Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Doença celíaca – Intolerância à lactose – Doença de Crohn – Retocolite ulcerativa – Colites microscópicas –
CCR
Diarreia crônica
Alteração persistente da consistência e frequência das evacuações por >
4 semanas de duração.
• Se paciente evacua várias vezes por dia naturalmente, não é diarreia.
• Escala de fezes de Bristol: tipo 6 e 7 são diarreia. 3 a 5: normal. 1 e 2:
constipação.
Fisiopatogênese
4 diferentes tipos; podem se sobrepor.
• Osmótica: caracterizada pela retenção de líquidos dentro do lúmen
intestinal devido à presença de solutos osmoticamente ativos não
absorvidos – cessa com jejum.
As bactérias presentes no lúmen fermentam esses alimentos, gerando
distensão abdominal, gases.
Ex: shoyo – muito salgado; doença disabsortiva (pancreatite, doença
celíaca, intolerância a lactose).
• Secretora: caracterizada pelo aumento da secreção intestinal de água
e eletrólitos (Cl- e HCO3). Geralmente por patógenos. Causa maior
volume fecal. A desidratação ocorre rapidamente.
• Invasiva/inflamatória: ocorre lesão da célula epitelial do intestino,
impedindo a absorção de nutrientes. Também pode ter um mecanismo secretor.
• Motora: aumento da motilidade e redução do tempo de contato com as células absortivas; OU lentificação do
trânsito intestinal, gerando supercrescimento bacteriano e desconjugação dos sais biliares.
ALTA X BAIXA
ALTA – intestino delgado BAIXA – cólon
• Grande volume • Maior número de evacuações
• Grande teor de líquido aparente • Pequena quantidade de fezes
• Frequência moderada • Frequentemente contendo muco, pus ou
• Ocasionalmente restos de alimentos sangue
normalmente digeríveis ou presença de • Acompanhadas de puxo/tenesmo, urgência
gordura retal
DOENÇA CELÍACA
É uma intolerância permanente ao glúten caracterizada
por atrofia total ou subtotal da mucosa do intestino
delgado e consequente má-absorção de alimentos em
indivíduos geneticamente suscetíveis.
Susceptibilidade ao glúten não celíaca: paciente com
sensibilidade ao glúten, mas não tem diagnóstico de doença
celíaca.
Quadro clínico
Clássica
• Diarreia crônica – osmótica
• Distensão
• Má-absorção (sintomas após semanas-meses)
Deficiência vitamínica
Desnutrição
• Perda de peso
• Redução tecido celular subcutâneo, atrofia glútea
• Anemia
Não clássica
• Manifestações mais tardias e não típicas – não • Infertilidade – deficiência vitamínica
levam paciente a procurar o gastro • Constipação intestinal crônica
• Artralgias e artrites • Dispepsia
• Osteoporose • Baixa estatura
• Hipoplasia do esmalte dentário
Assintomática
• Alterações sorológicas e histológicas da mucosa do delgado
DIAGNÓSTICO
Sorologia positiva E biópsia positiva
• Marcadores sorológicos
Anticorpo antitransglutaminase (IgA)
Anticorpo antiendomísio (IgA)
Dosagem de IgA total para afastar deficiência seletiva de IgA – deficiência de IgA causa falso positivo do
antitransglutaminase.
• Biópsia duodenal – padrão ouro
• Todo familiar de primeiro grau de paciente celíaco deve ser rastreado para doença celíaca.
Sorologia ou biópsia: se um vem negativo, já descarta a doença.
Importante esse rastreio, pois familiares podem ser assintomáticos ou ter sintomas inespecíficos –
problema do celíaco que continua ingerindo glúten: mucosa inflamada que não absorve, atrofia e displasia
(linfoma duodenal).
Aspecto do bulbo duodenal de um celíaco:
Mucosa granular
- Ilhas mais altas: partes da mucosa que foram poupadas
- Partes mais fundas: áreas atróficas
São características endoscópicas sugestivas de DC, mas quem bate o
martelo é o patologista.
Histopatológico
Patologista analisa e faz contagem do score de Marsh
• Tipos 2 e 3 (a,b,c) definem diagnóstico de celíaco.
Condições associadas
• Dermatite herpetiforme
Lesões pustulosas similares a herpes. Não seguem dermato como herpes.
• Doenças auto imunes: tireoide, diabetes, alopecia areata, artrite juvenil
• Deficiência de IgA
• Síndrome de Down, Turner
Sem glúten
• Milho • Amaranto
• Arroz • Quinoa
• Painço • Trigo sarraceno
• Leguminosas • Batatas
Fisiopatologia
Em condições normais, há homeostase das células epiteliais com a flora bacteriana e o sistema imune. Quando há quebra
dessa homeostase em um indivíduo com fatores ambientais + susceptibilidade genética, pode causar um estado crônico de
inflamação = doença inflamatória intestinal.
Os antígenos da dieta/bactérias entram na mucosa devido a uma falha de barreira. Esse antígeno chega em células
dendríticas (apresentadoras de antígenos), estimulando resposta celular – estimula linfócitos T – estimula toda cascata
inflamatória: TNF, IL-1, IL-6.
Retocolite ulcerativa
• Doença inflamatória intestinal crônica.
• Episódios recorrentes de inflamação (predominantemente na camada mucosa do cólon).
• Padrão contínuo
Não há áreas poupadas entre as áreas acometidas.
• Circunferencial e ascendente
Começa no reto e sobe pelo cólon
• Casos graves: aproximadamente 9% do total
Quadro clínico
• Hematoquezia (90%)
• Muco/pus nas fezes
• Dor abdominal – cólica
• Tenesmo, urgência evacuatória
• Graves: febre, anemia, emagrecimento – casos mais graves
Classificação segundo a extensão – Classificação de Montreal
• Proctite: acomete só reto
Sintomas: sangramento retal, tenesmo, urgência evacuatória.
60%
• Colite esquerda: vai até a flexura esplênica
Sintomas: sintomas de proctite + diarreia e dor abdominal em cólica
16 a 45%
• Pancolite/colite extensa: acomete todo o cólon
Sintomas constitucionais: febre, mal estar
15 a 35%
Pode ocorrer ileíte de refluxo (10 a 20%) – refluxo do conteúdo do ceco para as porções finais do íleo.
Essa classificação deve ser feita na 1ª colonoscopia (índice).
O tratamento clínico pode modificar a apresentação.
Pode passar a ter áreas salteadas e mesmo assim
continuar a ser retocolite.
Diagnóstico
• Achados laboratoriais + colonoscopia + exames de
imagem.
• Nenhum é patognomônico.
Exames laboratoriais
• Hemograma • Erosões superficiais
• PCR/VHS • Acometimento contínuo, circunferencial e
• Calprotectina fecal: medida inflamatória – ascendente
diagnóstico e acompanhamento. Boa correlação • Obrigatório biópsia!
com a histologia da doença: quando está baixa, • Pseudopólipos: cicatrizes semelhante a pólipos
possivelmente a mucosa está melhor.
• Fosfatase alcalina (FA): pacientes com suspeita Histopatológico
de retocolite, é obrigatório pesquisar colangite • Criptas distorcidas
esclerosante primária (CEP). • Criptite: inflamação criptas
• Toxina A e B nas fezes: Clostridium difficile • Abscessos das criptas: casos mais avançados
• Cultura de fezes • Limitado à mucosa!
• PPF Imagem
Endoscopia • Espessamento parietal
• Edema • Perda das haustrações
• Enantema (avermelhado) • Linfonodomegalia reacional
Complicações
Sangramento Perfuração
• 10% dos casos – profusos • Associado a megacólon tóxico (5%)
CA de cólon
• Até 30%
• Maior risco:
Maior tempo de duração (tempo com sintomas) e extensão (critérios endoscópicos e histológicos) da doença
História familiar de CCR/ pessoal de displasia (<5 anos)
Início da doença em idade precoce
Ileíte de refluxo, estenoses (RCU)
CEP
Estenoses na RCU são malignas até que se prove o contrário! RCU geralmente só acomete mucosa!
Megacólon tóxico
Quadro clínico agudo grave
• 5% dos pacientes com colite grave evoluem para megacólon tóxico
• Fatores de risco:
Distúrbios hidroeletrolíticos
Uso de AINEs
Anti-diarreicos
Opióides
Preparo do cólon (colonoscopia)
Diagnóstico
• Evidência radiográfica de dilatação do cólon
Dilatação do cólon direito ou transverso > 6cm
• Pelo menos três dos seguintes itens:
Febre maior que 38°C
Taquicardia > 120bpm
Leucocitose > 10.500
Anemia
• Além dos critérios acima, pelo menos um dos seguintes itens:
Desidratação
Alteração do nível de consciência
Hipotensão
Distúrbios hidroeletrolíticos
Tratamento clínico
• Eficaz em 50%
• Suporte: hidratação venosa, correção distúrbios hidroeletrolíticos, transfusão de necessário
• Antibióticos para evitar translocação bacteriana, corticoide e imunossupressores para controle da RCU.
• Associar vancomicina VO até resultado da toxina do Clostridium
Tratamento cirúrgico
• Colectomia total: “Save the patient, not the colon.”
• Indicações absolutas: perfuração, sangramento intenso refratário, piora dos sinais de toxicidade, progressão da
dilatação do cólon.
• A intervenção precoce é associada a menor morbidade e mortalidade: distensão do cólon persistente após 24-48
horas do tratamento clínico. Não postergar!
DOENÇA DE CROHN
Doença inflamatória intestinal crônica
• Episódios recorrentes de inflamação (transmural)
• Pode acometer qualquer local: da boca até o ânus
• Localizações
Delgado + cólon: 40 a 55% - mais comum
Apenas delgado: 30 a 40%
Apenas cólon: 15 a 25%
Diagnóstico
Exames laboratoriais
• Hemograma • Toxinas A e B (C. difficile)
• PCR • Cultura de fezes
• Calprotectina fecal • PPF
Endoscopico
• Ulcerações profundas • Úlceras serpinginosas
• Acometimento irregular e salteado • Padrão clássico em “pedra de calçamento”
• Erosões mais superficiais a úlceras profundas
Histopatológico
• Granulomas epiteloides – não caseosos
• Inflamação transmural
Imagem
• Fístulas
Pode ser intestino-intestino, intestino-vagina, intestino-pele
• Abscessos
• Estenoses
DII – Rastreamento CCR
Para quem indicar?
• RCU padrão colite esquerda ou pancolite
• DC envolvendo > 1/3 da extensão do cólon
Quando iniciar?
• Após 8 anos do início dos sintomas – não após ser
diagnosticado.
• Ou quando é diagnosticado com CEP
Como é feita?
• Colonoscopia com cromoendoscopia (azul de
metileno 0,1% ou índigo carmin 0,03-0,5%) ou
• Colonoscopia com biópsias aleatórias de 4 quadrantes
a cada 10 cm do ceco ao reto (pancolite) – mínimo de
33 fragmentos. Anual!
Complicações Crohn
• Fístulas • Megacólon tóxico: mais comum na RCUI
• Estenoses: sub-oclusão ou oclusão intestinal • Perfuração: 3%
• Abcessos: perianais ou intra-abdominais • Câncer colorretal: 0,4-0,8% ao ano
• Hemorragia maciça: raro na DC, mais comum na
RCUI
Diagnóstico diferencial
• São muitos! Importante se ater a
anamnese para investigação.
DII – TRATAMENTO
• Medidas gerais: correção da anemia, DHE Objetivos do tratamento
• Suporte emocional: antidepressivos/ansiolíticos • Melhora clínica
• Suporte nutricional: suplementação vitamínica • Remissão
• AINEs: contra indicar! • Desmame do corticoide
• Tratamento específico: conforme doença • Manutenção da remissão
• Cicatrização endoscópica e tecidual (histológica)
O tratamento varia de acordo com:
• Tipo de doença
• Grau de atividade da doença
• Localização e comportamento da doença
• Sempre deve ser discutido com o paciente
Quadro clínico
• Diarreia crônica* aquosa, não sanguinolenta,
noturna
Em alguns casos o paciente tem períodos de diarreia, “surtos” de diarreia
Média 4 a 9 evacuações/dia
Urgência fecal (70%) e incontinência fecal (50%) – acomete idosos e tem característica líquida
Episódios noturnos (50%)
• Dor abdominal (50%)
• Perda de peso
• Sintomas extra-intestinais (artralgia, artrite, uveíte) podem ocorrer – não é comum
Diagnóstico
• Biópsias
Cólon direito, esquerdo e reto
Apesar de não acometer o reto, é importante biopsiar para comparar com as outras áreas atingidas
Encontra-se inflamação na lâmina própria, aumento de linfócitos/células plasmáticas + lesão epitelial
Colite colagenosa: espessamento camada colágeno
Colite linfocítica: aumento de linfócitos na mucosa
Diagnóstico diferencial
• Doença celíaca • Hipertireoidismo
• Crohn, RCU • Síndrome carcionoide
• SII • Anamnese detalhada!
• CCR
Tratamento
Objetivo: remissão clínica (<3 evacuações por dia, sem diarreia aquosa)
• Retirar potenciais medicações implicadas:
Mudar classe de antidepressivo, retirar IBP ou mudar classe
• Antidiarreicos (loperamida) – Imosec: reduz motilidade e número de evacuações
• Budesonida (9mg/dia por mínimo de 6 a 8 semanas)
Descalonar o corticoide para retirarada
Pra quem é indicado corticoide
Doença ativa (>3 evacuações/dia ou >1 evacuação aquosa/dia) ou
Diarreia persistente mesmo após antidiarreico
• Prednisona não é usada! Menor resposta clínica, mais efeito adverso, maior recaída
• Refratários: cholestyramine (4g 6/6horas) – quelante de sais biliares ou subsalicilato de bismuto (3x 262mg 8/8h)
• Recidivas são comuns – 30 a 60%
CÂNCER COLORRETAL
Epidemiologia
• Brasil: curva ascendente nos pacientes acima de 50 anos, e crescente nos pacientes com menos de 50 anos
• 3º mais frequente em homens; 2º mais frequente em mulheres
Rastreamento x diagnóstico
Evitar que paciente tenha câncer x tratar precocemente o câncer
Quadro clínico – depende da localização
• Lado esquerdo
Calibre menor: obstrução intestinal, causando dor e dificuldades para evacuar
• Lado direito
Calibre maior: diarreia, sangue nas fezes, perda de peso, fraqueza
Diagnóstico
• Colonoscopia
• Biópsia
Rastreamento (screening)
• Colonoscopia – maior sensibilidade para evitar CCR
• FIT (teste imuno-histoquímico fecal)
• FIT DNA – mais específico
• Retosigmoidoscopia
• Sangue oculto nas fezes – mais utilizado nas fezes. Menos específico, se tem hemoglobina de boi nas fezes, o
exame não diferencia.
Recomendação da sociedade Americana
• Término
75 anos ou sobrevida < 10 anos (para quem
tem screening prévio negativo)
85 anos (para quem não fez screening) –
avaliar individualmente.