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Cirurgia Cabeça e Pescoço

Infecções Cervicais Profundas


INFECÇÕES CERVICAIS GRAVES CORRELAÇÃO COM A ANATOMIA

Homônimos:

 Infecção dos espaços cervicais profundos


 Abcesso cervical profundo
 Quando tem coleção purulenta
localizada
 Fasceíte cervical necrozante
 Pior evolução
 Processo infeccioso invade todos os
compartimentos cervicais e destroi o
pescoço do paciente

DEFINIÇÃO

 Infecção disseminada pelo tecido frouxo

Etiologia:

 Polimicrobiana
 Gram +, gram - e anaeróbio

Pode causar necrose progressiva das partes moles,


com perda tecidual importante, especialmente
vinculada a anaeróbios

EPIDEMIOLOOGIA

 1/3 já são admitidos em choque séptico


 Óbito em 60%, principalmente quando a
infecção alcança os espaços cervicais mais
profundos e chega até o espaço de risco
(danger space) podendo se propagar para o
mediastino

GRAVIDADE Fáscia Cervical Superficial:


A gravidade está relacionada a:  Tênue lâmina de tecido fibro-conjuntivo que
recobre o pescoço desde a base do crânio até
 Virulência
a região cervicotorácica
 Estado imunológico
Fáscia Cervical Profunda:
Condições como:
 Possui 3 lâminas:
 Diabetes
 Superficial: fáscia de revestimento
 Desnutrição
o Forra o platisma por dentro e
 Infecção pelo HPV
vai da base do crânio até a
 Colagenoses
transição cervicotorácica
 Câncer
 Média: pré-traqueal
Essas condições têm maior risco de infecções o Dividida em 2 lâminas: lâmina
muscular, que reveste a
musculatura pré-tireoideana,
e lâmina visceral, que define o ATENÇÃO! Bainha carotídea:
espaço visceral
 Contém atéria carótida comum, artéria
ATENÇÃO! A lâmina visceral da fáscia média contém: carótida interna, veia jugular interna e nervo
 A bainha carotídea recebe folheto das 3
 Tireoide
fáscias
 Esôfago
 Espaço vascular longitudinal, que permite que
 Arcabouço laringotraqueal
as infecções se disseminem da região mais
Pelo fato de estar nesse envoltório, dificilmente, vai alta em direção ao tórax (mediastino)
ter infecção nesse espaço visceral, no entanto, pode
haver disseminação através dos pontos de
comunicação

 Profunda: pré-vertebral
o Delimita 2 espaços: fáscia pré-
vertebral e fáscia alar

ATENÇÃO! Entre a fáscia pré-vertebral e fáscia alar


tem-se o DANGER SPACE  espaço de risco

 Vai da base do crânio até a transição saco-


coccígea
 Quando uma infecção atinge esse espaço
tem-se o risco de morte aumentado
ATENÇÃO! A lâmina média da fáscia cervical profunda,
 Manejo se torna mais pontual  precisa ser
ao se inserir na linha média e subir em direção aos
mais agressivo no tratamento, tanto clínico
músculos do andar superior, que ficam acima do osso
quanto cirúrgico
hioide, forma uma tenda invertida
 Exemplo: se uma faringoamigdalite cair nesse
espaço tem-se o risco de morte aumentado  Infecções da região submandibular, se não
drenar espontaneamente para espaços
cervicais mais profundos, vão para o assoalho
da boca e insuflam
 Nesses casos, ao insuflar o assoalho da boca, a
língua do paciente vai subindo e sendo
projetada para trás, causando risco de
insuficiência respiratória
 Abcesso cresce no assoalho e empurra a
língua, visto que não drenou para espaços
cervicais profundos
 Nesse caso, precisa garantir uma via aérea
para o paciente, que não seja a intubação

VIAS DE DISSEMINAÇÃO
ETIOLOGIA

 Infecções dentárias: 30%


 Faringoamigdalites
 Era uma preocupação na era pré-
antibiótico: 70%, principalmente, em
pré-escolares e escolares
 Infecções de partes moles
 Exemplo: espinha, picada de inseto
 Sialodenites
 Especialmente, relacionado a
sialolitíase
 Trauma cervical penetrante
ATENÇÃO! É preciso entender as vias de disseminação  Laceração de mucosa sem diagnóstico
para intervir de maneira precoce e mudar o curso da em tempo
doença do paciente  Acesso venoso
 Principalmente, em pacientes
Infecções submandibular:
pediátricos
 Relacionada a sialolitíase, que causa  Relacionado ao maior número de
sialodenite e infecções dentárias tentativas para acesso e
 Podem se propagar para espaço mastigador e contaminação após antissepsia
do mastigador para o espaço parafaríngeo e  Picadura ou mordedura
espaço de risco
ATENÇÃO!
Infecções no espaço Periamigdaliano:
 Quando a infecção vêm de vias aéreas
 Relacionadoa a criptites, abcessos superiores precisa lembrar, principalmente,
amigdalianos de repetição e abcessos de Germes gram + e anaeróbios
retrofaríngeos  Quando a infecção encontra-se em pacientes
 Podem drenar para espaço parafaríngeo e graves lembrar, principalmente, de germes
espaço de risco gram –
 Precisa tomar muito CUIDADO
DIAGNÓSTICO
Infecções da Parótida:
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
 Podem drenar para espaço parafaríngeo e
 Cervicalgia
espaço de risco
 Torcicolo
Infecções do espaço vascular e visceral:  Odinofagia
 Trismo: invasão do espaço mastigador
 Possuem os 3 folhetos
 Paciente não consegue abrir a boca
 Disseminam no sentindo longitudinal até o
 Graduado de I a III
tórax
 Febre
ATENÇÃO! O espaço parafaríngeo é uma zona que  Toxemia
precisa de muito cuidado, visto que propaga direto  Odontalgia
para o espaço de risco  Manipulação dentária
 Flogose: dor, calor, edema, endureção,
enfisema (acúmulo de gás) e flutuação (ponto
Espaços que envolvem o pescoço no sentindo mais mácio por onde drena
longitudinal: espontaneamente)

 Espaço vascular e visceral ATENÇÃO! Atentar-se para a história do paciente:


 Espaço de risco infecção de vias aéreas superiores prévia,
 Espaço pré-vertebral manipulação dentária e traumatismo cervical
 Espaço parafaríngeo
DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO  Quando não tem possibilidade,
nasotraqueal
 Raio X cervical:
 Achados: aumento de partes moles e
 Cervicotomia ampla, drenagem e curativos
nível hidroaéreo, se existir
TiD
 BAIXA sensibilidade
 Ampla: de orelha a orelha
 Precisa comunicar todos os
 Raio X de tórax:
compatimentos e retirar todo tecido
 Principalmente, quando tem quadro
necrótico
de estado geral comprometido
 Curativo TiD: no mínimo 3 vezes ao
 Exemplo: taquipneico, taquicárdico
dia, sob demanda
o Precisa deixar espaço para
ferida “respirar”
 USG de partes moles
 Limitação: dor ao encostar o
transdutor no paciente
 Traqueostomia
 Define se o abcesso é multilodulato
 Em 10-15% dos casos
ou não: loja única ou várias lojas
 Evitar sempre que possível pelo risco
de broncoaspiração durante o manejo
 TC cervical e torácica
 Quando precisa fazer, deve ser feita
 MELHOR EXAME
com cuidado dissecando e aspirando
 Gold Standard
 Achados: lesão hipodensa, traves
 Toracotomia SOS
fibróticas para dentro, ávida cavitação
 Pacientes que precisam drenar o
de contraste e borramento
tórax:
o Paciente com queda da
evolução, após drenagem de
abcesso  exemplo: paciente
que drenou abcesso, está em
melhora clínica, mas depois
de um tempo volta a ter febre
o Derrame pleural
 Suporte invasivo para pacientes de gravidade

COMPLICAÇÕES

 Comprometimento de vísceras cervicais


 Pneumonia
 Mediastinite  descartar por TC
 Pericardite
Imagem: abcesso no espaço parafaringeal à esquerda  Abcessos pulmonares
TRATAMENTO DAS INFECÇÕES CERVICAIS GRAVES  Trombose da veia jugular interna → embolia
pulmonar
SUPORTE CLÍNICO  Abcessos epidurais
 Neuropatias craniais  IX, X, XII e XII
 Hidratação vigorosa
 ATB amplo espectro empírico MORBIMORTALIDADE
 Exemplo: Clindamicina + Ceftriaxona
 Atraso no tratamento e diagnóstico tardio
ABORDAGEM CIRÚRGICA  Tratamento inadequado
 Debilidade do hospedeiro  paciente com
 Intubação naso/orotraqueal
comorbidade associada
 Orotraqueal: mais simples e mais
 Infecção polimicrobiana de alta virulência
rápida
 Morte associada a sepse e falência de
múltiplos órgãos

FLUXOGRAMA DE MANEJO

Não espera cultura  inicia antibioticoterapia


empírica

CASO CLÍNICO

Paciente, 21 anos, hígida, relato de IVAS recente


tratada com Astro 500mg/dia por 03 dias, foi admitida
na urgência com febre alta, adinamia, odinodisfagia e
otalgia reflexa a esquerda. Ao exame, notava-se
tumefação dolorosa na região submandicular
esquerda e trismo grau II

Diagnóstico: abcesso no espaço submandibular pela


TC

Tratamento: drenagem guiado por USG, irrigação


exaustiva e ATB de amplo espectro

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