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Inteiro Teor da Decisão - Pág.

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Ação Indenizatória N.º 12

RELATOR :MIN. JULIUS ROBERT OPPENHEIMER


REQTE. (S) :LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
ADV. (A/S) :JÚLIO CASARES
REQDO. (A/S) :FREI CHICO
:QUARTA PRESO DE COMUNICAÇÃO
CL. (S) - ASS. (S) :PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL - INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL

Vistos.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, representado por JÚLIO CASARES, ajuizou a


presente ação indenizatória por danos morais em face de FREI CHICO, alegando, em
síntese, que o réu deliberadamente publicou informações sabidamente inverídicas, com o
intuito de macular os direitos da personalidade do requerente, através da empresa de
mídia QUARTA PRESO DE COMUNICAÇÃO, da qual o réu possui in uência sobre. Na
inicial, o requerente sustenta que a matéria publicada faz um juízo difamatório e traz
falsidades notórias, ao atribuir à gura do requerente o rótulo de “corrupto”, devido à sua
imagem que traz este vocábulo, e portanto requer a condenação do réu por violar os
artigos 1º, inciso III, e 5º, incisos V e X, da Constituição Federal; e os artigos 12, 17, 21 e 187
do Código Civil.

Dispensada audiência conciliatória, e estabelecido prazo, o réu ofereceu contestação


na forma do art. 137 do Código de Processo Civil (CPCBRRPG). A rma o réu, em síntese,
que a matéria publicada e a imagem com a grade de programação não possuem de
maneira alguma o intuito de aviltar os direitos da personalidade do requerente e difamá-
lo, pois a matéria em si não relata ofensas sobre o proponente da presente ação, bem como
a imagem com a grade de programação trazem informações sobre matérias a serem
publicadas no futuro, o que estaria fora do escopo do alegado pelo Autor na inicial, e
portanto ambas estariam asseguradas pela liberdade de imprensa preconizada pelo art.
112, §1º da Lei Fundamental (CFBRRPG). Com base nesses argumentos o réu requer que a
ação seja julgada integralmente improcedente.

É o relatório.

Fundamento e passo a decidir

A matéria em discussão é somente de direito e de fato que dispensa outras provas


além das que estão acostadas aos autos. Assim, com fundamento no artigo 155, I, do
Código de Processo Civil (CPCBRRPG), passo a proferir sentença.
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A ação é procedente em parte.

Em vista da separação da matéria e da imagem com a grade de programação que se


fez clara nos autos, devemos pelo senso das proporções chegar na justa e comedida
conclusão de que só aquilo que deteve potencial ofensivo é responsável pelo dano moral,
isto é, a imagem com a grade de programação, que foi veiculada no portal de imprensa
QUARTA PRESO DE COMUNICAÇÃO, em que lê-se claramente o dizer “Fora Lula
Corrupto”, enquanto a matéria em si, por não conter nenhuma retórica in amada contra
os direitos da pessoa do requerente, não pode ser vista da mesma forma, sob risco de
cercear o discurso e prejudicar o direito fundamental à liberdade de expressão e imprensa
previsto pelo art. 112, §1º da e pelo Art. 5º inciso IX da Constituição Federal (CFBRRPG).

Tendo isso sido exposto, também é possível constatar a clara imputação do rótulo
de "corrupto” ao requerente através da imagem e da grade, o que con gura expressão
clara e objetiva apta a gerar danos morais ao requerente. Observando o caráter destras
percebe-se uma clara intenção do requerido FREI CHICO em ferir os direitos da
personalidade, tais como a imagem e a honra do Sr. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, ao
exibir o dizer sobredito no parágrafo anterior, de forma sensacionalista, na imagem
publicada junto à matéria. Tal aferição encaminha o juízo a entender que indubitavelmente
houve violação dos arts. 17 e 21 do Código Civil, tanto quanto houve ato ilícito nos termos
do art. 187 da mesma codi cação, e para além deste, houve violação categórica do art. 5º
inciso X da Constituição Federal na veiculação da imagem e da grade de programação com
a chamada “Fora Lula Corrupto”.

Posto isso, JULGO PROCEDENTE EM PARTE, a) e CONDENO o réu ao


pagamento do valor de R$ 400.000,00 que fora reduzido equitativamente do solicitado
pela parte requerente na inicial, nos termos do art. 944, PÚ do Código Civil, b) bem como
DETERMINO, em caráter adicional, a imediata REMOÇÃO DO AR da imagem e da
grade de programação publicadas, sob aplicação de multa diária de R$ 100.000,00 por cada
dia que ambas permanecerem no ar após a publicação desta decisão.

Sucumbente em signi cativa medida, o réu deverá arcar com as custas e despesas
processuais e compensar a verba honorária em 20% sobre o valor da condenação
proferida.

O requerente deve informar a este Supremo Tribunal Federal se a decisão prolatada


não for cumprida.

Publique-se. Intimem-se. Cumpre-se.

Ministro Julius Robert Oppenheimer


Assinado Digitalmente
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