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Curso online

INSTRUMENTAÇÃO
CIRÚRGICA

DISPONÍVEL 24 HORAS LÍDER EM CUSTO EM CONFORMIDADE


POR DIA BENEFÍCIO COM AS LEIS VIGENTES
SUMÁRIO
Tipos e funções das organizações hospitalares ...................................................... 2
O centro cirúrgico ........................................................................................................ 5
Montagem da sala cirúrgica ....................................................................................... 7
Circulação na sala cirúrgica ....................................................................................... 8
Equipamentos da sala cirúrgica ................................................................................. 10
Central de Material Esterilizado ................................................................................ 15
Instrumentais cirúrgicos: cuidados na limpeza e manutenção ............................... 32
Assepsia e antissepsia ............................................................................................... 49
Preparo e função do instrumentador cirúrgico ......................................................... 50
Tempos cirúrgicos ...................................................................................................... 51
Terminologias cirúrgicas ............................................................................................. 53
Instrumentais cirúrgicos .............................................................................................. 61
Instrumentais especializados ...................................................................................... 64
Preparação da mesa cirúrgica .................................................................................... 71
Assistência ao paciente cirúrgico ............................................................................... 74
Referências .................................................................................................................. 87
Tipos e funções das
organizações hospitalares
As instituições hospitalares podem surgir como sociedades particulares, com um
ou vários sócios, ou como resultado de um ato oficial nos níveis federal, estadual
ou municipal. Essas entidades fazem parte de um grupo de prestadores de
serviços de saúde e podem ou não ter fins lucrativos. Os hospitais sem fins
lucrativos podem ser divididos da seguinte forma:

Hospitais Beneficentes: São hospitais destinados a beneficiar uma


instituição de caridade específica ou um grupo de pessoas
necessitadas. Diferentemente dos hospitais filantrópicos, eles utilizam
seus lucros para ajudar aqueles que precisam.

Hospitais Filantrópicos: São instituições sem fins lucrativos, cujo foco


está exclusivamente na prestação de serviços de saúde.

Os hospitais particulares, por sua vez, têm como objetivo prestar assistência para
restaurar a saúde da população, mas são entidades com fins lucrativos. Eles
podem atender pacientes por meio de convênios de saúde ou mediante
pagamento direto pelos serviços prestados. Essas instituições podem oferecer
uma variedade de especialidades médicas, sendo chamadas de hospitais gerais
ou especializados, como os de cirurgia plástica, olhos, coração, entre outros.

De acordo com o Ministério da Saúde, um hospital é uma parte integrante de uma


organização médica e social, cuja função básica é proporcionar à população
assistência médica e sanitária completa, abrangendo tanto a cura como a
prevenção, em qualquer regime de atendimento, inclusive em domicílio. Além
disso, os hospitais também são centros de educação, capacitação de recursos
humanos e pesquisas em saúde, além de serem responsáveis pelo
encaminhamento de pacientes e pela supervisão e orientação de
estabelecimentos de saúde vinculados a eles tecnicamente.

A evolução das necessidades de saúde da população e os avanços tecnológicos


demandam que os hospitais tenham características que garantam a qualidade dos
serviços prestados à comunidade. Dessa forma, espera-se que um hospital seja
dinâmico, atualizado, progressivo e comprometido com a saúde da população,
visando a rigidez e longevidade.

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Vale ressaltar que um hospital não se limita apenas à assistência à saúde, mas
também exerce funções importantes como:

Promoção à saúde;
Proteção específica contra doenças e agravos;
Diagnóstico precoce e tratamento imediato;
Recuperação da saúde;
Reabilitação ou readaptação dos pacientes que adquiriram sequelas.

O direito à saúde da população brasileira é assegurado pela Constituição Federal


de 1988, e embora possa parecer vago e difícil de avaliar, o direito à assistência
médica integral é mais facilmente verificável.

A abordagem da saúde deve integrar gradativamente os cuidados preventivos e


curativos, não separando-os. As medidas de prevenção primária englobam:

Saneamento básico;
Educação em saúde;
Higiene pessoal;
Alimentação saudável;
Hábitos saudáveis de vida.

No que diz respeito à assistência à saúde, ela pode ser classificada em:

Assistência Primária: Caracteriza-se pela realização de ações preventivas e


curativas de nível básico, direcionadas às pessoas. Inclui atividades como
imunização, visitas domiciliares, puericultura, complementação alimentar
para grupos de maior risco, consultas médicas, odontológicas e de
enfermagem. Além disso, o saneamento básico, abastecimento de água e
rede de esgoto também estão relacionados à assistência primária, e os
Postos de Saúde são exemplos desse tipo de assistência.

Assistência Secundária: Prestada em hospitais locais, unidades mistas ou


ambulatoriais para a população que necessita de esclarecimentos,
diagnóstico ou recursos não disponíveis na assistência primária.

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Assistência Terciária: Prestada em hospitais de maior complexidade, que
contam com várias especialidades médicas, incluindo clínica médica,
cirúrgica, pediátrica e obstétrica.

Assistência Quaternária: Caracterizada por unidades ambulatoriais e


hospitalares altamente especializadas, como neurocirurgia, tratamento de
queimados, entre outras.

Segundo a terminologia do Ministério da Saúde e dentro do Sistema Nacional de


Saúde, os hospitais podem ser classificados como:

Hospitais Gerais: Destinados a atender pacientes com doenças


relacionadas a diversas especialidades médicas. Podem ter atendimento
específico para faixas etárias ou populações específicas, como hospitais
infantis ou militares, ou ainda serem focados em finalidades específicas,
como hospitais de ensino.
Hospitais Especializados: Destinados a atender pacientes que
necessitam da assistência de uma especialidade médica específica.
Hospitais de Corpo Clínico Fechado: Nesses hospitais, apenas os
profissionais integrantes do corpo clínico têm permissão para realizar
atividades de rotina.
Hospitais de Corpo Clínico Aberto: Permitem que qualquer profissional
habilitado possa internar e tratar pacientes assistidos por eles.
Hospitais de Pequeno Porte: Com capacidade de operação de até 50
leitos.
Hospitais de Médio Porte: Com capacidade de operação de 50 a 150
leitos.
Hospitais de Grande Porte: Com capacidade de operação de 150 a 500
leitos. Acima de 500 leitos, consideram-se hospitais de capacidade
extra.

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O Centro Cirúrgico: Um Ambiente
Essencial Para A Segurança Do Paciente
O centro cirúrgico é um setor crucial dentro de uma instituição hospitalar,
composto por várias áreas interligadas, projetadas para garantir a realização
segura de procedimentos cirúrgicos. Essa área complexa, de acesso restrito, deve
seguir as normas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para
garantir a máxima eficiência e segurança.

Dentro do centro cirúrgico, diversos ambientes de apoio são essenciais para o


funcionamento adequado. São eles: sala para equipamentos, vestiários com
banheiro, sala administrativa, espaço para guardar cilindros, laboratório, copa,
sala de espera para acompanhantes com banheiro, sala de descanso para
funcionários e área para guardar cadeiras de rodas e macas. Além disso, é
fundamental que o centro cirúrgico esteja convenientemente localizado,
facilitando o acesso a outras unidades do hospital, como internação, pronto-
socorro, centro de terapia intensiva e unidade coronariana. Também deve estar
conectado a unidades de suporte, como farmácia, lavanderia, agência
transfusional, laboratório, raio-X e central de material esterilizado.

Para garantir a segurança de todos os envolvidos, são recomendadas algumas


diretrizes para a instalação do centro cirúrgico. Entre elas estão:

Assegurar que todos os profissionais do centro cirúrgico conheçam bem as


saídas de emergência.
Manter controle individual de temperatura em cada sala cirúrgica.
Manter pressão positiva na sala cirúrgica para evitar a entrada de ar
contaminado.
Eliminar a necessidade da zona de transferência, uma barreira física utilizada
anteriormente no acesso dos pacientes.

Além disso, o ambiente físico do centro cirúrgico também deve ser


cuidadosamente planejado. O piso deve ser resistente, de fácil limpeza e não
poroso para facilitar a remoção de sujeira e garantir a assepsia adequada. As
paredes não devem ser revestidas com azulejos, pois as linhas do reboco podem
abrigar micro-organismos.

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As janelas devem ser lacradas para impedir a comunicação com o meio externo e
as portas devem possuir visores de vidro para evitar aberturas desnecessárias.
Todos os registros de emergência para a rede de gases medicinais devem ser
claramente identificados e visíveis a todos. Adicionalmente, é essencial que o
centro cirúrgico possua um sistema de ar-condicionado central para remover
gases anestésicos, controlar temperatura e umidade, promover a troca adequada
de ar e eliminar partículas suspensas, protegendo contra partículas externas.

A equipe do centro cirúrgico é formada por profissionais de diferentes áreas, cujo


objetivo é oferecer cuidados especializados e qualificados aos pacientes,
buscando a recuperação e melhora através de intervenções cirúrgicas, sempre
garantindo a segurança e o bem-estar dos pacientes.

Para o bom funcionamento do centro cirúrgico, é importante seguir algumas


regras, tais como:

Agendar as cirurgias com antecedência mínima de 24 horas.


Encaminhar o mapa cirúrgico aos setores de apoio um dia antes da cirurgia.
Iniciar as cirurgias pontualmente, salvo em casos de intercorrências, para
evitar atrasos em procedimentos subsequentes.
Proibir a ingestão ou porte de alimentos na área crítica do centro cirúrgico,
como na central de esterilização, central de material esterilizado, salas
operatórias e corredor cirúrgico.
Permitir apenas a entrada de pessoas autorizadas da área de saúde.
Evitar o uso da roupa privativa do centro cirúrgico em outros setores do
hospital.
Não utilizar o conjunto cirúrgico por cima da roupa comum.
Envolver malas, maletas e bolsas em sacos plásticos antes de entrar no centro
cirúrgico.
Permitir a entrada na área crítica apenas de pessoas devidamente
paramentadas.
Evitar o uso de adereços, como brincos, anéis, pulseiras e cordões, no interior
do centro cirúrgico.
Preencher completamente o registro geral da operação pelo médico cirurgião,
incluindo assinaturas e carimbos dos membros da equipe.
Confirmar a autorização do procedimento cirúrgico antes de permitir a entrada
do paciente no centro cirúrgico.

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Por fim, é essencial entender a divisão do centro cirúrgico em três áreas: a área
irrestrita, onde os profissionais de saúde circulam livremente; as áreas
semirrestritas, onde a circulação é permitida desde que não afete a assepsia da
área restrita; e a área restrita, onde a roupa privativa do centro cirúrgico é
obrigatória, e medidas rigorosas de assepsia são aplicadas para evitar infecções.
Essa estrutura restrita ao público garante um ambiente seguro e controlado para
os procedimentos cirúrgicos.

Em resumo, o centro cirúrgico é um local vital para a prestação de cuidados


médicos de alta qualidade e segurança. Cumprir as normas e diretrizes
estabelecidas é fundamental para o sucesso das intervenções cirúrgicas e o bem-
estar dos pacientes.

Montagem da sala cirúrgica


A montagem da sala cirúrgica é uma responsabilidade crucial da equipe de
enfermagem, garantindo que o procedimento cirúrgico ocorra com segurança e
tranquilidade, priorizando a saúde do paciente.

Antes de iniciar a montagem da sala cirúrgica, é essencial que o profissional siga


algumas recomendações importantes:

Verificar no mapa cirúrgico qual cirurgia será realizada.


Checar o nome do paciente, sua idade, horário agendado para a cirurgia, a
equipe cirúrgica e anestésica responsável, além de observações importantes
sobre o procedimento cirúrgico.
Verificar se os equipamentos e materiais específicos solicitados, assim como
os itens de rotina, estão disponíveis para realizar o procedimento cirúrgico.
Lavar as mãos de forma adequada antes de manipular qualquer material.
Avaliar as condições de limpeza da sala cirúrgica antes de equipá-la com os
materiais e equipamentos necessários.
Testar o funcionamento de todos os equipamentos na sala cirúrgica para
garantir que estejam operacionais.
Verificar se a mesa cirúrgica permite posicionar o paciente de acordo com as
necessidades do procedimento.

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Verificar a disponibilidade de equipamentos acessórios, como bancos,
suportes de soro, braçadeiras, arcos, mesas para instrumentais, hampers e
extensões elétricas.
Solicitar ou buscar os artigos médicos esterilizados específicos que serão
utilizados durante a cirurgia.
Tanto o circulante quanto o instrumentador cirúrgico devem verificar a
integridade dos pacotes cirúrgicos.
Organizar os medicamentos e materiais descartáveis, sempre verificando a
validade da esterilização e a integridade das embalagens.
Prover a sala cirúrgica com diversos artigos para auxiliar a equipe cirúrgica,
como talas, ataduras, soluções, adesivos e fitas adesivas.
Abastecer a sala com impressos utilizados para registrar os detalhes da
cirurgia.
Verificar e preparar o carro de anestesia.
Dispor em mesas auxiliares os artigos que serão utilizados pelo anestesista.

Seguindo essas orientações, a equipe de enfermagem garantirá uma montagem


eficiente da sala cirúrgica, proporcionando um ambiente seguro e adequado para
a realização do procedimento.

Circulação na sala cirúrgica:


garantindo segurança e eficiência
A circulação na sala cirúrgica é um procedimento essencial conduzido pela equipe
de enfermagem durante todo o processo cirúrgico. Seu principal objetivo é
assegurar as condições funcionais e técnicas necessárias para o adequado
andamento do procedimento, priorizando a segurança e o bem-estar do paciente.

A responsabilidade por essa atividade pode ser atribuída ao enfermeiro, ao


técnico ou ao auxiliar de enfermagem, designados geralmente pelo enfermeiro
responsável pelo centro cirúrgico. O instrumentador também pode auxiliar nessa
preparação, dado o seu conhecimento dos materiais e equipamentos utilizados
pela equipe cirúrgica, o que agiliza e previne possíveis necessidades durante o
procedimento.

Alguns pontos importantes a serem observados pelo circulante da sala cirúrgica


são:

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Higienização adequada das mãos;
Receber o paciente, apresentar-se e verificar sua identificação em relação ao
prontuário;
Conferir os exames realizados pelo paciente;
Realizar a monitorização do paciente;
Auxiliar o médico anestesista durante a indução anestésica;
Apoiar a equipe cirúrgica na paramentação;
Garantir o correto funcionamento dos equipamentos cirúrgicos;
Posicionar o foco cirúrgico adequadamente;
Disponibilizar os materiais necessários próximos à equipe cirúrgica;
Realizar a contagem do número de compressas utilizadas nos procedimentos
cirúrgicos que envolvam a cavidade abdominal;
Manter a sala cirúrgica organizada;
Permanecer atento às solicitações da equipe cirúrgica;
Encaminhar o paciente para a sala de recuperação pós-anestésica;
Reorganizar a sala cirúrgica após o procedimento.

Ao seguir essas recomendações, o circulante contribui para um ambiente cirúrgico


seguro, eficiente e propício à realização do procedimento. A cooperação entre a
equipe de enfermagem, médicos e demais profissionais é fundamental para
garantir o melhor cuidado possível ao paciente durante todo o processo cirúrgico.

Procedimentos de
desmontagem da sala cirúrgica
A responsabilidade pela desmontagem da sala cirúrgica recai sobre a equipe de
enfermagem, que deve se encarregar de remover todos os materiais,
equipamentos e artigos utilizados durante a cirurgia, encaminhando-os
devidamente ao expurgo.

O instrumentador cirúrgico desempenha um papel fundamental nessa etapa,


sendo encarregado de recolher os materiais e equipamentos utilizados por sua
equipe cirúrgica e enviá-los para o processo de higienização. É crucial destacar
que o instrumentador cirúrgico não deve levar consigo instrumentos sujos,
contendo matéria orgânica, para realizar a limpeza em sua residência. Em vez
disso, a higienização deve ser realizada nas dependências do próprio hospital.

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Para garantir a segurança e a eficiência no procedimento de desmontagem da
sala cirúrgica, seguem-se algumas recomendações importantes:

Lavar as mãos antes de iniciar o processo;


Utilizar luvas de procedimentos, óculos de proteção e máscara facial durante
toda a atividade;
Reunir os campos e instrumentais cirúrgicos não utilizados;
Descartar os materiais perfurocortantes em recipientes adequados;
Recolher e retirar os instrumentais da mesa cirúrgica;
Separar os materiais que foram utilizados pelo anestesiologista;
Retirar as luvas de procedimento de forma adequada;
Informar ao serviço de limpeza sobre a necessidade de higienização da sala
cirúrgica.

Ao seguir rigorosamente essas orientações, a equipe contribui para um ambiente


limpo e seguro, evitando possíveis contaminações e garantindo condições ideais
para os próximos procedimentos cirúrgicos. A desmontagem adequada da sala
cirúrgica é essencial para a preservação da saúde e o bem-estar de pacientes e
profissionais envolvidos.

Equipamentos da sala cirúrgica


Bisturi elétrico

É um equipamento cirúrgico que transforma a corrente elétrica alternada de baixa


frequência em corrente elétrica de alta frequência. Sua função é coagular,
dissecar e fulgurar.
A coagulação refere-se à oclusão ou
fechamento dos vasos sanguíneos por meio
da solidificação das substâncias proteicas e
de retração os tecidos. A dissecação é a
secção dos tecidos pela dissolução da
estrutura molecular e celular, desidratando
e fundindo as células próximas ao eletrodo
positivo.

A fulguração é a coagulação superficial, indicada para eliminar pequenas


proliferações celulares cutâneas e remover manchas.

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Bisturi bipolar

Este equipamento consiste em unidades eletrocirúrgicas


bipolares, usadas com o objetivo de coagulação. Com o
bisturi bipolar é permitido à coagulação bipolar, ou seja,
a hemostasia de vasos sanguíneos da maioria dos
tamanhos.

Bisturi harmônico

O bisturi harmônico Ultrasicion utiliza-se a energia


elétrica para acionar o sistema de corte e coagulação de
tecidos moles, mas sem difundir essa corrente elétrica
para o corpo do paciente. A potência do corte pode ser
ajustada durante o procedimento cirúrgico, podendo
essa potência ser aumentada ou diminuída, tanto para o
corte ou para coagulação.

Bisturi de argônio

Esse equipamento usa um feixe de gás de argônio


ionizado, o plasma de argônio, que passa conduzir a
corrente elétrica. A fulguração produz faíscas que
atingem o tecido, formando túneis internos. A eficiência
da coagulação, quando comparamos com o
eletrocautério, deve-se ao fluxo contínuo de faíscas e
não a ação do gás.

Aspirador cirúrgico

Equipamento de apoio, utilizado na absorção de


sangue e fluídos corporais durante o procedimento
cirúrgico, sendo utilizado tanto no procedimento
cirúrgico como na aspiração de secreções orais e
traqueais realizada pelos anestesistas.

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Foco cirúrgico de teto

Este equipamento consiste em unidades eletrocirúrgicas


bipolares, usadas com o objetivo de coagulação. Com o
bisturi bipolar é permitido à coagulação bipolar, ou seja,
a hemostasia de vasos sanguíneos da maioria dos
tamanhos.

Foco cirúrgico portátil

Tem a mesma função do foco cirúrgico de teto, porém


sua potência é menor. Sua principal função é servir
como um foco auxiliar ou ser utilizado em pequenos
procedimentos realizados fora do centro cirúrgico como,
por exemplo, no centro de terapia intensiva,
hemodinâmica e unidade coronariana.

Aparelho de anestesia

Equipamento utilizado para suprir uma mistura de gases


anestésicos e promover a sustentação da vida do
indivíduo anestesiado com segurança. Esse sistema não
somente libera os gases anestésicos, vapores e
oxigênio, como também provê o período transoperatório
de um número de monitorizações básicas, realizando
ainda a ventilação mecânica do paciente.

Mesa cirúrgica

É um equipamento destinado a acomodar o paciente


durante o procedimento cirúrgico. Possui diversos
acessórios para ser utilizado em diversos tipos de
procedimentos cirúrgicos. Pode ser elétrica ou
manual.

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Bomba de infusão

Equipamento destinado a infusão de drogas,


controlando sua vazão, tempo e quantidade de líquido
infundido. Deve ser utilizada principalmente para drogas
vasoativas.

Desfibrilador Cardíaco

É um equipamento destinado a realização da


desfibrilação ou cardioversão do coração. Pode ser
utilizado em cirurgias específicas como, por exemplo, na
cirurgia cardíaca ou em intercorrências durante o
procedimento cirúrgico.

Aparelho de anestesia

É um equipamento destinado a monitorização de


pacientes com a apresentação dos seguintes
parâmetros:

Oximetria de pulso;
Eletrocardiograma contínuo;
Pressão arterial não invasiva;
Pressão arterial invasiva; Pressão arterial média;
Frequência cardíaca;
Capnografia;
Frequência respiratória;
Temperatura;
Pressão intracraniana.

Equipamentos de videocirurgia
São os equipamentos destinados a realização de cirurgias por vídeo, como vídeo
colecistectomia, vídeo apendicectomia, dentre outras. Citaremos abaixo os
principais equipamentos destinados a este tipo de procedimento cirúrgico.

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Fonte de Luz

A fonte de luz é um dispositivo essencial que gera e


fornece a luminosidade necessária para visualizar o
campo de trabalho do médico cirurgião durante
procedimentos endoscópicos. Ela é utilizada tanto em
endoscópios rígidos quanto flexíveis.

Câmeras de vídeo

As microcâmeras, também conhecidas como câmeras


de vídeo de alta definição, possuem dimensões
reduzidas e são fundamentais para tornar as imagens do
procedimento endoscópico visíveis em um monitor. É
possível gravar o procedimento cirúrgico em foto e
vídeo usando esse equipamento, permitindo a
disponibilização posterior em mídias como CD ou DVD.

Insufladores

Os insufladores têm a função de promover a distensão


da área onde o procedimento cirúrgico será realizado.
Essa distensão pode ser obtida através do uso de gás,
como dióxido de carbono, ou líquidos, como manitol,
glicina ou soros. O método mais comum é a insuflação
de gás de dióxido de carbono.

Pneumoperitônio

O pneumoperitônio refere-se à presença de ar ou gás na


cavidade peritoneal. Em cirurgias videolaparoscópicas, é
necessário insuflar dióxido de carbono usando a agulha
de Verres para facilitar a visualização dos órgãos
abdominais, proporcionando maior segurança durante a
cirurgia.

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Morcelador

O morcelador é um equipamento utilizado para


fragmentar e extrair tecidos durante a
videolaparoscopia, podendo ser inserido diretamente
no abdome do paciente. Sua capacidade de girar
facilmente para os lados direito e esquerdo possibilita
a rápida extração de grandes quantidades de tecido.
O morcelador é controlado por um pedal e funciona
com um motor

Shaver

O Shaver é um equipamento cirúrgico versátil


projetado para atender a diversas demandas de
abrasão em artroplastias, sinovectomias, cortes e
raspagens intra-articulares. Ele possui uma
variedade de lâminas retas e curvas, e pode ser
utilizado tanto com controle manual quanto com
pedal. O cirurgião pode selecionar a opção de
movimento para frente, reverso ou oscilante para
maior precisão.

Central de Material Esterilizado


Benefícios e Atividades
A centralização da Central de Material Esterilizado proporciona diversas
vantagens fundamentais. Entre os principais benefícios, destacam-se:

Garantia de que todas as etapas do reprocessamento de materiais - limpeza,


secagem, preparo, acondicionamento, desinfecção e esterilização - sejam
executadas corretamente, seguindo padrões e processos estritamente
controlados.

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Utilização dos artigos médicos-hospitalares sem riscos ou comprometimento
da qualidade do serviço oferecido ao cliente, desde o recebimento até a
distribuição, garantindo segurança ocupacional.
Otimização do trabalho, facilidade no treinamento e supervisão dos
profissionais atuantes na Central, resultando em maior controle e
produtividade na unidade.

A Central de Material Esterilizado adere à normatização da RDC nº 307, que


estabelece as seguintes atividades básicas:

Recebimento, desinfecção e separação dos artigos médico-hospitalares.


Execução da lavagem dos artigos.
Recebimento das roupas provenientes da lavanderia.
Preparo dos artigos médico-hospitalares.
Acondicionamento das roupas em pacotes.
Esterilização das roupas e artigos hospitalares, utilizando métodos físicos e/ou
químicos.
Controle biológico e verificação da validade dos artigos esterilizados.
Armazenamento das roupas e artigos médico-hospitalares.
Distribuição dos materiais e pacotes de roupas esterilizadas.
Proteção e cuidado com a segurança dos profissionais que atuam na Central
de Materiais.

Dessa forma, a centralização da Central de Material Esterilizado se mostra


essencial para garantir a eficiência, segurança e qualidade dos serviços
prestados, contribuindo para um ambiente hospitalar mais organizado e confiável.

Localização da Central de Material Esterilizado


A Central de Material Esterilizado deve ser estrategicamente localizada,
preferencialmente próxima às unidades fornecedoras, tais como lavanderia,
almoxarifado, farmácia, e de fácil acesso aos setores consumidores,
especialmente o centro cirúrgico, o centro obstétrico, o pronto-socorro e as
unidades de terapia intensiva.

As seguintes áreas são essenciais para o funcionamento adequado de uma


Central de Material Esterilizado:

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Área suja: Essa área é destinada ao expurgo e ao recebimento dos artigos
encaminhados pelas diversas unidades, onde são realizados o recebimento
e a lavagem inicial dos materiais.

Área limpa: Nesta área, ocorre o preparo dos materiais e a montagem da


carga para o processo de esterilização. Aqui, são realizadas as etapas que
antecedem a esterilização propriamente dita.

Área estéril: Nesta última área, são armazenados os materiais e roupas já


esterilizados, devidamente acondicionados e prontos para uso.

Fluxo de materiais
O fluxo de materiais dentro da Central de Material Esterilizado deve ser
unidirecional e contínuo, evitando o cruzamento de artigos médico-hospitalares
sujos com os limpos.

É fundamental que os profissionais que atuam na área suja não transitem pela
área limpa, e vice-versa. Os instrumentadores cirúrgicos, mesmo quando
envolvidos no processamento dos materiais cirúrgicos utilizados em uma cirurgia,
devem compreender claramente essa noção e seguir as diretrizes estabelecidas.

Para garantir a manutenção do fluxo unidirecional, são instaladas barreiras físicas


entre as diferentes áreas da Central de Material Esterilizado. O acesso é restrito
somente aos profissionais autorizados a trabalhar no setor, bem como a outras
pessoas que tenham recebido permissão prévia para entrar nessas áreas. Isso é
essencial para preservar a integridade e a segurança dos materiais esterilizados,
contribuindo para a qualidade dos serviços prestados pelas unidades de saúde.

Área suja Área limpa Área estéril

Fluxo unidirecional com barreiras físicas entre as áreas

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No fluxograma abaixo podemos analisaras unidades fornecedoras e
consumidoras da Central de Material Esterilizado, justificando assim as principais
vantagens para a instituição hospitalar em manter um setor centralizado.

Unidades consumidoras Unidades fornecedoras

Central de material esterelizado

Recepção de Recepção de Recepção de


artigos sujos roupas artigos limpos

Limpeza e
secagem dos artigos

Preparo e
acondicionamento

Esterelização

Armazenamento de
artigos processados

Distribuição de artigos
limpos e esterelizados

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Recursos humanos na
central de material esterelizado
A equipe da Central de Material Esterilizado é composta por diferentes
profissionais, cada um desempenhando um papel crucial para o bom
funcionamento e qualidade dos serviços prestados. São eles:

Enfermeiro: Encarregado de estabelecer rotinas no setor e gerenciar toda a


unidade. Sua responsabilidade abrange a supervisão geral das atividades e
o asseguramento da excelência nos serviços prestados.

Técnico de Enfermagem: Responsável por desempenhar atividades de


complexidade intermediária, garantindo a execução adequada dos
procedimentos e apoiando o trabalho do enfermeiro.

Auxiliar de Enfermagem: Responsável pelo processo de esterilização dos


artigos médico-hospitalares e roupas, cumprindo uma função essencial
para a segurança e bem-estar dos pacientes.

Auxiliar Administrativo: Encarregado das tarefas administrativas, como o


gerenciamento de pedidos de almoxarifado e a comunicação entre a
Central de Material Esterilizado e outros setores, garantindo o fluxo
adequado de informações.

Auxiliar de Limpeza: Responsável pela higienização da estrutura física da


Central de Material, contribuindo para um ambiente seguro e asseado.

É fundamental ressaltar que todos esses profissionais estão subordinados ao


enfermeiro da unidade. A harmonia e a cooperação entre a equipe são essenciais
para garantir a qualidade do serviço prestado, refletindo diretamente no bem-
estar e segurança do paciente, que é o foco principal de nossa atuação.

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Classificação de artigos na
central de material esterelizado
Os artigos processados na Central de Material Esterilizado são classificados em
três categorias distintas:

Artigos críticos: Esta categoria engloba produtos e materiais utilizados em


procedimentos invasivos, que envolvem a penetração na pele, mucosas,
tecidos subepiteliais e o sistema vascular. Exemplos desses artigos são
agulhas, bisturis, implantes cirúrgicos, cateteres intravenosos,
instrumentais cirúrgicos e soluções injetáveis. Devido à sua natureza, esses
itens requerem obrigatoriamente um rigoroso processo de esterilização.

Artigos semicríticos: Nesta categoria estão incluídos os produtos ou


materiais que têm contato com a pele não íntegra do paciente ou com a
mucosa íntegra, mesmo que restrito a suas camadas. Alguns exemplos são
sondas nasoenterais e equipamentos utilizados para a manutenção do
sistema respiratório dos pacientes. Esses artigos demandam um nível de
desinfecção de alto nível e, em alguns casos, podem também passar pelo
processo de esterilização.

Artigos não críticos: Os produtos ou materiais pertencentes a esta


categoria entram em contato apenas com a pele íntegra do paciente ou
nem chegam a ter contato direto com o mesmo. Termômetros,
esfigmomanômetros e artigos destinados à higiene pessoal dos pacientes
são exemplos de artigos não críticos. Para esses itens, não é necessário
realizar o processo de esterilização, bastando uma desinfecção de baixo ou
médio nível para garantir a segurança adequada.

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Reprocessamento e reesterelização
de artigos médico-hospitalares
O reprocessamento e a reesterilização são conceitos cruciais que o
instrumentador cirúrgico deve sempre ter em mente. A reesterilização refere-se à
esterilização de artigos que já passaram por todo o processo de esterilização,
mas que ainda não foram utilizados. Isso pode acontecer devido à diminuição da
demanda de serviços, armazenamento inadequado dos materiais ou ao
vencimento do prazo de esterilização. Nessas situações, é essencial que o
material seja reprocessado novamente.

Por sua vez, o reprocessamento é o conjunto de procedimentos aplicados aos


artigos, com exceção daqueles de uso único, para que possam ser utilizados
novamente. Os artigos devem passar por etapas como limpeza, desinfecção,
embalagem, rotulagem, esterilização e serem submetidos a testes que
comprovem a eficácia da esterilização.

O instrumentador cirúrgico precisa dominar todas as fases do processo de


esterilização, e, portanto, é importante destacar a relevância de cada uma delas
em seu trabalho diário.

Importância da limpeza dos artigos


A limpeza dos artigos é a primeira e mais fundamental etapa do processo de
esterilização. Consiste na remoção da sujidade visível, orgânica e inorgânica,
buscando eliminar a carga microbiana presente em cada tipo de artigo médico-
hospitalar.

Independentemente do nível de criticidade do artigo, seja ele crítico, semicrítico


ou não crítico, a limpeza é indispensável para todos os tipos de materiais. Deve
sempre preceder as etapas de desinfecção e esterilização, pois um artigo que
não foi limpo adequadamente e ainda possui matéria orgânica protege os micro-
organismos, tornando as etapas seguintes do processo de esterilização
ineficientes. Isso pode prejudicar o paciente e criar um ambiente favorável ao
crescimento bacteriano.

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A ação mecânica na limpeza dos artigos é crucial para melhorar a eficiência da
limpeza e, consequentemente, a eficácia de todos os processos relacionados à
esterilização. A presença de matéria orgânica impregnada nos artigos pode
impedir que os agentes esterilizantes ou desinfetantes façam contato adequado
com o instrumental.

Além disso, resíduos de matéria orgânica, óleos, medicamentos e soluções


deixados nos artigos podem danificar o material, estimulando pontos de corrosão
e favorecendo reações cruzadas com os produtos utilizados nas etapas
subsequentes do processo, reduzindo a vida útil desses instrumentais.

É crucial ressaltar que, nos dias


atuais, dá-se grande importância
aos processos infecciosos de
origem endógena, mas não se pode
negligenciar os processos
infecciosos de origem exógena,
onde os profissionais da área da
saúde podem ser fontes de
contaminação.

Por isso, tanto os artigos, materiais e instrumentais cirúrgicos utilizados nos


procedimentos quanto o ambiente também merecem a devida atenção dos
instrumentadores cirúrgicos no contexto do controle de infecções.

Em um centro cirúrgico ou obstétrico com rotina agitada, o processamento


adequado dos artigos às vezes pode ser subestimado em comparação com a
atenção dada às modernas e sofisticadas tecnologias usadas na assistência
direta aos pacientes cirúrgicos. No entanto, a limpeza, desinfecção e esterilização
desses artigos não podem ser negligenciadas, pois são essenciais na prevenção
de infecções.

Muitos instrumentadores cirúrgicos podem cometer erros nesse processo devido


à variedade de materiais e equipamentos modernos e caros que lidam
diariamente. Portanto, é fundamental manter o devido cuidado com todos os tipos
de materiais e instrumentais cirúrgicos.

22
A presença de matéria orgânica nos artigos protege os microrganismos da ação
dos germicidas e dos processos esterilizantes, servindo como substrato para sua
proliferação, comprometendo gravemente a qualidade do material reprocessado.

Atualmente, discute-se muito sobre a limpeza dos artigos, bem como sobre
infecções hospitalares e infecções do sítio cirúrgico. No entanto, ainda é dada
pouca importância à qualidade do processo de limpeza. Isso pode ser atribuído ao
desconhecimento de alguns profissionais que trabalham no processamento dos
materiais, à falta de reconhecimento da importância da limpeza por parte de
alguns administradores e também à sobrecarga de tarefas.

É imprescindível ressaltar que a limpeza é


uma etapa fundamental no processamento
de artigos médico-hospitalares, e nenhum
outro processo pode substituí-la, mesmo
os de desinfecção de alto nível ou de
esterilização.

A qualidade do processo de limpeza está


diretamente relacionada à qualidade final
de todo o processo, pois a retirada da matéria orgânica possibilita a redução
do número de microrganismos presentesnos artigos.

Portanto, é responsabilidade do instrumentador cirúrgico realizar a limpeza


imediatamente após a conclusão do procedimento cirúrgico, evitando que a
sujidade resseque nos artigos e dificulte sua remoção. Essa limpeza deve
contemplar todas as superfícies do material, incluindo canais e ranhuras. Antes do
processo de limpeza, os materiais devem ser desmontados em todas as partes
possíveis para que a limpeza seja eficiente.

23
Objetivos da Limpeza dos Materiais
A limpeza dos materiais tem como principais objetivos:

Remover completamente a sujidade dos artigos.


Garantir a eficiência e eficácia do processo de desinfecção e esterilização.
Garantir a reutilização de artigos não críticos que são submetidos apenas à
limpeza.
Preservar os artigos.
Prevenir deterioração.
Restaurar a aparência.
Remover e reduzir a carga microbiana presente.
Extrair contaminantes orgânicos e inorgânicos.

Produtos de Limpeza
A limpeza dos materiais tem como principais objetivos:

Utilizar um detergente que facilite a remoção da matéria orgânica sem


danificar o artigo.
Escolher um produto de fácil enxágue, sem deixar resíduos no instrumental
cirúrgico.
Detergentes com pH menor que 7 são indicados para remoção de matéria
inorgânica e água dura, enquanto os que têm pH maior que 7 são
recomendados para remover matéria orgânica, como sangue e gordura.
Para o instrumental cirúrgico de aço inoxidável, é aconselhável utilizar
detergentes ligeiramente alcalinos, com pH entre 7 e 10, para a retirada de
depósitos minerais provenientes de água com elevado grau de impurezas.

Limpadores Enzimáticos
Os limpadores enzimáticos são compostos por enzimas, surfactantes,
solubilizantes e álcool isopropílico, que agem de forma balanceada para remover
a matéria orgânica dos artigos em curto período de tempo, geralmente em três
minutos. As principais enzimas presentes nesses limpadores são proteases
(interagem com proteínas), amilases (interagem com amidos), carboidrases
(interagem com carboidratos) e lipases (interagem com lipídeos

24
Esses limpadores possuem as seguintes características:

pH neutro.
Não são corrosivos.
São classificados como produtos de risco, atóxicos e não possuem efeitos
teratogênicos, mutagênicos ou carcinogênicos em mamíferos.
Permitem enxágue simples.

Recomendações importantes para o uso de limpadores enzimáticos:

Utilizar sempre que possível e justificado pela relação custo/benefício.


Verificar o modo de diluição, prazo de validade após a diluição, tempo de
imersão e método de utilização de acordo com as recomendações do
fabricante.
Selecionar apenas produtos registrados no Ministério da Saúde para a
aplicação pretendida.
Remover completamente esses limpadores com água corrente abundante.
Utilizar obrigatoriamente os limpadores enzimáticos para a limpeza de
instrumentos endoscópicos.
Selecionar o tipo de limpador enzimático adequado para a limpeza manual ou
mecânica automatizada, conforme as recomendações do fabricante.

Detergentes e Desincrustantes
Os detergentes contêm tensoativos em sua formulação para reduzir a tensão
superficial da água, promovendo umectação, dispersão e suspensão das
partículas. Os desincrustantes são detergentes destinados à limpeza de artigos
para imersão. Embora a eficiência da limpeza com esses produtos seja menor em
comparação aos limpadores enzimáticos, seu uso é indicado quando há pouca
matéria orgânica, devido ao baixo custo.

No entanto, é importante evitar misturar esses produtos ou associá-los a


desinfetantes, pois isso pode reduzir a eficiência da limpeza e aumentar o risco
ocupacional devido à formação de produtos tóxicos.

25
Recomendações importantes para o uso de detergentes e desincrustantes:

Empregar detergente em artigos com pequena ou desprezível quantidade de


matéria orgânica.
Remover completamente o detergente ou desincrustante com água corrente
abundante.
Utilizar apenas um tipo de agente limpante.
Não usar detergentes em instrumentais cirúrgicos para evitar corrosão.
Não utilizar detergentes domésticos, pois podem conter lipídeos que formam
biofilme, dificultando o processo de limpeza e desinfecção/esterilização.

Tipos de soluções
para limpeza dos artigos
Os principais tipos de soluções utilizados na limpeza dos artigos são:

Água potável: mantém a sujidade úmida, mas não remove a sujidade


incrustada.
Água associada a detergente: facilita a retirada da sujidade seca, mas requer
ação mecânica para remover a sujidade incrustada.
Detergente enzimático: efetivo na remoção de sujidade sem necessidade de
ação mecânica, porém sua efetividade depende da concentração de enzimas,
temperatura da solução e tempo de contato.
Detergente desinfetante.

Lubrificante
Após o processo de limpeza, é importante utilizar lubrificantes para proteger os
instrumentais e evitar rigidez e dificuldade de manejo. É recomendado utilizar
apenas lubrificantes antimicrobianos e solúveis em água, pois óleos minerais, óleo
de silicone ou óleo de máquinas não permitem a penetração de agentes
esterilizantes e não destruirão os microrganismos. Lubrificantes com inibidores de
ferrugem são úteis na prevenção de eletrólise nas pontas e gumes, protegendo a
superfície dos depósitos minerais e permitindo a esterilização. As instruções do
fabricante devem ser rigorosamente seguidas para garantir a eficiência e eficácia
do lubrificante, que deve ser renovado regularmente.

26
Recomendações importantes para o uso de detergentes e desincrustantes:

Empregar detergente em artigos com pequena ou desprezível quantidade de


matéria orgânica.
Remover completamente o detergente ou desincrustante com água corrente
abundante.
Utilizar apenas um tipo de agente limpante.
Não usar detergentes em instrumentais cirúrgicos para evitar corrosão.
Não utilizar detergentes domésticos, pois podem conter lipídeos que formam
biofilme, dificultando o processo de limpeza e desinfecção/esterilização.

Tipos de soluções
para limpeza dos artigos
Os principais tipos de soluções utilizados na limpeza dos artigos são:

Água potável: mantém a sujidade úmida, mas não remove a sujidade


incrustada.
Água associada a detergente: facilita a retirada da sujidade seca, mas requer
ação mecânica para remover a sujidade incrustada.
Detergente enzimático: efetivo na remoção de sujidade sem necessidade de
ação mecânica, porém sua efetividade depende da concentração de enzimas,
temperatura da solução e tempo de contato.
Detergente desinfetante.

Lubrificante
Após o processo de limpeza, é importante utilizar lubrificantes para proteger os
instrumentais e evitar rigidez e dificuldade de manejo. É recomendado utilizar
apenas lubrificantes antimicrobianos e solúveis em água, pois óleos minerais, óleo
de silicone ou óleo de máquinas não permitem a penetração de agentes
esterilizantes e não destruirão os microrganismos. Lubrificantes com inibidores de
ferrugem são úteis na prevenção de eletrólise nas pontas e gumes, protegendo a
superfície dos depósitos minerais e permitindo a esterilização. As instruções do
fabricante devem ser rigorosamente seguidas para garantir a eficiência e eficácia
do lubrificante, que deve ser renovado regularmente.

27
Métodos de limpeza
para artigos cirúrgicos
O profissional responsável pela limpeza de artigos e instrumentos cirúrgicos deve
realizar essa tarefa de maneira rigorosa e meticulosa, adaptando a abordagem
apropriada para cada tipo de item. É importante selecionar o método mais
adequado de acordo com as demandas e os recursos disponíveis na instituição
hospitalar. Assim, a limpeza pode ser realizada de forma manual ou mecânica.

Limpeza manual de artigos

Este procedimento é realizado manualmente, onde a sujeira é removida por meio


de ação física aplicada na superfície do artigo, utilizando detergente, água e
artefatos como escova e esponja.

Os principais materiais recomendados para a limpeza manual são:

Equipamento de proteção individual;


Escova de cerdas macias;
Recipiente com cesto vazado para diluição do detergente;
Recipiente para lubrificante;
Dosador graduado;
Pia com cuba e torneira de água com jato direcionável;
Escova e adaptador para limpeza de lúmens.

A limpeza manual apresenta maior risco de contaminação para os profissionais de


saúde, seja por respingos de matéria orgânica em mucosas, seja por acidentes
com materiais cortantes ou perfurantes, portanto, o uso de equipamentos de
proteção individual é necessário.

Recomendações importantes para a limpeza manual incluem:

Restringir a limpeza manual para artigos delicados que não possam ser
processados mecanicamente;
Preferencialmente, utilizar soluções enzimáticas;
Usar escovas não abrasivas com cerdas macias e esponjas. Manter as
escovas limpas e secas;

28
Não utilizar palha de aço ou saponáceo, pois podem danificar a superfície do
artigo;
Estabelecer uma frequência de limpeza para as escovas e substituir aquelas
que estiverem em más condições;
Enxaguar as peças abundantemente com água para remover a sujeira e o
detergente;
Utilizar os equipamentos de proteção individual adequados, como luvas
grossas de borracha antiderrapante de cano longo, avental com mangas
longas impermeáveis, botas de borracha, gorro, protetor facial ou máscara e
óculos de proteção;
Remover instrumentos cortantes imersos em soluções de limpeza com o
auxílio de uma pinça, evitando o contato direto com as mãos para evitar
acidentes;
Limpar os artigos individualmente;
Realizar uma inspeção minuciosa de instrumentais longos e com lúmens;
Trocar a solução de limpeza de acordo com as orientações do fabricante ou
sempre que estiver saturada;
A escovação deve ser realizada com o artigo submerso, evitando a formação
de aerossóis ao escovar sob água corrente.

Limpeza mecânica de artigos

A limpeza mecânica de artigos é um processo que utiliza tecnologia


automatizada, combinando temperatura, tempo, produtos químicos e ação
mecânica. Esse método reduz o risco de acidentes ocupacionais para os
profissionais envolvidos na limpeza dos artigos e proporciona um registro e
padronização do processo, garantindo uma melhor qualidade de limpeza.

A principal desvantagem desse processo é o custo inicial elevado e a limitação no


uso de alguns materiais, como fibroscópios e óticas, que podem ser danificados
pela intensidade do jato de água e da solução utilizada na lavadora.

A seguir, destacamos os tipos de lavadoras que realizam esse processo de forma


segura:

Lavadora ultrassônica;
Lavadora de descarga;

29
Lavadora termodesinfetadora;
Lavadora esterilizadora;
Lavadora pasteurizadora.

O uso de lavadoras específicas para a limpeza de artigos reduz a possibilidade de


acidentes com material biológico, pois diminui a manipulação dos artigos
contaminados.

No entanto, o instrumentador cirúrgico ou o profissional da Central de Material


deve sempre utilizar os equipamentos de proteção individual. Recomendações
importantes para a limpeza mecânica de artigos e instrumentos cirúrgicos
incluem:

Observar cuidadosamente a escolha de lavadoras que utilizam temperatura,


pois é necessário um jato de água fria prévio para evitar a coagulação das
proteínas;
A água deve ser mantida em torno de 43°C, prevenindo a coagulação das
proteínas e facilitando a remoção da sujeira;
Realizar um tratamento específico da água antes da instalação da lavadora,
uma vez que a dureza da água pode afetar a vida útil dos equipamentos;
Para a utilização de detergentes, é importante seguir as instruções do
fabricante de cada equipamento;
Fazer um enxágue abundante para remover a sujeira e os resíduos do
detergente;
Realizar o enxágue final com água deionizada.

O uso de lavadoras específicas para a limpeza de artigos reduz a possibilidade de


acidentes com material biológico, pois diminui a manipulação dos artigos
contaminados.

No entanto, o instrumentador cirúrgico ou o profissional da Central de Material


deve sempre utilizar os equipamentos de proteção individual. Recomendações
importantes para a limpeza mecânica de artigos e instrumentos cirúrgicos
incluem:

Equipamentos de proteção individual, como luvas grossas de borracha


antiderrapante de cano longo, avental impermeável, botas de borracha, gorro,
protetor facial ou máscara e óculos de proteção;

30
Solução de detergente enzimático específico para lavadoras, indicado pelo
fabricante da lavadora;
Solução desinfetante, quando necessário, conforme ciclo de desinfecção
termoquímica indicado pelo fabricante da lavadora;
Racks, cestos aramados de aço inox e bandejas com tampa.

Lavadora ultrassônica

A lavadora ultrassônica utiliza o poder da cavitação para eliminar a sujidade


presente nos artigos e instrumentais. Esse processo se dá pela formação e
implosão de inúmeras bolhas geradas pelas oscilações de ondas ultrassônicas.
Essas bolhas criam pressões negativas e ventosas que, ao implodirem na
superfície das peças, dissolvem e dispersam os resíduos aderidos. Esse método é
especialmente eficaz para limpar artigos com formas complexas e lumens.

Lavadora para Limpeza, Desinfecção e Esterilização

A lavadora desinfetadora e esterilizadora oferece uma limpeza eficaz,


combinando a força do spray e dos jatos de água com a ação do detergente para
remover a sujidade. O processo envolve várias etapas, incluindo prélavagem com
água fria, lavagem com detergente e enxágue. A solução de detergente é
aplicada sob pressão através de bicos ou braços rotativos presentes na lavadora.
O enxágue final geralmente utiliza água leve deionizada, e o ciclo completo inclui
a secagem com ar quente.

A lavadora desinfetadora utiliza água quente em uma das etapas do processo de


limpeza, garantindo a eliminação dos microrganismos termossensíveis pela
termocoagulação. Por sua vez, a lavadora esterilizadora realiza um ciclo completo
de lavagem seguido por um ciclo de esterilização.

Lavadora de Descarga

Esse tipo de lavadora é projetada para limpar e desinfetar itens utilizados na


higiene pessoal dos pacientes, como comadres, patinhos ou papagaios, além de
frascos de vidro para coleta de secreções e excreções. A vantagem é que a
lavadora de descarga não requer esvaziamento prévio dos recipientes, uma vez
que os dejetos são encaminhados para a rede de esgoto logo na fase inicial do
processamento, impedindo que circulem novamente nas etapas seguintes.

31
Lavadora Pasteurizadora

A lavadora pasteurizadora é especialmente indicada para a limpeza e


descontaminação de artigos, substituindo o uso de produtos químicos. Seu
processo inicia com um ciclo de lavagem que dura aproximadamente 30 minutos,
permitindo a destruição da maioria dos microrganismos patogênicos. A relação
entre tempo e temperatura varia de acordo com o tipo de artigo processado e seu
desempenho ao longo do procedimento.

Instrumentais cirúrgicos: cuidados


na limpeza e manutenção
Os instrumentais cirúrgicos abrangem uma ampla variedade de artigos
considerados críticos, sendo essenciais em praticamente todos os procedimentos
cirúrgicos. A Central de Material Esterilizado enfrenta o desafio de garantir a
integridade, funcionalidade e controle adequado desses instrumentais após cada
processo de reprocessamento.

Para assegurar a qualidade dos artigos e prevenir infecções, cada hospital deve
desenvolver sua rotina de acordo com a realidade local, envolvendo sua equipe
de enfermagem e a comissão interna de controle da infecção hospitalar.

O papel do instrumentador cirúrgico é fundamental nesse processo,


responsabilizando-se pelo zelo com os materiais e demonstrando
comprometimento com a segurança do paciente e da equipe cirúrgica.

Segue uma lista de recomendações importantes a serem seguidas durante o


processo de limpeza dos instrumentais cirúrgicos:

Encaminhar o instrumental para a limpeza o mais rápido possível, facilitando a


remoção de sujidades em reentrâncias.
Evitar o ressecamento da matéria orgânica na superfície dos instrumentais,
utilizando soluções enzimáticas em forma de spray, gel ou espuma para
mantê-los úmidos.
Utilizar sempre equipamentos de proteção individual ao manipular os
instrumentais cirúrgicos e demais artigos.

32
Limpeza e reprocessamento
de artigos endoscópicos
Nos dias atuais, as cirurgias realizadas por meio da vídeo laparoscopia têm visto
um aumento exponencial, o que intensifica a preocupação em garantir um
adequado reprocessamento dos endoscópios. Muitas equipes cirúrgicas realizam
a maior parte de suas intervenções por meio dessa técnica, tornando essencial
que o instrumentador cirúrgico esteja familiarizado com todo o processo de
reprocessamento desses dispositivos.

Os endoscópios são equipamentos utilizados para a visualização direta de


algumas cavidades corporais através de instrumentos ópticos, podendo ter
finalidades diagnósticas ou terapêuticas. Dada a complexidade de suas
configurações, eles requerem o uso obrigatório de soluções enzimáticas e
cuidados especiais durante o processo de limpeza.

Durante a etapa de secagem, logo após a higienização, é de extrema importância


evitar a interação dos resíduos líquidos com os produtos químicos utilizados, tais
como óxido de etileno, peróxido de hidrogênio, vapor de baixa temperatura e
formaldeído. Além disso, é fundamental prevenir a diluição dos desinfetantes.

Após a desinfecção, o enxágue deve ser minucioso para evitar irritações químicas
nas estruturas manuseadas. A presença de microrganismos na água comum pode
levar à transferência de agentes infecciosos para o paciente durante o
procedimento. Portanto, é necessário enxaguar os endoscópios com água estéril
após a desinfecção, exceto quando se tratar de endoscópios destinados à via
digestiva alta.

A desinfecção deve ocorrer antes do primeiro procedimento do dia e após cada


uso do equipamento, entre um paciente e outro. Os artigos devem ser
armazenados sempre limpos e secos para evitar corrosão e o crescimento de
microrganismos.

A seguir, destacam-se as importantes recomendações que o instrumentador


cirúrgico deve seguir ao realizar a limpeza de artigos endoscópicos:

Desconectar todos os componentes dos endoscópios e imergi-los


completamente em solução enzimática, instilando o produto nos lumens com
o auxílio de uma seringa.

33
Respeitar o tempo de imersão recomendado pelo fabricante.
Utilizar escovas de cerdas macias para a limpeza mecânica do artigo,
dedicando especial atenção às cremalheiras e canais internos.
Enxaguar intensamente e secar os componentes do artigo com tecido
absorvente ou ar comprimido, de acordo com a configuração da peça.
Encaminhar os componentes termorresistentes para a esterilização em
autoclave.
Encaminhar os componentes termossensíveis para o método de esterilização
adequado ou desinfecção de alto nível.
No caso de desinfecção com soluções germicidas, enxaguar abundantemente
o endoscópio com água esterilizada e secá-lo assepticamente, utilizando
luvas estéreis nessa etapa.
Após a última utilização do dia, lavar, desinfetar e secar os artigos
criteriosamente antes de guardá-los.
Limpar os componentes dos endoscópios com tecido embebido em solução
enzimática e, em seguida, friccioná-los com álcool 70%, uma vez que não
podem ser imersos.

O cumprimento dessas recomendações é essencial para garantir a segurança dos


pacientes e a eficácia dos procedimentos endoscópicos, preservando a qualidade
dos equipamentos e prolongando sua vida útil. O instrumentador cirúrgico
desempenha um papel crucial nesse processo, assegurando que os endoscópios
estejam em perfeitas condições para uso em cada intervenção.

Desinfeção
Neste texto, abordaremos os principais processos de desinfecção de artigos, e
para isso, é necessário definir o conceito de desinfecção. Desinfecção é o
procedimento que visa eliminar e destruir microrganismos, sejam patogênicos ou
não, em sua forma vegetativa, presentes em objetos inanimados e artigos. Isso é
realizado por meio da aplicação de agentes físicos ou químicos, conhecidos como
desinfetantes ou germicidas, capazes de destruir esses microrganismos em um
intervalo de tempo operacional de 10 a 30 minutos (Brasil, 2001). O objetivo
primordial da desinfecção é evitar a propagação de focos de infecção de um
paciente para outro.

Existem três tipos de desinfecção que devem ser destacados:

34
Desinfecção de alto nível: Essa forma de desinfecção destrói todas as
formas vegetativas, mas não necessariamente todos os esporos
bacterianos, micobactérias, fungos e vírus. A desinfecção de alto nível é
indicada para artigos como lâminas de laringoscópio, equipamentos de
terapia respiratória e anestesia, e endoscópios de fibra flexível. Alguns
agentes comumente utilizados são o ácido peracético e o processo de
pasteurização. O glutaraldeído, anteriormente utilizado para desinfecção de
artigos de vídeo laparoscopia e urológicos, foi proibido pela vigilância
sanitária em alguns locais devido a surtos de mycobacterium.

Desinfecção de nível intermediário: Essa forma de desinfecção possui ação


virucida e bactericida contra formas vegetativas, incluindo o bacilo da
tuberculose, mas não destrói esporos. Alguns compostos comumente
utilizados são o cloro, os iodóforos, os fenólicos e os alcoóis.

Desinfecção de baixo nível: Essa forma de desinfecção elimina todas as


bactérias na forma vegetativa, mas não age contra esporos, vírus não
lipídicos e o bacilo da tuberculose. A ação contra fungos é apenas relativa.
O composto mais utilizado nesse tipo de desinfecção é o quaternário de
amônia.

A escolha do método de desinfecção deve levar em conta as características dos


artigos e os recursos disponíveis no hospital. Atualmente, a desinfecção por
processos físicos tem sido gradualmente ampliada em substituição aos processos
químicos, devido aos menores riscos ocupacionais e ao melhor custo-benefício a
médio e longo prazo, com menor desgaste do material e maior eficácia.

Os agentes físicos utilizados para desinfecção incluem:

Radiação eletromagnética;
Temperatura;
Pressão;
Calor úmido.

35
O ideal é realizar esse processo com sistemas mecânicos automáticos, utilizando
jatos d'água a uma temperatura entre 60°C e 90°C, por um período de 15
minutos, como as máquinas lavadoras sanitizadoras, esterilizadoras de alta
pressão ou termo desinfetadoras.

Já a desinfecção por processos químicos envolve o uso de produtos químicos


cujos princípios ativos são preconizados pela Portaria nº 15, de 23 de agosto de
1988, do Ministério da Saúde. Alguns dos principais produtos químicos utilizados
são:

Aldeídos;
Fenólicos;
Quaternário de amônia;
Compostos orgânicos liberadores de cloro ativo;
Compostos inorgânicos liberadores de cloro ativo;
Alcoóis;
Peróxidos.

No entanto, o uso da desinfecção química apresenta algumas desvantagens,


como:

Necessidade de uma área restrita para a realização da desinfecção manual;


Risco para os profissionais durante a utilização do desinfetante manualmente;
Dificuldade na validação do processo;
Possibilidade de ocorrer falha humana;
Difícil controle das propriedades do desinfetante, requerendo o uso de
indicadores químicos a cada utilização.

Há também fatores que afetam a eficácia do desinfetante, incluindo:

Número e localização dos microrganismos: quanto maior o número de


microrganismos, maior o tempo necessário para a desinfecção. Artigos com
muitas reentrâncias, articulações, canulados e ranhuras são mais difíceis de
limpar e de permitir a penetração do agente desinfetante.
Resistência extrínseca: resistência adquirida por mudança genética na
bactéria, mas é uma possibilidade mais remota.
Resistência intrínseca dos microrganismos: os microrganismos variam em sua
resistência natural aos desinfetantes, com os esporos sendo os mais
resistentes, seguidos por micobactérias, vírus não lipídicos ou pequenos,
fungos e bactérias vegetativas.

36
Concentração e potência dos desinfetantes: a eficácia do desinfetante varia
de acordo com a concentração e potência, sendo que concentrações maiores
geralmente resultam em maior eficácia e menor tempo de exposição
necessário para destruição do microrganismo.
Fatores físicos e químicos: para alguns desinfetantes, temperaturas acima da
ambiente melhoram a ação germicida, enquanto temperaturas muito elevadas
podem degradar o princípio ativo do germicida. O pH também pode afetar a
atividade de alguns desinfetantes, assim como a umidade relativa.
Tempo de exposição: varia de acordo com o tipo e eficácia do germicida, e é
importante seguir as recomendações do fabricante quanto ao tempo de
contato.
Presença de matéria orgânica: a matéria orgânica atua como uma barreira,
impedindo o contato do agente desinfetante com o artigo. Alguns
desinfetantes são menos afetados pela presença de matéria orgânica.

Há também fatores que afetam a eficácia do desinfetante, incluindo:

Utilize equipamentos de proteção individual, como gorro, máscara, óculos de


proteção, avental impermeável e luvas de borracha.
Prepare a solução desinfetante de acordo com as instruções do fabricante.
Se for necessário usar uma cuba metálica, forre o recipiente com compressas
para evitar que sua superfície entre em contato com os artigos metálicos.
Essa aproximação pode causar uma corrente galvânica que desgasta os itens
durante a desinfecção química.
Lave o artigo cuidadosamente e seque-o antes de mergulhá-lo
completamente na solução desinfetante.
Imersa o artigo na solução em quantidade suficiente para mantê-lo totalmente
submerso.
Preencha com a solução desinfetante os instrumentos que possuam áreas
ocas.
Respeite o tempo de imersão recomendado pelo fabricante.
Enxágue abundantemente os artigos submetidos à desinfecção química com
água estéril, se possível.
Proceda à secagem rigorosa dos artigos antes de guardá-los, para evitar o
crescimento de microrganismos.
Certifique-se de seguir as normas legais, adotando produtos registrados no
Ministério da Saúde, com custo acessível e que apresentem indicações
precisas no rótulo sobre diluição, validade e toxicidade mínima para os artigos
e profissionais de saúde.
Controle a qualidade dos processos de desinfecção.
Cuide para não contaminar novamente o artigo desinfetado.

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A aplicação correta dessas recomendações garantirá uma desinfecção eficaz e
segura dos artigos, minimizando os riscos de contaminação cruzada e
preservando a saúde dos profissionais e pacientes.

Pasteurização
A pasteurização é um procedimento térmico utilizado para desinfetar artigos
semicríticos e não críticos, com o objetivo de eliminar microrganismos em sua
forma vegetativa, garantindo uma desinfecção de alto nível.

O processo de pasteurização consiste na destruição das bactérias por meio da


coagulação das proteínas celulares e da água, aproveitando sua alta
condutividade térmica, que é 20 vezes maior que a do ar. Isso permite a eficiente
transmissão do calor necessário para eliminar os microrganismos. Além disso, a
pasteurização é um método econômico e seguro para o meio ambiente.

Para garantir a eficácia da pasteurização, seguem algumas recomendações


importantes:

Utilizar equipamento de proteção individual, como gorro, máscara, óculos de


proteção, avental impermeável e luvas de borracha;
Desconectar os conjuntos respiratórios e acondicioná-los em bolsas de nylon
específicas do equipamento, para evitar perdas, danos e prevenir
contaminações após o processo;
Carregar o equipamento com os artigos a serem processados;
Programar o aparelho conforme as orientações do fabricante;
Utilizar técnica asséptica para a retirada dos artigos, ou seja, usar avental,
luvas, touca e máscara;
Encaminhar os artigos para secagem, preferencialmente em secadoras ou,
caso não disponíveis, realizar a secagem manual em ambiente limpo, bem
iluminado, livre de umidade e provido de pistola de ar comprimido de uso
hospitalar, sobre a bancada previamente limpa com álcool e forrada com
tecido limpo;
Realizar o processo em área física limpa e específica;
Utilizar embalagem de polietileno não reciclada, com gramatura mínima de 1
mícron;
Empregar selagem térmica;
Validar o processo conforme os critérios estabelecidos no documento de
validação para pasteurização;
Documentar cada etapa e arquivar o registro ao término de cada ciclo do
processo.

38
Ao seguir essas recomendações, a pasteurização garantirá a desinfecção
adequada dos artigos, contribuindo para a segurança dos pacientes e o controle
de infecções hospitalares.

Empacotamento dos
artigos e instrumentais cirúrgicos
Um conhecimento fundamental que o instrumentador cirúrgico deve dominar é o
empacotamento de artigos, uma vez que muitos instrumentos cirúrgicos são
preparados por esse profissional.

O processo de preparo e empacotamento de artigos consiste em adequar o artigo


à sua classificação, ou seja, crítico, semicrítico ou não crítico, e acondicioná-lo em
invólucros compatíveis com o processo e o material em si.

O objetivo dessa etapa é fornecer ao paciente artigos em boas condições de


funcionalidade e proteção adequada, garantindo a transferência asséptica sem
risco de contaminação. A seguir, apresentam-se recomendações importantes
para o preparo e empacotamento de artigos:

Lavar as mãos antes de iniciar o preparo e empacotamento dos artigos.


Inspecionar os artigos antes do empacotamento, verificando sua limpeza,
integridade e funcionalidade.
Selecionar a embalagem de acordo com o processo, peso e tamanho do item.
Avaliar a necessidade de utilizar embalagens duplas, invólucros compostos de
plástico e/ou papel para empacotar vários itens, de modo a apresentá-los em
uma embalagem única para o campo estéril.
Assegurar o ajuste perfeito das embalagens duplas, observando se não
possuem dobras internas e se estão adequadamente acomodadas na parte
externa.
Antes da esterilização, identificar a embalagem do artigo com as seguintes
informações: descrição do conteúdo, método de esterilização, controle do
lote, data da esterilização, data de validade e nome do preparador.
Essas informações devem constar em uma fita ou etiqueta adequada, não
devendo ser anotadas diretamente no invólucro. No caso do papel grau
cirúrgico, é necessário etiquetar a porção plástica. As canetas utilizadas não
devem manchar a embalagem e sua tinta deve ser atóxica.

39
Verificar se a selagem está íntegra, pois falhas nessa etapa permitem a
entrada de microrganismos.
Remover o ar do interior das embalagens compostas por papel grau cirúrgico
ou filme plástico antes da selagem, pois a expansão de ar na câmara de
esterilização pode abrir o pacote.
Adotar a técnica de empacotamento universalmente aceita.
Cumprir as especificações das normas estabelecidas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou pelas determinações internacionais
vigentes.

Outro aspecto importante para o instrumentador cirúrgico é a seleção adequada


das embalagens recomendadas para envolver os instrumentais cirúrgicos. É
crucial compreender conceitos como o acondicionamento.
O acondicionamento é um termo genérico que engloba todos os tipos de
materiais disponíveis em uma instituição hospitalar ou clínica odontológica,
destinados a embalar artigos odonto-médico-hospitalares reutilizáveis para
esterilização, armazenamento e apresentação para uso asséptico.

Os principais objetivos de uma embalagem são:

Promover a vedação para a esterilização.


Manter a esterilidade do artigo em relação ao uso pretendido.
Preservar a vida útil do artigo.
Manter as condições adequadas de transporte e armazenagem até o
momento de utilização.

As condições nas quais os artigos ou sistemas de embalagem são produzidos,


armazenados, transportados e manuseados devem ser estabelecidas, controladas
e documentadas para garantir:

A compatibilidade com a finalidade para a qual a embalagem foi designada.


A manutenção das características de desempenho do artigo embalado.
Uma relação custo-benefício positiva e condizente com as opções do
mercado.

Existem tipos específicos de embalagem, e o instrumentador cirúrgico deve estar


familiarizado com eles para poder fazer escolhas adequadas ao embalar artigos
médico-hospitalares.

40
Tecido de algodão
O tecido de algodão é produzido através do entrelaçamento de fios dispostos
longitudinalmente (urdume = U) com outro conjunto de fios dispostos
transversalmente (trama = T), formando um ângulo de aproximadamente 90°.

No caso de tecidos de algodão utilizados como embalagens reutilizáveis, é


importante manter uma barreira de proteção através de múltiplos
processamentos, como lavagens e esterilizações. No entanto, após várias
lavagens, as fibras tendem a aumentar e encolher durante a secagem e
esterilização, tornando-se frágeis e propensas a se soltarem.

Existem alguns problemas relacionados ao uso dessas embalagens, os quais os


profissionais devem estar atentos, tais como:

Dificuldade de monitorar o desgaste do tecido após repetidas lavagens;


Baixa vida útil devido ao desgaste precoce das fibras;
Falta de regulamentação na fabricação, o que impede o consumidor de obter
orientações e garantias por parte do fabricante quanto à escolha do tecido e
ao número máximo de reprocessamentos;
Baixa eficácia como barreira microbiana;
Ausência de resistência à umidade;
Sobrecarga de trabalho, especialmente nos setores de costura e lavanderia;
Padrão de alinhamento das fibras que cria caminhos desobstruídos,
facilitando a passagem de microrganismos.

Para o uso adequado de embalagens de tecido, é importante seguir algumas


recomendações:

Lavar o tecido antes do primeiro uso para remover o amido presente nele;
Após cada uso, lavar o tecido para remover a sujeira e restaurar a umidade
das fibras;
Realizar testes frequentes de permeabilidade com água para controlar o
tempo de vazamento em comparação com tecidos novos;
Estabelecer um número máximo de reprocessamentos que o tecido pode
suportar;
Evitar a calandragem na lavanderia das roupas e campos cirúrgicos, mas
manter outros processos, como lavagem, centrifugação e secagem na
secadora;

41
Não fazer remendos nos campos cirúrgicos, pois a costura aumenta a
distância entre as fibras e permite a passagem de microrganismos pelos
tecidos;
Manter as embalagens de tecido em temperatura ambiente, entre
aproximadamente 18°C e 22°C, e em uma umidade relativa de 35% a 70%.
Isso permite a penetração do vapor e previne o aquecimento excessivo
durante o processo de esterilização.

Papel grau cirúrgico


O papel grau cirúrgico é um tipo de embalagem amplamente utilizado para
revestir materiais e instrumentos cirúrgicos durante o processo de esterilização.
Ele permite a passagem do agente esterilizante enquanto impede a entrada de
microrganismos. Além disso, é altamente resistente à temperatura, podendo
suportar até 160°C, e possui a vantagem de ser livre de alvejantes e corantes.

De acordo com a NBR 14990-1 a 11 (ABNT, 2005), o papel grau cirúrgico


apresenta as seguintes características:

Possui poros com diâmetro de 0,22 mícron e uma porosidade mínima de 15


segundos por 100 cm² de ar, permitindo a passagem adequada do ar pelos
poros.
A gramatura varia de 60 a 80 g/m², medida utilizando uma balança analítica de
precisão.
Apresenta resistência à tração e à perfuração.
A quantidade máxima de sujeira permitida é de 3 mm² por metro quadrado.
Mantém o pH entre 6 e 7.
Contém no máximo 1,5% de amido.
Tem capacidade de absorção de água de até 30 g/m² em ambas as faces. A
embalagem pode ter duas faces de papel ou uma face de papel e outra de
filme transparente, com gramatura de 54 g/m².
A umidade máxima é de 7%.
A porcentagem de cloreto é inferior a 0,05%.

É importante que o instrumentador cirúrgico verifique a etiqueta de identificação,


que deve conter as seguintes informações relacionadas ao papel grau cirúrgico:

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Tipo de papel.
Gramatura.
Diâmetro.
Formato da bobina.
Número de ordem de fabricação ou lote.

Papel crepado
O papel crepado é outro tipo de embalagem usado para revestir materiais
médico-cirúrgicos. É composto por 100% de celulose tratada, utilizando polpa
virgem de madeira branqueada.

O papel crepado deve apresentar as seguintes características:

Eficiência e eficácia na esterilização por vapor e óxido de etileno.


Alta eficiência de filtragem, entre 98% e 99,9%, sendo uma barreira efetiva
contra a penetração microbiana.
Flexibilidade e facilidade de ajuste, sendo recomendado para a confecção de
campos e aventais cirúrgicos.
Porosidade controlada de 60 g/m².
Gramatura mínima de 56 g/m².
Resistência à ruptura, suportando processos de esterilização e ajustando-se a
todos os tipos e tamanhos de artigos.
Hidrorrepelência, formando uma barreira eficaz contra a penetração de água e
bactérias.
Propriedades antiestáticas, não liberando nem atraindo partículas, evitando o
acúmulo de poeira.
Ausência de efeito de memória.
Biodegradabilidade.
Não ser tóxico e não causar irritação.
Capacidade de reciclagem.

Papel Kraft
Atualmente, o papel Kraft não é mais utilizado nas instituições hospitalares devido
às suas desvantagens. Ele geralmente contém amido, microfuros, corantes e
produtos tóxicos, como o alquiltiofeno. Além disso, não é resistente à umidade,
possui efeito de memória, apresenta irregularidades em sua gramatura e é frágil
tanto em termos de resistência física quanto como barreira microbiana após a
esterilização.

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Filmes Transparentes
Filmes transparentes são feitos de diferentes materiais, como polietileno,
polipropileno, poliéster, nylon, poliamida, policloreto de vinila (PVC), poliestireno,
acetato de celulose, surlyn, etil vinil acetato (EVA) e polietileno tereftalato glicol
(PETG). Sua principal vantagem, quando combinados com papel grau cirúrgico, é
permitir a visualização dos materiais e instrumentos cirúrgicos durante o
processo de esterilização. Os filmes de 0,075 mm são laminados com papel grau
cirúrgico para embrulhar artigos destinados à esterilização a vapor. Além disso,
eles também podem ser encontrados em embalagens que possuem um lado de
papel e outro de filme plástico, sendo utilizados em processos de esterilização a
vapor e de óxido de etileno (Possari, 2003).

Tyvek: A embalagem de Tyvek é feita de poliolefinas expandidas e mylar,


um polietileno de tripla camada. É um polímero entrelaçado que forma um
filme com propriedades específicas, suportando altas temperaturas e
apresentando alta resistência à tração e à perfuração, além de longa
durabilidade e excelente barreira microbiana. A selagem deve ser realizada
com uma seladora, com temperatura entre 100°C e 130°C. A linha de
selagem deve ter uma espessura mínima de 6 mm e não deve apresentar
rugas, furos ou sinais de superaquecimento. É possível embalar os
envelopes duplamente. Essa embalagem é compatível com a maioria dos
processos de esterilização, como vapor saturado sob pressão, óxido de
etileno, plasma de peróxido de hidrogênio e radiação gama. No entanto,
seu uso ainda é limitado devido ao alto custo, sendo preferíveis outros tipos
de embalagens em hospitais e clínicas.

Lâminas de Alumínio e Caixas Metálicas: Outro tipo comum de embalagem


são as lâminas de alumínio e as caixas metálicas. Essas embalagens só
podem ser usadas para esterilização a seco em estufas, um processo que
não é muito utilizado nos hospitais atualmente. No entanto, as caixas
metálicas podem ser usadas para esterilização a vapor se forem perfuradas
e cobertas com materiais permeáveis ao vapor, como tecido ou papel grau
cirúrgico.

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Contêineres Rígidos
Os contêineres rígidos estão sendo cada vez mais utilizados em instituições
hospitalares e clínicas. Eles têm várias finalidades principais:

Armazenar artigos médico-hospitalares e cirúrgicos por várias semanas;


Manter a esterilidade dos artigos durante o transporte da Central de Material
para o centro cirúrgico;
Reduzir e economizar espaço de armazenamento;
Possibilitar a codificação dos artigos de acordo com as especialidades
médicas, usando etiquetas coloridas.

As principais vantagens dos contêineres rígidos são:

Localização rápida e ágil dos artigos nas prateleiras, devido às placas


coloridas de identificação;
Salas de cirurgia mais organizadas, com redução do volume de invólucros;
Técnica de abertura simples, diminuindo o risco de contaminação;
Manutenção adequada da esterilidade dos artigos durante o período
transoperatório;
Fácil lavagem, podendo ser feita em lavadoras ou manualmente. Apenas é
necessário remover etiquetas e filtros das tampas;
Facilidade no acondicionamento de instrumentos cirúrgicos;
Eficácia e economia na esterilização, pois a montagem de cargas iguais
proporciona uma penetração homogênea do vapor e rapidez no ciclo de
esterilização. Além disso, os contêineres de alumínio possuem maior
condutividade térmica e capacidade de calor, facilitando a evaporação do
excesso de condensado.

Vidros refratários
Os vidros refratários devem ser resistentes a altas temperaturas e são
recomendados para a esterilização de líquidos. Podem ser utilizados em estufas e
autoclaves.

Processos de esterilização de artigos


A esterilização de artigos utiliza agentes químicos ou físicos para eliminar todas
as formas de vida microbiana presentes em materiais e instrumentos cirúrgicos.

45
Existem diferentes métodos de esterilização, divididos em processos físicos,
químicos e físico-químicos.

Processos físicos:

Esterilização por vapor saturado sob pressão


Esterilização rápida (flash sterilization)
Esterilização por calor seco
Esterilização por cobalto 60

Processos físico-químicos:
Esterilização por vapor de baixa temperatura e formaldeído gasoso (VBTF)
Esterilização por óxido de etileno (ETO)
Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio
Esterilização por pastilhas de formaldeído

Processos químicos:
Esterilização por ácido peracético
Esterilização por glutaraldeído

Neste texto, vamos abordar os principais métodos utilizados na esterilização de


artigos médico-hospitalares.

Esterilização por vapor saturado sob pressão: A esterilização por vapor saturado
sob pressão pode ser realizada em autoclaves gravitacionais ou de pré-vácuo. Na
autoclave gravitacional, o vapor é injetado na câmara, expulsando o ar frio por
uma válvula na parte inferior. Na autoclave de pré-vácuo, o ar é removido do
artigo e da câmara através de uma bomba de vácuo ou sistema Venturi.

O mecanismo de ação é baseado na coagulação das proteínas bacterianas


causada pelo calor, levando à morte celular e à perda de funções vitais dos
microrganismos. Os parâmetros desse processo de esterilização incluem vapor,
temperatura, pressão e tempo. Recomenda-se o uso de invólucros como campo
de algodão, papel grau cirúrgico, papel crepado, filmes transparentes,
contêineres, caixas metálicas e vidro refratário.

O controle do processo de esterilização em autoclave envolve a verificação da


eficácia do equipamento, o registro dos parâmetros, o teste de Bowie & Dick e o
uso de indicadores químicos e biológicos. Vantagens da autoclave incluem
facilidade de uso, custo acessível, eficácia, rapidez e ausência de toxicidade.
Suas desvantagens são a ineficácia na esterilização de pós e líquidos e a
possibilidade de oxidação de certos artigos de aço inoxidável.

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Esterilização rápida (flash sterilization): O ciclo de esterilização rápida, também
conhecido como flash sterilization, é usado para esterilizar rapidamente
instrumentos termorresistentes por meio de vapor saturado sob pressão. É
utilizado em situações de urgência quando ocorre contaminação acidental
durante um procedimento cirúrgico.

Os parâmetros são semelhantes aos da autoclave a vapor saturado, porém o


tempo é reduzido eliminando-se o ciclo de secagem. Os instrumentos são
esterilizados em bandejas ou cassetes do equipamento, exigindo maior cuidado
na manipulação.

Esterilização por óxido de etileno (ETO):

A esterilização por óxido de etileno é um processo físico-químico que utiliza o gás


óxido de etileno em uma autoclave a uma temperatura entre 50°C e 60°C. O
óxido de etileno é um gás explosivo e inflamável, mas possui excelente
capacidade de penetração.

Essa forma de esterilização pode substituir processos físicos, como calor seco e
calor úmido, e processos químicos a frio, como glutaraldeído e formaldeído. É
vantajoso para diversos tipos de artigos e possui ação letal contra bactérias,
fungos, vírus e esporos.

Entre as desvantagens estão a formação de bolhas quando entra em contato com


certos polímeros, a limitação do uso em frascos de vidro lacrados contendo
líquidos, o alto custo de equipamentos e cilindros, a necessidade de pessoal
especializado, o tempo necessário para esterilização e aeração, e a necessidade
de um local com características específicas.
Essas são algumas informações sobre os processos de esterilização de artigos
médico-hospitalares.

Esterilização por ácido peracético


O ácido peracético é um peróxido reconhecido como um agente microbicida
potente, agindo rapidamente contra todos os tipos de microrganismos. É
considerado uma alternativa eficaz e segura em comparação com o glutaraldeído.
No entanto, é importante destacar que a esterilização por ácido peracético é um
método de difícil monitoramento em termos de efetividade.

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Além disso, os resíduos de água do enxágue dos artigos podem diluir o produto,
reduzindo sua concentração. Portanto, esse método deve ser utilizado apenas
quando não há outra opção disponível.

O ácido peracético é um componente de uma mistura equilibrada de ácido


peracético, peróxido de hidrogênio e água. Seu mecanismo de ação bactericida é
semelhante ao do peróxido de hidrogênio. Essa substância age oxidando enzimas
essenciais para as reações bioquímicas de sobrevivência e reprodução dos
microrganismos, afetando as ligações de pontes de sulfeto (S-S) e sulfeto e
hidrogênio (S-H) da membrana celular, do conteúdo citoplasmático e do material
genético.

Aqui estão algumas recomendações importantes para a esterilização por ácido


peracético:

Imersão total dos artigos em uma solução de ácido peracético em temperatura


ambiente.
Esse método é utilizado apenas para artigos termossensíveis e quando não há
outra opção disponível.
Selecionar os artigos compatíveis com o ácido peracético e o peróxido de
hidrogênio.
Após a limpeza, secagem e inspeção dos artigos, imergi-los completamente
no agente químico pelo tempo recomendado pelo fabricante.
Após o tempo de exposição, enxaguar os artigos em água desmineralizada
usando técnica asséptica.
Utilizar imediatamente o item esterilizado, sem armazená-lo, pois há um alto
risco de nova contaminação, mesmo em recipientes estéreis.

Controle do processo de esterilização


O processo de esterilização pode ser controlado de diversas maneiras:

Indicadores químicos: são sistemas que revelam a possibilidade de falha em


um ou mais parâmetros do processo de esterilização, com base em mudanças
químicas ou físicas resultantes da exposição do indicador ao procedimento
em estudo. Existem diferentes classes de indicadores químicos, como
indicadores de processo, indicadores para testes específicos, indicadores de
parâmetro, indicadores de multiparâmetros, indicadores integradores e
indicadores de simulação.

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Indicadores biológicos: são preparações padronizadas de esporos
bacterianos projetadas para produzir suspensões com 106 esporos por
unidade de papel-filtro. Os indicadores biológicos são utilizados para verificar
a eficácia do processo de esterilização. Existem indicadores de primeira,
segunda e terceira geração, cada um com sua metodologia específica para
detectar o crescimento bacteriano e confirmar a esterilização adequada.

Essas medidas de controle garantem a eficácia e a segurança do processo de


esterilização por ácido peracético.

Assepsia e antissepsia
A assepsia e antissepsia são procedimentos essenciais em ambientes
hospitalares para evitar a proliferação de doenças causadas por micro-
organismos patogênicos. O hospital é considerado um local propício para a
disseminação de infecções, devido à presença de micro-organismos resistentes e
pacientes suscetíveis.

O risco de infecção em pacientes depende de vários fatores, como a virulência e


quantidade dos micro-organismos, a resistência imunológica do paciente e a
conscientização dos profissionais de saúde atuantes nas instituições.
A assepsia é um conjunto de medidas tomadas pelos profissionais de saúde para
manter o paciente e o ambiente livres de micro-organismos patogênicos.
Enquanto isso, a antissepsia refere-se à desinfecção de tecidos ou organismos
vivos com o uso de antissépticos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define assepsia como a


adoção de medidas para impedir a introdução de agentes patogênicos no
organismo, enquanto a antissepsia consiste na utilização de produtos para reduzir
a quantidade de micro-organismos na pele ou mucosa.

A lavagem frequente das mãos é uma das medidas mais importantes realizadas
pelo instrumentador cirúrgico para evitar a transmissão de infecções. É
fundamental lavar as mãos antes de iniciar qualquer procedimento com o
paciente, após o contato com sangue ou fluídos corporais, mesmo que estejam
usando luvas.

Existem alguns conceitos importantes relacionados à assepsia e antissepsia:

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Degermação: Redução do número de micro-organismos patogênicos
através da escovação da pele com água e sabão.

Fumigação: Dispersão de agentes desinfetantes, como gases, líquidos ou


sólidos.

Desinfecção: Processo de destruição ou inativação de germes


patogênicos, sem necessariamente eliminar os esporos.

Esterilização: Processo de destruição de todas as formas de vida


microbiana, incluindo bactérias vegetativas e esporuladas, vírus e fungos,
mediante o uso de agentes físicos ou químicos.

Germicidas: Meios químicos utilizados para destruir todas as formas


microscópicas de vida, designados por "Cida" e "Lise," como bactericida,
fungicida, virucida e bacteriolise.

Preparo e função do
instrumentador cirúrgico
A profissão de instrumentador cirúrgico é essencial no ambiente cirúrgico,
auxiliando o cirurgião em todas as etapas da cirurgia, desde a preparação dos
instrumentos até a esterilização após o procedimento.

A instrumentação cirúrgica nasceu no século XX, quando as cirurgias tiveram um


aumento significativo, tornando-se necessário qualificar mais profissionais para
atuar nessa área. Surgiram escolas formadoras de instrumentadores cirúrgicos,
preparando-os para entender a evolução cirúrgica, os tempos cirúrgicos,
materiais específicos para cada especialidade e outras atividades cirúrgicas.

A responsabilidade primordial do instrumentador cirúrgico é o cuidado com os


instrumentos cirúrgicos, incluindo sua manutenção e processamento adequado. O
objetivo é garantir a qualidade e segurança do procedimento cirúrgico para
atender ao cliente com eficácia e eficiência.

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A profissão de instrumentador cirúrgico foi regulamentada por meio do Projeto de
Lei 642/07, aprovado pela Câmara de Deputados e encaminhado para análise do
Senado. O exercício da profissão é privativo daqueles que concluíram um curso
de Instrumentação Cirúrgica, ministrado por uma escola oficial ou reconhecida
pelo governo federal no Brasil, ou no exterior, desde que o diploma seja
revalidado no país.

Além de conhecer os instrumentos, o instrumentador cirúrgico deve estar atento


às técnicas modernas e usualmente empregadas nas cirurgias, ter noções de
anatomia, assepsia, biossegurança, células e tecidos, ética profissional, fisiologia,
higiene e microbiologia.

As funções básicas do instrumentador cirúrgico incluem conhecer os


instrumentais, entregar os instrumentos de forma rápida e precisa ao cirurgião,
evitar distrações durante a cirurgia, manter o campo operatório limpo e
organizado, contar compressas e evitar desperdícios de materiais, entre outras
atividades.

O instrumentador cirúrgico é um membro indispensável da equipe cirúrgica,


proporcionando segurança e qualidade ao ato operatório. Com conhecimento,
habilidade e atenção à assepsia, eles desempenham um papel crucial para o
sucesso das cirurgias.

Tempos cirúrgicos
O tempo cirúrgico é a fase do processo terapêutico em que o cirurgião realiza
uma intervenção manual ou instrumental no corpo do paciente, visando fins
diagnósticos, terapêuticos ou estéticos.

O cirurgião geral é o responsável pela maior parte das cirurgias e assume o


comando em casos de pacientes politraumatizados graves, indicando a
participação de outros especialistas, quando necessário.

Para garantir a segurança do procedimento cirúrgico, são definidos os tempos


cirúrgicos, e o instrumentador deve estar bem familiarizado com eles para
trabalhar em conjunto com o cirurgião.

Os tempos cirúrgicos são:

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Diérese: Consiste no rompimento da continuidade dos tecidos ou planos
anatômicos para acessar uma região ou órgão específico. Pode ser
classificada como mecânica ou física, sendo a primeira etapa da cirurgia,
seguida pela hemostasia e síntese.

Hemostasia: É a etapa que visa a interrupção do sangramento, prevenindo


complicações na ferida cirúrgica e garantindo a visibilidade adequada ao
cirurgião. A hemostasia pode ser preventiva, de urgência, curativa,
medicamentosa ou cirúrgica, dependendo das condições do paciente e da
técnica operatória utilizada.

Síntese: Tem como objetivo auxiliar na cicatrização cirúrgica, unindo os


tecidos de forma anatômica para facilitar o processo de cicatrização e
restabelecer a continuidade tecidual. É realizada com o uso de agulhas, pinças
e fios, acelerando a cicatrização e favorecendo o restabelecimento dos
tecidos.

Exérese: A exérese é uma manobra cirúrgica usada para remover parte ou a


totalidade de um órgão ou tecido com objetivos terapêuticos. É o momento
central do ato cirúrgico, em que são extraídos tecidos prejudiciais ao
organismo, como tumores malignos, cálculos renais ou órgãos doentes.

A escolha do instrumental cirúrgico é essencial para cumprir adequadamente os


tempos fundamentais da cirurgia e os tempos especiais de alguns procedimentos.
Os instrumentos devem estar disponíveis de forma rápida e precisa para o
cirurgião, exigindo uma organização sistemática na mesa do instrumentador.

Existem diferentes abordagens para dispor os materiais na mesa


instrumentadora, podendo gerar discussões entre escolas e cirurgiões. No
entanto, o foco principal deve sempre ser o benefício do paciente, e cada
cirurgião deve escolher a forma que melhor atenda suas necessidades durante o
ato operatório.

Em qualquer procedimento cirúrgico, independentemente do instrumental e


técnica utilizados, o bem-estar do paciente deve estar em primeiro plano, e todos
devem se empenhar para garantir sua recuperação da melhor maneira possível.

52
Terminologia cirúrgica
Os principais propósitos da terminologia cirúrgica são os seguintes:

Fornecer, por meio de expressões verbais ou escritas, uma definição precisa


dos termos cirúrgicos;
Descrever os diferentes tipos de cirurgia;
Preparar os instrumentos e equipamentos cirúrgicos de maneira adequada
para cada tipo de procedimento.

Na terminologia cirúrgica, os termos são compostos por um prefixo, que indica a


parte do corpo relacionada à cirurgia, e um sufixo, que indica a ação cirúrgica
realizada

Prefixos e sufixos
Oto: relacionado ao ouvido;
Oftalmo: relacionado ao olho;
Rino: relacionado ao nariz;
Bléfaro: relacionado à pálpebra;
Adeno: relacionado à glândula;
Tráqueo: relacionado à traqueia;
Cárdia: relacionado ao esfíncter esôfago-gástrico;
Gastro: relacionado ao estômago;
Êntero: relacionado ao intestino delgado;
Cólon: relacionado ao intestino grosso;
Hepato: relacionado ao fígado;
Cole: relacionado às vias biliares;
Procto: relacionado ao reto e ânus;
Espleno: relacionado ao baço;
Laparo: relacionado à parede abdominal;
Nefro: relacionado ao rim;
Pielo: relacionado à pelve renal;
Cisto: relacionado à bexiga;
Hístero: relacionado ao útero;
Salpingo: relacionado à tuba uterina;
Colpo: relacionado à vagina;
Oóforo: relacionado ao ovário;
Orquio: relacionado ao testículo;

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Ósteo: relacionado ao osso;
Angio: relacionado aos vasos sanguíneos;
Flebo: relacionado à veia;
Otomia: abertura de um órgão com ou sem dreno;
Stomia: criação cirúrgica de uma nova abertura;
Ectomia: remoção de um órgão;
Ráfia: sutura ou reparação;
Pexia: fixação de um órgão;
Scopia: visualização do interior;
Litíase: presença de cálculos.

Tipos de cirurgias terminadas em ECTOMIA:

Apendicectomia: remoção cirúrgica do apêndice vermiforme;


Cistectomia: remoção da bexiga;
Colecistectomia: remoção cirúrgica da vesícula biliar;
Craniectomia: operação para remover parte do crânio;
Esplenectomia: remoção do baço;
Fistulectomia: remoção de uma fístula;
Gastrectomia: remoção total ou parcial do estômago;
Hemorroidectomia: remoção das hemorroidas;
Histerectomia: remoção do útero;
Laringectomia: remoção da laringe;
Mastectomia: remoção da mama;
Orquidectomia: remoção dos testículos;
Pneumectomia: remoção dos pulmões;
Prostatectomia: remoção da próstata;
Retossigmoidectomia: remoção do intestino reto e sigmoide;
Salpingectomia: remoção cirúrgica de uma parte ou ramo do sistema nervoso
simpático;
Tireoidectomia: remoção da tireoide.

Tipos de cirurgias terminadas em RAFIA:

Colporrafia: sutura da vagina;


Gastrorrafia: sutura do estômago;
Herniorrafia: sutura da hérnia;
Palatorrafia ou estafilorrafia: sutura da fenda palatina;
Osteorrafia: sutura do osso ou aplicação de fio metálico em um osso;
Perineorrafia: sutura do períneo;
Tenorrafia: sutura do tendão.

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Tipos de cirurgias terminadas em PEXIA:

Histeropexia: fixação do útero na parede abdominal ou na vagina;


Nefropexia: fixação do rim na parede abdominal posterior;
Orquidopexia: fixação do testículo no escroto.

Tipos de cirurgias terminadas em SCOPIA:

Broncoscopia: exame visual direto dos brônquios;


Cistoscopia: exame visual direto da bexiga;
Colposcopia: exame visual direto da vagina;
Esofagoscopia: exame visual direto do esôfago;
Gastroscopia: exame visual direto do estômago;
Laringoscopia: exame visual direto da laringe;
Laparoscopia: exame visual direto dos órgãos abdominais;
Uretoscopia: exame visual direto da uretra;
Sigmoidoscopia: exame visual direto do sigmoide.

Tipos de cirurgias terminadas em OTOMIA:

Artrotomia: abertura cirúrgica de uma articulação;


Cardiotomia: operação de corte da cárdia, em casos de estenose do esôfago;
Coledocotomia: exploração e drenagem do ducto biliar;
Coledocolitotomia: incisão do colédoco para remover cálculos;
Hepatotomia: incisão cirúrgica no fígado;
Flebotomia: abertura de uma veia para colocação de um cateter intravenoso;
Laparotomia: abertura da cavidade abdominal;
Litotomia: incisão em um órgão para remover cálculos;
Osteotomia: secção cirúrgica parcial, superficial ou profunda de um osso, com
finalidade terapêutica;
Pielotomia: incisão do cálice renal;
Toracotomia: abertura do tórax.

Paramentação cirúrgica
A preparação da equipe cirúrgica requer a execução de procedimentos
específicos, realizados em etapas padronizadas e com estrita observância dos
princípios científicos.

Esses procedimentos incluem:

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Higienização das mãos;
Vestir avental e roupas esterilizadas;
Colocar luvas esterilizadas.

Escovação
Abordaremos novamente a importância da lavagem das mãos neste curso. É
crucial destacar que esse simples procedimento pode salvar muitas vidas.
Embora seja um procedimento simples, muitos profissionais de saúde, incluindo
os instrumentadores cirúrgicos, negligenciam sua importância. No entanto, é
cientificamente comprovado que um controle eficaz das infecções hospitalares
requer uma aderência rigorosa às rotinas de assepsia e antissepsia.

Atualmente, o maior desafio das comissões de controle de infecções hospitalares


é encontrar o antisséptico mais adequado para uso diário, que seja eficiente e de
baixo custo.

A lavagem das mãos depende de vários fatores:

Intensidade do contato com os pacientes;


Grau de contaminação possível durante o contato;
Suscetibilidade do paciente a infecções hospitalares;
Natureza do procedimento a ser realizado.

A lavagem das mãos depende de vários fatores:

Quando estiverem sujas;


Antes e após o contato direto com o paciente;
Antes de administrar medicação ao paciente;
Ao preparar materiais e equipamentos;
Ao manipular cateteres, equipamentos respiratórios e sistemas de drenagem
urinária fechados;
Antes e após qualquer trabalho hospitalar;
Antes e após funções fisiológicas ou pessoais;
Ao preparar micronebulização;
Durante a coleta de material para exames diagnósticos;
Antes e após manusear alimentos;
Antes e após o atendimento a cada paciente e, se necessário, entre atividades
realizadas no mesmo paciente.

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Existem algumas recomendações importantes sobre o uso de antissépticos:

Detergentes com água podem remover fisicamente uma quantidade de micro-


organismos, mas os antissépticos são necessários para matar ou inibir sua
proliferação;
Estudos mostram que a aplicação tópica de álcool a 70% nas mãos
contaminadas reduz em 99,7% a flora bacteriana local. No entanto, mesmo
com o uso de antissépticos, há limites para sua eficácia, dependendo da
frequência e intensidade da lavagem das mãos.
As preparações à base de álcool têm efeito máximo mais rápido do que as
soluções contendo gluconato de clorohexidina. No entanto, estudos
demonstram que o uso frequente de água e sabão aumenta a flora disponível
na superfície da pele, liberando a flora residente - ou seja, a água e o sabão
removem apenas as bactérias mais superficiais, não eliminando aquelas
presentes nas camadas mais profundas.
Produtos que impedem o crescimento bacteriano ou eliminam as bactérias, ao
penetrarem no extrato córneo, apresentam uma atividade residual duradoura,
reduzindo o risco de contaminação, mesmo pelas bactérias da flora residente.
Concluímos, portanto, que a ação principal dos sabões simples é a remoção
mecânica dos micro-organismos superficiais, enquanto os sabões
antimicrobianos, além da remoção mecânica, matam ou inibem o crescimento
tanto da flora superficial quanto da residente.

Características principais
dos agentes antibacterianos
Atualmente, não há um antisséptico universal que se adapte a todos os
propósitos, mas podemos selecionar aqueles mais apropriados com base em três
etapas cruciais:

Identificar as características desejadas do agente antimicrobiano tópico, como


não ser absorvível por mucosas ou pele, ter persistência, rapidez na redução
da flora e amplo espectro de atividade.
Avaliar a segurança e eficácia na redução de contagens microbianas.
Considerar a aceitação do produto e os custos envolvidos.

57
Álcoois: Os álcoois atuam desnaturando proteínas e demonstram excelente
atividade bactericida contra bactérias gram-positivas, gram-negativas e
bacilos da tuberculose. Embora não eliminem esporos, têm certa eficácia
contra vários fungos e vírus, incluindo o vírus sincicial respiratório, o vírus da
Hepatite B e o HIV. Uma aplicação de 15 segundos é suficiente para prevenir a
transmissão de bactérias gram-negativas pelas mãos. Um dos métodos mais
eficazes de antissepsia é enxaguar as mãos com água abundante por 1 minuto
utilizando uma solução alcoólica.

No entanto, eles não são recomendados para limpeza na presença de


contaminação grosseira. Apesar de não deixarem um efeito residual
significativo, as contagens microbianas continuam a cair por várias horas após
o uso, provavelmente devido à morte contínua de microorganismos
danificados. A concentração de álcool, geralmente entre 60% e 90%, é mais
importante do que o tipo. Normalmente, utiliza-se uma concentração de 70%,
pois causa menos ressecamento cutâneo e dermatite química, além de ser
mais econômica do que concentrações mais altas.
As principais desvantagens dos álcoois são o ressecamento da pele e o risco
de inflamabilidade, exigindo cuidados especiais em seu armazenamento.

Gluconato de Clorohexidina (GCH): Este agente age causando o rompimento


das membranas celulares bacterianas. Possui amplo espectro de ação, sendo
mais eficaz contra bactérias gram-positivas do que gram-negativas. No
entanto, tem pouco efeito contra bacilos da tuberculose, fungos e vírus. Sua
toxicidade é baixa, e a absorção cutânea é mínima. Entretanto, deve-se evitar
o uso auricular, pois pode causar ototoxicidade, assim como o uso oftálmico,
que também não é recomendado.

O tempo necessário para alcançar o efeito antibacteriano é intermediário,


sendo maior do que o álcool e menor do que os derivados de iodo. Além disso,
sua atividade é afetada pelo pH e pode ser reduzida ou neutralizada na
presença de surfactantes não iônicos e ânions inorgânicos. Um dos aspectos
mais importantes do Gluconato de Clorohexidina é a sua persistência,
mantendo-se ativo por pelo menos 6 horas. A concentração mais comum é de
4%.

58
Polivinilperrolidona 10% iodo 1% (PVPI): O PVPI age penetrando na parede
celular e substituindo seu conteúdo por iodo livre. Apresenta capacidade
virucida, tuberculicida, fungicida, amebicida, nematocida e inseticida, mas tem
pouca ou nenhuma ação esporicida.

É bactericida para bactérias gram-positivas e gram-negativas. Seu efeito


residual dura de seis a oito horas, e é necessário um contato de dois minutos
para iniciar a ação.

O PVPI deve ser acondicionado em frascos âmbar, exceto a solução alcoólica,


que deve ser guardada em frascos transparentes. Ele é inativado por
substâncias orgânicas, portanto, não deve ser usado em recém-nascidos.

O PVPI está disponível em várias apresentações:

PVPI detergente (solução detergente): usado para degermação pré-operatória


em campo cirúrgico e na equipe, assim como ao redor de feridas. Deve ser
enxaguado e aplicado somente em pele íntegra.
PVPI tópico (solução aquosa): utilizado para antissepsia em mucosas,
curativos, feridas superficiais, queimaduras, etc.
PVPI tintura (solução alcoólica): indicado como luva química, antissepsia de
campo operatório após a aplicação do PVPI detergente e demarcação da área
cirúrgica.

Álcool iodado 0,5 a 1%


Este agente é irritante para a pele, não possui ação residual e deve ser removido
após secagem. É usado para o preparo da pele do campo operatório e antissepsia
da pele em pequenos procedimentos invasivos.

Procedimento adequado
de escovação cirúrgica
A escovação cirúrgica consiste em uma etapa fundamental que abrange o
cuidado minucioso das mãos, com especial atenção para unhas, espaços entre os
dedos e antebraços, levando pelo menos 5 minutos para a realização completa.
Essa etapa é concluída com o enxágue, utilizando clorexidina, álcool ou iodóforos.

59
Recomenda-se aplicar entre 3 a 5 ml de PVPI até que sequem, repetindo o
processo por mais cerca de 5 minutos. O tempo exato necessário para uma
escovação cirúrgica eficaz ainda é motivo de debate, assim como a frequência e
o intervalo adequado antes de realizar uma nova escovação para procedimentos
subsequentes. O Colégio Americano de Cirurgiões sugere um intervalo de 20
segundos entre cada procedimento após o primeiro.

A técnica correta de escovação cirúrgica envolve os seguintes passos:

Remover relógios, alianças, anéis e pulseiras;


Garantir que as unhas estejam aparadas e limpas;
Lavar minuciosamente as mãos, antebraços e região até o cotovelo com água
e sabão antimicrobiano;
Abrir as embalagens individuais, contendo o antisséptico para a escovação;
Limpar as áreas sob as unhas usando espátulas apropriadas;
Escovar cuidadosamente a lateral e a palma de cada dedo, as áreas entre os
dedos, o dorso e a palma da mão;
Estender a escovação para o antebraço e, em seguida, para o cotovelo,
mantendo as mãos elevadas em relação aos cotovelos;
Repetir o mesmo processo para o outro membro;
Enxaguar as mãos, antebraços e cotovelos utilizando água em apenas uma
direção, das mãos para os cotovelos, evitando movimentos de ida e volta;
Fechar a torneira com o cotovelo ou com a ajuda de outro profissional,
evitando o contato com as mãos já escovadas;
Opcionalmente, utilizar uma solução alcoólica antisséptica, permitindo que ela
escorra das mãos, lembrando que esse procedimento pode não ser adotado
em todos os hospitais;
Dirigir-se à sala de cirurgia com as mãos acima do nível dos cotovelos;
Secar as mãos e antebraços com uma toalha ou compressa esterilizada,
seguindo o sentido das mãos em direção aos cotovelos e realizando
movimentos compressivos.

É essencial que o instrumentador cirúrgico execute corretamente essa técnica,


destacando a importância da educação contínua e do treinamento para garantir a
eficácia desse procedimento.

Degermação
A degermação é o processo de redução ou remoção parcial de microorganismos
da pele ou de outros tecidos por meio de métodos químicos e mecânicos. Esse
processo é realizado quando as mãos são lavadas com água, sabão e escova.

60
Em outras palavras, a degermação é a remoção de detritos, impurezas, sujeira e
micro-organismos da flora transitória e, em alguns casos, da flora residente, que
se depositam na pele do paciente ou nas mãos da equipe odontológica, utilizando
a ação mecânica do detergente, sabão ou substâncias químicas.

A degermação das mãos é uma prática de baixo custo e extremamente relevante


na prevenção de infecções hospitalares. No entanto, é fundamental que os
profissionais de saúde sejam conscientizados sobre a necessidade de seguir os
métodos corretos para essa prática, pois a flora residente pode ser uma fonte de
contaminação e infecção hospitalar. A flora residente é constituída por micro-
organismos capazes de sobreviver e se multiplicar na superfície da pele e nos
folículos pilosos, tornando-se mais difícil de remover.

Os estafilococos coagulase negativa, corynebactéria, acinetobactéria e outros


são micro-organismos comumente encontrados na flora residente. Já a flora
transitória é composta por diversos micro-organismos com diferentes níveis de
virulência. Esses micro-organismos nem sempre estão presentes na pele da
maioria das pessoas e podem ser removidos com facilidade. Algumas bactérias
Gram-negativas têm poucas chances de sobreviver na superfície da pele.

A degermação das mãos e antebraços da equipe cirúrgica tem como objetivo


eliminar a flora transitória, reduzir a flora residente e retardar a recolonização da
flora residente por meio do efeito residual. É sabido que, após a realização desse
procedimento, os micro-organismos podem se multiplicar facilmente. A escolha
do método para eliminar ou inativar os micro-organismos das mãos depende do
tipo de flora que se deseja atingir e da atividade específica. A flora residente não
é facilmente removida por lavagem e escovação, mas pode ser inativada com o
uso de antissépticos.

Em contrapartida, a flora transitória pode ser facilmente removida apenas com a


limpeza usando água e sabão ou ser destruída com o uso de antissépticos. Os
iodóforos e a clorexidina são considerados os agentes microbicidas mais eficazes
para a degermação pré-operatória das mãos, pois garantem uma redução
superior a 90% da microbiota transitória.

Instrumentos cirúrgicos
Vamos categorizar os instrumentos cirúrgicos em seis grupos distintos, cada um
representando uma etapa específica da cirurgia.

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Procedimentos de corte
Nesta categoria, incluímos os cabos de bisturi e as tesouras. O profissional
cirúrgico deve sempre manter esses instrumentos protegidos, pois são utilizados
para o corte. Os bisturis são as principais ferramentas de corte usadas pelos
cirurgiões, compostos por duas partes: o cabo e a lâmina. Tanto os cabos quanto
as lâminas variam em formato e tamanho, de acordo com o tipo de cirurgia ou
procedimento a ser realizado. Os cabos mais curtos são adequados para
procedimentos cirúrgicos de superfície, como cortes no tecido epitelial. Já os
cabos mais longos destinam-se a procedimentos cirúrgicos em cavidades ou
regiões mais profundas. Os bisturis elétricos são altamente úteis para coagular,
reduzindo significativamente o sangramento durante as cirurgias.

As tesouras também variam em tamanho e formato, podendo ser curvas ou retas,


finas ou grossas, dependendo de sua aplicação. As mais comuns são a tesoura do
tipo "Metzenbaum", amplamente utilizada pelo cirurgião principal devido à sua
curvatura, e a tesoura do tipo "Mayo", preferida pelo instrumentador cirúrgico e
pelos cirurgiões auxiliares. Essas tesouras são muito úteis para cortar fios
cirúrgicos.

Pinças hemostáticas
Neste grupo, destacam-se as pinças, que apresentam uma ampla variedade de
tamanhos e formatos, podendo ser pequenas, médias ou grandes, retas ou
curvas, traumáticas ou não traumáticas.

Entre as pinças hemostáticas mais comuns,


podemos mencionar as do tipo "Cocheira", que
possuem dentes de rato e são usadas com
sucesso para prender a aponeurose dos
músculos. As pinças do tipo "Kelly" e "HasItead"
são mais finas e são empregadas com eficácia
em cirurgias pediátricas ou pequenos
procedimentos. Elas também são conhecidas
como "mosquitinho" ou "mosquito" devido ao
seu tamanho reduzido, sendo ideais para vasos
de menor calibre.

Também temos as pinças do tipo "Pean" e as pinças do tipo "Mixter", amplamente


utilizadas em cirurgias pulmonares, hepáticas e renais, bem como as pinças do
tipo "Satinsky", muito empregadas em cirurgias vasculares.

62
 s pinças "Faure" e "Rochester-Pean" são mais robustas e destinam-se a pinçar
A
tecidos não delicados ou sensíveis.

Exérese cirúrgica
Neste grupo, temos os instrumentos de preensão e separação. Os instrumentos
de preensão são usados para segurar, levantar temporariamente, inclinar ou
tracionar certos tecidos durante o procedimento cirúrgico.
Podemos destacar como instrumentos de preensão as pinças do tipo "Museux",
"Allis" e "Babcock", sendo esta última especialmente preferida para tracionar alças
intestinais.

As pinças do tipo "Duval", também conhecidas


como "triangulares de Duval", são amplamente
aplicadas em cirurgias pulmonares para pinçar os
lobos pulmonares. As pinças do tipo "Collin",
também chamadas de "oval Collin", e as pinças do
tipo "Foerster", que são mais longas, são
empregadas em curativos profundos, segurando
compressas de gaze. As pinças anatômicas são
instrumentos cirúrgicos utilizados acessoriamente
para preensão. Entre as mais comuns estão as
pinças do tipo "Adson", "Potts Smith" e "Nelson".

Os instrumentos que desempenham a função de separação são conhecidos como


afastadores. Os instrumentos de separação podem ser classificados em três
tipos:

Dinâmicos: esses instrumentos são manuseados pelo cirurgião para expor o


campo operatório desejado. Destacam-se os afastadores do tipo "Farabeuf",
"Volkman" e "Doyen".
Autostáticos: esses instrumentos, após posicionados pelo cirurgião, mantêm o
campo aberto sem a necessidade de serem segurados continuamente. São
comumente utilizados em cirurgias como traqueostomias.
Diversos: abrange outros instrumentos de separação ou afastadores que não
se enquadram nas categorias acima. Podem ser espátulas, algumas rígidas e
outras maleáveis, dependendo da finalidade.

63
Exaurimento cirúrgico
Este grupo inclui as agulhas cirúrgicas, os porta-agulhas e os fios cirúrgicos. As
agulhas são instrumentos perfurantes que, juntamente com os fios cirúrgicos, são
usadas para unir os tecidos lesionados, sejam eles internos ou externos, por meio
do processo de sutura.

Existem muitos tipos de agulhas, variando em tamanho, calibre e formato. As


agulhas cirúrgicas podem ser classificadas em quatro tipos com base no formato:

Retas: usadas para suturar tecido epitelial sem a necessidade de um porta-


agulha.
Curvas: as agulhas meio-círculo possuem maior curvatura e são eficazes para
suturar tecidos mais profundos.
Lanceoladas: agulhas de secção triangular utilizadas para tecidos mais
resistentes, como a aponeurose dos músculos.
Cilíndricas: agulhas de secção circular muito utilizadas para suturar tecidos
delicados e sensíveis, como a reconstituição de vasos sanguíneos rompidos.

As agulhas também podem ser classificadas em relação ao fio cirúrgico utilizado


na sutura:

Com fio pré-passado: a agulha já vem montada com o fio cirúrgico de fábrica.
A base da agulha é interligada ao início do fio, garantindo uma junção regular
e uniforme, tornando-a não traumática.

Com fio a passar: a agulha não vem montada de fábrica com o fio. É
necessário montá-la, passando o fio cirúrgico

Instrumentais especializados
Os instrumentais especializados são aqueles que não fazem parte da mesa de
instrumentação geral em cirurgias. Eles são projetados especificamente para uso
em procedimentos cirúrgicos específicos. Uma ampla variedade de instrumentos
especializados está disponível, como a pinça do tipo "Lambott" - "Farabeuf" e o
Clamp de "Kocher", usado em cirurgias intestinais para ocluir a alça intestinal.

Outro exemplo é o Rugina, um instrumento usado para descolar ou separar as


costelas dos tecidos musculares, sendo amplamente empregado em cirurgias
torácicas. Além disso, a serra de "Gigli" é frequentemente utilizada em
neurocirurgias, cirurgias vasculares e ortopédicas.

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Instrumentais para diversas finalidades
Os campos cirúrgicos são peças de tecido que medem, em geral, 1,50m de
comprimento por 1,50m de largura e têm como objetivo isolar o campo operatório
da cirurgia do restante do corpo do paciente. Esses campos são esterilizados para
evitar que a equipe cirúrgica entre em contato com outras partes da pele do
paciente e contamine suas roupas, luvas e instrumentos cirúrgicos.

Cuidados no manuseio
do instrumental cirúrgico
O uso adequado e os cuidados com os instrumentais cirúrgicos são essenciais
para prolongar sua vida útil e garantir sua eficácia. Tesouras e pinças,
frequentemente utilizadas de maneira inadequada, podem sofrer danos, como
desalinhamento, quebras ou rachaduras. É fundamental evitar o uso incorreto,
como utilizar tesouras para tecidos em suturas ou gaze, e pinças hemostáticas
como prendedores de toalhas ou para pinçar tubos de sucção.

Os instrumentais devem ser manuseados com delicadeza, evitando jogá-los


violentamente, deixá-los cair ou colocar objetos pesados sobre eles. Durante os
procedimentos, os instrumentos utilizados devem ser limpos com compressas
úmidas ou colocados em uma bacia com água destilada estéril para evitar que o
sangue seque sobre eles.

É importante destacar que o soro fisiológico não deve ser utilizado nos
instrumentos, pois seu conteúdo de sal pode ser corrosivo, levando à ferrugem ou
deterioração do metal. Após o procedimento, os instrumentais devem ser lavados
e secos, sendo recolocados na mesa de instrumentos para facilitar a contagem.
Os instrumentais não devem ser colocados em um amontoado, mas sim
manejados individualmente ou em pequenos grupos. Instrumentos delicados
devem ser separados para o manuseio e limpeza individuais, a fim de evitar danos
e ferimentos acidentais.

Os princípios das precauções universais devem ser rigorosamente aplicados de


acordo com a política institucional. Todos os instrumentais destinados ao
procedimento devem ser esterilizados ou desinfetados antes da remontagem,
garantindo que estejam completamente limpos para uma esterilização eficaz.

Antes e após cada uso, os instrumentos devem ser inspecionados em busca de


imperfeições, desgaste, saliências, denteamento, rachaduras ou pontas agudas.

65
Qualquer dano encontrado deve ser relatado, e os instrumentos devem ser
enviados para conserto ou substituição, garantindo seu funcionamento adequado
para evitar riscos desnecessários à segurança do paciente e atrasos durante o
procedimento devido a falhas instrumentais.

Fórceps, pinças e outros instrumentos articulados devem passar por inspeção


quanto ao alinhamento das garras e dentes. As garras e dentes devem estar em
perfeito estado para que o fluxo sanguíneo seja ocluído corretamente, sem
prejudicar veias ou artérias. As travas devem fechar perfeitamente, mas soltar
com facilidade, e as articulações devem funcionar suavemente.

Por fim, as contagens dos instrumentais são uma prática padronizada em muitas
instituições. Conjuntos instrumentais padronizados, com o número mínimo e tipos
necessários de instrumentais, facilitam a contagem e reduzem o tempo e espaço
necessários para a montagem. As contagens devem ser feitas antes, durante e
após o procedimento, registrando todos os materiais adicionados durante a
cirurgia. Instrumentais desmontados durante a cirurgia também devem ser
identificados adequadamente para contagem. Toda a contagem deve ser
registrada em um documento apropriado pela equipe responsável.

Componentes das
agulhas e fios cirúrgicos
As agulhas apresentam três partes principais: a base, o corpo e a ponta. Em
relação à base, temos diversos tipos:

Sem base: o fio é inserido dentro da agulha, caracterizando-a como


atraumática. Quando a agulha possui fios em ambas as extremidades, é
chamada de dupla.
Base regular e alongada.
Base quadrada.
Base arredondada.
Base de Benjamim.
Base francesa, em forma de garfo ou falso - permitindo que o fio seja inserido
por pressão, sem ser perfurado.

O corpo da agulha é classificado de acordo com o formato da sua seção, que


pode variar em diferentes pontos da agulha. Podem ser redondos, ovalados,
triangulares ou em forma de losango. Quanto à curvatura, podem ser:

66
Reta.
3/8 de círculo.
Meio círculo.
5/8 de círculo.
Meia curva.
Dupla curvatura ou semirreta.

As pontas das agulhas devem ser arredondadas, em forma de trocarte, com corpo
cortante triangular, cortante reverso, cortante lateral, redonda com ponta romba
(para fígado) ou pontiaguda cortante. As pontas cortantes são denominadas
traumáticas, enquanto as não cortantes são consideradas atraumáticas.

Técnica de montagem
das caixas cirúrgicas
As caixas cirúrgicas podem ser padronizadas ou divididas de acordo com os tipos
de cirurgia nos hospitais. Normalmente, existem caixas básicas, para pequenas
cirurgias, laparotomias exploradoras, ortopedia, além de outras caixas específicas
por especialidade.

O instrumentador cirúrgico deve estar familiarizado com a lista de cada caixa,


para que possa escolher a adequada ao procedimento cirúrgico em que
participará. As caixas específicas devem ser trazidas pela equipe cirúrgica ou
solicitadas à reserva do hospital.

A montagem da caixa cirúrgica é de responsabilidade do profissional de


enfermagem que trabalha na central de materiais esterilizados. No entanto, o
instrumentador cirúrgico deve saber como montá-la para poder preparar suas
próprias caixas.

Em alguns hospitais, é permitido que o instrumentador cirúrgico limpe e monte a


caixa, enquanto em outros, essa prática não é aceita. Nestes casos, o
instrumentador cirúrgico deve acompanhar e verificar o processamento do
instrumental cirúrgico.

As caixas devem estar limpas e preparadas de forma que o vapor da esterilização


possa penetrar em todos os instrumentais. Elas devem ser perfuradas e
embaladas com um campo duplo de algodão.

67
Os instrumentos podem ser presos para facilitar a organização e a verificação
antes do início da cirurgia, especialmente durante a montagem da mesa cirúrgica.
É responsabilidade do instrumentador cirúrgico conferir todos os aspectos
relacionados aos instrumentais e materiais exclusivos que serão utilizados por sua
equipe cirúrgica.

Apresentação dos instrumentos


na mesa do cirurgião
BISTURI

Existem diversas maneiras de segurar o bisturi,


dependendo de onde e como ele será utilizado, como
descreveremos a seguir. O cirurgião pode segurá-lo como
uma faca, colocando o dedo indicador sobre a parte dorsal
posterior da lâmina, para controlar a pressão exercida
sobre o tecido a ser cortado. Essa posição é utilizada para
incisões na pele e tecidos mais resistentes. Outra forma é
manuseá-lo como um lápis, permitindo que seja manipulado
pelos dedos sem mover o pulso. É ideal para dissecação e
incisões delicadas, onde não é necessário aplicar pressão
sobre o tecido. Para limpar ou afastar tecidos gordurosos
ou aponeuroses, ou ainda realizar dissecação sobre
estruturas, o bisturi é manejado em um ângulo oblíquo em
relação aos tecidos.

PINÇAS DE DISSECAÇÃO

Essas pinças são seguradas entre o polegar e os dedos 2 e


3. Existem muitos tipos diferentes de pinças e cada uma
deve ser usada para o tecido específico para o qual foi
projetada. Por exemplo, a pinça de dissecação com ponta
delicada não deve ser utilizada na pele.

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PINÇAS HEMOSTÁTICAS

Todos os instrumentos com alças são segurados da mesma


forma. O dedo polegar e o quarto dedo são colocados e
ajustados nas alças, enquanto o segundo dedo, o
indicador, é posicionado perto ou acima da articulação e
serve, juntamente com o terceiro dedo, para estabilizar e
direcionar o instrumento.

PINÇAS HEMOSTÁTICAS TRAUMÁTICAS

Devem abranger apenas o vaso sanguíneo que está


sangrando e incluir o mínimo possível de tecido adicional. O
assistente deve segurar a pinça com a ponta voltada em
direção ao cirurgião, para que o vaso possa ser facilmente
ligado. Após o primeiro nó ser feito e estar sendo apertado,
a pinça hemostática é removida para permitir que o nó seja
completamente apertado e que seja feito um segundo nó.

PINÇAS HEMOSTÁTICAS NÃO TRAUMÁTICAS

Este tipo de pinça é usado para ocluir a circulação em


grandes vasos. O vaso deve ser pinçado com força
suficiente para interromper o fluxo sanguíneo, mas
minimizando o trauma vascular.

PINÇAS DE TECIDOS

Devem ser usadas para o tipo específico de tecido para o


qual foram designadas, minimizando assim o trauma. Por
exemplo, a pele não deve ser pinçada com as pinças de
Allis, que são mais adequadas para tecidos mais moles.

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TESOURAS

As tesouras são facilmente danificadas quando utilizadas


para fins não recomendados. As tesouras utilizadas para
cortar fios cirúrgicos geralmente são retas, com as pontas
rombas, e devem ser usadas somente para fios que não
sejam arames ou metálicos.

As tesouras especiais para corte de fios metálicos são


menores que as cirúrgicas padrão. Ao cortar fios cirúrgicos,
as lâminas são abertas apenas um pouco, deslizando
suavemente sobre as pontas a serem cortadas antes de
aplicar a pressão necessária para cortar o fio.

O tamanho do fio cortado dependerá do grau de rotação da


tesoura. Tesouras para tecidos devem ser usadas sempre
que for possível visualizar o tecido entre as lâminas. Já
para a dissecação romba, é necessário inserir as lâminas
fechadas e abri-las gradualmente, separando os tecidos.

AFASTADORES

Os afastadores são utilizados para abrir as cavidades e


permitir o acesso cirúrgico. Se forem usados de forma
inadequada, podem causar grandes lesões nos tecidos.
Forçar excessivamente um afastador é uma má
substituição para uma incisão mal feita. As bordas da
cavidade em que o afastador será utilizado devem ser
protegidas com compressas.

PORTA-AGULHAS

Agulhas curvas devem ser colocadas na ponta do porta-


agulhas, a uma distância de um quarto do fundo da agulha.
Porta-agulhas não devem ser utilizados com agulhas retas.
Quando usados para fazer pontos ou amarrar nós cirúrgicos,
devem ser segurados como tesouras ou na palma da mão, sem
utilizar os dedos nas alças. Suas partes principais são a alça ou
empunhadura, catraca ou cremalheira, articulação e ponta.

70
Preparação da mesa cirúrgica
O objetivo da preparação da mesa cirúrgica é simplificar e ordenar o trabalho do
instrumentador cirúrgico e, por consequência, do cirurgião. Essa prática visa
tornar o ato cirúrgico mais eficiente.

A capacitação adequada do instrumentador é fundamental para que ele possa


atender às demandas do cirurgião e da equipe auxiliar. Para a preparação da
mesa, o auxiliar e o instrumentador, devidamente paramentados, devem escolher
o local mais tranquilo na sala, começando a organizar sistematicamente a mesa
cirúrgica.

As mesas auxiliares devem ser protegidas com uma folha de borracha que não
apenas absorve o impacto dos instrumentos no tampo metálico, mas também
impermeabiliza a superfície. Assim, se ocorrer algum derramamento acidental de
soro ou secreções, a cobertura da mesa não perderá sua barreira antibacteriana,
evitando a contaminação dos objetos sobre ela.

Sobre as folhas de borracha, são colocados campos protetores esterilizados, e


em seguida, o auxiliar deve trazer a caixa de instrumentos para outra mesa
menor. A disposição da mesa cirúrgica dependerá da posição do cirurgião em
relação ao paciente.

Uma configuração comum em alguns centros cirúrgicos é colocar a mesa do


instrumentador sob o paciente, dispensando assim a figura do próprio
instrumentador. A mesa também pode ser posicionada em 90º em relação à
mesa cirúrgica, na extremidade inferior desta ou ao lado do cirurgião, eliminando
a necessidade do instrumentador.

A seguir, descreveremos a organização da mesa, dividindo-a em doze partes ou


áreas, da direita para a esquerda:

Área 1: Colocação do bisturi com a lâmina virada para baixo à esquerda.


Algumas cirurgias requerem tipos especiais de bisturis.

71
Área 2: Colocação das tesouras curvas delicadas ("Metzenbaum") e fortes
("Mayo") com as pontas voltadas para o instrumentador e a curvatura para
baixo, encostadas na mesa.

Área 3: Posicionamento das pinças hemostáticas do tipo "Kelly", da mesma


forma que as tesouras, preferencialmente curvadas e em quantidade de seis a
oito. Elas são sobrepostas para economizar espaço, com a pinça da direita
sobreposta às outras e assim sucessivamente.

Área 4: Conhecida como área versátil, onde são dispostos instrumentos como
"Mixter", "Moynihan" e outros de natureza hemostática, dependendo da
cirurgia.

Área 5: Colocação da pinça "Kocher" reta.

Área 6: Posicionamento de pinças com e sem dentes.

Área 7: Colocação dos porta-agulhas, sendo a única exceção na mesa do


instrumentador, que é colocado com os anéis para baixo e já segurando
agulhas montadas. Note que a ponta da agulha fica voltada para cima para
evitar perfurações na mesa e evitar contaminações.

Área 8: Colocação de pinças de preensão como "Babcock", "Allis" e "Duval",


ou outros instrumentais complementares do mesmo tipo, de acordo com as
necessidades da cirurgia.

Área 9: Disposição das pinças de campo "Backhaus", pelo menos quatro.

72
Área 10: Posicionamento de pinças, tesouras e porta-agulhas longos.

Área 11: Colocação de compressas dobradas, que seguram fios pré-cortados


como seda e algodão, bem como outros tipos de fios e agulhas.

Área 12: Área versátil, onde podem ser dispostos agrafes.

A montagem da mesa básica segue uma rotina, obedecendo a regras para a


distribuição dos instrumentos cirúrgicos: os materiais de dissecção ficam no
canto inferior esquerdo, os de sutura no canto superior esquerdo, os de
hemostasia e preensão no centro da mesa, na parte inferior, e os afastadores no
canto superior, como ilustrado na figura abaixo.

Montagem da mesa auxiliar


Outra mesa que pode ser montada é a mesa do assistente, dividida em seis
partes. Sua montagem ocorre da esquerda para a direita ou vice-versa,
dependendo da posição do cirurgião no campo cirúrgico. Nessa mesa, os cabos
dos instrumentos são voltados para o auxiliar, pois são destinados ao seu uso.

Técnicas de instrumentação cirúrgica


em diversos procedimentos cirúrgicos
O instrumentador cirúrgico precisa ter conhecimento sobre os diferentes tipos de
procedimentos cirúrgicos para determinar os materiais e equipamentos
necessários para cada um deles. É ideal que o instrumentador tenha noções
básicas de todos os procedimentos, mas também se especialize em uma área
específica. Embora cada equipe cirúrgica tenha sua própria forma de conduzir o
procedimento, os princípios básicos da técnica de instrumentação cirúrgica
permanecem os mesmos.

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Às vezes, apenas o cirurgião conhece os próximos passos durante o
transoperatório, o que garante a segurança do paciente. Os princípios
fundamentais da técnica de instrumentação cirúrgica são consistentes em todas
as cirurgias, mas o instrumentador deve encontrar a melhor forma de conduzir o
processo, antecipando as ações do cirurgião para agilizar o procedimento
cirúrgico.

Assistência ao paciente cirúrgico:


conceitos básicos
O período pré-operatório começa quando se reconhece a necessidade de uma
cirurgia e termina quando o paciente entra na sala de operação. Esse período é
dividido didaticamente em mediato (da indicação para a cirurgia até um dia antes)
e imediato (24 horas antes da cirurgia). Durante esse tempo, a enfermagem pode
estabelecer uma linha de base a partir do histórico do paciente, realizar
entrevistas pré-operatórias e preparar o paciente para a anestesia durante a
cirurgia.

A assistência prestada ao paciente nesse período envolve a avaliação e preparo


físico e emocional para a cirurgia. O ensino pré-operatório deve considerar a
capacidade de aprendizagem do paciente e identificar quaisquer limitações que
possam afetar seu envolvimento no processo de aprendizagem.
O cuidado no pós-operatório requer habilidades técnicas e científicas para
atender às necessidades do paciente e identificar possíveis complicações. A
enfermagem desempenha um papel importante no pós-operatório imediato e no
pós-operatório tardio, buscando garantir a autonomia e independência dos
pacientes.

O instrumentador cirúrgico deve permanecer atento ao pós-operatório do


paciente, pois podem ocorrer intercorrências relacionadas ao procedimento
cirúrgico, mesmo após a cirurgia ter terminado. O período pós-operatório pode
ser dividido em imediato (período de recuperação e primeiras 24 horas,
dependendo do tamanho da cirurgia) e tardio (após as primeiras 24 horas até a
alta do paciente ou necessidade de atenção especial).

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A assistência de enfermagem deve ser integral, individualizada e sistematizada,
promovendo a integridade física, emocional, social e espiritual do paciente. A
comunicação efetiva entre enfermeiro e paciente é essencial para criar um
ambiente de troca de experiências.

O enfermeiro faz o diagnóstico de enfermagem para planejar um plano


assistencial adequado. Alguns exemplos de diagnósticos reais ou potenciais
incluem integridade tissular prejudicada, risco de infecção, percepção sensorial
perturbada, risco de aspiração, risco de função respiratória alterada, hipotermia,
risco de temperatura corporal desequilibrada, nutrição desequilibrada e dor
aguda.

Após a sutura da incisão cirúrgica e o curativo, inicia-se o pós-operatório. É


comum o paciente apresentar hipotermia devido à circulação extracorpórea,
resfriamento da sala cirúrgica e recuperação, mas sua temperatura geralmente
retorna ao normal após algumas horas de pós-operatório.

Os principais fatores de risco para infecção pós-operatória incluem exposição


ambiental, procedimentos invasivos, manipulação e antecedentes pessoais, como
diabetes e IRC. O enfermeiro deve orientar o paciente sobre os cuidados
necessários para evitar complicações como hemorragias e infecções.

Conhecer os diagnósticos de enfermagem no período pós-operatório permite ao


enfermeiro planejar um cuidado individualizado para os pacientes na sala de
recuperação pós-anestésica. Com a identificação dos diagnósticos de
enfermagem, intervenções específicas podem ser propostas, garantindo a
implementação de ações eficazes e imediatas para resolver os problemas
identificados.

Drenagem por meio de dispositivos


Drenos são empregados em várias situações para permitir a saída de líquidos de
uma cavidade corporal específica. As razões para usar drenos variam conforme o
tipo de dreno utilizado. Eles podem ser categorizados em:

Drenos abertos, como o penrose;


Drenos de sucção fechada;
Drenos de reservatório;
Cateteres para drenagem de abscesso.

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DRENO DE PENROSE

Este dispositivo é feito de borracha de látex e é utilizado


em cirurgias onde há a possibilidade de acúmulo local de
líquidos, seja infectado ou não, no pós-operatório. Seu
canal de passagem deve ser amplo e posicionado o mais
próximo possível do local a ser drenado, não passando pelo
mesmo local da incisão cirúrgica, mas sim através de outra
incisão contrária.

Para evitar a obstrução do dreno causada por depósitos de


fibrina, é necessário observar e mobilizar o dreno de
penrose a cada 12 horas. Ele deve ser tracionado durante
cada troca de curativo (a menos que haja contraindicação),
cortar o excesso e recolocar o alfinete de segurança
estéril, usando luvas esterilizadas. O orifício de saída deve
ser vedado com gaze estéril, substituindo o curativo
sempre que necessário.

DRENO DE SUCÇÃO (PORTOVAC)

Este dispositivo é feito de borracha de látex e é utilizado


em cirurgias onde há a possibilidade de acúmulo local de
líquidos, seja infectado ou não, no pós-operatório. Seu
canal de passagem deve ser amplo e posicionado o mais
próximo possível do local a ser drenado, não passando pelo
mesmo local da incisão cirúrgica, mas sim através de outra
incisão contrária.

Para evitar a obstrução do dreno causada por depósitos de


fibrina, é necessário observar e mobilizar o dreno de
penrose a cada 12 horas. Ele deve ser tracionado durante
cada troca de curativo (a menos que haja contraindicação),
cortar o excesso e recolocar o alfinete de segurança
estéril, usando luvas esterilizadas. O orifício de saída deve
ser vedado com gaze estéril, substituindo o curativo
sempre que necessário.

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DRENO DE ABRAMSOM

Esses tubos de grande calibre e luz múltipla têm diversas


finalidades, como irrigação e aspiração contínua. São mais
frequentemente utilizados para drenar espaços intra-
abdominais nos quais se espera um grande volume de
líquido a ser drenado.

DRENO DE KEHR

Esse dreno é inserido nas vias biliares extra-hepáticas e é


utilizado para drenagem externa, descompressão ou como
uma prótese modeladora após anastomose biliar. Ele deve
ser fixado através de pontos na parede duodenal lateral ao
dreno, bem como na pele, para evitar sua saída
espontânea.

Cicatrização e tratamento de lesões


A cicatrização de feridas é uma abordagem terapêutica que engloba limpeza e
aplicação de procedimentos assépticos. Essa abordagem inclui desde a irrigação
utilizando solução fisiológica até o uso de coberturas específicas que auxiliam no
processo de cicatrização.

Seleção dos curativos

A escolha dos curativos e cuidados deve levar em consideração:

A causa e localização da lesão;


O tamanho da ferida;
As condições clínicas do paciente;
As diferentes fases do processo de cicatrização.

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A enfermagem deve ser extremamente criteriosa ao selecionar curativos e
medicamentos para tratar as lesões, pois é bem sabido que a intervenção pode
ter efeitos tanto positivos quanto negativos no tratamento. Isso inclui considerar
as propriedades físicas de proteção e manutenção dos medicamentos, bem como
o intervalo adequado para a troca do curativo.

Tipos de curativos

Existem diferentes tipos de curativos, incluindo:

Curativos abertos: São utilizados em algumas feridas agudas.


Curativos semioclusivos: Comumente empregados em feridas cirúrgicas. Eles
absorvem e isolam o exsudato, permitindo que a ferida fique exposta ao ar.
Curativos oclusivos: Têm como objetivo vedar a ferida e evitar a perda de
fluidos, além de proporcionar isolamento térmico. Gazes, faixas e espumas
são utilizados para essa vedação.
Curativos compressivos: Reduzem o fluxo sanguíneo e promovem a
hemostasia, aproximando as bordas da ferida.

Benefícios do ambiente úmido


A utilização do meio úmido apresenta diversas vantagens em comparação aos
curativos secos. Estimula a epitelização, promove a formação de tecido de
granulação e aumenta a vascularização na área afetada. Além disso, facilita a
remoção de tecido necrótico e evita o espessamento da fibrina. Outro aspecto
favorável é a redução da dor, evitando traumas durante a troca do curativo, e
ainda mantém a temperatura corporal.

Diretrizes para a assepsia


Lavar as mãos antes e após realizar os curativos; Ø Seguir os princípios de
assepsia; Ø Realizar a remoção dos tecidos necrosados de forma asséptica; Ø
Observar a sequência de procedimentos, realizando primeiro os menos
contaminados; Ø Utilizar luvas estéreis em substituição ao material de curativo ou
em procedimentos que possam entrar em contato com a ferida/úlcera; Ø Quando
curativos são removidos para inspeção da lesão, devem ser trocados
imediatamente.

78
Procedimentos técnicos para
realizar os curativos
Existem duas técnicas principais: a asséptica ou estéril e a limpa.

Técnica Asséptica ou Estéril:

Lavar as mãos com solução antisséptica antes e após realizar o curativo;


Utilizar material e luvas estéreis ao manipular a lesão;
Limpar a ferida com solução estéril;
Utilizar cobertura estéril;
Recomendada exclusivamente para tratamento hospitalar.

Técnica Limpa:

Lavar as mãos com água e sabão;


Utilizar material limpo para a manipulação da lesão;
Limpar a ferida com água limpa e tratada;
É preferível que a cobertura da lesão seja estéril;
Utilizada no tratamento domiciliar.

Em 1994, o CDC (Center for Disease Control) considerou as mãos como o


principal meio de transmissão de infecções, e estabeleceu padrões para a
lavagem e antissepsia das mãos.

Lavagens de mãos
É importante relembrar os objetivos da lavagem das mãos:

Remover a sujeira e interromper a cadeia de infecção;


Reduzir as contaminações cruzadas;
Melhorar a imagem de higiene percebida pelo público e aumentar a
credibilidade dos profissionais da área de saúde.

79
Observações importantes durante a lavagem das mãos:

Retirar anéis, relógios e pulseiras;


Evitar encostar-se à pia;
Utilizar sabão líquido;
Não utilizar toalhas de pano ou coletivas;
Utilizar creme hidratante de uso único e de pote individual para as mãos.

Produtos para tratamento de feridas


Pacote de cuidados para feridas

O conjunto de materiais para cuidados de feridas deve seguir princípios rigorosos


de limpeza e esterilização, podendo ser de uso único ou reutilizável. É
fundamental verificar sempre a esterilização adequada antes de usar o pacote.

Solução salina 0,9% ou água destilada

Quando empregada para tecidos em processo de cicatrização e epitelização, a


solução salina deve ser aquecida a uma temperatura próxima de 37°C. O uso em
temperaturas mais baixas pode causar choque térmico, retardando o processo de
recuperação da pele por até 4 horas.

Método de irrigação com solução salina

Esse método é empregado para a higienização de tecidos em processo de


cicatrização. Pode-se utilizar o próprio frasco de solução salina ou uma seringa
de 20 ml com agulha 40X12 mm, aplicando a pressão adequada (de 04 a 15 pps).

Além de tratar tecidos em cicatrização, essa técnica é útil para limpeza de


cavidades e pontos cirúrgicos parciais, especialmente em áreas de difícil acesso
que não podem ser limpas apenas com gaze umedecida.
Os pontos cirúrgicos parciais são aqueles que atravessam todas as camadas da
parede abdominal, da pele ao peritônio. São confeccionados com equipo de soro
e fio tipo cordonê.

80
Para realizar a limpeza desses pontos, deve-se irrigar cada ponto com solução
salina 0,9% usando uma seringa com agulha 40X12 mm, colocando uma gaze do
lado oposto para absorver a solução. Continuar a limpeza de toda a lesão
utilizando uma pinça, com técnica asséptica, de dentro para fora e de cima para
baixo. Utilizar ambas as faces da gaze sem voltar ao início da incisão.

Fita adesiva

A remoção da fita adesiva deve sempre ser feita com a superfície molhada em
solução salina 0,9%, para evitar lesões na pele do paciente causadas por atrito.
Sempre que possível, é recomendado utilizar as fitas indicadas pelo fabricante,
como as hipoalergênicas, e nunca aplicar fita adesiva crepe diretamente na pele
do paciente.

Procedimento para realização de


curativos
Fundamentos essenciais para executar os curativos

Esses princípios, por serem de caráter fundamental, podem e devem ser


ajustados e aplicados de acordo com o tipo de curativo necessário, sempre
atentando para evitar infecções cruzadas.

Cuidados importantes a serem seguidos:

Separar cuidadosamente os materiais a serem utilizados, verificando sua data


de validade e se estão devidamente embalados.
Preparar os antissépticos que serão usados.
Informar o paciente sobre o procedimento que será realizado.
Avaliar cuidadosamente a lesão.
Escolher o antisséptico adequado para a realização do curativo.

Curativos para feridas limpas


Iniciar a limpeza da área da incisão, fazendo movimentos de dentro para fora.
Evitar passar o lado sujo da gaze mais de uma vez sobre a lesão.

81
O centro da ferida asséptica é mais limpo do que as bordas, pois está menos
exposto à contaminação.

Feridas cirúrgicas e traumáticas


As primeiras 24 horas são especialmente críticas, pois o edema é mais
intenso durante esse período.
O edema pode persistir por 72 a 96 horas, e durante esse tempo, o curativo
deve permanecer fechado.
Os curativos proporcionam proteção física para a lesão, estabilizam o
fechamento da ferida, absorvem a drenagem serosa e protegem contra
infecções.

Curativos para feridas contaminadas ou infectadas

A limpeza deve ser iniciada de fora para dentro da lesão, ou seja, das bordas em
direção ao centro, para evitar a propagação de infecções nos tecidos
circundantes à ferida.

Úlceras de estase venosa

O objetivo principal é reduzir a pressão venosa causada pela insuficiência


vascular, melhorando o fluxo venoso e reduzindo as áreas com deficiência de
nutrientes e oxigênio.

Os tratamentos mais comuns incluem:

Uso de meias elásticas.


Utilização de ataduras elásticas de alta compressão.
Aplicação de bota de Unna.

Antes de iniciar o tratamento compressivo, é fundamental verificar se o paciente


não possui úlceras arteriais:

Verificar o pulso pedioso, e caso esteja fraco ou ausente, é necessário buscar


avaliação especializada.
Observar sinais de necrose nos dedos ou dorso do pé.
Verificar a presença de cianose nas extremidades.
Investigar se há aumento da dor com a elevação do membro.

82
Curativos para úlceras plantares

O objetivo do tratamento é reduzir a pressão excessiva sobre a ferida.


É recomendado repouso.
A imobilização com uma tala gessada pode ser necessária.
O uso de palmilhas também é indicado.

Conceitos básicos de socorros iniciais


Os socorros iniciais consistem em procedimentos de emergência que devem ser
aplicados a um indivíduo em risco de vida, com o objetivo de preservar os sinais
vitais e evitar a piora de seu estado até que receba cuidados médicos definitivos.
Também podem ser definidos como o primeiro atendimento prestado a alguém
que sofreu algum tipo de trauma, lesão ou mal súbito.

Além disso, são as primeiras ações tomadas no local de um acidente,


representando um atendimento preliminar e temporário até a chegada de uma
equipe de socorristas. O socorro à vítima pode ser executado por qualquer
pessoa, desde que tenha sido treinada nas técnicas recomendadas para
assistência de emergência. É fundamental que qualquer indivíduo que preste os
primeiros-socorros, também conhecidos como atendimento pré-hospitalar,
priorize sua própria segurança. No ímpeto de ajudar, não se justifica realizar
ações imprudentes que possam transformar o socorrista em uma nova vítima.

Para garantir que a vítima receba um atendimento de qualidade, é essencial que o


socorrista demonstre seriedade e respeito em todas as etapas. É importante
evitar expor a vítima desnecessariamente e manter em confidencialidade
quaisquer informações pessoais que ela compartilhe durante o atendimento.

Um aspecto crucial nos primeiros-socorros é o tempo, o qual não pode ser


subestimado sob nenhuma circunstância, pois pode fazer toda a diferença entre
a vida e a morte do paciente.

83
Sinais vitais: indicadores de saúde
Os sinais vitais são indicadores cruciais das funções vitais do corpo humano e
têm uma relevância essencial no diagnóstico inicial e no acompanhamento do
progresso clínico de uma vítima. Esses sinais constituem uma linguagem que
nosso corpo utiliza para nos informar sobre o estado normal de suas funções,
alertando-nos sempre que ocorre alguma alteração anormal.

Os principais sinais vitais são o pulso, a respiração, a pressão arterial e a


temperatura corporal.

Pulso: O pulso é a ondulação provocada pela expansão das artérias durante a


contração do coração. Representa a pressão exercida pelo sangue contra as
paredes arteriais em cada batimento cardíaco. Para medir o pulso, basta
comprimir uma artéria contra um osso. As localizações mais comuns para
medição do pulso são nas artérias carótida, radial, femoral e braquial. É
possível também verificar o pulso através da ausculta cardíaca usando um
estetoscópio, sendo conhecido como pulso apical. Ao verificar o pulso,
devemos observar sua frequência, ritmo e volume.

Índices normais do pulso:


Homem: 60 a 70 batimentos por minuto (bpm)
Mulher: 65 a 85 bpm
Criança: 80 a 120 bpm
Bebê: 100 a 160 bpm

Respiração: A respiração é o processo de entrada de oxigênio durante a


inspiração e eliminação de dióxido de carbono através da expiração. É uma
sequência rítmica de movimentos que expandem e retraem os pulmões para
permitir a troca gasosa entre o sangue e o ar nos pulmões. Ao avaliar a
respiração, devemos observar seu caráter, se é superficial ou profunda, o
ritmo (regular ou irregular) e a frequência, ou seja, a quantidade de
movimentos respiratórios por minuto.

Índices normais de respiração:


Homem: 15 a 20 movimentos respiratórios por minuto
Mulher: 18 a 20 movimentos respiratórios por minuto
Criança: 20 a 25 movimentos respiratórios por minuto
Lactente: 30 a 40 movimentos respiratórios por minuto

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Obs: Vale ressaltar que fatores como exercícios físicos, medicamentos e estados
emocionais podem alterar os valores normais da respiração, portanto é
importante que o socorrista esteja atento a essas variações.

Pressão arterial: A pressão arterial refere-se à força exercida pelo sangue


contra a parede interna das artérias quando é impulsionado pela contração
cardíaca. Essa pressão pode variar conforme a idade do paciente, aumento da
atividade física, situações estressantes e alterações cardíacas. A pressão
arterial é influenciada pela força dos batimentos cardíacos e pelo volume
circulante. O ciclo cardíaco é dividido em sístole (contração) e diástole
(relaxamento), sendo a pressão sistólica a máxima do coração e a pressão
diastólica a mínima.

Índices normais da pressão arterial:


4 anos: 85/60 mmHg (sistólica/diastólica)
6 anos: 95 x 62 mmHg
12 anos: 108 x 67 mmHg
Adulto: 120 x 80 mmHg

Obs: É essencial destacar que a hipertensão (aumento da pressão arterial) e a


hipotensão (redução da pressão arterial) são termos utilizados para definir
alterações anormais nos valores da pressão.

Temperatura corporal: A temperatura corporal é a medida do calor presente


no organismo, representando o equilíbrio entre o calor produzido e o calor
perdido. A temperatura é influenciada por fatores físicos e químicos e é
controlada pelo sistema nervoso central. Pode ser verificada em diversas
regiões, como axilar, oral e retal, usando um termômetro clínico. A faixa
normal da temperatura corporal varia entre 34°C e 42°C, sendo raro que o ser
humano sobreviva com valores acima ou abaixo desses parâmetros.

Índices normais de temperatura corporal:

Adulto: Criança:
Axilar: 36,7°C Axilar: 37,2°C
Oral: 37°C Oral: 37,4°C
Retal: 37,5°C Retal: 37,8°C

85
Obs: Variações de 0,3°C a 0,6°C na temperatura são consideradas normais e
podem ocorrer em situações como infecção, medo ou ansiedade. A temperatura
corporal pode diminuir devido à exposição ao frio, estado de choque ou
hemorragias, sendo chamada de hipotermia. Por outro lado, quando a
temperatura corporal aumenta acima dos valores normais, é conhecida como
hipertermia.

86
REFERÊNCIAS
CRUZ, J. L. A. Manual de biossegurança em laboratórios. São Paulo: Atheneu,
2010.
SILVA, M. P. S. Gestão de resíduos sólidos: fundamentos e práticas. Rio de
Janeiro: LTC, 2015.
COSTA, A. B.; FERREIRA, L. M. Enfermagem em saúde do trabalhador. Porto
Alegre: Artmed, 2018.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Brasília: MMA, 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15475. Resíduos de
equipamentos eletroeletrônicos – Requisitos para projeto e implantação de
sistema de gestão. Rio de Janeiro, 2019.
MONTEIRO, C. A.; CANNON, G. Manual de nutrição e alimentação saudável. São
Paulo: Manole, 2018.
RAMALHO, J. M. Higiene e segurança no trabalho. Lisboa: Sílabo, 2016.
SOUZA, R. H. B.; SANTOS, L. L. M. Manual de biossegurança e controle de
infecção em hospitais. São Paulo: Roca, 2017.
VASCONCELLOS, P. C. V.; LIMA, A. F. Gestão de resíduos em unidades de saúde.
São Paulo: Atheneu, 2019.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n. 222, de 28 de março de
2018. Dispõe sobre o regulamento técnico de boas práticas de gerenciamento dos
resíduos de serviços de saúde.

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