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Sumário

Introdução....................................................................................................................1
1. Cultura..................................................................................................................... 2
2. Amor........................................................................................................................ 4
3. Sexualidade............................................................................................................. 5
Conclusão....................................................................................................................6
Bibliografia................................................................................................................... 7
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A ADOLESCÊNCIA NA ATUALIDADE

Introdução

A adolescência é conhecido como o período de transição da dependência


infantil para auto-suficiência adulta. Psicologicamente é considerado uma situação
marginal na qual tem que ser feitos ajustamentos, que distinguem o comportamento
de crianças e o comportamento de adultos, em uma determinada sociedade.
Cronologicamente este período se estende dos 12 aos 21 anos, podendo haver
grandes variações individuais e culturais. É importante ressaltar que este período
tende a ocorrer primeiro para as moças que para os rapazes.

Na adolescência há uma total revolução do ponto de vista "fisiológico, cultural,


emocional e social" e em sua grande maioria essa revolução vem acompanhada por
uma total incerteza dos papéis adultos a sua frente. Juntamente com as mudanças
fisiológicas do amadurecimento sexual caminham componentes psicológicos tais
como o instinto sexual (energias da libido procurando extravasamento), dentre
outros fenômenos.

Os valores, a ética, a moralidade e a religião muitas vezes estabelecem


questões difíceis para os jovens que parecem extremamente preocupados com o
que possam parecer aos olhos dos outros, em comparação com o que eles próprios
julgam ser, e com a questão de como associar os papéis e aptidões cultivados
anteriormente aos protótipos ideais do presente. É na fase transitória da
adolescência que de fato ocorre o início da formação da identidade dos indivíduos.

A passagem por esta fase nem sempre se faz de modo simples e fácil, afinal o
adolescente apesar de estar "crescendo" (a palavra adolescência vem do latim
"adolescere" que significa "crescer" ou "tomar-se forte") e se tomando um adulto,
ainda apresenta características psicológicas um tanto quanto infantis. Assim, não
sendo criança e não chegando a ser adulto, o adolescente vê-se tratado
injustamente, uma vez que lhe exigem mais deveres e lhe reconhecem menos
direitos. Eis por que os conflitos entre os desejos e a realidade são mais agudos,
podendo este jovem propender a rebeldia.

Na cultura ocidental a adolescência tem sido tipicamente encarada como uma


fase de turbulência na qual podem surgir inúmeros problemas que podem algumas
vezes perdurar por longo tempo na vida do indivíduo.
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1. Cultura

A cultura é vista como o conjunto de valores, crenças e conhecimentos que


caracterizam e impregnam a conduta da maioria dos membros de um grupo
humano, nesse caso específicos dos adolescentes.

De acordo com Linton, "é a configuração de comportamento aprendidos e de


seus resultados, cujos elementos componentes são partilhados e transmitidos pelos
membros de uma sociedade" assim, pode-se se notar a socialização tendo grande
influência da cultura.

Segundo Lopez, a problemática da adolescência é criada por influxos culturais


da nossa época e, por conseguinte, não existe nem em povos selvagens nem
tampouco nos civilizados que viveram na era anterior á máquina. Por este motivo,
este autor acredita que a adolescência adquirirá caracteres distintos, de acordo com
a espécie de influxos culturais (políticos, econômicos, sociais, religiosos, morais) que
incidam sobre a personalidade do jovem.

Embora o indivíduo se desenvolva socialmente durante toda sua vida, a fase


mais difícil de todos os ajustamentos sociais encontra-se na adolescência. A família
começa a ceder terrenos a outras fontes de influência na vida do adolescente.
Sobretudo, no início da adolescência, esta influência da sociedade se intensifica
devido ao desejo que o adolescente tem de ser socialmente aceito e pelo
conseqüente esforço em conformar-se com os padrões aprovados pelos grupos a
que pertence (como a classe que estuda, os vizinhos da rua).

A maior parte dos adolescentes se caracteriza por atitudes sociais positivas,


como a simpatia pelos fracos e oprimidos, interesse por causas sociais, impaciência
perante restrições, desejo de reformar os outros. De acordo com tais princípios o
adolescente determina os amigos que serão mais próximos, íntimos e os que serão
mais afastados.

Para o jovem possuir uma coleção de amigos íntimos é sinal de popularidade


perante aos colegas. Pelo fato de ser bem aceito pelos outros ele se sente feliz e
seguro. Desta forma, o jovem adquire autoconfiança, que o ajudará a desenvolver
características que o tornarão ainda mais popular.

A medida que vai amadurecendo, o indivíduo começa a valorizar mais as


confidências, e só as confia a alguém que seja realmente íntimo. Na última fase da
adolescência há um estreitamento no círculo de amizades, não sendo mais
importante ter um grande número de amigos, mas sim ter amigos verdadeiros.
Mayes observou que para sentir-se seguro, o jovem escolhe amigos que tenham os
mesmos interesses, habilidades e nível sócio- econômico.

É também na adolescência que se intensifica o interesse pelo sexo oposto. Os


homens principalmente, escolhem amigos capazes de ajudá-los na conquista das
mulheres.
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O adolescente passa a dar valor a individualidade, não querendo ser apenas


um membro do grupo. Assim, procura chamar atenção com roupas diferentes
comportamento rebelde, gastos extravagantes e tudo mais que for necessário para
ser percebido.

Durante a adolescência são comuns os pensamentos relativos a sua origem e


o seu destino (vida e morte). Daí provém também, em grande parte, as oscilações
da fé religiosa, assim como a das atitudes místicas e pragmáticas. A religião é a
principal responsável por criar questionamentos a respeito do que é certo ou errado,
além de criar questionamentos quanto a própria espiritualidade (como a existência
ou não de uma força divina).

Nesta fase, o indivíduo precisa construir uma escala de valores, muitas coisas
antes essenciais para ele perdem sua importância. A busca de realização é
caracterizada pela procura e conservação dos valores, entre os quais, o mais
precioso é o "eu".

Durante a adolescência os rapazes, principalmente, apresentam uma extrema


necessidade de emancipação familiar, mas esta só é obtida através da
independência econômica. Tal situação é uma causa freqüente de desajustamento
de adolescentes, já que devido a complexidade dos estudos para que se tenha um
nível médio de cultura este vê-se obrigado a passar anos como estudante, em total
dependência, "como na infância". Alguns se rebelam contra esta situação e
desenvolvem algumas atividades que lhes traga algum retomo financeiro. Já as
moças apresentam uma menor necessidade da independência econômica, isto pode
ser explicado pelo papel de obediência e submissão que a mulher desempenhou e
até hoje ainda desempenha em nossa sociedade. Assim, uma moça não "fica mal"
se tem um comportamento acriançado, contudo, esta característica num rapaz é
extremamente criticada, já que aos rapazes é imposto a missão de adquirir, produzir
e servir, em seus aspectos sociais, econômicos e políticos. Atualmente, mulheres e
homens concorrem num mesmo mercado de trabalho, assim aquelas tem de se
preparar como estes, adquirindo então grande parte da problemática que ocorre na
adolescência masculina.

Num momento em que o avanço dos progressos tecnológicos no comércio, na


indústria e na agricultura requerem uma alta capacitação dos indivíduos e que taxa
de desemprego em nosso país alcançou os piores índices de toda a história é que
os adolescentes (em sua grande maioria) se vêem obrigados a participar das
despesas domésticas mensais precocemente. Desta forma, este adolescente tenta
integrar um mercado de trabalho muito competitivo com pouca idade. Tal
necessidade afasta ou impossibilita o adolescente de concluir os estudos, alguns
não conseguindo sequer acabar o ensino médio. Chegar a um ensino superior toma-
se cada vez mais complicado para os adolescente de classe baixa em nosso país.
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2. Amor

Em qualquer idade existe um processo de adaptação em conseqüência do


próprio desenvolvimento físico do indivíduo e das mudanças ambientais. Além disso,
podemos acrescentar que todo processo de adaptação exige uma certa dose de
esforço individual e conseqüentemente provoca uma tensão emocional. A
emotividade desenvolve-se, portanto, segundo Brides, dentro de um "continuum de
energia".

A adolescência é o período de maiores tensões, justamente por coincidir com a


fase de maior desenvolvimento de mudanças físicas que favorecem o
desenvolvimento das emoções e dos sentimentos. Para que haja harmonia no
desenvolvimento integral do indivíduo é necessária uma série de adaptações
acarretadas pelo ritmo das mudanças físicas e ambientais e, conseqüentemente,
pelo desenvolvimento emocional incluindo os sentimentos.

Quando se fala em sentimentos o primeiro em que se pensa é o amor, que tem


a seguinte definição "Emoção agradável, duradoura e renovável, marcada pela
identificação mútua entre duas pessoas, e também pela atração mútua". Há uma
grande variedade de "tipos" de amor: de uma criança pelos pais, dos pais pelos
filhos e inclusive o amor próprio. O sentimento do amor quase sempre implica e
proporciona felicidade.

Para o adolescente, a família é um objeto de amor e também é a primeira


mudança ambiental a qual ele deve se adaptar. A família exerce a maior influência
sobre ele, embora aparentemente isso possa parecer enganoso. Mas é fato
comprovado que o bom relacionamento com os pais faz com que a criança adquira
maior disponibilidade para enfrentar os problemas que o mundo oferece. Por outro
lado, ficou constatado que a maioria dos desajustados emocionais haviam
experimentado péssimas relações familiares.

Quando, na adolescência, surge o interesse pelo sexo oposto onde grande


parte dos adolescentes principalmente do sexo feminino chamam de primeiro amor,
o adolescente se depara com uma terrível sensação de medo e insegurança.

Quando se fala em amor pelo sexo oposto, fica claro em nossa cultura o
seguinte: as meninas sonhadoras esperando um príncipe encantado, muitas delas
inclusive se apaixonam por ídolos geralmente objetos inatingíveis, por outro lado, os
meninos realistas que não demonstram tanto sentimento, preocupados em mostrar
para seu grupo de convívio social como ele é extremamente forte e consegue tudo
que quer, inclusive as meninas. Segundo Freud o primeiro objeto sério de amor de
um menino é uma mulher madura, e o de uma menina um homem mais velho (isto é
as figuras da mãe e do pai).

A conquista amorosa é um terreno atraente e temível para o rapaz, devido a


toda insegurança que ocorre nesta fase e a dúvida do seu poder de conquista. Este
oscila entre o receio de não parecer suficientemente masculino e o de ser julgado
grosseiro (sendo o primeiro extremo considerado mais importante).
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Para as moças a grande dúvida é quanto ao seu poder de "ser conquistada",


oscilando entre o temor de parecer demasiadamente infantil ou despudorada, sendo
o último considerado por estas mais importante.

Voltando as tensões emocionais incluindo o medo, vemos um adolescente com


desejo de auto-afirmação, mediante atos heróicos de bravura, é inconcebível
comportar-se como um medroso, isso gera uma tensão escondida que se
permanecer por muito tempo pode desenvolver no indivíduo um comportamento
depressivo. A preocupação em proteger sua realidade interior, incluindo todos os
seus sonhos, faz com que o adolescente desenvolva grande tendência narcisista, ou
seja, uma superestima por si mesmo.

A emoção no adolescente pelo lado positivo representa grande força de


motivação. O adolescente aparentemente apático, encontra sentido para tudo o que
faz e dificilmente pode-se descobrir um aspecto rotineiro em sua vida. Avindo
emocionalmente motivado quase nunca experimenta sensações de fadiga física.
Sua carga emotiva representa um dinamismo interno que necessita de atividades
que deverão ser bem orientadas de forma que tal dinamismo não se disperse em
atividades infrutíferas.

3. Sexualidade

De acordo com Sullivan, após uma pré-adolescência vem um período chamado


adolescência anterior. Esta fase é caracterizada pelo desenvolvimento da
heterossexualidade. As mudanças fisiológicas da puberdade são vistas, pelo jovem,
como experiências de prazer. Destes sentimentos, surge o dinamismo do prazer que
começa a afirmar-se na personalidade. O dinamismo do prazer envolve,
principalmente, a zona genital, porém outras zonas de interação, tais como boca e
as mãos também participam do comportamento sexual. Nesta fase ocorre a
separação entre a necessidade erótica e a necessidade da intimidade. A
necessidade erótica tem por objeto um membro do sexo oposto, enquanto a
necessidade da intimidade se fixa em um membro do mesmo sexo. Quando essas
necessidades não se separam, o jovem apresenta tendência homossexual, em lugar
da heterossexual. Esta fase inicial da adolescência persiste, até que a pessoa
encontre maneira de exprimir seus impulsos sexuais.

Por último vem o período final da adolescência, que inicia os privilégios,


deveres, satisfações e responsabilidades da vida social. Segundo Sullivan "essa
fase final da adolescência estende-se de uma atividade genital qualquer, passando
por inúmeras experiências, até o estabelecimento de um repertório amadurecido de
relações que as próprias condições pessoais e culturais tomarem possíveis".
Para Mead e outros antropólogos, com efeito, as sociedades que negam, adiam ou
regulam o sexo e outras atividades, apresentam mais marcantes os problemas da
adolescência, a que Mall classificou como o período de "storm and stress". É esse o
caso da sociedade latino-americana, onde o sexo ainda é considerado um tabu.
Entre tais problemas relacionados aos conflitos do adolescente está "a crise da
intimidade".
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A crise da intimidade é um período onde o jovem precisa estar desenvolvendo


a formação de sua identidade. O jovem que não está seguro de sua identidade furta-
se à intimidade ou lança-se em atos "promíscuos", sem uma verdadeira fusão ou
real entrega de si próprio. Quando o individuo não consume relações íntimas com
outros utilizando seus próprios recursos internos, ele poderá desenvolver no final da
adolescência e início da vida adulta um profundo sentimento de isolamento podendo
gerar na vida adulta homens com graves problemas de caráter, pois ele nunca se
sentirá ele próprio.

O adolescente enfrenta atualmente um grande problema que é a falta de


esclarecimentos sexuais. As jovens estão engravidando cada vez mais novas e
conseqüentemente devido ao fato de não estarem maduras o suficiente, assumem
responsabilidades que deveriam estar sendo conferida à adultos.

A contraparte da intimidade é o distanciamento, a facilidade em repudiar, isolar


e se necessário, destruir aquelas forças pessoais cuja essência pareça perigosa
para o indivíduo. Assim, a conseqüência duradoura da necessidade de
distanciamento fortifica o território da própria intimidade e solidariedade, valorizando
todas as diferenças entre os indivíduos podendo criar preconceitos, onde pessoas
fanáticas estão prontas a matar mostrando lealdade a sua proposta ou à alguém.
Mas a medida que as áreas da responsabilidade adulta são delineadas surge um
sentimento ético onde se passa a aceitar as diferenças entre as pessoas, essa
certeza sucede á convicção ideológica da adolescência e, é a marca do adulto.

Perguntaram a Freud o que uma pessoa normal poderia fazer bem, e ele
respondeu com palavras bem simples: "Amar e trabalhar". Seria esta a fórmula mais
simples, porém quando aprofundamos nosso pensamento enxergamos a real
complexidade. Pois quando Freud disse "amor", este significa tanto o amor íntimo
(genital) como a generosidade da intimidade; quando disse amar e trabalhar,
significava uma produtividade geral do trabalho que não preocupasse o indivíduo ao
ponto em que pudesse perder o seu direito ou capacidade para ser uma criatura
sexual e amorosa. Um indivíduo só atingirá a total maturidade sexual quando este
amadurecimento da intimidade sexual com a plena sensibilidade genital estiver
relacionada com a capacidade de descarga de tensão do corpo, sendo esta
característica uma marca adulta.

Conclusão

A adolescência é o período de ajustamento sexual, social, ideológico e


vocacional, e de luta pela emancipação dos pais. O indivíduo sentindo-se adulto,
experimenta a necessidade de maior liberdade e auto-afirmação. A tesão
intrapsiquica chega ao máximo, pois ao reajustamento interior individual se associa
o reajustamento de mudança de atitude diante do meio familiar, social e do destino
da vida, que ele precisa pressentir, fixar e conquistar. Segundo Hurlock, a
adolescência é um período de transição que requer grande esforço de adaptação.
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Não se deve porém exagerar sobre o aspecto de turbulência da adolescência e


sobretudo, não se pode generalizá-la e colocar sobre este rótulo todos os jovens do
mundo. A concepção de que esta fase é necessariamente um período de lutas,
dificuldades e atritos vem sendo questionada por alguns antropólogos que afirmam
que em sociedades (culturas) mais desenvolvidas esta passagem da infância para a
maturidade é feita de forma suave e com pressões internas menos violentas,
possibilitando ao indivíduo uma tomada de consciência progressiva e,
conseqüentemente um ajustamento mais fácil à nova fase de sua existência.

Devemos lembrar que quando se procura compreender o adolescente, a


imagem que este traz do mundo nem sempre corresponde à realidade, assim como
a imagem que este faz de si mesmo. Isto evitará que o julguemos incoerente
quando, na verdade, ele é bastante coerente com seu mundo interno e corri o seu
momento.

Bibliografia

- Erikson, H.E. 1971. Identidade juventude e crise. Zahar Editores. pp 322.


- Holland, J.G. Skinner, B.F. 1969. A análise do comportamento. EDUSP. pp 175.
- Lima, L.P. 1974. Dicionário da psicologia prática, vol. 1. 4 ed. Homor editorial LIDA.
pp207.
- Muss, R. 1966. Teorias da adolescência. lnterlivros. pp 144.
- Lopez, E. M. 1954. Psicologia evolutiva da criança e do adolescente. 2a ed.
Científica. pp 322.
Outros autores: Vivian Katz, Samantha Alves e Andréia Pereira

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