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AULA 1 - PADRÕES DE HERANÇA

- Tipos de herança:
Herança Simples/Clássica/Monogênica:
• Características monogênicas (ou oligogênicas)
• Qualitativas - descontínuas
• Sem grande influência ambiental
Herança Não Clássica:
• Citoplasmática/extranuclear
• Epigenética
Herança complexa ou multifatorial:
• Características poligênicas
• Quantitativas - contínuas •
Grande influência ambiental

-Características da herança simples


Monogênica
• Derivada da alteração em um único gene (alelos de 1
lócus) • Padrões clássicos: autossômica recessiva, autossômica
dominante, ligada ao sexo
Padrões mendelianos
• Em teoria: % de indivíduos afetados previsível na prole
• Na prática: casais tem prole limitada → desvio dos padrões
mendeliano • Solução: heredogramas

- Heredogramas
• Diagramas que mostram as relações entre
os membros de uma família;
• Exame dos registros de cruzamentos;
• Usado pelos geneticistas para
estudar a herança humana;
• “Árvore genealógica”
que esboça a herança de uma ou mais
características; • Análise
de doenças/distúrbios clínicos raros; •2
fenótipos (presença ou ausência)
- AUTOSSÔMICA RECESSIVA
OBS: autossômica NÃO é ligada aos cromossomos sexuais
• Surgem com a mesma frequência em ambos os sexos;
• Pode ser transmitida de homem para homem; •
Aparecem apenas quando uma pessoa herda dois alelos para o traço (difícil
mapeamento);
• Há saltos de gerações;
• Aparece em irmandades mas não nos genitores ou netos dos afetados
• Os afetados, em geral, possuem genitores normais (heterozigotos);
• ~ 25% dos descendentes de genitores afetados são também
afetados. • Genitores dos afetados frequentemente são
consanguíneos.
Exemplos:
• Fibrose cística (doença herdada no cromossomo 7 - gene CFTR)
• Albinismo (alelo mutante de um gene que normalmente sintetiza o pigmento
melanina)
• Fenilcetonúria – PKU (doença herdada no cromossomo 7- mutações no gene
pah que codifica a enzima hepática fenilalanina-hidroxilase - FAH)

- AUTOSSÔMICA DOMINANTE
• Surgem com a mesma frequência em ambos os sexos;
• Ambos são capazes de transmitir o traço para os descendentes.
• Não pulam gerações;
• Maioria dos afetados é heterozigota;
• AA – inviável (no desenvolvimento ou reprodutivamente) • Só os
afetados possuem filhos afetados;
• Um heterozigoto afetado (Aa) + indivíduo normal (aa/Aa):
50% dos descendentes afetados
• Dois heterozigotos afetados (Aa): 75% dos descendentes
afetados
Exemplos:
• Hipercolesterolemia familiar (defeito no transporte de colesterol - ↑ colesterol
sanguíneo)
• Pseudoacondroplasia (um tipo de nanismo - ser Dd ou DD = fenótipo anão)

- RECESSIVA LIGADA AO X
• Apresentam frequências diferentes entre os sexos;
• Mais frequentemente nos homens
• Não há transmissão direta do pai para os filhos;
• Homens afetados geralmente têm filhos normais de ambos os sexos.
• Todas as filhas de um homem afetado, entretanto, serão portadoras.
• Tende a pular gerações;
• É transmitida por um homem afetado, por
intermédio de todas as suas filhas (que são portadoras) para 50% de seus
netos do sexo masculino
Exemplo:
• Hemofilia: ausência de uma proteína (fator VIII) necessária para a coagulação
sanguínea

– DOMINANTE LIGADA AO X
• Apresentam frequências diferentes entre os sexos;
• Mais frequentemente nas mulheres
• Não pulam gerações;
• Homens afetados transmitem o traço para 100% de suas filhas mas para
nenhum dos filhos;
• Mulheres afetadas (heterozigotas) transmitem o traço para 50% dos seus
filhos de ambos os sexos;
• Homem herda um traço dominante ligado ao X apenas de sua mãe;
• O traço não é transmitido do pai para o filho.
• Mulher pode receber um traço dominante ligado ao X de qualquer um de seus
genitores
Exemplo:
• Hipofosfatemia (raquitismo familiar resistente a vitamina D - transporte
defeituoso do fosfato)

- LIGADA AO Y/HERANÇA HOLÂNDRICA


• Apenas homens são afetados;
• Gene afetado se encontra no cromossomo “Y”, na região não
homóloga ao cromossomo “X”
• Fácil de identificar;
• Traço transmitido de pai para filho (100% dos
descendentes masculinos afetados);
• Não pulam gerações;
• Os traços ligados ao Y não são
dominantes nem recessivos
Exemplo:
• Hipertricose (excesso de pelos, principalmente nas cavidades dos ouvidos e
narinas)
HERANÇAS NÃO MEDELIANAS – HERANÇA
PECULIAR
- HERANÇA CITOPLASMÁTICA
• Nem todo material genético de uma célula é encontrado no núcleo
• Algumas características são codificadas por genes localizados
no citoplasma

- HERANÇA EXTRANUCLEAR/CITOPLASMÁTICA: MITOCONDRIAL (mtDNA)


• Herança citoplasmática materna
• A mãe transmite seu mtDNA a toda prole. Suas filhas, por sua vez, o
transmitem, mas seus filhos não;
• O ovócito é bem suprido de mitocôndrias, mas o espermatozóide
contém poucas e mesmo essas poucas não persistem na progênie
• As mitocôndrias permanecem na cauda do esperma, e não são
injetadas no ovócito quando da fusão esperma/ovócito
• Grande variação fenotípica (diferentes descendentes
da mesma mãe e até células em um mesmo descendente podem ter diferentes
fenótipos) • Não há mecanismo análogo à mitose ou meiose que
garanta que estes genes sejam igualmente distribuídos na divisão celular
• Grande variabilidade clínica
Características:
1. Presente em machos e fêmeas
2. Normalmente herdado de um genitor, em geral da genitora
3. Cruzamentos recíprocos produzem resultados
diferentes 4. Exibem grande variação fenotípica, mesmo dentro
de uma família
Exemplos:
• Distúrbios humanos: TCE
• Neuropatia óptica hereditária de Leber – LHON (Perda rápida e bilateral da visão →
morte das células no nervo óptico)
OBS: a gravidade das doenças causadas por mutações no mtDNA está
frequentemente relacionada com a proporção de sequências de mtDNA
mutantes herdadas ao nascer.
- HERANÇA EXTRANUCLEAR/CITOPLASMÁTICA: CLOROPLÁSTICA
• Herança do cpDNA tem os mesmos padrões da herança mtDNA
Exemplo:
• Variegação na planta maravilha > variegação: gene defeituoso no cpDNA
(produção de clorofila)

- IMPRINT GENÔMICO
• Genes autossômicos: os machos e fêmeas contribuem com o mesmo nº de
genes (em teoria genes paternos e maternos têm efeitos iguais)
• Imprinting Genômico: a expressão de alguns genes é influenciada pelo sexo
do genitor que transmite o gene > expressão diferencial do material genético
dependendo se ele foi herdado do genitor ou genitora •
Sua ocorrência baseia-se na marcação de um segmento DNA ou gene (ex:
metilação), durante a espermatogênese ou ovogênese
• Esta marcação é reconhecida durante todo o período de vida do organismo
• Somente um dos alelos após a fecundação é expresso dependendo da
inativação na sua origem (paterna ou materna)
• O mecanismo de inativação provavelmente é a metilação (acréscimo de
grupos metila (CH3)
OBS: chave para saber se o gene é expresso > sexo do genitor que transmitiu
o gene
Exemplo:
• Síndrome de Prader-Willi (doença rara provocada por uma alteração no
cromossomo 15 - herdada do pai)
• Síndrome de Angelman (doença rara provocada por uma alteração no
cromossomo 15 - herdada da mãe)

- MOSAICISMO
• Mistura de cariótipos, duas linhagens de células em um mesmo organismo
• Não disjunção em uma divisão mitótica → regiões onde todas as células têm uma
anormalidade cromossômica, e outras regiões com todas com cariótipo normal
Exemplo:
• Síndrome de Turner (45,X e 46,XX).
• Também pode ser expresso pela inativação alternada de cromossomo “X”
• Cromossomo X inativado em uma célula permanece assim em todas as
células somáticas que descendem desta célula.
• As células vizinhas tendem a ter o mesmo cromossomo X inativo, produzindo
um padrão irregular (mosaico) para a expressão de uma característica ligada
ao X nas fêmeas heterozigotas
Exemplo em gatos:
• Inativação aleatória de X (gatos casco de tartaruga e cálicos) > padrão do
pelo nos gatos: herança poligênica

- QUIMERISMO
• É a mistura de células de fecundações distintas → organismo com células de genótipo
diferente •
Normal: 2 óvulos fecundados se fundem nos 4 primeiros dias de gestação > Anormal:
fusão após os 4 dias = gêmeos siameses
Exemplos:
• Heterocromia
• Metade do corpo de um cor e metade de outra (ex: periquito Twinzy –
metade azul e metade verde)

- OUTRAS HERANÇAS NÃO MENDELIANAS: DOMINÂNCIA INCOMPETA,


CODÔMINÂNCIA, PENETRÂNCIA IMCOMPLETA, EXPRESSIIDADE
VARIÁVEL, PLEIOTROPIA, ALEOS LETAIS, ALELOS MÚLTIPLOS,
EPISTASIA

TEORIA DA ENDOSSIMBIOSE
- Origem de organelas celulares a partir de organismos procariontes
- Cloroplastos e as mitocôndrias têm muitas semelhanças com as bactérias:
• Mesmo tamanho das atuais eubactérias e apresentam seu próprio DNA e
ribossomos
• Sequências no mtDNA e cpDNA estão mais próximas das sequências
encontradas nos genes das eubactérias do que as encontradas no núcleo
eucariótico
- Mitocôndrias e cloroplastos eram bactérias livres (utilizavam o oxigênio de
forma bastante vantajosa) que se tornaram habitantes internos
(endossimbiontes) das primeiras células eucarióticas
- Evolução → fusão
- Maior parte dos genes originais dos endossimbiontes foi perdida (genes
nucleares existentes no hospedeiro forneciam a mesma função) ou foi
transferida para o núcleo (hospedeiro ganhava mais energia e o
endossimbiótico ganhava mais proteção)

EPIGENÉTICA
- São mudanças reversíveis no DNA que não alteram a sequência de bases,
mas podem afetar como um gene é expresso e/ou um fenótipo
- Causa mudanças na expressão gênica por:
• Alterações à estrutura de cromatina (acréscimo de fosfatos, grupos metila,
grupos acetila e ubiquitina)
• Metilação do DNA
- São estáveis, persistindo por divisões celulares ou até gerações
- Podem sofrer influencia ambiental
- Metilação do DNA:
• O padrão de metilação em um gene é copiado quando o DNA é replicado e,
portanto, permanece no gene à medida que ele é transmitido entre as células
por meio da mitose
• Entretanto, o padrão de metilação pode ser modificado ou removido quando o
DNA é transmitido para um gameta > um gene metilado no espermatozoide
pode ser desmetilado quando é transmitido para um óvulo da filha. No final, a
quantidade de metilação determina se o gene é expresso nos descendentes
Exemplos:
• Síndrome de Prader-Willi
• Síndrome de Angelman
• Alterações no padrão de crescimento animal (Igf2)
AULA 2 – DETERMINAÇÃO DO SEXO E
CROMOSSOMOS SEXUAIS
- DETERMINAÇÃO DO SEXO
- mecanismo pelo qual o sexo é estabelecido
- Sexo → fenótipo sexual (2)
- Monoicos: hermafroditos > Ambas estruturas reprodutivas
- Dioicos (estrutura reprodutiva feminina OU masculina
- Nos organismos dioicos o sexo é determinado por vários mecanismos
diferentes:
• Sistemas cromossômicos
• Pelos genes
• Pelo ambiente

- SISTEMAS CROMOSSÔMICOS PARA DETERMINAÇÃO DO SEXO


• Teoria cromossômica da hereditariedade → genes estão localizados nos cromossomos
• Genética: ≠ entre os sexos eram limitadas a um par especial de cromossomos:
cromossomos sexuais > Segregação dos genes
• Citologia: comportamento dos cromossomos sexuais durante a meiose
poderia ser responsável pela herança do sexo > Cromossomos X e Y
• Na maioria dos organismos: sexo → par de cromossomos sexuais e genes → fenótipos
sexuais

- DETERMINAÇÃO DO SEXO PELO SISTEMA XX-XO


• Clarence McClung → gafanhotos: fêmeas = 2X (XX) e machos = 1X (XO)
• Machos: o único cromossomo X se separa na meiose para metade dos
espermatozoides, a outra metade não recebe o cromossomo sexual (O)
• Machos: sexo heterogamético (2 ≠ tipos de cromossomos sexuais)
• Fêmeas → sexo homogamético (2 cromossomos sexuais iguais)
• XX-XO → o sexo é determinado por qual tipo de gameta masculino que fertiliza o
óvulo

- DETERMINAÇÃO DO SEXO PELO SISTEMA XX-XY


• Fêmeas: 2X (XX) e Machos: 1X1Y (XY) > maioria das plantas, insetos,
répteis e mamíferos
• Machos → sexo heterogamético (2 ≠ tipos de cromossomos sexuais)
• Fêmeas → sexo homogamético (2 cromossomos sexuais iguais)
• X e Y não são homólogos mas pareiam na meiose > possuem regiões
pseudoautossômicas: pequenos fragmentos que são iguais em x e y e que se
pareiam na meiose
• Variações do sistema XX-XY: 5 pares de X e 5 pares de XY

- DETERMINAÇÃO DO SEXO PELO SISTEMA ZZ-ZW


• Cromossomos sexuais: Z e W
• Fêmeas: ZW e Machos: ZZ > aves, cobras, borboletas, alguns anfíbios e
alguns peixes
• Fêmeas → sexo heterogamético (2 ≠ tipos de cromossomos sexuais)
• Machos → sexo homogamético (2 cromossomos sexuais iguais)
• Exemplo: galinha

- DETERMINAÇÃO DO SEXO PELO GENE


• Não existem diferenças claras nos cromossomos dos machos e fêmeas
• Não existem cromossomos sexuais
• Genótipos em 1 ou + loci determinam o sexo de um indivíduo > algumas
plantas, fungos, protozoários e peixes
OBS: Sexo é controlado por genes individuais
- DETERMINAÇÃO DO SEXO PELO AMBIENTE
• Sexo: determinado em parte ou totalmente por fatores ambientais (ainda há
participação dos genes)
• Exemplo: Crepidula fornicata - molusco marinho “lapa”, seu sexo é
determinado por um fator ambiental: posição do molusco na pilha >
Hermafroditismo sequencial
Larva nadadora → depósito em substrato sólido livre → fêmea
Atração de outras larvas → depósito no topo → macho x larvas fêmeas “de baixo”
Machos do “topo” → fêmeas → atração de outras larvas → depósito no topo → macho

• Exemplo: Temperatura (desenvolvimento embriogênico) → fenótipo sexual de muitas


tartarugas, crocodilos, jacarés e alguns pássaros
OBS: em outras espécies os cromossomos sexuais determinam o sexo MAS
alguns fatores ambientais podem se sobrepor à determinação do sexo pelo
cromossomo

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