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AULA 2

MATERI
ALDEAPOI
O
Cet
ici
smo:
duvi
darpar
asobr
evi
ver
.

PROF.DENNYS XAVIER
MOLDE EM GESSO (
QUE REPRODUZ UM BUSTO ORI
GI-
NAL PERDI
DO)FI
GURANDO CARNÉADES,UM ACADÊMI
-
CO CÉTI
CO,UMA FI
GURA MUI
TO CONHECI
DA NA ANTI
-
GUI
DADE,O MOLDE É CONSERVADO NO MUSEU DE ARTE
DE COPENHAGUE.
NASCI
MENTO DO MOVI
MENTO CÉTI
CO
Ant esmesmodeEpi curoeZenãof undar em suasescol as,Pi r
ro, daci dadenat aldeÉl i
da, apar tir
de323a. C.(oupoucodepoi s)
,di fundi aseunovodi scursocét i
co,dandoi nícioaumacor rentede
pensament odest i
nadaat ernot ávei sdesenvol vi
ment osnomundoant i
go,eat émesmo,comoo
Jardi m eoPór t
ico,dest i
nadaacr iarum novomododepensareumanovaat i
tudeespi ri
tual,que,
nahi stóri
adasi deiasdoOci dent e,ficar ácomopont osfixosder eferência.Pi rr
onãof undouuma
verdadei raescola,nãoacol heudi scípulosenãoqui snem mesmofixarporescr it
osuapal avr a.
Qui s,
ao cont r
ário,r
etomaro exempl o deSócr at es,convenci do dequeat ravésdapal avr a,ou mel hor
ainda,nãoapenasat r
avésdapal avr a,massobr et
udopel otest emunhodevi da,dever -se- i
aepod-
er-se- i
acomuni caramai saut ênt icamensagem dasabedor iafil osófica.Seusdi scípul osnãose-
guir am osesquemast radicionais;mai sdoquever dadeirosdi scípulos,foram admi r
ador esei mi ta-
dor es:homensquebuscavam nomest r esobr etudoum novomodel odevi da,um par adi gmaexi s-
tenci alaoqualr eferi
r-seconst ant ement e,umapr ovasegur adeque, apesardost rágicosacont eci-
ment osqueabal avam ost empos, apesardar uínadaant i
gat abel adeval oresét i
co- pol í
ticos,afel i
-
cidadeeapazdoespí ritoaindaer am al cançávei s,mesmoqueseconsi derassei mpossí velconst ruir
epr oporumanova. Exatament eni ssoest áanovi dadequedi stingueamensagem dePi rronãosó,
obvi ament e,damensagem dosfil ósofospr ecedent es,quebuscavam asol uçãodeout rospr ob-
lemas, mast ambém damensagem dosfil ósof osdesuaépoca, dosf undador esdoJar di m edoPór -

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
tico,quebuscavam asol uçãodomesmopr obl ema,opr obl
emadavi da:anovi dadeest ánacon-
vicçãodequeépossí velviverdemanei rafeliz,mesmosem aver dadeesem osval ores,pelomenos
taiscomof oram concebi dosevener adosnopassado.O Jar di m eoPór tico,quesur gir
am poucos
lust r
osdepoi s,quandoodi scur sodePi rr
ocomeçavaadi fundir-selent ament e,embor aconcordan-
do em at ribui rao sábi o uma sér ie de car act erí
sticasessenci aisj á clar ament ei ndividuadaspor
Pi rr
o,assumi ram umaposi çãodi amet ralment eopost aàdePi r r
o,pr ocl amando,com ext remafir -
meza,queaosábi osãoi ndi spensávei sdogmasecer tezase,por tant o,r eafirmar am aconvi cção
pr ofundament egr egadequeosereaver dadeexi stem esãoal cançávei spel ohomem,equea
regr adovi verf elizsópodebr otardaquel amet aedar econst ruçãodeumapr eci satabeladeva-
lores.ComoPi rrochegou ài nver sãodessaconvi cçãot ãotípicadoar côni odosgr egos ?E como
pôdededuzi ruma" r
egr adevi da"econst rui ruma" sabedor i
a",r enunci andoaosereàver dade,e
decl arandot udovãoemer aapar ênci a?Umar espostaaessespr oblemassópodeserdadal evando
em cont at rêsf ator es:a)oexat omoment ohi stóriconoqualamadur eceuopensament odePi r
ro,
em par ti
cul ar,apar t
icipaçãodofil ósof onagr andeexpedi çãodeAl exandr e;b)oencont rocom o
Or iente,quel her evel ouum t ipode" sabedor ia"totalment edesconheci dopel osgr egos;c)osme-
streseascor rent esfil osóficasgr egasdasquai seleextraiuosi nstrument osconcei tuaisparaaelab-
or açãoef ormul açãodeseu pensament o.Exami nemos,poi s,cadaum dessesf atoresindividual-
ment eebusquemosdet er mi narsuai ncidênci aesuai mpor tânci a.

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
PI
RRO EAREVOLUÇÃO DEALEXANDRE
Jáesclar
ecemosaci maoquesi gnificaram paraogregoaexpedi çãodeAlexandre,bem comoa
conquistadoOr i
ente,eem ger al,arevoluçãodaor dem polí
ticaeideológi
cadomundoant i
goop-
eradaporel e.Signi
ficaram — r ecordemo- lobrevemente— ar uí
nadaCi dade-Est
ado,adestruição
daliberdadeent endidaàmanei ragr ega,arupturadaidentificaçãodehomem eci dadão,aigual-
i
zaçãoent regr egosebár baros,aafir maçãodocosmopol it
ismo,adescober taeaexal t
açãodoi n-
diví
duo,adi fusãodacul turahel ênicacom aconsequent eassi mil
açãodeel ementospr ópri
osde
outrasculturas,par
ticul
arment eadoOr i
ente.

Ora,Pirr
ofoi,entr
et odososfundador esdasnovasescolas,quem demodomai sdir
etoei medi ato
viveu essemoment o deradicalrupturadavi daespiri
tualdaant i
guidade,enquant o part
icipou,
juntocom ofil ósof
oAnaxar codeAbder a,dagrandeexpedi çãodeAl exandre,eassist
iu pessoal-
ment eaodesenvol vimentodosgr andeseventosaoredordaexcepci onalpersonal
idadedopr otag-
onista,oqual,com umavont adeil
imitadaeumaaudáci aquepar eci
ainumana, foidestr
uindot udo
oqueer aconsi der
adoi ndestr
utí
vel,fazendodesabarasmai santi
gaseenr ai
zadasopi ni
õesdos
gregoseabr indopar aahistóri
adesconcer t
antesperspectivas.

Nãoépoi ssurpr
eendenteque,just
ament e,opensamentodePi r
ro,
maisdoqueodosoutrosfil
ó-
sofos,senti
sseoviol
entoi
mpact odessasnovasreali
dades.Assi
m comoagrandeexpedi
çãodeAl-
exandr e,daqualPirr
oparti
cipou,const
ituium aconteci
ment o— porassi
m di
zer— deruptur
a,

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
analogament e,também opensament opir
onianor
epr esent a— comof oibem observado— "uma
filosofiader uptura"
,val
edizer,
um pensamentoqueassi nalaumabr uscapassagem deum mundo
aout r
o:Pir
rosi t
ua-senopr eci
somoment oem queaconsci ênci
aper dealgumasver dadesenão
consegueaindaencont raroutrase,
port
anto,
comof oijustament edit
o,si
tua-se"nomar cozer
oda
verdade"
.

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
O ENCONTRO COM O ORIENTEEO
I
NFLUXO DOSGI NOSOFISTAS
Ent r
easvár i
asexperiênciaspelasquai sPi
rropassou,seguindoaAl exandre,equeoi nfluencia-
ram dedi versosmodos,umaf oideexcepcionali
mpor t
ânciae,em cer t
amedi da,talvezdet ermi-
nant e:oencontrocom os" ginosofistas",umaespéciedesábiosdaÍndi a,quelevavam umavi dade
ti
pomonást i
co, t
odavoltadaàsuper açãodasnecessidadeshumanas, aoexercícioder enúnciadas
coisaseàconqui st
adai mpassi bi
li
dade.Essesginosofist asi
mpressionaram not avelment etodoo
séqui t
odeAl exandre:sabemos— ent r
eoutrascoisas— queOnesí cri
toacreditout erencont r
ado
neles,em certamedi da,oidealdafil osofiacíni
ca.

Or
a,oinfluxodosgi
nosofist
assobr
ePi
rroj
áfoi
dest
acadocom pr
eci
sãopel
osant
igos.
Rel
ataDi
ó-
genesLaérci
o:

[Pi
rro]t
eveapossibi
lidadedeest abel
ecerrel
açõescom osginosofist
asnaÍ ndi
a,em suasviagens
com osmagos.Dal iti
roumai orestímuloparasuasconvicçõesfil
osóficas,eparecequeabr iupara
siaviamai snobrenafil osofia,
enquant oint
roduziueadot ouospri
ncí
piosdaakat al
exí
a(istoé,da
ir
representabi
li
dadeoui ncompr eensãodascoisas)edaepoché(i
stoé,dasuspensãodojuízo):
esse
primadof oi
-l
heatri
buídoporAscâni odeAbder a.

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
Reti
rava-sedomundoebuscavaasol idãotr
anquil
a,demodoquer ar
ament emostrava-
seaosde
casa.Compor tava-seassi
m por
queouviuum hindur epr
ovaraAnaxarco,di
zendo-
lhequejamais
poderiainstr
uiralguém asermelhor
,enquantoel
emesmof r
equent
asseascortesr
eaiseobsequi
-
asseosreis.

Hámais,porém.Oshi st
oriador
esr el
atam-nosum epi sódiorelat
ivoaum dessesgi nosofistas,de
nome Calano,que teve grande eco.Calano deu-se voluntari
ament e à mor t
e,jogando-se nas
chamasesupor t
andocom i mpassibili
dadeosespasmosequei maduras.Calano,port
anto,demon-
str
avaqueseépossí velacol
hercom i mpassibi
li
dadeat éosquesãoconsi deradosospioresmal es,
el
esnãodevem t erem siaquela"reali
dade"eaquela" natureza"
,quelhessãocomument eatribuí-
dase,em todocaso,queosábi opodeest arem condiçõesdepôr -
seacimadel es.

Ei
sanar
raçãodof
ato,
for
neci
daporPl
utar
co:

Calano,queporum br eveperí
odof oiat
orment adopordor esnoventre,pediuquel heerigissem
umaf ogueir
a.Depois,di
ri
giu-
seaol ugaracavalo,rezoueder ramouasl i
baçõesf únebressobr esi
mesmo,cor touumamechadospr ópri
oscabel
oseof er
eceu- aaosdeuses,comoseusanossacr i
-

cios,esubiuàf oguei
ra,
saudandoosmacedôni ospr esenteseexortando-osat r
anscorr
erpr azero-
sament eaquel ediaeabanquet ear-
sejuntoaor ei,oquallogo,disseel
e,dever i
areverBabi lôni
a.
Ditoisso,dei
tou-seecobri
uacabeça. Ofogoaproximou- se,
masel enãosemoveu: comoest avade-
it
adoassi m,permaneceu, i
molando-sesegundoousodossábi osdoseupaí s.

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
Pir
ro,notest
emunhodeCalano,assi
stiuàdemonstr
açãoaovi
vodaquel
aidei
aque,comovi
mos,
estavadesti
nadaatri
unf
arnaerahelenísti
ca,
ist
oé,
aidei
adequeosábiopodeserf
eli
zmesmoem
mei oatormentos.

Cer
tamenteoencont r
ocom osgi nosofist
asecom Cal anocont r
ibui
u,juntoecont empor
anea-
mentecom ar uí
nadosvaloresclássi
cosdagr eci
dadeprovocadaporAl exandre,par
aamadur ecer
em Pirr
oaconvicção"
dairr
ealidadedet udooquepar ece"real
''
,val
edizer,ai
deiafundamentaldo
seucetici
smo.

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
O PI
RRONI
SMO COMO SI
STEMAPRÁTICO
DESABEDORIAEASSUASTRÊSREGRAS
FUNDAMENTAIS
Mascomoeoquepodeconst
rui
rPi
rrosobr
eesseani
qui
lament
odoseredosseuspr
incí
pios
?

Ossofistas,
quenegaram oSereaVerdade,desl
ocar
am par
aohomem asuaconfiança:Protágo-
ras,comovimos,procl
amoucomocr i
téri
oemedi daohomem eoseul
ógos;Górgi
as,quenegou
valortambém aológos,pr
ocl
amoucomocr it
érioapal
avr
aeafirmouaonipot
ênciadapalavra.

MasPirronãotem maisconfiançanem sequernohomem (


e,por
tant
o,t
ambém nol
ógosena
palavr
a),
porquesenteasuanuli
dade.

(
Derest
o,arrasadoi
ntei
rament eoser
,ficam t
ambém ar
rasadosohomem,
oseul
ógoseasuapa-
l
avra)
.Conta-
sequel heagradavam

par
ticul
arment
eosversosnosquaisHomer ocant
aaf
ragi
li
dade,apequenez,ami
sér
iaeanul
i-
dadedohomem. Escr
eveDiógenesLaér
cio:

Fi
lo,oat
eni
ense,seuí
nti
moami
go,di
ziaquePi
rromenci
onavamui
toami
údeaDemócr
ito,mas

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
t
ambém aHomer
o,aquem admi
ravaedoqualcost
umavaci
tarover
so:

Qualaest
irpedasf
olhas,
amesmat
ambém adoshomens.

Elouvava-
oai
ndapor
quecostumavacompar
aroshomensàsvespas,àsmoscaseaospássar
os.
Eci
tavadebom gr
adoossegui
ntesver
sos:

Port
anto,
ami
go,
também tumor r
es!Porqueassi
m chor
ast
eudest
ino?Mor
re,
também,
Pát
roc-
l
o,queer
amuit
omaisval
orosoquetu.

etodasaspassagensal usi
vasàinstabi
li
dadedacondi çãohumana, àinutil
idadedospropósi
tose
àpuer i
lloucuradohomem. Então,seosernãoémai scri
térioeocri
tér
ionãopodesernem sequer
ohomem, ondebuscarocr i
tér
io?ArespostadePirr
oé: em parteal
guma. O cri
tér
ioéarenúnciaao
cri
téri
o,oumel hor,
arenúnciaaambosost i
posdecritér
io,renúnci
adaqualdependeumasér iede
consequênci as,comologoveremos,e,nol i
mite,aaquisiçãodeum critér
iocompl et
amentedifer
-
entedaquel es.

Aresposta de Pi
rro est
á cont
ida num testemunho pr
eci
oso do per
ipatét
ico Ar
istocles,que a
ext
raidir
etament edasobr asdeTimon,discí
puloimedi
atodePirro.
Relata,
pois,Ari
stocles:

[
Pir
ro]nãodei xou nadaescr i
to,masoseu di
scípuloTimon dizquequem desej aserfel
izdeve
consi
deraressastrêscoisas:
1)em pri
meirol
ugar,qualéanaturezadascoi
sas;2)em segundolugar,
dequemododevemosnosdi spordi
ant
edelas;
3)em t er
ceir
olugar,oqueresultar
áaosqueseen-
contr
am nessadi sposição.1)Ora,el
edizquePirromost raqueascoisassãoi gualmenteindi
fer
-

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
rent
es,imensuráveisei ndiscri
mi náveise,pori sso,nem nossassensaçõesnem nossasopini
ões
podem serverdadeirasouf al
sas.2)Porconsequênci a,
nãoselhesdevedarconfiança,masépr eci
-
sosersem opinião,sem incli
nação, sem agitação,afirmandodecadacoi saqueénãomai sdoque
nãoé,ouqueéequenãoé,ouai ndaquenem énem nãoé.3)Osquesepõem nessadi sposi
ção
consegui
rão,dizTimon, em pr i
mei r
ol ugar,
aaf asia,
edepoisaataraxi
a.

Essapassagem cont ém, porassim di zer ,


nost rêspont ostãoel ucidament eestabel
ecidos,oestat
-
utodocet icismopirronianoe, portanto, amat r
izdaqualbr otam t odasasformasdocet ici
smopos-
teri
or.Mas, antesdepassaràanál isedost rêspont os,convém subl i
nharosignificadoeoal canceda
premissa,naqualdi z-sequeaconsi der açãodessest rêspontosdeveserf eitapor"aquelequequer
serfel
iz"
.O moment oeudemoni stapr eval ece,portanto,niti
dament enopensament odePi rr
o.Os
desenvolviment os met odológico-dialético-polêmi cos parecem est ranhos ao pensament o do
nosso filósofo.Ost r
êspr incípioscar dinaisdo cet icismo pir
r oniano expri
mem,poi s,um sistema
práti
codesabedor i
a, edevem serl idosei nterpretadossegundoesseespí ri
to.

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
AATITUDEQUEO HOMEM DEVEASSUMI R
DIANTEDASCOISAS:AABSTENÇÃO DO
J
UÍZO EAINDI
FERENÇA
Se ascoisassão i
ndifer
entes,imensur ávei se indiscerní
veise se,porconsequênci a,senti
do e
razãonãopodem di zernem verdadenem f alsidade,aúni caatit
udecorretaqueohomem podet er
éadenãoconcedernenhumaconfiançaaossent idosnem àr azão,masper maneceradoxast os,
valedizer
,sem opinião,ouseja,abster-
sedoj uízo(oopi narésempr eum julgar
),e,consequent e-
ment e,permanecersem qual queri ncl
inação ( não incli
nar-separaumacoi samai sdo quepar a
outra),
eper manecersem agitação,ouseja, nãodei xar-seabalarporqualquercoi
sa,valedizer
,ficar
indif
erente.

Essaabst ençãodoj uízoé,sucessivamente,expressacom otermo" epoché",dederi


vaçãoest ói
ca.
Comof oir ecentement ebem obser vado,Zenãoafir mavaanecessidadepar aosábiodenãodaro
assenso,ousej a,"suspenderoj uí
zo"( epoché)diantedoqueéi ncompr eensí
veledaroassensosó
aoqueéevi dente;Arcesil
aueCar néades(comover emos)
,em polêmi cacom osestóicos,susten-
tam queosábi odeve" suspenderoj uí
zosobrequal quercoi
sa,porquenadaéevi dente.O termo
"epoché",posteriorment eret
omadopel oneopirronianoEnesí
demopar aexprimiroconceit
odeab-

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
st
ençãodoj uí
zo,tor
nou-
setermotécni
co,que,depois,f
oiref
eri
dotambém aPirr
o.Parececor
ret
o,
port
anto,conclui
rquePir
rofal
avade"ausênci
adej uízo"ou"abst
ençãodejuí
zo"(que,comover-
emos,l
evaàaf asi
a)equeotermo"epoché"éposteri
or.

Essaposiçãodet ot
alabst
ençãodoj
uízoédeumacoerênciacr
ist
ali
nacom rel
açãoaopr
incí
pio
quenegaàscoi sasosereaessênci
ae,port
ant
o,negaal
eifundamentaldoser
,ouseja,
opr
incí
pio
denão-contradição.

Escr
evi
aAr
ist
ótel
es,
ref
eri
ndo-
seaosnegador
esdasupr
emal
eidoser
:

"Éevident
equeadiscussãocom t
aladversári
onãopodedarem nada,por
queel
enãodiznada:
def at
o,elenãodi
znem queacoi saéassim,nem quenãoéassim,masdi zqueéassi
m enãoé
assim,eem segui
da,
denovo, negaumaeout r
aafirmação,
edizqueacoisanãoéassi
m nem não
assim."

Poi
sbem,
aposi
çãoquePi
rroassumeéexat
ament
eessa:

"Épreci
sonãoteropinião[
..
.]afir
mandodecadacoi
saqueé,nãomai sdoquenãoé,ouqueée
quenãoé,ouai
ndaquenem énem nãoé. "Osquesepõem nessadi
sposi
çãoconsegui
rãoem pr
i-
meir
olugaraaf
asia[.
.
.].

Sãopalavrasque,sehistor
icamentenãoconstituem umarespostaaAri
stót
eles,
representam,to-
davia,aantí
teseidealdassuasafirmações.Éclar
oqueoque, nopl anot
eóri
co,éaausênci adejuí
zo,
nopl anopráti
coéai ndif
erençapelascoi
sas,
justamentepel
of at
odenadasermai sissoqueaqui l
o.

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
Eeiscomo,nasuavida,Pir
roreal
izacom absolut
aindi
fer
ençaascoi
sasque,
par
aum gr
ego,
eram
servi
seignóbei
s,par
ael e,cont
udo, i
ndif
erentes:

"
Viveupiamentecom ai rmã,queerapar teir
a,segundoot estemunhodeEr astóstenes,nasua
obraRiquezaepobreza,ondetambém senar r
aqueàsvezesPi rr
olevavaparavendernomer cado,
segundo oscasos,pássar
ose lei
tõese fazi
aal i
mpezadacasacom per f
eitaindif
erença.Diz-se
também quedavaout raprovadeindif
erençaaol avarum l
eit
ãozinho.
"

Naturalment
e,sur
geespontâneaaobj
eçãodequetali
ndif
erençanãopodeiralém decert
osli
m-
i
tes:porexempl o,não pode sermanti
da di
ant
e das coi
sas consi
der
adas peri
gosas.Escr
evia
Arist
óteles:

"Com ef
eito,porquer azãoaquel
equer aci
ocinadessemodo[ ou sej
a,negandoopr incípi
ode
não-contr
adição]vaiver
dadeiramenteaMegaraenãoficaem casat ranqui
lo,
contentando-sesim-
plesmentecom pensarem i r?Eporque,naocasi ão,quandoocorr
e,nãodespencanum poçoou
num precipí
cio,mascuida-sebem,comoseestivesseconvencidodequeocairalinãoseri
aabsolu-
tamentecoisaboaenãoboa?Écl ar
o,por
tanto,queel econsi
deraaprimeir
acoisamelhoreaout ra
pior.
"

MasPirr
o,quer
endosercoerentenavi
dacom oseupensament
o,f
azi
aexat
ament
eisso.
Eisoque
nosér
eferi
doporDiógenesLaérci
o:

"
Asuavi
daf
oicoer
ent
ecom asuadout
rina.
Dei
xavat
odasascoi
sassegui
rem oseucur
sonat
ural

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
enãotomavaqual querprecaução,masmost rava-
sei
ndif
er ent
ediantedequalquerperi
goquel he
ocor
resse,f
ossem carrosou preci
píci
osou cães,eabsol
ut amentenadaconcediaaoar bít
riodos
sent
idos.Mas,segundoot est
emunhodeAnt ígonodeCaristo,
eram osseusamigos,quesempreo
acompanhavam, asalvá-l
odosper i
gos."

Ei
sout
rot
est
emunhonãomenossi
gni
ficat
ivo:

"Nuncaper di
aacompostura,demodoqueseal guém seintr
omet i
anoseudi scur
so,eleocon-
cluíatranquilamente,embora na j
uventude t
ivesse si
do f
aci
lmentei r
ascível[
..
.]
.Quando,certa
feit
a,Anaxar cocai
u num pântano,Pirr
ocont i
nuou oseu cami nhosem aj udá-
lo.Alguém repr
o-
vou- oportalcompor t
amento,masopr ópri
oAnaxar colouvouasuaindifer
ençaei mpassibi
li
dade."

Chegamosaqui
,sem dúvi
da,
aosl
imi
tesdosent
iment
ogr
ego.

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
ACONQUISTADAAFASI
A,DAATARAXI
A
EDAAPATIA
Àsvezes,
naMet afí
sica,Ar
istót
elesr
eafir
maquequem negaopr i
ncí
piodoser,
parasercoer
ente
com talnegação,deveriasecalarenãoexprimirabsol
utament
enada.Etalé,apar
entemente,a
concl
usãoquePi rr
otiraaopr ocl
amara"afasi
a".

Ora,aafasi
anãoéonãof alarem absol
uto,ouseja,oabsolutosil
ênci
o,masonãof al
ar,ocal
ar
sobreanat urezaesobr
eor
estantedascoisas,onãojulgaréounãoésobr eoquequerqueseja.A
afasi
a,em resumo,éumaatit
udet í
picadet odooceticismo.Sext
oEmpí r
icodefine-
adaseguinte
manei r
a:

"Sobr
eaaf asi
a,digamososeguinte:Em sentidogenér
ico,'
fasi
'éumapal avr
aquesignificaafir-
maçãoounegação, comoé'dai
',
'nãoé'.
Portanto,af
asi
aequivalearenunci
aràfasi
,noseusigni
fica-
docomum,noqualdi zemosqueest ãocontidasaafirmaçãoeanegação;demodoqueaf asi

umaafecçãointer
naanós,pelaqualnem afir mamosnem negamos. "

O af
ast
ament odascoi
sas,quealcançaomoment ocul
mi nantenaafasi
a,compor
taaat ar
axia,
val
edizer,af
alt
adeperturbação,
apazinter
ior
,a"
vidai
gualí
ssima".
EiscomoPirr
oareal
izaem sua
vi
da:

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
"
Enquant oosseuscompanhei r
osdevi agem nonavioapavoravam-seporcausadeumat em-
pestade,elepermaneciat
ranquil
oer et
omavaâni mo,apontandoum leit
ãozi
nhoqueconti
nuavaa
comer ,e acrescent
ando que t
ali mpert
ur babi
li
dade er
a exemplarpara o compor
tament
o do
sábio"
.

Rel
ataDi
ógenesLaér
cio:

"Narr
a-se,al
ém di
sso,que,quandoporalgumaf eri
daf or
am-l
heapl
icadosmedicamentoscor
ro-
si
vosetevedesubmet er-
seacortesoucauter
izações,nãocont
rai
usequeraspál
pebras.
"

Édi

cilnãor
econhecer
,nessesexempl
os,
osi
nfluxosdoscí
nicosedeCal
ano.

Rel
ataCí
cer
o:

"SegundoArist
o,obem consi
steem nãoser,nem nascoi
sasnem [
além daentreavi
rtudeedo

cio]
,movidonem aumapar tenem aoutraeissoéchamadoporeledeadi af
ori
a.MasPi r
rodi
z
queosábionem sequerseat
ém aissodeapat
ia."

Também Di
ógenesLaér
cioconfir
ma:

"
O fim doscét
icoséaapat
ia.
"

A apat
ia pi
rroni
ana é,pois,a i
nsensi
bili
dade.Eiscomo Conche a escl
areceu:"
Como pode o
homem serimpassível
,insensí
vel
?A palavranãodiz,poracaso,quenãosónãoseper tur
ba,mas
quenem sequersente?Eporquenão?Nãoéevi dentequeohomem devechegarar ef
ormarasua

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
sensi
bil
idadetotal
?Tr ata-se,comodisseCí
cerocom r azão,
nãosódeserindifer
enteesem per
tur
-
bação,masdenem sequersent i
r.Ecomoépossívelisso?Épossí
velpormeiodeumamudançano
mododer eceberasimpr essões:em vezdefazê-
lascoisasboasoumás,deixá-l
assi
mplesmentea
simesmassem emi t
irjuízo."

Essasel
uci
daçõessãoagudaseexatas.Todavi
a,quer
emosr ecor
dar
,comoj
áressal
tamos,que
exist
eum antecedent
edaapati
api
rroniananaapatiamegár
ica.

Éverdadequeaapati
aéum pont
odechegada,
eopr
ópr
ioPi
rro,
àsvezes,
nãoconsegui
useri
n-
sensí
vel,comonosénarrado:

"Mascert
af eit
aper deuacalmaporumai nj
úriadi
ri
gidaasuai rmã— quesechamavaFi l
ist
a— e,
aquem orepr eendeu,dissequeumamul hernãoéum bom pont odecompar açãoparaai ndif-
er
ença.Outravezfoiagitadopel oataquedeum cãoer eplicou,aquem or epr
ovouporisso,dizen-
doqueeradifíci
lespoli
arcompl etamenteohomem, acrescentandoquecont r
aascoisasépr eciso,
em pr
imeir
ol ugar,sepossível
,lutarcom f
atos,docontr
ário,com arazão.
"

Nessar espostaestái ndubit


avel
ment econtidaamar cadofil osof
arpirroniano.Eesse"espoliar
compl et
ament eohomem"nãot em porobj etivooseu anul ament o,ou seja,onão-serabsoluto,
mas,aocont rár
io,
coinci decom areal
izaçãoda" naturezadodi vinoedobem daqualder i
vapar ao
homem avi daigualí
ssima" ,
dequef al
aof ragment odeTi mon, ouseja,areali
zaçãodavi daquenão
sente o peso dascoi sasque,com r elação àquel a natureza,são si
mplesment eindif
erent
es,in-
comensur adaseindiscriminadasaparências.O" espoliarcompl etamenteohomem"éar eal
ização

Ceti
cismo:duvi
dar para sobrevi
ver.
donem sequersentir
,éovi
vera"vi
daigualí
ssi
ma"
,quebrot
ada"natur
ezadodivi
noedobem, que
éeterna"
,namedi daem queéasuper açãodasf
ugazesapar
ênci
aseanulaçãodetodososseus
l
ábeisecontr
aditóri
osef
eit
ossobrenós.

O sucessoquePi rr
oalcançouémui toindicat
ivo:el
edemonst r
a,defato,quenãonosencont ra-
mosdi antedeum casoesporádiconem deum sent iment oestranhoàsuaépoca, devidosóoupr i
-
orit
ariament eaosinfluxosdoOr iente,mas,aocont r
ário,encont r
amo-nosdi ant
edeum homem
quef oilogo consi
derado modelo e,por t
anto,diantedeum i ntérpr
etedosi deaisdesuaépoca.
Mui t
osdost r
açosdosábioestói
cor epetem ostraçosdosábi océti
co;oprópri
oEpi curoadmiravao
mododevi verdePirroe,amiúde,pedi aaNausí f
anenot í
ciasdele.Enasuapát ria,Pir
rorecebeu
esti
maehonr asapontode"sereleitosumosacer dote",
comodi ssemos,ejáTímoncant ou-ocomo
"semel hanteaum deus".

Ceti
cismo:duvi
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ver.
ANOTAÇÕES

A ascensão de Alexandre,o Grande,e o despertar da Era Helení


sti
ca.

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