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MESA REDONDA SOBRACIBU – 12/03

 A relação do local da perfuração no


osso com as inserções musculares na
Caso Clínico 1 (Infecções odontogênicas) maxila e mandíbula

 A ultrassonografia pode ajudar no diagnóstico


de Infecções odontogênicas, diferenciando
secreções purulentas (abcessos) e gasosas
(celulite)
 Imagens hipoecóicas (escuras)
indicam pus (abcesso)
 Imagens hipercóicas (brancas)
indicam gás (celulite)

 Na maxila, a maioria dos ápices radiculares se


1ª Etapa – Determinar a severidade da Infecção
localiza abaixo das inserções musculares
• a. Localização Anatômica;
 Portanto, a maioria dos abscessos se
• b. Taxa de progressão; apresenta como abscessos
• c. Comprometimento das vias aéreas vestibulares, alguns dentes podem
ocasionalmente drenar para o palato

FATORES ANATÔMICOS  Na mandíbula os abscessos originados pelos


incisivos, caninos e pré-molares em geral
De acordo com ARAÚJO et al. (2007) as infecções drenam através da parede vestibular
odontogênicas possuem três origens principais

• Periapical: a lesão de cárie se propaga pelo esmalte,  Na região de molares, as infecções


dentina, cemento e polpa. Nestes locais os perfuram cada vez mais a parede
microrganismos aumentam o seu potencial de gerar lingual, na medida em que caminham
infecção chegando à região periapical, onde a em direção distal
condição se dissemina

• Periodonto: as bactérias da placa subgengival leva a ESPAÇOS FASCIAIS


periodontite e à formação de bolsas, chegando no
osso alveolar com suas exotoxinas  Fatores que incluem a demora na procura do
atendimento, antibioticoterapia inicial
• Pericoronário: bactérias colonizam o opérculo inadequada, condições sistêmicas
gengival que recobre um dente semi-incluso, gerando imunossupressoras e virulência do
infecções microrganismo podem contribuir para a
rápida disseminação do processo infeccioso

 Quando a infecção perfura a lâmina cortical  É importante a delimitação anatômica dos


do processo alveolar, ela se dissemina por espaços para se entender e verificar a
localizações anatômicas previsíveis disseminação da infecção

 A localização da infecção oriunda de um  Os espaços fasciais são compartimentos


dente especifica é determinada por dois teciduais revestidos por fáscia, preenchidos
fatores principais: por tecido conjuntivo frouxo, que podem
tornar-se inflamados quando invadidos por
 A espessura do osso que cobre o micro-organismos
ápice do dente
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 Os espaços fasciais podem ser divididos em


primário e secundário de acordo com a
localização

 O espaço primário envolve a região da


maxila e mandíbula

 Espaços secundários incluem a região


mastigatória e os espaços cervicais

 Os espaços massetérico, pterigomandibular e


temporal são conhecidos como espaço
mastigador, porque são limitados pelos
músculos e fáscias da mastigação; esses
espaços comunicam-se livremente entre si, de
modo que, quando um é envolvido, os outros
também podem estar

 As infecções podem estender-se além desses


espaços primários, para os espaços profundos b. Taxa de progressão
do pescoço, como os espaços faríngeos
lateral, retrofaríngeo, carotídeo e pré-
traqueal
 Verificar se o há necessidade de tratamento
cirúrgico e medicamento
 A partir daí as infecções podem
 Verificar taxa de progressão com escore de
seguir superiormente através de
severidade das infeções dos espaços faciais
estruturas sinusais ou vasculares,
para vias aéreas e/ou estruturas vitais:
para invadir o cérebro ou os seios
intracranianos durais, como o seio
cavernoso
Gr Risco baixo: vestibular, infraorbital, bucal
au
1
Risco moderado: submandibular, submentoniano,
Gr sublingual, pterigomandibular, submassetérico,
au infratemporal, temporal superficial
2
Risco alto: faríngeo lateral, retrofaríngeo, pré-
Gr traqueal
au
3

Disseminação ascendente
 A região maxilofacial tem uma relação
anatômica de proximidade com o SNC

 Infecção na maxila ou periorbital pode


alcançar a base do crânio e alcançar o cérebro
através de forames e fissura orbitária superior
Figura 2 - Espaço Mastigador
 Espaços infratemporal, temporal e
pterigomandibular podem, por comunicaçăo
entre os espaços, alcançar a base do crânio
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Medisastenite

c. Obstrução da via aérea


 Trombose de seio cavernoso
 Causa mais comum de óbito nos casos de
 O seio cavernoso é um dos seios infecção odontogênica
venosos da dura-máter  Identificar obstrução existente ou iminente
 A função do seio cavernoso é receber nos primeiros minutos da avaliação do
as veias do cérebro e da órbita e paciente:
drená-las para as veias jugulares - Esforços inspiratórios
internas - Sons respiratórios anormais
 A infecçăo pode alcançar o seio (estridentes/grosseiros)
cavernoso através da disseminaçăo - Trismo: 20mm ou menos
da infecção nos dentes maxilares
(PRINCIPALMENTE CANINOS), lábio  GARANTIR VIA AÉREA SEGURA: INTUBAÇÃO
superior, nariz, seios da face e órbita SE POSSÍVEL
 Pode levar a septicemia avançada, • Obstrução completa -> emergência cirúrgica
meningite e óbito -> cricotiroidotomia ou traqueostomia
Disseminação Descendente
2ª etapa – Avaliação das defesas do
 Ocorre entre os planos e fáscias musculares hospedeiro
(espaços fáscias)
 Angina de Ludwig (pode ser tanto abcesso  Avaliação das defesas do hospedeiro, fatores
como celulite); associados com comprometimento do
 Mediastinite; Sistema Imune
 Fasceíte necrosante cérvico-facial;  Infecção leve/moderada pode ser uma
ameaça significativa a paciente
imunocomprometido
 Fasceíte necrosante cérvico-facial  Paciente com doença de base controlada ->
estresse fisiológico causado pela infecção
 Possui uma disseminação rápida pode romper o controle pré-estabelecido
 Leucocitose na entrada -> indicador do tempo
 Platisma-> pescoço -> parede torácica de internação
anterior *Importante na detecção da severidade da
infecção, assim como estimativa da estadia
 Necrose: músculo, subcutâneo e pele;
3ª etapa - Decidir sobre o Ambiente de
 Fatores predisponentes: alcoolismo e Tratamento
diabetes
 Indicações para admissão hospitalar:
 Mortalidade aumentada: atraso na • Temperatura > 38º C
indicação cirúrgica e mediastinite • Desidratação
• Tratamento para vias aéreas ou estruturas
vitais
Angina
•Comprometimentos dos espaços com
escore 2 ou mais
• Necessidade de anestesia geral (espaços
pronfundos – colaboração do paciente)

• Necessidade de controle sistêmico de


doenças de base
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4ª etapa – Tratar Cirurgicamente O TOQ tem notável potencial de crescimento,
geralmente cresce ântero-posterior ou mesio-
 Antibioticoterapia VO ou VE:
distal, poucas vezes tendo expansão das corticais
-Metronidazol+Penincilina
ósseas vestíbulo-linguais
-Fosfato de Clindamicina
- Ceftriaxona sódica 500mg 12/12h+ Fosfato  Radiograficamente apresenta-se como
de Clindamicina 600mg 6/6h (Mais indicado uma radiotransparência circunscrita, de
pra celulite) margens regulares e limites radiopacos
 Controle da dor/temperatura delgados, tendo, por vezes,
 Bocheco com Digluconato de Clorexidina multiloculações que normalmente são
 Drenagem cirúrgica intra/ou extra-oral vistas em lesões maiores
 Cultura e teste antibiograma de sensibilidade  Em 25 a 40% dos cistos, um dente incluso
bacteriana mostra-se envolvido na lesão
 Dreno de Penrose por 24~72 horas  O deslocamento dental, mobilidade
 Exodontia após fase aguda + manutenção da dental, reabsorção radicular, divergência
antibioticoterapia com troca do antibiótico radicular e extrusão dental achados
 2º dia pós-drenagem melhora dos Sinais e frequentes
Sintomas + drenagem inativa = remoção do  Alguns casos de TOQ estão associados à
dreno síndrome do carcinoma nevoide
 Sem melhora + drenagem ativa = irrigação basocelular (Síndrome de Gorlin-Goltz)
SF0,9% + manutenção do dreno e reavaliar
necessidade de Cultura e Antibiograma  Dentre as manifestações que
compõem essa síndrome,
incluem-se: costela bífida,
Caso Clínico 2 (Queratocisto odontogênico) prognatismo mandibular,
anomalias neurológicas e
múltiplos carcinomas
 O tumor odontogênico queratocístico (TOQ) basocelulares
acomete o complexo maxilomandibular
preferencialmente na região posterior da
mandíbula, e em muitos casos está associado  Como diagnóstico diferencial temos o cisto
a um dente incluso periapical, o cisto dentígero e o
 Não há consenso quanto à real origem do ameloblastoma
TOQ, acredita-se que o TOQ se origina de
remanescentes da lâmina dentária, embora  O tratamento pode ser feito baseado na
outros autores apontem como origem células enucleação, acrescida da curetagem,
da camada basal do epitélio oral adjacente à associada ou não à aplicação da solução de
lesão Carnoy, osteotomia periférica e/ou
 Essa lesão tem curso assintomático, crioterapia, em lesões grandes, tem-se optado
provocando extensas reabsorções ósseas pela marsupialização, seguida de enucleação
antes de seu diagnóstico
 Clinicamente, manifesta-se como um MODALIDADE DE TRATAMENTOS
aumento volumétrico local, desenvolvendo-se
praticamente, em qualquer ponto dos  Considerar idade, tamanho, localização,
maxilares agressividade
  O tratamento pode ser feito por métodos
conservadores ou radicais
 Lesões pequenas são frequentemente
assintomáticas, sendo somente MÉTODOS CONSERVADORES
diagnosticadas por meio de exame
radiográfico de rotina
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PRECISAM SEMPRE SER ASSOCIADOS COM cavidade, que é removida 24 horas após a
MÉTODOS AUXILIARES NA REDUÇÃO DE cirurgia
RECIDIVAS (TERAPIAS COMPLEMENTARES)  Não é feita nenhuma irrigação
 Em comparação com a solução de Carnoy é
i. Enucleação/curetagem: se faz a remoção considerada mais aceitável e igualmente
completa sem ruptura da membrana cística efetiva
através do seu descolamento com o auxílio de iii. Crioterapia
uma cureta de Lucas, deixando a cavidade
óssea vazia, reduzindo a possibilidade de  Técnica na qual se aplica nitrogênio líquido
recidiva em temperatura extremamente baixa (-196°
C) com a finalidade de eliminar os
ii. Marsupialização e enucleação: consiste em remanescentes teciduais do TOG
estabelecer cirurgicamente uma comunicação  Aplicação de 3 ciclos de 1 minuto com
entre a cavidade patológica e a cavidade intervalos de 5 minutos entre cada ciclo para
bucal, eliminando a pressão hidrostática no o reaquecimento do local
interior do cisto, o que leva a redução  Complicações: Necrose óssea, deiscência da
progressiva da lesão e uma neoformação sutura com exposição ósseas, injurias ao NAI
óssea

iii. Descompressão + enucleação: instalação de iv. Osteotomia Periférica


um dispositivo adjacente a lesão para que se
façam irrigações intra-lesionais, evitando o  São feitas fresas cirúrgicas
crescimento da lesão e diminuindo a sua  Margem de retirada de osso sadio de 1 a 2
progressão devido a neoformação óssea mm

TERAPIAS COMPLEMENTARES
MÉTODOS AGRESSIVOS

i. Cauterização Química (Solução de Carnoy)


Ressecção: remoção da lesão com margem de
 Possui álcool absoluto, clorofórmio, segurança de osso sadio (varia de 0,5 a 1,0 cm mais os
ácido glacial acético e cloreto férrico dentes)
 É aplicada sobre a cavidade óssea com Ressecção Marginal: remoção com uma margem de
o intuito de eliminar os osso sadio, sem interrupção da continuidade,
remanescentes teciduais e promover deixando estrutura de sustentação para o
uma necrose química superficial remanescente ósseo
 Após a curetagem uma gaze estéril
embebida permance sobre a cavidade
óssea por 3 minutos e depois é
ACOMPANHAMENTO
irrigada com soro fisiológico 0.9%
 Complicações: pode causae necrose  A maioria das recorrências se apresentam nos
óssea, necrose dos tecidos primeiros 3 anos após o tratamento primário
adjacentes, injurias ao nervo alveolar
inferior e infecções pós-operatórias  Recomenda-se acompanhamento 1 vez por
ano nos primeiros 3 anos pós-operatório
ii. Creme tópico de 5% de 5-fluorouracil

 É um medicamento antimetabólito aplicado  Radiografia panorâmica a cada 6 meses por 2


sobre uma gaze, que é colocada em todas as anos, uma a cada ano por 5 anos e uma a cada
superfícies ósseas, deixando-se 2 anos por 10 anos
aproximadamente 1cm de gaze para fora da
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