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UNIVERSIDADE ADVENTISTA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

CURSO DE NUTRIÇÃO – 3º ANO, LABORAL

ALINESSI PORTASIO LOURENÇO – ID: 1038

CECÍLIA DA PRISCA ZECA NAMARRO – ID: 1057

CLAUDINA LAVO – ID: 1059

INÊS JOSÉ ZACARIAS – ID: 1076

LÚCIA ANTÔNIO MOURINHO – ID: 985

TERAPIA GENÉTICA

Beira

2024
ALINESSI PORTASIO LOURENÇO – ID: 1038

CECÍLIA DA PRISCA ZECA NAMARRO – ID: 1057

CLAUDINA LAVO – ID: 1059

INÊS JOSÉ ZACARIAS – ID: 1076

LÚCIA ANTÔNIO MOURINHO – ID: 985

TERAPIA GENÉTICA

Trabalho de pesquisa da Cadeira de Genética,


apresentado à Universidade Adventista de
Moçambique – UAM, como um dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Licenciatura
em Nutrição.

Orientador: Prof. MSc. Raúl Guta

Beira

2024
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4
1.1 Objectivos ........................................................................................................................ 5
1.1.1 Objectivo geral ............................................................................................................. 5
1.1.2 Objectivos específicos ................................................................................................. 5
2 TERAPIA GENÉTICA ....................................................................................................... 6
2.1 Definição do conceito e objectivo ................................................................................... 6
2.2 Tipos de terapia genética ................................................................................................. 6
2.3 Mecanismos de terapia genética ...................................................................................... 7
2.4 Métodos da terapia genética ............................................................................................ 8
2.4.1 Vectores não virais ....................................................................................................... 8
2.4.2 Vectores virais ............................................................................................................. 8
2.4.2.1 Vectores retrovirais ...................................................................................................... 9
2.4.2.2 Vectores adenovirais .................................................................................................... 9
2.4.2.3 Vectores adenoassociados............................................................................................ 9
2.4.2.4 Vectores herpesvirais ................................................................................................. 10
2.4.2.5 Outros Vectores Virais ............................................................................................... 10
2.4.3 Métodos Físicos ......................................................................................................... 10
2.4.3.1 Injecção Balística de ADN......................................................................................... 11
2.4.3.2 Injecção a Jacto (Jet injection)................................................................................... 11
2.4.3.3 Injecção Intravascular Hidrodinâmica ....................................................................... 11
2.4.3.4 Eletroporação ............................................................................................................. 11
2.4.3.5 Sonoporação ............................................................................................................... 11
2.4.3.6 Magnetofeção ............................................................................................................. 12
2.4.3.7 Fotoporação ............................................................................................................... 12
2.4.4 Métodos Químicos ..................................................................................................... 12
2.4.4.1 Lipofecção ................................................................................................................. 12
2.4.4.2 Polímeros Catiónicos ................................................................................................. 12
2.4.4.3 Péptidos ...................................................................................................................... 13
2.4.5 Métodos Biológicos ................................................................................................... 13
2.5 Problemas da terapia genética ....................................................................................... 13
3 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 14
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 15
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1 INTRODUÇÃO

A Genética é um dos campos da Biologia que mais sofreram avanços durante o tempo.
A descoberta dos genes e da estrutura do DNA, o sequenciamento do genoma humano e as
técnicas de DNA recombinante são apenas algumas das importantes vitórias dessa ciência.

A possibilidade de descrição genética do homem representa talvez o último nível de


uma busca de autoconhecimento que teve início há milênios. A primeira etapa é representada
pelos grandes filósofos da Antiguidade, que buscavam identificar a relação do homem com o
universo. O segundo e terceiro grandes passos foram dados no século passado, quando Charles
Darwin colocou o ser humano em perspectiva na escala evolutiva e Sigmund Freud revelou seu
interior psíquico. Nos últimos cem anos, órgãos, tecidos, células e seus componentes foram
revelados com um grande nível de detalhamento. Quarenta anos após a descoberta da estrutura
do DNA por James Watson e Francis Crick, concluímos a primeira etapa do conhecimento
humano ao nível molecular, que permite a identificação genética única de cada indivíduo.

O conhecimento dos genes responsáveis por características normais ou patológicas


permite a plena aplicação dos princípios da medicina genômica, que deverá modificar os
procedimentos médicos no diagnóstico e tratamento de várias doenças e onde se inclui a terapia
gênica. Os princípios desta nova metodologia envolvem a introdução, no paciente portador de
doenças genéticas ou outras, de genes responsáveis por proteínas que poderão ser benéficas.
Em doenças causadas por mutações gênicas, a introdução de um gene normal poderá reverter o
quadro clínico; em uma ampla gama de outros tipos de doenças, células geneticamente
modificadas poderão ativar mecanismos de defesa naturais do organismo (como o sistema
imune) ou produzir moléculas de interesse terapêutico.

A terapia genética idealmente visaria substituir um gene defeituoso por um gene normal.
A remoção de um gene do organismo é, entretanto, algo muito difícil de ser realizado, e
desnecessário na maioria das vezes. Assim, os procedimentos envolvem, em geral, a introdução
do gene de interesse, que deve ser completamente conhecido.
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1.1 Objectivos

1.1.1 Objectivo geral

▪ Caracterizar a Terapia Genética

1.1.2 Objectivos específicos

▪ Definir o conceito de terapia genética;


▪ Apresentar o objectivo da terapia genética;
▪ Listar os tipos de terapia genética;
▪ Descrever os mecanismos de terapia genética;
▪ Exibir os métodos da terapia genética;
▪ Expor os problemas da terapia genética.
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2 TERAPIA GENÉTICA

2.1 Definição do conceito e objectivo

Terapia Genética ou Geneterapia pode ser definida como um procedimento em que são
feitas modificações genéticas em células como uma forma de tratar uma doença, em especial,
doenças hereditárias. Essas modificações são realizadas por meio da inserção de um gene
funcional dentro da célula que substituirá o gene defeituoso e promoverá a produção de
proteínas correctamente. A técnica funciona como um “transplante de genes”.

A terapia genética tem como principal objectivo, através da utilização de técnicas de


DNA recombinante, atacar a doença na sua origem, ou seja, na sua base genética, de forma a
curar ou corrigir uma condição causada por um alelo mutante, através da introdução de uma
sequência de DNA, codificante ou não, como forma de tratamento farmacológico.

2.2 Tipos de terapia genética

A terapia génica pode ser classificada de acordo com a natureza da célula-alvo ou


segundo o local onde é efectuada, isto é, dentro ou fora do organismo humano. Assim, podemos
considerar:

▪ Terapia Génica Somática: realizada em células somáticas, não sendo


transmitida aos descendentes. Inclui-se também a terapia realizada a nível fetal;
▪ Terapia Génica Germinal: aplicada a células germinais (gametas ou zigoto) é
transmissível à descendência. (Nota: devido à possibilidade de ter fins eugénicos
ou disgênicos, todas as instâncias médicas, científicas, éticas e políticas
condenaram e proibiram este tipo de terapia génica);
▪ Terapia Génica ex vivo: as células-alvo são recolhidas do doente, tratadas in
vitro e, posteriormente, reintroduzidas no organismo;
▪ Terapia Génica in vivo: a transfeção ou transdução ocorre com as células-alvo
no organismo humano, motivo que levanta múltiplas dificuldades. No caso de
ser possível definir um território do organismo com uma via de acesso específica
denomina-se terapia génica in situ.
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2.3 Mecanismos de terapia genética

Apesar de teoricamente o princípio da terapia génica ser simples, na prática trata-se de


uma operação complexa. Após a escolha do ácido nucleico terapêutico e da célula-alvo, deve
ser determinada a via de administração e sistema de entrega do gene, ponderando a expressão
e persistência do gene, bem como a resposta imunitária a esta terapia.

Embora a escolha do ácido nucleico terapêutico e da célula-alvo estarem dependentes


da fisiopatologia da doença sobre a qual se pretende intervir, na selecção do ácido nucleico deve
ser tomada em consideração a estratégia de modificação das células-alvo. Podem ser
identificadas cinco estratégias para esta modificação:

1. Adição Génica: introdução de uma cópia funcional do gene nas células de forma
a suplementar um gene não funcional;
2. Eliminação de Mutações Patogénicas: substituição da sequência que contém a
mutação patogénica por uma sequência normal equivalente;
3. Inibição da Expressão Génica: introdução de ácidos nucleicos terapêuticos na
célula que inibem a expressão do gene mutado;
4. Morte Directa de Células Afetadas: introdução no genoma da célula-alvo de
genes que produzem toxinas ou genes que metabolizam fármacos em produtos
citotóxicos;
5. Morte Assistida de Células Afectadas: a expressão dos genes introduzidos na
célula-alvo desencadeia uma resposta imunitária que conduz à lise celular
(Imunoterapia).

Os ácidos nucleicos utilizados na terapia génica podem ser classificados segundo a sua
composição química e segundo a sua função. Do ponto de vista químico, temos os ácidos
nucleicos de ADN e os de ARN. Ainda são classificados segundo a função em ácidos nucleicos
codificadores de proteínas e não-codificadores de proteínas. Este último grupo tem
essencialmente uma função reguladora da expressão génica. Ainda segundo a função,
classificam-se os ácidos nucleicos em substitutos, inibidores e vacinas.

As proteínas codificadas pelos genes terapêuticos podem ter diferentes funções, desde
a substituição de uma proteína ausente até à modulação do sistema imunitário. Os genes
codificadores de antigénios, citoquinas, genes supressores de tumores e de enzimas “suicidas”
são os mais utilizados atualmente nos ensaios clínicos de terapia génica (55,3%) por serem os
agentes primários no combate ao cancro, a doença com mais ensaios clínicos registados. Apenas
1,8% dos ensaios clínicos envolve a transferência de ácidos ribonucleicos.
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2.4 Métodos da terapia genética

Basicamente, dentre os métodos de transferência genética que foram desenvolvidos


podem se encontrar os seguites: vectores virais, vectores não virais, métodos físicos,
químicos e biológicos.

2.4.1 Vectores não virais

Os DNAs contendo genes terapêuticos podem ser introduzidos nas células, utilizando-
se vesículas fosfolipídicas sinteticamente produzidas, chamadas de lipossomos. A composição
dessas moléculas assemelha-se à da membrana celular. Os lipossomos, portanto, criam uma via
de passagem dos genes para dentro da célula. Os genes transferidos por vectores não virais se
integram facilmente em cromossomos de células em cultura de laboratório, mas esse fenômeno
ocorre raramente in vivo. Essas moléculas lipídicas são fáceis de serem produzidas, são seguras,
não provocam reações imunológicas e podem abrigar DNAs com tamanhos de até 48 Kb.
Apesar dessas vantagens, apresentam uma baixa eficiência de transferência in vivo e podem ser
destruídas por nucleases celulares.

2.4.2 Vectores virais

Muitos tipos de vírus foram adaptados para servir como vectores de transferência
gênica. Os vectores virais mais utilizados em terapia gênica são: retrovírus, adenovírus e vírus
adenoassociado. Esforços substanciais têm sido empregados no desenvolvimento dos poxivírus
e do vírus herpes simples.

A utilização de vírus como vectores apresentam as maiores vantagens e também as


maiores desvantagens para terapia gênica. Dentre as vantagens, pode-se salientar o facto de
serem vectores naturais de transferência de genes e que resistem à degradação. Possuem,
entretanto, maior potencial para induzir uma resposta imune, sendo considerados mais
prejudiciais ao organismo.

Os vírus utilizados em terapia gênica são modificados para que percam sua capacidade
replicativa. Eles são produzidos em cultura de células especializadas, chamadas de células
empacotadoras. Essas são células especificamente criadas para prover as funções removidas do
vírus selvagem, empacotando o vector viral com as proteínas capazes de infectar a célula uma
única vez. As células empacotadoras possuem os genes gag, env e pol inseridos estavelmente
em diferentes regiões de seus cromossomas, o que assegura que a recombinação desses genes
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seja improvável. O cuidado na produção dos vírus empacotados por essas células é essencial
para que não resgatem a habilidade de criar novas partículas virais infectivas.

2.4.2.1 Vectores retrovirais

Os vectores retrovirais são os mais bem estudados e podem infectar até 100% de células
em cultura que estão em divisão. Os retrovírus são vírus dupla fita de RNA que replicam após
integração do material genético no genoma hospedeiro. Antes do retrovírus ser utilizado como
vector, os genes gag (codifica proteínas estruturais internas), pol (codifica a transcriptase
reversa) e env (codifica o envelope viral formado por glicoproteínas), que perfazem 80% de seu
genoma, são retirados e substituídos pelo gene terapêutico e por um gene que permite a seleção
das células transfectadas. Desta maneira, um vírus selvagem é convertido em um vector de
terapia gênica seguro. A principal vantagem do emprego de vectores retrovirais está relacionada
com a capacidade de integrarem seus genes no cromossoma da célula hospedeira, possibilitando
a manutenção da expressão gênica por longo tempo. Entretanto, essa integração é ao acaso, o
que pode interromper um gene essencial ou mesmo activar um oncogene. A chance de
ocorrência de mutagênese insercional é baixa, mas não deve ser descartada. Além disso,
infectam somente células em divisão. Essa “limitação” tem sido explorada na terapia gênica
para o câncer, permitindo a infecção específica das células tumorais que apresentam uma taxa
de divisão muito maior do que as células normais.

2.4.2.2 Vectores adenovirais

Os vectores adenovirais são construídos com base nos adenovírus humanos, cujo
material genético é formado por DNA. A maioria dos adenovírus selvagens apresenta as
seguintes características: não causam doenças sérias, possuem a capacidade de carregar genes
terapêuticos de tamanho grande e infectam células que não estão em divisão. Entretanto, os
genes podem funcionar transitoriamente, pois são vectores que não se integram ao cromossoma
da célula hospedeira, permanecendo no núcleo sob a forma de epissomos (livres). Além disso,
são altamente imunogênicos.

2.4.2.3 Vectores adenoassociados

Os vectores adenoassociados (AAV) pertencem à família dos parvovírus e não causam


doenças humanas conhecidas. Combinam as principais vantagens desenvolvidas pelos
adenovírus e retrovírus, pois infectam, tanto células em divisão, como células quiescentes.
Além disso, podem integrar seus genes no cromossomo das células hospedeiras. O vírus
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selvagem possui tropismo pelo cromossomo 19 humano. Sua principal desvantagem está
relacionada com a capacidade de carregar apenas genes terapêuticos pequenos.

2.4.2.4 Vectores herpesvirais

Os vectores herpesvirais são capazes de carregar genes para dentro de células nervosas,
pois possuem tropismo pelo sistema nervoso central. Entre suas propriedades estão a habilidade
de infectar células em divisão ou quiescentes, a capacidade de incorporar múltiplos genes
terapêuticos e o facto de normalmente não integrarem seus genes nas células hospedeiras. O
principal impedimento para o efectivo uso do vírus herpes simples como vector está na
toxicidade residual das formas não replicantes. Além disso, provocam resposta imune, assim
como os adenovírus.

A produção de vectores deve seguir normas rígidas de controlo de qualidade e de


biossegurança. Durante esse processo, é essencial que não existam partículas infecciosas, no
caso do emprego de vetores virais, e que sejam realizados testes de integridade dos plasmídeos,
contendo o gene de interesse. É importante que o vector escolhido não perturbe o
funcionamento normal da célula e que as alterações provocadas sejam resultado somente da
expressão do gene terapêutico. A escolha do tipo de vetor é frequentemente ditada pela
necessidade de uma expressão por um período duradouro ou transitório, bem como das
características do tecido alvo. Finalmente, é importante salientar que não dispomos de um
vector ideal, todos os que estão em estudo apresentam vantagens e desvantagens.

2.4.2.5 Outros Vectores Virais

De forma a aumentar a segurança e eficácia terapêutica têm sido desenvolvidos vectores


híbridos, isto é, vectores virais formados por elementos de dois vírus diferentes. Ao
capitalizarem as vantagens de ambos os vírus, espera-se que estes vetores ultrapassem os
vectores virais convencionais. Outros vírus como o do sarampo, alfavírus, baculovírus,
reovírus, vírus Sendai e o vírus vaccinia têm sido também modificados e estudados como
vetores virais.

2.4.3 Métodos Físicos

Estes métodos implicam a utilização de uma força física, de natureza variada, que
fragiliza a membrana celular e, consequentemente, a torna mais permeável aos ácidos nucleicos.
Constituem métodos simples, que permitem readministração sem problemas e, ao contrário dos
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vectores virais e de alguns vectores não-virais químicos, não recorrem a substâncias citotóxicas
ou imunogénicas e não apresentam limitação no tamanho do ácido nucleico a ser transportado.

2.4.3.1 Injecção Balística de ADN

Este método físico, também denominado gene gun, consiste no bombardeamento de


células ou tecidos com micropartículas revestidas de ADN, tendo sido aplicado pela primeira
vez em 1987 em células vegetais.

2.4.3.2 Injecção a Jacto (Jet injection)

Trata-se igualmente de um método balístico consistindo na injeção local a alta pressão


de uma solução contendo o ácido nucleico, de forma a forçar a sua entrada nas células. A
internalização das moléculas encontra-se diretamente relacionada com a pressão do jacto pois
este é responsável pela criação de orifícios de entrada na superfície da pele e membranas.

2.4.3.3 Injecção Intravascular Hidrodinâmica

Este método físico de transferência génica consiste na aplicação de uma pressão


hidrodinâmica controlada em capilares para aumentar a internalização celular de ácidos
nucleicos em circulação no sangue. O aumento de pressão provoca a separação das junções
celulares endoteliais e a formação transitória de poros na membrana plasmática das células-
alvo subjacentes ao endotélio, fenómenos denominados como hidroporação. Outros
mecanismos alternativos de internalização têm sido propostos como a mediação por receptores
ou macropinocitose.

2.4.3.4 Eletroporação

Mais correctamente denominada electropermeabilização, este método consiste na


introdução de moléculas nas células, através da membrana, pela exposição celular a impulsos
elétricos.

2.4.3.5 Sonoporação

A sonoporação consiste na aplicação de ultrasons para, através da permeabilização das


membranas celulares, melhorar a internalização de moléculas de maior dimensão. As ondas
ultrassónicas podem ser aplicadas por si só ou em combinação com microbolhas
(microbubbles). Estas estruturas, que se encontram repletas de gás e são estabilizadas por um
lípido, proteína ou polímero, permitem aumentar a permeabilização da membrana e
consequentemente a eficiência da transfeção.
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2.4.3.6 Magnetofeção

Consiste na transferência génica através da aplicação de um campo magnético. A


utilização de nanopartículas magnéticas de óxido de ferro, revestidas por lipídios catiónicos ou
polímeros e associadas a ADN plasmídico por interação eletroestática, permite a sua
concentração nas células-alvo pela influência de um campo magnético externo. Apesar de
apresentar várias vantagens significativas e de ter sido aplicada em múltiplos estudos em
animais, este método físico ainda não é uma solução totalmente alternativa, sendo necessários
mais estudos pré-clínicos.

2.4.3.7 Fotoporação

Este método aplica um pulso laser como força física para gerar poros transitórios na
membrana celular e assim permitir a internalização do material genético.

2.4.4 Métodos Químicos

Ao contrário dos métodos físicos, que modificam as propriedades das membranas


biológicas, os métodos químicos alteram as propriedades dos ácidos nucleicos de forma a
facilitar a sua entrada nas células-alvo. Esta alteração resulta da associação com moléculas
(lípidos, proteínas e/ou polímeros catiónicos), que permite reduzir a hidrofilicidade e neutralizar
a carga elétrica dos ácidos nucleicos. Apesar dos grandes avanços alcançados nesta área ao
longo das duas últimas décadas, a relativa segurança e simplicidade destes vetores não
compensam a sua ainda insatisfatória eficiência.

2.4.4.1 Lipofecção

Consiste na transfeção das células-alvo através da combinação entre ADN e lipossomas


ou lípidos catiónicos, também denominada lipoplexo. Apesar das suas vantagens e do seu
extenso uso in vitro e in vivo, ainda permanecem muitas questões relativas a seu potencial
citotoxicidade e ao seu mecanismo de internalização do ácido nucleico, bem como o papel que
os lípidos catiónicos têm nesse processo.

2.4.4.2 Polímeros Catiónicos

Os polímeros catiónicos, a pH fisiológico, são usados para condensar o ácido nucleico


aniónico num complexo nanométrico, denominado poliplexo, mediante interações
eletrostáticas. A redução de tamanho e a mudança na carga elétrica parecem ser os mecanismos
através dos quais ocorre a passagem membranar do gene terapêutico para a célula de interesse.
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2.4.4.3 Péptidos

Os péptidos com curtas sequências de aminoácidos são facilmente produzidos e


caracterizados, para além de não serem geralmente imunogénicos ou tóxicos. A baixa eficiência
demonstrada pelos péptidos como método de transferência génica tem levado à sua combinação
com outros métodos tais como sistemas lípido-péptido ou formulações polímero-péptido. Estes
têm demonstrado eficácia no ultrapassar de certas barreiras apresentadas por outros métodos
faltando, contudo, mais estudos para corroborar esta vantagem e levar à aplicação clínica este
tipo de vectores.

2.4.5 Métodos Biológicos

À semelhança dos vírus, também bactérias, bacteriófagos e fungos têm sido explorados
como veículos de transferência génica. Usados fundamentalmente para o tratamento de
neoplasias, encontram-se actualmente presentes em 27 ensaios clínicos.

2.5 Problemas da terapia genética

Alguns dos problemas que a terapia genética inclui:

▪ Curta vida natural da terapia genética – Antes da terapia genética poder


tornar-se uma cura permanente para qualquer condição, o DNA terapêutico
introduzido dentro das células alvo deve ficar funcionando e as células contendo
DNA terapêutico deve ser de longa vida e estável. Problemas com a integração
do DNA terapêutico dentro do genoma e a rápida divisão natural das muitas
células previne a terapia genética de completar seus termos benéficos. Pacientes
terão de ser submetidos a terapia genética inúmeras vezes;
▪ Desordem de vários genes – Condições ou distúrbios que surgem a partir de
mutações em um único gene são os melhores candidatos para a terapia genética.
Infelizmente, alguns dos distúrbios que ocorrem mais comumente, tais como
doença cardíaca, pressão arterial elevada, a doença de Alzheimer, artrite, e
diabetes, são causados por variações dos efeitos combinados de muitos genes.
Distúrbios de vários genes como esses, seriam especialmente difíceis de tratar
eficazmente usando terapia genética;
▪ Possibilidade de induzir um tumor – Se o DNA é integrado no lugar errado,
no genoma, por exemplo, em um gene supressor tumoral, poderia induzir um
tumor.
14

3 CONCLUSÃO

A terapia gênica consiste na introdução de genes funcionais no interior de células, o que


pode reverter o quadro de algumas doenças ou ainda estimular o sistema imune. Para que isso
aconteça, é necessário encontrar uma forma de introdução eficiente, uma vez que o DNA puro
dificilmente consegue adentrar a membrana plasmática. Por essa razão, é necessária a utilização
de algum agente que transporte o material genético, isto é, um vector (do latim vector = “aquele
que carrega”).

Os vectores virais destacam-se, uma vez que são altamente capacitados para invadir
normalmente as células. Para que a terapia gênica seja eficiente com vetores virais, retiram-se
desses organismos os genes responsáveis pelo desenvolvimento de doenças e sua multiplicação,
garantindo que o vírus carregue o vírus funcional sem causar doenças. Assim sendo, ao
encontrar a célula-alvo, o vírus injeta seu material genético, levando com ele o gene funcional,
que é utilizado pela célula hospedeira.

Apesar de a terapia gênica possuir bons resultados quando testada em laboratório, ela
ainda enfrenta algumas limitações que impedem que alguns tratamentos sejam realizados em
grande escala. Entre os problemas enfrentados, destacam-se os métodos de transferência gênica
pouco eficientes e a dificuldade de criação de mecanismos precisos de regulação do gene
funcional.
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BIBLIOGRAFIA

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