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seõçatona reV
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CONHECENDO A DISCIPLINA
Caro aluno,
Ao mesmo tempo que você receberá as bases fundamentais sobre o que é e como
se compõem os currículos, também terá contato com as questões do cotidiano, de
forma que se dedique e reflita sobre as possíveis práticas.
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sobre o Currículo e o modo como ele pode passar pelas inovações é algo
realmente surpreendente!
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seõçatona reV
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NÃO PODE FALTAR
A HISTÓRIA DO CURRÍCULO
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Aldrei Jesus Galhardo Batista
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Provavelmente você já deve ter imaginado, ao escolher este curso, que para ser
um professor, não bastaria apenas saber os assuntos para assim serem ensinados.
É necessário saber quais assuntos e o que se quer ensinar a cada tempo, e
basicamente, o Currículo é a tradução disso.
Por ser algo em constante transformação, não apenas o que forma os Currículos,
mas a própria forma de vê-lo também muda de tempos em tempos.
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construídas para o tema, tais como a Teoria Tradicional do Currículo, as Teorias
Críticas do Currículo, as Teorias Pós-Críticas do Currículo e as Teorias Recentes
Sobre Currículo.
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Finalizaremos a unidade procurando entender melhor como algumas correntes
teóricas impactaram na construção curricular do Brasil, entre elas a teoria de
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Althusser e a escola como aparelho ideológico do Estado, a teoria de Bourdieu e os
aspectos de reprodução e violência simbólica, a teoria de Foucault e o saber, o
poder e o sujeito e, finalmente, a concepção de que o currículo escolar é permeado
por ideologias, cultura e relações sociais, perpassando pelo currículo formal, pelo
currículo operacional, pelo currículo percebido e pelo currículo experenciado.
Você deve se perguntar o motivo de precisar saber qual era, por exemplo, a
organização curricular do período colonial, uma vez que ele está tão distante de
você.
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Eles se conheceram durante o processo do concurso, quando se encontravam nas
entregas de documentação e protocolos de posse, escolha de escola e outras
questões. Acabaram sendo nomeados para trabalhar na mesma escola, que foi
recém-construída e inaugurada. Ou seja, eles terão dois desafios: a nova
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experiência nas funções que nunca atuaram e começar um trabalho do início, com
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um grupo de professores que também trabalharão na escola pela primeira vez.
CONCEITO-CHAVE
No Brasil, temos uma construção de currículos bastante interessante de ser
observada, do ponto de vista de suas mudanças e permanências e do ponto de
vista do seu embasamento sempre atrelado aos modos de se produzir riqueza ao
logo dos séculos. Em outras palavras, pode-se dizer que o currículo esteve o tempo
todo atrelado ao tipo de trabalho que produzia a riqueza material das sociedades.
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De certa forma, essa relação sempre nos colocou em algum atraso educacional,
porque as mudanças sempre foram muito lentas e superficiais. Entenderemos
melhor sobre este assunto ao longo das próximas palavras.
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REFLITA
seõçatona reV
Iniciamos a seção com uma reflexão, um convite para pensar em como a
educação brasileira manteve características muito enraizadas em seus
currículos, sempre na alternância da prática conteudista e propedêutica,
com o ideário de torná-los mais práticos e científicos. Nesse sentido,
observe as palavras do autor a seguir e leve essa reflexão com você durante
toda a leitura das próximas páginas, sempre se lembrando da característica
básica dos períodos que vamos estudar o currículo: as permanências e as
mudanças.
“
Desde as origens da educação, entendida como prática formal escolar, discutiu-se,
mesmo que sob outras nomenclaturas, quais conhecimentos, valores,
comportamentos e habilidades a instituição escolar deveriam disponibilizar
(impor?) aos educandos. Então, através do percurso histórico, é possível constatar-
se como as propostas curriculares foram se alterando nos seus filosóficos, quanto
aos ideais pedagógicos, em relação à concepção de homem e principalmente no
que diz respeito aos conhecimentos a serem socializados. Bastaria lembrar, sem
ter que entrar em detalhes, quanto é antiga a discussão travada entre os
defensores de uma formação mais humanística e os adeptos de uma formação
mais de caráter científico.
— (SANFELICE, 2010, p. 35-36)
A partir desses relatos e da lente dos padres Jesuítas, sabemos que entre os
indígenas, todos os adultos se responsabilizavam coletivamente pelas crianças. Ou
seja, elas não recebiam instruções apenas de seus pais, mas de todos os adultos
das aldeias e tribos. Não havia instrução escolar e a educação se fazia no dia a dia,
como uma espécie de aprender as coisas fazendo, sob a supervisão dos adultos.
Tudo o que se aprendia era, portanto, para manter os modos de se viver, para sua
sobrevivência na natureza. Desta forma, não podemos afirmar que havia um
currículo para essa instrução, que era a mais natural possível, dentro de regras
sociais das aldeias.
A chegada dos padres Jesuítas, vindos com a dupla missão de garantir mais fiéis
católicos, na disputa entre Católicos e Protestantes, e de garantir a proteção das
terras coloniais, mudou não apenas a rotina da população e respectivamente a sua
educação, mas trouxe os primeiros elementos curriculares para a educação
escolarizada com o objetivo de proteger, garantir e desenvolver o grande Estado,
que era a Metrópole portuguesa.
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A educação jesuítica teve como primeiro princípio ou primeira tarefa catequizar os
índios, mas não demorou a mudar seus planos, deslocando esse objetivo para a
educação restrita aos filhos dos homens da elite portuguesa, que aqui estava na
missão de garantir as terras coloniais à Portugal. Essa mesma elite, após concluir
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parte dos estudos aqui, era mandada para a Metrópole, para cursar os estudos
seõçatona reV
superiores. O currículo na primeira fase era basicamente formado pelos
ensinamentos cristãos, que precisavam ser ensinados aos índios, não apenas para
alfabetizá-los, mas para doutriná-los. Já na segunda fase, como se tratava de uma
educação elitista, a ênfase estava nos estudos humanísticos.
Para Zotti (2017), a educação jesuítica nessa fase teve um objetivo triplo, que era
formar quadros para a igreja, quadros para a administração da colônia e educar as
classes dominantes.
“
Os jesuítas especializaram-se no ensino secundário e superior, com currículos muito precisos e
pormenorizados, tripartindo-se em educação literária, filosófica e teológica. No Brasil, havia quatro graus de
ensino, sucessivos e propedêuticos: curso elementar (escola de ler, escrever e contar, mais a doutrina religiosa
católica); curso de humanidades (nível secundário); curso de artes (também chamado de ciências naturais ou
filosofia) e curso de teologia (nível superior).
— (ZOTTI, 2021, p. 128)
Desta forma, as aulas das primeiras letras, chamadas também de aulas avulsas ou
aulas régias, foram mantidas aqui e ali, sem muito investimento ou expansão, até o
período imperial, com a independência do Brasil de Portugal e o governo de D.
Pedro I.
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meninos, estas sim, uma inovação, também para meninas” (HILSDORF, 2011 p. 44).
Ou seja, vemos claramente que mesmo com as mudanças políticas, os currículos
permaneciam os mesmos, atendendo apenas à elite, com as suas aulas exclusivas.
Por exemplo, o conteúdo da escola de primeiras letras, instituído pela lei de 1827,
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era composto de leitura, escrita, gramática, aritmética básica e noções de
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geometria. Não contemplava ciências naturais, nem história ou geografia, mas
incluía a moral cristã e a doutrina católica, que era a religião oficial do país.
(SAVIANI, 2008, p. 126)
Pouco tempo depois, em 1834, foi promulgado o Ato Adicional, que reformulou a
Constituição de 1824. Sobre a educação, este Ato descentralizou a instrução
primária e secundária, e impulsionou o surgimento de instituições particulares.
Nos colégios particulares, por sua vez, era difícil possuírem um currículo específico,
baseando os conteúdos de ensino nas “aulas avulsas” das disciplinas, que eram
cobradas nos exames que só podiam ser realizados pelo Colégio Pedro II.
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entre professores e alunos. Esses conteúdos eram sempre questionados por
serem trabalhados de uma forma que se distanciava da experiência do aluno e
longe das realidades sociais.
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A República Velha (1889-1930), foi marcada por dois fatos: o fim do escravismo e a
Proclamação da República. Ambos foram os responsáveis por manter, contudo, a
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economia agroexportadora, sendo que o café representava grande parte das
exportações brasileiras. O lento processo de industrialização e uma mentalidade
racista incentivaram a vinda da força de trabalho imigrante para o país. Nossa
tecnologia era importada, com predominância de pequenas indústrias, com uma
classe operária diminuta e uma população majoritariamente rural, o que reforçava
a manutenção dessa escola tradicional e atrasada, que se destinava a poucas
pessoas. Não era, portanto, do interesse governamental fazer mudanças no que se
ensinava.
“
o currículo escolanovista se tornou ainda mais forte a partir do Manifesto dos Pioneiros (1932), em que a
educação secundária se torna eixo fundamental da Reforma Francisco de Campos. Sendo assim, foram
estabelecidos estudos regulares, bem como a seriação e a frequência obrigatória.
— (JESUS; CORRÊA; PALÁCIUS, 2015, p. 4724)
ASSIMILE
“
A reflexão sobre o currículo está instalada como tema central nos projetos
político-pedagógicos das escolas e nas propostas dos sistemas de ensino, assim
como nas pesquisas, na teoria pedagógica e na formação inicial e permanente dos
docentes. Neste sentido, dar a devida atenção ao currículo corrobora para uma
organização do sistema educacional das instituições de ensino.
Sendo assim, a Escola Nova surge com o intuito de modificar esse currículo, na
medida em que privilegia a criança como sujeito e além disso, os conteúdos, que
antes eram transmitidos pelos professores em forma de exercícios memorísticos,
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a partir do movimento escolanovista, passam a ter um significado, visto que,
começam a ser trabalhados de diversas formas, tornando o aluno sujeito ativo no
processo de ensino e aprendizagem.
— (JESUS; CORRÊA; PALÁCIOS, 2015, p. 4724)
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A partir disso, se fizeram ainda mais presentes, havendo também uma divisão
equilibrada de matérias de estudos literários e científicos. Trata-se de uma
seõçatona reV
mudança significativa em relação ao período anterior. Temos, então, uma
mudança estrutural importante, mas que, novamente, na prática, não se efetivou
como o esperado.
O Estado Novo, a partir de 1937, ainda com Getúlio, teve inspiração europeia no
progresso econômico dentro da ordem social. O Estado surgia explicitamente
como agente do desenvolvimento econômico, da modernização com a constituição
dos Conselhos Técnicos (tecnocracia), na padronização do sistema tributário, na
proteção industrial e na importação de bens de capital para impulsionar a
industrialização brasileira. Para tentar conter as reivindicações trabalhistas, o
governo, com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), buscou o controle social e
a tutela do Estado sobre o movimento operário. O trabalho era propagandeado
como o principal instrumento de cidadania e inclusão social.
Os cursos secundários, mesmo com alguma efervescência que haviam sofrido com
as ideias escolanovistas, continuaram na prática como espaços propedêuticos, ou
seja, de preparação para o ensino universitário, e mantendo o elitismo e a exclusão
escolar, ainda porque o ensino profissionalizante instituído pela iniciativa privada
era destino certo das classes trabalhadoras.
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defenderam a descentralização do ensino, inscrita na LDB. Além disso, outro tema
que provocou intenso debate foi o papel do Estado no financiamento da educação.
Enquanto debatiam, as escolas se mantinham as mesmas, assim como o seu
currículo.
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Nos anos de 1960, já no regime político de governos militares (iniciado em 1964),
seõçatona reV
vemos mudanças reais nos currículos, por meio das reformas educacionais. Por
meio do novo Decreto – Lei nº 869, por exemplo, foram incluídas as disciplinas de
Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira, sendo que nos
cursos superiores foi incluída a disciplina de Estudo de Problemas Brasileiros.
Professores contrários ao regime político foram presos, exilados ou aposentados
compulsoriamente.
No final dos anos de 1950 e início dos de 1960, nos centros urbanos, a rede pública
de ensino de primeiro e segundo graus absorvia a maior parte da população de
estudantes. Durante o período de regime militar, no intervalo de 1964 a 1983 uma
situação intensa de repressão e de violências se abateu sobre as universidades.
Segundo Smolentzov e Monterani (2013), a Educação Moral e Cívica (EMC) foi
matéria de vários documentos do Conselho Federal de Educação (CFE) numa
caminhada que chegou ao seu auge quando da instituição da mesma como
disciplina e prática educativa em todos os níveis de ensino. Por meio do Decreto nº.
869/69 e de sua regulamentação pelo Decreto nº 68.065/71. Zotti (2004, p. 6, 7),
mostra que tal Decreto tornou a EMC disciplina obrigatória em todos os graus de
ensino, mas também a manteve como prática educativa. Para o grau médio, além
da EMC, deveria ser ministrada a disciplina de Organização Social e Política
Brasileira – OSPB (Art. 3º. Parágrafo 1º). (SMOLENTZOV; MOTERANI, 2013, p. 20)
EXEMPLIFICANDO
“
Na publicação da Proposta Curricular de Ensino de Santa Catarina (1998) podemos
observar que o período ditatorial comandado pelos governos militares (1964-
1985) fez parte de um movimento de militarização dos governos latino-americanos
que visava garantir no continente os interesses políticos e econômicos das
economias capitalistas desenvolvidas do Norte. Desta forma, a educação foi
marcada com a introdução do tecnicismo, entendido aqui como um movimento
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que coloca as técnicas educacionais acima dos conteúdos curriculares, a
compulsória profissionalização do ensino médio e um patrulhamento ideológico
feroz sobre a educação, assim como sobre toda a sociedade, que só permitia o
ensino dentro dos princípios aprovados pelo governo e pelos grupos econômicos
aos quais servia.
— (SMOLENTZOV; MOTERANI, 2013, p. 21-22)
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seõçatona reV
A concepção de economia do ano de 1970 estava pautada basicamente na tríade
da racionalidade, produtividade e eficiência ao mínimo custo. O conceito de
qualificação a partir dessa base deu lugar ao conceito de competência, trazendo
mais sentido à máxima da eficiência e da produtividade. Em outras palavras, a
formação por meio da educação deveria ser aquela que prepararia o capital
humano individual altamente competitivo. Tais princípios impactaram na formação
curricular de todos os níveis de ensino, especialmente o secundário e o superior do
período. Eles serão retomados, com novas diretrizes, mas o mesmo sentido
produtivista, nos anos de 1990, quando o regime militar já havia terminado no
Brasil.
As vertentes produtivistas dos anos de 1990 e início dos anos 2000 vão interferir na
composição curricular dos períodos, novamente, só que com novas roupagens e
com um elemento novo e importante: a tecnologia da era digital. Os chamados
parâmetros curriculares nacionais e a própria Lei de Diretrizes e Bases de 1996,
trazem esses elementos, no que nos interessa aqui, especialmente, para o
currículo.
FOCO NA BNCC
Esta seção histórica sobre o currículo nos faz pensar no histórico da própria
Base Nacional Comum Curricular, como uma construção histórica do
currículo, na história da educação brasileira. Umas das premissas dessa
base é poder contribuir, por meio de currículos mais adequados, para a
superação das desigualdades. Por mais que as discussões de currículo
levassem a questão em consideração, incluindo os documentos mais
antigos de Parâmetros Curriculares Nacionais, é nesse momento que essas
questões emergem com mais força em um documento especificamente de
conteúdo curricular. Veja a seguir essa expressão, no próprio texto da
BNCC:
“
Diante desse quadro, as decisões curriculares e didático-pedagógicas das
Secretarias de Educação, o planejamento do trabalho anual das instituições
escolares e as rotinas e os eventos do cotidiano escolar devem levar em
consideração a necessidade de superação dessas desigualdades. Para isso, os
sistemas e redes de ensino e as instituições escolares devem se planejar com um
claro foco na equidade, que pressupõe reconhecer que as necessidades dos
estudantes são diferentes. De forma particular, um planejamento com foco na
equidade também exige um claro compromisso de reverter a situação de exclusão
histórica que marginaliza grupos – como os povos indígenas.
— (BNCC, 2017. p. 15-16)'
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completamente a vida dos habitantes das terras, os índios. Os primeiros elementos
escolares vão sendo construídos e teremos os primeiros registros de um currículo
educacional de base, para a efetivação dos objetivos coloniais, de proteção e
desenvolvimento da Metrópole portuguesa.
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Sobre a educação jesuítica, especificamente sobre o currículo dessa educação,
seõçatona reV
analise as afirmativas a seguir:
I. A educação jesuítica teve como primeira tarefa catequizar os índios, mas, sem
demora, deslocou esse objetivo para a educação restrita aos filhos dos homens
da elite portuguesa que estavam no Brasil.
Assinale a alternativa CORRETA que indica quais das afirmações anteriores são
verdadeiras:
a. I e II, apenas.
b. I e III, apenas.
Questão 2
As políticas educacionais no início do primeiro governo de Getúlio Vargas, em 1930,
são caracterizadas pelas reformas, que tiveram como objetivo atender às novas
necessidades educacionais, diante de um contexto de urbanização crescente. A
criação do Ministério da Educação e da Saúde, em 1932, por exemplo, foi o órgão
governamental para tratar especificamente da educação. Primeiro ele esteve sob a
responsabilidade de Francisco Campos, até 1934, e, depois, durante o restante do
governo, quem assumiu foi Gustavo Capanema.
( ) O modelo curricular a ser seguido era o do Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro.
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( ) Em termos de currículo da escola secundária, pode se dizer que sofreu
influência das concepções escolanovistas de educação.
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Campos, de base escolanivista.
seõçatona reV
( ) A Reforma Francisco Campos permitiu uma mudança curricular que teve como
base os ideais do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932.
a. V – V – F – V.
b. V – F – V – V.
c. V – F – F – V.
d. F – V – F – F.
e. F – V – V – F.
Questão 3
Nos anos de 1960, no regime político de governos militares, mudanças reais nos
currículos puderam ser observadas, por meio das reformas educacionais. Através
de novo Decreto-Lei, nº 869, por exemplo, foram incluídas as disciplinas de
Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira, sendo que nos
cursos superiores foi incluída a disciplina de Estudo de Problemas Brasileiros.
Segundo os autores,
“
a Educação Moral e Cívica (EMC) foi matéria de vários documentos do Conselho Federal de Educação (CFE)
numa caminhada que chegou ao seu auge quando da instituição da mesma como disciplina e prática educativa
em todos os níveis de ensino, através do Decreto no. 869/69 e de sua regulamentação pelo Decreto no.
68.065/71. Zotti (2004, p. 6, 7), mostra que tal Decreto tornou a EMC disciplina obrigatória em todos os graus de
ensino, mas também a manteve como prática educativa. Para o grau médio, além da EMC, deveria ser
ministrada a disciplina de Organização Social e Política Brasileira – OSPB (Art. 3º. Parágrafo 1º).
— (SMOLENTZOV; MOTERANI, 2013, p. 20)
Sobre o objetivo dos governos militares em colocar essas disciplinas como o centro
ou eixo curricular, analise as asserções a seguir e a relação entre elas:
PORQUE
II. na Constituição do ano de 1967, assim como no Plano Decenal do mesmo ano,
o espírito era o de que a educação deveria instrumentalizar as pessoas para o
trabalho e que o ensino de nível superior seria um momento que ofereceria um
posterior crescimento econômico.
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e. As asserções I e II são proposições falsas.
REFERÊNCIAS
0
ARANHA, M. L. de A. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. São
Paulo: Moderna, 2006.
seõçatona reV
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular, 2017. Disponível
em: https://bit.ly/3xzlnx5 . Acesso em: 7 fev. 2021.
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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
A HISTÓRIA DO CURRÍCULO
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Aldrei Jesus Galhardo Batista
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Segundo princípio ou tarefa – educação restrita aos filhos dos homens da elite
portuguesa: o currículo tinha a ênfase nos estudos humanísticos.
1759 A 1932
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O Marquês de Pombal ficou à frente do que foi chamada de Reforma
Pombalina, que em teoria, previa mudanças educacionais para novos tempos.
O alvará de 28 de junho de 1759, estabeleceu as aulas de primeiras letras, de
gramática, de latim e de grego, na cidade do Rio de Janeiro e nas principais
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cidades das capitanias. Essas aulas foram chamadas de aulas régias.
seõçatona reV
15 de outubro de 1827, tivemos no Brasil a primeira legislação específica sobre
a educação nacional, mas a organização curricular se manteve a mesma, com
as aulas avulsas. Previa contudo, leitura, escrita, gramática, aritmética básica e
noções de geometria. Não contemplava ciências naturais, nem história ou
geografia, mas incluía a moral cristã e doutrina católica.
O currículo da escola secundária, nesse contexto, era posto em questão por causa
de sua característica secular da cultura humanística, que confrontava com a
educação científica.
1932 A 1996
1930: criação do Ministério da Educação e da Saúde merece destaque como
primeiro órgão governamental para tratar especificamente da educação. Esteve
sob responsabilidade de Francisco Campos e Gustavo Capanema, durante o
Governo Vargas.
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O Estado Novo, a partir de 1937, ainda com Getúlio, teve inspiração europeia,
no progresso econômico dentro da ordem social.
Entre 1942 e 1946, por meio das Leis Orgânicas do Ensino, foi instituído o
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ensino supletivo, que colaborou para a diminuição do analfabetismo.
seõçatona reV
A Lei de Diretrizes e Bases, já no governo de Juscelino, apresentada em 1948
como anteprojeto, tramitou até 1961, quando foi promulgada. Durante esse
período, o debate entre os reformadores e católicos continuou. Mais do que
questões curriculares, o debate girava entorno dos reformistas da escola nova
e dos católicos.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
PESQUISA COMPARATIVA: CURRÍCULOS DO REGIME MILITAR
Samanta é aluna do curso de Pedagogia e cursa a disciplina de Currículo. Seu
professor solicitou uma pesquisa de observação. A turma, organizada em grupos,
deve procurar nas bibliotecas da cidade, nas escolas mais antigas e na internet,
materiais didáticos de alguns períodos específicos da história da educação
brasileira. O objetivo é que cada grupo analise esses materiais identificando
características que possam se encaixar naquilo que estão estudando, comparando
a história do currículo com aquilo que expressava os pensamentos nos materiais
didáticos.
Samanta e seu grupo precisavam procurar por livros e outros materiais sobre o
período de governos militares. Após essa procura, precisa selecionar um desses
materiais e fazer uma análise de seu conteúdo, comparando com o que já
aprendeu na disciplina.
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Um dos membros do grupo trouxe um livro que seu pai tinha guardado em casa e
depois de outras procuras, eles decidiram que aquele livro seria o material eleito.
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Figura 1.1 | Livro – Atlas de Educação Moral e Cívica
seõçatona reV
Fonte: elaborada pela autora.
Que tipo de análise o grupo de Samanta poderá fazer ao verificar esse material?
RESOLUÇÃO
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Podem explicar que houve um investimento oficial nas escolas que adotaram
disciplinas como “Educação Moral e Cívica”, por exemplo, para oferecer
conhecimentos e ideais de bases e regras inspiradas nos quarteis militares. Por
esse motivo, materiais como o do exemplo eram compostos por textos que
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levavam esses preceitos próprios do militarismo, para as regras básicas da
seõçatona reV
educação comum. Seus conteúdos, portanto, continham hinos e lições para a
formação cívica, porém, com base militar, para o aperfeiçoamento da moral.
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NÃO PODE FALTAR
TEORIAS E CONCEPÇÕES DO CURRÍCULO
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Aldrei Jesus Galhardo Batista
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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práticas de ensino, são capazes de sofrerem influência delas, numa relação
dialética, de mudanças e aperfeiçoamentos, para a melhoria da qualidade de
ensino. Ao mesmo tempo que as escolhas estão baseadas em referenciais
curriculares, estão, também, relacionadas com as realidades regionais e específicas
0
de cada comunidade escolar.
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Você se lembra da diretora Elisângela e do coordenador pedagógico Douglas?
Então, ambos com o desafio de preparar o Projeto Político da Escola (PPP) que
assumiram. Lembra-se que eles estão na fase de estudo do currículo escolar que
será a base para o ensino da comunidade em que atuam?
Convidamos você, portanto, a conhecer melhor essas bases teóricas nesta seção,
de forma que esses conhecimentos o ajude a compreender como se estabelecem
as relações entre Currículo, práticas de ensino, formação escolar e sociedade.
CONCEITO-CHAVE
Antes de entrarmos nas principais teorias do Currículo é importante, primeiro,
conceituarmos o que é Currículo, procurando compreender o que ele significa no
contexto educacional. Conforme a concepção de McKernan (2009, p. 23), “a palavra
currículo vem do latim currere, que significa um caminho a ser feito ou o percurso
de uma jornada, e geralmente é definido como percurso de estudo numa
instituição educacional”. Currículo, portanto, se trata de um conjunto de
conhecimentos, de valores e de habilidades, que foram concebidos
intencionalmente, para serem aplicados na prática pedagógica cotidiana.
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A partir da visão do autor, podemos dizer que o currículo não é exatamente um
conceito, mas algo que se constrói dentro da prática educativa, que se relaciona a
um conjunto de elementos não apenas da prática planejada, mas, também, das
vivências e experiências de um contexto que envolve o coletivo.
0
De acordo com Sacristán (2000, p. 14), a formulação de um determinado currículo
seõçatona reV
pode ser analisada a partir de algumas perspectivas, que são: a) da sua função
social; b) de seu plano ou projeto educativo; c) de seus conteúdos, orientações e
sequências e; d) de seu campo prático, com o sentido de verificação das próprias
ações que se toma a partir do currículo. Em outras palavras, significa que limitar a
definição de currículo a apenas um conjunto de conteúdos de um determinado
programa escolar é correr o risco de não compreender todos os elementos que o
compõe e o explica e que, portanto, refletem os objetivos sociais e culturais da
educação escolarizada de um projeto de sociedade. Sendo assim, “quando
definimos o currículo estamos descrevendo a concretização das funções da própria
escola e a forma particular de enfocá-las num momento histórico e social
determinado, para um nível ou modalidade de educação” (SACRISTÁN, 2000, p. 15).
ASSIMILE
“
[...] o explosivo crescimento populacional (força demográfica) acarreta o
esgotamento mais rápido de recursos e níveis mais elevados de poluição (força
natural), o que faz com que os consumidores exijam mais leis (força político-legal).
As restrições estimulam novos produtos e soluções tecnológicas (força
tecnológica) que, se forem acessíveis (força econômica), podem mudar atitudes e
comportamentos (força sociocultural). (KOTLER; KELLER, 2012, p. 77)
— Autor da citação
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do ensino à problemática técnica de instrumentalizar o currículo supõe uma
redução que desconsidera os conflitos de interesses que estão presentes no
mesmo. ” (SACRISTÁN, 2000, p. 17).
0
Considerando o pensamento de Sacristán (2000), é possível compreender que o
currículo foi predominantemente influenciado pelas teorias psicológicas do
seõçatona reV
desenvolvimento humano, que mantiveram o seu foco no indivíduo. Isso trouxe
ganhos para a compreensão de como ocorre a aprendizagem e dos mecanismos
que ela mobiliza para acontecer. Contudo, em paralelo, também foi comum se
pensar que era possível e suficiente apenas instrumentalizar as pessoas,
individualmente, de forma mais técnica e pragmática.
ASSIMILE
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As chamadas teorias pós-críticas do currículo têm como objetivo avançar a
discussão das teorias progressistas e rementem
“
à diversidade das formas culturais do mundo contemporâneo; às questões de gênero e, raça, etnia e
0
sexualidade; aos discursos; à subjetividade; e, também, às relações de força entre diferentes nações que
compõem a herança econômica, política e cultural.
seõçatona reV
— (ANAYA, 2013, p. 47).
“
Na teoria curricular pós-crítica existe uma continuidade do currículo crítico, porém com avanços em que além
do aluno manter constante diálogo com o professor e com o grupo, precisa desenvolver autonomia no seu
processo formativo, ou seja, estar em constante busca pelo conhecimento.
Teorias
Tradicionais Teorias Críticas Teorias Pós-Críticas
Identidade, alteridade,
Ensino Ideologia
diferença
Objetivos Resistência -
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EXEMPLIFICANDO
0
A concepção intelectual-racionalista é de origem greco-romana e entende a
seõçatona reV
educação como aquela que desenvolve o intelecto, com base na
racionalidade da organização de disciplinas, na busca pela verdade. A
concepção teo-religiosa é de origem egípcia e toma o currículo como aquele
que atende ao treinamento religioso.
Outro ponto importante, que não podemos deixar de mencionar, é que a política
curricular oficial determina as escolhas curriculares nos contextos escolares. Essa
política é definida por Sacristán (2000, p. 107) como:
26
aquele que emerge através da ação e interação dos participantes; ele não é estabelecido antecipadamente (a
não ser em termos amplos e gerais). Uma matriz, evidentemente, não tem início nem fim; ela tem fronteiras e
“
pontos de interseção ou focos. Assim, um currículo modelado em uma matriz também não é não-linear e não
sequencial, mas limitado e cheio de focos que se interseccionam e uma rede relacionada de significados.
— (DOLL JÚNIOR, 1997, p. 178)
0
Essa perspectiva parte do pressuposto de que os problemas educacionais não
seõçatona reV
devem ser tratados do ponto de vista teórico, mas prático, a partir das situações
concretas. A teoria não precede a prática, mas o inverso; a teoria é desenvolvida a
partir da prática. Por esse motivo, o conceito de transformação está explícito no de
currículo, que está sempre em mudança nas diferentes realidades.
Nesse novo milênio, no qual as tecnologias exercem uma brutal influência na vida
cotidiana das pessoas, os homens e as mulheres passaram a ser avaliados a partir
das competências que possuem. Competências profissionais, competências
emocionais, competências interpessoais, competências cognitivas, entre outras
tantas, que se desdobram em atitudes e habilidades. Caracterizar esse cenário é
uma tarefa complexa porque temos a impressão de que não se sabe ao certo o
significado de possuir ou desenvolver essas competências. Estamos num processo
de compreender o que isso significa em seu todo, para poder aplicar o
desenvolvimento dessas premissas, por meio do currículo formal.
Exemplificando:
27
saber, o mais importante é saber fazer. A valorização da prática como
“conhecimento útil” é um pensamento predominante das novas visões de
composição curricular.
0
Desta forma:
seõçatona reV
“
Pode-se, então, concluir que a noção de competência, enquanto princípio de organização curricular, insiste na
atribuição do “valor de uso” de cada conhecimento. Os conteúdos escolares desvinculados das práticas sociais
são tratados como “sem sentido pleno” e os currículos não devem mais definir os conhecimentos a serem
ensinados, mas sim as competências que devem ser construídas.
— (COSTA, 2005, p. 53)
FOCO NA BNCC
“
A BNCC indica que as decisões pedagógicas devem estar orientadas para o
desenvolvimento de competências. Por meio da indicação clara do que os alunos
devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos, habilidades,
atitudes e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer” (considerando a
mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver
demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do
mundo do trabalho), a explicitação das competências oferece referências para o
fortalecimento de ações que assegurem as aprendizagens essenciais definidas na
BNCC.
— (BNCC, 2017. p. 13)
REFLITA
Essa reflexão precisa permanecer com você todo o tempo, durante os seus
estudos sobre currículo, tendo em vista que é preciso perceber o quanto de
uma teoria se sobrepõe sobre a outra e o que significa na prática as
aplicações dos currículos, suas influências teóricas e as ideologias que estão
tensionando as atividades educacionais.
28
As principais teorizações do currículo podem ter categorizadas em:
0
b. Teorias Ativas, Teorias Críticas e Teorias Pós-Modernas.
seõçatona reV
c. Teorias Tradicionais, Teorias Ativas e Teorias Sócio-históricas.
Questão 2
Nas teorias do currículo há muitas influências de diferentes ideologias, que,
automaticamente determinam, influenciam, modificam as configurações dos
programas escolares. Pode-se exemplificar como ideologias que envolvem as
citadas por McKernan (2009) que são: a intelectual-racionalista, a teo-religiosa, a
social-romântica, a técnico-comportamental, a pessoal-do cuidado e a político-
crítica.
Questão 3
II – Ela entende que a teoria não precede a prática, mas o inverso; a teoria é
desenvolvida a partir da prática.
0
III – O conceito de currículo é mutável, mas as relações escolares permanecem por
mais tempo durante a aplicação das teorias curriculares.
seõçatona reV
IV – O conceito de transformação está explícito no de currículo, que está sempre
em mudança nas diferentes realidades.
a. I e II, apenas.
b. II e III, apenas.
d. I, II e IV, apenas.
REFERÊNCIAS
ANAYA, V. Constituição e influência do campo teórico curricular, das tendências
pedagógicas e da práxis docente. In: BIOTO-CAVALCANTE, P. A.; TEIXEIRA, R. A.;
ANAYA, V. (Orgs). Currículo escolar. Jundiaí-SP: Paco Editorial, 2013.
30
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
TEORIAS E CONCEPÇÕES DO CURRÍCULO
0
Aldrei Jesus Galhardo Batista
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
31
Os professores precisam explicar, ainda, que o currículo foi predominantemente
influenciado pelas teorias psicológicas do desenvolvimento humano, que
mantiveram o seu foco no indivíduo, mas que a Nova Sociologia também forneceu
contribuição quando procurou explicá-lo a partir das condições em que o
0
desenvolvimento da escola como um todo foi se delineando, não como algo
seõçatona reV
fechado e dado, mas como construção social.
Os professores não podem parar nas explicações das teorias sobre o currículo.
Precisam avançar um pouco e explicar que essas teorias sofreram interferências
ideológicas nos seus mais diversos formatos curriculares: no currículo formal (que
são planos de ensino da instituição), no currículo informal (que são as atividades
extraescolares), no currículo nulo (que se traduzem pelos processos intelectuais
que a escola valoriza, mas que ela mesma não desenvolve), no currículo real (o que
acontece de verdade na aplicação do currículo, mas que não é fiel ao currículo
formal) e no currículo oculto (que é o que se aprende sem ter sido planejado e que
faz parte de valores e da cultura).
32
Comum Curricular – BNCC, lançada recentemente no Brasil, que veio para
complementar, e, em certo sentido, substituir os antigos Parâmetros Curriculares
Nacionais.
0
AVANÇANDO NA PRÁTICA
seõçatona reV
TRABALHO EM GRUPO
Fernanda é uma estudante de Pedagogia e está finalizando um trabalho em grupo,
com seus amigos, para a disciplina de Currículo. Eles já fizeram a pesquisa, as
discussões e as sínteses sobre as principais teorias do currículo. Estão com tudo
sistematizado e só falta uma tarefa: transformar o trabalho numa apresentação
com enfoque visual, que será colocada em banners na Semana de Trabalhos e
Palestras da Pedagogia, que acontece todos os anos, na faculdade.
Para a tarefa final, o grupo se dividiu, decidindo que cada um deles faria um
esquema ou mapa mental para cada uma das teorias sistematizadas. Esses
esquemas e mapas serão revisados e reproduzidos no banner da turma.
Fernanda ficou responsável por fazer o esquema sobre as teorias críticas. Como
esse esquema pode ser apresentado, de modo que as principais características das
teorias críticas sejam apresentadas, de forma sucinta, porém compreensível aos
demais estudantes que forem visitar o espaço do banner da turma?
RESOLUÇÃO
33
NÃO PODE FALTAR
O CURRÍCULO COMO CONSTRUÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA
0
Aldrei Jesus Galhardo Batista
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
A partir desses exemplos será possível compreender melhor o peso das ideologias
sociais implícitas nos processos de formulação de currículos e na própria aplicação
desses currículos, podendo estabelecer conexões entre as visões de mundo que
são dominantes e impostas ao sistema escolar e as possíveis saídas para novas
formas de pensar e propor os currículos.
Por fim, encerraremos a seção trazendo mais algumas influências sobre os tipos de
currículos e a explicação de diferentes formatos em que o currículo se configura.
34
A diretora Elisângela e o coordenador pedagógico Douglas, juntamente com a
equipe de professores, estão prestes a finalizar o trabalho sobre a fundamentação
sobre o currículo escolar, que vai ser incluída no Projeto Pedagógico da Escola –
PPP. Para essa conclusão, mais três professores foram escolhidos para auxiliar no
0
processo e se envolverem com os assuntos da escola, para além de suas salas de
seõçatona reV
aula.
CONCEITO-CHAVE
Nesta seção retomamos algumas bases teóricas do currículo no sentido de
aprofundar a compreensão principalmente sobre representantes das teorias
críticas e pós-críticas, em suas visões de educação e de escola. Tal compreensão
colabora para o conhecimento e o aprofundamento dos tipos de currículos
existentes e a sua relação com aspectos ideológicos da sociedade, refletidos nas
práticas pedagógicas escolares.
35
controle, pelas metodologias de ensino e pelas formulações dos currículos mais
adequados à manutenção das ideologias dominantes. Sendo assim, o sistema de
ensino como violência simbólica:
0
“
percebe a educação como um instrumento de discriminação social, na medida em que reforça e legitima a
marginalização de um tipo de cultural e alguns grupos sociais. Um exemplo dessa marginalização está no fato
seõçatona reV
de o Estado priorizar historicamente o ensino primário e profissionalizante para as classes trabalhadoras e o
ensino secundário e superior para as classes mais abastadas. Esse sistema coloca em debate o conceito de
“violência simbólica”, no qual os grupos de classes dominantes controlam a cultura considerada legítima e
valorizada pela escola. Esse conjunto de conteúdos é chamado de “capital cultural” por Bourdieu.
— (BES et al., 2020, p. 31)
Este teórico também está na base referencial das teorias críticas. Na concepção de
currículo baseada na teoria de Althuser, na qual a escola é analisada como sendo
um dos aparelhos ideológicos do Estado, algumas das instituições, inclusive a
escola, são vistas como mecanismos de auxílio para o Estado na manutenção da
pressão sobre a classe trabalhadora, responsável por controlar essa classe por
meio de regras e valores da classe que domina. Dessa forma, a escola é vista como
um aparelho repressivo (por meio da polícia, da justiça e das prisões) e ideológico
(por meio das igrejas, das escolas e da imprensa) do Estado. O currículo nas
escolas, de acordo com essa concepção, serve de base ideológica que perpetua
situações determinadas pelas classes sociais dominantes. Assim como na teoria de
Bourdieu, na teoria de Althusser vemos uma ácida crítica à escola, mas com
poucos indícios de como se muda a situação.
“
Tudo é discurso, e esse discurso é que constitui os limites de um campo onde verdades possam ser proferidas,
ou seja, é nele (e só dentro dele) que funcionam os efeitos da representação dessa realidade onde
constantemente são submetidos às tensões das relações saberpoder.
— (FERRARO, s. d., p. 3)
36
Em outras palavras, a constituição do currículo se dá por meio do discurso do que
é socialmente aceito e válido nas relações de poder estabelecidas no contexto
escolar. Ele é visto, portanto, como um texto registrado pelo discurso, discurso
este intrinsecamente relacionado com as relações de poder que estão implícitas
0
nas práticas de dar significado ao currículo. O que se chama de “verdades”
seõçatona reV
produzidas pelos discursos, também produzem efeitos de poder sobre o currículo.
“
Tomando o estudo do currículo não mais como o estudo de uma teoria e sim como a análise de um campo
discursivo, observamos claramente que o que existe é um “controle”, uma “seleção”, uma “organização” que
acabam impondo uma condição de “dominação” para uma hegemonia (que visa produção de homogeneidades)
a partir de um discurso uníssono, afinado.
— (FERRARO, s. d., p. 3)
Fonte: Wikimedia.
Fonte: Wikimedia.
37
0
seõçatona reV
Fonte: Wikimedia.
EXEMPLIFICANDO
Fonte: Wikipedia.
38
0
seõçatona reV
Figura 1.8 |José Carlos Libâneo
Fonte: Wikipedia.
ASSIMILE
39
Para melhor compreensão analisaremos as dimensões de currículos ou como
estes se expressam no cotidiano, para entender melhor como alguns elementos se
configuram na sua prática. Vamos falar de currículo formal, currículo real, currículo
operacional e currículo percebido.
0
Acerca do currículo formal, precisamos ter em mente que ele é pensado pela
seõçatona reV
dimensão externa a ele mesmo. Ou seja, é definido pela esfera política e
administrativa dos sistemas escolares. Basicamente, é pensado e formulado a
partir dos valores, da cultura e das crenças existentes na sociedade de seu tempo,
considerando os interesses governamentais e sociais. Esse currículo é
ressignificado e trabalhado pelos professores junto com os alunos quando chega
na escola. Se trata do currículo que é completamente fixado e influenciado pelas
determinações sociais, políticas e econômicas. É importante entender essas
determinações, sabendo identificá-las para compreender até que ponto a escola
consegue ultrapassar e intervir nessas determinações e até que ponto só é
possível apenas executá-las.
O currículo operacional, por sua vez, é aquele que se define como os resultados
obtidos na aplicação do currículo nas práticas pedagógicas. Ou seja, é aquilo que o
professor alcança com a sua turma. É a síntese entre os objetivos traçados
anteriormente e o que se alcançou efetivamente após o processo de ensino e
aprendizagem, o que foi assimilado e o que não foi.
ASSIMILE
40
apresenta características intencionais ou não, às vezes conscientes, outras
não. Tenha em mente as teorias ideológicas que perpassam a construção
do currículo e a transformação que esse documento sofre desde sua
elaboração formal até chegar às práticas em sala de aula. (BES et.al, 2020, p.
0
35)
seõçatona reV
Bes et al. (2020, p. 35), apresenta um quadro que traduz e resume bem as
diferenças entre o currículo formal, o real e o oculto. Observe a seguir:
FOCO NA BNCC
“
referência nacional para a formulação dos currículos dos sistemas e das redes escolares dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios e das propostas pedagógicas das instituições escolares, a BNCC
integra a política nacional da Educação Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas
e ações, em âmbito federal, estadual e municipal, referentes à formação de professores, à avaliação,
à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada
para o pleno desenvolvimento da educação.
Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a fragmentação das políticas educacionais,
enseje o fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas de governo e seja balizadora
da qualidade da educação. Assim, para além da garantia de acesso e permanência na escola, é
necessário que sistemas, redes e escolas garantam um patamar comum de aprendizagens a todos
os estudantes, tarefa para a qual a BNCC é instrumento fundamental.
— (BNCC, 2017, p. 8)
REFLITA
41
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
Pierre Bourdieu, um teórico da sociedade, tratou de discutir a educação como
instituição importante na reprodução das ideologias dominantes do capitalismo.
0
Para ele, portanto, a escola tem função reprodutora, mais do que crítica aos
mecanismos de controle social. Essa teoria acabou sendo base para as teorias do
seõçatona reV
currículo, já que as suas formulações e as suas aplicações estão intimamente
relacionadas com as concepções e com os modelos dos sistemas educacionais.
a. Teorias Construtivistas.
b. Teorias Tradicionais.
c. Teorias Críticas.
d. Teorias Pós-Críticas.
e. Teorias Pós-Modernas.
Questão 2
Louis Althusser é um teórico da sociedade que está na base referencial das teorias
críticas de currículo. Nessa concepção, a escola é analisada como sendo um dos
aparelhos ideológicos do Estado, assim como outras instituições. Elas são vistas
como mecanismos de auxílio para o Estado na manutenção da pressão sobre a
classe trabalhadora.
a. responsável por gerar empregos para essa classe, que permitam a sua ascensão de classe social.
b. responsável por controlar essa classe por meio de regras e valores da classe que domina.
c. responsável por fiscalizar o trabalho das fábricas, como trabalhos bem executados de acordo com as
aprendizagens escolares.
d. responsável por controlar a classe dominante para que não se exceda na exploração capitalista fabril.
e. responsável pela criação das normas industriais que regem o trabalho nas fábricas e que articula
trabalho e sociedade.
Questão 3
A abordagem teórica de Michael Foucault, pode ser enquadrada na base
referencial das teorias prós-críticas do currículo. Nessa perspectiva ele é analisado
como uma prática discursiva, assim como todas as questões educacionais são
enquadradas no campo do discurso. Ou seja, na abordagem de Foucault tudo é
discurso, que produz verdades e representações da realidade. Esses discursos e
essas representações, no entanto, estão submetidos às relações de poder
estabelecidas entre as pessoas.
Sobre essa teoria, analise as asserções a seguir e a relação existente entre elas:
42
II. ele é visto como um texto registrado pelo discurso, discurso este
intrinsecamente relacionado com as relações de poder que estão implícitas nas
práticas de dar significado ao currículo.
0
Assinale a alternativa CORRETA sobre as asserções e a relação entre elas:
seõçatona reV
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.
REFERÊNCIAS
BES, P. et al. Revisão técnica: Rosemary Trabold Nicacio. Currículo e desafios
contemporâneos. Porto Alegre: SAGAH, 2020. Disponível
em: https://bit.ly/3t2L9Gt . Acesso em: 14 fev. 2021.
43
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
O CURRÍCULO COMO CONSTRUÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA
0
Aldrei Jesus Galhardo Batista
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
44
0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pela autora.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
ELABORAÇÃO DE PLANO DE AULA
Eloísa e Elton são irmãos gêmeos e cursam Pedagogia. Estão cursando as
disciplinas de Metodologias de Ensino, e um de seus professores solicitou que
elaborassem um plano de aula para a aplicação de um conteúdo interdisciplinar.
Uma das etapas do plano, no entanto, requer a retomada do levantamento de
algumas manifestações do currículo, de forma que a dupla defina a partir deste
ponto, sobre qual base vai elaborar o seu plano. Os irmãos, portanto, precisam
apresentar em tópicos, um pequeno resumo dessas manifestações de currículo e
justificar a opção por um deles em seu plano.
RESOLUÇÃO
45
Currículo percebido: é aquele que se efetiva na fala do professor. Quando o
professor explicita o que está fazendo em sua prática pedagógica e justifica tal
prática e tal aplicação de um determinado currículo. Mostra a ação do
professor.
0
Currículo oculto: o que acontece fora da intencionalidade do currículo formal,
seõçatona reV
por meio das atitudes dos professores e alunos (ex: atitudes nas brincadeiras,
higiene da escola, situações não formais, etc.). Tem características intencionais
ou não, conscientes ou não.
46
NÃO PODE FALTAR
PRESSUPOSTOS LEGAIS E POLÍTICAS CURRICULARES NO BRASIL
0
Neide Rodriguez Barea
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Você já pensou se cada sistema escolar, cada estado ou cada município decidisse o
que ensinar em suas escolas, sem nenhuma orientação prévia? O que aconteceria?
Poderíamos ter locais com alta qualidade educacional, mas outros em que a
educação escolar não fosse minimamente satisfatória. Isso seria bom para um
país? Certamente não!
Por outro lado, o excesso de rigor para uma proposta curricular nacional acabaria
contrariando a diversidade regional, as necessidades locais e a melhoria das
práticas pedagógicas que surge com a reorganização curricular.
47
currículo observa o momento histórico nacional e internacional, os movimentos
educacionais em outras nações, as perspectivas de formação integral, humana,
crítica e transformadora, as necessidades locais do país, bem como nossa cultura.
0
Esta unidade apresenta a evolução mais recente da organização curricular
nacional, apontando principais documentos e encerra com uma análise mais
seõçatona reV
aprofundada da BNCC.
48
Não podemos deixar de explicar que a educação é uma temática de interesse
mundial e todos os países engendram esforços para criar políticas e propostas
para sua ampliação e melhoria. Assim, você conhecerá também as propostas da
Agenda Global de Educação 2030.
0
Aproveite bastante os estudos desta seção, afinal, a educação é um ato político em
seõçatona reV
favor da população brasileira, que propõe a constituição de uma nação culta, forte
e independente.
“Laura, parabéns, você foi selecionada para a segunda etapa do processo seletivo
para contratação de professora-auxiliar do 5º ano do ensino fundamental. Na
nossa escola, a professora-auxiliar precisa estar preparada para assumir pequenos
momentos em sala de aula, substituindo se necessário, a professora. Precisamos
conhecer você e saber se sente-se preparada para este desafio, mesmo que nunca
tenha lecionado antes, isso não é um problema para nós.
Laura sabe que precisa diferenciar-se dos demais candidatos para ser contratada.
Ela decide, então, recorrer a fontes que subsidiam a construção do currículo, para
criar um planejamento que impressione a equipe diretiva do colégio.
Na sua resposta:
49
e referencie conforme a ABNT (ou indique o autor, o título e a página da qual
está retirando o trecho).
Escreva uma proposta que pode ser organizada como um pequeno plano
0
(começo, meio e fim de um pequeno projeto, por exemplo).
seõçatona reV
Elabore uma pequena justificativa para sua proposta.
Bom trabalho!
CONCEITO-CHAVE
Imagine que a escola do seu bairro decida desenvolver apenas competências
leitora e escritora dos seus alunos, deixando de desenvolver habilidades referentes
ao raciocínio lógico e cálculos, deixando também de contemplar componentes
curriculares (disciplinas) como história e ciências. A aprendizagem destes alunos
estaria defasada em comparação a outros que tiveram uma formação integral,
certo? Poderiam ser exímios leitores e excelentes produtores de texto, mas teriam
condições de desenvolver temáticas diversas de forma crítica e compreender a
realidade para fazer as intervenções necessárias? Muito provavelmente não.
“
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes
para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos
mínimos, de modo a assegurar formação básica comum;
— (BRASIL, 1996).
50
uma base nacional comum, complementada com uma parte diversificada, que leva
em conta não apenas a regionalidade, mas também o contexto histórico, cultural,
social, econômico e ambiental.
0
Figura 2.1 | Parte comum e parte diversificada
seõçatona reV
Fonte: elaborada pela autora.
51
Na LDB 9394/96 já se menciona a BNCC como um documento orientador da
educação básica nacional. Trata-se, portanto, de um documento que compõe a
política educacional brasileira. Também menciona a criação da Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN), outro documento relacionado à política educacional
0
do Brasil, para apresentar os objetivos de aprendizagem a serem desenvolvidos
seõçatona reV
em todos os segmentos educacionais da nação. Lendo assim, parece que BNCC e
DCN são a mesma coisa. Mas, na verdade, quais são as diferenças entre elas?
52
cidadã, democrática e voltada à justiça social que retratam as discussões da
década de 1980 e trabalham arduamente para soterrar as políticas relacionadas à
ditadura militar.
0
O primeiro objetivo das DCN é:
seõçatona reV
“
I – sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação Básica contidos na Constituição, na LDB e demais
dispositivos legais, traduzindo-os em orientações que contribuam para assegurar a formação básica comum
nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola.
— (BRASIL, 2013, p. 7)
Assim, as DCN apresentam uma base comum nacional para as etapas que
compõem a educação básica, a saber: educação infantil, ensino fundamental e
ensino médio, servindo como orientador para a proposição dos currículos que
correspondam a cada etapa, consolidando, desta forma, um sistema nacional para
a educação.
Os PCN foram publicados em 1997, são mais antigos, e serviram como uma
proposta curricular para as escolas, pois norteavam as atividades realizadas em
sala de aula. Apontavam os conteúdos a serem trabalhados e as melhores práticas
pedagógicas para uma aprendizagem de qualidade, enfocando as três etapas da
educação básica (educação infantil – no caso, chamava-se RCNEI – Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil, ensino fundamental I e II e ensino
médio). Foram produzidos em volumes separados e específicos: língua portuguesa,
educação física, matemática, arte, ciências naturais, geografia e história, além de
mais três volumes que tratavam dos temas transversais: o que são e para que
servem os temas transversais, pluralidade cultural e orientação sexual e, o último,
meio ambiente e saúde.
53
Os PCN representaram uma proposta moderna e focada no desenvolvimento de
projetos que servia como um estímulo reflexivo para que o professor pudesse criar
seus próprios projetos e enfocar outros conteúdos do currículo que não chegaram
a ser expressos nos volumes dos PCN. Como o próprio nome diz, a ideia era dar
0
parâmetros para os professores, mas um dos problemas encontrados é que
seõçatona reV
grande parte dos professores apenas copia as execuções propostas nos PCN,
limitando-se ao que estava apresentado, sem incorporar novos olhares, novas
metodologias ou novos conteúdos específicos de cada área.
Os PCN são considerados uma política educacional, uma vez que o governo federal
financiou a participação dos maiores representantes acadêmicos de cada área na
elaboração dos materiais, norteando uma proposta de melhoria para a educação
escolar voltada às classes menos privilegiadas. Trata-se de um material de fácil
acesso, disponível gratuitamente na internet e que apresenta grande qualidade
pedagógica até os dias atuais, que deve ser do conhecimento de todos os
professores. Trata-se de um excelente ponto de partida que vai ajudar a
compreender a organização de outro grande marco em termos de política
educacional brasileira: a BNCC.
Ainda que os PCN trouxessem a perspectiva de uma base curricular comum, nem
todos as suas propostas podiam ser adaptadas às diversas realidades locais.
Também passou a ser importante considerar os diversos movimentos
internacionais relacionados ao campo da educação e formação do ser humano
ético, responsável, proativo, protagonista e competente.
54
de princípios básicos que sustentam a ação pedagógica, considerando que o
cidadão precisa ter essas quatro aprendizagens bem desenvolvidas para que
possa usufruir do futuro.
0
A aprendizagem por projetos: em Portugal existe uma escola chamada Escola
da Ponte – trata-se de um modelo pedagógico de trabalho baseado em
seõçatona reV
projetos, ou seja, o aluno ou um pequeno grupo de alunos se dedica a
aprender por meio da criação e do desenvolvimento de sucessivos projetos de
pesquisa. O modelo de aprendizagem por projetos foi amplamente discutido
na Espanha e chegou a ser implantado em algumas regiões do país.
Pois bem, todas legislações e políticas públicas que versam sobre educação são
movimentadas a partir de novas ideias, de novos compromissos, de situações que
precisam ser melhoradas. A partir de meados da década de 1980, o cenário
educacional tornou-se palco de grandes discussões e temáticas que até então não
eram discutidas, foram evidenciadas: inclusão social, reconhecimento da existência
de diversos grupos sociais (indígenas, privados de liberdade, quilombolas, entre
outros), os pilares essenciais para a construção da sociedade do futuro justa, ética
e igualitária. Por exemplo, os PCN (em particular os Temas Transversais) tiveram
sua escrita amplamente influenciada pelo modelo de projetos educacionais
desenvolvidos na Espanha, conforme mencionamos. As políticas de inclusão
escolar foram fortemente embasadas na Declaração de Salamanca. Os estudos
decorrentes dos quatro pilares da educação do futuro retomaram aspectos
antropológicos, filosóficos e sociológicos sobre a constituição das sociedades e
sobre a visão de ser humano competente em relação ao enfrentamento dos
desafios próprios de cada época. Afinal, um indivíduo competente é aquele que
sabe empregar (aprender a fazer) eticamente (aprender a ser) seus conhecimentos
(aprender a aprender) em benefício próprio e do seu grupo social (aprender a
conviver).
A BNCC foi homologada em 2017 e, após quarenta e quatro mil contribuições, foi
aprovada em 4 de dezembro do ano seguinte. Trata-se de um documento
normativo que traz as referências obrigatórias para a educação infantil, para o
ensino fundamental e para o ensino médio que cada escola deve seguir ao
elaborar seus currículos, ou seja, apresenta as aprendizagens essenciais e os
direitos educacionais para o desenvolvimento pleno de todos os estudantes.
Inovadora, BNCC apresenta dez competências gerais que devem nortear as áreas
de conhecimentos e componentes curriculares:
55
1) Valorizar e utilizar os conhecimentos 2) Exercitar a curiosidade intelectual
historicamente construídos sobre o e recorrer à abordagem própria das
mundo físico, social, cultural e digital ciências, incluindo a investigação, a
para entender e explicar a realidade, reflexão, a análise crítica, a
0
continuar aprendendo e colaborar para imaginação e a criatividade, para
seõçatona reV
a construção de uma sociedade justa, investigar causas, elaborar e testar
democrática e inclusiva. hipóteses, formular e resolver
problemas e criar soluções (inclusive
tecnológicas) com base nos
conhecimentos das diferentes áreas.
56
9) Exercitar a empatia, o diálogo, a 10) Agir pessoal e coletivamente com
resolução de conflitos e a cooperação, autonomia, responsabilidade,
fazendo-se respeitar e promovendo o flexibilidade, resiliência e
respeito ao outro e aos direitos determinação, tomando decisões com
0
humanos, com acolhimento e base em princípios éticos,
seõçatona reV
valorização da diversidade de indivíduos democráticos, inclusivos, sustentáveis
e de grupos sociais, seus saberes, e solidários.
identidades, culturas e potencialidades,
sem preconceitos de qualquer natureza.
Por ser um documento normativo, a BNCC pode ser considerada como uma
legislação, ou seja, deve ser cumprida, ainda que aceite flexibilização na escrita dos
currículos escolares. Ao ler a BNCC, você vai perceber que ela está organizada por
áreas no ensino fundamental e no ensino médio e por campos de experiência na
educação infantil. Além disso, são arroladas as habilidades a serem desenvolvidas
ao longo de um ano letivo para cada série/ano.
Para encerrar esta seção, é preciso mencionar duas políticas públicas que devem
ser observadas quando as escolas escrevem seus currículos: o Plano Nacional da
Educação (PNE) 2014-2024 e a Agenda Global de Educação 2030.
O PNE 2014-2024 é, na verdade, uma lei (nº 13.005/2014) e como tal, deve ser
cumprido, e apresenta 20 metas a serem alcançadas. As primeiras tratam da
universalização de acesso à educação aos diferentes públicos e, em seguida,
aborda a garantia de inclusão nos sistemas escolares. Também apresenta que
todas as crianças devem ser alfabetizadas até o terceiro ano do ensino
fundamental. O PNE, portanto, acaba norteando também a construção do
currículo, uma vez que os processos de ensino-aprendizagem devem corresponder
as metas propostas. O trabalho inclusivo e os processos de alfabetização exigem
metodologia específica, o que precisa ser previsto no currículo.
4.2 Até 2030, garantir que todos os meninos e meninas tenham acesso a um
desenvolvimento de qualidade na primeira infância, cuidados e educação pré-
escolar, de modo que estejam prontos para o ensino primário
57
4.4 Até 2030, aumentar substancialmente o número de jovens e adultos que
tenham habilidades relevantes, inclusive competências técnicas e profissionais,
para emprego, trabalho decente e empreendedorismo
0
4.5 Até 2030, eliminar as disparidades de gênero na educação e garantir a
seõçatona reV
igualdade de acesso a todos os níveis de educação e formação profissional para
os mais vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência, povos indígenas e as
crianças em situação de vulnerabilidade
4.6 Até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial proporção dos
adultos, homens e mulheres, estejam alfabetizados e tenham adquirido o
conhecimento básico de matemática
ASSIMILE
REFLITA
EXEMPLIFICANDO
58
avaliar o currículo proposto no ano anterior. O currículo, como discutimos,
é uma proposta de trajetória formativa para os alunos, trazendo os
objetivos, as metas e os projetos a serem desenvolvidos. Caso haja
alterações, melhorias, substituições, o currículo é reescrito. Quando uma
0
nova legislação ou uma política curricular é construída, é preciso que se
seõçatona reV
reorganize o currículo, pois é a partir dele que os professores desenvolvem
seu planejamento e sua prática pedagógica. Este é um exemplo de emprego
de legislação e política curricular em situações reais!
FOCO NA BNCC
a. O PNE é uma legislação que não interfere na construção dos currículos escolares, visto que suas metas se
direcionam à ampliação do número de vagas, à democratização de acesso e à manutenção da permanência
do aluno na escola.
b. O PNE é uma legislação que precisa ser considerada na construção dos currículos escolares, visto que
apresenta as Diretrizes Curriculares Nacionais e os encaminhamentos didáticos a serem desenvolvidos na
escola.
59
c. O PNE é uma legislação que não interfere na elaboração dos currículos escolares, mas exclusivamente
nas ações da gestão escolar e das secretarias de educação, visto que ela é responsável por abrir e fechar
vagas de acordo com a procura da população.
d. O PNE é uma legislação que deve ser considerada na elaboração dos currículos escolares, pois é preciso
considerar os aspectos pedagógicos relacionados às metas de permanência, favorecendo processos de
adaptação e flexibilização do ensino.
0
e. Legislações educacionais, tais como o PNE, a LDB e até mesmo a BNCC, que não é escrita no formato de
seõçatona reV
Lei, mas é imperativa, representam o próprio currículo escola, basta seguir suas orientações passo a passo.
Questão 2
Cabe aqui refletir que adotar uma concepção de currículo impõe conciliar a
ambivalência atinente à natureza humana, à diversidade presente no espaço
escolar. Entende-se que, anterior ao debate de uma Base Curricular há que
questionar e definir: que tipo de conhecimento vale mais? Num mundo complexo e
plural diferentes comunidades argumentativas precisam estabelecer-se, ter vez e
voz.
PORQUE
Questão 3
A Base Nacional Comum Curricular é a mesma coisa que currículo? Esta foi a
pergunta respondida pela Revista Escola em 1998: “Não. Cada rede deve construir
ou reformular seu currículo. A BNCC estabelece o essencial, ou seja, o que todos os
currículos, de todas as redes, devem contemplar.”
60
IV. A Agenda Global de Educação 2030 foi elaborada pela Unesco e traz
orientações e diretrizes a serem implementadas nos currículos locais.
0
futuro, portanto é um documento a ser considerado na elaboração dos
currículos escolares.
seõçatona reV
Assinale a alternativa que apresenta apenas as afirmativas corretas:
a. I – III – V.
b. I – II – IV.
c. I – IV – V.
d. II – III – IV.
e. III – IV – V.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. de L. P. de; JUNG, H. S. Políticas curriculares e a base nacional comum
curricular: emancipação ou regulação? Educação, v. 44, 2019, UFSM. Disponível
em: https://bit.ly/3B3vewY. Acesso: em 29 jan. 2021.
61
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
PRESSUPOSTOS LEGAIS E POLÍTICAS CURRICULARES NO BRASIL
0
Neide Rodriguez Barea
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Laura está muito empolgada e sabe que precisa apresentar um diferencial que a
destaque no processo seletivo. Decidiu que a melhor opção era escolher um trecho
de uma legislação educacional ou de uma política curricular para subsidiar seu
planejamento. Você irá ajudá-la, escolhendo um trecho dos documentos estudados
nesta seção e apresentando ideias de como ela pode construir sua proposta,
justificando o motivo de sua escolha.
Exemplo 1:
62
Durante a semana, observar uma notícia de grande destaque voltada para
o universo das crianças do 5º ano, por exemplo, digamos que esteja perto
do Dia das Crianças, levar notícias sobre o Dia das Crianças e pedir que as
crianças acompanhem TV, rádio, mídia impressa e digital. Realizar pesquisa
0
para saber a origem do Dia das Crianças, sobre a Declaração Universal dos
seõçatona reV
Direitos da Criança e refletir sobre o consumo e o marketing. Levantar
exposições orais e debates sobre as descobertas. Solicitar que as crianças
gravem mensagens orais umas para as outras, homenageando-as e
comemorando esta data de forma diferente.
Aqui vemos uma proposta que atende a LDB e a habilidade descrita na BNCC,
oportunizando uma reflexão real, crítica e adequada à idade das crianças, uma vez
que a proposta será mediada pela educadora responsável.
63
AVANÇANDO NA PRÁTICA
INCLUSÃO ESCOLAR: DESENVOLVENDO A APRENDIZAGEM EM
CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
Laura aprendeu sobre aspectos legais e políticas curriculares e suas colegas a
0
ajudaram a conseguir seu primeiro emprego. Agora é a vez de Laura ajudar uma
seõçatona reV
pessoa. Sua vizinha tem três filhos e um deles é autista e tem 10 anos de idade,
participou de programas específicos e está alfabetizado, porém precisa de
adaptação curricular para melhor aprender. No entanto, isso não tem ocorrido –
neste ano, não foi realizada a adaptação curricular para sua aprendizagem.
Embora a mãe tenha ido à escola conversar com a coordenadora e a professora,
suas solicitações não foram atendidas e seu filho não tem participado das aulas,
ficando isolado e sem avançar em sua aprendizagem. A mãe sabe que seu filho
tem direitos de atendimento diferenciado, mas não sabe onde pode localizar mais
informações para embasar sua fala e procurar a direção ou até mesmo a diretoria
de ensino. Esta mãe veio até Laura e pediu uma explicação sobre os direitos
educacionais de seu filho e como a escola deve proceder em casos de inclusão
escolar. Laura ficou sensibilizada e decidiu ajudar sua vizinha, levantando nos
documentos legais e nas políticas curriculares, elementos que podem ajudar a
argumentação desta mãe. O que Laura pode apresentar para esta mãe? Pesquise
na BNCC, na LDB, nas DCN os tópicos que explicam sobre a inclusão escolar e a
adaptação curricular. Faça uma lista destes tópicos, retirando os trechos
significativos e referenciando o material original.
RESOLUÇÃO
“
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: I - currículos, métodos, técnicas, recursos
educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades.
64
Você também pode buscar elementos na Declaração de Salamanca, pois o
Brasil é signatário, e na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Lei nº 13.146/2015).
0
seõçatona reV
65
NÃO PODE FALTAR
A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR A PARTIR DA BNCC:
DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS
0
Neide Rodriguez Barea
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Você precisa saber que a elaboração da BNCC não foi um processo simples e
isento de críticas. A primeira versão da BNCC foi disponibilizada para consulta e
sugestões em setembro de 2015. Em um estado democrático, as grandes
propostas nacionais são submetidas a consultas públicas e as sugestões são
acolhidas, analisadas e implementadas após análise de um comitê responsável.
66
A BNCC traz inovações. Em primeiro lugar, introduz a ideia de que a educação está
intimamente relacionada ao desenvolvimento de competências aliada à
aprendizagem de objetos de conhecimentos. Estes termos essenciais para a
compreensão da Base, que parecem complexos à primeira vista, serão detalhados
0
nesta seção.
seõçatona reV
Você também precisa saber que a BNCC sofre críticas. Uma das mais contundentes
é a de que a ideia de desenvolver competências está alinhada com a lógica de
mercado e não com a promoção da formação de um indivíduo pleno, capaz de
fazer as melhores escolhas para si e participar conscientemente da sociedade.
67
Laura participou de um processo seletivo para a vaga de professora-auxiliar do 5º
ano do ensino fundamental em uma escola reconhecida por sua qualidade
pedagógica na região onde mora. Ela foi aprovada no processo seletivo e atua há
oito meses como professora-auxiliar. Tem aprendido bastante e, algumas vezes,
0
chegou a organizar processos de ensino-aprendizagem substituindo a professora.
seõçatona reV
A própria escola propõe que a professora-auxiliar assuma, de tempos em tempos,
a regência da sala para se acostumar e desenvolver as próprias competências,
afinal é provável que em algum momento a professora-auxiliar se torne professora
efetiva.
Pois bem. Laura está feliz com a nova oportunidade de trabalho e tem recebido
elogios da professora da turma do 5º ano. A coordenação tem observado o quanto
Laura é cuidadosa com as crianças e responsável com as propostas pedagógicas
que constrói.
Acontece que a professora da turma do Infantil III (crianças com cerca de cinco
anos de idade) está grávida e provavelmente entrará em licença-maternidade
dentro de três meses.
Laura não se sentiu muito segura com a proposta, mas não teve como recusar,
afinal é uma excelente experiência para compor seu currículo e para ampliar sua
área de atuação, já que sua única experiência tem sido no ensino fundamental
anos iniciais.
Ela entende que precisa estudar e conhecer mais sobre o universo da educação
para a faixa infantil. Ela precisa imediatamente iniciar seus estudos sobre como a
educação infantil é tratada na BNCC e pede sua ajuda.
Descreva os temas principais que você proporia para Laura, utilizando três páginas
no máximo, ou três slides.
Os campos de experiência.
68
Os estudos sobre a educação brasileira não são simples e fazem parte da sua
formação profissional. Esperamos que aproveite bastante este estudo, observando
tanto os aspectos inovadores que a BNCC apresenta quanto a forma como se
organiza, pois é esta análise que permitirá a você ter atuação consciente, crítica e
0
política.
seõçatona reV
CONCEITO-CHAVE
Para iniciar o estudo mais detalhado sobre a BNCC, você precisa saber que este é
um documento orientador curricular. E o que significa isso?
“
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das
etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem
e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE).
— (BRASIL, 2018, p. 7)
69
De acordo com a Base, as dez competências gerais da educação básica se
interrelacionam e se desdobram nas três etapas: educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio.
0
Figura 2.5 | Competências gerais da educação básica
seõçatona reV
1 Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o
mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade,
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade
justa, democrática e inclusiva.
70
8 Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,
compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções
e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
0
9 Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação,
seõçatona reV
fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos
humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de
grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
preconceitos de qualquer natureza.
“
Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões pedagógicas devem estar orientadas para o
desenvolvimento de competências. Por meio da indicação clara do que os alunos devem “saber” (considerando
a constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer”
(considerando a mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas
complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho), a explicitação das
competências oferece referências para o fortalecimento de ações que assegurem as aprendizagens essenciais
definidas na BNCC.
71
Assim, o processo educacional escolar precisa priorizar não apenas a aquisição dos
conhecimentos, mas também propiciar que os alunos aprendam a empregar tais
saberes em situações da vida. A BNCC traz a ideia de igualdade – possibilidade de
todos terem acesso à educação de qualidade e equidade – reconhecimento de que
0
cada indivíduo é único e possui necessidades específicas de aprendizagem.
seõçatona reV
E isso inicia-se desde a educação infantil.
EDUCAÇÃO INFANTIL
A premissa básica é de que cuidar não se dissocia da função de educar, o que
ocorre através das interações e brincadeiras. A BNCC apresenta seis direitos de
aprendizagem para a educação infantil:
72
O trabalho pedagógico consiste em proporcionar experiências que permitam à
criança construir hipóteses, fazer julgamentos, tirar conclusões, assimilar valores e
construir conhecimentos, em uma proposta de intencionalidade educativa
construída pelos professores. Para assegurar os direitos de
0
conviver/brincar/participar/explorar/expressar-se/conhecer-se, a Base estrutura
seõçatona reV
cinco campos de experiência organizados em objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento.
73
Figura 2.8 | Modelização dos códigos alfanuméricos da BNCC
0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pela autora.
O segundo campo indica o grupo ou ano: 01 significa grupo 1 (bebês), 02, grupo 2
(crianças bem pequenas) e 03, grupo 3 (crianças pequenas), 12 (primeiro e
segundo anos), 89 (oitavo e nono anos), etc.
CI = Ciências.
AR = Arte.
ENSINO FUNDAMENTAL
O ensino fundamental divide-se em dois segmentos: anos iniciais (do primeiro ao
quinto ano) e anos finais (do sexto ao nono ano) e organiza-se em grandes áreas e
subsequentes componentes curriculares.
Língua Portuguesa
Arte
Linguagens
Educação Física
Língua Inglesa
74
Áreas Componentes curriculares
Matemática Matemática
0
Ciências da Natureza Ciências
seõçatona reV
Geografia
Ciências Humanas
História
As habilidades também são identificadas por códigos, tal como ocorre na educação
infantil, por exemplo: “(EF02MA01) Comparar e ordenar números naturais (até a
ordem de centenas) pela compreensão de características do sistema de
numeração decimal (valor posicional e função do zero).” (BRASIL, 2018, p. 283).
ASSIMILE
REFLITA
75
aprendizagem significativa? Caso ainda não se sinta preparado, considere
que você tem um percurso acadêmico à frente e este precisa ser bem
aproveitado, portanto, envide todos os esforços para se apropriar das
aprendizagens de sua graduação, explore os espaços acadêmicos de
0
aprendizagem, aprofunde seus estudos e pesquise bastante. Talvez você
seõçatona reV
possa fazer cursos complementares específicos, certamente isso ajuda a
sua formação. Fique atento(a) às oportunidades que sua própria faculdade
oferece em termos de cursos de extensão, pós-graduação e oficinas!
EXEMPLIFICANDO
FOCO NA BNCC
76
Nas últimas décadas, vem se consolidando, na educação infantil, a concepção que
vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado como algo indissociável do
processo educativo. Nesse contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as
vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e
0
no contexto de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas,
seõçatona reV
têm o objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades
dessas crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens, atuando de
maneira complementar à educação familiar – especialmente quando se trata da
educação dos bebês e das crianças bem pequenas, que envolve aprendizagens
muito próximas aos dois contextos (familiar e escolar), como a socialização, a
autonomia e a comunicação.
a. Os campos de experiência propostos na BNCC visam organizar a matriz curricular da educação infantil no
sentido de atender as demandas futuras do ensino médio.
c. A BNCC apresenta cinco campos de experiência voltados ao educar e cuidar que atendem os direitos de
aprendizagem e de desenvolvimento infantis.
d. A educação infantil é entendida como uma etapa que não se associa aos demais percursos formativos da
educação básica, tais como o ensino fundamental e o médio.
Questão 2
Com foco na formação humana integral e na construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva, a BNCC define um conjunto de dez competências gerais
que devem ser desenvolvidas de forma integrada aos componentes curriculares
durante toda a educação básica. Elas foram definidas a partir dos direitos éticos,
estéticos e políticos assegurados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e de
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores essenciais para a vida.
0
c. Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
seõçatona reV
e. afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
Questão 3
Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos
(conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais),
atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno
exercício da cidadania e do mundo do trabalho.
Com base no trecho, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.
PORQUE
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
Disponível em: https://bit.ly/3ejoOQp. Acesso em: 28 jan. 2021.
78
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR A PARTIR DA BNCC:
DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS
0
seõçatona reV
Neide Rodriguez Barea
Fonte: Shutterstock.
Ela foi convidada a assumir a docência para o grupo III da educação infantil,
crianças que possuem por volta de cinco anos, substituindo a professora que está
em licença maternidade. Embora estivesse se adaptando ao 5º ano do ensino
fundamental, considerou que a oferta de fazer esta substituição é muito
interessante para sua carreira e aceitou.
Foi então que pediu para você organizar um processo que a ajude a estudar a
etapa da educação infantil na BNCC.
É importante que a proposta de estudo que você está construindo para Laura
inicie apresentando como a educação infantil é considerada na BNCC. Em algum
momento você precisará deixar claro que, nesta etapa, o cuidar está intimamente
79
ligado ao educar, então os professores dos bebês, das crianças bem pequenas e
das crianças pequenas precisam ficar atentos às necessidades educacionais,
emocionais e sociais de seus alunos.
0
A BNCC afirma que o melhor processo de aprendizagem para a educação infantil
se dá por meio da brincadeira, então as ações pedagógicas precisam ser lúdicas ao
seõçatona reV
mesmo tempo que promovem evolução na aprendizagem, abarcando,
necessariamente, os seis direitos de aprendizagem.
E é isso que será preciso explicar para Laura: existem seis direitos de
aprendizagem para a educação infantil: conviver, brincar, participar, explorar,
expressar e conhecer-se. As propostas mais ricas envolvem a maior quantidade
possível dos direitos de aprendizagem.
Por fim, é preciso considerar que o grupo III (ou Infantil III) é o grupo de transição
da educação infantil para o ensino fundamental e, ao longo ano, é necessário criar
estratégias que promovam a continuidade no desenvolvimento das crianças no
Ensino Fundamental, uma vez que as habilidades são progressivas e ampliam
desafios.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
REUNIÃO DE PAIS
A escola em que Laura trabalha parte do princípio de que a participação das
famílias é necessária para a construção de uma parceria educacional bem-
sucedida, ou seja, família participativa tende a apoiar as ações escolares e
estimular a aprendizagem de seus filhos.
As famílias dos alunos do colégio em que Laura trabalha não conhecem ainda a
BNCC e seu escopo.
80
na perspectiva da BNCC e trazer, ao menos, um exemplo de desenvolvimento de
competência que tenha em si, a execução de uma habilidade, a demonstração de
uma atitude ou a construção de um valor.
0
Como Laura poderia fazer isso? A parte da apresentação que cabe a Laura possui
quatro slides no máximo.
seõçatona reV
RESOLUÇÃO
81
NÃO PODE FALTAR
EDUCAÇÃO INTEGRAL E BNCC
0
Neide Rodriguez Barea
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Sabemos que essa discussão é antiga e, certamente, bastante longa, mas iremos
apresentar alguns fatos que trouxeram a necessidade de uma reformulação
curricular.
82
exemplos desta perspectiva educacional diferenciada, embora não tenham tido a
força de uma política curricular para se colocarem como propostas maiores,
nacionais.
0
Desde a década de 1990, o movimento educacional tomou mais força, passou a ser
uma preocupação global, retomando as perspectivas de formação integral e
seõçatona reV
desenvolvimento pleno.
Nesta mesma intenção, cada vez mais políticas públicas passam a ser elaboradas
visando o bem-estar da população.
Para que a educação possa cumprir seu papel de formar um cidadão consciente,
crítico, capaz de resolver as situações do cotidiano, empregar todas as suas
competências com sabedoria e propósito, é preciso que sua dimensão seja ampla,
irrestrita e suportada por força da lei. Assim, no Brasil, a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), embora não seja uma lei, deve ser seguida como um documento
normativo, ou seja, é ela que estabelece como a educação escolar deve ser
organizada no território nacional, a partir do desenvolvimento das dez
competências essenciais, numa perspectiva de formação integral e
desenvolvimento pleno dos educandos.
No projeto de reforço, a educadora que está com o grupo de 25 crianças faz uma
subdivisão da turma em pequenos grupos, de forma que os alunos das séries mais
avançadas ajudem os menores, e ela realiza a supervisão, circulando pelos grupos.
Os alunos das séries mais avançadas também se reúnem para aprofundar os
estudos, realizar as lições de casa, fazer os trabalhos e realizar pesquisas.
A direção da ONG sabe que existe a BNCC, mas não entende muito bem como esta
política curricular funciona. Como atende crianças do ensino fundamental em
projeto de reforço escolar, qualquer alteração na educação básica regular gera
impactos nos trabalhos da ONG.
83
A coordenação do curso de Pedagogia decidiu consultar se os alunos e as alunas
do curso poderiam se responsabilizar por realizar esta apresentação de forma
voluntária, porém sob sua orientação.
0
Laura decidiu participar do pequeno grupo que fará esta apresentação, com data
marcada para o próximo sábado e ficou responsável pelos temas: educação
seõçatona reV
integral e desenvolvimento pleno do educando e integração curricular.
Elabore no mínimo dois ou no máximo três slides (ou duas a três páginas em
documento eletrônico) que contemple o roteiro e os subtemas desta
apresentação.
Bom trabalho!
CONCEITO-CHAVE
Você já deve ter se deparado com o termo educação integral. Talvez até já tenha
ouvido falar em educação de tempo integral e é bem provável que, ao ouvir os
termos, eles tenham sido tratados como sinônimos. Não são.
A educação de tempo integral é aquela, portanto, que oferta uma carga maior de
horas. Também se inserem nesta classificação as escolas que oferece atividades
complementares no contra turno, tais como dança, teatro, informática, línguas
estrangeiras, esportes, empreendedorismo, robótica, cultura maker, estudos para
vestibular, atividades voluntárias de caráter social, música, entre outras. Mas isso
não quer dizer que a educação seja integral.
84
“
A sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e inclusivo a questões centrais do processo educativo: o
que aprender, para que aprender, como ensinar, como promover redes de aprendizagem colaborativa e como
avaliar o aprendizado.
0
Educação integral é uma perspectiva de formação escolar que seja capaz de
seõçatona reV
abranger todas as dimensões do indivíduo:
“
Independentemente da duração da jornada escolar, o conceito de educação integral com o qual a BNCC está
comprometida se refere à construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens
sintonizadas com as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes e, também, com os desafios
da sociedade contemporânea. Isso supõe considerar as diferentes infâncias e juventudes, as diversas culturas
juvenis e seu potencial de criar novas formas de existir.
Rico (2020), ao analisar a BNCC, aponta que o indivíduo possui cinco dimensões,
não hierárquicas, mas que se influenciam mutuamente.
A dimensão emocional, por sua vez, corresponde à forma como o indivíduo lida
com suas emoções, trata-se da compreensão dos sentimentos, autocontrole e até
mesmo a capacidade de acolher, compreender e apoiar pessoas que necessitem
de alguma ajuda emocional (claro que esta ajuda não substitui o atendimento
85
profissional). Esta dimensão é uma das mais estudadas e valorizadas atualmente,
porém entrou no âmbito do debate educacional há poucos anos. Hoje, as escolas
consideram importante cuidar e aprimorar esta dimensão com os estudantes de
todas as etapas da educação básica.
0
A dimensão física aborda as questões de desenvolvimento saudável do indivíduo,
seõçatona reV
respeito e manutenção do corpo, compreensão e tratamento de doenças; envolve,
também, a segurança física dos alunos na escola.
A dimensão social é, nos dias de hoje, muito estudada e valorizada, pois diz
respeito a como o indivíduo se relaciona com os diferentes grupos que integra. Por
exemplo, há o grupo familiar, o grupo escolar, o grupo dos amigos, as redes
sociais, se estiver trabalhando, incluem-se os grupos de trabalho, o grupo religioso,
o grupo esportivo, até mesmo o grupo de vizinhos e das ações sociais, caso
participe de projetos de voluntariado. Esta dimensão trata também da forma como
o indivíduo entende os sistemas sociais, das escolhas que faz em relação aos
representantes políticos (identidade político-partidária) e da forma como,
conscientemente ou não, combate a opressão, valorizando o ser humano e as
diferentes manifestações sociais.
1. Conhecimento.
3. Repertório cultural.
4. Comunicação.
5. Cultura digital.
7. Argumentação.
86
8. Autoconhecimento e autocuidado.
9. Empatia e cooperação.
0
Neste sentido, todas as áreas de saber e respectivos componentes curriculares são
seõçatona reV
organizados a partir destas dez competências gerais. Cada área tem suas próprias
competências específicas e cada componente curricular, por sua vez, possui uma
série de habilidades a serem desenvolvidas.
87
Figura 2.11 | Competência
0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pela autora.
“
A BNCC propõe a superação da fragmentação radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua
aplicação na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do
estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida.
88
A leitura atenta da BNCC permitirá que você observe como as habilidades
específicas de um componente curricular são alinhadas com as habilidades
específicas de outros componentes curriculares. As habilidades são as
aprendizagens básicas, como se fossem unidades menores que compõem um todo
0
e que envolvem a aquisição de conhecimentos, a aplicação prática deles e a
seõçatona reV
construção de atitudes e/ou valores. O desenvolvimento em conjunto das
habilidades específicas permite que ocorra o desenvolvimento das competências
(específicas e gerais).
Fonte: Istock.
89
Neste contexto, a BNCC afirma, de maneira explícita, o seu compromisso com a
educação integral:
“
Reconhece, assim, que a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que
0
implica compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões
reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Significa, ainda,
seõçatona reV
assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – considerando-
os como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e
desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades. Além disso, a escola, como espaço de
aprendizagem e de democracia inclusiva, deve se fortalecer na prática coercitiva de não discriminação, não
preconceito e respeito às diferenças e diversidades.
ASSIMILE
REFLITA
EXEMPLIFICANDO
90
O grande paradigma a se superar aqui é que o olhar dos atores
educacionais se transfere da transmissão do conteúdo para o
desenvolvimento de uma competência, ou seja, “os conteúdos” devem ser
submetidos a um objetivo maior (as dez competências gerais) e não o
0
contrário.
seõçatona reV
FOCO NA BNCC
91
Questão 2
Título VIII: Da ordem social – Capítulo III: Da educação, da cultura e Do desporto –
Seção I: Da educação:
0
“a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
seõçatona reV
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.” (BRASIL, 1988).
III. Em nossa sociedade, a qualificação para o trabalho não pode ser um eixo
formativo na educação básica, pois não está relacionado ao desenvolvimento
de competências essenciais.
Questão 3
Com a Base, vamos garantir o conjunto de aprendizagens essenciais aos
estudantes brasileiros, seu desenvolvimento integral por meio das dez
competências gerais para a Educação Básica, apoiando as escolhas necessárias
para a concretização dos seus projetos de vida e a continuidade dos estudos.
Com base no texto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.
PORQUE
0
e. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
seõçatona reV
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
Disponível em: https://bit.ly/3ejoOQp. Acesso em: 28 jan. 2021.
93
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
EDUCAÇÃO INTEGRAL E BNCC
0
Neide Rodriguez Barea
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Acontece que as educadoras não conhecem a BNCC e suas propostas, sabem que
precisam se apropriar, pois todas as transformações que ocorrem na escola
impactam o projeto de reforço escolar.
Por este motivo que a ONG procurou a faculdade: seria possível fazer uma
pequena palestra que explicasse o que é a BNCC e seus princípios básicos? Como
um grupo de alunos se sentiu motivado a realizar este projeto, voluntariamente, a
coordenadora do curso de Pedagogia respondeu afirmativamente e fará a
supervisão do grupo. A palestra ocorrerá no próximo sábado.
Como Laura ficou responsável por temáticas bem específicas (educação integral e
desenvolvimento pleno do educando e integração curricular), é importante criar
uma proposta realmente formativa para as educadoras da ONG. Quanto mais
interativa, melhor será a aprendizagem das educadoras.
94
Uma forma bem interessante de conduzir ativamente esta primeira parte da
palestra seria pedir que as educadoras fizessem uma tempestade de ideias
buscando responder qual é o objetivo da educação: formar que tipo de ser
humano? Quais características se espera que o cidadão ou a cidadã do futuro
0
possua? Esta tempestade de ideias precisa ser registrada em um grande cartaz
seõçatona reV
fixado próximo ao local da apresentação. Em seguida, Laura poderia projetar a
definição de educação integral, que pode ser localizada logo nas primeiras páginas
da BNCC e conduzir uma discussão para que as educadoras percebam o que
houve de similaridade e diferenciais entre a definição e as ideias apresentadas no
cartaz.
Por fim, a temática final diz respeito à integração curricular: Laura poderia pegar
dez fios de lã do mesmo tamanho, unidos em uma das pontas e pedir que as
educadoras peguem outros fios e amarrem linhas verticais, construindo uma
grande teia.
95
Bom trabalho e boas reflexões!
AVANÇANDO NA PRÁTICA
DEBATENDO A EDUCAÇÃO INTEGRAL
0
No curso de Pedagogia, Laura cursa uma disciplina semelhante a esta, que aborda
seõçatona reV
o currículo e a BNCC. Após os estudos iniciais, a professora de Laura decidiu fazer
um debate com a turma. O modelo de debate escolhido pela professora se chama
Júri Simulado e consiste em: dividir a turma em três grupos, o primeiro defende
determinado tema, o segundo grupo tem o objetivo de desarticular o tema e o
terceiro grupo tem o objetivo de realizar o julgamento, apontando qual
argumentação foi a mais convincente.
Quais são os pontos críticos da educação integral e como podem ser combatidos?
Seu trabalho nesta situação-problema é responder esta questão, ajudando Laura e
seu grupo a construírem uma boa argumentação em favor da educação integral.
Bom trabalho!
RESOLUÇÃO
O outro aspecto, sobre a limitação que a BNCC pode trazer, é que a Base
apresenta os direitos educacionais mínimos e não máximos, ou seja, é possível
trabalhar com mais objetivos de aprendizagem. A BNCC também se apresenta
de forma flexível: é possível atender as necessidades educacionais e formativas
que se fizerem presentes no público atendido.
96
Quais outras você consegue apresentar?
0
seõçatona reV
97
NÃO PODE FALTAR
O CURRÍCULO NO CONTEXTO ESCOLAR: INCLUSÃO,
INTERDISCIPLINARIDADE E PLURALIDADE
0
Aldrei Jesus Galhardo Batista
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Olá!
98
Intencionalidade pedagógica: que objetivo se pretende atingir, o que ensinar,
por que ensinar e para quem/ projeto educativo da escola.
0
favoreçam novas possibilidades de produção de conhecimento e propiciem a
aprendizagem ativa do aluno.
seõçatona reV
Por fim, na Seção 3.3 concluiremos com:
O objetivo, além do entendimento e das possibilidades que cada uma delas pode
dar ao professor, é compreender, também, como se dá a questão da
intencionalidade pedagógica para as práticas e, como um professor precisa ser
formado para considerar o contexto cultural de seu alunado, no momento de fazer
suas escolhas pedagógicas.
Exemplos mais práticos serão mostrados, para que você compreenda melhor um
contexto de aplicação das abordagens.
99
práticas pedagógicas da escola, no sentido de observarem e ajustarem tais práticas
em conformidade com as concepções curriculares da escola, reformuladas no ano
anterior e as suas reais práticas. Eles querem e precisam saber se a prática está de
acordo com o que se colocou como concepções e necessidades da escola. O
0
objetivo é duplo. Ajustar as práticas de forma que elas estejam adequadas ao que
seõçatona reV
se traçou como metas e ajustar o próprio documento da escola, se assim
concluírem ser necessário.
No primeiro mês, João Pedro e Isadora, junto com o seu grupo de 12 professores,
levarão dados das aplicações de atividades curriculares para serem analisados
coletivamente. Se debruçarão sobre atividades dos alunos, anotações de diários de
classe dos professores e na descrição do que se colocou como metas no Projeto
Político Pedagógico. Os docentes possuem um pequeno roteiro prévio para ajudá-
los a selecionar as informações que precisam selecionar, para apresentarem. Cada
um terá cinco minutos de tempo para fazer sua apresentação e demonstração de
suas percepções. Em seguida, a equipe gestora fará as suas observações e
relembrará pontos do PPP. Juntos, todos elencarão coisas que precisam ser
ajustadas nas práticas diárias e, eventualmente, que precisam ser ajustadas em
PPP.
Farão isso em três das semanas do mês, reservando a quarta para sistematizarem
de forma mais orgânica o que é necessário reforçar como princípios da
aprendizagem, com base no currículo escolar.
Bons estudos!
CONCEITO-CHAVE
Continuaremos no entendimento das formas de manifestação do currículo no
contexto escolar. Nesse momento, iniciaremos por algumas abordagens ou por
alguns meios para se aplicar o que se prevê nos currículos. Por exemplo, uma das
abordagens que é necessário compreender é a abordagem multidisciplinar.
100
Nesta abordagem o currículo é basicamente organizado sem que haja interação ou
integração entre as diferentes disciplinas ou áreas do saber, mesmo que de
alguma forma estabeleçam alguma integração indireta. Nessa prática curricular há
pouco ou nenhum diálogo entre as disciplinas e seus temas. Tais temas podem
0
fazer parte das diferentes disciplinas, mas serão vistos sob a ótica individual de
seõçatona reV
cada uma, sem que haja diálogo entre elas. Não há, praticamente, um
esclarecimento sobre as possíveis relações que as áreas possam ter para o
entendimento de um conceito, uma questão, um tema, etc.
Quadro 3.1 | Horário de aulas de uma turma fictícia – Sétimo ano dos anos finais do ensino
fundamental, de uma escola da rede pública
7h às 7h50min Ciências
7h às 7h50min Matemática
101
Dia Horário 7 Ano
7h às 7h50min Matemática
0
7h50min às 8h40min Matemática
seõçatona reV
8h40min às 9h30min Educação Física
4ª Feira
9h30min às 9h50min Intervalo
7h às 7h50min Matemática
Vale ressaltar, contudo, que outras abordagens podem estar organizadas num
quadro de horários parecido com a abordagem multidisciplinar, mas o modo de
condução se modifica, dando outro sentido e comunicação entre as disciplinas. O
objetivo do exemplo do Quadro 3.1, portanto, foi demarcar a divisão mais marcada
e evidente que existe entre as disciplinas.
102
Há uma justaposição entre as disciplinas mais próximas, de acordo com saberes
semelhantes de áreas de maior aproximação.
EXEMPLIFICANDO
0
Na abordagem pluridisciplinar, por exemplo, há uma comunicação maior e
seõçatona reV
mais interação de informações e saberes entre disciplinas como História,
Sociologia e Filosofia ou Matemática e Física ou Biologia e Química e assim
por diante. As disciplinas se integram melhor em grandes áreas de
conhecimento.
“
Em uma perspectiva pluridisciplinar, conceitos, métodos e objetivos não são compartilhados, não havendo
modificação epistemológica nem metodológica de cada disciplina envolvida.
A prática pluridisciplinar é comum dentro das escolas, nas quais ocorre, muitas vezes, uma aproximação de
disciplinas que não compartilham da mesma área do conhecimento, por exemplo, Matemática e Artes. Com
frequência, essa aproximação ocorre em virtude de projetos organizados ou temas geradores, que buscam
articular as disciplinas a partir de uma questão comum.
Quadro 3.2 | Exemplo de uma possível organização curricular para a abordagem pluridisciplinar
103
Note que nessa proposta há uma relação e uma comunicação importantes entre
os componentes curriculares envolvidos e o sentido que o encaminhamento da
proposta dá ao aprendizado pode proporcionar mais oportunidades de pensar
sobre a relação existente entre as coisas e o mundo. Para o aluno, faz mais sentido
0
compreender a integralidade das coisas e ele aprende mais e melhor, para
seõçatona reV
possíveis aplicações e usos do conhecimento.
Se trata de uma perspectiva que valoriza e enfatiza a qualidade das trocas entre os
componentes curriculares, das relações que eles estabelecem, da
intercomunicação entre eles. O ensino, portanto, ganha o sentido de buscar
procedimentos e métodos, buscar conceitos, buscar contextos, buscar teorias, que
servirão de apoio ao aluno, para encontrar as respostas que precisa, na
integralidade de informações que as áreas oferecem para uma possível resposta.
Desta maneira,
“
práticas de ensino baseadas na interdisciplinaridade propiciam a formação de alunos e alunas mais aptos a
enfrentar questões contextualizadas, que transcendem os limites de uma única disciplina. A partir da
proposição de uma situação-problema ou questão orientadora, o aluno estará́ mais motivado para aprender,
estará́ diante de uma situação que se aproxima muito mais da realidade por ele vivida.
Quadro 3.3 | Exemplo de uma possível organização curricular para a abordagem interdisciplinar
Tema: Biodiversidade
104
Atividade Disparadora (inicial)
0
Abordar aspectos históricos da relação entre homem e
seõçatona reV
natureza.
105
” Atividade Disparadora (inicial)”, por “Atividade Inicial (ou Atividade 1) da
Sequência Didática”;
0
“Foco orientador em cada disciplina”, por “Enfoques para a atividade, de acordo
seõçatona reV
com os componentes curriculares envolvidos”;
REFLITA
“
em algumas situações, a relação de trocas que se estabelece entre as disciplinas é
tão intensa que novas disciplinas acabam por surgir. São exemplos dessa situação
a Psicopedagogia, a Cibernética, a Bioquímica, dentre outras.
“
O conceito de transdisciplinaridade tem como pressuposto a superação dos territórios delimitados por cada
disciplina, propiciando a construção de um conhecimento científico de modo sistêmico, (re)ligando as ciências,
outrora fragmentadas.
O homem, por exemplo, pode ser objeto de estudo não apenas das ciências
humanas, mas das biológicas. As ciências biológicas têm bases nas ciências físicas.
Ou seja, é preciso entender que todas as ciências mantêm relações, são
106
transdisciplinares naturalmente. Esse ser humano não poderá ser visto
separadamente da sociedade, da cultura, da técnica e assim por diante. A visão
sobre o conhecimento do ser humano nunca é completada, mas infinita.
0
Pode-se dizer que de todas as abordagens que foram mencionadas até aqui, a
transdisciplinar é a quela que mais se aproxima da superação da fragmentação
seõçatona reV
existente entre os saberes porque nela se pretende romper com os limites entre as
disciplinas. A aplicação de um currículo em suas bases tem como objetivo a
cooperação intensa que acaba por formar uma espécie de macro disciplina, como
afirma Santos (2012).
ASSIMILE
107
Características principais de componentes curriculares em Diferente
abordagens curriculares
0
currículo são disciplinas do específico de superior em relaç
seõçatona reV
marcadamente currículo há interação que se à
divididas em uma baseia numa interdisciplinarida
áreas, com preocupação questão
Tem como princíp
pouca ou em promover a norteadora ou
a superação dos
nenhuma cooperação, uma situação-
territórios
interação e comunicação e problema a ser
delimitados por ca
relação entre os interação entre respondida
disciplina,
seus assuntos. elas. Há uma através das
propiciando a
justaposição disciplinas ou
construção de um
entre as pela
conhecimento
disciplinas mais comunicação
científico de modo
próximas, de entre as
sistêmico, para
acordo com disciplinas. A
religar disciplinas
saberes partir da
antes fragmentad
semelhantes de situação real,
Busca romper
áreas de maior busca-se
radicalmente os
aproximação. compreender
limites entre as
situações mais
disciplinas.
contextualizadas.
108
assemelham, muitas vezes sendo até mesmo confundidas umas com as outras. Em
outras palavras, a intenção de integralidade disciplinar é presente nas três
abordagens.
0
Para qualquer uma delas é preciso investir em formação docente, de forma que os
profissionais sejam capazes de entender a importância da interdependência entre
seõçatona reV
as ciências e os saberes, sabendo aplicar currículos mais integradores e mais
interessantes para a aprendizagem dos alunos. Isso não quer dizer, entretanto,
que na abordagem multidisciplinar não haja necessidade de formação adequada
para os profissionais.
Uma formação mais adequada, nas bases das três últimas abordagens, permitirá,
inclusive, que o profissional compreenda a importância de agregar objetos de
conhecimento curriculares que valorizem a inclusão, a diversidade e a pluralidade
cultural, para que cada vez mais a escola considere os muitos perfis e muitas
condições socioculturais dos seus alunos. Nesse sentido, Lemes ([s. d.], p. 251)
afirma que o professor é o protagonista na aplicação do currículo:
“
mentalidade etnocêntrica e os conflitos produzidos pela mística da democracia racial.
FOCO NA BNCC
“
Decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes
curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para
adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão
do ensino e da aprendizagem.
109
Questão 1
A abordagem do currículo chamada de pluridisciplinar tem como preocupação
promover situações de cooperação, comunicação e interação entre as disciplinas.
Ocorre, portanto, uma troca entre elas, tanto de conhecimentos, quanto de
0
informações. A ideia de hierarquia de disciplinas não faz sentido porque todos os
seõçatona reV
conteúdos, temas, assuntos, áreas terão uma importância no processo, terão
sentido de igualdade.
a. Há uma justaposição entre as disciplinas mais próximas, de acordo com saberes semelhantes de áreas de
maior aproximação.
b. Há uma justaposição entre as disciplinas mais distantes, de acordo com saberes preestabelecidos nas
referências curriculares oficiais.
c. Há uma justaposição entre as disciplinas determinada pela Base Nacional Comum Curricular, a BNCC.
d. Há uma sobreposição entre as disciplinas curriculares afins apenas se esta justaposição favorecer o
aprendizado pela memorização.
e. Há uma sobreposição das disciplinas de Artes e Educação Física, para a promoção do desenvolvimento
corporal mais integral.
Questão 2
Há uma abordagem para aplicação do currículo formal conhecida como
interdisciplinar. Nela, o trabalho é intencionalmente planejado para que haja
interação a partir de uma questão norteadora ou uma situação-problema que
precisa ser respondida através das disciplinas ou pela comunicação entre as
disciplinas.
PORQUE
Questão 3
“
O conceito de transdisciplinaridade tem como pressuposto a superação dos territórios delimitados por cada
disciplina, propiciando a construção de um conhecimento científico de modo sistêmico, (re)ligando as ciências,
0
outrora fragmentadas.
seõçatona reV
Sobre a abordagem transdisciplinar analise as afirmações classificando-as em
Verdadeiras ou Falsas:
( ) O homem, por exemplo, pode ser objeto de estudos não apenas das ciências
humanas, mas das ciências biológicas, nesta abordagem.
a. F – V – F – V.
b. F – V – V – V.
c. F – F – V – F.
d. V – V – F – V.
e. V – V – V – F.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, I. C. F. de; CARON, L. Transdisciplinaridade: o conhecimento pertinente
no currículo do educador. EDUCERE: Formação de professores – contextos,
sentidos e práticas. Disponível em: https://bit.ly/3jTf2Ir. Acesso em: 31 mar. 2021.
SANTOS, E. O. dos (org.). Currículos – teorias e práticas. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
111
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
O CURRÍCULO NO CONTEXTO ESCOLAR: INCLUSÃO,
INTERDISCIPLINARIDADE E PLURALIDADE
0
seõçatona reV
Aldrei Jesus Galhardo Batista
Fonte: Shutterstock.
112
O currículo escolar como elemento articulador de saberes e práticas e do
pluralismo social e político.
0
aplicadas estão traduzindo o currículo não como um documento estático, mas
como uma prática de dinamismo, que representa a realidade. Ou seja, se as
seõçatona reV
práticas pedagógicas transparecem o que foi determinado em currículo e se o
próprio documento curricular considera as situações reais ou apenas se consolida
como uma lista de recomendações que pouco são exploradas. Ou seja, o currículo
precisa sair do âmbito do documento, para ser algo real e significativo. Caso isso
não esteja acontecendo, os seus profissionais precisam planejar quais ações terão
para mudar e torná-lo mais adequado.
O ideal é que a escola enfoque nas três últimas abordagens, que dialogam melhor
com os pontos anteriores. Na abordagem multidisciplinar o conhecimento fica
mais fragmentado e é mais difícil de se estabelecer outras relações. É possível que
as atividades permaneçam entre todas as demais, sendo que na abordagem
transdisciplinar temos uma situação mais ideal possível de aplicação máxima das
relações entre todas as coisas.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E CURRÍCULO ESCOLAR
Imagine que a direção de uma escola da rede privada de ensino precisa contratar
um novo coordenador(a) pedagógico. A escola prioriza práticas pedagógicas mais
contextualizadas e interrelacionadas. Das etapas de seleção do profissional, há
113
uma de demonstração teórica. Para ela, foi selecionado o tema de dissertação
“formação de professores e abordagens integralizadoras do currículo escolar”.
0
apresentou uma breve dissertação para falar dessas abordagens e da formação do
professor? Como você apresentaria seu texto?
seõçatona reV
RESOLUÇÃO
Uma formação mais adequada, nas bases das três abordagens, permitirá,
inclusive, ao profissional compreender a importância de agregar conteúdos
curriculares que valorizem a inclusão, a diversidade e a pluralidade cultural,
para que cada vez mais a escola considere os variados perfis e condições
socioculturais dos seus alunos.
114
NÃO PODE FALTAR
O CURRÍCULO E A PRÁTICA EDUCATIVA
0
Aldrei Jesus Galhardo Batista
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
115
Essas e outras questões serão explicadas, de forma que você compreenda as
relações entre currículo, cultura, sociedade e práticas pedagógicas. Esses
conhecimentos são necessários à formação docente, tendo em vista que um
professor precisa conhecer as dimensões escolares, curriculares e pedagógicas
0
para a sua prática cotidiana.
seõçatona reV
Retomamos ao cotidiano de João Pedro e Isadora, o diretor e a coordenadora
pedagógica, que juntos com seus professores continuam desenvolvendo suas
investigações a respeito das práticas pedagógicas desenvolvidas na escola e a sua
relação com as metas traçadas no Projeto Político Pedagógico – PPP da Instituição,
com o objetivo de avaliar tais práticas e ajustar seus processos, para garantir
qualidade ao ensino e efetividade de aprendizagem dos alunos.
Essa revisão ajudará a escola a entender melhor em quais pontos pode melhorar,
aperfeiçoar e até mesmo desenvolver as habilidades que foram traçadas nos
objetivos educativos.
Sendo assim, deverão fazer uma lista de situações sobre as quais refletiram,
apontando pontos nos quais a escola precisa dar atenção e traçar metas de
aperfeiçoamento, já apresentando os possíveis caminhos que seguirão.
Ajudaremos esses professores na elaboração da lista.
Bons estudos!
CONCEITO-CHAVE
Iniciamos a seção afirmando que o currículo pode ser considerado como uma
espécie de proposta de organização de uma trajetória de escolarização. Partindo
dela, é possível compreender que o currículo sempre termina numa prática
pedagógica, sendo um apanhado ou uma expressão do que chamamos de função
social e cultural que a escola tem na sociedade. Dizemos ainda, que o currículo é
uma espécie de integração entre as práticas pedagógicas.
116
As atividades práticas que servem para desenvolver os currículos estão sobrepostas em contextos aninhados
uns dentro de outros ou dissimulados entre si. O currículo se traduz em atividades e adquire significados
“
concretos através delas. Esses contextos são produtos de tradições, valores e crenças muito assentadas, que
mostram sua presença e obstinação à mudança quando uma proposta metodológica alternativa pretende
instalar-se em certas condições já dadas.
0
— (SACRISTÁN, 2020. p. 27)
seõçatona reV
Desta forma, estudar e entender o currículo favorecerá a interrelação entre
conceitos e teorias pedagógicas e os temas que em princípio, parecem não estar
relacionados com a formulação curricular, tais como: a seleção de professores para
as escolas, a organização do sistema escolar em níveis e modalidades, a avaliação
escolar, a renovação pedagógica, as metodologias de ensino, a formação dos
professores, entre outras questões. Todas elas possuem uma relação direta com a
organização curricular. É por esse motivo que é imprescindível compreender
melhor o currículo, estudá-lo, para justamente, entender como se configuram as
práticas. Significa, em última instância, compreender ao máximo a relação teoria
do currículo e prática pedagógica.
REFLITA
Você precisa prestar bastante atenção nesse aspecto, refletir sobre todos
os elementos que interferem, de alguma maneira, sobre a escola, sobre o
currículo e sobre as práticas pedagógicas, entendendo, entretanto, que
mudanças curriculares e práticas também podem ser caminhos para
mudanças de status educacional, de saberes, de cultura e de valorização da
comunidade escolar.
Como uma primeira síntese, podemos expor algumas das conclusões de Sacristán (
2020, p. 31-32):
117
“
1) Que o currículo é a expressão da função socializadora da escola.
2) Que é um instrumento que cria toda uma gama de usos, de modo que é elemento imprescindível para
compreender o que costumamos chamar de prática pedagógica.
3) Além disso, está estreitamente relacionado com o conteúdo da profissionalização dos docentes. O que se
0
entende por bom professor e as funções que se pede que desenvolva dependem da variação nos conteúdos,
finalidades e mecanismos de desenvolvimento curricular.
seõçatona reV
4) No currículo se entrecruzam componentes e determinações muito diversas: pedagógicas, políticas, práticas
administrativas, produtivas de diversos materiais, de controle sobre o sistema escolar, de inovação pedagógica,
etc.
5) Por tudo o que foi dito, o currículo, com tudo o que implica quanto a seus conteúdos e formas de desenvolvê-
los, é um ponto central de referência na melhora da qualidade do ensino, na mudança das condições da
prática, no aperfeiçoamento dos professores, na renovação da instituição escolar em geral e nos projetos de
inovação dos centros escolares.
O currículo escolar deve ser compreendido como uma espécie de pedra angular do
trabalho pedagógico, que é realizado todos os dias nas escolas. Em outras
palavras, o currículo é um dos instrumentos mais importantes para o aprendizado,
ao contemplar a interrelação existente entre componentes curriculares e prática
pedagógica, que se materializam nos resultados da aprendizagem. A prática
pedagógica, portanto, é o eixo articulador do currículo com a cultura. No contexto
cultural se constituem os processos escolares e é ela quem vai estabelecer,
consolidar, implantar, determinar a formação dos estudantes.
EXEMPLIFICANDO
“
Nas escolas esse planejamento se dá quinzenalmente e é reduzido a decisão
sobre o conteúdo que será trabalhado na quinzena subsequente. Esse
planejamento é feito de forma muito dispersa, ou seja, cada professor vai para sua
sala de aula e o elabora. Não há uma preocupação nem por parte dos professores
nem por parte da direção em discutir coletivamente o conteúdo proposto, afim de
que, em conjunto, sejam descobertas novas maneiras de dirigir com mais
eficiência o ensino-aprendizagem. Nesse caso, não há possibilidade de estabelecer
práticas interdisciplinares e nem transdisciplinares, pois não se cria espaço e
oportunidade para que isso ocorra no espaço da organização pedagógica da
escola. O problema dessa situação é que os professores são “isolados” com a
institucionalização dessa forma de conduzir o processo educativo. Esse isolamento
favorece a ausência de crítica e o debate sobre o significado e o sentido daquele
conteúdo para a vida dos escolares. Um conteúdo que não resiste ao debate
público entre os pares não deve ter espaço na formação escolar. Ao reivindicar a
presença e necessidade de um trabalho coletivo, estamos interpelando para que a
legitimação do currículo se dê a partir do coletivo da escola tendo em vista os
sujeitos que lhe compõem e não uma proposta autoritariamente imposta pelo
sistema de ensino.
118
O planejamento e a organização da prática, além da própria prática pedagógica em
si, devem ter seu respaldo nas bases cimentícias e na tecnologia. De acordo com
Ghedin (2012), a ciência não dará receitas para as práticas pedagógicas, mas ela
ajudará a resolver as questões que costumam aparecer em sala de aula. O
0
conhecimento do professor, pautado nas bases científicas, faz da aula prática uma
seõçatona reV
ação mais eficiente e que incentiva o aprendizado de seus alunos, também nas
mesmas bases.
“
META 14 Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação de modo a atingir a titulação anual de
60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil) doutores.
META 15 Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no
prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que
tratam os incisos I, II e III do caputdo art. 61 da Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos
os professores e as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em
curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.
— (BRASIL, 2014)
119
“
Podemos assumir que: O currículo é, sem dúvida, potencializador da autonomia que se dá pelo conhecimento
que a escola produz, reproduz e transmite; A legitimação e decisão sobre os conteúdos do currículo há de se
dar pelo coletivo da escola e não pela imposição do sistema de poder hegemônico; É necessário reorganizar as
ações da escola de modo a articular o currículo com o planejamento e a avaliação da aprendizagem que se dá
na escola; Não é possível ampliar as inteligências sem aprofundar nosso grau de consciência de nós mesmos; O
0
planejamento de ensino há de ser construído com uma base mais consistente com a realidade da escola, pois
na maioria das vezes, há uma discrepância muito grande entre o planejado e o executado; O planejamento
curricular, para além de uma exigência legal, é uma necessidade para a otimização da prática pedagógica; A
seõçatona reV
escola não deve existir só para transmitir informações, ela existe para desenvolver a inteligência como condição
de civilidade e de humanização; É preciso retomar a análise da prática pedagógica para construir um projeto de
formação ética que nos permita aprofundar nossa consciência de pertença à humanidade.
ASSIMILE
“
Deste modo, na base da profissionalidade docente é que se instaura as dinâmicas
sobre a reestruturação das práticas curriculares e, por conseguinte, do currículo.
Sobretudo a partir dos entraves da ação docente em relação à implementação das
necessárias práticas curriculares. Nessa base de profissionalidade não está
somente os desafios pela autonomia pedagógica da escola, mas a priori as
práticas cotidianas de integração e consolidação da organização pedagógica do
trabalho docente. Desses dois pontos que estão naturalmente imbricados é que
se pode trilhar a superação dos percalços vividos no cotidiano de escolas públicas
em busca de ações educativas que estejam em consonância com as
especificidades da comunidade escolar. O que importará em uma dimensão de
protagonismo estratégico referencial do professor.
Para finalizar, é importante trazer ainda mais algumas questões que se articulam
com o currículo. São perguntas que direcionam as escolhas, que embasam o
próprio planejamento e a prática pedagógica. Qual o objetivo que se pretende
atingir com a educação? O que devemos ensinar? Por que ensinar? Para quem
ensinar?
120
As ações de um pedagogo não são, portanto, aleatórias. São ações pensadas, mas
mais do que pensadas e planejadas, são ações fundamentadas nos princípios
científicos que sustentam a Pedagogia.
0
Dessa forma, todas essas perguntas, na verdade, direcionam o que chamamos de
intencionalidade pedagógica (aquilo que o professor planeja, intencionalmente e,
seõçatona reV
com base em fundamentos científicos) e essa, por sua vez, está relacionada ao
projeto educativo da escola e da sociedade. Tudo está relacionado e o professor
precisa conhecer os objetivos educacionais para entender os motivos pelos quais
precisa fazer algumas escolhas pedagógicas, buscando fundamentos em suas
fontes seguras e científicas.
FOCO NA BNCC
“
A sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e inclusivo a questões
centrais do processo educativo: o que aprender, para que aprender, como
ensinar, como promover redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o
aprendizado.
121
é definido como função social e cultural que a escola para a sociedade. O currículo
é, também, um meio de integração entre as práticas pedagógicas do professor.
0
a. Integra as metodologias de ensino permitindo ao professor utilizar uma metodologia diferente para cada
aula do dia, não sendo necessário adotar apenas uma teoria pedagógica.
seõçatona reV
b. Integra as práticas pedagógicas relacionadas às áreas de ciências naturais e exatas, mas sobre as ciências
humanas é necessário um trabalho a parte, a partir de outras temáticas escolares.
c. Integra vários aspectos da educação escolarizada, como o sistema escolar, a avaliação, a renovação de
metodologias de ensino, entre outras questões.
d. Integra disciplinas como História e Geografia ou Física e Matemática, mas sobre áreas como Artes,
Educação Física ou Gramática a integração pode interferir negativamente do aprendizado
intercontextualizado.
e. Integra objetivos regionais, sem precisar se submeter a diretrizes curriculares nacionais, que são
aplicadas em momentos paralelos ao que foi planejado apenas pela escola.
Questão 2
Quando se fala em prática pedagógica um ponto importante é levantado, que é o
que antecede as ações. Esse ponto é o planejamento e a organização dessa prática
pedagógica. É comum observar que em muitas situações há uma falta de
sistematização do que precisa ser aplicado, o que afeta negativamente todos os
processos de ensinar e de aprender. Sobre essa questão, analise as afirmações a
seguir:
a. I e II, apenas.
b. I e III, apenas.
c. II e III, apenas.
d. II e IV, apenas.
Questão 3
Para que o professor exerça o papel de mediador na relação professor-aluno, com
o objetivo de produzir o conhecimento por meio de trocas que se estabelecem na
interação entre o contexto do estudante e seu modo de percebê-lo enquanto
122
sujeito histórico, ele precisa dominar novas técnicas que vislumbrem uma melhor
compreensão da realidade.
0
I. Na base da profissionalidade docente é que se instaura as dinâmicas sobre a
seõçatona reV
reestruturação das práticas curriculares e consequentemente do currículo
PORQUE
REFERÊNCIAS
BRASIL. Plano Nacional de Educação – PNE. 2014. Disponível em:
https://bit.ly/3jQCUwl. Acesso em: 6 abr. 2021.
123
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
O CURRÍCULO E A PRÁTICA EDUCATIVA
0
Aldrei Jesus Galhardo Batista
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
124
dos estudantes.
0
O conhecimento do professor, pautado nas bases científicas, faz da aula prática
seõçatona reV
uma ação mais eficiente e que incentiva o aprendizado dos alunos, também,
nas mesmas bases científicas. Ao mesmo tempo, professores e alunos estão
em constante ação, reflexão e ação, reformulando conhecimentos aprendidos,
buscando novos, transformando saberes.
O professor precisa ser preparado para desenvolver sua prática com base no
contexto múltiplo que seus estudantes vivem, considerando-os como sujeitos
do processo e fazendo com que eles se entendam da mesma maneira.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
INTENCIONALIDADE PEDAGÓGICA: DA GESTÃO AOS PROFESSORES
João Pedro e Isadora tem como intencionalidade pedagógica envolver os
professores da escola em uma situação de formação continuada e em uma
reunião de estudos, assistem juntos com a equipe escolar ao filme Alice no País
125
das Maravilhas e antes de passar o filme, coloca para os professores a seguinte
tarefa:
0
a. O que acontece na história?
seõçatona reV
b. Onde acontece?
c. Quando acontece?
2. Anote frases de impacto ditas pelas personagens, caso você perceba e ache
importante elencar.
RESOLUÇÃO
Figura 3.1 | Conversa de Alice com o Gato, na obra As Aventuras Alice no País das Maravilhas,
de Lewis Carroll
126
0
seõçatona reV
Fonte: https://bit.ly/2UvvJPH. Acesso em: 6 abr. 2021.
127
Durante as discussões, os professores relacionam as aventuras do filme ao
contexto curricular, à intencionalidade pedagógica e à prática docente. Assim,
durante a reunião de estudos, a todo momento, os professores retomam as
seguintes questões: qual objetivo pretendo atingir? O que meu aluno precisa
0
aprende? O que ensinar? Por que ensinar? Para que ensinar tendo em foco o
seõçatona reV
projeto educacional da escola. Relacionado a pergunta de número um sobre o
filme.
128
NÃO PODE FALTAR
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO
0
Aldrei Jesus Galhardo Batista
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Veremos que na atualidade a avaliação por competências é algo que vem sendo
posto em prática, em consonância com currículos também formulados para o
desenvolvimento de habilidades, atitudes e competências para o século XXI.
Por fim, passaremos para os estudos das avaliações externas ou em grande escala,
abordando as principais avaliações nacionais e internacionais, em sua relação com
os currículos formais, para o desenvolvimento de aprendizagens comuns de base a
todas as pessoas.
129
O entendimento da avaliação escolar encerra a seção evidenciando que o
conhecimento sobre essa área é fundamento para a formação de pedagogos,
futuros professores que vão colocar em prática os currículos escolares de forma
crítica, comprometida e adequada às necessidades reais da escola.
0
A escola municipal “Professora Eleonora Marques Fernandes”, que atende crianças
seõçatona reV
do ensino fundamental, para os anos iniciais, continua na sua missão, organizada
pelo Diretor João Pedro e pela Coordenadora Pedagógica, Isadora, que nos
horários de trabalho pedagógico coletivos, que acontecem todas as segundas-
feiras, após o expediente de aulas, se empenham numa atividade com seus
professores, de rever as suas práticas pedagógicas, para a melhoria da qualidade
da educação que a escola oferece aos seus alunos.
32 do tipo diagnóstica.
Imagine-se como um dos professores desta escola, que precisa executar a tarefa e
apresentar aos gestores as duas atividades indicadas.
130
CONCEITO-CHAVE
CURRÍCULO ESCOLAR E DIMENSÕES DA AVALIAÇÃO
A abordagem de avaliação aqui exposta parte da concepção de que ela também é
parte do currículo e que juntos estão determinados por concepções de mundo, de
0
homem e de educação. Mas, ambos também interferem nessas concepções, numa
seõçatona reV
relação dialética de múltiplas interferências mútuas. Entendemos a avaliação,
portanto, como um instrumento orientado para a inovação curricular ou para a
sua manutenção e para o seu controle. Ela afeta os processos da gestão curricular,
dos modelos didáticos e da prática pedagógica do professor. Assim sendo,
conforme aponta Nunes e Paixão (2013, p. 18):
“
A avaliação da aprendizagem não pode ser compreendida dissociada e distinta de uma reflexão sobre o ensino,
a aprendizagem, o currículo, a educação, o mundo, sob pena de a vermos como algo isolado, um ente à parte,
final, resultado, produto de um dado processo. Estas dimensões se interrelacionam e se condicionam dando
uma configuração a uma concepção e prática pedagógica.
131
têm sua importância no processo escolar, mas podemos dizer que o seu alcance é
limitado em termos de promover a aprendizagem porque seu enfoque é medir
aprendizados específicos e mais facilmente mensuráveis.
0
Temos, também, as avaliações do tipo formativas (ou processuais) e as avaliações
diagnósticas. Elas estão diretamente ligadas ao desenvolvimento e à
seõçatona reV
aprendizagem dos alunos, sendo seu objetivo principal promover a aprendizagem
por meio de devolutivas úteis para a compreensão do próprio aluno sobre o seu
aprendizado, permitindo que ele reflita sobre seu processo e tenha a chance de
melhorar cada vez mais. Temos, desta forma, um ciclo de avaliação, que é muito
importante para que os alunos percebam que as atividades iniciam e são
concluídas com avaliação e que os processos se reiniciam novamente com
avaliação.
132
Avaliação Avaliação
Avaliação Somativa
Diagnóstica Processual/Formativa/Continua
0
aprendizagens ao desenvolvimento aprendizagem dos alunos.
seõçatona reV
final de e aprendizagem
Promove a aprendizagem
determinado dos alunos.
através de devolutivas úteis pa
tempo de
Promove a a compreensão do próprio alu
atividades.
aprendizagem sobre o seu aprendizado.
Utilizada para por meio de
Utiliza métodos distintos, em
certificar ou devolutivas úteis
situações diversas, para medir
promover/reprovar. para a
processo de ensino e de
compreensão do
Tem alcance aprendizagem.
próprio aluno
limitado em
Quebra o paradigma dos teste
sobre o seu
promover a
que avaliam apenas a
aprendizado.
aprendizagem.
memorização de informações
Visa diagnosticar
O objetivo é medir
Posiciona os estudantes como
aprendizagens já
aprendizados
coautores do seu próprio
adquiridas,
específicos e
desenvolvimento e
partindo delas
facilmente
aprendizagem.
para novos
mensuráveis.
processos de É continuada, diária e que con
aprender. com diferentes instrumentos.
REFLITA
133
promover ou reprovar o aluno. Ora, por parte de um grupo de pessoas, ela
é duramente criticada, quando desconsideram qualquer valor que ela
possa ter, simplesmente desprezando-a.
0
É preciso pensar em equilíbrio e bom senso quanto a esse tipo de avaliação.
Quando aplicada sem o apoio de outros recursos, de forma sistemática e
seõçatona reV
descontextualizada, realmente sua função se limita a aprovar ou reprovar,
medir situações bem específicas. Mas quando ela está inserida num
contexto amplo da aprendizagem, associada a outros instrumentos de
avaliação processual, pode ser um ponto importante para se entender o
todo ou a condição geral de cada aluno ou, de uma turma inteira ou de
uma escola inteira.
Nas últimas décadas vemos uma movimentação importante sobre educar para o
desenvolvimento de competências, de habilidade e de atitudes, para a promoção e
a prática da cidadania. Tal visão é algo essencial para a vivência no século XXI. Os
currículos escolares, assim, são pensados de tal forma que promovam esse tipo de
educação, em todos os âmbitos da escolarização, desde a educação básica à
educação superior.
134
Conforme apontam Marinho-Araújo e Rabelo (2015, p. 451-452), é preciso
compreender que competência tem uma dimensão ampla, que abrange além dos
aspectos racionais, cognitivos e mentais, considerando, também, os processos
subjetivos que fazem parte da escolarização. As autoras ao se referirem a esses
0
processos, consideram que:
seõçatona reV
“
Quando mobiliza conhecimentos para uma atuação competente, o sujeito não os utiliza em níveis equivalentes
e nem da mesma forma, mas privilegia alguns e considera outros como periféricos ou secundários. Nesse
sentido, em um processo de construção de competências, há que se ter clareza sobre a escolha que se faz dos
conhecimentos necessários, dos seus motivos e desdobramentos. De forma análoga, deve-se pensar a
avaliação de competências: investigar simplesmente como o sujeito apropriou-se de alguma informação ou
conhecimento não pode ser visto como medida da competência desse sujeito diante de situações ou
circunstâncias desafiadoras.
EXEMPLIFICANDO
“
os componentes cognitivo, cultural, afetivo, social e praxológico associados aos
níveis do indivíduo ou do grupo produtor/autor da competência (nível micro); nível
do meio social imediato (nível meso ou social, da socialização, do grupo de
pertencimento, do coletivo de trabalho); o nível da organização na qual os
indivíduos estão inseridos (nível macro ou da sociedade).
FOCO NA BNCC
Excerto 1:
“
Construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de processo ou de
resultado que levem em conta os contextos e as condições de aprendizagem,
tomando tais registros como referência para melhorar o desempenho da escola,
dos professores e dos alunos.
135
Excerto 2:
“
Além disso, desde as décadas finais do século XX e ao longo deste início do século
XXI9, o foco no desenvolvimento de competências tem orientado a maioria dos
Estados e Municípios brasileiros e diferentes países na construção de seus
0
currículos. É esse também o enfoque adotado nas avaliações internacionais da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que
coordena o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em
seõçatona reV
inglês)11, e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco, na sigla em inglês), que instituiu o Laboratório Latino-americano
de Avaliação da Qualidade da Educação para a América Latina (LLECE, na sigla em
espanhol).
Excerto 3:
“
Compete ainda à União, como anteriormente anunciado, promover e coordenar
ações e políticas em âmbito federal, estadual e municipal, referentes à avaliação, à
elaboração de materiais pedagógicos e aos critérios para a oferta de
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação.
136
“
Na tentativa de gerar médias estatísticas mais confiáveis, a amostra brasileira no pisa vem aumentando
gradativamente de uma edição para outra, tendo representatividade dos 27 países da federação; Adotando-se
como parâmetro a organização administrativa da escola (pública ou privada), a localização (rural ou urbana) e o
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado.
0
As avaliações externas, são chamadas desta forma porque são preparadas e
seõçatona reV
aplicadas de fora para dentro da escola, ou seja, pelos sistemas, sejam
internacionais ou nacionais, não partindo da elaboração de avaliação interna, nas
escolas. São chamadas de avaliações em grande escala porque são aplicadas para
muitas escolas, seja em nível estadual, federal ou internacional.
No Brasil, temos também outras avaliações desta natureza, como PROVA BRASIL
ou Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), dentre outras. Elas têm como meta
produzir indicadores para avaliar a qualidade da educação no país, com o intuito
de embasar as políticas públicas para a educação básica. Além disso, buscam
verificar o quanto as escolas conseguem preparar os alunos para suas atividades
na sociedade. O fazem sempre considerando um currículo comum, com conteúdos
e elementos gerais, que são referências básicas para uma formação equivalente a
todas as pessoas em aspectos que são considerados necessários para a
participação em sociedade.
ASSIMILE
“
• As avaliações de caráter diagnóstico, sem consequências diretas para a escola. A
divulgação do resultado é feita nas redes sociais, para consulta de toda a
sociedade, ou em outras mídias sem o resultado ser devolvido para a escola.
• As avaliações que têm a finalidade de subsidiar, com base nos resultados dos
educandos, política de responsabilização para os gestores e educadores escolares.
Além de divulgar o resultado nas redes sociais, para consulta de toda a sociedade,
ou em outras mídias devolve o resultado para as escolas, podendo ter
responsabilidade simbólica ou material, pressupõe que o conhecimento dos
resultados pela comunidade escolar, favorece a mobilização da equipe escolar
para melhoria da educação, bem como a cobrança dos pais sobre a escola
(simbólica);
137
da Educação Básica – Saeb. O sistema tem como objetivo o diagnóstico e o
acompanhamento da qualidade da Educação Básica, em todo o território
brasileiro.
0
O Saeb é formado por três tipos de avaliação em grande ou larga escala. São elas:
a Avaliação Nacional da Educação Básica – Aneb, a Avaliação Nacional do
seõçatona reV
Rendimento Escolar – Anresc/Prova Brasil e a Avaliação Nacional da Alfabetização –
ANA.
ASSIMILE
Albuquerque (2017, p. 106) explica cada uma das avaliações que compõem
o Saeb da seguinte forma:
“
• Avaliação Nacional da Educação Básica – Aneb: abrange, de maneira amostral,
alunos das redes públicas e privadas do país, em áreas urbanas e rurais,
matriculados no 5ºano e 9ºano do Ensino Fundamental e no 3º ano do Ensino
Médio, tendo como principal objetivo avaliar a qualidade, a equidade e a eficiência
da educação brasileira.
138
Três tipos principais de avaliação fazem parte do contexto escolar. Em alguns
processos educativos e escolares pode ser comum utilizar de meios avaliativos que
se reduzem a aprovar ou reprovar os alunos, baseando-se na concepção de
currículo que permeia exclusivamente as disciplinas do currículo oficial ou real,
0
desconsiderando outros processos que extrapolam o currículo real. Em outros
seõçatona reV
processos, prioriza-se o processo todo, de ensino e de aprendizagem, observando
além do explicitado no currículo oficial. Quais são esses três principais tipos de
avaliação do contexto escolar e que estão completamente e complexamente
relacionados às construções dos currículos escolares?
Questão 2
A avaliação escolar é parte da construção do currículo escolar. Juntos avaliação e
currículo são, de um lado, determinados por concepções de mundo, de homem e
de educação. De outro, também interferem nessas concepções, numa relação
dialética de interferências. A avaliação, portanto, é um instrumento orientado para
a inovação curricular ou para a sua manutenção e para o seu controle. Ela afeta os
processos da gestão curricular, dos modelos didáticos e da prática pedagógica do
professor.
PORQUE
II. pode ser informal, quando o professor vai construindo juízos sobre seus
alunos, de forma assistemática ou sistemática, por meio de conversas e
observações das atividades escolares, que podem ou não fazer parte de seus
registros de práticas pedagógicas.
Questão 3
139
Nas últimas três décadas houve um crescimento importante no seguimento da
0
avaliação externa e em grande escala, tanto no contexto internacional, quanto no
contexto nacional brasileiro. Organizações internacionais formadas para discutir o
seõçatona reV
presente e o futuro de nações do mundo todo colocaram em suas pautas, entre
muitos temas de desenvolvimento global, a educação como sendo um dos
principais investimentos para a melhoria dos índices de desenvolvimento dos
países. Das discussões específicas sobre educação, a avaliação sempre foi tema
presente desde então. Internamente, o Brasil também fez investimentos nas três
esferas de governos, federal, estadual e municipal, em processos avaliativos
oficiais, para medir o desempenho escolar básico das escolas brasileiras.
( ) No Brasil, elas têm como meta produzir indicadores para avaliar a qualidade
da educação no país, com o intuito de embasar as políticas públicas para a
educação básica.
a. F – V – V – V.
b. F – F – V – V.
c. V – F – V – V.
d. V – V – F – F.
e. V – V – V – F.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, M. M. de S. S. Avaliação externa como parâmetro para a Educação.
Revista Multidisciplinar e de Psicologia. v. 10, n. 33 (2017). Disponível em:
https://bit.ly/3r4plex. Acesso em: 30 mar. 2021.
140
ENYNG, A. M. Currículo e avaliação: duas faces da mesma moeda na garantia do
direito à educação de qualidade social. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 15, n. 44, p.
133-155, jan./abr. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3jNBG53. Acesso em: 30 mar.
2021.
0
MARINHO-ARAÚJO, C. M.; RABELO, M. L. Avaliação educacional: a abordagem por
seõçatona reV
competências. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 20, n. 2, p. 443-466, jul. 2015.
Disponível em: https://bit.ly/3wi9Pwo. Acesso em: 3 abr. 2021.
141
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO
0
Aldrei Jesus Galhardo Batista
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
32 do tipo diagnóstica.
2. As atividades do dia a dia, contudo, não estão 100% articuladas com essas
propostas, tendo em vista que a avaliação somativa foi o instrumento de
avaliação predominante.
142
aprendizados possam fazê-los avançar em seus conhecimentos e
competências.
0
avaliações, o que evidencia uma prática ainda bastante enraizada de avaliar por
testes e exames.
seõçatona reV
5. Atividades somativas foram aplicadas, mas em paralelo, atividades formativas
foram consideradas em alguns processos, ainda que em número menor.
Outras análises sobre esse contexto, assim como outras metas, poderiam ser
apostadas. O importante neste caso é compreender que a proposta curricular
precisa ter processos avaliativos coerentes com ela e todas as estratégias precisam
considerar o desenvolvimento de competências, o aprendizado de conhecimentos
e a articulação entre teoria e mundo real.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
AVALIAÇÃO POR COMPETÊNCIAS: O PROJETO DE EDUCAÇÃO PARA O
TRÂNSITO
Adriana é uma pedagoga-professora dos anos iniciais do ensino fundamental,
responsável por uma sala de segundo ano. Um dos projetos que precisa
desenvolver com a sua turma é o de “educação para o trânsito”, no qual, além dos
143
aprendizados sobre o trânsito, ela precisa contemplar a interdisciplinaridade entre
os componentes curriculares e o tema do projeto.
Ao final do projeto, Adriana precisa registrar os resultados das avaliações que fez
0
ao longo do processo, com base na construção do currículo por competências e
avaliação por competências, que são princípios seguidos pela escola na qual
seõçatona reV
trabalha, para comparar com os objetivos que traçou antes de iniciar o projeto.
RESOLUÇÃO
Conhecimentos aprendidos:
Não correr nas ruas do entorno escolar e nos corredores da escola, para
evitar acidentes.
144
NÃO PODE FALTAR
O CURRÍCULO E AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO – TDIC
0
Neide Rodriguez Barea
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Esta unidade é bastante diferenciada e traz elementos da contemporaneidade
para discutir o currículo.
Muitas vezes, quando pensamos em currículo, a primeira ideia que nos chega é a
de uma lista de componentes curriculares e seus respectivos conteúdos, que
precisam ser contemplados em um ano letivo, para cada uma das séries ou anos
indicados. Mas, como você já deve ter percebido, a definição de currículo é muito
mais complexa nos dias de hoje. Além dos objetivos educacionais a serem
atingidos, que se expressam como direitos de desenvolvimento e de
aprendizagem, o currículo pode apresentar diferenciais. Nesta unidade,
investigaremos alguns desses diferenciais, ou seja, estudaremos as tecnologias
digitais da informação e da comunicação, os aspectos de diversidade e as
inovações que permeiam a educação escolar dos educandos brasileiros.
145
desenvolvimento de competências associadas ao emprego ético, responsável,
autônomo e proativo das diversas tecnologias modernas.
0
abordaremos as questões identitárias que perpassam a sexualidade, a
nacionalidade, as etnias, a religiosidade, as diferenças geracionais e de classe, bem
seõçatona reV
com as deficiências e os transtornos de aprendizagem.
Você já imaginou como faria para escrever um texto em uma máquina de escrever?
Conhece o processo de inserir e alinhar o papel no tracionador? Saberia pular
linha? E se escrevesse uma palavra errada, como faria para corrigi-la? Já pensou se
acabar a tinta da fita? Como se instala uma fita nova na máquina de escrever?
146
Fonte: Freepik.
E, por falar em editor de texto, você saberia dizer quais as potencialidades deste
programa para a aprendizagem?
0
Esta seção vai explorar as Tecnologias Digitais da Comunicação e da Informação
seõçatona reV
(TDIC) e suas potencialidades para a área de educação e para a aprendizagem dos
educandos.
O ano de 2020 foi um ano marcado por uma pandemia por um vírus chamado
SARS-COV2, causador da COVID-19, que ocasionou a morte de mais de dois
milhões de pessoas pelo mundo. O vírus, facilmente transmissível e que traz
consequências graves para quem sofre a contaminação, obrigou que os países do
mundo criassem mecanismos para contenção do vírus, entre eles: lockdown, uso
de máscaras e equipamentos de proteção, criação de protocolos de higiene e
notificações e multas para aqueles não cumprem as novas regras.
147
A educação também precisou se adaptar. As escolas não puderam mais atender
alunos no modelo presencial e continuaram funcionando apoiadas pelos recursos
da tecnologia, incluindo os processos de alfabetização e os princípios de inclusão
escolar e respeito às diversidades.
0
Priscila é professora da primeira série do ensino fundamental, e em 2020 foi a
seõçatona reV
primeira vez que lecionou. O ensino remoto foi implementado (as aulas passaram
a ser ministradas em ambiente virtual de aprendizagem) nos primeiros meses de
2020 e os alunos da professora Priscila tiveram aula virtuais e seguiram com o
processo de alfabetização. Agora, algumas as escolas já foram abertas sob
protocolos sanitários rigorosos e com rodízio presencial de alunos, porém muitas
práticas pedagógicas do período da pandemia foram incorporadas no processo
educacional escolar.
Você já deve ter reparado que o estudo desta seção será bem dinâmico enfocando
questões relacionadas ao uso das TDIC no cotidiano escolar. Aproveite bastante,
afinal você será um profissional da educação imerso em tecnologia!
CONCEITO-CHAVE
148
Para iniciar nossos estudos, vamos explorar um pouco mais o que é o significado
do termo Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação – TDIC. Vamos
também discutir como cada tipo de currículo pode empregar as TDIC. Por fim,
vamos explorar as potencialidades das TDIC no processo de aprendizagem, no
0
sentido de favorecer o multiletramento e formar um educando crítico, autônomo,
seõçatona reV
responsável e proativo.
Já um livro que foi escrito por um autor, também utiliza processos tecnológicos
relativos à escrita, organização das ideias, apresentação final, também é da
informação e da comunicação, porém não é digital, já que o suporte físico é o
papel – neste caso é uma TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação.
Uma TV analógica, que usa antena, é TIC – sinal de transmissão contínuo, não
chega a permitir que o usuário se comunique, só receba a comunicação; uma
smartTV permite conexão com a internet, pausas ou gravação de programas
transmitidos, interação com aplicativos e jogos, etc.
149
Note que uma TDIC pode ser tanto um equipamento quanto um programa ou
aplicativo.
0
educação e o multiletramento, é importante refletir sobre a intencionalidade que
está por trás do uso ou do não uso destas tecnologias. Isso está diretamente
seõçatona reV
relacionado à perspectiva curricular de cada escola, ou seja, da intencionalidade
que se deseja para o processo educativo.
“
Teorias tradicionais: ensino, aprendizagem, avaliação, metodologia, didática, organização, planejamento,
eficiência, objetivos.
Teorias críticas: ideologia, reprodução cultural e social, poder, classe social, capitalismo, relações sociais de
produção, conscientização, emancipação e libertação, currículo oculto, resistência.
Por sua vez, o currículo pós-crítico, aquele que amplia a discussão para outras
formas de opressão, discriminação e violação dos direitos humanos, tende a usar
as TDIC como espaço para construção de críticas, mas também como ferramentas
para emancipação, para combate à discriminação e fortalecimento das minorias
sociais. A tecnologia é usada como forma de emancipação, posicionamento, crítica,
articulação e organização.
150
O quadro a seguir compara os três modelos de currículo e a forma como as TDIC
podem atender aos objetivos de cada um:
0
seõçatona reV
Fonte: elaborado pela autora.
“
Na contemporaneidade, as TDIC são instrumentos situados na história e na cultura da sociedade, ao menos nas
sociedades que introduziram, se apropriaram e se organizaram ao redor das tecnologias digitais para realizar
suas atividades produtivas. [...] Como instrumentos dessa época e mediadores da interação humana, as
tecnologias digitais, possivelmente, têm contribuído para mudanças em algumas práticas sociais como a
comunicação, a socialização, a organização, a mobilização e a aprendizagem.
“
O uso das tecnologias digitais para o desenvolvimento de aprender a conhecer e aprender a fazer tem
mostrado uma nova construção simbólica da cultura perante o uso de instrumentos contemporâneos, de modo
a impactar a constituição subjetiva de como os nativos digitais aprendem [...]. Assim, ser sujeito na cultura
digital denota possuir conhecimentos das tecnologias digitais, instrumentos estes que são, também, materiais e
simbólicos.
Desta forma, vamos apresentar agora algumas das TDICs mais comuns utilizadas
no ambiente escolar.
151
Tabela 4.1 | TDIC educacionais
0
possibilidade de edição de texto, de planilhas e
seõçatona reV
apresentações eletrônicas.
152
11. Cultura Capacidade de emprego de objetos, peças e diversos
maker elementos para a construção de um objeto com utilidade.
0
ampliada em determinado espaço, tal como um museu virtual.
seõçatona reV
13. Realidade Uso de equipamentos que simulam uma situação, por
virtual exemplo, uma viagem espacial ou uma viagem submarina, a
realização de uma cirurgia ou mesmo a condução de um
avião.
Você deve ter percebido que o uso das TDIC exige novas competências dos
educandos. Saber operar um computador e utilizar um editor de texto, ter
flexibilidade e criatividade para programar em robótica, inteligência e agilidade
para uso de softwares e aplicativos, em geral, a capacidade de operar em todas as
potencialidades das TIDC é desenvolvida a partir da exposição do aluno a estas
possibilidades, de forma que vá aprendendo a ter fluência em todos eles. A
capacidade de ler, interpretar e escrever em várias linguagens é chamada de
multiletramento. Não se trata apenas de saber usar determinado aplicativo ou
software, ou mesmo saber usar o e-mail ou o celular, mas fazer uso crítico,
consciente, autônomo e ético, com responsabilidade e para a solução de situações
e problemas do cotidiano.
É possível exemplificar? Sim! Imagine um aluno capaz de criar uma planilha que
controla os consumos em sua casa e propicia, a partir de uma análise crítica,
propor um programa de economia doméstica para sua família. É preciso conhecer
planilhas eletrônicas, entender como se faz controle financeiro, avaliar a entrada e
a saída de dinheiro no período de um mês, desenvolver criticidade para saber
onde e como é possível fazer economia, ou seja, todas essas informações,
utilizadas com intencionalidade, responsabilidade, proatividade e autonomia para
melhorar a qualidade de vida de sua própria família indica que o educando está
letrado nesta TDIC em particular. Será que ele consegue usar as TDIC para outras
situações e para resolver outros problemas do seu cotidiano? Por exemplo, se
utilizar uma rede social para fazer uma campanha para revitalizar uma praça, se
usar uma agenda eletrônica para controlar a entrega de seus trabalhos escolares,
se utiliza o celular para manter contato com familiares e amigos, cuidando da
própria saúde mental, pode-se dizer que este educando é multiletrado em TDIC,
não só porque sabe empregá-las, mas porque as emprega com intencionalidade e
ética.
153
“
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa,
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar
informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e
coletiva.
— (BRASIL, 2018, p. 9)
0
Ao longo de toda a BNCC aparecem trechos que remetem à utilização das TDIC,
seõçatona reV
mas gostaríamos de ressaltar os trechos que começam a fazer referência ao
multiletramento, como este, que aborda especificamente as tecnologias digitais e a
computação ao se referir às novas competências a serem desenvolvidas pelos
educandos.
“
Apropriar-se das linguagens da cultura digital, dos novos letramentos e dos multiletramentos para explorar e
produzir conteúdos em diversas mídias, ampliando as possibilidades de acesso à ciência, à tecnologia, à cultura
e ao trabalho.
Nessa perspectiva, para além da cultura do impresso (ou da palavra escrita), que deve continuar tendo
centralidade na educação escolar, é preciso considerar a cultura digital, os multiletramentos e os novos
“
letramentos, entre outras denominações que procuram designar novas práticas sociais de linguagem. [...] As
práticas de leitura e produção de textos que são construídos a partir de diferentes linguagens ou semioses são
consideradas práticas de multiletramentos, na medida em que exigem letramentos em diversas linguagens,
como as visuais, as sonoras, as verbais e as corporais. Já os novos letramentos remetem a um conjunto de
práticas específicas da mídia digital que operam a partir de uma nova mentalidade, regida por uma ética
diferente.
Assim, é preciso compreender o uso das TDIC e o multiletramento têm uma função
muito especial na formação escolar dos educandos, favorecendo a transformação
social ao mesmo tempo que exerce um papel de resgate da humanidade, da
participação social, da responsabilidade, da ética e da autonomia:
“
Nesse sentido, procura-se oferecer ferramentas de transformação social por meio da apropriação dos
letramentos da letra e dos novos e multiletramentos, os quais supõem maior protagonismo por parte dos
estudantes, orientados pela dimensão ética, estética e política. O segundo sentido de trabalho – o de atividade
responsável pela (re)produção da vida material – também é considerado pelo repertório de práticas,
letramentos e culturas que se pretende que sejam contemplados, pela possibilidade de exercício da
criatividade, pelo desenvolvimento de habilidades vinculadas à pesquisa, a resoluções de problemas, ao recorte
de questões-problema, ao planejamento, ao desenvolvimento e à avaliação de projetos de intervenção, pela
vivência de processos colaborativos e coletivos de trabalho, entre outras habilidades que serão detalhadas a
seguir.
ASSIMILE
As TDIC podem ser usadas de forma mais criativa, autônoma, ética e com
responsabilidade de acordo com a perspectiva do currículo que se trabalha.
O multiletramento, isto é, a capacidade de ler, interpretar e escrever em
diversos tipos de linguagem permite que se explorem as potencialidades
educativas das TIDCs.
REFLITA
154
A reflexão que gostaríamos de propor aqui é a seguinte: você acredita que
estará preparado para desenvolver ações de multiletramento com seus
alunos, quando estiver habilitado legalmente para lecionar? Conhece as
TDIC citadas aqui e saberia trabalhar com elas em sala de aula? Como
0
conduziria um projeto maker? Ou, ainda, como ensinaria os alunos a
seõçatona reV
construírem um pequeno texto hipertextual? A ideia não é desmotivar você,
mas levá-lo a refletir sobre os caminhos possíveis para fortalecer sua
formação. As escolas apresentam programas de formação contínua e você
também pode buscar conhecimento por conta própria, antecipando-se, ao
momento da prática profissional.
EXEMPLIFICANDO
Você consegue imaginar alguma criança que não utilize jogos eletrônicos,
independente do suporte (celular, computador, videogame, etc.)? Pois bem:
os jogos eletrônicos são preparados de forma autoinstrutiva, ou seja, o
jogador aprende a jogar conforme vai ultrapassando as fases do jogo. Além
disso, os jogos se parecem muito, ou seja, existe uma linguagem
semelhante a todos os jogos, como os nomes de comandos e jogadas, por
exemplo. A criança que consegue compreender e jogar com sucesso,
podemos dizer que é uma criança letrada neste ou nestes jogos. No campo
da educação, a gamificação (aprendizagem a partir de da mecânica e
dinâmica de jogos) é uma das tendências mais modernas das TDIC.
Caso você queira conhecer um pouco mais sobre gamificação, existem duas
plataformas gratuitas:
https://www.classcraft.com/pt/
https://appseducacao.rbe.mec.pt/category/gamificacao/
FOCO NA BNCC
“
da Web 2.0: novos gêneros do discurso e novas práticas de linguagem próprias da cultura digital,
transmutação ou reelaboração dos gêneros em função das transformações pelas quais passam o
texto (de formatação e em função da convergência de mídias e do funcionamento hipertextual),
novas formas de interação e de compartilhamento de textos/conteúdos/informações, reconfiguração
do papel de leitor, que passa a ser também produtor, dentre outros, como forma de ampliar as
possibilidades de participação na cultura digital e contemplar os novos e os multiletramentos.
155
expectativas que se têm em relação ao trabalho do professor em sala de
aula, proporcionando uma formação mais contextualizada e integral aos
educandos.
0
Esperamos que você tenha gostado desta seção e se familiarize mais com as TDIC
seõçatona reV
e com o multiletramento, e que possa empregá-los em seu cotidiano profissional
com tranquilidade, ética e responsabilidade!
Questão 2
“
As TDIC têm exercido a função de instrumentos mediadores dos processos de aprendizagem dos nativos
digitais quanto a aprender a conhecer e aprender a fazer em vivências cotidianas ou no acesso à cultura
tecnopopular. As novas tecnologias parecem influenciar e impactar a constituição de sujeitos [...], de modo que
os aprenderes a conhecer e a fazer perpassam o acesso à internet, além dos aprenderes a conviver e a ser
implicarem em comunicação virtual com família e amigos.
II. Aprender a aprender e aprender a fazer são a mesma coisa, já que dependem
do acesso à internet.
156
b. Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
0
e. Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
seõçatona reV
Questão 3
As práticas de leitura e produção de textos que são construídos a partir de
diferentes linguagens ou semioses são consideradas práticas de multiletramentos,
na medida em que exigem letramentos em diversas linguagens como as visuais, as
sonoras, as verbais e as corporais. Já os novos letramentos remetem a um
conjunto de práticas específicas da mídia digital que operam a partir de uma nova
mentalidade, regida por uma ética diferente.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília,
2018. Disponível em: https://bit.ly/3wnNVYu. Acesso em: 28 jan. 2021.
157
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
O CURRÍCULO E AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO – TDIC
0
seõçatona reV
Neide Rodriguez Barea
Fonte: Shutterstock.
Neste sentido, a professora pode lançar mão de diversas opções que envolvam as
TDIC. Aqui citaremos três, que ajudarão você a criar suas próprias reflexões e
propostas de trabalho:
158
A segunda possibilidade seria criar um texto coletivo em um documento eletrônico
compartilhado. Há aplicativos que fazem isso e também uma ferramenta chamada
Google Docs que permite que várias pessoas editem um documento. Neste caso, é
preciso dividir as crianças em pequenos grupos e elas podem ter, como objetivo,
0
escrever uma pequena carta, poesia ou bilhete para uma data comemorativa,
seõçatona reV
como o Dia da Família, por exemplo. Novamente, empregamos uma prática de
letramento (leitura e escrita da língua materna com intencionalidade e que envolve
uma situação do cotidiano) e multiletramento (edição de texto em documento
compartilhado, usando a nuvem como suporte), além do desenvolvimento das
competências socioemocionais (respeito às ideias apresentadas, ceder o lugar e
delegar tarefas, acolher, organizar ideias, produzir material coeso e coerente em
grupo, etc.).
Por fim, uma prática comum no primeiro ano do ensino fundamental é produzir
um livro de contos que as crianças escrevem como processo de alfabetização e
letramento. Neste caso, a sugestão é usar a uma apresentação eletrônica como
suporte, criando um índice com links hipertextuais para cada história. Os alunos
também podem desenhar e inserir os desenhos como imagem, podem gravar a
leitura de cada história (narração) e inserir na apresentação, podem até gravar
pequenas passagens de cada história e inserir na apresentação. Veja como este
trabalho fica muito rico, atende às perspectivas de multiletramento e ainda se
produz um material inclusivo, já que a narração das histórias é interessante para
pessoas cegas. Esta última sugestão implica que os educandos possuam conexão
com a internet e acesso a recursos tecnológicos, mas cabe ressaltar que esta não é
a realidade de todos os educandos brasileiros.
Assim, como você poderia propor uma sugestão para a realidade de crianças que
não possuem todos os recursos? Considere que a pandemia trouxe uma reflexão
importante para todos os segmentos e redes escolares, que é a questão da
desigualdade. Mesmo em escolas que atendem o público de maior poder
aquisitivo, observou-se desigualde em termos de acesso à internet e ferramentas
tecnológicas, espaço adequado para estudos, rotina e até mesmo famílias que não
concordam com o ensino mediado pela tecnologia. É preciso considerar que o
aluno real pode não ter acesso e possibilidade de uso da tecnologia da forma como
foi proposto. Considere a realidade de onde você trabalha ou, se não atua ainda
em escola, reflita sobre a realidade que vivenciou enquanto estudante da
educação infantil ou do ensino fundamental anos iniciais.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
DEFENDENDO AS TIDC
Na escola em que você trabalha, as famílias estão muito incomodadas com o uso
das TDIC, pois temem que as crianças percam aprendizagens importantes e se
tornem robotizadas, perdendo o contato com a realidade. Entre as preocupações
mais marcantes, foram sinalizadas: as crianças deixarão de escrever à mão e de
159
fazer cálculos básicos usando o caderno; o uso constante de programas ou
aplicativos, jogos, celulares, computadores afasta as crianças do convívio real e
social com as pessoas; o uso das TDIC é uma programação limitada que trabalha
pouco com a criatividade.
0
A escola pediu que você levantasse argumentos a favor das TDIC.
seõçatona reV
RESOLUÇÃO
3. O uso das TDIC é uma programação limitada que trabalha pouco com a
criatividade, na verdade existem programas e sites que são apenas visuais,
que não permitem a interação, mas existem outras TDIC que são
extremamente ricas em termos de potencialidade criativa, tais como os
programas para desenho, para gravação e edição de vídeo e os próprios
editores de texto e de apresentações eletrônicas.
160
NÃO PODE FALTAR
DIVERSIDADE E CURRÍCULO
0
Neide Rodriguez Barea
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Assim, esta seção tratará de temas desafiantes que são explorados nas teorias
pós-críticas do currículo. É importante que você assuma cada vez mais uma
postura acadêmica e científica, bem como crítica e proativa, evitando as
impressões pessoais e, principalmente, práticas preconceituosas que são
disseminadas na sociedade e que podem ter feito parte da sua formação.
161
Nesta seção, você conhecerá um pouco mais sobre as tendências críticas acerca
das formas de preconceito que ferem a dignidade humana, que são fruto de
dominação entre classes e que promovem a manutenção do status quo.
0
Você observou o quanto somos multiculturais e como a cultura se expressa em
diversas formas? A construção da nossa nação é baseada em culturas de diversos
seõçatona reV
países, que se consolidaram aqui em diversos períodos históricos e contamos
também com uma cultura nativa, dos primeiros habitantes dessas terras, os
indígenas. Além da composição cultural, ainda há a forma com a qual a cultura se
manifesta, mediante linguagem oral, escrita e corporal, por meio das vestimentas e
dos adereços, da música e da dança. O ambiente escolar, certamente, é permeado
pelo multiculturalismo e pela diversidade cultural, você já observou isso?
Quando você não lida com tais questões, a que tipo de currículo está atendendo?
O ano de 2020 foi um ano marcado por uma pandemia por um vírus chamado
SARS-COV2, causador do COVID-19, que ocasionou a morte de mais de dois
milhões de pessoas pelo mundo. O vírus, facilmente transmissível e que traz
consequências graves para quem sofre a contaminação, obrigou que os países do
mundo criassem mecanismos para contenção do vírus, entre eles: lockdown, uso
de máscaras e equipamentos de proteção, criação de protocolos de higiene e
notificações e multas para aqueles que não cumprem as novas regras.
162
Priscila precisa reorganizar o processo educativo, incluindo:
0
multiletrar com a utilização das TDIC.
seõçatona reV
As perspectivas identitárias em torno da sexualidade, das identidades nacionais
e étnicas, geracionais, religiosas, de classe, o currículo inclusivo e bilíngue e a
educação igualitária para negros, deficientes, indígenas, quilombolas, além de
outros.
O currículo inclusivo.
O currículo bilíngue.
CONCEITO-CHAVE
163
Imagine a seguinte situação: você foi admitido como professor em uma escola de
ensino fundamental e vai lecionar pela primeira vez. É preciso acolher seus novos
alunos para uma aproximação significativa, para isso, é preciso conhecê-los
melhor. Primeiramente, você os observa: vestimenta, acessórios, o modo como se
0
comportam, como se comunicam, os olhares. Aspectos que expressam o
seõçatona reV
multiculturalismo e a diversidade cultural.
“
[…] o multiculturalismo tornou-se uma temática fundamental no processo da democracia de muitos países e
desenvolveu-se com a evolução dos direitos humanos da última geração, quando neles se introduz o debate
sobre o direito das minorias e dos grupos étnicos marginalizados em grandes áreas culturais. Esses direitos
passam a ser explicitados amplamente a partir do direito à diferença e com o direito ao reconhecimento da
identidade étnica.
Neste sentido, é importante salientar que a exclusão dos pretos do sistema escolar
foi uma prática que ocorreu durante grande parte da história da educação
brasileira. E mesmo em relação aos brinquedos infantis, a grande
representatividade ainda continua sendo branca, como se vê nesta reportagem do
portal de notícias do G1: Bonecas negras ajudam a promover diversidade e
autoestima entre as crianças.
164
minorias étnicas, é fundamental que se discuta em nível de currículo, como a
escola deve se organizar para desenvolver ações educacionais igualitárias e
equitativas que atendam estes públicos.
0
O multiculturalismo representa muito mais do que apenas o reconhecimento da
existência de diversas etnias compartilhando o mesmo espaço e se influenciando
seõçatona reV
mutuamente: significa um olhar voltado à igualdade de direitos e respeito à cultura
de origem a todos os indivíduos e não apenas aos representantes da chamada
cultura dominante. Até bem poucos anos atrás, o multiculturalismo estava
associado aos povos africanos e os migrantes do norte e do nordeste, que se
dirigiam às regiões do sudeste em busca de melhor qualidade de vida. Atualmente,
como o reconhecimento e valorização de outras etnias, ampliou-se a visão
multicultural. Da mesma forma, observa-se um nível de criticidade que retoma a
origem de determinadas palavras que conduz à conscientização e mudanças de
hábitos, como se vê na matéria do Instituto Fazendo História: Vamos repensar
nosso vocabulário?
A diversidade cultural engloba as diferenças culturais que existem entre as pessoas, como a linguagem, danças,
vestimenta e tradições, bem como a forma como as sociedades organizam-se conforme a sua concepção de
“
moral e de religião, a forma como eles interagem com o ambiente, etc. O termo diversidade diz respeito à
variedade e convivência de ideias, características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto,
situação ou ambiente.
Em primeiro lugar, a BNCC (2018) aponta que a diversidade cultural não é uma
meta a ser atingida, mas um ponto de partida para os processos educacionais. Em
segundo, o Brasil tem se tornado um reduto de amparo a populações que sofrem
com contexto de guerra, fome, situação econômica precária e violação dos direitos
humanos. Colombianos, venezuelanos, haitianos, peruanos, bolivianos, bem como
senegaleses, angolanos, chineses, sírios têm no Brasil o segundo lar e é na escola
que as crianças de todas estas etnias se encontram proporcionando uma rica
diversidade.
165
0
seõçatona reV
Fonte: Freepik.
Antes da classificação de identidade sexual, o professor precisa ter claro que ali se
apresenta um ser humano em formação e o seu papel não é o de julgamento, mas
o de respeito, acolhida, organizador de processos de aprendizagem. Sem dúvida, a
escola também tem seu papel protetivo, ou seja, deve intervir acionando os órgãos
competentes caso identifique situações de violência física ou emocional em relação
a qualquer aluno que ocorram em casa quanto no ambiente escolar.
As relações de gênero, por sua vez, merecem um outro olhar do professor: o olhar
crítico que desvela as relações opressoras e de desigualdade em relação ao sexo
feminino e supervalorização e proteção ao sexo masculino.
166
Professores também devem trabalhar de forma adequada cada faixa etária para
despertar a consciência crítica: observar e questionar como as mulheres são
retratadas em imagens e textos nos materiais didáticos, programas televisivos,
reportagens, propagandas, etc. O papel é de submissão? Na escola em que
0
trabalha, há mais mulheres ou homens? Nos ministérios que formam o governo,
seõçatona reV
há mais mulheres ou homens? Por quê? O estudo dos desenhos que as crianças
assistem também são importantes, pois em alguns já se observa o papel central
dedicado ao gênero feminino.
Você deve ter percebido que essa discussão se alinha a uma perspectiva mais
crítica ou pós-crítica de currículo. É preciso verificar como a escola se posiciona
frente a estas e outras questões, para entender e promover os ajustes em termos
curriculares.
167
0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pela autora.
Se, por um lado as gerações mais X e Y sejam vistas como antiquadas e não
acompanham o ritmo dos Millennials, são essas gerações que trazem equilíbrio,
orientações, antecipação de problemas, soluções mais coerentes e objetivas.
Movimentos sociais, passeatas, cultura hippie, hip hop, rap e funk, como isso é
visto dentro da escola? Na escola, é preciso cuidar para que a os mais jovens
tenham espaço para incluir, discutir e vivenciar as diversas manifestações culturais,
que perpassam o compartilhamento de linguagens, as expressões corporais, como
a dança, e as expressões de musicalidade, por exemplo.
168
0
seõçatona reV
Fonte: https://bit.ly/3hkFfy2. Acesso em: 23 mar. 2021.
Para isso, há ações que os professores precisam desenvolver junto às suas turmas
que envolvam aspectos de socialização, de trabalhos em grupo, de respeito, de
inclusão nas atividades, de adaptação curricular, de atendimento às necessidades
educacionais específicas, do uso de equipamentos próprios e até mesmo do
ensino de Libras (Língua Brasileira de Sinais) na perspectiva do bilinguismo.
Como você deve ter percebido a discussão sobre cada um dos temas que envolve
o multiculturalismo, a diversidade cultural e os processos de inclusão é profunda,
longa, multifacetada, envolve a imersão na própria diversidade cultural, a
construção de valores que remetem ao respeito e à preservação dos direitos
humanos e a identificação do papel social e cultural da própria escola.
ASSIMILE
169
O multiculturalismo e a diversidade cultural nem sempre receberam o
devido espaço nos processos educacionais escolares. Há bem poucas
décadas, a educação tinha o papel de normatizar a sociedade de acordo
com valores preestabelecidos por uma cultura branca, machista, opressora,
0
exclusivista. Quem não se adequasse, não conseguia se manter na escola.
seõçatona reV
Os estudos críticos e pós-críticos sobre o currículo e as práticas escolares
permitiram que novos olhares pedagógicos se desenvolvessem e que novas
práticas inclusivas, respeitosas, valorativas e acolhedoras fossem
implantadas nas escolas.
REFLITA
EXEMPLIFICANDO
FOCO NA BNCC
“
Em 2010, o CNE promulgou novas DCN, ampliando e organizando o conceito de
contextualização como “a inclusão, a valorização das diferenças e o atendimento à
pluralidade e à diversidade cultural resgatando e respeitando as várias
manifestações de cada comunidade.
170
de repertório, além de interação e trato com o diferente.
“
— (BRASIL, 2018, p. 75)
0
diversidade cultural.
seõçatona reV
Ao final desta seção, vale levar adiante a reflexão de que as diferenças entre seres
humanos é que proporcionam a própria evolução da sociedade, pois nos leva a
refletir sobre nosso posicionamento e nossas ações frente ao multiculturalismo, à
diversidade cultural e à diversidade entre pessoas, estimulando o exercício da
empatia.
Questão 2
O conceito antropológico de cultura passa necessariamente pelo dilema da
unidade biológica e a grande diversidade cultural da espécie humana. Consiste em
uma preocupação com a diversidade de modos de comportamento existentes
entre os diferentes povos.
Com base no excerto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.
171
II. desafiar o status quo leva à necessidade de mobilizar saberes, visões, buscar
alternativas, encontrar equilíbrio, justiça, igualdade e equidade, promovendo a
constituição de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
0
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
seõçatona reV
a. As asserções I e II são proposições falsas.
Questão 3
Objetos de
conhecimento: Habilidades:
172
escravização dos povos negros.
II. Certas questões que já deveriam ter sido superadas pela sociedade, como o
domínio de um povo sobre outro e a escravidão, mas a verdade é que ainda
persistem.
0
III. O conhecimento histórico ajuda a compreender a constituição do
seõçatona reV
multiculturalismo e da diversidade cultural e traz esclarecimentos que levam ao
entendimento, ao respeito e à valorização das diferenças.
IV. A opressão de um povo sobre o outro não se relaciona com lógica do capital,
portanto a emergência do capitalismo não deveria ser discutida em questões
relacionadas ao multiculturalismo e à diversidade cultural.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
Disponível em: https://bit.ly/3wnNVYu. Acesso em: 28 jan. 2021.
IBASE. Onde você guarda o seu racismo? 1º Fase – 2004. Disponível em:
https://bit.ly/3jRmjsa. Acesso em: 28 jun. 2021.
173
https://bit.ly/2SY1noy. Acesso em: 20 mar. 2021.
0
seõçatona reV
174
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
DIVERSIDADE E CURRÍCULO
0
Neide Rodriguez Barea
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Nos anos iniciais, as características dos seres vivos são trabalhadas a partir das
ideias, representações, disposições emocionais e afetivas que os alunos trazem
para a escola. Esses saberes dos alunos vão sendo organizados a partir de
observações orientadas, com ênfase na compreensão dos seres vivos do
entorno, como também dos elos nutricionais que se estabelecem entre eles no
ambiente natural.
175
literário para trabalhar com a diversidade cultural: CAMPO ARTÍSTICO-
LITERÁRIO – Campo de atuação relativo à participação em situações de leitura,
fruição e produção de textos literários e artísticos, representativos da
diversidade cultural e linguística, que favoreçam experiências estéticas. Alguns
0
gêneros deste campo: lendas, mitos, fábulas, contos, crônicas, canção, poemas,
seõçatona reV
poemas visuais, cordéis, quadrinhos, tirinhas, charge/ cartum, entre outros.
O currículo bilíngue:
176
implementação da BNCC, no qual se discutem as questões de igualdade,
diversidade e equidade.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
0
MULTICULTURALISMO, DIVERSIDADE CULTURAL E PERSPECTIVAS
IDENTITÁRIAS: PARCERIA COM A FAMÍLIA
seõçatona reV
Você e seus colegas são educadores sociais e trabalham em uma Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP, antigamente conhecida como ONG –
Organização Não-Governamental) que atende 40 crianças de seis a doze anos no
contraturno escolar. O objetivo desta OSCIP é desenvolver atividades de apoio
escolar, desenvolvimento artístico, esporte e leitura. Acontece que as crianças se
manifestam de forma tímida, demonstram baixa autoestima, não valorizam sua
própria cultura original nem suas manifestações cotidianas.
Ao conversar com seus colegas, você percebeu que a problemática não se localiza
apenas nas crianças, mas também nas famílias, que não valorizam sua própria
origem e cultura.
Este encontro não deve ser apenas um momento em que os palestrantes (no caso,
vocês, educadores sociais) ficam transmitindo informações histórias sobre a
colonização do país e o multiculturalismo. Vocês querem realizar uma proposta
mais viva, dinâmica e com a intensa participação das famílias e das crianças.
RESOLUÇÃO
177
Temáticas sugeridas:
0
elementos marcantes
seõçatona reV
Como eram as roupas dos avós, dos pais e das crianças: o que mudou?
Podem ser elencados outros temas. Para exemplificar, vamos escolher uma
temática: Alimentação.
178
Após o encontro: os educadores conversam com as crianças e propõe ações
para valorizar a origem de cada uma delas e da construção cultural que
envolveu cada um dos pratos: o que não sabiam, o que aprenderam, se
gostam ou não gostam desse prato. É interessante que registrem de forma
0
escrita, por desenho ou colagem.
seõçatona reV
Agora é a sua vez! Como seu grupo organizaria um encontro com outra
temática? E se for a mesma, que tal fazer diferente?
179
NÃO PODE FALTAR
CURRÍCULO E INOVAÇÕES
0
Neide Rodriguez Barea
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Neste sentido, o currículo deve refletir a preparação dos educandos para a vida no
presente e futuro próximo. O mundo em transformação propõe a necessidade de
indivíduos que sejam comunicativos, criativos, críticos, participativos, colaborativos
e protagonistas. Mas, como atingir esta perspectiva formativa? Reflita um pouco
sobre isso. Como organizar os processos escolares para formar o cidadão e a
cidadã para os desafios da contemporaneidade?
180
Já estudamos o uso das tecnologias, a diversidade cultural e o multiculturalismo e
agora chegou o momento de explorar as técnicas metodológicas voltadas à
autonomia e ao protagonismo do aluno em seu processo de aprendizagem.
0
A aprendizagem significativa ocorre melhor quando o(a) educando(a) realiza as
ações de organizar, contextualizar, sistematizar, comparar e avaliar
seõçatona reV
conhecimentos, sendo capaz de questionar e criticar, desenvolvendo conclusões
próprias, apoiadas em bases científicas, superando as compreensões equivocadas
ou superficiais. Existem metodologias específicas para desenvolver processos
significativos de aprendizagem, são chamadas metodologias ativas e conhecidas
como: ensino híbrido, aprendizagem baseada em problemas, aprendizagem
baseada em projetos, sala de aula invertida, ensino personalizado e gamificação.
O ano de 2020 foi um ano marcado por uma pandemia por um vírus chamado
SARS-COV2, causador do COVID-19, que ocasionou a morte de mais de dois
milhões de pessoas pelo mundo. O vírus, facilmente transmissível e que traz
consequências graves para quem sofre a contaminação, obrigou que os países do
mundo criassem mecanismos para contenção do vírus, entre eles: lockdown, uso
de máscaras e equipamentos de proteção, criação de protocolos de higiene e
notificações e multas para aqueles que não cumprem as novas regras.
181
Você é o coordenador pedagógico da escola na qual a professora Priscila trabalha
e seu papel é ajudá-la a melhorar seu processo educativo. Nesta seção, vamos
trabalhar com o terceiro item referente à reorganização do processo educativo a
ser realizado pela professora.
0
As metodologias ativas são empregadas para colocar os estudantes como
seõçatona reV
protagonistas de sua aprendizagem, promovendo a comunicação, a criatividade, a
análise crítica, a participação e a colaboração, de acordo com uma proposta de
diálogo e articulação entre o conhecimento local e global.
CONCEITO-CHAVE
Como já estudamos, a BNCC (BRASIL, 2018) traz uma perspectiva inovadora e
contemporânea ao propor que a educação em território nacional seja organizada
em torno do desenvolvimento de dez competências básicas. A seguir,
apresentamos um quadro que traz uma versão resumida das dez competências
gerais da educação básicas da BNCC.
182
0
seõçatona reV
Fonte: adaptada de Brasil (2018).
Vamos estudar seis metodologias ativas: ensino híbrido, sala de aula invertida,
aprendizagem baseada em problemas, aprendizagem baseada em projetos, ensino
personalizado e gamificação.
ENSINO HÍBRIDO
183
Também conhecido como blended learning, é uma organização metodológica que
emprega ações pedagógicas em sala de aula presencial e em momentos virtuais
(blended signigica misturar, misturado). As novas tecnologias digitais de
comunicação e informação propiciaram novos modelos de aprendizagem
0
baseados em recursos tecnológicos. O ensino híbrido faz isso: mistura o formato
seõçatona reV
presencial (offline) com o on-line. O ensino híbrido teve seu início na década de
1960, nos Estados Unidos, com a criação de programas de ensino assistidos pelo
computador, mais voltados ao ensino superior. Com a disseminação dos
computadores pessoais, smartphones e outros recursos tecnológicos, o ensino
híbrido foi aprimorado e reorganizado, de forma a criar possibilidades para as
diferentes etapas de ensino.
184
Estilo Como funciona
0
presencial em sala de aula, para que o primeiro grupo de alunos
seõçatona reV
pesquisem usando livros, revistas, entre outros; outra estação de
aprendizagem, ainda na escola, para o segundo grupo de alunos,
utilizando recursos tecnológicos (computador e tablet) para realizar a
pesquisa. Em seguida, os grupos rotacionam entre as duas estações na
escola, ou seja, complementam sua pesquisa usando os recursos
próprios de cada estação.
185
Figura 4.9 | Organização da metodologia sala de aula invertida
0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pela autora.
Os três momentos da sala de aula invertida podem e devem contar com o uso de
recursos tecnológicos. Esta metodologia ativa exige que alunos se concentrem e
dediquem, organizando-se para o aprendizado, encontrando caminhos para
construção do conhecimento de acordo com suas potencialidades, tornando-se
reais protagonistas de sua aprendizagem.
ENSINO PERSONALIZADO
Metodologia que considera as características individuais dos educandos e
proporciona percursos de aprendizagem exclusivos a cada um, propiciando rápido
avanço na construção e no emprego de conhecimentos. Não se trata de
aprofundar apenas os temas de interesse dos alunos, mas criar trilhas de
aprendizagem personalizadas. Os recursos digitais são bastante empregados nesta
186
metodologia, pois permitem o desenvolvimento de diversas habilidades: pesquisa,
sintetização de informações, comparações, análises e práticas envolvendo o
conhecimento adquirido.
0
GAMIFICAÇÃO
seõçatona reV
Em linhas gerais, trata-se de aplicar a lógica dos jogos para estimular a
aprendizagem. O professor pode usar recursos tecnológicos, tais como aplicativos,
ambientes virtuais de aprendizagem, simuladores virtuais, testes, portais
educacionais, entre outros, para propor uma sequência de atividades que seja
estimuladora, desafiadora e promova aprendizagem. Ou então o professor pode
criar um jogo que conduza à aprendizagem de determinado conceito, por exemplo.
ASSIMILE
REFLITA
187
executar processos educacionais, como pretende realizá-los? Como fará a
transição das práticas tradicionalistas para as práticas inovadoras, tais
como as metodologias ativas? Talvez você não tenha as respostas para esta
pergunta, mas é sempre importante mantê-las em vista, certo?
0
seõçatona reV
EXEMPLIFICANDO
FOCO NA BNCC
188
ativas, mais apropriadas aos propósitos formativos apresentados na BNCC.
Chegamos ao final desta unidade e desta disciplina. Esperamos que você tenha
aproveitado bastante as aprendizagens até aqui. Os estudos sobre currículo vão
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perdurar por toda a sua formação e por toda sua vida profissional, visto que o
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currículo está em constante aprimoramento, atendendo as demandas
contemporâneas para formação dos educandos.
O ensino é híbrido, também porque não se reduz ao que planejamos institucionalmente, intencionalmente.
Aprendemos através de processos organizados, junto com processos abertos, informais. Aprendemos quando
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estamos com um professor e aprendemos sozinhos, com colegas, com desconhecidos. Aprendemos
intencionalmente e aprendemos espontaneamente, aprendemos quando estudamos e aprendemos também
quando nos divertimos. Aprendemos com o sucesso, e aprendemos com o fracasso. Hoje temos inúmeras
formas de aprender. Por que tantos se perdem, não se interessam, abandonam o que iniciaram? Ensino é
híbrido porque todos somos aprendizes e mestres, consumidores e produtores de informação e conhecimento.
Passamos em pouco tempo de consumidores da grande mídia para “prosumidores” – produtores e
consumidores – de múltiplas mídias, de múltiplas plataformas e formatos para acessar informações, publicar
nossas histórias, sentimentos, reflexões e nossa visão de mundo. Somos o que escrevemos, o que postamos, o
que “curtimos”. Neles expressamos nossa caminhada, valores, visão de mundo, nossos sonhos e limitações.
Num sentido mais amplo, há muitos portais e aplicativos que facilitam que qualquer um pode ser professor,
pode ensinar algo que interesse a alguém (de forma gratuita ou paga). Todos ensinamos e aprendemos o
tempo todo, de forma muito mais livre, em grupos mais ou menos informais, abertos ou monitorados.
a. É uma metodologia exclusivamente escolar, criada por pesquisadores e acadêmicos que incorporaram
práticas do cotidiano.
b. É uma proposta baseada exclusivamente em tecnologias digitais da informação e comunicação, por este
motivo se chama híbrido (bledend).
c. É uma proposta que não é própria do ambiente escolar, já que é empregada informalmente, com
recursos aos quais o aprendente tem acesso.
d. É uma prática que o ser humano emprega para adquirir conhecimentos e desenvolver competências,
independente do ambiente e da formalização escolar.
e. É fortemente utilizada em empresas, considerando que a educação corporativa não pode ser executada
no horário de trabalho.
Questão 2
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[…] metodologias ativas, como são conhecidas, trazem inúmeras vantagens nos processos de ensino e
aprendizagem, como a autonomia e o protagonismo do aluno, flexibilidade, personalização do ensino,
engajamento, aprofundamento e ampliação na abordagem de conceitos, possibilidade de transdisciplinaridade,
otimização do tempo disponível, possibilidade de debates, colaboração, trabalho em grupo… A lista de
vantagens é grande.
— (PUGLIESE, 2018)
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do processo, como protagonista da aprendizagem.
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IV. As metodologias ativas mais conhecidas são: aulas expositivas, ensino dirigido,
ensino híbrido, sala de aula invertida, aprendizagem baseada em projeto e
gamificação.
Questão 3
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As metodologias ativas vêm a calhar justamente quando há um sentimento constante de crise na educação, nos
modelos pedagógicos existentes e na escola convencional (especialmente a escola pública)”.
— (PUGLIESI, 2018)
PORQUE
REFERÊNCIAS
BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. D. M. Ensino híbrido: personalização e
tecnologia na educação, 1. ed. Porto Alegre: Penso, 2015.
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MELLO, C. de M.; ALMEIDA NETO, J. R. M. de; PETRILLO, R. P. (Orgs.). Metodologias
ativas: desafios contemporâneos e aprendizagem. Rio de Janeiro: Freitas Bastos,
2019.
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PUGLIESI, G. Porque e (para quê) tantas metodologias. Porvir, 2018. Disponível
em: https://bit.ly/2TFsQfb. Acesso em: 3 abr. 2021.
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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
CURRÍCULO E INOVAÇÕES
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Neide Rodriguez Barea
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Fonte: Shutterstock.
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Agora, é preciso desenvolver a mesma proposta para as demais metodologias.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
CRIANDO UMA PROPOSTA DE ENSINO PERSONALIZADO
Esta situação-problema será diferente das demais. Desta vez, o enfoque será sobre
sua aprendizagem. Você escolherá um tema sobre o qual precisa ou gostaria de
aprender mais, de acordo com as temáticas do seu curso de graduação. Você vai
criar uma proposta de ensino personalizado para si, estruturando as etapas de
construção de conhecimento, de consolidação e de apresentação de sua
aprendizagem.
Em primeiro lugar, decida o tema que pretende estudar. Em segundo lugar, crie
uma agenda de estudo, apontando prazos e materiais específicos a serem
investigados. Em seguida, testes e exercícios sobre esta temática, para testar se a
aprendizagem foi concretizada. Por fim, escolha uma forma de apresentar esta
aprendizagem: um paper, um seminário, um vídeo expositivo.
É importante que você possa socializar sua proposta com seus colegas.
RESOLUÇÃO
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Este roteiro irá ajudá-lo a elaborar a proposta desta metodologia ativa,
chamada ensino personalizado. Você vai perceber que também se associa à
sala de aula invertida, uma vez que há uma preparação (pré-aula), uma
execução (aula) e uma reflexão ou síntese final (pós-aula).
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Esboço da proposta de ensino personalizado
Tema a ser estudado: determine aqui aquilo que você precisa aprofundar ou
tem interesse, dentro da área de educação.
Agenda de estudo:
Aqui você vai arrolar os seguintes itens, organizados como uma agenda de
estudo, de forma que atenda sua própria metodologia de aprendizagem:
Bom trabalho!
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