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199.03 planejamento
urbano
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199
199.00 urbanização
A metrópole híbrida
Uma perspectiva
histórica da
urbanização de
Fortaleza
Ricardo Paiva
199.01 crítica
Default urbano
O espaço urbano e suas
tipologias
Frederico Canuto e
Luciana Souza Bragança
199.02 história
Para além das reformas
Reflexões sobre o lugar
de memória do Maracanã
pelo viés da ambiência
Natália Rodrigues de
Campo Grande, área central Melo e Cristiane Rose
Foto Allexanndr3 [Wikimedia Commons] de Siqueira Duarte
199.04 tecnologia
Avaliação do Ciclo de
Preâmbulo Vida Energético (Acve)
de uma habitação de
Inegavelmente, um dos maiores problemas urbanísticos de Campo Grande MS light steel framing
são os vazios urbanos existentes em seu território. Avaliação do desempenho
térmico e simulação
Desde os primórdios dos planos diretores, diversas diretrizes tentaram computacional
regular a produção do espaço urbano, levando em conta sempre a Lucas Caldas e Rosa
necessidade de urbanizar os vazios, de sorte a permitir que a mancha Maria Sposto
urbana fosse contínua. A partir da década de 1970, a cidade recebeu 199.05 patrimônio
contingentes populacionais em função de sua futura condição de capital de O bairro histórico de
Mato Grosso do Sul em 1979 e, com isso, acelerou-se a urbanização Paraty
descontrolada e os limites do perímetro foram sendo ampliados e os Autenticidade,
parcelamentos novos surgindo, disputando espaço com os conjuntos homogeneidade e
habitacionais públicos e com as ocupações irregulares em curso. Resultado integridade
ao fim da década, a cidade teve quase 200 favelas, mais de 10 mil novas Mariana Freitas
casas construídas e uns 120 mil lotes vazios ao fim dos anos 1990. Priester e Analucia
Thompson
Campo Grande, em 1995, parou para repensar seu planejamento e, no Plano
Diretor daquele ano, decretou a prioridade de combater os vazios urbanos 199.06 história
com políticas de habitação e de urbanização. Mas, os instrumentos de Acácio Gil Borsoi
controle não tinham uma base de dados que revelassem a real situação da A formação clássica do
cidade naquele momento e, sem essa informação precisa, as diretrizes arquiteto moderno
expressaram-se, apenas, nas zonas de uso e nos índices urbanísticos em Amanda Rafaelly Casé
vigor. Monteiro
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Em 2006, com a discussão da revisão do Plano Diretor, foi que o tema 199.07 urbanismo
“vazios urbanos”, retomou seu protagonismo. Mesmo assim, o plano não Redesenhos para Marabá
expressou as diretrizes fundamentais para o tema e apenas o mapa de uma PA
divisão da cidade em macrozonas (exigida pelo Estatuto da Cidade) e zonas Aspectos
especiais, contextualiza a necessidade de urbanização prioritária nas socioambientais e
Macro Zona 1 e Macro Zona 2. Naquele momento da revisão não havia dados desenho urbano
de nenhum levantamento consistente de toda a cidade para delimitar os Luna Bibas e Ana
necessários encaminhamentos de planejamento para a discussão dos vazios Cláudia Cardoso
urbanos.
199.08 história
Arquitetura de Chácara
A cidade caminhava para um perímetro urbano de quase 360 km2em 2014, mais
no Recife
de 130 mil lotes vazios e, à olho nu, muitas glebas e áreas livres quando
A história e o traço de
tomamos a decisão, por meio do Observatório de Arquitetura e Urbanismo da
Giácomo Palumbo em uma
UFMS, de procurar parceiros para a realização de uma ampla pesquisa em
reforma estética e
todo o território urbano, visando mapear e identificar os vazios urbanos
higienista de sobrado
em nossa cidade.
residencial
Juliana Cunha Barreto
Este trabalho apresenta a síntese do Relatório Final, depois de quase
dois anos de intenso trabalho técnico e urbanístico, com uma equipe de
acadêmicos do Curso de Arquitetura e Urbanismo lideradas pelo autor (1).
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Planta do Rossio de Campo Grande de 1910 [Acervo do Observatório de Arquitetura
e Urbanismo da UFMS / Ângelo Arruda]
A malha urbana de Campo Grande [Os vazios urbanos na cidade de Campo Grande]
Com relação à densidade urbana bruta por cada uma das regiões e bairros
da cidade, Campo Grande, segundo dados do Planurb, tem variação de 0,65
hab./ha até 63,68hab/ha, ou seja, bairros como Caiobá, Los Angeles, Mata
do Segredo ou Maria Aparecida Pedrossian, com densidades muito baixas –
menores que 10,00hab/ha, até os mais densos como Guanandy, Taquarussu ou
Estrela Dalva, mas com taxas nunca maiores que 100,00hab/ha.
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Densidade demográfica Bruta por Bairro – IBGE 2010 [Os vazios urbanos na cidade
de Campo Grande]
Nesse sentido, cabem algumas reflexões, mais como propostas para uma
agenda de estudos e de pesquisa que possam orientar os atores sociais nas
suas ações. Em primeiro lugar, em muitas cidades já não parece ser
realidade a ideia, vigente nos anos 1970, de vastas extensões de terra
infraestruturada e desocupada à espera da valorização. Nossas cidades são
hoje mais densas e compactas do que eram nos anos 1970, com a redução do
ritmo da expansão periférica e com o aproveitamento de oportunidades de
valorização que abertas pelo deslocamento das fronteiras da atuação do
capital imobiliário em relação aos mercados de comércio, serviços e
residências de média e alta renda.
Uma boa parte destes vazios, por exemplo, pode ser formadas por lotes de
pequenas dimensões, de pequenos proprietários (de renda baixa ou média
baixa) que, além de serem pouco adequados para pensarmos uma ampliação
efetiva da oferta de moradias, não se constituem exatamente como imóveis
para especulação, mas como patrimônio de camadas populares ou de camadas
médias empobrecidas, de defesa do capital contra a inflação (3). Existem
ainda muitas áreas com problemas de titularidade jurídicos ou submetidos
a regimes institucionais específicos e, portanto, inadequadas para
ocupação.
2.1. Conceituação
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consequência pós-industrial, quando as cidades atingem dimensões
metropolitanas em razão do crescimento tanto físico quanto populacional,
decorrente do êxodo rural (6).
Para Nuno Portas, vazio urbano é uma expressão ambígua, “até porque a
terra pode não estar literalmente vazia, mas encontrar-se simplesmente
desvalorizada com potencialidade de reutilização para outros destinos,
mais ou menos cheios” (7). Segundo Sérgio Magalhães (8), o conceito de
vazio urbano é bastante amplo, envolvendo termos como terrenos vagos,
terras especulativas, terras devolutas, terrenos subaproveitados,
relacionando-se com a propriedade urbana, regular ou irregular, ao
tamanho e à localização.
Flávio Villaça (9) utilizou a definição de vazio urbano como uma grande
extensão de área urbana equipada ou semi-equipada, com quantidade
significativa de glebas ou lotes vagos. Atualmente esse conceito se
expandiu, pois surgiram diversas tipologias de vazios urbanos em estudos
variados.
Vazio urbano para fins deste trabalho é qualquer área privada, desocupada
ou subocupada (ocupação menor que 25% de sua área), localizada no
interior do perímetro urbano, independente de possuir, ou não,
infraestrutura e serviços públicos. As demais áreas vazias públicas foram
classificadas como espaços livres ou áreas de domínio público, conforme
gráfico abaixo (10).
O que é mais significativo nessa Tabela 1 são as áreas privadas com taxa
de ocupação de 0%. Esses 9.241,61 hectares, conforme imagem abaixo, estão
localizados em sua maioria expressiva, nas bordas do perímetro urbano, e
constitui uma área maior do que todas as sete regiões urbanas: mais de
quatro vezes o tamanho da região do Centro e mais de duas vezes a
dimensão da região do Segredo.
Essas áreas privadas vazias, sem uso, constituem enorme estoque de terra
urbana disponível para a urbanização futura, seja de novos parcelamentos,
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condomínios, ou até de novos empreendimentos habitacionais ou ainda áreas
destinadas a parques, praças, urbanizações integradas ou serem
necessárias para a drenagem urbana futura. De qualquer forma, esse
estoque precisa ser mais estudado com o fim de identificar suas condições
econômicas e urbanísticas. Grande parte dessas glebas e áreas está nas
Zonas Z1, Z2 e Z6, com baixos coeficientes de aproveitamento.
Como podemos observar nos mapas abaixo, os vazios urbanos estão muito
localizados nas bordas do perímetro urbano, em lotes, áreas e glebas
muito distantes da urbanização e dos centros de emprego e, do ponto de
vista do zoneamento em vigor, as suas localizações, em sua maioria,
vincula-se às zonas de uso Z1, Z2, Z5 e Z6, especialmente. Essas são
zonas de uso com baixo poder de ocupação e restrições de usos diversos e
pouco atraentes nos coeficientes urbanísticos e indicam um estoque de
áreas para o futuro da urbanização da cidade, muito embora com enorme
pressão da própria urbanização em curso na cidade. Essas zonas
correspondem às antigas Zonas de Transição (ZT) da Lei municipal n.
2.567/1988, que foram criadas como áreas de estoque da urbanização
futura. Distantes da urbanização e desprovidas de infraestrutura, essas
áreas assistiram, nos últimos 30 anos, a urbanização chegar bem próxima
delas e com isso, há uma enorme capacidade de uso das mesmas em curto
espaço de tempo e que dependem da capacidade de investimento do mercado
imobiliário e das normas dos planos da cidade para elas.
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A Tabela 2 nos mostra outra radiografia dos vazios urbanos, agora por
meio da tipologia dos lotes e das unidades não parceladas (glebas). O
estoque de lotes não ocupados –sejam eles comuns ou especiais - somam-se
mais de 3.334 hectares e correspondem a mais de 9,2% do perímetro da
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cidade. Se considerarmos o lote médio com 360,00 m2 de área (essa é a
dimensão do lote de Campo Grande que mais foi produzido nos últimos 70
anos), teremos mais de 92 mil lotes vagos na cidade.
Tabela 3 – Vazios urbanos em Campo Grande: tipologia dos espaços livres total
[Observatório de Arquitetura e Urbanismo da UFMS]
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em 2014 (época dos dados da pesquisa), nos dava 14,32m2 de área verde
organizada por habitante quando a ONU indica 15,00 m2 de áreas verdes por
habitante. Já as áreas militares, fazem parte da história e da cultura da
cidade e estão presentes no território urbano desde o começo do século 20
e são e foram importantes para o desenvolvimento de Campo Grande e
sozinhas, somam mais de 845 hectares, utilizadas pelas forças militares
do Exército, da Aeronáutica e das policias civil, militar e federal.
Considerações finais
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há décadas e convive com esse tema, no dia a dia. A partir da década de
1940, a população urbana de Campo Grande passou a dobrar de tamanho a
cada 10 anos. Em 1991 o Censo Demográfico do IBGE acusou 526 mil pessoas,
um crescimento menor que nas últimas cinco décadas. Em 2000 o Censo
acusou 663 mil habitantes e o crescimento médio geométrico anual que era
de mais 8% nas décadas de 70/80, passa para 6% de 80/90 e agora para
pouco mais de 2%. Em 2010 foram contados 786 mil pessoas. Hoje, em 2016,
somam mais de 865 mil pessoas.
Com este quadro, era possível prever o que aconteceu na década de 1980:
favelas surgiam da noite para o dia, em várias partes da cidade; não
havia transporte coletivo para todos, muito menos energia e água potável;
a rede de educação e de saúde não estava preparada para atender esta
demanda.
notas
1
Este trabalho apresenta uma síntese do Relatório Final do trabalho técnico-
científico realizado pelo Observatório de AU da UFMS e entidades Secovi-MS e
Planurb, com prefácio da professora Ermínia Maricato, que pode ser baixado no
website www.observatorio.ufms.br. Colaboradores: Arquiteto e urbanista Paulo
Abreu (UFMS) e Poliana Padula (Sindarq-MS); acadêmicos do Curso de Arquitetura
e urbanismo da UFMS Leon Matos, Regina Scatena, Júlia Andrade, Felype Chamorro,
Laura Cella, Millene Macellani e Anna Zamai; pessoal técnico do Instituto de
Planejamento Urbano de Campo Grande (Planub), do Sindicato da Habitação de Mato
Grosso do Sul (Secovi-MS). Relatório final com prefácio da professora Ermínia
Maricato. O download do trabalho integral pode ser feito em: Observatório de
Arquitetura e Urbanismo, Programa de Extensão da Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul. Coordenação de Ângelo Marcos Vieira.
2
Sobre o tema do vazio na cidade, ver: JANEIRO, Pedro António Alexandre. {Cheios
inúteis} A imagem do vazio na cidade. Artitextos, n. 8, Lisboa, CEFA/CIAUD,
2009, p. 181-193
<www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/1488/1/Pedro%20Janeiro.pdf>.
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.199/6347 10/11
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3
SAUER, Leandro; CAMPELO, Estevam; CAPILLE, Maria Auxiliadora Leal. O mapeamento
dos índices de exclusão social em Campo Grande MS: uma nova reflexão. Campo
Grande, Oeste, 2012.
4
EBNER, Iris de Almeida Rezende. Vazios urbanos: uma abordagem do ambiente
construído. Orientador Marcelo de Andrade Roméro. Dissertação de mestrado. São
Paulo, FAU USP, 1997.
5
MARICATO, Ermínia. Brasil Cidades: alternativas para crise urbana. Petrópolis,
Vozes, 2001; MARICATO, Ermínia. O impasse da política urbana no Brasil.
Petrópolis, Vozes, 2011; MARICATO, Ermínia. Para entender a crise urbana. São
Paulo. São Paulo, Expressão Popular, 2015.
6
BORDE, Andréa de Lacerda Pessôa. Vazios urbanos: perspectivas contemporâneas.
Orientadora Denise Pinheiro Machado. Tese de doutorado. Orientadora Roberto
Segre. Rio de Janeiro, FAU UFRJ, 2006.
7
PORTAS, Nuno. Do cheio ao vazio. Publicações da pós-graduação da Faculdade de
Arquitectura e Urbanismo da Universidade de Brasilia, 2000. Disponível em
<www.cidadeimaginaria.org/eu/Dovazioaocheio.doc>.
8
MAGALHÃES, Sérgio Ferraz. Ruptura e contiguidade, a cidade na incerteza.
Orientadora Denise Pinheiro Machado. Tese de doutorado. Rio de Janeiro, FAU
UFRJ, 2005.
9
VILLAÇA, Flávio. As ilusões do Plano Diretor. São Paulo, Edição do autor, 2005.
Disponível em <www.flaviovillaca.arq.br/pdf/ilusao_pd.pdf>.
10
Para uma visão mais histórica da questão urbana, ver: LAMAS, José Manuel
Ressano Garcia. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa, Fundação para a
Ciência e Tecnologia, 2000.
sobre o autor
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