Você está na página 1de 6

Letícia Cavalcante - UFDPar1

Aula 4 | Mecanismo de ação dos fármacos

Mecanismo de acao dos

INTRODUÇÃO FÁRMACOS DE AÇÃO INESPECÍFICA


A ação de fármacos estruturalmente inespecíficos, tais
É importante lembrar a diferença entre farmacocinética (a
como depressores biológicos, classe a que pertencem os
ação do corpo sobre o fármaco) e farmacodinâmica
anestésicos gerais, alguns antifúngicos tópicos, a maioria
(ação do fármaco sobre o corpo). Iniciaremos o estudo da
dos antissépticos, certos hipnóticos e os inseticidas voláteis,
farmacodinâmica
não decorre de sua interação com receptores específicos,
Farmacocinética Farmacodinâmica mas resulta de suas propriedades físico-químicas, como o
Vias de administração grau de ionização, a solubilidade, a tensão superficial e a
Local de ação
Absorção atividade termodinâmica. Parece que sua ação deriva do
Mecanismo de ação
Distribuição acúmulo de tais fármacos em algum ponto de vital impor-
Efeitos
Biotransformação
tância para a célula, com a desorganização consequente
de uma cadeia de processos metabólicos.
Concentração do fármaco: É essencial a concentração do
• Não têm sítio alvo;
fármaco no local do receptor. O fármaco deve chegar ao
• Sua ação está relacionada a propriedades físico-quími-
local de ação em uma concentração adequada para pro-
cas (pKa, solubilidade, caráter ácido ou básico, etc);
duzir o efeito desejado (eficácia terapêutica) evitando as-
• Aumento das concentrações não produz alterações sig-
sim o efeito subterapêutico de uma subdose.
nificativas no efeito;
Importante: Os fármacos não criam novas funções no or- • Não há relação estrutura-atividade definida
ganismo, apenas as alteram.
Exemplos: Laxantes, sucralfato, antisséptico, dimeticona,
FATORES QUE INTERFEREM NA INTENSIDADE DO EFEITO DO FÁRMACO antiácidos

• Dose administrada: se houver subdose o efeito é subtera- Antiácidos: antiácidos são bases fracas e não têm um sítio
pêutico ou nem há efeito alvo, eles neutralizam momentaneamente o ácido exces-
• Intervalo entre as doses sivo no estômago. O aumento da concentração do antiá-
• Via de administração cido não alterará o pH fisiológico do estômago, ou seja, o
• Grau de ligação às proteínas plasmáticas aumento da sua concentração não altera o efeito.
• Grau de biotransformação e excreção
Florax: ou recompositores de flora que agem reconstituindo

FÁRMACOS ESPECÍFICOS E INESPECÍFICOS a flora

Fármacos podem exercer seu efeito por uma ação especi- Dimeticona: presente nos medicamentos flagas ou luftal -

fica ou inespecífica no organismo surfactante, substância que rompe a tensão superficial de


dois meios que se misturam com dificuldade, faz a interface
Fármacos inespecíficos Fármacos específicos entre o ar produzido na luz intestinal e a superfície da mus-
culatura, diminui a tensão superficial entre os gases e os
Não há sítio alvo definido Os sítios são definidos
fluidos corporais e assim facilita a eliminação dos gases na
Alta seletividade (chave-fe-
Não é altamente seletivo forma de flatulência ou eructação.
chadura) e especificidade
Aumento da concentração não Aumento da concentração Sucralfato: polímero que em contato com o ácido ele se
aumenta efeito intensifica o efeito polmeriza e forma um filme proteção em cima da ferida ou
Ação por suas próprias propri- Ação por interferência re- úlcera estomacal, para os alimentos passem sem machu-
edades físico-químicas ceptores farmacológicos car o estômago.

@LSTUDYMED
Letícia Cavalcante - UFDPar 2
Aula 4 | Mecanismo de ação dos fármacos

FÁRMACOS DE AÇÃO ESPECÍFICA CONCEITOS


Fármacos estruturalmente específicos devem sua ação à
Capacidade de se ligar aos receptores e pro-
ligação a receptores ou aceptores específicos. Eles podem Atividade
duzir resposta (alfa = atividade intrínseca,
atuar por um dos seguintes mecanismos: ação sobre enzi- intrínseca
pode variar de 0 a 1)
mas, antagonismo (pode interagir quimicamente com o
agonista e o inativar), supressão de função gênica (podem Reconhece o receptor, se liga a ele e produz
Agonista
resposta máxima (alfa = 1). Exemplo: dopa-
atuar como inibidores da biossíntese dos ácidos nucléicos total
mina, 5-ht
ou como inibidores da síntese proteica) e ação sobre
membranas (alteração na sua estrutura ou interferência Reconhecer o receptor, se liga a ele mas não
Agonista
em seus sistemas de transporte). produz resposta máxima (resposta interme-
parcial
• Atuam apenas em sítios definidos; diária) (0<a<1). Exemplo: pindolol
• Sua ação ocorre por interferência com sistemas enzimá-
Não possui atividade intrínseca (alfa =0).
ticos, proteínas carreadoras, ácidos nucléicos e recepto-
Exemplo: atropina, propranolol. Agonistas, an-
res farmacológicos;
Antagonista tagonistas e agonistas parciais são exemplos
• Alto grau de seletividade e especificidade de ação; de ligantes ou moléculas que se ligam ao
• Apresentam relação definida entre estrutura química e a centro de ativação no receptor
atividade farmacológica exercida (relação chave-fecha-
Reconhece os receptores, se liga a ele e pro-
dura);
duz resposta diferente da resposta do ago-
• O aumento da concentração aumenta o efeito Agonista
nista, produz uma resposta diferente da espe-
inverso
rada, que pode ser até contrária. Exemplo:
ALVOS MOLECULARES FARMACOLÓGICOS MAIS IMPORTANTES
bcr-ab1, câncer
• Enzima: ativar, inibir ou reativá-las
• Moléculas transportadores GRUPOS DE RECEPTORES FARMACOLÓGICOS
• Canais iônicos
• A capacidade de o fármaco adaptar-se ao receptor de-
• Receptores farmacológicos
pende das características estruturais, configuracionais e
RECEPTORES FARMACOLÓGICOS conformacionais de ambos, fármaco e receptor.
• Conformações e interações químicas de fármacos e re-
• Reconhecem seus ligantes entre várias outras substân-
ceptores podem determinar estruturas primárias, secun-
cias
dárias, terciárias e quaternárias.
• Acoplam-se aos ligantes com elevada afinidade
• Ligação entre fármacos e receptores se dá através de sí-
• Atuam como transdutores de sinal: extracelular-intrace-
tios alvos
lular
• Sítio alvo: local de ligação do fármaco com o receptor.
• Responsáveis pela seletividade da ação dos fármacos:
• Tipos de interação fármaco-receptor: Van der Waals, hi-
Fármaco é específico para certo alvo molecular.
drogênio, iônica e covalente.
• Determinam as relações entre dose e efeito: Os recepto-
• Fatores que influenciam a interação: hidrofobicidade, hi-
res que vão quantificar a resposta. Quando aumenta a
drofilicidade, estereoquímica do fármaco
dose, mais fármaco chega no tecido, mais alvos são re-
crutados, maior a intensidade da resposta CLASSIFICAÇÃO DOS RECEPTORES FARMACOLÓGICOS
• Determinam a ação de agonistas (reconhece o receptor,
Os principais alvos das drogas são: receptores, enzimas,
se liga e produz uma resposta) e antagonistas (reconhe-
canais iônicos, DNA, matriz óssea e moléculas transporta-
cer os receptores, se liga a ele, não produz resposta, mas
doras. O fator inicial para a resposta de determinado tecido
pode ter efeito clínico e impede que o agonista se ligue
a uma molécula sinalizadora (também chamada Iigante)
para fazer seu efeito)
é o acoplamento dessa molécula a outra molécula especí-
Observação: Quando o antagonista se liga não causa res- fica chamada receptor. O complexo ligante-receptor irá,
posta. Mas tem efeito clinico, como por exemplo a analge- então, ativar ou inativar os sistemas efetores dos recepto-
sia do Buscopan (antagonista muscarínico) res, os quais, através de vários passos metabólicos, vão de-

Exemplo: Receptores de acetilcolina sencadear a resposta celular. Os sistemas efetores dos re-

→ Nicotínicos: placa motora, junção neuromuscular, SNC ceptores incluem, principalmente, canais iônicos, enzimas

→Muscarínicos: sistema nervoso periférico, musculatura lisa (adenilil ciclase, guanilil ciclase, fosfolipases A2 e C, tirosina

uterina, glândulas salivares, coração cinase) e transcrição gênica. Quando ativados pelo com-
plexo ligante-receptor, esses efetores iniciam uma cascata

@LSTUDYMED
Letícia Cavalcante - UFDPar 3
Aula 4 | Mecanismo de ação dos fármacos

bioquímica amplificadora que termina com a resposta bi- fármaco se fixa e produz uma resposta mensurável. Assim,
ológica. Os canais iônicos e enzimas são efetores de recep- enzimas, ácidos nucleicos e proteínas estruturais podem
tores superficiais, situados na membrana plasmática. A atuar como receptores de fármacos ou de agonistas en-
transcrição gênica é induzida por receptores citossólicos e dógenos. Contudo, a fonte mais rica e terapeuticamente re-
nucleares. A ativação dos efetores é realizada, em geral, de levante de receptores farmacológicos são proteínas que
modo indireto, através, por exemplo, de proteínas interme- transduzem sinais extracelulares em respostas intracelula-
diárias (proteínas G), podendo excepcionalmente haver res. Esses receptores podem ser divididos em quatro famí-
uma ativação direta, como acontece com os receptores lias: 1) canais iônicos disparados por ligantes; 2) receptores
acoplados à tirosina cinase. acoplados à proteína G; 3) receptores ligados a enzimas; e
4) receptores intracelulares. O tipo de receptor com o qual
Outra forma de introduzir esse assunto: A farmacologia de-
o ligante interage depende da natureza química do ligante.
fine receptor como qualquer molécula biológica à qual um

Figura. Classificação dos receptores farmacológicos

Tipos de receptores Ação Exemplos


Canais iônicos • Íons fluem através na membrana e regulam a condutância elétrica • Nicotínico
(ionotrópicos) • Neurotransmissão, condução cardíaca, contração muscular e secreção • GABA
• Possuem proteínas intermediárias que auxiliam na sua função
• Visão, olfação, neurotransmissão
• Existem várias isoformas de proteínas G • Adrenérgicos
Receptores acoplados à pro- • Transmitem informação para a célula, ligando-se à proteínas (proteína • Muscarínicos
teína G (metabotrópicos) G) ligadas na membrana que, após ativadas pelo complexo agonista- • Serotominérgicos

receptor, disparam processos bioquímicos celulares. • Dopaminérgicos

• Local de ação de quase todos os fármacos conhecidos


• Encontrados em todos os eucariotos

Receptores com domínios ci- • Aumentam a função enzimática no citosol • Receptores de hormônios
tossólicos enzimáticos • Receptores com tirosinocinases, tirosinofosfatases, guanilil ciclases • Fatores de crescimento

• Enzimas
• ligante precisa difundir-se para dentro da célula
Receptores intracelulares ou • Fatores reguladores de
• Receptores nucleares: possuem como ligantes corticóides, vitamina D,
nucleares transcrição
hormônios
• Proteínas estruturais

@LSTUDYMED
Letícia Cavalcante - UFDPar 4
Aula 4 | Mecanismo de ação dos fármacos

• Enzimas e fatores de transcrição: estão presentes no citoplasma, vão


agir no núcleo. Para o fármaco entrar na membrana e atingir esse re-
ceptor precisa ter grande lipossolubilidade

• Enzima conversora de
Enzimas
• Localizam-se no espaço extracelular angiotensina (ECA)
extracelulares
• Acetil-colinesterase
Receptores de
• Realizam a adesão da superfície celular • Integrinas
adesão de superfície celular

Cuidado: enantiômeros guanosine triphosphate), e as subunidades β e γ ancoram


Morfina, atropina: isômero “L” a proteína G na membrana celular. A ligação de um ago-
Talidomida: (D) náusea; (L)danos ao feto nista ao receptor aumenta a ligação de GTP na subunidade
Propoxifeno: (D) analgésico; (L) antitussígeno α, causando a dissociação do complexo α-GTP do com-
plexo βγ. Então esses dois complexos podem interagir com
CANAIS IÔNICOS (IONOTRÓPICOS)
outros efetores celulares, em geral enzima, proteína ou ca-
São receptores transmembrana disparados por ligantes. A nal iônico, responsáveis por ações adicionais dentro da cé-
porção extracelular dos canais iônicos disparados por li- lula. Essas respostas geralmente duram de vários segundos
gantes em geral contém o local de ligação. Esses locais re- a minutos. Algumas vezes, os efetores ativados produzem
gulam o formato do poro através do qual os íons fluem segundos mensageiros que ativam outros efetores adicio-
através da membrana celular. Em geral, o canal está fe- nais na célula, causando um efeito cascata.
chado até que o receptor seja ativado por um agonista que
• Importantes em diversas funções biológicas, como visão,
abre o canal brevemente, por poucos milissegundos. De-
olfação, neurotransmissão. As proteínas G podem promo-
pendendo do íon conduzido através desses canais, os re-
ver a ativação de cascatas intracelulares (tabela abaixo)
ceptores mediam diversas funções, incluindo neurotrans-
• Diferentes isoformas de proteínas G: interações com dife-
missão e contração cardíaca ou muscular. Por exemplo, a
rentes moléculas efetoras
estimulação do receptor nicotínico pela acetilcolina resulta
• Exemplos: receptores adrenérgicos e muscarínicos
em influxo de sódio e efluxo de potássio, gerando um po-
tencial de ação no neurônio ou contração no músculo es-
quelético. Por outro lado, a estimulação do receptor ácido
γ-aminobutírico (GABA) pelo agonista aumenta o influxo
de cloretos e hiperpolariza os neurônios. Os canais iônicos
disparados por voltagem também podem ter locais de fi-
xação de ligantes que podem regular a função do canal.
Por exemplo, os anestésicos locais se ligam ao canal de só-
dio disparado por voltagem, inibindo o influxo de sódio e di-
minuindo a condução neuronal.

• Fundamentais para neurotransmissão, condução cardí-


aca, contração muscular e secreção
• Regulação da condutância: pode ser por ligante, por vol-
tagem e por segundo mensageiro
• Exemplos: receptores GABA e nicotínicos

RECEPTORES ACOPLADOS A PROTEÍNA G (METABOTRÓPICOS)


Receptores transmembrana acoplados à proteína G. O do-
mínio extracelular deste receptor contém a área de fixação
do ligante, e o domínio intracelular interage (quando ati-
vado) com a proteína G ou com a molécula efetora. Há vá-
Figura. Receptor acoplado à proteína G: A ligação ao ligante muda
rios tipos de proteínas G (p. ex., Gs, Gi e Gq), mas todas são
a figura: o GPCR é ativado e faz com que a proteína G mude de
compostas de três subunidades de proteínas. A subuni-
GDP para GTP. A proteína G agora ativa separa-se em duas partes
dade α liga trifosfato de guanosina (GTP, do inglês (uma chamada subunidade α, a outro composto por duas

@LSTUDYMED
Letícia Cavalcante - UFDPar 5
Aula 4 | Mecanismo de ação dos fármacos

subunidades β e γ), que são liberadas do GPCR. As subunidades O receptor ativado fosforila resíduos de tirosina nele próprio
podem interagir com outras proteínas, acionando uma via de si- e em outras proteínas específicas. A fosforilação pode mo-
nalização que leva a uma resposta.
dificar de modo substancial a estrutura da proteína-alvo,
atuando, assim, como um interruptor molecular. Por exem-
plo, quando o hormônio peptídico insulina se liga a duas de
suas subunidades receptoras, a sua atividade tirosinoci-
nase intrínseca causa autofosforilação do próprio receptor.
Por sua vez, o receptor fosforilado fosforila outros peptídeos
ou proteínas, que ativam na sequência outros sinais celula-
res importantes. Essa cascata de ativações resulta na mul-
tiplicação do sinal inicial, muito semelhante aos receptores
acoplados à proteína G.

• Receptores com tirosinocinases, tirosinofosfatases, guanilil


ciclases
• Exemplo: receptores de vários hormônios e fatores de
crescimento

Figura. O reconhecimento do sinal químico pela proteína G aco-


plada ao receptor de membrana afeta a atividade da adenililci-
clase. Um efetor comum, ativado por Gs e inibido por Gi, é a ade-
nililciclase, que produz o segundo mensageiro monofosfato de
adenosina cíclico (AMPc). A Gq ativa a fosfolipase C, gerando dois
outros segundos mensageiros: o trifosfato 1,4,5-inositol (IP3) e o di-
acilglicerol (DAG). O DAG e o AMPc ativam diferentes proteinoci-
nases no interior da célula, levando a uma miríade de efeitos fisio-
lógicos. O IP3 regula a concentração intracelular de cálcio livre, bem
como algumas proteinocinases.

Principais proteínas G e exemplos de suas ações


Proteínas G Ações
Ativa os canais de Ca2+, ativa a adenilil
G estimuladora (GS)
ciclase
Ativa os canais de K+, inibe a adenilil ci-
G inibitória (Gi)
clase
Go Inibe os canais de Ca2+
Gq Ativa a fosfolipase C
Diversas interações com transporta-
G12/13
dores de íons

RECEPTORES TRANSMEMBRANA DOMÍNIOS CITOSSÓLICOS ENZIMÁTICOS


Receptores transmembrana com domínios citosólicos enzi-
máticos. Esta família de receptores consiste em uma pro-
teína que pode formar dímeros ou complexos de subunida-
des múltiplos. Quando ativados, esses receptores sofrem
alterações conformacionais, resultando em aumento da
atividade enzimática no citosol, dependendo de sua estru-
tura e função. Essa resposta dura de minutos a horas. Os Figura. Receptor da insulina (receptor citozólico enximático) e re-
receptores ligados a enzimas mais comuns (fator de cres- ceptores intracelulares, respectivamente.

cimento epidermal, fator de crescimento derivado de pla- RECEPTORES INTRACELULARES


quetas, peptídeo natriurético atrial, insulina e outros) pos-
O receptor é inteiramente intracelular, e, portanto, o ligante
suem atividade tirosinocinase como parte da sua estrutura.
precisa difundir-se para dentro da célula para interagir

@LSTUDYMED
Letícia Cavalcante - UFDPar 6
Aula 4 | Mecanismo de ação dos fármacos

com ele. Para mover-se através da membrana da célula- ENZIMAS EXTRACELULARES


alvo, o ligante deve ser suficientemente lipossolúvel. O alvo Exemplos: enzima conversora de angiotensina (ECA), ace-
primário desses complexos ligante-receptor são fatores de tilcolinesterase. A enzima conversora de angiotensina
transcrição no núcleo da célula. A fixação do ligante com (ECA) é uma proteína de membrana encontrada no endo-
seu receptor geralmente ativa o receptor por meio de sua télio arterial, nos tecidos epiteliais e neuroepiteliais. Ela é
dissociação de uma variedade de proteínas. Então, o com- considerada um componente do sistema renina angioten-
plexo ligante-receptor ativado se desloca até o núcleo, sina, visto que possui a função de converter a angiotensina
onde se dimeriza, em geral, antes de ligar-se aos fatores de I em angiotensina II, um hormônio que tem efeito vaso
transcrição que regulam a expressão gênica. A ativação ou constritor e consequentemente, hipertensivo. Já a acetilco-
inativação desses fatores causa a transcrição do DNA em linesterase (AChE) é uma enzima cuja ação é crucial na
RNA e a translação do RNA em uma série de proteínas. O propagação do impulso nervoso. A AChE inativa a ação do
curso temporal da ativação e da resposta desses recepto- neurotransmissor acetilcolina hidrolisando-o em acetato e
res é da ordem de horas ou dias. Por exemplo, os hormônios colina.
esteroides exercem suas ações em células-alvo por meio
RECEPTORES DE ADESÃO DA SUPERFÍCIE CELULAR
de receptores intracelulares. Outros alvos dos ligantes in-
Exemplo: Integrina. As integrinas são receptores de adesão
tracelulares são proteínas estruturais, enzimas, RNA e ribos-
presentes na superfície celular, responsáveis pela ligação
somos.
entre a célula e a matriz extracelular
• Enzimas: exemplo → ciclooxigenase (AINEs)
• Fatores reguladores de transcrição: exemplos → recepto- RESUMÃO
res para hormônios esteróides; PPAR • Farmacodinâmica → efeitos dos fármacos
• Proteínas estruturais: exemplos → tubulina, RNA • Ação inespecífica ou específica

RECEPTORES NUCLEARES • Alvos: enzimas, moléculas transportadoras, receptores


• Receptores: origem proteica, classificação, distribuição e
Receptores nucleares (NRs) são proteínas reguladoras do
efeitos diferentes
desenvolvimento e diferenciação celular e da fisiologia or-
• lonotrópicos, metabotrópicos, enzimáticos, intracelulares
gânica, tendo como função regular a transcrição gênica.
• Processamento e amplificação de resposta, seletividade
Eles são fatores de transcrição dependentes de ligante que
• Planejamento racional da terapêutica
atuam em sequências específicas de DNA. Os receptores
nucleares constituem uma superfamília de fatores de REFERÊNCIAS
transcrição regulados pela interação com hormônios. Esta
BRUNTON, L.; CHABNER, B.A.; KNOLLMANN, B.C. (Org.) As bases
superfamília inclui, por exemplo, os receptores de hormônio
farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12.
tireoidiano, estrogênio, androgênio, glicocorticóide e mine-
ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
ralocorticóide.
• Exemplos: Corticóides, vitamina D, hormônios

@LSTUDYMED

Você também pode gostar