Aglomerados linfoides (histiócitos) são comuns na


mucosa, submucosa e serosa. Granulomas não
• Desaparecimento do padrão vascular típico
caseosos só podem ser achados em DC!!!
(precoce).
• Hiperemia, edema, mucosa friável, erosões, Macroscopicamente – ileocolite (porção distal do íleo +
ulcerações e exsudação de muco, pus ou sangue. cólon ascendente) são os mais acometidos. Pode haver:
• Formação de pseudopólipos em alguns casos. colite de Crohn ou granulomatosa, ileíte de Crohn ou
• Mucosa pálida, atrófica, com aspecto tubular enterite regional. 1/3 apresenta lesões perianais
(cronicidade). (fístulas, fissuras, abscessos). Também ocorre invasão
da serosa por tecido adiposo (fat wrapping).
Em casos raros e graves, pode comprometer por Externamente nas alças pode haver nódulos do tipo
contiguidade (e NÃO ação direta da doença) a “semente de milho” -> granulomas na serosa!
submucosa e a muscular.

Na RCU longa, pode haver displasia epitelial (CA) e


alterações na musculatura colônica, dando os achados
radiológicos:

• Perda das haustrações


• Espessamento da musculatura lisa “cano de
chumbo”

Com o TTO, a melhora ocorre de proximal > distal.


Mesmo com a remissão, permanece a distorção do
padrão vascular da mucosa e os pseudopólipos pós- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
inflamatórios.
❖ RCU
❖ DC
- Diarreia invasiva (sangue, muco, pus), variável em
Principais diferenças: intensidade e duração, períodos assintomáticos.

(1) Enterite regional – pode acometer QUALQUER - Dor abdominal às vezes acompanhado de febre.
parte do tubo digestivo, da boca ao ânus.
Início insidioso, com:
(2) NÃO acomete o TGI de forma homogênea –
alterações microscópicas se apresentam longe • Crescente urgência para defecar (diminuição da
das macroscópicas. complacência do reto)
(3) Descontínuo e focal - pode haver • Leves cólicas abdominais baixas
acometimento macroscópico em diferentes • Sangue e muco nas fezes
locais ao mesmo tempo, separados por trechos
de mucosa normal (skip lesions ou “lesões Se no retossigmoide: fezes normais ou endurecidas,
salteadas”) pode haver constipação (alentecimento da peristalse no
(4) Alterações patológicas transmurais – cólon D).
espessamento da parede intestinal com LAB: anemia ferropriva (perda crônica sanguínea);
estreitamento do lúmen (estenose), potencial hipoalbuminemia (colite extensa com exsudatos); às
formação de fístulas para o mesentério e vezes leucocitose com desvio (se sistêmico).
órgãos contíguos.
❖ DC
Inicia com úlceras aftoides – pequenas ulcerações da
mucosa sobre as placas de Peyer, no I.D, ou sobre Características de ileocolite:
aglomerados linfoides no cólon. Podem evoluir para:
• Diarreia crônica invasiva associada à dor
abdominal
• Sintomas gerais como febre, anorexia e
perda de peso
• Massa palpável no quadrante I.D – alça
edemaciada, aumentada, dolorosa a palpação
ou abscesso intra-abdominal.
• Doença perianal

A sintomatologia dependerá da localização!

• Colite de Crohn: similar a RCU


• Acometimento extenso e crônico do I.D:
síndrome disabsortiva grave, seguida por
desnutrição.
• DC gastroduodenal: similar a DUP.
❖ ESTENOSES
COMPLICAÇÕES DAS D.I.I
Resulta do comprometimento repetitivo e grave dos
❖ SANGRAMENTOS
planos profundos da parede intestinal (DC). Sintomas
Sangramentos macroscópicos (hematoquezia) são de obstrução parcial: cólica, distensão abdominal pós-
mais frequentes em RCU > DC. prandial, constipação/diarreia paradoxal, massa
palpável, etc.
❖ MEGACÓLON TÓXICO, PERFURAÇÃO, PERITONITE
❖ FÍSTULAS
A inflamação acomete a camada muscular, levando a
perna do tônus intrínseco e adelgaçamento da parede. Típica de DC (lesão transmural), podem resultar de
A dilatação do cólon predomina no transverso e direito. massas inflamatórias e abscessos. As mais comuns:
enteroentéricas, enterovesicais, e. mesentéricas,
enterocutâneas, retovaginais e perianais.

❖ CÂNCER

RCU

CA colorretal complica uma RCU, na dependência de 2


fatores:

(1) Extensão do acometimento da mucosa


(2) Duração da doença (>8 anos)

A displasia da mucosa é identificada nas colonoscopias


com biópsia, devendo diferenciar lesões inflamatórias
das regenerativas. Se (+), têm-se indicação de
colectomia, devido risco de malignidade.
Pode haver pneumatose intestinal – acúmulo
intraluminal de gás no cólon dilatado. Colonoscopias e biópsias de vigilância, realizadas em
toda a extensão do cólon, deverão ser
Agentes que provocam hipomotilidade (codeína, iniciadas depois de 8 anos de vigência da
antiAch) devem ser evitados, pois pode precipita RCU, e repetidas a cada 1 a 2 anos!
O enfraquecimento da parede pode causar perfuração DC
> peritonite séptica.
Pode aumentar a incidência de adenocarcinoma
intestinal, relação menos evidente. A mesma conduta
profilática é indicada (colono >8A).
Pacientes com D.I.I tem maior incidência de leucemia, Anormalidades das vias biliares que acompanham DII:
linfoma e carcinoma de vias biliares. pericolangite; colangite esclerosante.

❖ RENAIS

Síndromes disabsortivas (esteatorreia) causam


hiperoxalúria (absorção > de oxalato devido a maior
ligação do Ca+2 com ácidos graxos, deixando-o livre). Tal
acumulo resulta em cálculos renais de oxalato de cálcio.
Ocorre na enterite de Crohn (acometimento da
absorção do íleo).

Cálculos de ácido úrico são frequentes, resulta da


desidratação devido as diarreias.

❖ ÓSSEAS
MANIFESTAÇÕES EXTRA-INTESTINAIS
Uso de GC prolongado + redução de absorção de vit. D
Causado pela migração de leucócitos autorreativos, e cálcio: osteoporose e osteomalácia.
ativados no intestino inflamado, os quais se tornam
“células residentes” no interstício dos órgãos--alvo ❖ NUTRICIONAIS E METABÓLICOS
acometidos. Perda de peso, retardo do crescimento em crianças,
❖ ARTICULARES enteropatia perdedora de proteínas, desnutrição com
hipoalbuminemia e deficiências vitamínicas.
Varia desde artralgia para artrites agudas. Pode ter
acometimento periférico e/ou axial (espondiloartrite). ❖ TROMBOEMBÓLICAS
NÃO é deformante e é migratória. Estado de hipercoagulabilidade devido redução da
❖ CUTÂNEOMUCOSAS proteína S (vitamina K-dependente, cofatora para
clivagem mediada por proteína C ativada).
Mais comum em pacientes com doença colônica:
DIAGNÓSTICO
➔ Eritema nodoso: paniculite
➔ Pioderma gangrenoso: lesão ulcerativa indolor, ❖ RCU
cura com cicatrização. RCU > DC Retossigmoideoscopia com biópsia! Apresentação de
➔ Lesões labiais e úlceras aftosas: estomatite proctite e/ou proctossigmoidite, padrão uniforme e
contínuo, manifestado por perda do padrão vascular da
❖ OCULARES mucosa, exsudatos, friabilidade, ulcerações,
Uveíte, conjuntivite e episclerite. granulosidade e/ou pseudopólipos.

A colonoscopia com biópsias é indicada na suspeita de


doença grave, é contraindicada em casos de megacólon
tóxico.

Histopatológico – distorção das criptas, infiltrado


inflamatório mononuclear (linfoplasmocitário) na
lâmina própria e abscesso das criptas com acúmulo de
neutrófilos no epitélio.

❖ HEPÁTICAS E BILIARES ❖ DC

Ileocolonoscopia com biópsia! Maior acometimento em


Geralmente ocorre anormalidades nas enzimas de
funções hepáticas (TGO, TGP, FA), representam íleo terminal, cólon ascendente e ceco. Padrão salteado
hepatite focal ou esteatose hepática. de úlceras aftosas que, se extensas dão o caráter
“pedras de calçamento”.
Histopatológico similar ao RCU, porém pode ter ❖ HEMORROIDAS: Difere, pois, na DII o sangramento
granulomas não caseosos. retal persiste, excluir com exames.

Exames de imagem: extensão do acometimento e


❖ CA DE CÓLON
complicações (obstruções, fístulas, megacólon).
❖ LINFOMA INTESTINAL
✓ Trânsito de delgado
COLITE COLÁGENA: Diarreia aquosa crônica, exames
✓ Clister opaco contrastado com ar:
normais ou leve inflamação, diagnóstico dado pela
RCU: biópsia (depósitos de colágeno abaixo do epitélio).

(1) Ausência de haustros TRATAMENTO


(2) Granularidade difusa em áreas contíguas
A. Derivados do ácido 5-aminosalicílico (5-ASA)
(3) Ulcerações superficiais
(4) Pseudopólipos AINEs de ação TÓPICA na mucosa intestinal. Usado
(5) Cólon em aspecto tubular (cano de tanto na indução da remissão quanto na sua
chumbo). manutenção. Ação sobre a COX, inibição da produção
de RAOs, da função linfomonocitária, da produção de
DC:
Igs e IL-1.
(1) Ulcerações assimétricas e focais
Efeitos colaterais (incomuns): náuseas, rash cutâneo,
(2) Fístulas
diarreia, pancreatite e nefrite.
(3) Preservação do reto
(4) Íleo terminal comprometido, com refluxo do (1) Não ligados à sulfa – drogas onde a
bário. mesalamina/mesalazina está ligada a resinas
que se dissolvem somente em pHs adequados
Atualmente: entero-TC ou entero-RM. Verificam TODO
(nível íleo-cólon)
o TGI, identificam aumento de espessura, hipercaptação
focal de contraste, etc. Ex: Asacol, Apriso, Lialda.
Marcadores sorológicos: (2) Ligados à sulfa – a sulfa permite atravessar o I.D
sem ser metabolizado ou absorvido. A ligação
✓ p-ANCA (Ac anticitoplasma de neutrófilo) >
com o radial é desfeita pela microbiota
RCU.
intestinal, ou seja, ação inicia no cólon.
✓ Anticorpos ASCA (anti-Saccharomyces
cerevisiae), anti-OmpC (antiporina) e anti-CBir1 Ex: Olsalazina, Balsalazina, Sulfasalazina (> efeitos
(antiflagelina) > DC. colaterais; é necessário repor ácido fólico devido a
inibição competitiva da absorção de folato).
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
B. Glicocorticoides
❖ SÍNDROME DO CÓLON IRRITÁVEL: Doença
funcional, exames com ausência de inflamação. Usados apenas para INDUÇÃO da remissão nas DII
moderadas-graves, visa a rápida melhora.
❖ INFECÇÃO ENTÉRICA: Gastroenterites são agudas
Ex: hidrocortisona, metilprednisolona, prednisona,
(pouca duração) e autolimitadas. Algumas
budesonida (ação tópica) → entocort (DC) x uceris
infecções bacterianas podem causar disenteria:
(RCU).
Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni,
Clostridium difficile (Colite Pseudomembranosa), C. Imunomoduladores
Yersinia enterocolítica, etc. Amebíase x tuberculose
intestinal (estenoses, infiltrados granulomatosos). Tiopurinas – azatioprina e mercaptopurina. Usados em
casos moderados-graves em combinação com anti-TNF
❖ APENDICITE: Pode ser confundida no quadro inicial (biológicos) ou como poupador de GC.
agudo. Metotrexate é 2º linha em casos de intolerância.

D. Agentes biológicos
Anticorpos monoclonais quiméricos ou humanizados
Toxêmico (febre alta, prostração), vômitos,
cujo alvo é a cascata inflamatória.
obstrução, sinais de irritação peritoneal e
franca caquexia. Não responde anti-TNF.

GRAVE A Complicações: exames de imagem!


(1) Agentes Anti-TNF FULMINANTE Perfuração (cirúrgico), abscesso
(drenagem), obstrução (dieta zero, SNG,
TNF-alfa é uma citocina responsável pela ativação dos reposição). TTO com ATB de amplo
linfócitos TH1. Uso prolongado facilita infecções espectro.
oportunistas de patógenos intracelulares (TB!!!,
Biológicos e GC após estabilização.
micoses profundas, EBV, HBV, herpes), além de criação
de autoanticorpos, hepatopatia, CA, mielotoxicidade,
etc.

Ex: infliximab, adalimumab, golimumab e certolizumab


pegol (IgG ligado a PEG) – Via subcutânea!
(2) Agentes Anti-Integrina

Integrinas são moléculas transmembrana


expressas na superfície das céls. endoteliais
e dos leucócitos. AutoAc são capazes de bloquear a TTO CIRÚRGICO – para obstrução ou estenose,
interação entre as células, inibindo o tráfego ESTRICTUROPLASTIA (alargamento do lúmen, sem
de leucócitos intravascular → tecidos. ressecção).
Ex: natalizumab (bloqueio leucocitário TGI e neural, IgG ❖ TTO da RCU
anti-JC negativo = risco de LEMP), vedolizumab
(bloqueio exclusivo do TGI). Possibilidade de cura: proctocolectomia total (casos
graves ou refratários).
❖ TTO da DC
Na fase AGUDA, deve-se evitar antidiarreicos, devido o
risco de ocorrer megacólon tóxico!

<4 evacuações/dia, sem sinais


sistêmicos, VHS normal. Cólicas
LEVE
leves, tenesmo e períodos de
constipação.
O primeiro passo para definir a terapia farmacológica é
a CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE:
>4 evacuações/dia, anemia leve e dor
abdominal moderada. Pode haver
Tolera a dieta oral e não apresenta sinais
MODERADA
desidratação. Não há sinais de inflamação discretos de inflamação sistêmica,
sistêmica, massas, obstrução intestinal ou como febre baixa. O paciente não
perda de peso > 10% possui desnutrição.
LEVE A
MODERADA “Step up” – drogas menos potentes > mais
potentes
>6 evacuações/dia, dor intensa,
1º LINHA: derivados da 5-ASA
2º LINHA: antibióticos inflamação sistêmica alta, anemia
GRAVE
3º LINHA: glicocorticoides moderada e VHS alta (>30).
Desnutrição.

Sinais de inflamação sistêmica (febre), além


de náuseas, vômitos, dor, perda ponderal >
MODERADA A 10% e/ou anemia. Não responsivos ao TTO. COLITE DISTAL → Mesalamina via retal. Podem ser
GRAVE
1º LINHA: biológicos (anti-TNF)
poupados do TTO de manutenção.
Associação com imunomodulador
COLITE MODERADA/GRAVE → Derivados 5-ASA via oral. Pacientes com dispepsia funcional que não responde a
Se persistir, associar GC. Ineficaz? Imunomodulador. nenhum tipo de TTO devem ser oferecidos terapias
psicológicas.
COLITE GRAVE/FULMINANTE → “colite fulminante” =
evolução dos sintomas em
TRATAMENTO
1-2 semanas, culminando em toxemia. Em alguns casos,
uso de hemotransfusão, tromboprofilaxia. Fazer exames 1. Erradicação do H. Pylori (terapia tricíclica durante 14
de imagem, fezes, pesquisa de superinfecção por CMV dias).
(crônico imunossupressor). Uso de antimicrobianos, 2. IBP
pacientes que não apresentam 3. Antidepressivos tricíclicos
melhora nos primeiros dias de GC 4. Medicamentos pró-cinéticos
têm 3 opções: (1) agente anti-TNF; (2) ciclosporina; (3)
partir direto para a cirurgia.

As técnicas cirúrgicas mais empregadas são:

(1) Proctocolectomia + Ileostomia continente


(2) Colectomia abdominal + Proctectomia
mucosa + Anastomose entre bolsa ileal e canal
anal (IPAA) – Pode causar inflamação da bolsa
ileal (bolsite)
(3) Colectomia abdominal + Anastomose entre
bolsa ileal grampeada e reto distal

2017 ACG: dor epigástrica persistente com duração de no


mínimo 1 mês, podendo estar associado com outras queixas,
como: plenitude pós-prandial, saciedade precoce, náusea,
vômitos, queimação retroesternal, etc.

Dispepsia Funcional
Sintomas dispépticos com EDA normal (sem causa orgânica,
DUP ou CA). Pode se associar a DRGE, síndrome do intestino
irritável ou dor torácica não cardíaca. 3 tipos de sintomas:

Dor “tipo úlcera” → epigástrica, aliviada por antiácidos, anti-


H2 ou alimento, clocking (periódico).

Dor “tipo dismotilidade” → desconforto abdominal,


saciedade precoce, sensação de gases sem distensão real.
TTO com pró-cinéticos (Domperidona, Metaclopramida).

Pacientes >60A é obrigatório fazer EDA para excluir CA ou


lesões pré-malignas.
Pacientes <60A não é mais fortemente recomendado
realização de EDA em casos de sinais de alarme.
Sintomáticos <60A devem realizar 1º um teste não
invasivo de H. Pylori e se (+) já iniciar TTO. GASTRITE
Sintomáticos <60A devem receber TTO empírico contra H.
Pylori se negativos ou se houver refratariedade após TTO É classificado conforme o tempo de instalação (agudo ou
anterior. crônico), histopatologia (superficial ou atrófica) e etiologia
Pacientes com dispepsia funcional, mas (+) para H. Pylori (H. pylori).
ou (-) porém sintomáticos devem fazer terapia de
erradicação.
❖ GASTRITE POR H. PYLORI ❖ GASTROPATIA ALCÓOLICA

Não é invasivo, mas estimula a ativação inflamatória tecidual. Causam hemorragias subepiteliais puntiformes, “sangue sob
Na fase aguda, desencadeia uma pangastrite superficial, envoltório plástico”, associado a edema na mucosa. TTO
assintomática ou com dispepsia (NEUTROFÍLICA). Pode gerar empírico com IBP + sucralfato.
3 tipos de evoluções crônicas (LINFOCÍTICA):
❖ GASTROPATIA POR REFLUXO BILIAR (ALCALINA)
(1) Gastrite Crônica Leve
É uma forma de gastropatia química crônica, geralmente em
(2) Gastrite Antral Crônica: Hipercloridria,
pacientes antrectomizados. O esfíncter pilórico serve tanto
hipergastrinemia e DUP duodenal.
como barreira para o esvaziamento rápido gástrico
(3) Pangastrite Crônica Grave: atrofia das glândulas
(dumping), como para impedir o refluxo alcalino duodenal. As
oxínticas, causando hipocloridria. Associa-se com
pregas ficam dilatadas e eritematosas. Ocorre vômitos
DUP, metaplasia intestinal e linfomas de MALT.
biliosos sem relação precisa com alimentação.
Pesquisa da infecção ativa: antígeno fecal e teste respiratório
da ureia. FORMAS RARAS DE GASTRITE

❖ GASTRITE ATRÓFICA AUTOIMUNE ❖ GASTRITE FLEGMONOSA

Envolve a mucosa do corpo e fundo gástrico, poupando o Infecção purulenta rara causada por estafilococos e/ou
antro. É geralmente associado com outras doenças estreptococos. Caracterizado por dor aguda abdominal +
autoimunes (tireoidite de Hashimoto, Graves). Presença de febre + sinais de peritonite (líquido ascítico purulento) e
autoanticorpos anti célula parietal e anti fator intrínseco amilase normal. Geralmente ocorre em etilistas desnutridos
(anemia megaloblástica por carência de B12). Maior risco de e/ou infecções graves disseminadas.
adenocarcinoma gástrico! ❖ DOENÇA DE MENÉTRIÉR
Atualmente, gastrite e síndromes dispépticas não são (GASTROPATIA HIPERTRÓFICA GIGANTE)
associadas, visto que a maioria das gastrites são Etiologia desconhecida, associação hereditária. Caracteriza-
assintomáticas. se por um intenso aumento e tortuosidade das pregas da
GASTROPATIAS mucosa, espessamento e proliferação das células produtoras
de muco e perda das céls. parietais e principais.
Lesão da mucosa com injúria e regeneração epitelial, edema
O suco gástrico é rico em muco e pobre em HCl
e vasodilatação, não acompanhado de infiltração leucocitária.
(hipocloridria). NÃO é uma forma de gastrite. As junções
❖ GASTROPATIA POR AINES entre as céls. epiteliais estão comprometidas →
hipoproteinemia.
Pode ser aguda ou crônica e manifestar-se com sintomas
dispépticos ou hemorragia digestiva alta (hematêmese, ❖ GASTRITE GRANULOMATOSA
melena). Aparecimento de petéquias (sangramento focal que ❖ GASTRITE EOSINOFÍLICA
infiltra a mucosa), erosões (superficiais) e úlceras na mucosa
Infiltração eosinofílica. A motilidade antral está prejudicada,
gástrica, sem que haja inflamação típica.
podendo ter retenção gástrica. TTO com corticoterapia e
Pode cursar com sangramento crônico (sangue oculto nas reconstrução pilórica.
fezes), levando ao quadro de anemia ferropriva.
❖ GASTRITE LINFOCÍTICA
TTO → suspensão do AINES ou profilaxia com IBP.
Etiologia desconhecida. Mucosa espessada, com pequenos
❖ LESÃO AGUDA DA MUCOSA GÁSTRICA (LAMG) nódulos com depressão central “gastrite varioliforme”.
Associação com doença celíaca.
Ocorre no decurso de uma doença grave (pacientes em CTI),
ocorrenco isquemia na mucosa. As lesões são do tipo ❖ “ESTÔMAGO EM MELANCIA”
erosiva/hemorrágica e levam ao quadro de H.D.A. Os fatores
Ectasia (dilatação) vascular antral. Presença de dobras
de risco são: coagulopatia (plaquetas < 50mil ou INR > 1.5) e
enantematosas e riscos angiomatosos lineares, que
ventilação mecânica > 48 horas.
convergem para o piloro num padrão similar à melancia!
A nutrição enteral é fator de proteção e os pacientes com
Ocorre em mulheres idosas (>70A) com anemia ferropriva por
fatores de risco devem receber profilaxia com IBP. Se a LAMG
sangramento crônico ou cirróticos.
ocorrer, é feito uma EDA com a intenção de identificar lesões
passíveis de hemostasia local.
células epiteliais, fazendo o pH da mucosa ficar em
torno de 7 (contraste com o lúmen).
Anatomia do Estômago: invaginações do epitélio
Além disso, existe a regeneração celular – o epitélio
(fossetas gástricas), local onde há células
estomacal é renovado em casos de lesões. A
especializadas.
microcirculação ao redor nutre as células de maneira
• Fundo/Corpo adequada.
- Células Parietais:
As Prostaglandinas (PGs) são mediadores que
HCL e Fator Intrínseco (absorção de B12)
estimulam a criação da barreira. São formadas a partir
- Células Principais:
do ácido araquidônico (fosfolipídio de membrana),
Pepsinogênio → Pepsina
mediante a enzima Cicloxigenase (COX). A COX 1 é
- Células Enterocromafim-like
fisiológica, presente no estômago, rins, plaquetas e
Produtoras de Histamina
endotélio vascular. Já a COX 2 é patológica, sendo
• Antro
gerada por leucócitos e mediadora de processos
- Células G:
inflamatórios. O uso crônico de AINEs (inibidor da COX
Produtoras de gastrina (+ HCl).
1 e 2) facilita o contato do H+ e pepsina com o epitélio
Produção é estimulada por: aumento do pH no
→ úlceras.
lúmen, aumento de peptídeos ou
distensão/obstrução gástrica. O Óxido Nítrico é citoprotetor da mucosa gástrica
- Células D: similar às PGs. Ele (+) o aumento do FS mucoso,
Produtora de somatostatina → reguladora da produção de HCO3- e produção de mucina.
secreção ácida (inibe as céls. G e céls. parietais).
O H. Pylori é uma bactéria gram (-) que coloniza
somente a mucosa gástrica, tendo afinidade pelas
células produtoras de muco do ANTRO → gastrite
crônica ativa.

- Possuem a enzima UREASE, responsável por produzir


um meio alcalino em volta, os protegendo da acidez.

- Transmissão via oral-oral, gastro-oral ou fecal-oral.

- Associação com as seguintes patologias: gastrite


superficial aguda, gastrite crônica ativa de
antro, gastrite ou pangastrite atrófica ou não
atrófica, adenocarcinoma gástrico, linfoma gástrico
MALT e úlceras gástricas e duodenais.

- Apesar da maioria ser infectado, poucos desenvolvem


a doença! Diferentes virulências nas cepas podem ser a
CÉLULA PARIETAL explicação. Genes cagA/vacA (formação de citotoxinas),
R Ach, M1 (nervo X): estímulo da produção de HCl via babA (aderência bacteriana), oipA (inflamatório).
sentidos e basal (noturno). O H. pylori pode:
R Histamina (H2): histamina é produzida pela cél. ECM- (1) Destruir as células D antrais, diminuindo a
like e se liga a parietal para (+) HCl inibição sobre as células G e causando
R Gastrina: age de duas formas – diretamente sobre a HIPERGASTRINEMIA/HIPERCLORIDRIA.
célula parietal ou indiretamente sobre a cél. ECM-like (2) A hipercloridria estimula a formação de ilhas de
(via histamina). metaplasia gástrica no bulbo duodenal,
possibilitando a instalação da bactéria no local
BARREIRA MUCOSA GÁSTRICA → duodenite seguido de úlcera.
O pH do lúmen estomacal é = 1-2. Há fatores que → Agir sobre a ureia no lúmen gástrico através da
protegem a mucosa: secreção de HCO3- e muco pelas urease (enzima própria), liberando na reação amônia
(tóxica ao epitélio) e HCO3- (neutraliza o ambiente HIPERCLORIDRIA, associada a úlcera
ácido e facilita a adesão na parede). duodenal.
Porção distal do antro, próximo ao
→ Produzir IL-8 (fator de migração de neutrófilos) piloro.
→ Produzir Fator de Crescimento Plaquetário Pequena curvatura, terço proximal
da junção esofagogástrica (cárdia).
(trombose da microcirculação, isquemia tecidual, TIPO IV
Associada a normo ou
menos HCO3- e muco) + frequente
HIPOCLORIDRIA, com gastrite
→ Diminuição na produção de HCO3- (duodeno) atrófica.

Hipocloridria ocorre devido a destruição de todas as


células, inclusive as G. É mais propenso a
adenocarcinomas e anemia perniciosa (perda do Fator
Intrínseco, que absorve B12).

OUTRAS CONDIÇÕES ASSOCIADAS A DUP

❖ Tabagismo – maior incidência, recorrência,


complicações (perfurações), cicatrização mais
lenta e prejuízo na resposta ao TTO.
- Diminui produção de HCO3- duodenal
- Esvaziamento gástrico lento (+HCl)
- Maior risco de infecção H. Pylori
Anatomia do Duodeno: 25cm de extensão. - Produção de RAOs tóxicos a mucosa
❖ Doenças liberadoras de Histamina – DPOC, IRC,
“Péptica” = exposição da mucosa ao ácido. cirrose, nefrolitíase, deficiência de a-1-
Ulceração: >2cm de diâmetro, ultrapassa mucosa antitripsina, mastocitose, etc.
(epitélio – lâmina própria – muscular da mucosa), ❖ Medicações e Drogas ilícitas – bifosfonatos
atingindo submucosa ou regiões mais profundas. (hipercalcemia – HCl), clopidrogel, AAS,
quimioterapia, anfetaminas, crack, cocaína.
1º Porção: 5 cm, sendo que os primeiros 2,5cm contém ❖ Álcool: não induz a formação de DUP, porém
uma dilatação → BULBO DUODENAL (local das úlceras) causa maior risco de hemorragia em
2º Porção: Papila Duodenal → chegada da bile e portadores!
secreção pancreática (colédoco). QUADRO CLÍNICO e DIAGNÓSTICO
ÚLCERA GÁSTRICA ❖ SÍNDROME DISPÉPTICA (SP)
Classificação de Johnson (1) Dor epigástrica em queimação (pirose, azia) que
tem ou não relação com alimentação
TIPO I Pequena curvatura, próximo a (2) Saciedade precoce
transição do corpo com o antro (3) Plenitude pós-prandial
(incisura).
Associada a normo ou Úlcera Duodenal → Dor epigástrica em queimação 2-
HIPOCLORIDRIA, com gastrite 3hrs após refeição ou noturna (clocking – pico de
atrófica. secreção ácida vagal), com ou sem irradiação para o
dorso. Melhora com uso de antiácidos ou ingestão de
Patogênese similar: gastrite crônica alimentos.
ativa, hipergastrinemia e
HIPERCLORIDRIA, associada a úlcera Úlcera Gástrica → Dor desencadeada na ingestão do
TIPO II alimento, perda ponderal acompanhado de náuseas.
duodenal.
Pequena curvatura, 1/3 médio do
corpo estomacal. OBS: Úlcera Penetrante ou Terebrante são aquelas que
Patogênese similar: gastrite crônica perfuram e são “tamponadas” por órgãos adjacentes.
TIPO III
ativa, hipergastrinemia e
Metástases também podem mimetizar as úlceras - Não é mais indicado nem para o diagnóstico da
pépticas, e os sítios primários mais comuns são: mama, infecção ativa nem para o controle da cura.
cólon, tireoide, rim, sarcoma de Kaposi e os linfomas.
• Antígeno fecal
ABORDAGEM
- Indicação de infecção ativa. Mais barato!
SP <45 ANOS → Sintomas Dispépticos? Teste não
TRATAMENTO H. PYLORI (7 dias)
invasivo para H. Pylori (Sorologia ou Teste respiratório
da ureia)  Inibidor de bomba de prótons em dose padrão:
Omeprazol 20mg/dia, Lanzoprazol, etc.
Positivo? Erradicação do H. Pylori.
Ainda sintomático? Endoscopia Digestiva Alta (EDA)  Claritromicina 500mg/2x dia (Macrolídeo)
 Amoxicilina 1g/2x dia
Negativo? Terapia empírica com antissecretores (IBP
Terapia quádrupla (resgate): IBP + sal de bismuto +
ou anti-H2 por 4sem).
amoxicilina + furazolidona.
Ainda sintomático? Endoscopia Digestiva Alta (EDA)
TRATAMENTO DUP
SP >45A ou SINAIS DE ALARME PARA CA GÁSTRICO →
EDA de primeira! FARMACOLÓGICO
Redução da secreção gástrica e erradicação da bactéria
*Sinais de Alarme: perda ponderal, anemia, disfagia
quando presente.
progressiva, vômito persistente, sangramento, massa
abdominal, HFAM, gastrectomia. # ANTISSECRETORES DE 1º LINHA
ATENÇÃO!!! TODA úlcera gástrica deve ser biopsada ✓ IBP – atuam na H+/K+ATPase, inibindo
para CA (alto risco de malignidade), diferente das diretamente a secreção de HCl da cél. parietal.
duodenais (adenocarcinoma de pâncreas pode invadir). Pode levar a hipergastrinemia e efeito trófico.
Ex: Omeprazol Pantoprazol, Lansoprazol.
Diagnóstico de infecção pelo H. Pylori
Testes Invasivos (EDA)
✓ Anti-H2 – Bloqueiam o R-H2 das céls. parietais,
1. Teste Rápido da Urease que (+) a produção de HCl. Também ficam
menos responsivas a Ach e gastrina!
- Biópsia da mucosa + ureia = mudança do pH local
Ex: Ranitidina, Cimetidina, Famotidina.
devido liberação da amônia.

2. Histopatologia da biópsia OBS: antiácidos interferem em sua absorção e


os usuários de anti-H2 são mais sensíveis aos
- Avaliação da eficácia do TTO efeitos alcóolicos!
3. Cultura
# DROGAS DE 2º LINHA
- Difícil realização, usado em casos de falha terapêutica ✓ Antiácidos – reagem com o HCl e neutralizam
Testes Não Invasivos (sem EDA) diretamente o pH estomacal. Utilizado apenas
para alívio dos sintomas!
• Teste Respiratório da Ureia Ex: Al(OH)3, Mg(OH)2, NAHCO3, CaCO3
- Consumo de ureia + carbono reativo. CO2 é exalado
✓ Sucralfato – droga citoprotetora, forma uma
após reação da urease.
barreira físico-química na base da úlcera,
- Método de eleição para controle da cura. Só pode ser formando uma película que impede a ação do
realizado após 4 sem do fim do TTO ATB e 2 sem do TTO ácido/pepsina/sais biliares. Também estimula a
com IBP. produção de PGs, HCO3- e muco.

• Sorologia

- IgG anti-Hpylori (ELISA)


Active – depósito de fibrina
A1 Margem edemaciada
A2 Desaparece o edema marginal, forma-se
um anel eritematoso
Healing – base diminuída, depósito central delgado
H1 Fibrina tênue, convergência das pregas
H2 Ilhas de tecido de regeneração
Scar - sem depósito de fibrina
S1 Cicatriz vermelha com reação
inflamatória adjacente
S2 Cicatriz branca
CLASSIFICAÇÃO ENDOSCÓPICA DE LOS ANGELES
CIRÚRGICO Avaliação da esofagite de refluxo.
Em casos de DUP refratária ou complicações
A 1 ou + erosões até 5mm
(hemorragias, obstrução) Uma ou mais erosões > 5 mm em sua
maior extensão, não contínuas entre os
(1) VAGOTOMIA – interrupção da estimulação das B
ápices de duas
céls. parietais pela Ach. pregas esofágicas
(2) ANTRECTOMIA – interrupção da estimulação Erosões contínuas (ou convergentes)
das céls. parietais pela gastrina. entre os ápices de pelo menos duas
C
pregas,
COMPLICAÇÕES AGUDAS DA DUP envolvendo menos do que 75% do órgão.

❖ Hemorragia Digestiva Alta – Hematêmese e/ou


melena. Nas duodenais ocorre em parede posterior
(a. gastroduodenal). Lavagem via SNG para
posterior EDA. ❖ FATORES DE RISCO
• Idade: maior incidência entre 50 e 60 anos.
• Sexo: mulheres.
• Raça: negra
• Renda familiar e escolaridade: associação
inversa entre categoria econômica/cultural
• Gestações
• Genética
• Etilismo: associado a IMC aumentado.
• Sedentarismo
• Dieta

TTO ENDOSCÓPICO – Forrest I e II. Administração de ❖ DIAGNÓSTICO


epinefrina na base da úlcera + (coagulação térmica ou
clipes nos vasos).  Deve ser realizado por métodos tanto
qualitativos quanto quantitativos. Dentre os
❖ Perfuração – na duodenal predomina na parede
quantitativos, o IMC ainda é o mais utilizado na
anterior, na gástrica na pequena curvatura. Pode ser
prática clínica.
livre (cai na cavidade abdominal – peritonite difusa)
 A OMS classifica a obesidade segundo o IMC e
ou tamponada (por órgãos adjacentes – baço,
a relaciona com o risco de associação com
pâncreas, fígado ou cólon transverso).
comorbidades, como HAS, DM, DL, apneia do
RX → PNEUMOPERITÔNIO. sono, doenças CV, artropatias, câncer,
colecistopatias, asma e depressão!
❖ Obstrução – “estenose pilórica”, cicatrização
 Os métodos qualitativos de diagnóstico
crônica da região pilórica + edema. Plenitude
observam a distribuição da gordura corporal,
epigástrica, saciedade precoce, náuseas e vômitos.
sendo possível classificar a obesidade em
CLASSIFICAÇÃO DE SAKITA (Evolução da úlcera) androide (central) ou ginecoide (periférica).
 O melhor exemplo é o índice cintura-quadril, • ANOREXÍGENOS - diminuição da ingestão
que pode ser obtido dividindo-se a alimentar, atuando na liberação da
circunferência abdominal pela circunferência norepinefrina ou na inibição de sua recaptação.
do quadril. Índice superior a 1,0 em homens e a O mazindol difere dos outros por facilitar a
0,85 em mulheres indica distribuição central da atividade elétrica na área septal do cérebro.
gordura corporal e está associado à maior Esta classe de medicamentos não deve ser
morbimortalidade. usada por tempo prolongado (máximo 3
 Da mesma forma, a medida isolada da meses).
circunferência abdominal, o maior perímetro • SACIETÓGENOS – serotoninérgicos. A
entre a última costela e fluoxetina e a sertralina são inibidores seletivos
a crista ilíaca, pode ser útil. Valores até 94 em da recaptação da serotonina e agem
para homens e 80 em para mulheres são diminuindo a compulsão alimentar e
considerados normais. os sintomas de depressão. A sibutramina é um
 Existe um risco elevado de comorbidades, inibidor da recaptação de serotonina e
principalmente doenças coronarianas, quando norepinefrina, e é também proposto que ela
a medida ultrapassa 102 cm em homens ou 88 atuaria na estimulação da termogênese,
cm em mulheres. aumentando a taxa metabólica basal.
• INIBIDOR DA ABSORÇÃO INTESTINAL DE
GORDURA - o orlistate age inibindo de forma
reversível as lipases, com consequente
diminuição da absorção das gorduras
ingeridas. O seu efeito é praticamente restrito
ao intestino. O ideal é o uso do medicamento
por tempo prolongado para que não ocorra
recuperação do peso após suspensão.

❖ TRATAMENTO CLÍNICO

A primeira conduta é a mudança de hábitos de vida. Nas


formas leves e moderadas, a perda ponderal de ❖ TRATAMENTO CIRÚRGICO
10% mostrou-se satisfatória para um melhor controle
Indicações:
de comorbidades. Na obesidade mórbida, no entanto,
mostrou-se insuficiente para a melhora da qualidade de  Indivíduos que apresentem IMC≥50 Kg/m2;
vida. O maior problema do manejo clínico é a  Indivíduos com IMC>35 kg/m2 e com
manutenção da perda de peso, pois a maioria dos comorbidades: DM, apneia do sono, HAS, DL,
pacientes retornam ao seu peso pré-tratamento dentro asma grave não controlada, osteoartroses,
de 5 anos. hérnias discais, DRGE com indicação cirúrgica,
colecistopatias calculosa, pancreatites agudas
Outra opção é o uso de medicamentos!
de repetição, esteatose hepática, incontinência
3 classes principais: urinária de esforço na mulher, infertilidades
masculina e feminina, disfunção erétil,
síndrome dos ovários policísticos, veias São operações mistas, com componentes de restrição e
varicosas e doença hemorroidária, hipertensão disabsortivos, predominantemente restritiva. As mais
intracraniana idiopática, estigmatização social conhecidas são as operações de Fobi e Capella. Através
e depressão. de grampeamentos sucessivos do estômago, paralelos
 DCV: doença arterial coronariana, IAM, angina, à pequena curvatura, a nova câmara gástrica é
ICC, AVC, hipertensão e FA, cardiomiopatia construída e isolada. Posteriormente, ocorre a
dilatada, cor pumonale e síndrome de confecção de uma alça em Y de Roux e coloca-se um
hipoventilação. anel na extremidade distal do neoestômago.

Obesidade estabelecida conforme os critérios


acima, com tratamento clínico prévio insatisfatório DERIVAÇÕES BILIOPANCREÁTICAS
de, pelo menos, 2 anos.
Operações mistas com prevalência de disabsorção.
Precauções: Baseia-se na anastomose gastroileal ou gastrojejunal
com gastrectomia parcial acessória.
 Não uso de drogas ilícitas ou alcoolismo;
 Ausência de quadros psicóticos ou
demenciais graves ou moderados; BANDAGEM GÁSTRICA AJUSTÁVEL
 Compreensão, por parte do paciente e dos
Baseada na restrição. Uma banda é colocada na porção
familiares, dos riscos e mudanças de
alta do estômago, criando uma câmara reduzida. O
hábitos inerentes a uma cirurgia de grande
orifício de passagem pode ser ajustado através de um
porte cobre o tubo digestivo e da
mecanismo percutâneo de insuflação.
necessidade de acompanhamento pós-
operatório com equipe multidisciplinar a GASTRECTOMIA LAPAROSCÓPICA SLEEVER
longo prazo.
Procedimento restritivo em que 75 a 80% da grande
Adolescentes de 16 a 18 anos poderão ser operados, curvatura do estômago é excisada através de um
respeitadas as condições acima, além das exigências grampeador laparoscópico, deixando apenas um tubo
legais, de ter concordância dos pais ou responsáveis estreito de estômago (60 a 100 ml). Sugere-se que,
legais, a presença de pediatra na equipe após o procedimento, o nível de grelina endógena
multiprofissional, a consolidação das cartilagens das diminui, reduzindo a fome. Iniciou-se apenas com o
epífises de crescimento dos punhos e outras objetivo de restrição e era realizada de forma aberta.
precauções especiais, com risco-benefício devendo ser Com o advento da cirurgia bariátrica minimamente
muito bem analisado. invasiva, a gastrectomia laparoscópica sleeve foi
proposta como um procedimento "degrau" em
TIPOS DE CIRURGIA BARIÁTRICA
pacientes
Basicamente, dois princípios, isolados ou associados, de alto risco, seguida do bypass gástrico em Y de Roux
norteiam a cirurgia bariátrica: restrição e disabsorção. ou derivação biliopancreática. Recentemente, tem sido
usada como abordagem única.
O primeiro limita o volume alimentar a ser ingerido por
diminuir a capacidade do estômago. O segundo induz
diminuição da absorção por desviar parte do intestino
delgado, encurtando seu comprimento funcional.

As operações realizadas são divididas em 7 grupos:

GASTROPLASTIA (operação de Mason)

Puramente restritiva – fechamento de uma porção do


estômago próximo ao ângulo de Hiss, utilizando-se uma
linha de grampeamento e colocação de um anel
de contenção no orifício de saída.

DERIVAÇÕES GASTROJEJUNAIS (BYPASS)


Resultados: frequentes são vômito, dor e distensão abdominal. O
A médio e a longo prazo, apresenta bons resultados, tratamento é emergencial e cirúrgico.
quando o procedimento é bem indicado e o correto
EROSÕES, ULCERAÇÕES E HEMORRAGIAS
acompanhamento pós-operatório é realizado. Estimam-
se perdas de 5 a 10% do peso corporal em 2 meses de Os pacientes podem ser assintomáticos ou apresentar
PO. Nos médio e longo prazos, a redução varia entre 20 dor abdominal, náuseas, vômito e, mais raramente,
a 40% (de 50 a 80% do excesso de peso corporal) hemorragia. O diagnóstico é confirmado pela
endoscopia digestiva.
COMPLICAÇÕES

FENÔMENOS TROMBOEMBÓLICOS

TVP e TEP. Representam a 2º maior causa de ICTERÍCIA → coloração amarelada da pele e mucosas
morte associada à cirurgia bariátrica. (esclera e frênulo da língua) por aumento de bilirrubina
(>2,5-3 mg/dl).
ATELECTASIA
Uma complicação respiratória comum no pós- METABOLISMO DA BILIRRUBINA
operatório. Pode estar associada a febre e taquicardia
Formada a partir da heme → protoporfirina →
nas primeiras 24 h. O tratamento inclui fisioterapia
biliverdina → bilirrubina → ligação com albumina →
respiratória e pressão ventilatória positiva contínua.
sinusoides → hepatócitos → ligandina (transporte) →
DEISCÊNCIAS microssomo (local de conjugação) → canalículos
As deiscências das anastomoses ou da linha de grampos hepáticos.
(abertura das suturas) são as complicações mais
No fígado passa por 3 processos: captação, conjugação
temidas. Devem ser suspeitadas quando o paciente
e excreção.
apresenta febre, taquicardia, dor abdominal, dor no
ombro esquerdo, soluço e taquipneia. A fisiopatologia da icterícia pode envolver
distintos mecanismos:
FÍSTULAS
As fístulas acontecem na anastomose gastrojejunal ou • Aumento da produção de bilirrubina (hemólise)
na linha de grampeamento. Podem ser internas ou • Deficiência de captação (jejum prolongado,
externas. A fístula gastrocutânea geralmente ocorre no drogas) ou conjugação (Gilbert, Crigler-Najar)
pós-operatório recente. O tratamento é realizado com → deficiência de glicuronil-transferase.
suporte nutricional, utilização de somatostatina ou
derivados para diminuir as secreções gastrintestinais e, A hiperbilirrubinemia INDIRETA (lipossolúvel) ocorre
por último, a correção cirúrgica. quando há aumento na produção de bilirrubina ou
diminuição na sua captação e conjugação, está
ESTENOSES relacionada às anemias hemolíticas, uso de
As estenoses podem ser complicações precoces ou medicamentos,
tardias. Ocorrem nas anastomoses, principalmente na queimaduras, hematomas e reações transfusionais.
gastrojejunal e nos locais de implantação dos anéis. Na
maioria das vezes, são provenientes de processos • Alteração da excreção biliar (Rotor, Dubin-
fibróticos causados por deiscência, ulceração ou Johnson)
hematoma. Os sintomas são de obstrução, com • Obstrução biliar (cálculo, CA, estenose)
dificuldades na ingestão de alimentos, vômitos • Lesão hepatocelular (predomina a deficiência
frequentes e até perda de peso rápida. O tratamento é de excreção)
baseado em sessões de dilatações da anastomose com A hiperbilirrubinemia DIRETA (lipossolúvel) resulta de
balão pneumático através da endoscopia. alterações na excreção de bilirrubina incluindo defeitos
HÉRNIAS INTERNAS E ADERÊNCIAS de excreção e obstrução biliar, está relacionada a
hepatite viral ou alcoólica, cirrose, colestase
As hérnias internas podem ocorrer no pós-operatório medicamentosa.
recente. Aderências e bridas podem acarretar obstrução
intestinal precoce ou tardiamente. Os sintomas mais A obstrução extra-hepática pode resultar de
coledocolitíase, estenoses biliares, câncer e
pancreatitites biliares. A presença de colúria, hipocolia Desequilíbrio entre os gradientes osmóticos que
ou acolia fecal e prurido são características de participam do processo de secreção biliar, levando à
hiperbilirrubinemia DIRETA. alteração na fluidez da MP, redução da atividade da Na+,
K+-ATPase, com consequente aumento de síntese das
*colestase = interrupção do fluxo biliar a partir do
enzimas aí localizadas (FA/GGT).
fígado.
Alteração nos sistemas de transporte e secreção da bile
pelos hepatócitos, ou com um processo obstrutivo das
vias biliares intra-hepáticas. Pensar em hepatites
virais!!! (Fase prodrômica, ictérica e convalescência)

Bilirrubina Total e
Topografia da lesão
Fracionada
GGT e FA alto
Obstrução mecânica de
Enzimas canaliculares da
vias biliares
via biliar
Transaminases alta
AST/TGO COLESTASE EXTRA-HEPÁTICA
Causa
ALT/TGP
intra-hepática Obstrução mecânica ao fluxo normal da bile, em algum
Enzimas hepatocelulares
de LESÃO, não FUNÇÃO! ponto entre a emergência do ducto hepático comum e
a ampola de Vater. Pode originar-se na própria árvore
biliar (primário) ou ser extrínseca a ela, ter caráter
benigno ou maligno, instalação aguda ou crônica ou,
ainda, ser transitória (migração de cálculos).

A presença de sinais de anemia, queda do


estado geral, vesícula palpável, massas
palpáveis ou linfoadenomegalias sugerem
obstrução maligna.

COLESTASE INTRA-HEPÁTICA
COLELITÍASE

COMPOSIÇÃO DA BILE: colesterol, sais biliares,


bilirrubina conjugada, fosfolipídios (lecitina). O
desequilíbrio dessas substâncias (triângulo de
Admirand) pode causar precipitação → formação de
cálculos.

• Cálculos claros ou brancos: formado


majoritariamente por colesterol.
• Cálculos pigmentados: pretos (bilirrubinato de
cálcio, anemia hemolítica e cirrose) ou
castanhos (infecções, formado na própria via
biliar em situações de estase)

EPIDEMIOLOGIA
4Fs – fatores de risco

• Female
• Fat
• Fertility
INVESTIGAÇÃO • Forty

Colestase → predomínio de sintomas como prurido QUADRO CLÍNICO


(palmar/plantar noturno), acolia fecal, colúria. AST/ALT Pode ser assintomática ou sintomática:
< GGT/FA. A colestase inicial pode confundir o quadro,
visto que o cálculo ao passar pelo fígado pode causar  Desconforto no HCD após ingesta de alimentos
injúria. gordurosos
 USG: sombra acústica posterior, cálculos
Lesão hepatocelular → AST/ALT > GGT/FA móveis.
EXAMES ADICIONAIS  Sintomáticos → TTO cirúrgico!
 Assintomáticos → TTO cirúrgico de prevenção.
• Lesão hepatocelular: sorologias virais, doenças Os cálculos pequenos podem causar
autoimunes ou metabólicas. Avaliar coledocolitíase-pancreatite aguda. Cálculos
alcoolismo/exposição a toxinas. Biópsia grandes podem obstruir a região do infundíbulo
hepática. (saída da vesícula) e causar colecistite. >1,5cm
• Colestase: exames de imagem (dilatação biliar, aumenta a chance de CA da vesícula.
intra-extrahepática, nível da obstrução) → 1º  Quem não operar? Idosos assintomáticos com
escolha USG!!! cálculos de tamanho intermediário (relativo).

COLECISTITE AGUDA

Inflamação da vesícula biliar.

Litiásica → Causada por cálculos grandes que obstruem


o infundíbulo. Distensão, espessamento e secreção ao
redor.

Alitiásica → isquemia vesicular (má perfusão).

 Dor mais intensa no HCD, Sinal de Murphy


(sinal de peritonite localizada), Sinal de Kehr
(dor referida no ombro devido irritação
diafragmática), Sinal de Boas (dor referida para
a ponta da escápula).
 Sinal de inflamação (PCR, febre, leucocitose) biliodigestiva (intestino-colédoco) → Y DE ROUX
 Plastrão palpável (colédoco-jejunal).
 USG: cálculo não móvel, espessamento >4mm
Após colecistectomia, cálculo no colédoco:
da parede vesicular, líquido perivesicular.
 Complicações: perfuração, abcesso hepático,  Até 2 anos após cirurgia: cálculo secundário
sepse. residual
 Colecistectomia obrigatória!  Após 2 anos de cirurgia: cálculo primário do
colédoco.
COLEDOCOLITÍASE
COLANGITE AGUDA
Cálculo biliar pequenos (lama biliar) obstruindo o
colédoco. Pode causar papilite (pancreatite). Infecção dentro das vias biliares devido obstrução
(colestase – estase biliar).
 Icterícia colestática – estase biliar. A BD é
hidrossolúvel, via circulação é excretada pelos CAUSAS: Coledocolitíase, TU de cabeça de pâncreas, TU
rins (colúria). Não chega ao intestino (acolia da papila duodenal, colangiocarcinoma distal, TU
fecal). duodenal, TU de Klatskin (ducto hepático), estenoses
inflamatórias, etc.
*No intestino (via ampola de Vater), a bilirrubina leva igA
e sofre degradação pela microbiota local, se  TRÍADE DE CHARCOT: icterícia, dor HCD e
transformando em urobilinogênio (maior parte retorna febre com calafrios.
ao fígado).  PÊNTADE DE RAYNAULD: Charcot + Sepse
(hipotensão e alteração do NC). Colangite
 Enzimas canaliculares (produzidas pela mucosa
tóxica!
das vias biliares) aumentadas: GGT/FA
 Diagnóstico: USG ou colangioRM (anatomia TTO: ATB empírico + desobstrução (drenagem
detalhada). O mais sensível é a Ecoendoscopia endoscópica, percutânea ou cirúrgica).
(confirmar cálculo)!
SÍNDROME HEPATOCELULAR
PREDITORES DE COLEDOCOLITÍASE Hepatites virais ou
Cálculo visível no colédoco TGO/TGP > 1000 coledocolitíase de maneira
via USG transitória
MUITO FORTE Hepatite alcoólica, cirrose
Clínica de colangite AST/ALT > 2
Bilirrubina > 4mg hepática
Colédoco > 6mm MACROCITOSE E GGT ALTA
FORTE Etilismo crônico
Bilirrubina 1,8-4mg SEM AUMENTO DE FA
Bioquímico hepático
anormal
MODERADO HEPATITES VIRAIS
Idade > 55 anos
Pancreatite biliar HAV (VÍRUS RNA), lesão
hepática imunomediada,
A
transmissão fecal-oral,
 TTO → CPRE – colangiopancreatografia Anti-HAV IgM +
assintomático e
retrógrada endoscópica: não é mais usado para autolimitado. Vacina.
diagnóstico, mas sim para o tratamento: HBV (VÍRUS DE DNA),
papilotomia, remoção de cálculos, coleta de antígeno de superfície
biópsia, stent. Pode causar pancreatite, (HBsAg) e dois nucleares
sangramento, perfuração duodenal! (HBcAg e HBeAg),
B
estimulando produção
Na ausência de CPRE, retirar a vesícula, explorar o Anti-HBs
de anticorpos.
colédoco e introduzir o DRENO DE KEHR (tubo T). Anti-HBc
Transmissão sexual e
Anti-HBe
vertical. Maior
Se o colédoco tiver distendido >2cm, a dilatação é
manifestação extra-
irreversível → maior chance de estase biliar e produção hepática. Vacina e
de CÁLCULOS PRIMÁRIOS. O que fazer? Anatomose Tenofovir.
HCV (VÍRUS RNA), Na CH, há colapso de lóbulos hepáticos por
C transmissão parenteral, agressão hepatocelular e reparo com formações de
Anti-HCV lesão mista, o que mais septos fibrosos e nódulos regenerativos.
cronifica, Vários agentes etiológicos, como células do
HDV (VÍRUS RNA), sistema imune, vírus, álcool, endotoxinas, são capazes
transmissão parenteral. de induzir lesão hepatocelular e morte celular, por ação
D Mediterrâneo e direta ou ativando mediadores intra e extracelulares e
Anti-HDV Amazonas. Vírus ativando/proliferando células hepáticas.
citopático. Coinfecção Fibrose ocorre por deposição de MEC
com Hepatite B! (colágeno, proteoaminoglicanos e glicoproteínas),
HEV (VÍRUS RNA), produzida pelas células de Ito, que armazenam vitamina
E transmissão fecal-oral, A em condições basais.
Anti-HEV IgM+ RARO no Brasil, similar a Na presença de lesão, essas células são ativadas
hepatite A. em resposta à inflamação, proliferando-se e
aumentando síntese de MEC (principalmente colágeno
tipo I) e perdendo depósitos intracelulares de vitamina
A.
Lesão persistente ou intermitente + colapso de
INTRODUÇÃO arcabouço de fibras reticulínicas + fibrose por deposição
Inter-relação entre diversos fatores etiológicos, de MEC, levam à formação de septos e transformação
que atuam ao longo dos anos, como: morte e nodular do parênquima hepático.
regeneração celular, degradação e formação anormal da Isso pode levar a insuficiência hepática e/ou
matriz extracelular. hipertensão portal.
Processo de formação de fibrose difusa, com
perversão da arquitetura normal do parênquima. ❖ INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA
Formação de micro e macronódulos. Diminuição da massa funcional de hepatócitos,
Diagnóstico: dados clínicos + laboratoriais + com consequente redução de síntese de proteínas
anatomopatológicos, ou uso de exames de imagem. plasmáticas e distúrbio no metabolismo de carboidratos
Manifesta-se como insuficiência hepática e/ou e lipídios, no catabolismo e biotransformação de
hipertensão portal associada ou não à disfunção aminoácidos, hormônios, agentes xenobióticos,
circulatória (ascite, edema de MMII, EH, infecções, neutralização e destruição de microrganismos
hemorragia digestiva varicosa, síndrome provenientes do intestino.
hepatopulmonar e hipertensão portopulmonar.
❖ HIPERTENSÃO PORTAL
CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA Achado de pressão venosa portal >10 mmHg
Baseia-se no diâmetro dos nódulos de (ou 5), secundária ao aumento de resistência intra-
regeneração e espessura dos septos fibrosos, gerando hepática ao fluxo portal e aumento no fluxo sanguíneo
três tipos de cirrose: portal (vasodilatação da circulação esplênica).
➢ Micronodular: nódulos pequenos ≤3mm. Mais Aumento de resistência é determinado por
vista na alcoólica. alterações estruturais associadas à CH, como fibrose,
➢ Macronodular: septos de tamanhos variados, capilarização de sinusoides e presença de nódulos
com nódulos de diâmetros 3-30mm, regenerativos; e por alterações dinâmicas, como
multilobulares, com deformação grossa do vasoconstrição sinusoidal secundária, pela diminuição
fígado. Mais vista em hepatites virais e doença na produção intra-hepática de NO.
de Wilson. Aumento do fluxo sanguíneo portal ocorre por
➢ Mista: coexistência, em um mesmo paciente, de vasodilatação esplênica, resultante de desequilíbrio
micro e macronódulos. local entre mediadores vasoconstritores e
vasodilatadores, causando também disfunção
PATOGENIA circulatória.
Parênquima hepático está organizado em Disfunção circulatória é caracterizada por
lóbulos circundados por espaços portais formados por alterações hemodinâmicas secundárias à vasodilatação
estroma conjuntivo frouxo, veia porta terminal, arteríola esplênica e sistêmica observada em pacientes com CH
hepática e canalículo biliar, com centro constituído por e hipertensão portal.
veia hepática central. Essa vasodilatação leva a diminuição do volume
plasmático efetivo, com ativação de mecanismos
compensatórios como SRAA e consequente retenção de ❖ AUTOIMUNE
sódio e água, a nível sistêmico. Hepatite autoimune, que ocorre por inflamação
Há, além de ativação de SRAA, liberação de do fígado de causa desconhecida, caracterizada por
catecolaminas e de secreção não-osmótica de hormônio hepatite periporta (necrose periférica), proeminente
antidiurético. Isso aumenta índice cardíaco e redução de infiltrado inflamatório e infiltração de espaços portais
resistência vascular sistêmica. por plasmócitos.
Para compensação de distúrbio hemodinâmico, Evolução se relaciona com citotoxicidade
instala-se desvios da circulação portal para sistêmica, mediada por anticorpos, que se dirigem contra
formando-se, assim, varizes esofagogástricas. proteínas normais de membranas hepatocíticas, onde
autoantígenos são hiperexpressados.
❖ ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS E ICTERÍCIA Pacientes mais afetados: HLA Dr3+ e Dr4+ e,
Fadiga, anorexia e perda de massa muscular, mesmo tratados com imunossupressores, 36% evoluem
por desnutrição proteico-calórica, associada à para cirrose a partir do diagnóstico.
insuficiência hepatocelular, ou por reflexo de ação de
citocinas pró-inflamatórias. ❖ ALCOÓLICA
Icterícia e colúria podem ser decorrentes de Agressão hepatocelular por ingesta alcoólica
necrose de células hepáticas, de defeitos na conjugação excessiva (>80g etanol/dia) relaciona-se com
e de distúrbios na excreção biliar por desorganização de predisposição genética, estado hipermetabólico de
estrutura hepática. hepatócitos (maior acúmulo de acetaldeído), além de
maior produção de colágeno.
❖ ALTERAÇOES ENDÓCRINAS E CUTÂNEAS Doentes evoluem com lesões necróticas focais
Distúrbio no metabolismo de estrógenos gera dos hepatócitos, inflamação, acúmulo de proteínas
aranhas vasculares, ginecomastia, perda ou diminuição celulares, esteatose, fibrose e regeneração micro e
do libido e impotência. macronodular, com instalação de cirrose e risco de
Ocorre aumento da resistência periférica à evolução para carcinoma hepatocelular ao fim de 20 ou
insulina e déficit na produção de substratos energéticos mais anos.
por gliconeogénese e glicogenólise, predispondo, ao
mesmo tempo, diabetes e hipoglicemia.

❖ ALTERAÇÕES NA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA


Fígado é principal local de síntese de fatores de
coagulação (menos fator von Willebrand), do
plasminogênio e dos inibidores de protease
antitrombina III e proteínas C e S. Fígado também é
principal local de degradação de fatores de coagulação
ativados.
Na CH, ocorre redução da síntese daqueles ❖ OBSTRUÇÃO BILIAR
fatores e diminuição da depuração destes, gerando Colangite destrutiva não supurativa é doença
plaquetopenia, hiperesplenismo, disfunção plaquetária crônica do fígado resultante de insulto imunológico
de origem multifatorial. desenvolvido por linfócitos citotóxicos sobre epitélio
dos ductos biliares, causando lesão hepatocelular e
❖ HIPOALBUMINEMIA colestase progressiva.
Lesão hepatocelular gera diminuição na Colangite esclesorante primária tem etiológica
concentração de albumina, principal proteína desconhecida, com aspectos histológicos
responsável pela pressão coloidosmótica (impede que o representados por inflamação de ducto biliar e fibrose.
líquido extravase no compartimento intravascular). Atresia de vias biliares é doença idiopática,
Tendência à saída do líquido para interstício, causada por obliteração completa, localizada ou difusa
predispondo ao edema. Na cirrose, o edema acontece dos ductos biliares, o que leva ao aparecimento de
também pelo aumento da pressão hidrostática capilar. fibrose gradual, destruição de estruturas biliares intra- e
extra-hepáticas.
CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA
❖ INFECCIOSA ❖ FIBROSE CÍSTICA
Perpetuação longa de lesões celulares imunomediadas, Desordem generalizada das glândulas
resultantes de instalação de hepatite crônica (vírus B, D exócrinas, herdada como padrão autossômico
e C). recessivo, caracterizada por frequência aumentada de
antígenos controladores da resposta imune mediada ➢ Pruridos, xantomas e xantelasmas → colestase
por linfócitos. Pacientes cursam com produção e ➢ Feminilização, contratura palmar de Dupuytren
acúmulo excessivo de muco, fibrose biliar focal e, → cirrose alcoólica
eventualmente, cirrose, com hipertensão portal. ➢ Manifestações extra-hepáticas → infecção por
vírus B e C, autoimune, cirrose biliar primária,
❖ ESTEATO-HEPATITE NÃO ALCOÓLICA (EHNA) colangite esclerosante primária, doença de
Síndrome plurimetabólica (HA, hiperglicemia, Wilson
hipertrigliceridemia, valores de HDL baixos), que se Complicações podem ocorrer simultânea ou
instala por consecutivamente, como hemorragia digestiva que
➢ Redução de oxidação mitocondrial de pode evoluir para peritonite bacteriana espontânea.
triglicerídeos
➢ Baixa exportação hepática de ácidos graxos e ENCEFALOPATIA HEPÁTICA
lipídios Síndrome neuropsiquiátrica potencialmente
➢ Síntese hepática maior de fosfolipídios e reversível causada por passagem de substâncias tóxicas
ésteres de colesterol do intestino para o cérebro.
➢ Acentuada produção de radicais livres de O2 Lesão hepatocelular é elemento primordial, mas
➢ Hipersecreção de leptina e grelina (estimulando na CH avançada a hipertensão portal desvia sangue
células de Ito mesentérico para circulação sistêmica, desviando de
sinusoides hepáticos.
QUADRO CLÍNICO Amônia é substância mais implicada, cuja fonte
Pacientes compensados podem apresentar são enterócitos (metabolismo de glutamina) e bactérias
quadro assintomático ou oligossintomático, sendo colônicas (catabolismo proteico). Hepatócitos
frequentes sintomas inespecíficos, como fadiga, astenia transformam amônia em glutamina ou em ureia,
e perda de peso. substâncias menos tóxicas ao organismo.
Na CH descompensada, quadro clínico é No cérebro, amônia:
dominado por complicações da insuficiência hepática ❖ Aumenta captação de aminoácidos aromáticos
e/ou hipertensão portal. ❖ Aumenta osmolaridade de células gliais (edema)
São: aumento de volume abdominal, peritonite ❖ Inibe atividade elétrica neuronal pós-sináptica
bacteriana espontânea, hematêmese, melena ou ❖ Estimula GABA
enterorragia, encefalopatia hepática, infecções do Presença de flapping: estender braço para
líquido ascético, urinária e respiratória, dispneia e frente e realizar dorsoflexão da mão, mão cai
ortopneia secundárias à ascite, hidrotórax ou síndrome repetidamente, com movimentos ritmados (perda de
hepatopulmonar e oligúria associada ou não a uremia. tônus), seguidos de retomada da contração muscular.
Visando rastrear etiologia, deve-se atentar para Fatores precipitantes:
antecedentes de consumo abusivo de álcool, uso Sangramento digestivo → sangue liberado no
crônico de medicações, antecedentes familiares de CH, tubo digestivo é digerido por bactérias colônicas e, do
doenças autoimunes. metabolismo de hemoglobina, forma-se mais amônia.
Deve-se considerar exposição parenteral a vírus Alcalose metabólica converte amônio em
de hepatite B e C, o que inclui transfusão de sangue, amônia, lipossolúvel, passando pela BHC.
hemoderivados, hemodiálise, uso de drogas
intravenosas, tatuagem e piercing.
Também devem ser perguntados no histórico
clínico fatores de risco para transmissão sexual e
passado de doenças sexualmente transmissíveis.
Exame físico: estigmas periféricos de CH, como
ginecomastia, eritema palmar, aranhas vasculares
(principalmente em áreas fotoexpostas).
Outras alterações: perda de massa muscular, sinais de
coagulopatias (equimoses e petéquias), redução
volumétrica do fígado à hepatimetria e/ou palpação, e
sinais de hipertensão portal, como esplenomegalia e
circulação colateral periumbilical.
Dados de histórico e exame físico auxiliam no
diagnóstico etiológico e no rastreamento de
complicações da doença.
Sensibilidade e especificidade da USG
abdominal são de 91 e 94%, e esse exame pode também
revelar presença de outras complicações da CH, como
ascite e carcinoma hepatocelular.
Superfície nodular é observada na macroscopia

DIAGNÓSTICO do fígado, e na microscopia há estrutura lobular


Cirrose hepática é termo anatomopatológico distorcida pela presença de nódulos de parênquima
em que são observadas alterações estruturais hepático delimitados por traves fibróticas.
características da doença. Biópsia é feita com colorações de rotina, como
Na maioria dos casos, análise HE, reticulina e Perls, além da coloração especial para
anatomopatológica não é possível pelos distúrbios de análise do colágeno (tricrômio de Masson).
coagulação, então diagnóstico é baseado em
parâmetros clínicos e laboratoriais, corroborados por Diagnóstico de complicações e estadiamento
exames de imagem e endoscopia digestiva. são cruciais para tratamento terapêutico, existindo
algumas escalas, como de Child-Pugh e MELD.
❖ CLÍNICO
Presença de sinais periféricos de hepatopatia Ascite é diagnosticada com critérios clínicos,
crônica, como eritema palmar, telangiectasias e mas é recomendada punção de líquido em todo
ginecomastia. paciente com CH e ascite de início recente, para
Sinais e sintomas de descompensação da mensuração de gradiente soro-ascite de albumina e
doença, como ascite e encefalopatia hepática são realização de contagem de leucócitos.
indicativos de CH.
Evidências clínicas de hipertensão portal, como Hemorragia digestiva por hipertensão portal
esplenomegalia e circulação colateral abdominal, pode ser decorrente de sangramento por varizes
apontam presença de CH. esofágicas e ectópicas, gastropatia e colopatia da
hipertensão portal.
❖ LABORATORIAL Sangramento varicoso manifesta-se por
Não há indicadores laboratoriais específicos, hemorragia, clinicamente expressa por hematêmese,
mas hipoalbuminemia, alargamento do tempo de melena ou enterorragia. Continuamente precipita
protrombina e plaquetopenia são sugestivos de CH. complicações, como EH, infecções, disfunção renal e
Em cirrose instalada, normalmente ALT/AST < 1. síndrome hepatorrenal.
Recentemente foram identificados marcadores
associados à fibrose ou cirrose hepáticas, sendo → Para medidas profiláticas, é indicado que todo
formulada escala Fibrotest para avaliação não invasiva paciente com CH se submeta à endoscopia digestiva
(método novo). alta para avaliação da presença de varizes do esôfago.
Fibrotest baseada em níveis séricos de
haptoglobina, alfa-2-macroglobulina, apolipoproteína, Rastreio do CHC em pacientes com CH é
A1, bilirrubina e gama-glutamiltransferase. recomendado a cada seis meses, utilizando-se USG
abdominal e dosagem de alfafetoproteína (>250-400
❖ IMAGEM ng/mL).
Irregularidade no contorno do fígado, alteração
na ecotextura desse órgão e evidências de hipertensão TRATAMENTO
portal (aumento do calibre de veia porta ou alterações Avaliado conforme descompensação da
no fluxo portal vistos na USG). doença.
Quando compensada, abordagem terapêutica com lactulose e/ou antibióticos, substituir proteína
inclui: animal por vegetal.
➢ Tratamento da causa subjacente da doença Pacientes com EH estágio III ou IV devem ficar
➢ Tratamento dos sintomas associados em dieta zero 24-48h.
➢ Prevenção de complicações e de Corrigir constipação: uso de laxante, como
descompensação da doença lactulose oral; não é quebrada no intestino delgado,
➢ Suporte nutricional atingindo cólon de forma intacta. 20-30g 2-4x/dia.
➢ Avaliação para transplante de fígado É metabolizada por bactérias colônicas em
Prurido é manifestação frequente e, em muitos ácidos graxos (lático e acético), reduzindo pH e
casos, incapacitante, levando à acentuada redução da transformando amônia em amônio (inabsorvível).
qualidade de vida. Uso de colestiramina, ácido Antibióticos: administrados com intuito de
ursodeoxicólico e anti-histamínicos. reduzir flora bacteriana colônica, produtora de amônia.
Edema de membros inferiores pode estar Uso de neomicina (ototóxico e nefrotóxico),
presente, mesmo na ausência de ascite. Uso de metronidazol (neuropatia periférica), rifaximina. Uso
diuréticos e restrição de sal. reservado na falha de lactulose, usar em associação ABT
Restringir uso de medicações hepatotóxicas e o + laxante.
consumo de álcool.
Pacientes com varizes de esôfago podem
requerer profilaxia primária com betabloqueadores não-
INTRODUÇÃO
seletivos para evitar primeiro episódio de ruptura.
Veia porta tem importância por ligar duas redes
Deve ser recomendada dieta hipossódica para
capilares: mesentérica e hepática. Formada por
pacientes com retenção hidrossalina, e o uso abusivo de
mesentérica superior e esplênica.
sal deve ser evitado para todo paciente.
Substâncias vêm do intestino e do baço e
Desnutrição proteico-calórica é
chegam por sistema porta, entrando pelos espaços-
frequentemente observada em portadores de CH,
porta interlobulares e ganhando circulação sinusoidal.
agravada por medidas dietéticas inadequadas como
Pressão na veia porta > 10 mmHg ou gradiente
dieta hipoproteica prolongada.
de pressão venosa hepática > 5 mmHg (pressão
Desnutrição é fator associado à pior sobrevida
encunhada – pressão venosa hepática livre).
e deve ser tratada com suporte nutricional adequado.
HVPG > 10 mmHg gera varizes, > 12 mmHg
Abordagem terapêutica, quando em CH
risco de sangramento. Quanto maior valor, maior risco
descompensada, está voltada para tratamento
de hemorragia e mortalidade. Diminuição ->
específico das complicações da doença, sua profilaxia
morbimortalidade diminui.
secundária e avaliação da elegibilidade para o
Síndrome de hipertensão porta é composta por:
transplante de fígado.
➢ Esplenomegalia congestiva
➢ Varizes gastroesofágicas
❖ TRATAMENTO DA ASCITE
➢ Circulação colateral abdominal
Dieta hipossódica e uso de doses escalonadas
Na cirrose, há ainda ascite e, em algumas
de diuréticos (antagonista da aldosterona e de alça de
ocasiões, encefalopatia hepática (encefalopatia
Henle) é opção mais empregada → Espironolactona +
portossistêmica) → desvio de sangue portal para
furosemida.
sangue sistêmico.
Deve-se monitorizar função renal e eletrólitos
para detecção precoce dos distúrbios hidroeletrolíticos
ANATOMIA DO SISTEMA PORTA
e disfunção renal.
Fígado recebe sangue da veia porta e artéria
Pacientes com ascite tensa podem se beneficiar
hepática.
de paracentese terapêutica com infusão de albumina,
Veia porta se forma atrás do pâncreas, por
principalmente em retirada de volumes superiores a 5
junção de mesentérica superior e esplênica, seguindo
litros.
no ligamento gastro-hepático até alcançar porta hepatis
(ramos E e D).
❖ TRATAMENTO DA ENCEFALOPATIA HEPÁTICA
Veia gástrica esquerda (coronária) drena porção
Controle de fatores precipitantes e redução da
distal do esôfago e pequena curvatura gástrica; entre na
produção e absorção de amônio pelo cólon, produzida
veia porta (2/3). Uma das principais responsáveis pela
por bactérias ao degradar ureia e proteínas.
gênese das varizes esofagogástricas.
Restrição proteica não está indicada
Veia mesentérica inferior drena para veia
normalmente e, em casos refratários ao tratamento
esplênica (2/3 dos casos).
fluxo porta. Sentido hepatopetal é visto em normais e
VEIAS COLATERAIS PORTOCAVA HP menos severa; hepatofugal, nas HP graves.
Em condições normais, sistema porta = baixa EDA: sempre indicada na suspeita ou após
pressão. Resistência aumentada ao fluxo = diferença de diagnóstico, sendo que presença de varizes sela
pressão entre porta e sistema (cava inferior). Angio-TC e RNM: indicados em caso de dúvida
Pela gradiente de pressão -> vasos colaterais se diagnóstica, não apresentando limitações por
desenvolvem para equalizar pressões e escoar sangue obesidade e presença de gás intestinal.
porta. Angiografia: útil para delinear anatomia das
Rede colateral constituída pela veia coronária e colaterais, patência dos vasos, presença dos vasos,
pelas veias gástricas curtas, que drenam para veia presença de aneurismas, fístulas e lesões vasculares
ázigos (determina formação de varizes intra-hepáticas.
gastroesofágicas).
Outros sítios de importância incluem: COMPLICAÇÕES E MANUSEIO
➢ Recanalização da veia umbilical: ramo E veia Consequências mais importantes -> formação
porta + veias epigástricas, gerando cabeça de de colaterais portossistêmicas.
medusa (CCA tipo portocava)
➢ Plexo venoso hemorroidário: veias
hemorroidárias superiores + hemorroidárias ❖ VARIZES ESOFAGOGÁSTRICAS
médias e inferiores (varizes anorretais). Esofagianas: causa mais comum de HDA em
➢ Vasos retroperitoneais pacientes com HP. Mortalidade relacionada com grau de
disfunção hepática.
FISIOPATOLOGIA
Aumento na resistência vascular e aumento no
fluxo sanguíneo portal (vasodilatação esplênica),
resultante de resistência estrutural e elevação de tônus
vascular por contração de células de Ito.
Bloqueio ao fluxo portal é fator principal do
aumento de pressão, mas sistema também retém
vasodilatadores esplênicos -> redistribuição de volemia
e ativação de SRAA, catecolaminas e ADH. Gástricas: isoladas ou associadas às esofágicas,
Ativação neuro-hormonal então aumenta fluxo diagnóstico requer USG endoscópica. Shunt
sanguíneo, aumentando ainda mais pressão no sistema; gastrorrenais ocorrem na maioria dos casos, explicando
baixa resistência vascular gera estado circulatório menor risco de sangramento e maior incidência de EH.
hiperdinâmico. Gastropatia hipertensiva portal: dilatação de
capilares e vênulas da mucosa; sangramento difuso
ETIOLOGIA (lençol), gerando anemia ferropriva (crônica) ou melena
Causas intra-hepáticas de hipertensão porta (aguda).
são classificadas de acordo com zona anatômica de
obstrução, mas na maioria das doenças, em estado ❖ CONDUTA NO SANGRAMENTO
avançado, há coexistência de obstruções. Estabilização de PA é primeira medida, com
reposição de solução cristaloide e até mesmo sangue.
❖ HIPERTENSÃO PORTAL INTRA-HEPÁTICA Emprego de plasma congelado quando INR > 1,7 e
SINUSOIDAL transfusão de plaquetas quando < 50.000.
Cirrose: presença de nódulos de regeneração Estômago deve ser lavado vigorosamente por
comprimindo sinusoides, além de fibrose do espaço de EDA, e uso de escleroterapia (substâncias irritativas
Disse e contração celular -> aumento de resistência ao para trombose) quando não realizada ligadura elástica
fluxo portal hepático. (estrangulamento do vaso varicoso) -> LEV menor
potencial de complicações.
DIAGNÓSTICO Para hemorragia de varizes gástricas, uso de
Suspeitar em todo paciente que apresente terapia farmacológica (terlipressina reduz fluxo
combinação de: ascite, esplenomegalia, encefalopatia sanguíneo porta, uso intravenoso).
ou varizes esofagogástricas. TIPS é dispositivo colocado via percutânea,
USG Doppler possui elevada acurácia, analisa criando conexão intra-hepática entre veia hepática e
colaterais, tamanho do baço, permite estimativa do veia porta, o que descomprime o sistema e alivia
hipertensão porta.
Taxa de sucesso no TTO de varizes refratárias Epitélio metaplásico pode evoluir com displasia,
supera os 95%, substituindo cirurgias descompressivas culminando em transformação neoplásica maligna.
de emergência. Incidência do câncer aumentou → monitorização
endoscópica regular.
❖ PROFILAXIA SECUNDÁRIA
Realizada após primeiro episódio de hemorragia PATOGÊNESE
já controlada, feita pela combinação de terapia Três anormalidades básicas, não mutuamente
endoscópica e betabloqueadores. excludentes, que podem originar refluxo.
Betabloqueadores não seletivos são benéficos
em reduzir incidência de ressangramento, sendo que ❖ RELAXAMENTO TRANSITÓRIO
bloqueio beta-2 promove vasoconstrição esplênica e de Mecanismo patogênico mais comum, sendo
beta-1 diminui débito cardíaco e fluxo portal. característico dos indivíduos sem esofagite ou com
Terapia endoscópica erradicadora de varizes esofagite leve, pois refluxo tende a ser menos intenso e
consiste na ligadura elástica, em sessões a cada 1-2 menos prolongado. Relaxamento não é relacionado à
semanas É mais eficaz que escleroterapia, mas deve ser deglutição e ocorre por reflexo vagovagal anômalo,
realizada com terapia betabloqueadora. Após estimulado por distensão gástrica. Relaxamento tem >
erradicação, revisão endoscópica a cada seis meses. 10s e não acompanha peristalse esofagiana eficaz.
❖ PROFILAXIA PRIMÁRIA
Prevenção do primeiro episódio de hemorragia ❖ HIPOTONIA VERDADEIRA
em pacientes com varizes esofagogástricas. Todo Esfíncter constantemente hipotônico
paciente com cirrose hepática deve ser submetido à (<10mmHg) gera refluxo mais intenso e mais
EDA para rastrear varizes. prolongado, levando a maior exposição de mucosa →
Indicada na presença de varizes de médio ou esofagite erosiva grave.
grosso calibre ou pequeno calibre com sinais de alto Maioria das vezes não tem etiologia identificada, mas
risco → uso de betabloqueadores não seletivos ou algumas condições causam: esclerose sistêmica, lesão
erradicação endoscópica. cirúrgica, tabagismo, uso de drogas anticolinérgicas ou
miorrelaxantes.

❖ HÉRNIAS DE HIATO
EEI passa a não contar mais com ajuda da
Afecção crônica secundária ao refluxo musculatura diafragmática como reforço mecânico, e
patológico de parte do conteúdo gástrico para esôfago sua posição inapropriada facilita refluxo. Hérnias nem
e/ou órgãos adjacentes, acarretando espectro variável sempre acompanham DRGE, logo, seu encontro não
de sinais e sintomas que podem ou não ser deve levar a diagnóstico automático de DRGE, e nem o
acompanhados de lesões teciduais. contrário. Quando um portador de hérnia possui DRGE,
Refluxo gastroesofágico é dito fisiológico esta tende a ser mais grave (esofagite erosiva, esôfago
quando é de curta duração, geralmente durante de Barrett).
refeições, casualmente. Refluxo interprandial
recorrente, de longa duração, que origina pirose e São mecanismos de defesa contra refluxo: (1)
regurgitação, é dito patológico e caracteriza DRGE. bicarbonato salivar e (2) peristalse esofagiana →
contribuem para DRGE: disfunção de glândulas salivares
EPIDEMIOLOGIA (Sjögren), distúrbios motores primários do esôfago.
Sintomas mais frequentes e intensos na
obesidade (IMC relação direta com gravidade), bem MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
como durante gestação (> pressão intra-abdominal + Pirose (queimação retroesternal) é principal
relaxamento EEI). sintoma, geralmente ocorrendo nas primeiras 3 horas
Na criança: imaturidade do EEI + permanência após refeições e ao deitar. Pirose =/ azia (queimação
em posição recumbente; tende a desaparecer até 2 epigástrica). Pirose pode estar ou não acompanhada de
anos e, se não, até 4 anos. regurgitação (percepção de fluido ácido/salgado na
Fator de risco para adenocarcinoma de esôfago boca).
→ metaplasia intestinal (epitélio vira colunar, mais Pacientes podem queixar também de disfagia, o
resistência ao pH ácido). Caso > ⅓ → Esôfago de que sugere ocorrências como estenose péptica ou
Barrett. adenocarcinoma, ou ainda apenas edema de parede.
Pode ainda haver dor precordial, principalmente ➢ ESOFAGOMANOMETRIA
em pacientes com forte componente funcional para Não é método diagnóstico, auxiliando
queixas (distúrbios neuropsiquiátricos). planejamento cirúrgico (p/ seleção de fundoplicatura).
Sintomas extraesofágicos: erosão de esmalte Também pode auxiliar no diagnóstico diferencial,
dentário, irritação da garganta, rouquidão, sinusite identificando distúrbio motor 1º. Consiste na utilização
crônica, otite média, broncoespasmo, pneumonite de cateter que quantifica número e intensidade de
aspirativa. ondas peristálticas, além de medir tônus.
*EES encarregado de proteger trato respiratório
do refluxo → nesses casos, incompetência dele
também.
Anemia ferropriva por perda crônica de sangue
aparece nos pacientes com esofagite erosiva grave, com
formação de úlceras profundas.

DIAGNÓSTICO
Clínico: paciente refere pirose pelo menos uma COMPLICAÇÕES
vez por semana, por um período mínimo de quatro a
oito semanas. ❖ ESTENOSE PÉPTICA DO ESÔFAGO
Resposta: prova terapêutica (redução Cicatrização intensamente fibrótica das lesões
sintomática após 1-2 semanas de uso de IBP). Ou seja: (esofagite erosiva prévia). Padrão ascendente, podendo
não é necessário pedir exames complementares. gerar disfagia por obstrução mecânica, insidiosa,
Realização de exames está indicada em casos precedida em anos por pirose.
específicos. Pirose costuma diminuir ou desaparecer
quando da instalação de estenose, pois esta atua como
➢ ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA “barreira antirrefluxo”.
Finalidade: identificar complicações da DRGE, como Para diferenciar da estenose maligna → pouca
esofagite, estenose péptica, esôfago de Barrett e perda de peso e apetite preservado. Biópsia sempre
adenocarcinoma, ou ainda para diagnóstico diferencial. indicada para diferenciar esses tipos de lesão.
Esofagite de refluxo → alterações inflamatórias na TTO: dilatação endoscópica por balão, sendo nº
mucosa esofagiana visíveis pela endoscopia (sem de sessões variável conforme grau de fibrose.
correspondência direta com manifestações clínicas). Obrigatório manter pacientes com estenose recidivante
com IBP a longo prazo.
TTO cirúrgico é exceção, mas cirurgia
antirrefluxo é considerada desde que obstrução tenha
sido avaliada com dilatação, e presença de câncer
negada → cirurgia de ⅓ distal compromete EEI, gerando
hipotonia (DRGE fica mais grave).

❖ ÚLCERA ESOFÁGICA
Esofagite pode complicar com formação de
úlceras (lesões profundas, atingem submucosa e
muscular).
➢ PHMETRIA DE 24H Manifestação: odinofagia e HDO. Raramente há
Padrão-ouro para confirmação, embora não seja perfuração de esôfago, e com frequência se localizam
realizada como exame de rotina. em áreas de epitélio metaplásico.
Refluxo detectado por queda de pH intraesofágico Diagnósticos diferenciais: Síndrome de
em relação a sensores (5cm/20cm EEI). 6 variáveis são Zollinger-Ellison (gastrinoma) e úlceras induzidas por
aferidas, e através de fórmula chega-se ao índice de fármacos; (1) múltiplas ulcerações em esôfago,
Meester > 14,7. estômago e duodeno, com hipergastrinemia; (2) lesão
na altura da carine, onde lúmen esofágico é estreito.
Pode ser única causa ou exacerbar asma
previamente existente; TTO da asma (beta-
adrenérgicos, relaxam EEI) podem induzir refluxo.
ser prescritos na vigência de esofagite grave ou outras
complicações. Tomados 2x/dia.

Diante de suspeita clínica, pode-se indicar


pHmetria de 24h para estabelecer correlação direta (2) inibem H+/K+ATPase, bloqueando via final p/
entre refluxo e sintomas respiratórios. secreção de ácido nas células parietais. Drogas de
Se houver sintomas típicos (pirose, escolha em pcts. sintomáticos ou em complicações.
regurgitação ou disfagia), proceder com teste IBP em Raramente produzem efeitos adversos; agudos,
dose dobrada por 2-3 meses. como cefaleia, diarreia e dor abdominal, cessados após
Critérios p/ melhora clínica: redução de ≥ 20% troca de medicação; crônicos, como enterocolite
NO VEFI e/ou redução na dose de corticoide inalatório infecciosa, maior risco de pneumonia, má-absorção
>20%. Nos casos em que DRGE apenas exacerba → intestinal de ferro, cálcio, magnésio e vitamina B12.
tratar asma independente. (3) neutralizam diretamente acidez do suco
gástrico, sem interferir na secreção cloridropéptica. Não
❖ EPITÉLIO COLUNAR: ESÔFAGO DE BARRETT são úteis no TTO prolongado, pois seu efeito é de curta
DRGE → esofagite erosiva → cicatrização de duração (2h).
áreas lesadas → subs. epitélio colunar intestMEDinal
(metaplasia intestinal). ❖ MEDIDAS ANTIRREFLUXO
Prevalente em homens brancos, aumentando Devem ser indicadas de maneira
com idade 45-60 anos, e presente 20 anos antes de individualizada, conforme queixa de cada paciente.
sintomatologia. Obesidade é fator de risco
independente para EB.
Dificuldade no diagnóstico: sintomas oriundos
de DRGE, podendo ser oligo ou assintomáticos. Na EDA:
línguas de coloração vermelho-salmão; confirmação por
biópsia (células caliciformes repletas de mucina).
Complicação: adenocarcinoma de esôfago,
embora 90% dos pacientes não evoluam com câncer
(idosos e tempo de instalação são longos).
TTO: terapia intervencionista só indicada se
presença de displasia na biópsia. Todos portadores de
EB devem receber IBP.

TRATAMENTO
Maioria: forma branda e sem complicações da
doença, evoluindo com melhora após início de medidas
gerais antirrefluxo e drogas antissecretoras gástricas.
Cirurgia antirrefluxo reservada para casos
refratários ou com complicações, embora haja
❖ CIRURGIA ANTIRREFLUXO
controvérsias (alguns autores: todo pct. jovem
TTO cirúrgico visa restabelecer competência do
dependente de medicação). Ainda não existe consenso
sobre melhor abordagem. EEI, circundando extremidade inferior do esôfago com
um manguito (ou válvula) formado pelo fundo gástrico
→ fundoplicatura.
❖ TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Preferencialmente realizada por meio de
Classes de medicamentos: (1) bloqueador de videolaparoscopia, com baixa incidência de
H2 de histamina; (2) IBP; (3) antiácidos. Procinéticos complicações e rápido retorno a atividades laborais.
não são mais indicados rotineiramente. Na presença de complicações, maioria dos
(1) atuam nas células parietais gástricas, cirurgiões indica cirurgia, embora alguns preconizem
inibindo uma das três vias de estímulo neuroendócrino que, na vigência de controle farmacológico, é aceitável
à secreção ácida. Menos eficazes que IBP, não podendo optar pela não realização da cirurgia.
Pcts. que respondem + a TTO clínico, mas ❖ Helicobacter pylori
dependentes de IBP: cirurgia desde que <49 anos, com Infecção não causa diretamente DRGE, e recomendação
argumentos: (1) se a resposta já é boa, TTO cirúrgico atual é tratar respeitando indicações formais,
será excelente, (2) a longo prazo, melhor cirurgia que independente de DRGE (mesmo pangastrite atrófica
TTO longo e caro (R$). reduzindo secreção ácida).

DELINEANDO A ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA ANOTAÇÕES AULA JUSTINIANO

❖ SINTOMAS LEVES E INTERMITENTES Disfagia:


Medidas antirrefluxos devem ser indicadas de • Alta/faríngea (neuromuscular): AVC,
forma individualizada. Quando sintomas < 1x/semana, miastenia, ELA.
medicamentos usados sob necessidade (antiácidos ou • Propriamente dita: esofágica
BH2). Quando paciente capaz de prever início dos o Refluxo = lesão na mucosa;
sintomas, BH2 devem ser tomados 30min antes da espasmos
refeição. o Mucosa não apropriada para ácido
(não queratinizado)
❖ SINTOMAS MAIS GRAVES E FREQUENTES • Queixa mais comum: “bolus”, “globus”,
Inicial: IBP 1x/dia por 4-8 semanas, mas 10-20% “bola histérica” (ansioso – psicossomático)
não melhoram com a dose padrão, situação que • Disfagia paradoxal: no início consegue
autoriza médico a dobrar dose - 2x/dia. deglutir, depois não consegue.
Na ausência de resposta a dose dobrada, o Divertículo de Zenker: esôfago
paciente deve ser submetido a exames superior.
complementares. Pacientes virgens de tratamento, que • Steak House Syndrome: disfagia aguda!
porventura recebem diagnóstico já com complicações Dor pode similar sintomas cardiovasculares,
da DRGE, podem começar com dose dobrada. dor ao deglutir algo maior.
Manutenção: pcts. que respondem de forma
satisfatória ao IBP dose padrão, interromper TTO. 80% Fatores etiológicos:
evoluem p/ recidiva, e nesses casos: (1) reintroduzir IBP - TU
indefinidamente ou (2) utilizar IBP de forma - Grande aurícula esquerda (compressão do esôfago)
intermitente (2-4 semanas); (3) utilizar IBP sob - Osteófitos cervicais
semanada (todos em dose inicial). - Esofagites (pênfigo, cândida, etc).
Para pacientes que necessitaram de IBP em - Divertículo (“saquinhos”)
dose dobrada durante TTO inicial, ou diagnosticados - Anéis de mucosa (de Schatzki – linha Z se torna um
com complicações, não tentar suspender medicação, anel devido refluxo)
devendo o TTO ser mantido indefinidamente com - Colagenoses (impede peristalse)
menor dose. - Ingestão de cáustico
❖ Esôfago de Barrett - Chagas (megaesôfago, acalasia da cárdia)
Todo portador deve realizar múltiplas biópsias
endoscópicas à procura de displasia ou neoplasia; na Diagnóstico:
ausência, realizar EDA com biópsias a cada 3-5 anos. • Seriografia do esôgafo, estomago e duodeno
Na presença de displasia de baixo grau → EDA (SEED)
anual ou terapia endoscópica (preferida); em displasia • Esofagoscopia (endoscopia)
de alto grau, terapia endoscópica ou esofagectomia • Manometria
(não muito indicada). • pHmetria (pirose funcional)
• Deglutiograma (disfunção alta)
• Outros: RX, TC, RNM.

Regurgitação: retorno do alimento não precedido por


náusea.

Pirose:
❖ Teste de Bernstein – era usado para identificar
esofagite. Aplicação de injeção de HCl direto no
esôfago distal = dor.
❖ Incompetência do EEI – derivados da cafeína, Hematêmese = vômito
chocolate, AINEs (relaxa a musculatura). Melena = sangramento digerido
Enterorragia = sangue vivo
Náusea e vômito: Hematoquesia = anorretal, sangue vivo, hemorroidas
❖ Contração espasmódica do antro/piloro o Divertículo de Meckel = revestido por mucosa
❖ Aumento da pressão na musculatura gástrica; íleo terminal.
respiratória e abdominal
❖ Fechamento da glote Constipação intestinal
Mudança súbita do ritmo (colonoscopia)

Causas:
• Perda dos reflexos
• Estenoses
• Diminuição da peristalse
• Diminuição da quantidade de fibras
Medicamentos:
o Al, IMAO tricíclico, antiácidos (constipantes) x
Mg (diarreico)
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL RUPTURAS DO ESÔFAGO ❖ Síndrome de Zollinger-Ellison
❖ Doença de Whipple
Dor epigástrica: ❖ Doença celíaca – scalloping, cobblestones,
Visceral – plexo solar (tronco celíaco) pregas serrilhadas da mucosa, atrogia.
• Dor parietal: ponto de McBurney, p. ex.
(apêndice)
INDICAÇÕES DE EDA
• Dor referida: angina mesentérica (na digestão);
esôfago (apêndice xifoide); estômago e ➢ Dispepsia
duodeno (epigástrio e rebordo costal E); vias ➢ Disfagia/Odinofagia
biliares (R.C.D).
➢ DRGE
➢ Sinais de alerta (sangramento,emagrecimento)
OBS: IAM esquerdo de parede inferior e dissecção ➢ Doença celíaca (2º porção duodeno)
aórtica também podem gerar dor epigástrica. ➢ Sangramento de origem obscura
OBS 2: Sombra acústica no USG → cálculo biliar! ➢ Vômito persistente de origem desconhecida
OBS 3: Erosão (não passa da muscular da mucosa) x
➢ Síndrome de má absorção intestinal
Úlcera (atravessa os planos). ➢ Confirmação de lesões diagnósticas (CA)
➢ Sintomas respiratórios por DRGE (tosse
ÚLCERA → ativa, healing, score (classificação de sakita). crônica, dispneia, pneumonia de repetição)
• Ritmos de Moynihan ➢ Hemorragia digestiva
o 3T (úlcera gástrica): dói → come → ➢ Lesões pré-malignas (Barret, polipose)
passa! ➢ Pós gastrectomia por CA
o 4T (úlcera duodenal): não dói →
come → dói → passa! Relativo: Histórico familiar de CA, H. pylori (diagnóstico
e controle), retirada de corpo estranho, etc.
Dor pancreática:
• Dor epigástrica, alta intensidade, em faixa, Procedimentos Terapêuticos:
irradia pro dorso (órgão retroperitoneal). ➢ Esclerose de varizes esofágicas
• Torna-se uma doença sistêmica! (P. Crônica). ➢ Ligadura “ “
Exame: Colangiografia. ➢ Clipagem de cotos vasculares ou riscos de
perfuração
Dor anorretal: ➢ Muconectomia de CA precoce
• Linha pectínea = criptas e papilas anais ➢ Dilatações de lesões benignas/malignas
• Proctalgia fugax = dor disfuncional ➢ Locação de songas (ex: naso-jejunal)
• Fístulas anorretais = pesquisa de DC ➢ Gastrostomia
➢ Balão intragástrico
➢ Diverticulite de Zenker

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