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Índice
Capitulo I:...................................................................................................................................4

1.1 Introdução.........................................................................................................................4

1.2 Objectivos.........................................................................................................................4

1.2.1 Objectivo geral...........................................................................................................4

1.2.2 Objectivos específicos...............................................................................................4

1.3 Metodologia de pesquisa..................................................................................................4

Capitulo II: Fundamentação Teórica..........................................................................................5

2.1 Peculiaridade da literatura cabo-Verdiana........................................................................5

2.2 A Génese da Literatura cabo-verdiana.............................................................................6

2.3 Cabo Verde: Periodização Literária.................................................................................7

2.4 Factores que motivaram o surgimento da revista Claridade............................................9

Capitulo III:..............................................................................................................................11

Conclusão.............................................................................................................................11

Referências bibliográficas....................................................................................................12

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Capitulo I:

1.1 Introdução

O presente trabalho da cadeira de Literatura Africana em Língua Portuguesa visa entre outros
aspectos falar do quadro periodológico da sua literariedade, bem como os principais factores
que a influenciaram. Já sabendo que na África Lusófona, é sobejamente conhecido o papel da
literatura na assunção da realidade como meio de manifestar a realidade/identidade do povo
deste continente. A literatura cabo-verdiana, em particular, não foge à regra. Sabendo isso, o
trabalho responder de forma simples e clara o questionário proposto.

1.2 Objectivos

1.2.1 Objectivo geral

 Estudar a no seu todo a Literatura Cabo – Verdiana, na antiguidade ate aos dias
actuais.

1.2.2 Objectivos específicos

 Caracterizar a singularidade da literatura do cabo verde;


 Descrever a origem da literatura cabo-verdiana;
 Identificar e mencionar os factores que motivaram o surgimento da revista literária;
 Conhecer o quadro cronológico das literaturas do País e as inovações.

1.3 Metodologia de pesquisa

Para a elaboração deste trabalho usou se, o método de Pesquisa bibliográfica, onde se fez
uma série de recola de informações pertinentes para o efeito do trabalho científico em
abordagem. Que é aquela que pode ser elaborada através de material já existente como livros,
artigos científicos, entre outros meios, seguida de uma pesquisa do tipo discretiva.

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Capitulo II: Fundamentação Teórica

2.1 Peculiaridade da literatura cabo-Verdiana

A literatura em Cabo Verde apresenta uma particularidade que a distingue de outras


produzidas noutras colónias de língua portuguesa, pelo alto índice de mestiçagem, a pobreza
do solo, precariedade de emprego, atraso de aparecimento de editoras e escolas.
(MONTEIRO, 2013).

Os temas culturais mais correntes da literatura cabo-verdiana são: a seca, a forme, a


emigração, o mar, a evasão, o isolamento, a insularidade, o amor, a saudade ou a
simplicidade de uma existência pacífica.

Tudo isso sobressaindo numa expressão única a cabo-verdianidade ou ainda melhor, a


morabeza. Para se exprimir, o cabo-verdiano utiliza no quotidiano da sua vida o crioulo, que
podemos definir como português clássico, com algumas formas quase semelhantes ao galego;
encontramos no crioulo palavras com raízes em português, mas também palavras com origens
nas expressões vindas de dialectos africanos. O crioulo é uma língua única e comum, com
algumas diferenças de pronúncias e vocabulário entre o grupo das ilhas do sul chamado
sotavento e o grupo das ilhas do norte chamado barlavento. O crioulo é expressivo e musical,
é a língua que traduz melhor o lirismo popular conhecido hoje internacionalmente, através da
música graças a diva dos pés nus Cesária Évora. (LARANJEIRA, 1992).

SPÍNOLA (1998) diz que a literatura em Cabo Verde apresenta uma particularidade
que a distingue de outras produzidas noutras colónias de língua portuguesa, pelo alto índice
de mestiçagem, a pobreza do solo, precariedade de emprego, atraso de aparecimento de
editoras e escolas.

Por outro lado, a literatura cabo-verdiana singulariza o carácter próprio da cabo-


verdianidade. Quando Leopold Sedar Senghor fala da “negritude”, ele refere-se a uma
estrutura cultural intimamente ligada ao sistema africano típico. Em Cabo Verde a poesia não
traduz o movimento revolucionário da negritude, ela evidencia uma realidade diferente
identificando a luta grandiosa e vital contra uma natureza hostil, contra a persistência de seca
e a erosão permanente devido às “lestadas”, os ventos alísios. (LARANJEIRA, 1992).

A insularidade de Cabo Verde impõe ao ilhéu os dilemas “querer ficar e ter que
partir” e/ou “ter que partir e querer ficar” em razão das condições adversas do arquipélago,
ora devido à geografia e ao clima desfavorável, ora com situações políticas como o

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colonialismo português no passado, e as desigualdades sociais e económicas que a
independência não conseguiu resolver. Ou seja, emigrar faz parte da cultura de Cabo Verde.
Estas condições conferem a Cabo-Verde um carácter peculiar e singular no propósito das
literaturas africanas de Expressão Portuguesa.

2.2 A Génese da Literatura cabo-verdiana

FERREIRA (2000) no seu livro diz que, entre 1920 e 1930 já existe uma elite muito
consciente dos problemas que afectam as ilhas "do arquipélago de Cabo Verde". A partir,
sobretudo, dessa altura os escritores de Cabo Verde começam a tomar uma consciência cada
vez mais nítida da realidade das ilhas, a romper com os modelos de tipo europeu. A atenção é
focada cada vez mais na terra, no ambiente socio-económico e no povo das ilhas.

O modernismo brasileiro que influência esta geração que se familiariza com Jorge
Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, e poetas como Jorge Lima, Ribeiro Couto,
Manuel Bandeira, e os sociólogos como Gilberto Freyre.

O grande passo para a viragem total de temática da literatura produzida em Cabo


Verde é dado, em 1936, por um grupo de intelectuais que lança a revista Claridade. O grupo,
que para a história literária passou a ser conhecido por claridosos, integra, para além de
outros, Baltazar Lopes, Manuel Lopes e Jorge Barbosa.

As linhas mestras dos movimentos dos claridosos estão praticamente condensadas na


obra daquele que também é o seu maior responsável Jorge Barbosa. A preocupação
fundamental da sua poesia é revelar as situações com que diariamente se defronta o cabo-
verdiano: a fome, a miséria, a falta de esperança no dia de amanhã, as secas e os seus efeitos
devastadores.

Os grandes tópicos são o lugar, o ambiente sócio-económico e o povo; e todos em


relação constante com o mar. O mar é o elemento provocador do aparecimento de outras duas
realidades soberbamente tratadas na poética barbosiana: a viagem e o sonho de encontrar uma
terra prometida.

A ilha, o mar, a viagem e o sonho são os signos de maior densidade na poesia de


Jorge Barbosa. Toda essa temática se distribui pelas suas três obras: Arquipélago (1935),
Ambiente (1941) e Caderno de um Ilhéu (1956). Mas, quanto a nós, é em Ambiente que
Jorge Barbosa se define como poeta inovador, que dá à sua poesia uma tonalidade dramática
nova, trazida pela intimidade, a denúncia, a epopeia do homem isleno vivendo no drama. O

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salto qualitativo e a ruptura com a influência dos claridosos devem-se a dois escritores que
chegaram a participar na revista Claridade. Estamos a referir-nos a João Varela (aliás João
Vário, aliás Timótio Tio Tiofe) que publicou em 1975, O primeiro livro de Notcha, e Corsino
Fortes, autor de dois importantes trabalhos poéticos, Pão & Fonema (1975) e Árvore &
Tambor (1985). (FERREIRA, 2000).

É sobretudo Corsino Fortes que provoca o maior desvio de conteúdo temático e


formal. O livro Pão & Fonema deixa perceber a intenção do autor em reescrever a história do
povo em termos de epopeia. O livro abre com uma Proposição que constitui, por si só, uma
demarcação da poesia de tipo estático dos claridosos. (FERREIRA, 2000).

2.3 Cabo Verde: Periodização Literária

FERREIRA (2000) afirma que a periodização esta dividida em 6 períodos, citando:

1.º Período, das origens até 1925. Chamada de Iniciação, por, a par de grandes vazios,
abranger uma variada gama de textos (não necessariamente literários) muito influenciados
pelas duas fases do baixo romantismo e do parnasianismo (embora com iniciativas de alguma
vocação regionalista ou mesmo de «vocação patriótica», no primeiro quartel do séc. XX),
antes da fase moderna.

A criação, em 1 866, do Liceu-Seminário de São Nicolau (Ribeira Brava), que durou


até 1928, muito contribuiu para o surgimento de uma classe de letrados equiparável ou
superior à dos angolanos. Em 1877, criou-se a imprensa periódica não oficial. […].

2.° Período, de 1926 a 1935, chamada de Hesperitano, antecede a modernidade que o


movimento da Claridade (1936) incarnou. Desde os primeiros tempos, até ao final deste 2°
Período, entendemos, com Manuel Ferreira, que vigorou o Caboverdianismo, caracterizado
como de «regionalismo telúrico», mas que, nalguns textos, se expande para temas e elemento
recorrentes da literatura cabo-verdiana, como os da fome, do vento e da terra seca, ou de certa
insatisfação e incomodidade, numa atmosfera muito próxima do naturalismo.

O fundamento que leva a que se possa designar tal período como Hesperitano ressalta
da assunção do antigo mito hesperitano ou Arsinário. Os poetas criaram o mito poético para
escaparem idealmente à limitação da pátria portuguesa, exterior ao sentimento ou desejo de
uma pátria interna, íntima, simbolicamente representada pela lenda da Atlântida, de que
resultou também o nome de atlantismo hesperitano, por oposição ao continentalismo africano
e europeu.

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3.° Período, que principia no ano de 1936 (ano da publicação da revista-mater
Claridade) e vai até 1957, muito mais tarde do que a fase a que Luís Romano chama dos
«Regionalistas ou Claridosos» (para ele termina com os neo-realistas da revista Certeza, de
1944).

Ainda em 1941, sai Ambiente, livro de poemas de Jorge Barbosa. António Nunes
publica, depois, os Poemas de longe (1945) e Manuel Lopes, os Poemas de quem ficou
(1949), a que se segue o romance fundador Chiquinho (1947), de Baltasar Lopes, passando
pelo Caderno de um ilhéu (1956), de Jorge Barbosa, e o primeiro romance de Manuel Lopes,
Chuva braba (1956).

4.° Período, indo de 1958 a 1965, em que, com o Suplemento Cultural, se assume
uma nova cabo-verdianidade que, por não desdenhar o credo negritudinista, se pode apelidar
de Caboverdianitude, que, desde a sua ténue assunção por Gabriel Mariano, num curto artigo
(1958), até muito depois do virulento e celebrado ensaio de Onésimo Silveira (1963),
provocou uma verdadeira polémica em torno da aceitação tranquila do patriarcado da
Claridade.

5.° Período, entre 1966 e 1982, do Universalismo assumido, sobretudo por João
Vário, quando o PAIGC (acoplando forças políticas de Cabo Verde e da Guiné-Bissau) se
achava já envolvido, desde 1963, na luta armada de libertação nacional, abrindo, aquele
poeta, muito mais cedo do que nas outras colónias, a frente literária do intimismo, do
abstraccionismo e do cosmopolitismo: aliás, só depois da independência, e passado algum
tempo, surgiu descomplexada e polémica, sobretudo em Angola e Moçambique.

6.° Período, de 1983 à actualidade, começando por uma fase de contestação, comum
aos novos países, para gradualmente se vir afirmando como verdadeiro tempo de
Consolidação do sistema e da instituição literária. O primeiro momento é dominado pela
edição da revista Ponto & Vírgula (1983-1987), liderada por Germano de Almeida e Leão
Lopes.

2.4 Factores que motivaram o surgimento da revista Claridade

A Claridade é uma revista literária e cultural surgida em 1936 na cidade do Mindelo,


Cabo Verde, e que está no centro de um movimento de emancipação cultural, social e política
da sociedade cabo-verdiana. Do ponto de vista literário, a Claridade veio não só revolucionar
de um modo exemplar toda a literatura cabo-verdiana como também marcar o início de uma

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fase de contemporaneidade estética e linguística, superando o conflito entre o Romantismo de
matriz portuguesa dominante durante o século XIX e o novo Realismo.

Ao nível político e ideológico, a Claridade tinha como objectivo procurar afastar


definitivamente os escritores caboverdianos do cânone português, procurando reflectir a
consciência colectiva cabo-verdiana e chamar a atenção para elementos da cultura cabo-
verdiana que há muito tinham sido sufocados pelo colonialismo português, como é o exemplo
da língua crioula.

Atentos à realidade do quotidiano do povo das ilhas na década de 1930, estes filhos
esclarecidos de Cabo Verde preocuparam-se com a precária situação vivenciada pelo povo,
manifestada pelo sofrimento, miséria, fome e morte de milhares de cabo-verdianos ao longo
dos anos; uma situação com origem na má administração do arquipélago pelo governo de
Portugal, principalmente durante o regime fascista do António de Oliveira Salazar; não
sendo, no entanto, alheios à desastrosa situação do povo ilhéu e às frequentes estiagens.

Claridade - o nome atribuído - resultou como um título bem escolhido, pois constituiu
um ‘farol’ que projectou uma luz rejuvenescedora, intensa e duradoura sobre Cabo Verde, no
despertar de uma literatura realista e moderna.

Obras que impulsionaram a Claridade

Colaboradores da Claridade

Para além dos seus fundadores, convém mencionar duas outras personalidades que
participaram na Claridade; o pintor e crítico Jaime de Figueiredo e o escritor João Lopes
deram o seu importante contributo desde a fase inicial. Adicionalmente, colaboraram outros
escritores ao longo da existência da Claridade, dando um valioso contributo bilingue não só
para o desenvolvimento do projecto como também para o enriquecimento da literatura
moderna cabo-verdiana, em geral.

Formação intelectual e soberania nacional

A fundação do Liceu-Seminário eclesiástica e laica da Ribeira Brava, na Ilha de São


Nicolau, foi uma das pedras fundamentais para o alicerce da edificação da literatura moderna
cabo-verdiana. Anos mais tarde, teve lugar a criação dos liceus da Praia e do Mindelo.

Capitulo III:

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Conclusão

Após o fim do trabalho, conclui-se que, a literatura pode encontrar a sua razão de
existir na necessidade de expressão da realidade social. E na África Lusófona é sobejamente
conhecido o papel da literatura na representação da realidade, ou seja, na manifestação da
realidade/identidade dos povos desse conjunto de países. A literatura de Cabo Verde, em
particular, não foge à regra. Na década de 30, os escritores Baltasar Lopes, Jorge Barbosa e
Manuel Lopes, tendo em consideração as preocupações longamente alimentadas pelo grupo,
criaram a revista literária Claridade, em que os escritores envolvidos buscaram, acima de
tudo, criar uma literatura de caráter nacional, de “fincar os pés no chão” e de exaltar a
realidade cabo-verdiana.

Na mesma linha ideológica da Claridade, o claridoso Manuel Lopes publica, em


1959, o romance Os Flagelados do Vento Leste que, a partir da análise da realidade cabo-
verdiana, coloca em evidência as calamidades, as secas e as mortes que afetavam a população
do arquipélago.

Referências bibliográficas

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FERREIRA, M. (2000). No Reino de Caliban I (Cabo Verde e Guiné Bissau). Lisboa,
Seara Nova.

LARANJEIRA, P. (1995). Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa. Lisboa:


Universidade Aberta.

MONTEIRO, F. (2004). – “Manuel Lopes – a voz da estiagem cabo-verdiana”. O


Mundo em Português. Nº 54.

SPÍNOLA, D. (1998). – “Sementeira Chuva e Seca”. In Cabo Verde: Insularidade e


Literatura. VEIGA, Manuel (Coord.), Ed. Karthala.

SILVEIRA, O. (1963). – Consciencialização na literatura caboverdiana. Lisboa:


Casa dos Estudantes do Império.

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