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179.00 vitalidade
urbana
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179
179.01 design
Modernidade e tradição
no design de interiores
North End, Boston, 2004 A casa de Ernesto
Foto Sfoskett [Wikimedia Commons] Korrodi (1870-1944)
Mónica Romãozinho
179.02 patrimônio
O conceito de vitalidade urbana O sumo bem contra a
ruína da sociedade
"O que faz uma boa cidade?" Ilustração católica e
Kevin Lynch, A boa forma da cidade (1) mística feminina na
fundação do
Os fatores que determinam a afinidade por determinados lugares são tantos Recolhimento da Luz em
que seria impossível identificar todos. No entanto, alguns autores 1774
apontaram correlações entre aspectos da forma urbana e fenômenos sociais Amilcar Torrão Filho
como a insegurança, a prática de esportes e outras atividades ao ar
livre, o envolvimento com a política local (2). A proporção entre janelas 179.03 meio ambiente
e muros cegos em uma rua, por exemplo, poderia influenciar na dinâmica Questões estruturais da
social, econômica e ambiental da mesma rua. Neste sentido, a cidade
administração da cidade deve utilizar critérios de avaliação que definam Leituras possíveis
o melhor ou pior desempenho, de modo a favorecer a criação de espaços Liliane Alves Benatti e
públicos de boa qualidade. Apesar da dificuldade de avaliar objetivamente Manoel Lemes da Silva
as correlações entre a forma urbana e a apropriação dos espaços, devido a Neto
multiplicidade dos elementos e fatores envolvidos, alguns estudos, 179.04 patrimônio
auxiliados por recursos da informática, vêm obtendo bons resultados na A dimensão urbana do
avaliação quantitativa destas correlações (3). patrimônio na Carta de
Atenas de 1931
A idéia de vitalidade urbana procura sintetizar o conjunto de qualidades As contribuições da
de um assentamento no qual as pessoas apreciem estar, geralmente, delegação italiana
concentrador de múltiplas atividades e relações econômica. Jane Jacobs Renata Campello Cabral
assume uma interpretação de “vitalidade” voltada para a interação social,
a diversidade de usos e a "qualidade vibrante dos lugares". A autora faz 179.05 cultura popular
referência a uma “atmosfera de alegria, companheirismo e bem-estar nas Modos de expor no
ruas”, quando descreve o North End, bairro de baixa renda em Boston, como comércio popular
fica representado no trecho: Do barroco ao mestiço
Ludmila Brandão
“Quando visitei o North End novamente em 1959, fiquei espantada 179.06 patrimônio
com a mudança. [...] No lugar de colchões encostados às janelas, A preservação do “saber
havia venezianas e a aparência de tinta fresca. [...] Misturadas fazer”
aos prédios residenciais havia uma quantidade incrível de A taipa-de-mão do
excelentes mercearias, assim como casas de estofamento, “Canto do Sabiá”
serralheria, carpintaria, e processamento de alimentos. As ruas Ronaldo Marques de
tinham vida com crianças brincando, gente fazendo compras, gente Carvalho, Cybelle
passeando, gente falando. Não fosse um frio dia de Janeiro, Salvador Miranda, José
certamente haveria pessoas sentadas às portas” (4). Antonio da Silva Souza,
Alcebíades Negrão
Segundo Jacobs, incentivar a diversidade de usos seria a melhor forma de Macêdo e Brena Tavares
combater a “grande praga da monotonia” – resultante do planejamento Bessa
setorizado e monofuncional –, promovendo segurança, atratividade e
179.07 restauro
interação entre as pessoas. Assim, os principais fundamentos da
Do restauro à recriação
revitalização de áreas urbanas de baixa vitalidade e integração de
Juliana Cardoso Nery e
franjas e bordas seriam os mesmos: promoção da diversidade através de um
Rodrigo Espinha Baeta
diagnóstico das carências de usos principais, tamanho das quadras,
distribuição etária e tipos de edifícios (5).
Sustentabilidade e equidade
Existe uma hipótese de que a economia passaria por uma transição para uma
fase "pós-materialista", centrada nos serviços e no turismo, reduzindo as
indústrias nos países mais desenvolvidos e, assim, reduzindo impactos
sobre o meio ambiente. Isto, no entanto, desconsidera que o dinheiro
obtido nesta economia irá destinar-se à aquisição de bens cuja produção
requer utilização de recursos naturais e energia. No Rio de Janeiro, por
exemplo, a utilização residencial de energia elétrica aumentou mais de
30% entre 2002 e 2010. a geração per capta de resíduos também aumentou de
240 para 270 kg por ano, segundo dados do Institudo Pereira Passos e da
Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro (27). Isto contribúi para que
hajam progressivamente mais conflitos locais e globais relacionados com a
partilha geográfica e social da contaminação (inclusive decorrente da
falta de saneamento, erosão, congestionamento, etc.) e sobre o acesso aos
recursos naturais (inclusive as paisagens e outros bens de difícil
mensuração e valoração).
notas
1
LYNCH, Kevin. A boa forma da cidade. Lisboa, Edições 70, 1981. p. 4.
2
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. Tradução de Carlos Rocha. São
Paulo, Martins Fontes, 1961; ROSSI, Aldo (1966). A arquitetura da cidade. 2ª
edição, São Paulo, WMF Martins Fontes, 2001; LYNCH, Kevin (1960). A imagem da
cidade. Tradução Jefferson Luiz Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1997;
LYNCH, Kevin. A boa forma da cidade (op. cit.).
3
Por exemplo, o simpósio temático coordenado por Vinícius Neto, apresentado no
II Enanparq, intitulado “Forma e vitalidade urbana: Impactos de padrões de
urbanização e arquitetura sobre as dinâmicas da cidade”, no qual foi discutida
a relação entre a forma urbana, suas qualidades ambientais e vitalidade, a
partir de metodologias predominantemente quantitativas.
4
JACOBS, Jane. Op. cit., p. 8.
5
Idem, ibidem, p. 437.
6
LYNCH, Kevin. Op. cit., p. 118.
7
SECCHI, Bernardo. Primeira lição de urbanismo. São Paulo, Perspectiva, 2006.
8
Idem, ibidem, p. 56.
9
“Pode ser que os homens estejam ficando como os porcos-espinho de Schopenhauer:
quando o inverno é frio os porcos-espinho, procurando um pouco de calor,
comprimem-se entre si, mas os espinhos de um espetam a carne do outro. Os
porcos-espinho, então, afastam-se e sentem frio. [...] ao fim, eles encontram
uma distância adequada, na qual não sentem nem muito frio, nem muita dor. A
cidade contemporânea, cidade ainda instável, talvez esteja à procura da
distancia adequada”. SECCHI, Bernardo. Op. cit., p. 60.
10
DAVIS, Mike, Cidade de quartzo, escavando o futuro em Los Angeles. São Paulo,
Página Aberta, 1993, p. 17-89.
11
MARTINS, José de Souza. A sociedade vista do abismo. Novos estudos sobre
exclusão, pobreza e classessociais. Petrópolis, Vozes, 2002.
12
LOPES, Rodrigo, A cidade intencional – o planejamento estratégico de cidades.
Rio de Janeiro, Muad, 1998.
13
HARVEY, David. Do gerenciamento ao empresariamento: a transformação da
administração urbana no capitalismo tardio. Espaço & Debates, São Paulo, n. 39,
NERU, 1996, p. 48-64.
14
GANDHI, Mahatma. Young India. 1923.
15
SEN, Amartya (1987). Sobre ética e economia. São Paulo, Companhia das Letras,
1999.
16
ADAMS, John Stacy. Teoria da equidade: para uma teoria geral da interação
social. Nova York, Academic Press, 1976.
17
PNUD – PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Relatório do
Desenvolvimento Humano 2011. Sustentabilidade e Equidade. Um futuro melhor para
todos. Nova York, 2011, p. 4.
18
SACHS, Ignacy. Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. Tradução E. Araujo.
São Paulo, Vértice, 1981, p. 14.
19
WCED (World Commission on Environment and Development). Our Common Future.
Oxford, Oxford University Press, 1987, p. 23.
20
SACHS, Ignacy, Desenvolvimento includente, sustentável, sustentado. Rio de
Janeiro, Garamond, 2004, p. 39.
21
Idem, ibidem, p. 42.
22
ALIER, Joan M. Ecologismo dos pobres. Conflitos ambientais e linguagens de
valoração. Tradução Maurício Waldman. São Paulo, Contexto, 2011, p. 44.
23
Esta distinção aparece na Política de Aristóteles.
24
TOGEIRO de A., Luciana. Política ambiental: uma análise econômica. São Paulo,
Unesp, 1998, p. 28.
25
ALIER, Joan M. Op. cit., p. 51.
26
Idem, ibidem, p. 52.
27
Armazém de Dados. Rio de Janeiro, Instituto Pereira Passos
<www.armazemdedados.rio.rj.gov.br> Acessado em Janeiro de 2013.
28
SWYNGEDOUW, Erik; HEYNEN, Nikolas. Urban Political Ecology. Justice and the
Politics of Scale. Antipode, vol. 35, n, 5, 2003, p. 899-918.
29
Como referiu-se o documento de criação da Macrozona de Especial Interesse
Econômico MACROZEE da Amazônia Legal. Ver: COMISSÃO COORDENADORA DO ZEE DO
TERRITÓRIO NACIONAL. Estratégias de transição para a sustentabilidade.
Brasília, Ministério do Meio Ambiente, s/d.
<www.mma.gov.br/estruturas/ascom_boletins/_arquivos/24_03_macrozee_08_83.pdf>.
Acessado em Janeiro de 2013.
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