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All content following this page was uploaded by Silvia Rocha Falvo on 16 February 2021.
SÃO CARLOS
2018
Avaliações Adaptadas: os passos a serem seguidos
Resumo
Introdução
Apesar da inclusão de crianças e jovens com algum tipo de deficiência nas escolas
regulares ter aumentado nos últimos anos, são grandes os desafios de preparar os
professores para mantê-las na sala de aula com os demais colegas, e de receber as
crianças que ainda não estão incluídas.
Outro aspecto a ser considerado é que a criança com deficiência exige ainda aulas
mais lúdicas, mais visuais; um número maior de repetições, um currículo flexível, bem
como avaliações adaptadas. A inclusão ficaria muito comprometida sem essas
preocupações. Por esses motivos esse trabalho se faz necessário e importante – a fim de
levantar essas preocupações, bem como auxiliar o professor, descrevendo o perfil
necessário às avaliações adaptadas.
Num âmbito menor, mas não menos importante, a avaliação deve ser lembrada
como parte inerente ao ensino e à aprendizagem. Portanto torna-se essencial, nesse
estudo, explorar a ideia de que a avaliação é fundamental nos processos escolares; rever
as práticas de avaliação a fim de atender a todos; e por fim, se nos preocupamos com
um ensino que respeite a diversidade, precisamos pesquisar uma avaliação inclusiva,
respondendo à pergunta: cumprimos, numa avaliação adaptada, os mesmos pré-
requisitos observados numa avaliação dita regular?
Desenvolvimento
Precisamos lembrar ainda que nem toda necessidade individual quer dizer especial.
Quando se fala em atendimento especial, faz-se necessário então colocar em prática
uma série de outros recursos e medidas pedagógicas.
Essas medidas exigem muitas vezes modificações de organização e
funcionamento da escola, adaptações do currículo e nos meios para se ter acesso à ele.
Um currículo aberto, flexível, amplo e equilibrado é fundamental para responder à
diversidade e o mesmo deve ser uma preocupação de toda a comunidade escolar, não
apenas de alguns professores ou gestores.
Para que tudo isso ocorra de maneira tranquila, a equipe deverá estar unida num
propósito comum - o ambiente deve favorecer a aprendizagem de todos, deve ser
acolhedor e favorecer a autonomia, a mobilidade e as relações interpessoais, segundo
Blanco (BLANCO, 2004).
Não é tarefa fácil elaborar situações de aprendizagem que garantam que todos os
alunos participem e avancem cada um dentro de suas possibilidades. Mas existem meios
para isso ocorrer. Aqui citamos alguns mencionados por Blanco (BLANCO, 2004):
- utilizar estratégias metodológicas diversificadas;
- utilizar estratégias de aprendizagem cooperativas;
- oferecer experiências e atividades variadas, com diferentes graus de dificuldade; com
várias possibilidades de execução; propondo várias atividades para o mesmo conteúdo e
uma mesma atividade para conteúdos diferentes;
- dar liberdade aos alunos para escolherem entre várias atividades e decidam como as
realizarão;
- dar oportunidade para que apliquem o que aprenderam de forma autônoma;
- utilizar materiais bem variados;
- combinar diferentes tipos de agrupamento;
- utilizar diferentes instrumentos de avaliação, de modo a garantir aos alunos diferentes
possibilidades para expressarem o seu aprendizado;
- organizar o espaço da sala de aula, permitindo um ambiente agradável e funcional, que
garanta a mobilidade de todos, lembrando-se que alunos com dificuldades devem
ocupar locais estratégicos, onde possam se comunicar com os colegas e o professor com
maior facilidade, bem como onde possam ter mais acesso às informações veiculadas na
sala. Quando a deficiência é motora ou sensorial, deve-se preocupar até mesmo com a
luminosidade e a sonorização (a acústica, por exemplo);
- organizar os horários de atividades de modo que o professor possa realizar junto a
alguns, momentos individuais de reforço ou aprofundamento;
- desenvolver nos alunos o respeito e a valorização às diferenças; promover discussões
ou debates que os permita se expressar; evitar comparações ou mensagens que não os
faça crescer emocionalmente.
Mas, muitas vezes essas ações não são suficientes, e a adaptação do currículo
deve ser individual. Trata-se, nesse caso de “construir um currículo sob medida para o
aluno, tomando decisões a respeito do que ele tem de aprender e em que sequência, de
como se deve ensinar-lhe, de quais serão os critérios para avaliar seus avanços e de
como será avaliado” (BLANCO, 2004).
Mas veja bem, não se trata de não participar da vida escolar das outras crianças,
pelo contrário, estará compartilhando algumas aprendizagens; introduzindo-se outras;
dando prioridade a algumas; renunciando temporariamente ou permanentemente a
outras; usando estratégias distintas; adaptando material comum a todos ou modificando
critérios de agrupamento para o seu aprendizado. Mas não há receitas...
Portanto, caso se decida pela adaptação deve-se então assegurar que o aluno
receba todos os meios que garantam seu avanço em igualdade de condições com os
outros; relacionar suas necessidades individuais com a programação do seu grupo de
referência; coordenar as ações dos diferentes profissionais que trabalham com a criança;
facilitar e garantir a colaboração e o compromisso da família, nesse processo; bem
como, gradativamente retornar a situações mais normalizadoras.
Essa adaptação ainda envolve a família que pode relacionar o que faz em casa
com o que se faz na escola, de modo a agregar valor às adaptações escolares.
Mas não se pára por aí: deve-se registrar os avanços dessa criança e avaliar
constantemente se as decisões tomadas foram satisfatórias ou não.
Hadji, citado por Coll (COLL, 2004) diz que “avaliar consiste
fundamentalmente em emitir um juízo de valor sobre as consequências de uma ação
projetada ou realizada sobre uma parcela da realidade”.
Avaliação deve envolver aprendizado e não punição. A avaliação da
aprendizagem, segundo Coll (COLL, 2004), deve estar associada às intenções
educacionais anteriores ao aprendizado, que orientam o ensino; deve ter critérios
explícitos e claros; não deve ser confundida com medida; deve valorar se as
expectativas de aprendizagem foram alcançadas pelos alunos; deve ser precisa e
confiável; deve usar indicadores que revelem se o ensino e a aprendizagem foram de
fato promovidos, ou seja, deve ser inseparável das atividades de ensino e aprendizagem.
A avaliação deve ainda ter um caráter comunicativo – como emitir esse juízo de
valor; a quem emití-lo; para que emití-lo? Deve ocorrer em vários momentos do
processo de ensino-aprendizagem. Pode ser:
- Diagnóstica: acontece no início do processo de ensino-aprendizagem. Serve para
adaptar o ensino às necessidades que os alunos apresentam ou orientá-los para o tipo de
ensino que mais atende às suas necessidades;
- Formativa, Contínua ou Reguladora: relaciona as informações derivadas da evolução
do processo de aprendizagem dos alunos à ação didática. Com esse retorno o professor
pode melhorar sua ação docente a fim de ajudar os alunos a melhorar seu processo de
ensino-aprendizagem.
- Cumulativa: se formula ao final de uma atividade ou de um conjunto de atividades de
ensino e aprendizagem (COLL, 2004).
Considerações Finais
Já, Coll (COLL, 2004), chama a atenção para se evitar a “cultura do teste”, que
prioriza velocidade e eficiência na execução, mas não valoriza a reflexão e a
compreensão. Dar enfoque a uma avaliação que envolve a realização de projetos;
apresentações orais, elaboração de textos, com informes e/ou experiências; situações
onde avalia-se o realismo e a aplicação das tarefas; que solicita o domínio de diferentes
conhecimentos e habilidades; que usa questões mais abertas; que admite várias
soluções; tarefas que podem se estender por várias aulas; que valoriza a argumentação;
que usa textos significativos para a leitura; que faz uso de tarefas em colaboração; que
pode utilizar dicionários, calculadoras, materiais de consulta, etc. Afinal, a avaliação
que deseja-se, numa proposta construtivista, valoriza a compreensão, a capacidade de
argumentar após reflexão; a discussão, a análise e a ressignificação por parte do aluno.
Referências