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Alfredo Mesquita (São Paulo/SP, 1907 - São Paulo/SP, 1987) foi diretor e dramaturgo.

Nasceu na cidade de São Paulo, em 26 de novembro de 1907. Membro da família


fundadora do jornal O Estado de S.Paulo, não seguiu a carreira jornalística, como seus
familiares. Decide dedicar-se ao teatro, estudando em Paris, França, entre 1935 e 1937,
com Louis Jouvet, no Théâtre de L'Athenée, com Gaston Baty, no Théâtre de
Montparnasse, além de cursos no Collège de France, na Sorbonne e na Escola do Louvre.

Alfredo Mesquita por Otávio Araújo

Em 1936, estreia como dramaturgo com a peça "Esperança da Família", protagonizada


por Procópio Ferreira. Nesse mesmo ano, leva ao palco do Teatro Municipal outro texto de
sua autoria, "Noite de São Paulo". Em 1937, outra peça de sua autoria é dirigida
por Procópio Ferreira: "Em Família". Em 1938, dirige o texto "Casa Assombrada" e, em
1939, "Dona Branca".

Em 1942, com outros amadores de teatro funda o Grupo de Teatro Experimental (GTE),
uma das raízes para a criação do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), que estria com a
montagem, em francês, da peça "À Quoi Rêvent les Jeunes Filles", de Alfred Musset. Em
1948, funda a Escola de Arte Dramática, EAD, inicialmente funcionando no Externato
Elvira Brandão e, no ano seguinte, no edifício do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC),
onde ele passa a dedicar todo seu empenho e vida, até 1968, quando devido a problemas
financeiros a escola é incorporada à Universidade de São Paulo.
Na EAD, fica conhecido como doutor Alfredo e encena várias peças de sua autoria: "Um
Abrigo" (1952); "Mãe e Filha" (1952); "O Malentendido" (1959); "Luar Pela Janela" (1964);
"Os Pirâmidas" (1967). Morreu, em sua residência, em São Paulo, no dia 23 de novembrp
de 1986, poucos dias antes de completar 79 anos.

A EAD

Valmir Santos

Inaugurada em 1948, a EAD passou 20 anos sob o comando de Mesquita. Em 1968, a


crise financeira levou a escola a ser incorporada pela USP, instituição que catalisa o
trabalho de Góes. Mas a autora contextualiza o percurso intelectual que ajuda a entender
como a vocação para educador ganhou consistência.
O filho do dono do jornal "O Estado de S.Paulo" protagonizou feitos como a abertura de
uma livraria em sociedade, a Jaraguá, no centro paulistano (1940-54), frequentada por
Oswald e Mário de Andrade, além de jovens como Hilda Hilst. Coube a Mesquita lançar a
"Clima" (1941-44), "uma revista de gente nova e desconhecida", como a publicação se
auto-declarava. Gente como Décio de Almeida Prado (teatro), Paulo Emílio Salles Gomes
(cinema), Antonio Candido (literatura), Lourival Gomes Machado (artes plásticas), Antonio
Lefèvre (música) e outros.

Em 1944, Mesquita criou o Grupo de Teatro Experimental (GTE), integrado por artistas
amadores. Escreveu e dirigiu peças que atraíram o industrial Franco Zampari para aquela
arte, inspirando-o a inaugurar o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) em 1948, na Bela
Vista. Em abril daquele ano, a EAD começou a funcionar no porão do externato Elvira
Brandão, nos Jardins. A cidade contava apenas três teatros: o Municipal, o Boa Vista
(atual Sérgio Cardoso) e o extinto Santana. No semestre seguinte, a EAD ocupou o 2º
andar do TBC a convite de Zampari. A sede mudou depois para um casarão em
Higienópolis (1952-60) e o prédio da atual Pinacoteca do Estado, antes de ir de vez para a
Cidade Universitária, em 1970.

"Alfredo acreditava que os fundamentos da formação do ator eram cultura, disciplina e


ética", escreve Góes. Entre os mestres, estavam Cacilda Becker, o crítico alemão Anatol
Rosenfeld, o filósofo tcheco Vilém Flusser e o cenógrafo italiano Gianni Ratto, além da
então secretária e bibliotecária da escola, Maria Thereza Vargas. A EAD formou turmas de
1950 a 2007. São centenas de artistas, da geração de Myriam Muniz à de Marat
Descartes. A autora não pisa o terreno afetivo de Mesquita, reservado no trato pessoal. "A
intimidade o assustava mais do que o desrespeito ou a agressão."

Um celeiro dos melhores artistas brasileiros. É assim que muitos definem a Escola de
Arte Dramática. E, embora algumas pessoas não saibam, nomes consagrados do teatro
nacional já deixaram suas lágrimas, risos, abraços, gritos e aplausos nos ares da
instituição. Ney Latorraca, Glória Menezes, Francisco Cuoco, Aracy Balabanian, Leonardo
Villar, Elizabeth Savala, Caco Ciocler, Juca Chaves, Marisa Orth e Edson Celulari foram
alguns deles.

O livro conta a trajetória de um dos homens mais queridos pelos artistas de sua época e
documenta sua importância na construção cultural de São Paulo. Foi graças ao surgimento
da escola que a profissão de ator passou a ser reconhecida e mais respeitada diante da
sociedade. Alfredo desenvolveu um modelo artístico educacional através do
comprometimento cênico, intelectual e teórico, além da disciplina que era requisito
fundamental como qualquer outra profissão deveria exigir.

Formadora de atores, cenógrafos, críticos, dramaturgos e diretores, a primeira escola de


teatro foi fundada no país em 1948, por Alfredo Mesquita (1907-1987), filho de Julio
Mesquita, o patriarca do jornal O Estado de S. Paulo. Foi por conta da sua paixão pela
cena e falta de interesse em participar dos acontecimentos do jornal que o até então
advogado se voltou às artes e transformou o fazer teatral no país. O personagem
irreverente recebeu no fim de 2007, ano de seu centenário, uma biografia que leva o nome
de Alfredo Mesquita- um grã-fino na contramão, escrita pela dramaturga e jornalista Marta
Góes.

A princípio, a escola se instalou no porão do Externato Elvira Brandão, na Alameda Jaú,


no Jardins. Logo depois passou a ocupar o segundo andar do Teatro Brasileiro de
Comédia TBC, no bairro do Bixiga. De 1952 até 1960, a escola se estruturou numa casa
em Higienópolis e mais tarde na Avenida Tiradentes (hoje Pinacoteca do Estado). Por fim,
em 1970, mudou-se para a Cidade Universitária, data que Alfredo abriu mão da direção da
escola e ela seguiu integrada a Universidade de São Paulo até hoje.

Com mais de 120 espetáculos encenados ao longo dessas seis décadas, em seu
repertório encontra-se de tudo: das comédias e tragédias gregas até textos modernos e
alguns realizados pelos próprios grupos para as montagens. Peças e escritores de todos
os tempos passearam pelo palco da EAD, entre seus destaques estão:Exceção e a Regra,
de Bertolt Brecht, em 1951; as de Esperando Godot, de Samuel Beckett, e O Anúncio
Feito à Maria, de Paul Claudel, em 1955; Ubu Rei, de Alfred Jarry, em 1958; além de
montagens de grande porte, comoMacbeth, de Shakespeare, em 1962; Teatro Cômico, de
Goldoni, em 1958; Na Festa de São Lourenço, de José de Anchieta, em 1960; Os Persas,
de Ésquilo, em 1961; O Burguês Fidalgo, de Molière, e As Alegres Comadres de Windsor,
de Shakespeare, em 1968.

Fonte: http://www.teatropedia.com/wiki/Alfredo_Mesquita
https://terceironome.wordpress.com/category/alfredo-mesquita-um-gra-fino-na-contramao/
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0312200717.htm

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