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TRATAMENTO DAS INFECÇÕES ODONTOGÊNICAS

 Os oito passos do tratamento das infecções odontogênicas são:


Determinar a gravidade da infecção
Avaliar as defesas do hospedeiro
Decidir os cuidados
Tratar cirurgicamente
Oferecer suporte clínico
Escolher e prescrever terapia antibiótica
Administrar corretamente o antibiótico
Avaliar frequentemente o paciente

 As bactérias são principalmente cocos aeróbios grampositivos, cocos


anaeróbios gram-positivos e bastonetes anaeróbios gram-negativos

 As bactérias aeróbias predominantes nas infecções odontogênicas


(encontradas em cerca de 65%dos casos) são do grupo dos
Streptococcus milleri, que consiste em três membros do grupo de
bactérias S. viridans: S. anginosus, S. intermedius e S. constellatus

 A maioria dos abscessos dos dentes superiores aparece inicialmente


como abscessos vestibulares. Ocasionalmente, um abscesso palatino
surge do ápice de um incisivo lateral gravemente inclinado ou da raiz
palatina de um primeiro molar ou pré-molar superior

 Uma raiz longa do canino superior permite que a infecção perfure o osso
superior à inserção do músculo elevador do ângulo da boca e cause
infecção do espaço infraorbitário (canino)

 O músculo milo-hióideo determina se as infecções que drenam


lingualmente vão se dirigir superiormente a esse músculo para o espaço
sublingual ou abaixo dele para o espaço submandibular

OBS: Enquanto a fístula continuar a drenar, o paciente não sentirá dor!

 Os espaços bucal, infraorbital vestibular e subperiosteal podem ser


graduados como tendo baixa gravidade

 As infecções de espaços anatômicos que podem atrapalhar o acesso às


vias respiratórias, por inchaço, ou ao trismo podem ser classificadas
como de gravidade moderada. Tais espaços são o espaço mastigatório,
cujos componentes podem ser considerados separadamente como
espaços submassetérico, pterigomandibular, temporal superficial e
profundo, e o perimandibular (submandibular, submentual, e sublingual)

 Já infecções que têm alta gravidade são aquelas cujo inchaço pode
diretamente obstruir ou desviar as vias respiratórias ou ameaçar
estruturas vitais. Estes espaços anatômicos são o faríngeo lateral e o
retrofaríngeo, o espaço perigoso e o mediastino. A trombose do seio
cavernoso e outras infecções intracranianas também têm alta gravidade.

 Há uma infecção de progressão rápida, chamada de fasciite necrosante,


ocasionalmente encontrada na região de cabeça e pescoço, quase
sempre de origem odontogênica. Ela é uma infecção de rápida
propagação que segue o músculo platisma para baixo, no pescoço e
para a parede anterior do tórax. O diabetes e o alcoolismo mostramse
fatores predisponentes.
Os primeiros sinais da fasciite necrosante são pequenas vesículas e
descoloração púrpura escura na pele afetada. Logo em seguida, a pele
fica anestesiada e há necrose. Nesses casos, a oxigenoterapia
hiperbárica pode ser benéfica

 o paciente com infecção no espaço faríngeo lateral inclinará o pescoço


em direção ao ombro oposto, para posicionar as vias respiratórias
superiores sobre a traqueia desviada lateralmente

 A abertura máxima interincisal, que diminui para 20 mm ou menos em


um paciente com dor aguda, deve ser considerada uma infecção do
espaço mastigatório até que se prove o contrário.
 Uma saturação de oxigênio abaixo de 94% em paciente saudável é um
sinal assustador porque indica insuficiente oxigenação tecidual
decorrente da hipoperfusão ou da hipooxigenação

 Condições médicas que comprometem a defesa do hospedeiro

 Doenças metabólicas descontroladas — como diabetes não controlado,


doença renal em estágio terminal com uremia e alcoolismo grave com
desnutrição —resultam na função reduzida dos leucócitos, incluindo
diminuição da quimiotaxia, fagocitose e morte bacteriana

 Ciclosporina, corticosteroides, tacrolimus (Prograf®) e azatioprina


(Imuran®). Tais substâncias diminuem a função dos linfócitos T e B e da
produção de imunoglobulina. Portanto, pacientes fazendo uso desses
medicamentos são mais propensos a ter infecções graves

 Critérios para encaminhar para um bucomaxilo:

• Dificuldade de respirar

• Dificuldade de deglutir
• Desidratação

• Trismo moderado a grave (abertura interincisal menor que 20 mm)

• Edema estendendo-se além do processo alveolar

• Temperatura elevada (maior que 38,3 °C)

• Mal-estar grave e aparência tóxica

• Defesas comprometidas do hospedeiro

• Necessidade de anestesia geral

• Insucesso no tratamento prévio

 Critérios para encaminhamento imediato ao hospital


-progressão muito rápida da infecção
-dificuldade de respirar (dispnéia)
-dificuldade de deglutição (disfagia)

 Trismo leve pode ser definido como máxima abertura interincisal entre
20 e 30 mm; trismo moderado é uma abertura interincisal entre 10 e 20
mm; e trismo grave é uma abertura interincisal de menos de 10 mm.

OBS: Encaminhamento ao especialista em trismo moderado ou grave

 Caso se tenha decidido fazer uma cultura, ela é executada antes da


drenagem cirúrgica

 Indicação para teste de cultura e sensibilidade antibiótica


• Infecção disseminada além do processo alveolar
• Rápida progressão da infecção
• Terapia prévia, antibiótica múltipla
• Infecção não responsiva (após mais de 48 horas)
• Infecção recorrente
• Comprometimento das defesas do hospedeiro

 A incisão deve ser pequena, usualmente não passando de 1 cm de


comprimento. Concluída a incisão, uma pinça hemostática fechada
curva é inserida através da incisão dentro da cavidade do abscesso.
Esta é, então, aberta em diversas direções para romper quaisquer
pequenas loculações (cavidades de secreção purulenta) que não foram
abertas pela incisão inicial.

 O dreno mais comumente usado para os abscessos intraorais é um


dreno de Penrose estéril de 6,35 mm. Um substituto frequentemente
usado é uma pequena tira esterilizada de dique de borracha ou de luva
cirúrgica

OBS: O dreno deve permanecer no lugar até que a drenagem seja


interrompida, usualmente por dois a cinco dias

 Indicação para o uso terapêutico de antibióticos:

• Edema estendendo-se além do processo alveolar

• Celulite

• Trismo

• Linfadenopatia

• Temperatura maior que 38,3 °C

• Pericoronarite grave

• Osteomielite

 Antibióticos Administrados Oralmente Efetivamente Úteis para


Infecções Odontogênicas
• Penicilina
• Amoxicilina
• Clindamicina
• Azitromicina
• Metronidazol
• Moxifloxacin
 Para pacientes com defesa comprometida, o medicamento de
escolha devem ser os antibióticos bactericidas. Por exemplo, a
penicilina, que é um antibiótico bactericida, deve ser preferida à
azitromicina, que é um antibiótico bacteriostático, em um paciente
em tratamento quimioterápico

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