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Revisão Linguística
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
Diagramação
Arão de Azevêdo Souza
Gabriel Granja
401.9
M827p Morais, Francineide.
Psicolinguística - Licenciatura em letras – Português./ Francineide Morais./
Pró-Reitoria de Ensino Médio, Técnico e Educação a Distância.- Campina Grande:
EDUEPB, 2013.
119 p.: il.: Color.
Psicolinguística I SEAD/UEPB 11
Ora, vamos pensar um pouco:
• se o signo é forma e conteúdo;
• se o signo é representação da realidade interpretável pela lin-
guagem;
• se o signo é ideológico,
• se o signo é suporte para a relação entre homem e mundo,
• se o signo é cultural e historicamente situado,
significa dizer que nenhum signo tem valor absoluto fora da intera-
ção social, seu valor é constituído essencialmente no contexto, seja ele
o contexto do próprio signo ou o contexto dos interlocutores que o em-
pregam como elemento de implementação, reflexão e transformação
do ideológico, analisado segundo limites de espaço e tempo. Logo é
simbólico, pois depende dos sentidos construídos nas sociedades.
Bem, agora estamos falando de dois conceitos: signo e símbolo,
mas qual é a diferença entre eles?
Podemos dizer que enquanto o signo identifica ou indica algo, o
símbolo representa algo, uma ideia, um objeto para representar um
outro objeto ou uma outra ideia; De um modo geral, um signo é cons-
cientemente apreendido e usado, enquanto um Símbolo é total ou par-
cialmente inconsciente, vai sendo apreendido no decorrer da vivência
social, cultural e histórica.
Atividade I
Para você ampliar o seu conhecimento sobre o signo e o símbolo linguístico,
realize as seguintes ações:
a) Leia o tópico 1.9, intitulado de O Simbolismo linguístico, presente em Edward
Lopes, em Fundamentos da Linguística Contemporânea, p. 41 – 46, ou pelo dica. utilize o bloco
de anotações para
endereço eletrônico http:// books.google.com.br/books?isbn=8531601746 responder as atividades!
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b) A partir do esquema sobre o simbolismo linguístico, apresentado por esse
autor, analise se a explicação ali explicitada se refere a signo ou símbolo.
Por quê?
c) Acredito que esse é um assunto que renderá boa discussão no fórum. Registre
sua compreensão no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) – Moodle - e
participe das reflexões elaboradas pelos colegas.
http://www.google.com.br/imagem
assim que ela, naturalmente, vai se apropriando da língua/linguagem
e se desenvolvendo biocognitivoafetivosocial. Esse desenvolvimento
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progressivo contribui para que a criança interaja nas mais diversas si-
tuações, compreendendo e se fazendo compreender não só pelos sím-
bolos linguísticos quanto pelos não linguísticos - os gestos. Vejamos as
situações acima: na primeira, a criança expressa os sons “gugu, dada”
e tenta reproduzir a expressão fisionômica do adulto; na segunda, a
criança já emprega uma estrutura complexa “qué o biquedo!” acompa-
nhada de um sentimento interpretável pela sua fisionomia.
As situações descritas acima nos levam a entender que as aquisições
intelectuais sofisticadas, como a linguagem, requerem representação e
abstração da realidade, por isso a criança, desde cedo, começa a per-
ceber o valor simbólico dos objetos. Por exemplo, ver-se na fotografia,
no espelho, mas já não confunde a foto, que é uma representação,
com a própria pessoa; diverte-se, deixando-se levar pelo mundo de
fantasias, imitando situações da vida real; interage com as tecnologias
até chegar o momento de interagir por meio da escrita convencional.
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Para você compreender
melhor... Um pouquinho da
teoria de base....
Esse é um fragmento do texto O cotidiano na educação infantil, de
Patrícia Corsino, que esclarece a relação intrínseca entre linguagem e
as experiências vivenciadas pela comunidade social, o que determina
a concepção de símbolo. Leia com atenção e procure relacionar com
as explicações expostas anteriormente.
(...)
Para Bakhtin (1992), a linguagem supõe uma situação de
troca social. São sujeitos em interação que produzem enun-
ciados concretos que, por sua vez, são determinados pelas
condições reais de enunciação – a situação social mais ime-
diata, incluindo os gestos, a entoação, vontades, afetos, ditos
e não-ditos – e também o horizonte social definido – o con-
texto social mais amplo responsável pela criação ideológica
de um grupo social, numa determinada época. O enunciado
é de natureza constitutivamente social, histórica e, por isso,
Querendo apro- liga-se a enunciações anteriores e a enunciações posteriores
fundar o assunto, produzindo e fazendo circular discursos (Brait, 2005, p. 68).
consulte o texto de Vygotsky (1991, 1993) considera a linguagem como o siste-
Cristiane Januario ma simbólico básico de todos os grupos humanos, responsável
Gonçalves e Débo- pela mediação entre o sujeito e o mundo, que exerce um papel
ra Andrade Anto- fundamental na comunicação entre as pessoas, no pensamento
nio, AS MÚLTIPLAS e no estabelecimento de significados compartilhados que per-
LINGUAGENS mitem interpretações dos objetos, eventos e situações. A expe-
NO COTIDIANO riência com as formas culturalmente organizadas, ou seja, com
DAS CRIANÇAS. os signos fornecidos pela cultura, permite ao sujeito constituir
Disponível em: seu sistema de signos, que funciona como um código ou filtro,
www.periodicos. por meio do qual decifra o mundo. Entretanto, a cultura não é
ufsc.br/index.php/ compreendida como algo pronto, estático, ao qual cada sujeito
zeroseis/article/ humano se submete, mas como um palco de negociações, no
view/853/760. qual os membros da cultura constantemente estão recriando e
reinterpretando significados. A vida social é dinâmica e cada
sujeito é ativo nela. Mundo cultural e mundo subjetivo intera-
gem e reorganizam-se mutuamente no curso desse processo.
(...)
Observando as crianças pequenas, antes da aquisição da fala, ve-
mos o quanto o corpo, as expressões e todo gestual entram em cena
na comunicação que estabelecem com o outro.
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Observando uma brincadeira entre um adulto e um bebê, por
exemplo, podemos notar a satisfação da criança através do seu riso e
também do movimento vigoroso de suas pernas. É através de choros,
sorriso, olhares, movimentos de pegar, de apontar, entre outros, que os
pequenos manifestam seus
desejos e vontades, satisfações e incômodos, cabendo ao adulto
interpretar os gestos mímicos, dando sentido a eles.
Os gestos expressivos das crianças, porém, não se dirigem ape-
nas ao adulto, mas às outras crianças também. Desde bem pequenas
elas se comunicam entre si, se olham, se aproximam, tentam pegar um
objeto que está com a outra etc. Estabelecem entre elas uma comu-
nicação sem palavras que, dificilmente, nós adultos, estamos atentos
para perceber e valorizar. O convívio com crianças de diferentes idades
propicia, sobremaneira, as trocas e amplia as possibilidades desta co-
municação. Perguntamos, então, como tem sido pensada a ação dos
educadores da Educação Infantil de modo a: observar os movimentos
expressivos que as crianças manifestam; responder às suas solicitações
e favorecer suas manifestações mímico-gestuais e a troca que estabe-
lecem com os outros?
Vygotsky (1991,1993) discute as inter-relações entre linguagem e
gesto, trazendo as primeiras manifestações da criança na busca de ex-
pressão de desejos, de sentimentos e de comunicação com o outro,
as brincadeiras de faz-de-conta e também a escrita. A movimentação
da criança pequena na busca de comunicação é intensa – ela aponta,
se dirige até o objeto, chora quando não o alcança, segura e puxa as
pessoas quando quer alguma coisa – o gesto é a forma como se dirige
ao outro. As brincadeiras, por sua vez, são acompanhadas de gestos
e nelas, os objetos perdem sua força determinadora (Vygotsky, 1991,
p.110), pois a criança age sobre eles diferentemente daquilo que ela
vê, ressignificando-os através de seus gestos, que ganham função de
signo. Pelo gesto, transforma os objetos, indicando os novos significa-
dos. As atividades simbólicas da criança são repletas de gestos indica-
tivos de significado, cumprindo uma função de fala através dos gestos
representados (CORSINO, 2006, p. 30,33-34).
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SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. Orgazizado por
Charles Bally e Albert Sechehaye, com a colaboração de Albert
Riedlinger. 27. ed., São Paulo: Editora Cultrix, 2006.
Referências
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 9a. ed. Tradução
de Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1999.
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