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AULA DE DOENÇAS DO TGI

INFERIOR E CÂNCER
LIDIANA SOUSA CASTRO
DIARREIA
• A OMS define diarreia como a eliminação de 3
ou mais fezes amolecidas ou líquidas por dia.
TIPOS DE DIARREIA
DIARREIA OSMÓTICA DIARREIA SECRETORA
– Presença de agentes osmóticos – Secreção ativa de cloro
que não podem ser absorvidos – estimulada por muitos
mas podem ser metabolizados agentes.
pelas bactérias. – Esses agentes exercem sua
– Agentes: laxantes, antiácidos a ação por meio de
base de magnésio, alimentos mediadores intracelulares
ricos em açúcar, sorbitol, manitol, (AMPc) que estimulam a
lactulose, drogas como secreção ativa de cloro pelas
colchicina, colestiramina. criptas e inibem a absorção
– Doenças que levam a má de NaCl.
absorção e o aumento de – Agentes: laxantes, drogas
agentes osmóticos na luz como diuréticos, agentes
intestinal – doenças de má- colinérgicos, toxinas
absorção congênitas. bacterianas, vírus, alergias
– Síndrome de Dumping intestinais, tumores
 Cessam com o jejum
estimuladores de hormônios.
 Persiste com o jejum
TIPOS DE DIARREIA
DIARREIA EXSUDATIVA DIARREIA MOTORA
– Ocorre quando a mucosa – Quando a motilidade do
intestinal é agredida e intestino delgado está
determina a liberação de acelerada.
mediadores inflamatórios com – Assim o contato do nutriente
consequente secreção com o enterócito é menor,
intestinal. diminuindo sua absorção.
– Essa resposta visa expulsar Além disso há uma
antígenos e microorganismos sobrecarga de líquidos no
do intestino, embora também cólon
determine atrofia das – Síndrome do cólon irritável,
vilosidades. neuropatia diabética,
– Infecções, DII, DC, reações de estados pós-cirúrgicos como
hipersensibilidade (alergia, pós vagotomia ou
celíaca), quimioterapia e ressecções gástricas e
radioterapia. intestinais.
 Persiste com o jejum – Cessam com o jejum
TIPOS DE DIARREIA
• mudança do hábito intestinal de início abrupto
e duração de poucos dias (inferior a 10 dias). Há
aumento no teor de água e eletrólitos nas fezes,
Aguda: associado ou não a um aumento do número de
evacuações em 24 horas, contendo ou não
sangue, muco e pus.

• quando o episódio dura mais de duas semanas


ou as características recidivam depois da crise
Crônica: inicial. Aqui há um processo de má digestão e
absorção, bem como perda de nutrientes em
graus variáveis.
DIARREIA ASSOCIADA A ANTIBIÓTICOS

Ação direta na função do TGI

• aumenta a motilidade
• aumenta as secreções do TGI

Matam as bactérias intestinais – reduz os subprodutos da


fermentação bacteriana e a absorção de eletrólitos e água.

Permitem a proliferação de microrganismos patogênicos


(Clostridium difficile) que normalmente são suprimidos por
microrganismos competitivos.
• Clostridium difficile – colite, diarreia, intensão dilatação do cólon,
perfuração da parede intestinal, peritonite.
TRATAMENTO CLÍNICO

• Tratar a causa da diarreia


• Reposição hídrica e hidroeletrolítica
• Solução de reidratação oral
• Suplementação com probióticos mostra-se
promissora para prevenir DAA.
• TMF – transplante de microbiota fecal
• Simbióticos – combinação de probiótico e
prebiótico
TRATAMENTO NUTRICIONAL
– Reposição hidroeletrolítica
– Evitar alimentos laxantes e flatulentos (ricos em fibras,
açúcares, gorduras...)
– Evitar alimentos fermentativos (açúcares e leite –  lactase)
– Alimentos constipantes: arroz, batata, banana-prata e banana-
maçã, biscoito salgado, caju, farinhas refinadas, goiaba, maçã
sem casca, pão de forma, inhame, limão, pera, polvilho
– Fibra solúvel traz viscosidade e proporciona estimulo a
produção de AGCC – introdução aos poucos (pectinas – maçã,
cascas frutas; gomas – aveia; banana, inulina, massas)
– Evitar alimentos fontes de fibras insolúveis
– Probiótico – equilíbrio da microbiota intestinal
– Glutamina – recuperação da mucosa
– TCM – facilita absorção
– W-3 – anti-inflamatório
CONSTIPAÇÃO
• Definição: dificuldade de defecação
caracterizada por frequência ou dizquezia
(evacuações dolorosas, com fezes duras ou
incompletas).
• Classificação
• Primária
– De trânsito normal – CONSTIPAÇÃO FUNCIONAL
– Com trânsito lento
– Disfunção anorretal
• Secundária
CONSTIPAÇÃO FUNCIONAL
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS ROMA III
• Critérios preenchidos para os últimos três meses, com início
dos sintomas pelo menos seis meses antes do diagnóstico

• 1. Obrigatório incluir dois ou mais dos seguintes:


– Esforço na evacuação durante pelo menos 25% das defecações
– Fezes granulosas ou duras em pelo menos 25% das defecações
– Sensação de evacuação incompleta em pelo menos 25% das
defecações
– Manobras manuais para facilitar pelo menos 25% das defecações
(evacuação digital, sustentação do assoalho pélvico)

• 2. Fezes soltas raramente presentes sem o uso de laxativos

• 3. critérios insuficientes para a síndrome do intestino irritável


(ou seja, a dor não é sintoma predominante)
CAUSAS DE CONSTIPAÇÃO
• Estilo de vida e dieta • Doenças neurológicas
– Falta de fibras – Esclerose lateral amiotrófica
– Ingestão baixa de energia e líquidos – Esclerose múltipla
– Suplementos de ferro e cálcio – Distrofia muscular
– Falta de exercícios
– Doença de Parkinson e cerebrovascular
– Imobilidade
– Uso abusivo de laxantes – Ataxia de Friedreich
– Adiamento da urgência de defecar – Paralisia cerebral e trauma cerebral
– Para ou tetraplegia
• Transtornos do Assoalho Pélvico – Lesão da medula espinhal
– Gestação
– Defecação dissinérgica • Uso crônico de opiáceos
– Pacientes oncológicos, com dor crônica
e síndrome do intestino dos narcóticos
• Transtornos de Dismotilidade
– Pseudo-obstrução intestinal crônica
– Hipotireoidismo • Outros Transtornos
– Inércia colônica – Doença do TGI alto
– Gastroparesia
– Doença de Hirschsprung
– Doenças do intestino grosso (falta de
propulsão ao longo do cólon;
– Doenças de Chagas
malformações anorretais ou obstrução
– Anormalidades metabólicas e endócrinas, da saída; síndrome do intestino
como diabetes
irritável; fissura anal.
TRATAMENTO NUTRICIONAL
• Aumentar o consumo de fibras
– 14g de fibras dietéticas por 1000Kcal ou 25g para
mulheres e 38g para homens

• Aumentar ingestão de líquidos (2 litros por dia)


• Fazer atividade física
• Considerar a urgência de defecar.
TRATAMENTO NUTRICIONAL
Uso de caldo de ameixa preta -> possui ácido
deiidroxifenilisatin.

Azeite -> é absorvido lentamente no íleo , tendo


ação estimulante sobre a peristalse.
• estimula a secreção de CCK promovendo a contração da vesícula
biliar e eliminação da bile, o que estimula a peristalse.

Vitamina B1 e potássio: estimulam a função tônica


do intestino e a excitabilidade do parassimpático.

Frutas cruas laxantes: ricas em ácidos orgânicos que


estimulam a peristalse.
INTOLERÂNCIA A LACTOSE
INTOLERÂNCIA A LACTOSE
DIAGNÓSTICO
• Teste respiratório do hidrogênio anormal
– Expiração de hidrogênio pelos pulmões
provenientes da fermentação da lactose no cólon

• Teste de tolerância à lactose anormal


– A glicemia não se eleva após o consumo de lactose

Lactase GLICOSE
LACTOSE ↑GLICEMIA
Insuficiência de Lactase
GALACTOSE
Glicemia é
mantida INTOLERÂNCIA A LACTOSE
TRATAMENTO NUTRICIONAL
• Redução ou exclusão no
consumo de alimentos que
contêm lactose.
• Produtos com leite fermentado
(queijos envelhecidos,
iogurtes) são bem tolerados
porque seu conteúdo de
lactose é baixo.
• Pode haver necessidade de
suplementação com cálcio e de
vitamina D

• A enzima lactase está


disponível para aqueles que
digerem mal a lactose.
DOENÇA CELÍACA
• É uma doença sistêmica imunomediada que ocorre em
indivíduos geneticamente predispostos, expostos ao glúten
e às prolaminas relacionadas, e a outros fatores
ambientais.

• Prolaminas
– Trigo – gliadina Tóxicas ao
– Centeio – secalina paciente com
– Cevada – hordeína doença celíaca
– Aveia – avenina

• Caracterização da doença celíaca


– Manifestações clínicas após consumo do glúten
– Anticorpos específicos HLA-DQ2 e/ou HLA-DQ8 (na ausência
desses genes é improvável que a doença ocorra)
– Enteropatia
DOENÇA CELÍACA

Células
Glúten Enzima Resposta
transglutaminase
apresentadoras
parcialmente imunológica com
presente no de antígeno HLA-
aumento de
digerido em enterócito promove DQ2 ou DQ8
citocinas e dano
desamidação da apresentam a
fragmentos de gliadina aumentando na mucosa
gliadina para os
gliadina. sua imunogenicidade.
linfócitos T CD4+
intestinal
DOENÇA CELÍACA
SINTOMAS GASTRINTESTINAIS SINTOMAS EXTRAINTESTINAIS

Diarreia Anemia ferropriva


Vômitos Anemia por deficiência de B9 e B12
Baixa estatura
Distensão abdominal Redução densidade óssea
Flatulência Retardo do desenvolvimento puberal
Dor abdominal Hipoplasia do esmalte dentário
Constipação Aumento de enzimas hepáticas
Estomatite
Irritabilidade e fadiga
DIAGNÓSTICO Artralgia e artrites
Combinação de achados clínicos, sorológicos e Abortos de repetição
histológicos. Infertilidade e irregularidade menstrual
Padrão de referência para o diagnóstico Manifestações psiquiátricas
consiste na biópsia de intestino delgado Ataxia, neuropatia e epilepsia
Testes sorológicos: anti-endomísico IgA, anti-
transglutaminase, anti-gliadina
TRATAMENTO NUTRICIONAL
• Retirada do glúten da dieta de modo
completo e permanente.
• Segundo Codex Alimentarius – produto
industrializado “gluten free”
(quantidade de glúten não pode
exceder 20mg/Kg).

• A toxicidade da aveia está relacionada


com a contaminação da aveia com o
trigo, e não que a aveia propriamente
dita seja tóxica. Deve-se excluir a aveia
da dieta até que sua pureza seja
garantida.
• Exclusão do malte, subproduto da
cevada.
TRATAMENTO NUTRICIONAL
• Alimentos permitidos: arroz, grãos (feijão,
lentilha, soja, ervilha, grão de bico), óleo, azeite,
vegetais, hortaliças, frutas, tubérculos (batata,
mandioca, cará, inhame), ovos, carnes (bovina,
suína, peixes e aves), leite e derivados.

• Farinhas substitutas: farinha de milho, amido de


milho, fubá, farinha de arroz, fécula de batata,
farinha de mandioca, polvilho, tapioca, milete,
quinoa e amaranto. Trigo sarraceno não contém
glúten, mas pode estar contaminado com
glúten.
TRATAMENTO NUTRICIONAL
• Complicações não malignas – osteoporose, doenças
autoimunes, esterilidade, distúrbios neurológicos e
psiquiátricos
• Complicações malignas – linfoma, carcinoma de
esôfago e faringe, adenocarcinoma de intestino
delgado.

• Essas complicações estão


associadas com a não obediência
a dieta sem glúten. É extremamente
importante a dieta isenta de glúten
durante toda a vida.
SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL

Ocorre desconforto abdominal sem explicação ou dor associada a


alterações do hábito intestinal.

É um transtorno funcional porque o exames não mostram


anormalidades e o diagnóstico depende dos sintomas. Sintomas
comuns: gases, distensão abdominal, diarreia e constipação.

Condições psicológicas como depressão e ansiedade são quase sempre


observadas nesses pacientes. Não está claro que o estresse inicia a SII,
mas ele pode desencadear ou exacerbar os sintomas na SII.

Alimentos contendo carboidratos altamente fermentáveis (FODMAPs)


na presença de bactérias do intestino realmente exacerbam os
sintomas da SII.
SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL

Critérios Roma III para SII


• Os critérios consistem em dor ou desconforto
abdominal recorrente por pelo menos 3 dias
por mês nos últimos 3 meses, com início pelo
menos 6 meses antes do diagnóstico e com dois
ou mais dos seguintes:
– Melhora da dor com a defecação
– Alteração da frequência das evacuações no início
– Alteração do formato ou aspecto das fezes no início
TRATAMENTO NUTRICIONAL
• Particularizar a dieta para o padrão
gastrointestinal específico para cada
paciente.
• Analisar quais os alimentos agravam os
sintomas.

• Grandes refeições e certos alimentos podem ser


pouco tolerados – excesso de lipídeos, cafeína,
lactose, frutose, sorbitol e álcool.

• Embora aumentar a ingestão de fibras seja


componente habitual da terapia inicial, os
pacientes podem ter sintomas contínuos
possivelmente relacionados com o tipo de fibra
consumido.
TRATAMENTO NUTRICIONAL
• Dieta pobre em FODMAPs pode ser terapia efetiva no tratamento
dos sintomas gastrointestinais em pacientes com SII – limita os
alimentos que contém lactose, frutose, fruto-oligossacarídeos,
galacto-oligossacarídeos, polióis ou álcool de açúcares (sorbitol,
xilitol, manitol, isomaltase e maltitol)

• FODMAPs são pouco absorvidos, altamente osmóticos e


rapidamente fermentados pelas bactérias no intestino grosso,
resultando em gases, diarreia, dor nos indivíduos sensíveis.
• Eliminação na dieta por 6 a 8 semanas
• Reintrodução lenta de uma categoria por vez para observar
sintomas e identificar os alimentos mais estimuladores.

• Possíveis deficiências nutricionais com a exclusão de FODMAPs


– Ácido fólico, tiamina e B6 (por limitação de cereais e pães)
– Cálcio e vitamina D (por evitar laticínios)
DOENÇA DIVERTICULAR
• DIVERTICULOSE
– Formação de excrescências em
forma de bolsas (divertículos) no
cólon, devido a herniação da
mucosa e submucosa por conta das
áreas enfraquecidas no músculo.
– Comum em pessoas acima de 50
anos. Normalmente é
assintomático.
• DIVERTICULITE
– É uma complicação da diverticulose
que indica inflamação de um ou
mais divertíuculos.
ETIOLOGIA
Dieta pobre em fibras – reduzem o volume das fezes –
constipação e aumento das pressões intracolônicas – lesão do
cólon induzida por pressão.

Outros estudos mostraram que uma dieta rica em fibras com


evacuações mais frequentes podem estar ligadas ao aumento
na formação de divertículos.

A diminuição da serotonina, leva a diminuição do relaxamento


e aumento dos espasmos da musculutarua do cólon.

Outras associações: obesidade, insuficiência da vitamina D,


falta de exercício, tabagismo e alguns medicamentos como
AINEs.
SINTOMAS
• DIVERTICULOSE
– Assintomática
– Sangramento leve
– Alteração do hábito intestinal
• DIVERTICULITE
– processo inflamatório,
– formação de abscesso,
– sangramento,
– obstrução,
– fístula
– sepse por perfuração do
divertículo.
TRATAMENTO NUTRICIONAL
• DIVERTICULITE
– Ingestão oral reduzida até que os sintomas diminuam –
dependendo da gravidade é indicada nutrição parenteral.
– Dieta via oral pobre em fibras (10 a 15g/dia), com retorno
gradual.

• DIVERTICULOSE
– Dieta rica em fibras e ingestão adequada de líquidos
– Reduz a probabilidade de progressão da doença
– Impede a recorrência de episódios de diverticulite aguda.
– A dieta rica em fibras (25g para mulheres e 38g para
homens) associada a boa hidratação melhora os sintomas
diverticulares, pois promove fezes pastosas que exigem
menor esforço de evacuação.
– O uso de probióticos auxilia no tratamento.
MEGACÓLON CHAGÁSICO
• Ocorre destruição
irreversível de células
ganglionares periféricas do
sistema nervoso
provocando o aparecimento
das dilatações, hipertrofias
e alongamentos que trazem
como conseqüência
distúrbios morfológicos e
funcionais.
• Complicações
– Constipação intestinal
– Fecaloma
– Volvo do sigmóide
– Colite isquêmica
– Úlcera por estase fecal
TRATAMENTO
• O megacólon chagásico tem indicação de tratamento
cirúrgico não só por causa dos sintomas rebeldes de
constipação, mas, também, pelo risco das complicações
comuns e de graves consequências.
• Pré operatório
– Obstrução parcial da luz intestinal – dieta laxante
– Obstrução total da luz intestinal – dieta mínima em resíduos
DII
• Processos inflamatórios crônicos, que acometem o TGI e
cursam de maneira imprevisível;
• Períodos de atividade e remissão;

• Causa não é totalmente compreendida, mas envolve a


interação do sistema imunológico, TGI, fatores genéticos e
ambientais (microbiota do TGI e componentes da dieta)
– Componentes da dieta relacionados ao desenvolvimento das DII:
alta ingestão de sacarose, baixa ingestão de frutas e verduras, de
fibras dietéticas, consumo de carne vermelha e álcool, alteração
na proporção de W6/W3, ingestão insuficiente de vitamina D

- Retocolite Ulcerativa Inespecífica


- Doença de Crohn
RCU DC
• Comprometimento exclusivo • Comprometimento da boca ao
do cólon. ânus;
Aspectos • Lesões contínuas • Lesões segmentares;
• Úlceras superficiais • Úlceras profundas;
Morfológicos • Não aparece em outro local •Após ressecção intestinal, aparece
após ressecção. em outro local

• Inflamação somente na • Inflamação transmural


mucosa e submucosa •Atrofia da mucosa
Aspectos •Atrofia da mucosa • Granulomas frequentes.
•Ausência de granulomas • Não evolui para câncer.
Microscópicos •Pode evoluir para câncer

• Dor no flanco e fossa ilíaca E • Dor periumbilical fossa ilíaca D


• Sangramento retal freqüente • Sangramento retal infrequente
• Diarréia semi-líquida com • Diarréia líquida sem sangue
sangue e muco • Náuseas e vômitos mais
Aspectos • Náuseas e vômitos raros frequentes
•Tenesmo freqüente • Tenesmo raro
Clínicos • Mal estar e febre (menos • Presença de mal estar, febre e
comum) anorexia
•Fístulas e estenoses incomuns • Fístulas e estenoses comuns
COMPLICAÇÕES DAS DIIs
• ↓reabsorção entero hepática de sais biliares:
colelitíase
– Diarreia colerética
• Menor absorção da vitamina B12 – íleo
comprometido ou ressecção cirúrgica; separação
do FI da B12
• Maior absorção de oxalato associado a menor
absorção de cálcio
– Nefrolitíase e doenças ósseas
• Fístulas digestivas
• Síndrome do intestino curto
• Obstrução intestinal – necessidade de ressecção
cirúrgica
• Desnutrição
TRATAMENTO
• Tratamento clínico
– Corticosteróides
– Anti-inflamatórios
– Imunossupressores
– Antibióticos
– Medicamentos anticitocinas

• Tratamento cirúrgico
– Ressecção do intestino que pode resultar na
síndrome do intestino curto.
TRATAMENTO NUTRICIONAL

Realizar testes para intolerâncias alimentares - uso de


alimentos que sejam bem tolerados

Na fase aguda, a ingestão de lactose, frutose ou sorbitol


contribui para piora das cólicas abdominais, gases e
diarreia e alta ingestão de gorduras pode resultar em
esteatorreia.

Suplemento multivitamínico contendo ácido fólico, B12 e


B6. Suplemento de cálcio e vitamina D no caso de uso
intermitente de corticosteroides. Suplementação com W3
TRATAMENTO NUTRICIONAL
• Uso de TCM (adiciona energia e serve de veículo
para alguns nutrientes) em casos em que esteja
ocorrendo má absorção de lipídeos
• Considere o uso de prebióticos e probióticos
• Modificar a ingestão de fibras, conforme
necessário.
– Pacientes com estenose se beneficiam de uma redução
de fibras na dieta
• Recomendado 1,3 a 1,5g PTN/Kg peso – manter o
balanço nitrogenado.
• Fórmula enteral oral (alimentação por sonda, se
necessário). Nutrição parenteral em pacientes com
doença grave ou obstrução.
SÍNDROME DO INTESTINO CURTO
• Definida como a capacidade absortiva inadequada
decorrente da redução do comprimento ou diminuição
do intestino funcional depois de ressecção.
– 100 a 120cm de intestino delgado sem cólon
– 50cm de intestino delgado permanecendo o cólon
• Ocorre uma incapacidade de manter a nutrição e a
hidratação com ingestão normal de líquidos e alimentos
independentemente do comprimento do intestino
SÍNDROME DO INTESTINO CURTO
• ETIOLOGIA • CARACTERÍSTICAS
• Oclusão vascular mesentérica • Diarreia
• Doença de Crohn • Esteatorreia
• Complicações de • Perda de peso
procedimentos cirúrgicos • Desidratação
abdominais • Desnutrição
• Neoplasias malignas • Má absorção de
• Distúrbios da motilidade macronutrientes, vitaminas,
• Traumatismos abdominais líquidos, eletrólitos e
• Volvos oligoelementos
• Enterite actínica • Hipovolemia
• Fístulas intestinais múltiplas • Hipoalbuminemia
• Acidose metabólica
ADAPTAÇÕES INTESTINAIS
• Alterações estruturais Alterações funcionais
– 48 horas após a remoção - Aumento na absorção de
intestinal:
nutrientes e líquidos
– hiperplasia e alongamento
das vilosidades e criptas e - Aumento na atividade
hipertrofia, para a captação enzimática da borda em
de maior quantidade de escova.
nutrientes, por unidade de - Diminuição da motilidade
comprimento de intestino
delgado. intestinal
COMPLICAÇÕES
• Desnutrição
• Hipersecreção gástrica
• Nefrolitíase
• Colelitíase
• Distúrbios da função hepática
• Acidose láctica
• Diminuição das dissacaridases
• Hipercrescimento bacteriano
• Distúrbio hidroeletrolítico
FASE PÓS OPERATÓRIA IMEDIATA

7 a 10 dias – necessidade de nutrição parenteral.


Calorias:20 a 35Kcal (suficiente para adultos saudáveis);

Aminoácidos: 1a1,5g/Kgpeso e Carboidratos: > ou = 7


g/Kg/d.

Lipídeos: devem ser limitados a 1,0g/Kg peso.

• Para prevenir a deficiência de ácido graxo essencial, cerca de 1 a 2% do


total de calorias deve vir de ácido linoleico e 0,5% de ácido–linolênico.
FASE DE ADAPTAÇÃO

Transição da NP para TNE, (quando diarreia for


menor que 2l/d, o estado de hidratação e eletrólitos
estiverem estáveis e o TGI funcionante.

É recomendado o uso de dieta poliméricas que


possuem melhor osmolaridade que as oligoméricas
e monoméricas.

Energia: 30 a 40Kcal/KgPI/dia (dobrar a


recomendação para os pacientes que perderam 50%
ou mais do intestino) / Proteínas: 1,5 a 2g/Kg/dia
FASE DE REINTRODUÇÃO ORAL

Na presença do cólon: dieta rica em carboidratos complexos e fibras solúveis, que


podem ser fonte alternativa de energia com AGCC.

Dieta deve ser reduzida em gordura e pode suplementar TCM (aumenta a oferta
energética e serve de veículo para nutrientes lipossolúveis.

Dietas ricas em açúcar (carboidratos simples): podem causar diarreia osmótica.


Lactose e sacarose: devem ter retorno gradual. A ingestão de oxalato deve ser
restrita (chá, chocolate, morango, beterraba, castanha e nozes).

Considera se o valor energético ideal compensar as perdas oriundas da má


absorção intestinal, 60Kcal/Kg de peso atual/dia. Anecessidade proteica por via
digestiva pode variar de 1,5 a 3,0g Kg de peso atual por dia.
FASE TARDIA
SE VIA ORAL FOR SUFICIENTE PARA ATENDER AS
NECESSIDADES
• Será necessário o uso de suplementos vitamínicos e minerais
• Fracionamento adequado (6 a 8 refeições/d) , rico em fibras
solúveis.

SE HOUVER NECESSIDADE DE ENTERAL OU


PARENTERAL
• Enteral: deve ser realizado ostomia para melhor conforto do
paciente,
• Parenteral domiciliar deve-se optar pela forma cíclica, onde
esta é administrada durante a noite para melhor qualidade de
vida do paciente.
COLOSTOMIA

São confeccionadas em
situações em que é
necessário desviar ou
remover o cólon distal, o
reto ou o ânus (pode ser
permanente e temporária)
ILEOSTOMIA
É confeccionada quando é necessário remover ou desviar o
conteúdo fecal de todo o cólon e reto, ou para proteger
uma anastomose colorretal distal, coloanal ou ileoanal.
ILEOSTOMIA
PO imediato
• Dieta hiperproteica e com pouca quantidade de fibras insolúveis
• Manter hidratação adequada, pois nesta fase inicial ocorre expressiva perda hídrica.

Após 6 a 8 semanas
• Dieta deve ser normal com pequena ingestão de fibras solúveis.
• Evitar o consumo de açúcares refinados, fermentativos e flatulentos.
• Pode haver má absorção de gorduras, sais biliares, vitaminas (em especial B12), água
e eletrólitos.

As fezes na ileostomia não possuem odor desagradável, alguns


alimentos como alho, ovo, repolho, queijo, peixe e café podem
causar mau cheiro.
COLOSTOMIA
Pós operatório
• É recomenda o uso de formulações ricas em proteína, energia,
vitaminas e minerais, com quantidade aumentada de sal e aporte
de líquido entre 1 litro a 2litros/dia (entre as refeições).
• Recomenda-se 25 a 30g de fibras (priorizando fibras solúveis)
associada a um consumo adequado de água.

As fezes são de odor desagradável, geralmente são


causadas pela esteatorreia ou bactérias que atua
sobre os alimentos produzindo gases mau cheirosos.
• Alimentos que ajudam a melhorar o odor das fezes: coalhada,
iogurte, suco de amora, suco de laranja, suco de tomate, salsa,
óleo de menta.
CÂNCER
• O câncer é uma enfermidade que se caracteriza pelo
crescimento desordenado de células que podem invadir
tecidos e órgãos adjacentes e/ou espalhar-se para outras
regiões do corpo.

• Sem considerar os casos de câncer de pele não


melanoma, estimam-se 395 mil casos novos de câncer,
204 mil para o sexo masculino e 190 mil para sexo
feminino.
– Em homens, os tipos mais incidentes serão os cânceres de
próstata, pulmão, cólon e reto, estômago e cavidade oral; e,
– Mulheres, os de mama, cólon e reto, colo do útero, pulmão e
glândula tireoide

(INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES


DA SILVA, 2014).
CARCINOGÊNESE
CARCINOGÊNESE
Acontece lentamente, podendo levar vários anos para que uma
célula cancerosa se prolifere e dê origem a um tumor visível.

Determinada pela exposição a agentes cancerígenos, em uma dada


frequência e período de tempo, e pela interação entre eles. Devem
ser consideradas, no entanto, as características individuais, que
facilitam ou dificultam a instalação do dano celular.

Esse processo é composto por três estágios: Iniciação, Promoção,


Progressão
CARCINOGÊNESE

As células se A célula iniciada é Nesse estágio o


transformada em célula
encontram câncer já está
maligna, de forma lenta e
geneticamente gradual. Para que ocorra instalado, evoluindo
alteradas, porém essa transformação, é até o surgimento
necessário um longo e
ainda não é possível das primeiras
continuado contato com o
se detectar um agente cancerígeno manifestações
tumor clinicamente. promotor. clínicas da doença
METÁSTASE
DESNUTRIÇÃO E CÂNCER
• Estudo realizado pelo Serviço de Nutrição do
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes
da Silva em 2013 demonstrou a alta prevalência de
desnutrição de pacientes oncológicos no momento
da internação em Unidades Hospitalares no Brasil.

• PRINCIPAIS CAUSAS
- redução na ingestão calórica e proteica
- aumento da demanda para crescimento do tumor
- alterações metabólicas provocadas pela doença
oncológica e tratamento
A presença do tumor aumenta o
A célula cancerosa utiliza
consumo de glicose. Ocorre aumento
preferencialmente a GLICOSE como
na gliconeogênese hepática, a partir
substrato energético, 10 a 50 vezes
de aminoácidos musculares e o
mais em relação às células normais.
lactato.

Essa reconversão resulta A glicose é degradada até lactato


em um consumo de seis pelas células neoplásicas e o
moléculas de ATP, levando lactato é reconvertido em glicose
a espoliação energética. no fígado – Ciclo de Cori.

Ocorre hiperglicemia devido a intolerância à glicose, resultante do


aumento da resistência à insulina e também por conta da liberação
inadequada de insulina
Depleção dos estoques de Aumento da lipólise e
gordura e ↑ TG, CT e AGLs diminuição da lipogênese:
↓lipase lipoprotéica e ↑lipase
hormônio sensível e liberação
de fatores tumorais lipolíticos .

Fator mobilizador de lipídios (Lipid Mobilizing


Factor - LMF), age no tecido adiposo,
hidrolisando os TGs a AGLs e glicerol, por meio
do aumento intracelular do AMPc, de modo
análogo aos hormônios lipolíticos.
MASSA MUSCULAR
Estimulado por citocinas:
O catabolismo muscular está aumentado para
TNF-α, IL-1B, IL-6, IFN GAMA
fornecer ao organismo aminoácidos para a E PIF
gliconeogênese, com subsequente depleção
da massa muscular esquelética.
A perda de atividade física nos
pacientes caquéticos pode ser
A diminuição da síntese proteica pode outro fator significante na
ser resultante da diminuição da supressão da síntese proteica.
concentração plasmática de insulina e
da sensibilidade do músculo
esquelético à insulina.

A perda de proteína corporal está relacionada ao aumento do nível sérico


do fator indutor de proteólise (Proteolysis Inducing Factor - PIF), capaz de
induzir tanto a degradação como inibir a síntese protéica na musculatura
esquelética.
Fator de Necrose Tumoral (TNF-α)
• causa anorexia, suprimindo centros de saciedade e a síntese
de lipoproteína lípase

Interleucina 1 (IL-1)
• capacidade de iniciar a caquexia, age diretamente sobre
centro de regulação do apetite do SNC, induzindo
saciedade.

Interleucina 6 (IL-6)
• principal citocina envolvida na indução das proteínas de
fase aguda e síntese de fibrinogênio. Tem pequeno efeito
sobre a proteólise muscular, embora seja capaz de estimular
a gliconeogênese no fígado
CAQUEXIA DO CÂNCER
• A caquexia do câncer está presente em 50% dos
pacientes oncológicos e é uma síndrome
caracterizada pela perda progressiva e involuntária
de peso.
• Características clínicas:
– perda de tecido muscular e adiposo,
– anorexia,
– atrofia do tecido musculoesquelético,
– fadiga,
– anemia
– hipoalbuminemia grave, o que, por conseguinte,
provoca piores resultados no tratamento e no desfecho.
CONSEQUÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO

PULMÃO: atelectasias e pneumonias


decorrentes da redução da massa
muscular diafragmática e da redução
dos níveis de concentração de lecitina
nos alvéolos pulmonares.

FÍGADO: provoca edema e atrofia dos


hepatócitos, esteatose hepática,
degeneração mitocondrial e dos
microssomos, e compromete as
funções hepáticas, restringindo a
capacidade de depuração de fármacos
e a síntese de albumina e peptídeos.
CONSEQUÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO
TGI: síndrome de má absorção,
translocação intestinal de micro-
organismos, hipocloridria, diminuição das
enzimas intestinais, perda de gordura e
adelgaçamento da parede intestinal,
atrofia das mucosas gástrica e intestinal,
diminuição das microvilosidades e
diminuição da massa celular do tecido
linfático associado ao intestino.

SISTEMA IMUNE: diminuição na produção


de imunoglobulinas; redução na atividade
do sistema complemento e do número de
linfócitos T e CD4; arrefecimento do poder
bactericida dos neutrófilos, o que propicia
o aumento da susceptibilidade às
infecções de feridas, à sepse abdominal e
à pneumonia pós-operatória.
ASSISTÊNCIA
NUTRICIONAL AO
PACIENTE
ONCOLÓGICO ADULTO
NOS
PERÍODOS PRÉ E PÓS
OPERATÓRIOS
ESTADO NUTRICIONAL X CIRURGIA
ONCOLÓGICA
A desnutrição pré-operatória, aliada à doença maligna,
ao trauma cirúrgico e à resposta metabólica pós-
operatória, pode resultar em várias complicações:
- infecciosas, como a pneumonia e a sepse
- não infecciosas, como as fístulas, além de internação
hospitalar prolongada, que aumenta os custos e o
mal-estar dos pacientes.

O tratamento nutricional inicia muito antes da


cirurgia, com a meta de reduzir complicações
pós-operatórias, tempo de internação,
mortalidade e custos hospitalares.
TRIAGEM NUTRICIONAL
A dieta hiperproteica imunomoduladora,
iniciada antes da cirurgia, pode resultar em
benefícios.

Os pacientes desnutridos ou em risco de desnutrição, candidatos


a cirurgias de grande porte, beneficiam-se com suporte
nutricional por de 5 a 14 dias antes da cirurgia com nível de
evidência A.

A triagem de risco nutricional e a avaliação da condição nutricional devem


ser realizadas dentro das primeiras 48 horas da admissão. As avaliações
realizadas no pré ou no pós-operatório devem ser priorizadas e são os
primeiros passos para prescrever o plano terapêutico do paciente cirúrgico
oncológico.
TRIAGEM NUTRICIONAL
• O Consenso da Sociedade da Norte-Americana de
Cirurgiões, publicado em 2013 (MCCLAVE et al., 2013),
recomenda que a triagem nutricional deva ser realizada
rotineiramente como parte da avaliação pré-operatória
para qualquer paciente candidato à cirurgia de grande
porte.
• Para isso, recomenda a avaliação dos seguintes
parâmetros:
– albumina sérica (risco elevado quando < 3,0 g/dL);
– proteína C reativa (para avaliação inflamatória);
– IMC (risco elevado < 18,5 kg/m2 ou > 40 kg/m2);
– percentual do peso corporal atual em relação ao ideal (risco
elevado < 90%);
– perda de peso corporal em relação ao habitual (risco elevado
para perda > 5% em um mês, 7,5% em três meses e > 10%
em seis meses).
TRIAGEM NUTRICIONAL
TRIAGEM NUTRICIONAL
NECESSIDADES NUTRICIONAIS
A calorimetria indireta é o padrão ouro para determinar o total de
calorias que o paciente necessita.

Avaliar função renal e hepática

Ajustes são necessários na presença de desidratação


ou retenção hídrica
SÍNDROME DA REALIMENTAÇÃO
• Pacientes desnutridos graves também respondem
melhor ao tratamento com uma oferta menor de
calorias para evitar distúrbios metabólicos graves
causados pela síndrome de realimentação.

• Risco de síndrome de realimentação


– história de jejum prolongado,
– perda de peso > 10% ou IMC menor que 18,5
– iniciar com dieta de 5 kcal/kg a 10 kcal/kg ao dia nos
três primeiros dias, evoluindo lentamente, alcançando
de 15 kcal/kg a 20kcal/kg ao dia entre o quarto e
décimo dias, e de 25 kcal/kg a 30 kcal/kg após a
segunda semana, sempre com controle rigoroso de
fósforo, potássio e magnésio.
PÓS OPERATÓRIO

• O paciente deve estar estável


hemodinamicamente e a dieta prescrita deve
estar em concordância com o diagnóstico
nutricional e as particularidades de cada caso,
como a presença de algumas comorbidades
associadas ao diagnóstico oncológico.
TERAPIA NUTRICIONAL

Deve ser realizada uma terapia nutricional preventiva para


os pacientes que serão submetidos à cirurgia de grande
porte.

O último consenso da Sociedade Norte-Americana de


Cirurgiões, publicado em 2013 (MCCLAVE et al., 2013),
orienta que qualquer paciente candidato à cirurgia eletiva,
independente do estado nutricional, deve receber:
• fórmula imunomoduladora contendo arginina, ômega 3, nucleotídeos e
antioxidantes na quantidade de 500 ml a 1.000 ml por cinco a sete dias
antes da operação
• para os pacientes com alto risco nutricional, essa fórmula deve ser
continuada no pós-operatório por cinco a sete dias.
TERAPIA NUTRICIONAL
TERAPIA ENTERAL
• Está indicada quando a via oral for insuficiente, geralmente na
presença de ingestão oral em torno de 60% das necessidades
nutricionais ou quando o paciente não puder utilizar a via oral.
• Quando a enteral for exclusiva, a dieta imunomoduladora pode ser
ofertada na quantidade máxima de 1 l, devendo ser associada outra
formulação para atender às necessidades nutricionais e proteicas.

TERAPIA PARENTERAL
• Quando o paciente não tolerar toda a dieta enteral, a terapia
parenteral será prescrita como suplemento da via enteral.
• O início da parenteral como suplemento deverá ser no terceiro dia
de insucesso da enteral.
• Também deve ser prescrita quando o TGI não puder ser utilizado
(obstrução intestinal, isquemia intestinal, peritonite aguda ou
síndrome do intestino curto, íleo prolongado).
TERAPIA NUTRICIONAL
Os pacientes cirúrgicos eletivos, com esvaziamento gástrico
preservado e sem risco de broncoaspiração, devem ser submetidos à
rotina de abreviação do tempo de jejum pré-operatório para 2 horas.
• Na noite anterior à cirurgia, o paciente deve receber 400 ml de fórmula líquida,
contendo 12,5% de dextrose, e mais 200 ml, 2 horas antes do procedimento
cirúrgico.

PÓS OPERATÓRIO: terapia nutricional deve ser iniciada


precocemente dentro das primeiras 24 horas.

Desmame da TNE: quando conseguir ingerir cerca de 60% das suas


necessidades pela via oral.

Desmame da Parenteral: quando o trato digestório já estiver em


condições de ser utilizado ao menos parcialmente.
ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL AO
PACIENTE ONCOLÓGICO ADULTO
EM TRATAMENTO CLÍNICO
QUIMIOTERAPIA E RADIOTERAPIA
TRIAGEM NUTRICIONAL
Fatores como localização do tumor, perda de peso
involuntária e disfunção do TGI em decorrência dos
tratamentos quimio e radioterápico devem ser considerados
no momento da triagem de risco nutricional.

Tumores de cabeça e pescoço, pulmão, esôfago, fígado,


pâncreas, e também leucemia e sarcoma, são os que
apresentam mais riscos de desnutrição.

Ainda que existam outros métodos, a ASG-PPP é


considerada padrão ouro para avaliação nutricional do
paciente oncológico.
NECESSIDADES NUTRICIONAIS

Vários autores têm descrito um aumento do


gasto energético em pacientes com câncer em
quimio e radioterapia.

De acordo com o guideline de terapia


nutricional para o paciente oncológico da
Espen (2006), recomenda-se de 30 cal/kg a 35
cal/kg ao dia para pacientes em tratamento
ambulatorial e de 20 cal/kg a 25 cal/kg ao dia
para os acamados.
NECESSIDADES NUTRICIONAIS
As necessidades diárias de proteínas para pacientes em radioterapia e/ou
quimioterapia podem variar, dependendo da doença, da programação
terapêutica, do estado nutricional prévio e das complicações presentes.

As DITEN: 1,2 g a 1,5 g de proteína/kg ao dia para os pacientes em estresse


moderado e 2,0 g/kg ao dia para os pacientes em estresse grave.

Guideline da ESPEN (2006): 1,2 g a 2,0 g de proteína/ kg de peso corporal por


dia

Micronutrientes: ofertar duas vezes a ingestão dietética de referência

Os requerimentos hídricos para pacientes em quimio e radioterapia são


semelhantes aos de indivíduos saudáveis: 1,0 ml/kcal ou de 30 ml/kg a 35 ml/kg
de peso.
TERAPIA NUTRICIONAL
A terapia nutricional para o paciente adulto oncológico em
tratamento de quimio e radioterapia é de extrema importância
para prevenir os efeitos deletérios ao estado nutricional que
esses tratamentos podem ocasionar.

A quimioterapia e a radioterapia causam efeitos adversos:

• Toxicidade ao TGI: náuseas, vômitos, mucosite, diarreia,


constipação, alteração no paladar, xerostomia e alteração na
absorção de nutrientes.

Ambos os tratamentos podem acarretar em redução da ingestão


alimentar, além da ocorrência de aversões a alimentos
específicos.
ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL
AO PACIENTE SUBMETIDO A
TRANSPLANTE DE CÉLULASTRONCO
HEMATOPOÉTICAS
ESTADO NUTRICIONAL E
TRANSPLANTE
A perda de peso não intencional é uma condição comum e
frequente no doente com câncer nos diferentes tipos de
transplante.

Apresentam um alto risco para a desnutrição, tanto na fase


pré quanto na pós-transplante, e a alteração do estado
nutricional pré-transplante é um fator prognóstico negativo
para a evolução desses pacientes.

A avaliação nutricional prévia também contribui para o


sucesso pós-transplante, como a reconstituição imunológica
e da medula óssea, reduzindo infecção e outras
complicações.
NECESSIDADES NUTRICIONAIS

No período de pós-transplante imediato (de 30 a 50 dias), as


necessidades energéticas refletem o aumento do requerimento em
razão de condicionamento, febre, infecções, doença do enxerto-contra-
hospedeiro (DECH) aguda e outras complicações metabólicas
TERAPIA NUTRICIONAL
Todos os pacientes que serão submetidos ao
TCTH são considerados em risco nutricional em
função da doença de base e da toxicidade do
tratamento pré-transplante, por isso a terapia
nutricional está indicada por via oral, enteral e ou
parenteral quando:
• Em tratamento ablativo ou semiablativo pré-transplante com
elevadas doses de quimioterápicos que resultam em
neutropenia
• Diagnóstico nutricional de desnutrição
• Ingestão < 70% das recomendações em razão da presença de
esofagite, mucosite, náuseas, vômitos, xerostomia
• Presença de diarreia
TERAPIA NUTRICIONAL
• TNP era a primeira escolha para nutrir os pacientes em
TCTH, em função da toxicidade causada ao trato
digestório pelas elevadas doses de quimioterápicos no
período pré transplante.
– Entretanto está associada à hiperglicemia, ao aumento do
tempo de internação, à infecção, ao atraso no sucesso do
enxerto, sem alterar positivamente a condição clínica do
paciente.
• Já a TNE está associada ao melhor controle da glicemia
e da mortalidade causada pela infecção durante os 100
primeiros dias do enxerto, porém pode promover:
– plenitude, dor abdominal, vômitos, piora da diarreia e da
mucosite, assim como retirada inadvertida da sonda enteral,
o que piora a condição nutricional com maior perda de peso
• Nessa situação, a nutrição parenteral pode ser uma via
de alimentação benéfica.
ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL AO
PACIENTE ONCOLÓGICO ADULTO EM
CUIDADOS PALIATIVOS
CUIDADO PALIATIVO
• É uma abordagem que objetiva a melhora da qualidade
de vida dos pacientes e seus familiares diante de uma
doença que ameace a continuidade da vida por meio
da prevenção e do alívio do sofrimento e de
identificação, avaliação impecável e tratamento da dor
e de outros sintomas de ordem física, psicossocial e
espiritual (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002).
NUTRIÇÃO E CUIDADO PALIATIVO
• A nutrição possui papel preventivo, buscando assegurar
as necessidades nutricionais na tentativa de preservar o
peso e a composição corporal e retardar o
desenvolvimento da caquexia.
• Além disso, auxilia o controle de sintomas e a
manutenção da hidratação satisfatória e atua
ressignificando o alimento, possibilitando a redução da
ansiedade e o aumento da autoestima e do prazer

• Os objetivos do suporte nutricional em cuidados


paliativos variam à medida que a doença evolui, devendo
ser reavaliados periodicamente.
– Expectativa de vida maior que 90 dias.
– Expectativa de vida igual ou menor que 90 dias.
– Cuidados ao fim da vida, fase cujo óbito é iminente e
geralmente ocorre em até 72 horas.
TRIAGEM NUTRICIONAL
TRIAGEM NUTRICIONAL
NECESSIDADES NUTRICIONAIS
TERAPIA NUTRICIONAL
TERAPIA NUTRICIONAL
TERAPIA NUTRICIONAL
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS EM CASOS
COM SINAIS E SINTOMAS CAUSADOS
PELA TERAPIA ANTINEOPLÁSICA
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
ASSISTÊNCIA
NUTRICIONAL AO
PACIENTE
ONCOLÓGICO
CRÍTICO ADULTO
TRIAGEM NUTRICIONAL
TRIAGEM NUTRICIONAL
• ASG; ASG-PPP; IPN; NRS 2002

INDICADORES DE RISCO NUTRICIONAL


• ASG = B ou C; ASG-PPP > 2
• Diminuição da ingestão pela via oral atual e/ou pregressa à internação na UTI <
60% das necessidades
• Presença de comorbidades; presença de transtornos gastrointestinais
• Presença SIRS e sepse
• Perda de peso significativa ou grave involuntária
• NRS 2002 > 3 – risco nutricional e NRS ≥ 5 – risco elevado
• Síndrome da anorexia-caquexia
• Imobilidade no leito com fadiga
• Perda involuntária de peso com atrofia muscular
• Presença de inflamação (proteína C reativa – ou citocinas inflamatórias
aumentadas)
• História de quimioterapia e radioterapia
NECESSIDADES NUTRICIONAIS
TERAPIA NUTRICIONAL
TERAPIA NUTRICIONAL

Sonda com
posição gástrica,
ou jejunal (em
risco de
broncoaspiração
SOBREVIVENTES DO CÂNCER
Segundo o INCA (2007), sobreviventes de câncer são pessoas que
estão vivendo com um diagnóstico de câncer, incluindo os que se
recuperaram da doença.

São considerados sobreviventes de câncer, crianças e jovens que


estão em remissão clínica completa há pelo menos 5 anos do
diagnóstico.

Triagem nutricional e avaliação de hábitos de vida


• Devem ser voltados à identificação dos fatores de riscos nutricionais* para
recidiva da doença, segundo tumor primário, manutenção do peso corporal ou
deficiências nutricionais.
• Intervenção dirigida para prevenção, controle da doença e/ou controle de
sintomas.
• Monitoramento e avaliação dos resultados.
ACOMPANHAMENTO
NUTRICIONAL
Composição proteica da alimentação do indivíduo adulto
– dever estar entre 10% e 35% do VET, preferencialmente
com alimentos de baixo teor de gordura saturada, como
peixes, carnes magras, aves sem pele, produtos lácteos
com baixo teor de gordura, nozes, sementes e
leguminosas

Dar preferência a alimentos de origem vegetal: pelo


menos 2/3 do prato composto por legumes, frutas, grãos
integrais, leguminosas e nozes, enquanto o outro 1/3
contenha aves, peixes, carnes magras e laticínios de baixo
teor de gordura e proteínas de origem vegetal
ACOMPANHAMENTO
NUTRICIONAL

Incluir diariamente frutas, vegetais in natura e grãos integrais


ao invés de refinados na alimentação

Evitar o consumo de alimentos e bebidas com alta densidade


energética, tais como: fast-foods, molhos cremosos ricos em
gorduras, bebidas com açúcar, refrigerantes, bebidas
esportivas e sucos artificiais que promovem o ganho de peso

Atentar para rótulos de alimentos e bebidas para se tornar


mais consciente das calorias presentes e do tamanho das
porções que devem ser ingeridas
ACOMPANHAMENTO
NUTRICIONAL
• Adultos (OMS/DRI):
– Gordura total: de 20% a 35% do VET
– Ácidos graxos ômega-6: de 5% a 10% do VET
– Ácidos graxos ômega-3: de 0,6% a 1,2% do VET
– Colesterol, AG trans e AG saturado: mínima ingestão possível
(proveniente de alimentação adequada)
• Crianças e adolescentes (OMS/DRI):
– De 1 a 3 anos: de 30% a 40% do VET
– De 4 a 18 anos: de 25% a 35% do VET
– De 18 a 21 anos: de 20% a 35% do VET
• O consumo de gordura saturada deverá ser < 10% do VET, de
gordura poli-insaturada 6% a 10% do total de energia,
enquanto a gordura monoinsaturada deve completar o
percentual recomendado para gorduras totais, e as gorduras
trans < 1% do VET.
• A quantidade máxima de colesterol que pode ser consumida
em uma alimentação habitual, na ausência de dislipidemia, é
de 300 mg
ACOMPANHAMENTO
NUTRICIONAL
Consumo diário e variado de 3 porções de frutas e 3 porções
de legumes e verduras, totalizando o mínimo de 400 g/dia

Para indivíduos adultos que consomem carne vermelha


regularmente, limitar a ingestão em até 500 g por semana e
evitar carnes processadas

Não há recomendações estabelecidas para crianças e


adolescentes, porém, sugere-se o consumo de 3 porções por
semana

Retirar toda gordura aparente das carnes durante o pré-


preparo. Dar preferência a preparações contendo mínima
quantidade de gordura
ACOMPANHAMENTO
NUTRICIONAL

Evitar alimentos salgados, processados ou preservados em sal

Evitar o consumo de carne processada (salsicha, linguiça, bacon,


presunto), alimentos industrializados, salgados ou transformados por
salgamento, curagem, fermentação, defumação e outros processos
industrializados para realçar sabor ou melhorar preservação

Limitar o consumo de sal de adição em até 5 g/dia (2 g de sódio)


ACOMPANHAMENTO
NUTRICIONAL

Evitar o consumo de bebidas alcoólicas

Se consumir, não deve ultrapassar a recomendação de 1 dose (contendo de 10 a


15 g de etanol) ao dia para o sexo feminino e 2 doses para o sexo masculino

Crianças, adolescentes e gestantes não devem consumir bebida alcoólica

Uma alimentação adequada e saudável é suficiente

Em caso de persistência de carências nutricionais, suplementos alimentares


poderão ser indicados
IMUNONUTRIÇÃO
ANTIOXIDANTES
FITOTERÁPICOS

A definição de fitoterápicos, segundo a legislação brasileira, é:


medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-
primas ativas vegetais.

Alguns fitoterápicos apresentaram efeitos antineoplásicos em


estudos pré-clínicos. Contudo, não existem estudos clínicos
demonstrando a efetividade e a segurança do uso de fitoterápicos
para pacientes oncológicos, em decorrência dos riscos de toxicidade,
interações medicamentosas e redução da resposta terapêutica ao
tratamento clínico.
FITOTERÁPICOS
A eficácia da medicina tradicional à base de plantas (MTP) como
terapia adjuvante para a dor oncológica, por exemplo, não é clara.
Vários estudos relataram uma diminuição significativa no número
de pacientes oncológicos com dor no grupo de tratamento,
enquanto outros verificaram diminuição significativa na
intensidade da dor.

Os resultados desses estudos sugerem que a MTP combinada com


a terapia convencional é eficaz como uma terapêutica adjuvante
para pacientes com dor oncológica. No entanto, mais pesquisas,
incluindo rigorosos e maiores ensaios clínicos, são necessárias para
abordar essas questões.
FITOTERÁPICOS
Na literatura, é evidenciado o uso do gengibre como um fitoterápico
utilizado para náuseas e vômitos. Embora o mecanismo de ação exato
seja desconhecido, vários componentes ativos dentro do gengibre (ou
seja, gingerols, shogoals, zingibereno, zingerona e paradol) têm sido
identificados exercendo efeitos sobre várias áreas relacionadas na
fisiopatologia das náuseas e dos vômitos induzidos pela quimioterapia.

No Brasil, os produtos disponíveis no mercado são: amido do gengibre,


balas e cristais de gengibre e bebida alcoólica com gengibre, além do
gengibre em pó e encapsulado.
O gengibre tem sido incluído na categoria “geralmente reconhecido
como seguro”, do documento da (FDA).
O que permanece duvidoso é a dose segura e eficaz de acordo com a
fase do tratamento, o peso e a idade, impossibilitando consensuar o seu
uso.

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