Nos termos da Petição Inicial apresentada, as partes celebraram um contrato de
compra e venda de bens móveis, nomeadamente de bens diversos, que é o contrato por virtude do qual se transmite a propriedade da coisa ou direito, mediante um preço, ex vi do art. 874º CC. Tendo as partes entrado em acordo, foi enviada a mercadoria no dia 26 de Julho de 2018. Porém, no dia 25 de Agosto de 2018, dia em que R. deveria efectuar o pagamento, este apenas pagou a quantia de 2.500.000,00 e nada mais pagou a A. até então. Ora, estamos diante de uma relação obrigacional e assim entendemos pela existência de uma obrigação por parte do devedor, que os termos do art. 397º CC, é o vínculo pelo qual uma pessoa fica adstrita para com a outra a realização de uma prestação. Nestes termos, este tipo de relação tem como elementos: os sujeitos, titulares da relação, o objecto, que consiste na prestação e o vínculo, que é o nexo que liga os poderes do credor aos deveres do devedor ou obrigado. Entretanto, dispõe o art.817º CC que, “não sendo a obrigação voluntariamente cumprida, tem o credor o direito de exigir judicialmente o seu cumprimento …”, e para isso, o legislador coloca a disposição do lesado ferramentas para fazer valer o seu direito, e como dispõe o art.2º CPC, “a todo direito, excepto quando a lei determine o contrário, corresponde uma acção, destinada a fazê-lo reconhecer em juízo ou a realizá- lo coercivamente, bem como as providências necessárias para acautelar o efeito útil da acção”. Nesta senda, como ferramentas, podemos considerar as acções declarativas, as acções executivas e as providências cautelares, ex vi do art. 4º CPC. As acções declarativas consistem na obtenção de uma declaração de existência ou inexistência de um direito, que podem ser de simples apreciação, de condenação e constitutivas. As acções executivas são aquelas em que o autor requer as providências adequadas à reparação efectiva do direito violado, e por fim, as providências cautelares são aquelas que visam acautelar o efeito útil da acção. Nestes termos, A interpôs uma acção declarativa de condenação contra R, pois esta visa exigir a prestação duma coisa ou de um facto, pressupondo ou prevendo a violação dum direito, ex vi al. b) do art.4º CPC, correspondendo às demais prestações e os juros de mora. De acordo aos factos, o valor da dívida é de 9.172.138,10 correspondentes quer ao valor inicial da dívida 6.970.000.00, quer aos juros de mora 2.202.138,10, e nos termos do 305º nº2 CPC, o valor da causa determina a competência do tribunal, a forma de processo comum, e a relação da causa com a alçada do tribunal. Nesta ordem de ideia, os artgs. 460º nº1 e 461º, classificam os processos em comum e especial, sendo o processo comum subdividido em ordinário, sumário e sumaríssimo. Assim, é uma acção declarativa de condenação sob a forma comum ordinária porque, nos termos do art.311º e 462º nº1 do CPC, o valor da dívida é considerado o valor da causa, e como este excede à alçada do Tribunal de Comarca fixada em 3.080.000,00, nos termos do nº2 da lei 5-A/21 de 5 de Março Lei das Custas Judiciais, existe, por conseguinte, a admissibilidade de recurso ordinário.